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1 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco Degenerações “A DEGENERAÇÃO é um processo regressivo reversível, resultante de lesões não-letais, em que são manifestadas alterações morfológicas e funcionais da célula”. “A INFILTRAÇÃO também é um processo regressivo reversível, cujas alterações morfológicas e funcionais estão localizadas no interstício”. A característica básica desse grupo de lesões é o seu caráter de reversibilidade, ou seja, de recuperação da homeostase e da morfostase; sejam estas adaptações por estímulos fisiológicos (respostas a estímulos hormonais) ou patológicos. Pertencem ao grupo das degenerações as alterações hídricas, lipídicas e protéicas, estas últimas também compondo o grupo das infiltrações, levando a alterações hialinas. Para cada tipo de alteração regressiva reversível serão descritos os principais processos patológicos envolvidos, salientando principalmente a sua etiopatogenia. Degeneração hidrópica (sinônimos: inchação turva ou hidrópica; tumefação turva ou celular; degeneração vacuolar e edema celular) Alteração caracterizada pelo acumulo de água no citoplasma, que se torna volumoso e pálido com núcleo normalmente posicionado (mais freqüente em células parenquimatosas como fígado, rim e coração). A expressão “rápida entrada de água” constitui o núcleo do conceito de inchação turva para caracterizar o aspecto de anormalidade envolvido com esse processo. A inchação turva, nesse caso, representa o aumento da intensidade dessa função celular, levando a quebra da homeostase celular (heterometria). Macroscopicamente: Órgão pálido, com maior volume e peso e perda do brilho. Microscopicamente: Células tumefeitas com vacúolos pequenos e claros e pequenos grânulos no citoplasma. A patogenia envolvida com essa alteração regressiva refere-se a um desequilíbrio iônico entre o Na e o K. O Na fica retido intracelularmente, o que provoca a rápida entrada de água na célula e a retenção de K extracelularmente. A ausência do potássio no meio intracelular contribui para uma diminuição da atividade mitocondrial, uma vez que esse íon é essencial para o funcionamento da mitocôndria. Resultado disso é uma queda ainda maior dos níveis de ATP, devido ao comprometimento do sistema aeróbico celular, o que contribui para o agravamento do quadro de edema celular. A teoria para explicar o distúrbio hidroeletrolítico presente na inchação turva refere-se ao mau funcionamento da bomba de sódio e potássio. Acredita-se que essa 2 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco bomba esteja localizada na membrana plasmática e que sofreria as conseqüências oriundas das alterações dessa membrana provocadas por uma agressão -- seja ela química, mecânica ou biológica -- na célula. O equilíbrio da relação água/íons no interior celular estariam, pois, diretamente relacionados à manutenção dos níveis energéticos celulares e à integridade das membranas. Etiologia: Hipoxia /Anóxia; interferência na fosforilação oxidativa, etc. Degeneração gordurosa Degeneração gordurosa/infiltração gordurosa ou metamorfose gordurosa, refere-se ao acumulo anormal de lipídeos no interior de células parenquimatosas. O fígado é o órgão diretamente atingido, pois ele esta ligado ao metabolismo lipídico, sendo, este o mais propício à esteatose. A armazenagem normal de gordura neutra nas células é feita por intermédio da ligação físico-química dessa substância com fosfolípides (lipídeos combinados com fósforo). Essa ligação promove a formação de uma estrutura cilíndrica na qual há o “mascaramento” da gordura neutra, ou seja, esta não fica visível microscopicamente. A estabilidade dessa estrutura depende, entre outros fatores, da manutenção da proporção entre fosfolipídios e gordura. A não-visualização de elementos gordurosos nas células durante o exame microscópico é, portanto, indicativo de homeostase e morfostase. A esteatose se origina da alteração dessa proporção devido ao comprometimento da síntese de fosfolípideos. Há uma diminuição da produção de fosfolipídeos devido a quedas metabólicas das células, o que indica que houve uma agressão e perda da homeostase. Com a redução de fosfolípides, há uma mudança no arranjo físico-químico entre essa substância e a gordura neutra, que fica “desmascarada”, ou seja, torna-se microscopicamente visível e corável. O acúmulo de gordura neutra é, então, produto da mudança da relação fosfolipídios/gordura neutra intracelular. As causas mais comuns de mudança metabólica na célula que originam a esteatose podem ser: ♦Tóxica: substância tóxica que provoque diminuição do metabolismo celular, decréscimo da síntese protéica, com a formação de radicais livres. Ex.: álcool, tetracloreto de carbono. ♦ Anóxica: falta de oxigênio leva à queda de ATP, diminuindo, assim, a síntese de fosfolipídios pela redução metabólica. O Déficit de O2, em casos como a insuficiência cardíaca, anemias prolongadas, choque e o alcoolismo pode resultar na diminuição da oxidação de ácidos graxo, e melhor esterificação para triglicerídeos, culminando em um acúmulo dentro da célula. 3 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco ♦ Nutricional: carência nutricional induz uma diminuição na quantidade de moléculas fosfolipídicas, alterando a sua relação com a gordura neutra, tornando o componente lipídico visível na célula. Uma dieta rica em gorduras, aumentos nos triglicérides plasmáticos em geral (alcoolismo, diabetes) também pode originar a esteatose. A absorção direta desses lipídios pela célula provoca o acúmulo gorduroso no citoplasma. Nesse caso, entretanto, não existe redução metabólica celular, mas a absorção de gorduras pelas células encontra-se desequilibrada devido à concentração lipídica extracelular, o que estimula a absorção celular. O fígado é um dos órgãos mais afetados pela esteatose, além do coração e dos rins, por participar diretamente no mecanismo de metabolização das gorduras. Resumidamente, as gorduras são absorvidas pelo intestino, passam para o sangue e chegam ao fígado, órgão responsável pela oxidação dos ácidos graxos e pela mobilização de mais gordura dos depósitos adiposos quando esta é necessária. As células hepáticas são, pois, mais sensíveis a solventes de gorduras, como o tetracloreto de carbono, o clorofórmio e o álcool. Esses agentes podem atuar diretamente na estrutura da gordura ou agir sobre a mitocôndria da célula, comprometendo a sua função. A falta de oxigênio (anóxia) e de alimentos ricos em triglicerídeos ou o excesso destes (nutrição), por exemplo, podem, respectivamente, modificar o funcionamento da célula hepática e a mobilização de gorduras feita por ela. POR QUÊ O ALCOÓLATRA TEM ESTEATOSE ? • O alcoólatra é freqüentemente um desnutrido crônico. • O álcool é tóxico e potencialmente lesivo aos hepatócitos. • O metabolismo do álcool produz acetil CoA em excesso, que acaba sendo utilizado para síntese de ácidos graxos pelo hepatócitos e, portanto, de triglicérides. Além disso, o metabolismo de grandes quantidades de etanol consome grande parte do NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo) que é utilizado como aceptor de elétrons no ciclo de Krebs. O álcool é metabolizado no fígado pela enzima álcool desidrogenase a acetaldeído. Este sofre a ação da enzima acetaldeído desidrogenase, produzindo acetil CoA. Nas duas reações, há liberação de elétrons e íons H+ que são captados (aceitos) por NAD+, formando NADH + H+. Como há muito álcool paraser metabolizado, há produção de NADH em excesso, com consumo de NAD+. Fica faltando NAD+ para aceitar elétrons no ciclo de Krebs. Com isto, o ciclo de Krebs como um todo é inibido, levando a acúmulo de acetil CoA (que é quebrado no ciclo de Krebs para dar CO2 e água). O excesso de acetil CoA (que é matéria prima para a síntese de lípides) é desviado para síntese de ácidos graxos, causando esteatose. 4 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco Lipidoses ESFINGOLIPIDOSES • São doenças de armazenamento raras e, na maioria, autossômicas recessivas. • Certas células acumulam esfingolípides no citoplasma, devido quase sempre à falta de uma enzima da via de degradação. Estas enzimas são chamadas genericamente de hidrolases, porque a quebra das ligações envolve uma molécula de água. • O substrato da enzima ausente ou defeituosa acumula-se, geralmente dentro de lisossomos, já que é nestas organelas que são encontradas as enzimas. • O citoplasma fica abarrotado de lisossomos contendo o lípides não digerido. • Para cada enzima que falta existe uma doença específica (às vezes mais de uma), com acúmulo de substâncias diferentes em órgãos diferentes, e com sintomatologia própria. Os locais mais afetados são o cérebro, muito rico nestes compostos, e as células do SRE. Abaixo, alguns exemplos. Doença de Gaucher Deficiência da enzima β- glicosidase. Acúmulo de glicosil-ceramido (ou cerasina) em células do SRE: polpa vermelha do baço, fígado e medula óssea. As células de Gaucher (macrófagos muito aumentados) podem ser vistos em aspirados de medula óssea. Há enorme hepatoesplenomegalia. Em adultos, o sistema nervoso central é normal. Em crianças, que têm uma forma mais grave, há severo retardo mental. Doença de Niemann-Pick. Deficiência de esfingomielinase. Acúmulo de esfingomielina. Há grande hepatoesplenomegalia, retardamento mental severo e morte precoce. Doença de Tay-Sachs (Idiotia Amaurótica Familial). Deficiência de hexosaminidase A. Acúmulo de gangliosídeo GM2 em neurônios de todo o SNC, inclusive retina. As células ficam abalonadas e vão degenerando progressivamente. Na retina, a região da mácula, que tem menor número de corpos celulares, destaca-se ao exame do fundo de olho como área mais vermelha (Sinal de Tay, ou da mácula em cereja). 5 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco A doença cursa com amaurose (cegueira) precoce e severo retardamento mental. É percebida já no 1o ano de vida e leva à morte em 1 a 2 anos. Hiperlipidemias: Podem ser de ordem genética (primária)ou de adquirida (secundárias), há aumentos nos níveis de colesterol plasmáticos, há então pronunciados reservatórios de lipídeos (livres de ácidos graxos) na pele (xantomas) e ate mesmo na córnea e tendões. Aterosclerose “Degeneração associada à presença de gorduras, específica da túnica íntima das artérias elásticas de grande calibre”. A aterosclerose é um processo patológico reversível (ainda que difícil) em que se observa alteração da estrutura da camada íntima das grandes artérias decorrente da presença heterotópica de gorduras. A parede das artérias elásticas de grande calibre é composta por 3 camadas denominadas de camada adventícia ou externa, camada média ou muscular e camada íntima. A camada íntima, de interesse na aterosclerose, é formada por células endoteliais, fibras elásticas delicadas, alguns fibroblastos e alguns macrófagos. Essa camada é a que mantém contato direto com o fluxo sanguíneo. A patogenia da aterosclerose envolve estímulos agressores que, atuando na parede endotelial, provocam o aparecimento de fendas na camada íntima. Estas, durante o fluxo sangüíneo, recebem o plasma composto por substâncias de baixo peso molecular — em especial os lipídios —, que passam a se armazenar nas células dessa camada. A presença heterotópica das gorduras inicia a mudança estrutural da parede endotelial das grandes artérias. As alterações na estrutura das paredes vasculares sofrem evoluções que contribuem para o agravamento da aterosclerose. Pode-se dividir essas alterações em duas fases: ♦ Fase de estrias lipídicas: as células com gordura armazenada ficam dispostas em sentido longitudinal, formando verdadeiras estrias de gordura. ♦ Fase de placas de ateroma: as células passam a se agrupar em vários sentidos, originando placas gordurosas. Os elementos celulares localizados mais profundamente nessa estrutura morrem devido à carência nutricional. A placa, inicialmente amarelada pela predominância de gordura, assume coloração esbranquiçada devido à presença de uma cápsula fibrosa envolvendo os restos celulares. A instalação do processo de aterosclerose pode originar complicações. Uma mudança na estrutura da parede endotelial pode induzir ao aparecimento de ulcerações, embolia, calcificação, obstrução ou dilatação do vaso e hemorragias. Esses itens serão estudados mais adiante. Monitoria de Patologia Geral Monitora: Degenerações Hialinas Degeneração - ALTERAÇÕES PROTÉICAS "Alterações regressivas celular tecidos cujo aspecto é róseo e vítreo nos preparos histológicos corados por hematoxilina e eosina". O material citado no conceito acima é denominado de hialino. Descrito histologicamente, a presença desse mat ocorrência de agressões celulares. O material hialino é constituído predominantemente por proteínas representadas por fibras, como a colágena carboidratos. Envolvendo, pois, proteínas, o aparecimento do material hialino intra ou extracelularmente pode ser atribuído a alterações celulares no mecanismo de metabolização protéica, que é mantido normalmente por um equilíbrio entre a síntese e a degradação dessas subs As alterações hialinas intracelulares podem representar, além de lesão celular, também acúmulo de substâncias estra Intracelulares: Degeneração Hialina Goticular do rim ocorre por doenças de comprometimento renal, onde há a passagem de proteínas para serem pinocitas pela celular tubular Degenerações Hialinas (DH) Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco ALTERAÇÕES PROTÉICAS (do tipo hialina) "Alterações regressivas celulares que provocam o aparecimento de material nos tecidos cujo aspecto é róseo e vítreo nos preparos histológicos corados por O material citado no conceito acima é denominado de hialino. Descrito histologicamente, a presença desse material intra ou extracelularmente é indicativo da ocorrência de agressões celulares. O material hialino é constituído predominantemente por proteínas - mais comumente representadas por fibras, como a colágena - e uma pequena quantidade de olvendo, pois, proteínas, o aparecimento do material hialino intra ou extracelularmente pode ser atribuído a alterações celulares no mecanismo de metabolização protéica, que é mantido normalmente por um equilíbrio entre a síntese e a degradação dessas substâncias. As alterações hialinas intracelulares podem representar, além de lesão celular, também acúmulo de substâncias estranhas no interior do citoplasma. Degeneração Hialina Goticular: Gotículas hialinas no citoplasma de túbulos contorcidos por doenças de comprometimento renal, onde há a passagem de proteínas para serem pinocitas pela celular tubular Degenerações Hialinas (DH) Extraceulares (conjutivo- vasculares) DH propriamente dita Amiloidose Intracelulares DH Goticular Corpusculo de Russell Corpusculo de Councilman- Rocha LimaDH de Mallory DH deficiencia da A1AT DH Crooke C. Cérea de Zenker 6 Federal de Goiás / CAJ Marina Pacheco es que provocam o aparecimento de material nos tecidos cujo aspecto é róseo e vítreo nos preparos histológicos corados por O material citado no conceito acima é denominado de hialino. Descrito erial intra ou extracelularmente é indicativo da mais comumente e uma pequena quantidade de olvendo, pois, proteínas, o aparecimento do material hialino intra ou extracelularmente pode ser atribuído a alterações celulares no mecanismo de metabolização protéica, que é mantido normalmente por um equilíbrio entre a síntese As alterações hialinas intracelulares podem representar, além de lesão celular, também hialinas no citoplasma de túbulos contorcidos por doenças de comprometimento renal, onde há a passagem de propriamente DH Goticular Corpusculo de Corpusculo de - DH de Mallory DH deficiencia C. Cérea de 7 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco Corpúsculo de Russell: Há acúmulo de imunoglobulinas (do tipo IgG) no interior de plasmócitos. A célula fica com uma coloração intensamente eosinofílica devido a esse acúmulo protéico e deslocamento do núcleo celular para a periferia. Corpúsculo de Councilman-Rocha Lima: Em doenças como hepatites (A ou B) e febre amarela, aparecem hepatócitos com volume diminuído, citoplasma hialino, núcleos picnóticos ou ausentes, apresenta agregados de mitocôndrias, com aspecto refringente, avermelhado, denominados assim corpúsculos de Councilman-Rocha Lima. Degeneração Hialina de Mallory (alcoólica): Presente em enfermidades hepáticas, como a cirrose alcoólica do fígado, hepatócitos acometidos tem citoplasma com massas hialinas, de tamanho e forma irregulares. Degeneração Hialina na deficiência da Alfa-1-antitripsina (A1AT): De herança genética, seja manifestações jovem ou tardias, não a secreção dessa protease das celular hepáticas, formando inclusões globulares hialinas de diferentes tamanhos, dentro das cisternas dos RE. Degeneração Hialina de Crooke: Observada em células da hipófise, produtoras de ACTH, na síndrome de Cushing, agregados filamentosos hialinos presentes. Degeneração Cérea de Zenker: Celular musculares esqueléticas perdem suas estriações (músculos como o diafragma, gastrocnêmio e retro abdominais), há a coagulação do sarcoplasma adjacente as fibras musculares, em decorrência de doenças como a febre tifóide, difteria, septicemia e outros. Extracelular: Hialinização por fibras colágenas O processo de hialinização por fibras colágenas se desenvolve nos casos em que ocorrem reações heterólogas nos mecanismos de cicatrização. Pode constituir os quelóides e as cicatrizes de ferimentos extensos. Há perda de elasticidade dos tecidos de cicatrização, que se tornam mais brilhantes e mais rígidos clinicamente. As fibras colágenas, constituinte básico dos tecidos de cicatrização, são formadas, em suma, por cadeias protéicas interligadas por pontes de enxofre. A hipótese mais aceita para a hialinização com fibras colágenas em processos cicatriciais envolve o aumento das pontes de enxofre entre essas cadeias protéicas, conferindo às fibras colágenas uma perda de sua elasticidade normal e um certo encurtamento. Conseqüência disso é a característica hialina adquirida pelos tecidos cicatriciais, ou seja, estes "se tornam mais brilhantes e mais rígidos". A intensa produção de colágeno em processos degenerativos pode originar o aparecimento de material hialino. Quando há intensa reação inflamatória, por exemplo, a deposição colagênica pode originar grandes massas acidofílicas. É comum observar esse aparecimento em cavidades serosas ou císticas. 8 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco Amiloidose “Deposição de material hialínico de natureza protéica no interstício, de maneira localizada ou generalizada”. O aparecimento da amiloidose envolve mecanismos relacionados à síntese protéica e às atividades dos macrófagos. Uma provável degeneração macrofágica, com redução metabólica nessa célula e uma conseqüente diminuição de sua atividade lisossômica, constitui umas das hipóteses para explicar a patogenia da amiloidose. Como resultado desse comprometimento da função lisossômica macrofágica, ocorre um acúmulo de substâncias protéicas não digeridas em seu citoplasma. A secreção das mesmas no interstício origina o que é denominado, microscopicamente, de substância amilóide. Esta é, portanto, conforme o conceito enfatiza, de natureza protéica, encontrada localmente ou de forma generalizada. A amiloidose, além de poder ser localizada ou generalizada, possui outras classificações. ♦ Amiloidose primária: não existe uma causa evidente para o aparecimento da amiloidose; ♦ Amiloidose secundária: o aparecimento da amiloidose se correlaciona com causas primárias, como uma inflamação crônica; ♦ Amiloidose em cânceres; ♦ Amiloidose em forma de tumores isolados; ♦ Amiloidose com padrões hereditários; ♦ Amiloidose associada à senilidade. De modo geral, a substância amilóide pode ser observada em praticamente todos os tecidos, principalmente em aqueles com grandes destruições, como as inflamações crônicas, cujos produtos de degradação poderiam desencadear processos imunológicos e levar a deficiências macrofágicas. Daí se ter o envolvimento dos macrófagos na etiopatogenia deste processo, dado que essa célula tem função tipicamente pertencente ao sistema de defesa do organismo. O mesmo se daria com tecidos neoplásicos, onde se observam reações imunitárias exacerbadas. De modo geral, a substância amilóide pode ser observada em praticamente todos os tecidos, principalmente em aqueles com grandes destruições, como as inflamações crônicas, cujos produtos de degradação poderiam desencadear processos imunológicos e levar a deficiências macrofágicas. Daí se ter o envolvimento dos macrófagos na etiopatogenia deste processo, dado que essa célula tem função tipicamente pertencente ao sistema de defesa do organismo. O mesmo se daria com tecidos neoplásicos, onde se observam reações imunitárias exacerbadas. 9 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco As conseqüências da amiloidose variam de acordo com o grau de comprometimento do órgão. Este, com volume aumentado, tem sua função diminuída devido à presença física da substância amilóide sobre a parede vascular ou à compressão do parênquima do órgão. Arterioesclerose "Alteração da túnica média das paredes das arteríolas, que passam a apresentar material hialino como substituto do tecido muscular liso presente nessa camada". A arterioesclerose constitui um mecanismo patológico comum em indivíduos senis, diabéticos e/ou hipertensos. O estresse metabólico presente nesse indivíduos contribui para a alteração estrutural das arteríolas, fato decorrente do mecanismo patogênico da arterioesclerose. As arteríolas de maior diâmetro possuem três camadas (ou túnicas) em sua parede: camada íntima, camada média e camada externa. A túnica média normal, de particular interesse na arterioesclerose, é composta basicamente por células musculares lisas dispostas circularmente. Essas células diminuem de tamanho à medida que o vaso reduz o seu calibre (Cotran et al., 1996). O mecanismo de formação da arterioesclerose pode ser explicado pela deposição excessiva de matriz fibrinóide pelas células musculares lisas da túnica média dovaso. O material hialino citado no conceito inicial é composto por essa matriz fibrinóide heterométrica. A presença de material hialino nas arteríolas traz como conseqüência uma diminuição da luz vascular, o que prejudica a irrigação sanguínea do local afetado. O termo arterioesclerose, na verdade, é indicativo, clinicamente, de espessamento arteriolar, cujas causas podem ser, como já foi dito, pela deposição de material hialino ou pelo aumento da quantidade de células musculares lisas. Observações da sua presença podem ser feitas já em indivíduos de idade precoce, figurando como manifestação do processo gradativo de envelhecimento dos vasos. A evolução dessas manifestações pode caminhar para o acometimento de vasos maiores, sendo indicativa como um sinal inicial da aterosclerose. Entretanto, essa evolução é dependente dos mesmos fatores anteriormente citados para a aterosclerose, como hipertensão, diabetes, stress etc. Degenerações Mucóides e mucopolissacaridoses Acontece em células epiteliais produtoras de muco, há acumulo excessivo de muco no interior das células.As células com degeneração mucóide são conhecidas como células em anel de sinete, porque o muco deslocando o núcleo para regioes periféricas. 10 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco Pode não representar processo patológico, pelo fato de células caliciformes serem encontradas com quantidades elevadas de muco no citoplasma, e estarem em certas fases do seu metabolismo. O acumulo de muco intersticial (mucopolisacarídeo) pode acontecer no tecido conjuntivo cartilaginoso dos discos intervertebrais e meniscos do joelho, promovendo as hérnias de disco e as rupturas de meniscos. Degeneração Glicogênica Trata-se do metabolismo alterado de glicídeos (carboidratos), que são utilizados como fonte de energia, podem levar à alterações decorrentes de sua diminuição intracelular, como acontece de forma generalizadas nos indivíduos caquéticos, desnutridos, ou de alterações da utilização, que levam às hiperglicemias observadas na obesidade e no diabetes, ou ainda de alterações decorrentes do armazenamento anômalo por defeito metabólico na síntese ou metabolismo na síntese ou metabolismo do glicogênio com conseqüente acumulo intracelular. 11 Monitoria de Patologia Geral – Universidade Federal de Goiás / CAJ Monitora: Tracy Martina M. Martins. Orientação: Profª. Drª. Marina Pacheco Nos casos de diabetes mellitus os pacientes tem hiperglicemia e glicosuria, esta glicose é então absorvida pelas células tubulares renais (túbulo contorcido distal e parte descendente da alça de Henle) e hepatócitos, sendo armazenada na forma de glicogênio, sendo armazenada na forma de glicogênio, conferindo às células tubulares uma aspecto finamente vacuolizado. Glicogenoses: Há acumulo de glicogênio no fígado, rins e coração, dependendo do tipo especifico de síndrome; são doenças hereditárias, em geral autossômicas recessiva. Entre as principais síndromes destacamos: Doença de Von Gierke (glicogenose do tipo I, deficiência da glicose-6-fosfatase, no fígado e nos rins). Síndrome de McArdle (glicogenose do tipo V, glicogênio acumula-se apenas em músculo esquelético, por falta da fosforilase muscular, deposições subsarcolemal); Doença de Pompe (glicogenose do tipo II, falta de glicognease lisossômica, “maltase ácida”). Referências Bibliográficas: MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: Processos Gerais. 4ª Edição, editora Atheneu, São Paulo, 2008. Partoarte geral, disponível em: http://143.107.23.244/lido/patoartegeral/patoartegeral2.htm Unicamp: Disponível em: http://www.fcm.unicamp.br
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