Buscar

TEMAS 1 A 4 PATOLOGIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 275 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 275 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 275 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Conceito de saúde, doença, patologia e aspectos gerais da agressão, defesa, adaptação e
lesão celular. Tipos e características da degeneração celular. Princípios fundamentais do
processo de necrose e apoptose.
PROPÓSITO
Conhecer os conceitos de saúde, doença, patologia e compreender os processos de agressão,
defesa, adaptação, os tipos de degeneração celular e os princípios fundamentais dos
processos de necrose e apoptose é importante para entender as bases patológicas das
doenças.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os conceitos de saúde, doença, patologia e as características dos processos de
agressão, defesa, adaptação e lesão celular
MÓDULO 2
Identificar os principais tipos de degeneração celular, seus mecanismos e aspectos
morfológicos
MÓDULO 3
Descrever as etapas de progressão da lesão celular e os princípios da morte celular por
apoptose e necrose
INTRODUÇÃO
Entender a complexidade do processo saúde-doença tem que ser um dos objetivos iniciais
básicos de todo profissional da área da Saúde, de modo que o organismo humano não seja
visto como uma máquina, na qual apenas os eventos de natureza biológica tenham relevância.
Dessa forma, nós iniciaremos nossa jornada pelos conceitos fundamentais em Patologia
Básica: entenderemos os processos de agressão e mecanismos de defesa do organismo, tipos
de adaptação e de lesão celular. Vamos nos aprofundar nas degenerações, lesões celulares
reversíveis nas quais as células conseguem retornar ao seu estado inicial, uma vez cessada a
agressão.
Discutiremos também a evolução para a lesão irreversível, conhecendo as principais
características e diferenças entre a necrose e apoptose. São muitos conceitos interessantes
que você aplicará em toda a sua jornada acadêmica e profissional. Está pronto para começar?
MÓDULO 1
 Descrever os conceitos de saúde, doença, patologia e as características dos
processos de agressão, defesa, adaptação e lesão celular
CONCEITO DE SAÚDE, DOENÇA E
PATOLOGIA
Ao lado do desemprego e da violência, questões relacionadas à saúde sempre se
apresentaram como destaque entre as preocupações ditas como prioritárias em debates
político-sociais. Apesar de muito importante, o processo saúde-doença é complexo e muitas
vezes mal compreendido.
Para você, o que é ter saúde? O que é doença?
Durante séculos, o aparecimento de doenças foi atribuído a forças sobrenaturais e castigo de
divindades, sendo instituições religiosas e seus sacerdotes os promotores da cura. O
Renascimento cultural e científico possibilitou uma maior compreensão sobre a constituição do
corpo humano e sobre o processo de adoecimento. O corpo humano, então, passou a ser
enxergado como uma máquina passível de falhas, que quando compreendidas, poderiam ser
corrigidas. Saúde era ausência de doença e doença era ausência de saúde.
 
Imagem: Matrioshka/Shutterstock.com.
 Representação das doenças e saúde na Idade Média.
Em 1947 esse conceito mudou e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde
passou a ser definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não
apenas a ausência de doença ou enfermidade.
Essa definição é motivo de críticas e reflexões de muitos pesquisadores e profissionais, que
dizem que essa é mais uma declaração que propriamente uma definição, mas apesar disso, é
utilizada até os dias atuais. KUMAR et al . (2016), define a saúde como:

UM ESTADO DE ADAPTAÇÃO DO ORGANISMO AO
AMBIENTE FÍSICO, PSÍQUICO OU SOCIAL EM QUE
VIVE, DE MODO QUE O INDIVÍDUO SE SENTE BEM
(SAÚDE SUBJETIVA) E NÃO APRESENTA SINAIS OU
ALTERAÇÕES ORGÂNICAS (SAÚDE OBJETIVA).
(KUMAR, 2016)
 
Imagem: Gabriela Cardoso Caldas.
 O processo saúde-doença é multifatorial.
 ATENÇÃO
Saúde e normalidade não são sinônimas. Enquanto o conceito da saúde refere-se ao indivíduo,
o termo normal é utilizado em relação a parâmetros preestabelecidos (número de batimentos
cardíacos, peso dos órgãos e nível de transaminases no sangue) a partir da média de várias
observações de um determinado aspecto dentro de populações homogêneas.
A ideia de doença é historicamente anterior à concepção de saúde, estando presente de
diversas formas em todas as organizações sociais conhecidas. Sua definição pode ser
entendida a partir do conceito biológico de adaptação, que é uma propriedade geral dos seres
vivos de serem sensíveis às variações do meio ambiente e de produzir respostas adaptativas.
Essa capacidade varia em diferentes indivíduos de uma mesma espécie, dependendo de
inúmeros fatores biológicos, ambientais e sociais.
A doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o
indivíduo se sente mal (tem sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis
objetivamente (sinais clínicos).
Assim, entendemos o processo saúde-doença sendo dinâmico, complexo e multidimensional,
abrangendo aspectos biológicos, psicológicos, socioculturais, ambientais, econômicos e
políticos.
E o que é a Patologia?
VERIFICAR
A partir de uma perspectiva biológica, a Patologia (pathos = doença + logos = estudo) pode
ser entendida como uma ciência que estuda as causas (etiologia) e mecanismos (patogênese)
das doenças, bem como os órgãos e sistemas afetados e as alterações moleculares,
morfológicas (anatomia patológica) e funcionais (fisiopatologia) que apresentam.
Abrangendo todos esses aspectos, a Patologia apresenta grande importância na compreensão
global das doenças, fornecendo bases para entendermos a prevenção, manifestações clínicas,
diagnóstico, tratamento, prognóstico e evolução.
 
Imagem: Gabriela Cardoso Caldas.
 As vertentes de estudo da Patologia.
CONCEITO DE AGRESSÃO, DEFESA,
ADAPTAÇÃO E LESÃO
Dependendo da intensidade, tempo de atuação e da capacidade de reação do organismo,
qualquer estímulo da natureza pode representar uma agressão. De fato, as agressões podem
ser provocadas por agentes externos (químicos, físicos ou biológicos) ou a partir do próprio
organismo, como alterações na expressão gênica ou mecanismos de defesa.
Porém, qualquer que seja sua natureza, os agentes agressores agem diretamente, por meio de
alterações moleculares que resultam em modificações morfológicas ou indiretamente, por meio
dos mecanismos de adaptação do próprio organismo. Nesses casos, ao serem ativados para
eliminar ou neutralizar a agressão, os mecanismos de defesa induzem alterações moleculares
que resultam em modificações morfológicas.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Mecanismo de defesa do organismo.
Os mecanismos de defesa do organismo são muito variados. Contra os agentes externos,
contamos com a existência de barreiras mecânicas e químicas nos revestimentos interno e
externo (pele e mucosas). Contra os agentes infecciosos, temos a fagocitose, a resposta
imune inata e a resposta imune adaptativa, cujo importante representante é a resposta
inflamatória.
FAGOCITOSE
RESPOSTA IMUNE INATA
RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA
FAGOCITOSE
Processo de ingestão e destruição de partículas, como bactérias ou restos de células
necróticas. É realizada por células chamadas de fagócitos (monócitos, macrófagos, neutrófilos
e células dendríticas), que usam sua membrana plasmática para englobar essas partículas,
dando origem a um compartimento interno chamado fagossoma.
RESPOSTA IMUNE INATA
Primeira barreira contra infecções. Seus componentes incluem, além dos leucócitos de forma
geral e das proteínas do sistema complemento, células dendríticas e epiteliais. Juntos, eles
também atuam na eliminação de células danificadas do próprio organismo e de corpos
estranhos.
RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA
As respostas imunes adaptativas são aquelas geradas ao longo da vida e ativadas após um
contato inicial dos componentes da reposta imune inata com diferentes agentes invasores. Elas
têm a propriedade de reconhecer especificamente um determinado microrganismo, gerando
uma memória imunológica, que confere proteção contra reinfecções pelo mesmo antígeno. As
células da imunidade adaptativasão os linfócitos B e linfócitos T.
Contra as agressões ao genoma, existe o sistema de reparo de DNA. Contra compostos
químicos, como os radicais livres, contamos com sistemas enzimáticos eficazes de
detoxificação e antioxidantes.
São muitos os mecanismos de defesa, voltados a vários tipos de agressão. Porém, a
desregulação da resposta imune, assim como de outros mecanismos de defesa, pode se tornar
a origem da agressão, como ocorre nas doenças autoimunes.
 
Foto: Shutterstock.com.
 O lúpus eritematoso sistêmico, uma doença crônica autoimune.
Se a agressão não for fatal, ela gera estímulos que induzem respostas adaptativas nos tecidos,
de modo que eles se tornem mais resistentes às próximas agressões. Logo, o conceito de
adaptação diz respeito à capacidade que as células, tecidos ou o próprio organismo possuem
de modificar suas funções (dentro de certos limites) para ajustar-se às modificações induzidas
pelo estímulo. As respostas adaptativas podem ocorrer apenas em células e suas organelas,
ou no organismo como um todo.
Dentre as respostas adaptativas que ocorrem nas células, temos o precondicionamento à
hipóxia, hipertrofia do retículo endoplasmático liso e hipertrofia muscular, por exemplo. Já a
resposta adaptativa sistêmica do organismo, frente a diferentes agressões, sejam elas de
natureza física, química, biológica ou até emocional, é conhecida como estresse.
 
Foto: Shutterstock.com.
 O estresse é uma resposta adaptativa, que pode ser causada por agressões de natureza
emocional.
HIPÓXIA
É uma condição de baixa concentração de oxigênio nos tecidos e órgãos.
O conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nas células e
tecidos após as agressões é denominado de lesão:
javascript:void(0)
As alterações morfológicas podem ser vistas a olho nu (macroscópicas) ou somente por meio
de microscópios (microscópicas e ultra estruturais).
As alterações moleculares, que são refletidas nas alterações morfológicas, podem ser
detectadas por métodos bioquímicos ou moleculares.
As alterações funcionais caracterizam-se por alterações na função de células até sistemas
completos, representando os fenômenos fisiopatológicos.
As lesões são dinâmicas: têm início, evoluem, e tendem para a cura, cronicidade ou para o
óbito. Desse modo, são conhecidas também como processos patológicos, indicando uma
sucessão de eventos. O aspecto morfológico de uma determinada lesão, por exemplo, pode
variar de acordo com o momento no qual é avaliado.
 
Imagem: Gabriela Cardoso Caldas.
 Evolução básica de uma doença.
Você já sabe que há uma grande diversidade de agentes lesivos existentes na natureza.
Porém, a variedade das lesões encontradas nas doenças não é muito grande. Isso porque os
mecanismos de agressão às moléculas são comuns a diferentes tipos de agressões.
Por exemplo, muitos agentes lesivos agem pela redução do fluxo sanguíneo, diminuindo assim
o fornecimento de oxigênio para as células e reduzindo a produção de energia. Por outro lado,
os mecanismos de defesa do organismo geralmente são inespecíficos, o que significa que são
semelhantes frente a agressões distintas. Podemos citar também as reações inflamatórias, que
são respostas frequentes do organismo frente a agressões de naturezas variadas, como a
necrose tecidual, presença de corpos estranhos e infecções.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 A inflamação é uma resposta comum dos tecidos vascularizados frente a agressões de
diversas naturezas.
As lesões possuem um componente que resulta tanto da ação do agente agressor quanto dos
mecanismos de defesa. Como já mencionamos, em muitas situações as respostas de defesa
são os causadores das lesões, como ocorre nas doenças autoimunes.
CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DAS
LESÕES
As agressões comprometem um tecido ou órgão que é formado por diversos componentes,
como as células do estroma e do parênquima; componentes intercelulares, como o interstício
ou matriz extracelular; a circulação sanguínea e linfática e uma rede de nervos. Desse modo,
um ou mais componentes podem ser afetados simultaneamente e, por isso, as lesões podem
ser classificadas de acordo com o alvo atingido. Porém, antes de comentarmos essa
classificação, é importante lembrar que dada a interdependência entre os componentes
teciduais, nas doenças as lesões não surgem isoladamente.
LESÕES CELULARES
Podem ser letais ou não letais, onde a letalidade está relacionada à qualidade, intensidade e
duração da lesão, bem como ao estado funcional e tipo de célula atingida. Nas lesões não
letais, as células continuam vivas e podem retornar ao estado de normalidade uma vez
cessada a lesão. Exemplos são agressões que alteram os mecanismos de regulação e
proliferação celular, gerando hipotrofias, hipertrofias, hiperplasias, hipoplasias, metaplasias,
displasias e neoplasias. O acúmulo de substâncias intracelulares, as degenerações, são
resultado de agressões que modificam o metabolismo celular. Já as lesões letais são
representadas pela necrose (Morte celular seguida de autólise.) , apoptose (Morte celular não
seguida de autólise.) e outros tipos de morte celular, temas que também veremos mais para
frente. Essas lesões estudaremos nos próximos módulos.
ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO
Envolvem modificações da substância fundamental amorfa, alterações estruturais de fibras
elásticas, colágenas e reticulares e depósito de substâncias formadas localmente ou vindas da
circulação.
DISTÚRBIOS DA CIRCULAÇÃO
Incluem alterações do fluxo sanguíneo (hiperemia e isquemia), da coagulação (trombose) e da
drenagem de líquido intersticial (edema), além do aparecimento de substâncias que causam
obstrução vascular (embolia) e extravasamento de sangue da vasculatura (hemorragia).
null 
Imagem: Shutterstock.com.
 Ruptura de um vaso, levando à hemorragia.
ALTERAÇÕES DA INERVAÇÃO
Representam lesões importantes, por causa do papel integrador do sistema nervoso. Porém,
as lesões locais dessas estruturas ainda são pouco conhecidas.
INFLAMAÇÃO
É a lesão mais complexa, que envolve todos os componentes teciduais e se caracteriza por
alterações da microcirculação, migração de leucócitos, lesões celulares e intersticiais. A
inflamação é o componente efetor da resposta imune, acompanhando a maioria das lesões
produzidas por diferentes agentes lesivos.
null 
Imagem: Shutterstock.com.
 Na inflamação, temos alterações vasculares, migração de leucócitos e lesões
celulares/intersticiais.
javascript:void(0)
Assim como as lesões, as doenças também precisam ser nomeadas e catalogadas. De
maneira ideal, as doenças devem receber um nome que traduza a característica essencial da
sua natureza, tarefa essa que é bem complexa.
Muitas vezes, a nomenclatura segue certa lógica, já que inclui o nome do órgão afetado e
algum prefixo ou sufixo esclarecedor, como as gastrites e glomerulonefrites, por exemplo. Em
outros casos, a denominação indica a natureza e também as características principais do
processo, como na enteropatia perdedora de proteínas.
 VOCÊ SABIA
Em muitos casos, somente o nome não é suficiente para indicar uma doença. São os
chamados epônimos, em que a doença leva o nome de quem a descreveu ou o local onde foi
descrita. Nesses casos, o nome pouco tem a ver com a essência das lesões e da doença em
si.
De modo a uniformizar a nomenclatura, evitando que as doenças recebam nomes com base
em critérios diferentes em diferentes países, a OMS criou a Classificação Internacional das
Doenças (CID). As doenças são classificadas de acordo com alguns sinais, sintomas e lesões,
que caracterizam uma determinada condição. A CID deve ser mencionada e registrada toda
vez que o diagnóstico é estabelecido.
Tanto a nomenclatura quanto a classificação das doenças são extremamente importantes, pois
os profissionais da Saúde precisam utilizar termos e princípios consensuais para que as
informações obtidas em qualquer parte do mundo possam ser comparadas e para que haja o
avanço do conhecimentoem Saúde.
javascript:void(0)
 
Foto: Shutterstock.com.
 Doença de Parkinson, um epônimo médico.
AGRESSÃO CELULAR
Este vídeo apresenta os principais mecanismos bioquímicos e moleculares das agressões
celulares.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. APRENDEMOS SOBRE OS CONCEITOS DE SAÚDE, DOENÇA E
PATOLOGIA. ABAIXO, ESTÃO LISTADAS ALGUMAS DEFINIÇÕES E
FATOS HISTÓRICOS IMPORTANTES PARA A CONSOLIDAÇÃO DESSES
CONCEITOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO FAZ A CORRELAÇÃO
CORRETA:
A) O período do Renascimento cultural e científico possibilitou uma maior compreensão sobre
a constituição do corpo humano e sobre o processo de adoecimento.
B) Entende-se saúde como um estado de bem-estar físico do indivíduo, com ausência de
infecções e outras alterações orgânicas.
C) Os termos saúde e normalidade não são sinônimos. Enquanto saúde refere-se ao indivíduo,
normalidade refere-se a parâmetros preestabelecidos dentro de populações homogêneas.
D) Em Biologia, doença pode ser entendida sob a ótica do processo de adaptação, indicando a
ausência de respostas adaptativas frente a variações internas e do meio externo.
E) A Patologia é a ciência que estuda as causas e mecanismos das doenças, bem como os
órgãos e sistemas afetados e as alterações moleculares, morfológicas e funcionais que
apresentam.
2. NO INÍCIO DOS ESTUDOS EM PATOLOGIA, ALGUNS CONCEITOS SÃO
A BASE PARA O ENTENDIMENTO DAS CAUSAS, MECANISMOS E
ALTERAÇÕES RELACIONADAS ÀS DOENÇAS. PORTANTO, ENTENDER
OS PROCESSOS DE LESÃO, AGRESSÃO, ADAPTAÇÃO E DEFESA É DE
FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA O PROFISSIONAL DA ÁREA DA
SAÚDE. SOBRE ESSE ASSUNTO, ANALISE AS AFIRMAÇÕES ABAIXO:
INDEPENDENTEMENTE DO TIPO OU INTENSIDADE DA AGRESSÃO,
ELA GERA ESTÍMULOS QUE INDUZEM RESPOSTAS ADAPTATIVAS
NO ORGANISMO.
QUALQUER ESTÍMULO DA NATUREZA PODE REPRESENTAR UMA
AGRESSÃO E O MECANISMO DE AÇÃO DOS AGENTES
AGRESSORES É AGIR DIRETAMENTE SOBRE O ORGANISMO,
GERANDO ALTERAÇÕES.
O PRECONDICIONAMENTO À HIPÓXIA E À HIPERTROFIA
MUSCULAR SÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS ADAPTATIVAS DO
ORGANISMO.
EMBORA EXISTA UMA VARIEDADE DE AGENTES LESIVOS NA
NATUREZA, A VARIEDADE DE LESÕES ENCONTRADAS NAS
DOENÇAS NÃO É MUITO GRANDE.
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:
A) III e IV
B) I e II
C) III
D) I e IV
E) II e III
GABARITO
1. Aprendemos sobre os conceitos de saúde, doença e patologia. Abaixo, estão listadas
algumas definições e fatos históricos importantes para a consolidação desses
conceitos. Assinale a alternativa que não faz a correlação correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o conceito de saúde representa “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença ou enfermidade”
e é utilizado até os dias atuais, demonstrando a complexidade envolvida quando falamos de
saúde.
2. No início dos estudos em Patologia, alguns conceitos são a base para o entendimento
das causas, mecanismos e alterações relacionadas às doenças. Portanto, entender os
processos de lesão, agressão, adaptação e defesa é de fundamental importância para o
profissional da área da saúde. Sobre esse assunto, analise as afirmações abaixo:
Independentemente do tipo ou intensidade da agressão, ela gera estímulos que
induzem respostas adaptativas no organismo.
Qualquer estímulo da natureza pode representar uma agressão e o mecanismo de
ação dos agentes agressores é agir diretamente sobre o organismo, gerando
alterações.
O precondicionamento à hipóxia e à hipertrofia muscular são exemplos de
respostas adaptativas do organismo.
Embora exista uma variedade de agentes lesivos na natureza, a variedade de
lesões encontradas nas doenças não é muito grande.
É correto o que se afirma em:
A alternativa "A " está correta.
 
As respostas adaptativas podem ocorrer apenas em células e suas organelas, ou no organismo
como um todo. Às respostas adaptativas que ocorrem nas células, temos o
precondicionamento à hipóxia, hipertrofia do retículo endoplasmático liso e hipertrofia muscular,
por exemplo. Existe uma grande diversidade de agentes lesivos, de natureza interna e externa.
Porém, a variedade das lesões encontradas nas doenças não é muito grande, pois os
mecanismos de agressão às moléculas são comuns a diferentes tipos de agressões.
MÓDULO 2
 Identificar os principais tipos de degeneração celular, seus mecanismos e aspectos
morfológicos
DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA
A degeneração hidrópica, também conhecida por tumefação celular, é a lesão celular reversível
caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos no interior das células. Além disso, é a lesão
não letal mais comum que ocorre diante dos mais variados tipos de agressão, seja ela de
natureza física, química ou biológica.
O transporte de eletrólitos através das membranas, tanto a plasmática quanto a das organelas,
é realizado por bombas eletrolíticas. Algumas delas dependem da energia na forma de
Adenosina trifosfato (ATP), porém outras dependem da estrutura da membrana e da
integridade das proteínas que formam o complexo enzimático da bomba. Esse transporte de
água e eletrólitos ocorre contra um gradiente de concentração, para o interior dos
compartimentos celulares.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Transporte de moléculas pela membrana plasmática.
Portanto, distúrbios nesse equilíbrio hidroeletrolítico resultam na retenção de água e eletrólitos
nas células, que se apresentam aumentadas de volume (Tumefeitas.) . Nesse contexto,
diversos agentes lesivos podem causar a degeneração hidrópica, como agentes tóxicos que
lesam a membrana mitocondrial e reduzem a produção de ATP; agentes que levam à
hipertermia, por causa do aumento do consumo de ATP; agressões que levam à formação de
radicais livres que lesam as membranas diretamente e substâncias inibidoras da bomba
sódio/potássio ATPase, como a ouabaína.
Embora as causas possam ser variadas, a consequência é a mesma: retenção de sódio,
redução de potássio e aumento da pressão osmótica intracelular, levando à entrada de água no
citoplasma e à expansão isosmótica da célula.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Mecanismo simplificado de atuação da bomba de Na+/K+ ATPase.
A degeneração hidrópica é a primeira manifestação em quase todas as formas de agressão às
células. Em geral, os órgãos apresentam aumento de peso e volume, embora seu aspecto
macroscópico varie de acordo com a intensidade da lesão. A coloração também muda, ficando
mais pálida. Isso ocorre porque as células tumefeitas comprimem os capilares sanguíneos,
reduzindo a quantidade de sangue no órgão.
Microscopicamente, as células apresentam aumento de volume com citoplasma mais acidófilo
e com aspecto granuloso, após coloração com hematoxilina eosina, corante amplamente
empregado para analise tecidual de cortes histológicos. Em algumas células, a característica
mais marcante é a acidófila, que se torna mais pronunciada com a progressão para a necrose.
Já em um estado avançado, é possível observar pequenos vacúolos de água dispersos
irregularmente pelo citoplasma. Porém, grandes vacúolos também podem ser formados, como
no caso dos hepatócitos (degeneração baloniforme).
 
Foto: Nephron/wikimedia Commons/ CC BY-AS 3.0.
 Degeneração hidrópica de hepatócitos (baloniforme).
A degeneração hidrópica, assim como todas as outras degenerações que veremos a seguir, é
um processo reversível. Isto é, quando eliminamos a causa da lesão, as células tendem a
voltar para seu aspecto normal. Por isso, a tumefação celular quase sempre não está
associada a consequências funcionais mais graves, a menos que ela seja muito intensa. No
fígado, a degeneração hidrópica intensa nos hepatócitos pode resultar em alterações
funcionais no órgão. Porém, raramente resultará em insuficiência hepática exclusivamente
degenerativa.
DEGENERAÇÃO HIALINA
O termo “hialina” tem origem na palavra grega hyalos , que significa vítreo, homogêneo,
translúcido. A degeneração hialina consiste no acúmulo de material proteico e acidófilo no
interior das células ou no espaçoextracelular, conferindo a eles uma aparência rósea, vítrea e
homogênea, que podemos observar nos cortes histológicos corados com hematoxilina e
eosina. Em alguns casos, a degeneração é consequência da condensação de filamentos
intermediários e proteínas associadas, formando corpúsculos no interior das células. Porém,
javascript:void(0)
também pode ser resultado do acúmulo de material decorrente de uma infecção ou da
endocitose de proteínas.
FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS
Compõem um sistema de estruturas proteicas filamentosas no citoplasma e núcleo de
células eucarióticas, formando uma rede estrutural que conecta as organelas
citoplasmáticas e o núcleo.
Um exemplo de depósito hialino celular é o chamado corpúsculo hialino de Mallory-Denk,
que é encontrado normalmente em hepatócitos de indivíduos alcoólatras crônicos, mas
também em casos de carcinoma hepatocelular e esteato-hepatite não alcoólica.
Resumidamente, esse corpúsculo é formado pela ação dos radicais livres sobre as proteínas
do citoesqueleto induzindo sua peroxidação e formação de ligações transversais resultando na
formação de aglomerados proteicos precipitados. Quando o analisamos por microscopia
eletrônica, vemos um aspecto filamentoso em algumas áreas e amorfo (sem forma) em outras.
 
Foto: Nephron/wikimedia Commons/ CC BY-AS 3.0.
 Corpúsculo hialino de Mallory-Denk em hepatócitos de pacientes com esteato-hepatite.
javascript:void(0)
Outro exemplo são os corpúsculos hialinos de Councilman-Rocha Lima, encontrados em
hepatócitos nas hepatites virais, especialmente na febre amarela.
Em fibras musculares, tanto esqueléticas quanto cardíacas, a degeneração hialina é resultado
da ação de endotoxinas bacterianas e agressão por células imunes. Acredita-se que o aspecto
morfológico seja decorrente da desintegração de microfilamentos, relacionada à liberação e à
ação de citocinas. Em indivíduos com proteinúria (Excesso de proteína na urina.) , a
degeneração hialina no epitélio tubular renal ocorre pela endocitose excessiva de proteínas.
 SAIBA MAIS
Os corpúsculos de Russel caracterizam-se pelo acúmulo excessivo de imunoglobulinas em
plasmócitos e são frequentes em inflamações associadas a infecções, como na salmonelose
e leishmaniose tegumentar.
PLASMÓCITOS
São células derivadas dos linfócitos B que sofreram diferenciação após respostas
imunitárias exercidas por algum antígeno, que é responsável pela produção dos
anticorpos circulantes.
As bases bioquímicas que possam explicar a degeneração hialina no interstício ainda
permanecem em debate. Em indivíduos com hipertensão crônica ou diabetes melito, as
paredes arteriolares renais tornam-se hialinas por causa do extravasamento e depósito de
proteína plasmática na membrana basal.
DEGENERAÇÃO GORDUROSA
A degeneração gordurosa refere-se ao acúmulo anormal de gordura no citoplasma celular. Os
dois principais tipos são a esteatose e a lipidose.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 
Imagem: Shutterstock.com.
 A esteatose ocorre mais frequentemente no fígado.
A esteatose é o acúmulo de gorduras neutras (mono, di ou triglicerídeos) em células
parenquimatosas. De maneira geral, a degeneração gordurosa ocorre mais frequentemente
no fígado, pois é o principal órgão envolvido na metabolização de gorduras, porém também
pode acometer o epitélio tubular renal, pâncreas, músculos esquelético e cardíaco.
A lesão gordurosa é resultado da interferência do metabolismo celular de ácidos graxos por
algum agente agressor, que pode: aumentar a captação ou síntese dos ácidos graxos; dificultar
a utilização, transporte ou excreção dos ácidos graxos.
PARENQUIMATOSAS
O parênquima, nos animais, refere-se ao tecido que forma a parte funcional de muitos
órgãos, em oposição ao estroma, que se refere aos tecidos de suporte.
CAUSAS DA ESTEATOSE
As causas da esteatose são variadas e incluem o uso de substâncias tóxicas, como o álcool;
hipóxia, desnutrição proteica e distúrbios metabólicos, como o diabetes e obesidade.
javascript:void(0)
ETANOL
O etanol é a causa mais conhecida e estudada da esteatose e, resumidamente, o etilismo
causa a degeneração gordurosa por meio de alguns fatores, como a redução de Nicotinamida
Adenina Dinucleotídeo (NAD), molécula necessária para a oxidação de lipídeos; excesso de
acetil-CoA, que induz a síntese de ácidos graxos; redução da disponibilidade de proteínas para
a síntese de lipoproteínas, quando associado à desnutrição; e comprometimento do transporte
das lipoproteínas, por meio da ação de acetaldeído e radicais livres gerados pela
metabolização do etanol.
NICOTINAMIDA ADENINA DINUCLEOTÍDEO
(NAD)
Aceptor de hidrogênios e elétrons, carregando a energia para a produção de ATP.
 
Foto: Shutterstock.com.
 O etilismo é a causa mais conhecida e estudada da esteatose.
AGENTES TÓXICOS
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Podem levar à esteatose pela lesão do retículo endoplasmático rugoso e redução de proteínas,
resultando na deficiência de lipoproteínas. Outros fatores incluem o bloqueio na utilização de
triglicerídeos, sem que a síntese proteica seja reduzida.
HIPÓXIA
Em estados de hipóxia, como anemia ou insuficiência cardíaca/respiratória, há uma menor
disponibilidade de oxigênio e, dessa forma, redução na síntese de ATP. Com isso, a síntese de
lipídeos complexos fica dificultada e há diminuição da utilização de ácidos graxos e
triglicerídeos, que se acumulam. A esteatose também resulta, em boa parte, do aumento da
síntese de ácidos graxos, por causa do excesso de acetil-CoA gerado pela diminuição da
oxidação no ciclo de Krebs.
OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA
Associada à síndrome metabólica, a obesidade é hoje um dos principais problemas de saúde
pública global e deve-se principalmente à associação da ingestão excessiva de energia na
forma de lipídeos e carboidratos e do sedentarismo. O termo “síndrome metabólica” inclui uma
série de fatores de risco metabólicos, como hipertensão arterial, hiperglicemia, excesso de
gordura corporal em torno da cintura e níveis de colesterol anormais. Na síndrome metabólica,
ocorre esteatose visceral no fígado, nos músculos esqueléticos e no miocárdio, devido a
fatores como aumento dos radicais livres, transporte dificultado de lipoproteínas e síntese
aumentada de triglicerídeos e de ceramida, potente indutora da apoptose.
 
Imagem: Shutterstock.com.
DESNUTRIÇÃO PROTEICO-ENERGÉTICA
A falta de proteínas, resumidamente, leva à redução da formação de lipoproteínas e da
excreção de triglicerídeos. Além disso, a dieta deficiente em calorias resulta na mobilização de
lipídeos do tecido adiposo, aumentando o aporte de ácidos graxos para o fígado.
 SAIBA MAIS
Em crianças com desnutrição proteica grave, a esteatose pode acometer vários órgãos além
do fígado, como os rins, coração, músculo esquelético e pâncreas.
A morfologia de um órgão com esteatose é variável. No fígado, podemos notar aumento de
volume e peso, diminuição da consistência, coloração amarelada e bordas arredondadas.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Ilustração da evolução da esteatose hepática.
Os rins apresentam morfologia semelhante, com aumento de volume, peso e coloração
amarelada. O coração pode apresentar palidez e diminuição da consistência (na miocardite
diftérica) ou apresentar faixas amareladas visíveis no endocárdio, nos casos de hipóxia
prolongada.
Se observarmos ao microscópio de luz, notaremos o acúmulo de triglicerídeos em pequenas
vesículas revestidas por membrana. Na esteatose em fase inicial, os vacúolos são de
tamanhos variados e apresentam tendência a se unirem, formando vesículas cada vez
maiores.
No fígado, podem ser observadas a esteatose microgoticular, quando pequenas vesículas de
gordura se distribuem na periferia celular e a esteatose macrogoticular, quando há uma
grande vesícula de gordura que desloca o núcleo para a periferia.
 
Foto: Shutterstock.com.
 Esteatose macrogoticular (à esquerda)e corpúsculos de Mallory-Denk (à direita).
Nos rins, podemos observar pequenas vesículas nas células tubulares, que raramente
produzem deformidade celular. No coração, os triglicerídeos se depositam em vesículas
dispostas ao longo das células.
 SAIBA MAIS
Devido à característica dos triglicerídeos de se dissolverem em álcool e xilol, que são
substâncias utilizadas na preparação de amostras para análise em microscópio de campo
claro, os “espaços vazios” que vemos podem ser confundidos com os vacúolos da
degeneração hidrópica. Por isso, para que possamos ter certeza da natureza lipídica da
vesícula, é necessária a realização de colorações especiais.
Apesar de ser uma lesão reversível, o excesso de ácidos graxos pode gerar ceramida, que já
comentamos ser um potente indutor de apoptose. No fígado, pode haver formação dos
chamados cistos gordurosos, que podem romper e causar embolia gordurosa. Em alguns
casos de esteatose difusa e grave, podemos ter manifestações de insuficiência hepática. Em
indivíduos etilistas crônicos, a esteatose hepática é frequentemente acompanhada de fibrose,
evoluindo para a cirrose.
Os acúmulos intracelulares de gorduras que não são triglicerídeos, como o colesterol e seus
ésteres, são chamados de lipidoses. Também podemos encontrar depósitos de lipídeos mais
complexos, como esfingolipídeos e gangliosídeos, embora sejam raros. As lipidoses podem ser
localizadas ou sistêmicas.
A aterosclerose é uma doença de grande importância clínica e é caracterizada por depósitos
localizados de colesterol e seus ésteres, principalmente, na camada íntima de artérias de
grande e médio calibres. O aumento de triglicerídeos e colesterol plasmáticos representa o
principal fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose, embora a hipertensão arterial,
tabagismo e a síndrome metabólica também estejam envolvidos.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Acúmulo de colesterol e seus ésteres na camada íntima arterial causando aterosclerose.
Os xantomas são outro exemplo de lipidose, caracterizados por nódulos ou placas na pele
formados por aglomerados de macrófagos carregados de colesterol, com aspecto espumoso.
 
Foto: Min.neel/wikimedia Commons/ CC BY-SA 3.0.
 Xantoma no joelho de um paciente infantil.
DEGENERAÇÃO CÁLCICA
A degeneração cálcica, também conhecida como calcificação patológica, refere-se à deposição
anormal de sais de cálcio, com quantidades menores de ferro e outros sais minerais nos
tecidos. Quando a deposição se dá de forma local nos tecidos mortos, ela é chamada de
calcificação distrófica. Já a calcificação metastática é a deposição de sais de cálcio em
tecidos normais e é quase sempre resultado de hipercalcemia secundária devido a algum
desequilíbrio no metabolismo do cálcio.
OUTRAS FORMAS DE DEGENERAÇÃO
CELULAR
Assista ao vídeo que trata sobre a natureza de outros acúmulos anormais na célula.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM RESIDENTE DE PATOLOGIA FOI CHAMADO PARA ANALISAR UMA
LÂMINA HISTOLÓGICA, CORADA COM HEMATOXILINA E EOSINA, DE UM
FÍGADO DE PACIENTE COM HISTÓRICO DE ETILISMO CRÔNICO. AO
MICROSCÓPIO DE LUZ, ELE OBSERVOU UM ACÚMULO DE MATERIAL
PROTEICO E ACIDÓFILO NO INTERIOR DOS HEPATÓCITOS, QUE
TINHAM APARÊNCIA RÓSEA, VÍTREA E HOMOGÊNEA. QUAL SERIA O
MELHOR DIAGNÓSTICO A SER DADO PELO MÉDICO RESIDENTE A
ESSE TIPO DE LESÃO?
A) Degeneração hidrópica – corpúsculos de Councilman-Rocha Lima.
B) Apoptose de hepatócitos ‒ corpúsculos de Russel.
C) Esteatose microgoticular – cistos gordurosos.
D) Esteatose macrogoticular – cistos gordurosos.
E) Degeneração hialina - corpúsculo de Mallory-Denk.
2. DEGENERAÇÕES SÃO LESÕES CELULARES, SECUNDÁRIAS A
ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS QUE RESULTAM NO ACÚMULO DE
SUBSTÂNCIAS NO INTERIOR DA CÉLULA. SOBRE A DEGENERAÇÃO
HIDRÓPICA, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR:
É A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO EM QUASE TODAS AS FORMAS DE
AGRESSÃO ÀS CÉLULAS, GERANDO O ACÚMULO DE GORDURA
NOS TECIDOS.
TAMBÉM É CONHECIDA COMO TUMEFAÇÃO CELULAR, E CONSISTE
NA LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL CARACTERIZADA PELO
ACÚMULO DE ÁGUA E ELETRÓLITOS NO INTERIOR DAS CÉLULAS.
EM GERAL, NESSA DEGENERAÇÃO, OS ÓRGÃOS APRESENTAM
AUMENTO DE PESO E VOLUME, EMBORA SEU ASPECTO
MACROSCÓPICO VARIE DE ACORDO COM A INTENSIDADE DA
LESÃO.
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:
A) I
B) II
C) III
D) I e II
E) II e III
GABARITO
1. Um residente de Patologia foi chamado para analisar uma lâmina histológica, corada
com hematoxilina e eosina, de um fígado de paciente com histórico de etilismo crônico.
Ao microscópio de luz, ele observou um acúmulo de material proteico e acidófilo no
interior dos hepatócitos, que tinham aparência rósea, vítrea e homogênea. Qual seria o
melhor diagnóstico a ser dado pelo médico residente a esse tipo de lesão?
A alternativa "E " está correta.
 
Na degeneração hialina, ocorre o acúmulo de material proteico e acidófilo no interior das
células ou no espaço extracelular, conferindo a eles uma aparência rósea, vítrea e homogênea.
A lesão pode ser consequência da condensação de filamentos intermediários e proteínas
associadas, formando corpúsculos no interior das células; do acúmulo de material decorrente
de uma infecção ou da endocitose de proteínas. Um exemplo de depósito hialino celular é o
chamado corpúsculo hialino de Mallory-Denk, que é encontrado normalmente em hepatócitos
de indivíduos alcoólatras crônicos, em casos de carcinoma hepatocelular e esteato-hepatite
não alcoólica.
2. Degenerações são lesões celulares, secundárias a alterações bioquímicas que
resultam no acúmulo de substâncias no interior da célula. Sobre a degeneração
hidrópica, analise as afirmativas a seguir:
É a primeira manifestação em quase todas as formas de agressão às células,
gerando o acúmulo de gordura nos tecidos.
Também é conhecida como tumefação celular, e consiste na lesão celular
irreversível caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos no interior das células.
Em geral, nessa degeneração, os órgãos apresentam aumento de peso e volume,
embora seu aspecto macroscópico varie de acordo com a intensidade da lesão.
É correto o que se afirma em:
A alternativa "C " está correta.
 
A degeneração hidrópica é uma lesão celular reversível, conhecida também como tumefação
celular, onde há o acúmulo de água e eletrólitos no interior das células. Esse é a primeira
manifestação em quase todas as formas de agressão às células, que leva a um aumento de
tamanho e volume do órgão, mas o aspecto macroscópico varia de acordo com a intensidade
da lesão.
MÓDULO 3
 Descrever as etapas de progressão da lesão celular e os princípios da morte celular
por apoptose e necrose
RESPOSTA CELULAR AO
ESTÍMULO/AGRESSÃO: ADAPTAÇÃO,
LESÃO REVERSÍVEL E LESÃO
IRREVERSÍVEL
Nosso organismo é uma orquestra perfeita que necessita que cada componente esteja
ajustado para que seu funcionamento ocorra de maneira correta. Nesse sentido, a
homeostase caracteriza-se pela habilidade do nosso corpo em manter um equilíbrio fisiológico
interno quase sempre constante, independente das alterações que possam ocorrer no meio
externo.
As adaptações são respostas celulares a alterações fisiológicas, como a gestação, ou a
alguns estímulos patológicos. Com isso, um novo estado de equilíbrio fisiológico é alcançado,
permitindo a sobrevivência e atividade funcional celular. As adaptações englobam alterações
reversíveis no tamanho, número, fenótipo, atividade ou funções celulares. Quando o estímulo
cessa, a célula pode retornar ao seu estado original.
 
Imagem: Shutterstock.com.
Hipertrofia: refere-se ao aumento do tamanho das células e, consequentemente, ao aumento
do tamanho do órgão afetado. Está diretamente relacionada ao aumento na produção de
proteínas celulares. Pode ser fisiológica ou patológica, causada pelo aumento da demanda
funcional (aumento dos músculos devido a exercícios físicos intensos) ou por estimulação de
hormônios e fatores de crescimento (crescimento do útero na gestação, induzido por
hormônios).
 
Imagem: Shutterstock.com.Hiperplasia: refere-se ao aumento no número de células em um órgão ou tecido, frente a um
determinado estímulo (fisiológico ou patológico). O que ocorre é a proliferação de células
maduras, induzida por fatores de crescimento. Em alguns casos, o aumento pode ser resultado
do surgimento de novas células a partir de células-tronco teciduais. Um exemplo de hiperplasia
fisiológica ocorre na puberdade feminina e na gravidez, onde há proliferação do epitélio
glandular mamário. Já a hiperplasia patológica pode ser exemplificada pela hiperplasia
endometrial, induzida por desequilíbrios hormonais.
 
Imagem: Shutterstock.com.
Atrofia: refere-se à redução do tamanho e número de células, que acarreta a redução do
tamanho de um órgão ou tecido. Ao contrário da hipertrofia, a atrofia é resultado da diminuição
da síntese proteica e do aumento da degradação de proteínas celulares. A atrofia fisiológica
pode ser identificada no desenvolvimento fetal, no qual algumas estruturas embrionárias (como
a notocorda) se atrofiam. A atrofia patológica pode ser causada, por exemplo, pelo desuso,
perda de inervação, diminuição do suprimento sanguíneo, compressão e nutrição inadequada.
 
Imagem: Shutterstock.com.
Metaplasia: refere-se à substituição de um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal)
por outro de mesma linhagem, frequentemente em resposta à irritação crônica. Com isso, as
células tornam-se mais capazes de resistir ao estímulo. Normalmente, é induzida por
alterações na via de diferenciação das células-tronco teciduais e pode resultar na redução de
função ou aumento da probabilidade para a transformação maligna. Um exemplo comum de
metaplasia é a substituição do epitélio colunar para epitélio escamoso, que ocorre no trato
respiratório em resposta a agressões crônicas, como o cigarro.
 ATENÇÃO
Embora hiperplasia e hipertrofia sejam processos distintos, frequentemente ocorrem juntas e
podem ser induzidas pelos mesmos estímulos.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Hiperplasia x hipertrofia.
Caso os limites das respostas adaptativas sejam excedidos, ou haja o comprometimento de
nutrientes e componentes celulares, ocorre uma série de eventos que caracterizam a lesão
celular. A lesão é reversível até determinado ponto, mas caso o estímulo persista ou seja
intenso o suficiente desde o início, a lesão celular é irreversível e ocorre morte celular. Dessa
forma, a resposta adaptativa, lesão reversível, lesão irreversível e morte celular podem ser
etapas de um dano progressivo.
 
Imagem: KUMAR V, ABBAS A & ASTER JC. ROBBINS & COTRAN - 2016. Pág.80.
 Etapas da resposta celular ao estresse e estímulos lesivos.
Nos estágios iniciais ou nas lesões leves, as alterações celulares podem ser revertidas caso o
estímulo nocivo seja removido. As principais características da lesão reversível são: tumefação
celular generalizada, por causa das alterações de concentração de íons e influxo de água;
formação de bolhas na membrana plasmática; “descolamento” dos ribossomos do retículo
endoplasmático e agregação da cromatina nuclear. Soma-se às alterações morfológicas a
redução do armazenamento de energia na forma de ATP, por causa da redução da fosforilação
oxidativa.
Como já comentamos, até certo ponto, a célula ainda consegue reparar os danos. Porém, uma
vez que a célula ultrapassa o ponto de “não retorno”, que ainda é debatido, a lesão evolui para
irreversibilidade e morte celular. A morte celular representa um dos mais importantes
eventos na evolução de qualquer doença, em qualquer tecido ou órgão.
 SAIBA MAIS
A morte celular também faz parte de processos fisiológicos, como a embriogênese,
desenvolvimento de órgãos e manutenção da homeostase. A partir de agora, nós falaremos
sobre as duas principais vias de morte celular: a necrose e a apoptose.
NECROSE: MORFOLOGIA E TIPOS
A morte celular que ocorre em um organismo vivo, seguida de um processo de autólise, é
denominada necrose. Ela ocorre quando a agressão é suficiente para interromper as funções
vitais celulares. Nesse caso, há extravasamento de hidrolases lisossomais para o citoplasma
e, nesse local, são ativadas pela alta concentração de íons cálcio e iniciam a autólise. As
hidrolases são capazes de digerir todos os substratos celulares: as proteases digerem
proteínas, lipases digerem lipídeos, ribonucleases digerem ácido ribonucleico, por exemplo.
Além disso, no processo de necrose são liberadas moléculas chamadas de alarminas (uratos,
fosfatos, por exemplo), que são reconhecidas por receptores celulares e induzem a inflamação.
As principais características microscópicas da necrose, quando observados os cortes
histológicos são:
ALTERAÇÕES NUCLEARES:
Podem se apresentar sob três aspectos: intensa condensação e contração da cromatina,
tornando o núcleo intensamente basófilo e bem menor que o normal (picnose nuclear);
digestão da cromatina, que acarreta na indistinção dos núcleos na coloração histológica
(cariólise) e fragmentação e dispersão do núcleo no citoplasma (cariorrexe). Todos esses
aspectos resultam da diminuição excessiva do pH celular, que condensa a cromatina, e da
ação das desoxirribonucleases e outras proteases que digerem a cromatina e destroem a
membrana nuclear.
 
Foto: Shutterstock.com.
 Indistinção dos núcleos em (cariólise) em corte histológico de miocárdio infartado.
ALTERAÇÕES CITOPLASMÁTICAS:
Com o desacoplamento de ribossomos e desnaturação proteica, há o aumento da acidofilia
que é evidenciado pelo aspecto eosinofílico ao microscópio de campo claro. Com a evolução
da necrose, o citoplasma apresenta um aspecto granuloso e a célula morta pode ser
visualizada como uma massa amorfa espiralada (originada pelas membranas danificadas), as
chamadas figuras de mielina. Na microscopia eletrônica, ainda poderemos notar a
descontinuidade das membranas celulares, dilatação anormal de mitocôndrias, figuras de
mielina citoplasmáticas e proteínas desnaturadas.
 
Imagem: Gabriela Cardoso Caldas.
 Alterações celulares na necrose.
Agora que entendemos as características da necrose de uma forma geral, vamos comentar
sobre os principais tipos e suas causas:
NECROSE COAGULATIVA
Uma vez que sua causa mais frequente é a isquemia, também pode ser chamada de necrose
isquêmica. Na macroscopia, a área necrótica é esbranquiçada e protuberante, geralmente
circundada por um halo vermelho (que reflete a hiperemia (Aumento da irrigação sanguínea.)
compensatória). Microscopicamente, podemos observar cariólise, citoplasma com aspecto de
substância coagulada (acidófico e gelificado). Com a progressão, perde-se toda a arquitetura
tecidual.
null 
Foto/Imagem: Nobumasa Ohara, Yasuyuki Uemura, Naomi Mezaki, Keita Kimura, Masanori
Kaneko, Hirohiko Kuwano, Katsuya Ebe, Toshio Fujita, Takeshi Komeyama, Hiroyuki Usuda,
Yuto Yamazaki, Takashi Maekawa, Hironobu Sasano, Kenzo Kaneko & Kyuzi Kamoi/ wikimedia
Commons/ CC BY 4.0.
 Macroscopia e microscopia de uma área com necrose coagulativa (setas brancas).
NECROSE LIQUEFATIVA
Caracterizada pela digestão das células mortas, devido à grande quantidade de enzimas
lisossomais liberada. A região necrosada apresenta consistência mole ou liquefeita. É comum
após a anóxia (Ausência de oxigênio.) do tecido nervoso e da suprarrenal, sendo observada
também em infecções bacterianas e fúngicas focais. As bactérias estimulam a migração de
leucócitos e liberação de suas enzimas lisossômicas. O resultado é uma área necrótica
amarelo cremosa, que chamamos de pus.
null 
Foto: KUMAR V, ABBAS A & ASTER JC. ROBBINS & COTRAN - 2016. Pág.98.
 Área de necrose liquefativa no cérebro.
NECROSE CASEOSA
Caseoso significa semelhante a queijo e denomina a aparência da área necrótica, que é fria e
esbranquiçada. Comum na tuberculose, a necrose caseosa apresenta uma área de células
rompidas ou fragmentadas e restos granulares amorfos formando uma massa homogênea. A
aparência é característica do granuloma, que ainda apresenta borda inflamatória.
null 
Foto:Yale Rosen/ wikimedia Commons/ CC BY-SA 2.0.
 Rim de paciente com tuberculose apresentando necrose caseaosa.
 SAIBA MAIS
A gangrena é uma forma de evolução da necrose, resultado da ação de agentes externos
sobre a área necrosada. A desidratação da região, especialmente em contato com o ar, origina
a gangrena seca. A gangrena úmida é causada pela invasão de microrganismos anaeróbios
na área necrosada, produzindo enzimas que liquefazem o tecido morto e produzem gases de
odor fétido. Já a gangrena gasosa é secundária à contaminação por bactérias do gênero
Clostridium , que produzem enzimas proteolíticas e grande quantidade de gás, formando
bolhas.
APOPTOSE: CAUSAS, FUNÇÕES,
MECANISMOS E MORFOLOGIA
A apoptose é uma via de morte celular na qual a célula é estimulada a acionar mecanismos,
rigorosamente controlados, que culminam na sua morte. Ao contrário do que vimos na necrose,
na apoptose não há autólise e nem descontinuidade da membrana: a célula é fragmentada,
seus fragmentos são envolvidos pela membrana citoplasmática formando os corpos
apoptóticos e finalmente são endocitados por células vizinhas, sem induzir um processo
inflamatório.
 
Imagem: Shutterstock.com.
 Apoptose e formação dos corpos apoptóticos.
CAUSAS E FUNÇÕES
A apoptose ocorre em processos fisiológicos e patológicos.
PROCESSOS FISIOLÓGICOS:
Na Fisiologia, a apoptose é um fenômeno normal que objetiva eliminar as células que não são
mais necessárias, além de participar do controle de proliferação celular nos tecidos. São
exemplos de situações fisiológicas em que há a participação da apoptose: remodelamento de
tecidos durante a embriogênese, período pós-natal e pós-lactação, morte de leucócitos depois
do processo inflamatório e eliminação de linfócitos autorreativos.
PROCESSOS PATOLÓGICOS:
Já em condições patológicas, a apoptose é desencadeada por inúmeras causas, como
infecções virais; hipóxia, radiação ionizante e substâncias químicas, que podem causar danos
irreversíveis ao DNA e pela ação de radicais livres, que além de afetarem o material genético
celular, podem levar ao acúmulo de proteínas mal dobradas.
MECANISMOS
Qualquer que seja sua causa, a apoptose resulta da ativação sequencial de enzimas
chamadas caspases, responsáveis pelas alterações morfológicas que comentaremos mais
adiante. As caspases existem como proenzimas inativas e precisam sofrer clivagem enzimática
para se tornarem ativas. A ativação depende de um equilíbrio fino entre a produção de
proteínas pró-apoptóticas e anti-apoptóticas. Portanto, a presença de caspases clivadas
constitui um marcador importante da apoptose.
CASPASES
São proteases que possuem cisteína no sítio ativo e clivam proteínas em sítios com
resíduos de aspartato.
 
Foto: KUMAR V, ABBAS A & ASTER JC. ROBBINS & COTRAN - 2016. Pág.118.
 Principais vias da apoptose: a mitocondrial (intrínseca) e do receptor de morte (extrínseca).
javascript:void(0)
O processo de apoptose pode ser resumido em uma fase de iniciação, na qual as caspases
iniciadoras se tornam ativas, e fase de execução, na qual inicia-se a degradação de
componentes celulares críticos pelas caspases executoras. A ativação de caspases, evento-
chave da apoptose, pode ocorrer por duas vias distintas:
Via intrínseca ou mitocondrial: é a principal via de apoptose nas células de mamíferos.
Ocorre pelo aumento da permeabilidade da membrana externa mitocondrial. Com isso, há a
liberação de proteínas pró-apoptóticas (como o citocromo C, endonuclease G e fator indutor de
apoptose - AIF) que estão presentes no espaço intermembranar, para o citosol, culminando na
ativação das caspases. A liberação dessas moléculas é rigidamente controlada pela família de
proteínas Bcl-2, que inclui proteínas com funções anti-apoptóticas (Bcl-2 e Bcl-XL) e pró-
apoptóticas (conhecidas como proteínas BAX).
 
Imagem: KUMAR V, ABBAS A & ASTER JC. ROBBINS & COTRAN - 2016. Pág.120.
 Esquema ilustrativo da via intrínseca da apoptose.
Quando as células são privadas de sinais de sobrevivência, têm seu DNA danificado ou
possuem acúmulo de proteínas mal dobradas, provocando estresse do retículo
endoplasmático, proteínas sensores percebem a lesão e são ativadas. Esses sensores
ativam mecanismos que permitem que o citocromo C e outras proteínas mitocondriais saiam do
espaço intermembranar e vão para o citoplasma, iniciando a cascata de ativação das
caspases. Como o processo é finamente controlado, é importante comentarmos que existem
proteínas mitocondriais que impedem a saída das proteínas pró-apoptóticas pela membrana,
como a Bcl-2 e outras proteínas que funcionam como inibidores fisiológicos da apoptose (IAP),
impedindo a ativação das caspases.
VIA EXTRÍNSECA (POR RECEPTOR DE MORTE)
Iniciada pela ativação de receptores de morte presentes na membrana plasmática de diversos
tipos celulares. Os receptores de morte mais bem conhecidos são o receptor TNF tipo 1 e a
proteína Fas. Eles possuem um domínio citoplasmático que é essencial para a entrega de
sinais apoptóticos (domínio de morte). O mecanismo de apoptose por essa via é bem ilustrado
com a interação de Fas e seu ligante (FasL). O FasL é expresso em células T que reconhecem
autoantígenos e alguns linfócitos T citotóxicos que eliminam células tumorais e células
infectadas por vírus. Quando o FasL se liga ao Fas, há a exposição de domínios de morte que
recrutam proteínas adaptadoras (FADD – domínio de morte associado a Fas), formando uma
base molecular ativadora de caspases. A via extrínseca pode ser inibida pela proteína FLIP,
que se liga à primeira pró-caspase da via (pró-caspase 8) e a neutraliza.
 
Imagem: KUMAR V, ABBAS A & ASTER JC. ROBBINS & COTRAN - 2016. Pág.122.
 A via extrínseca da apoptose ilustrada pelos eventos seguintes à ligação do Fas-FasL.
As duas vias culminam na ativação de uma caspase iniciadora, que ativa o programa
sequencial de caspases executoras, que atuam em diversos componentes celulares,
fragmentando a célula nos chamados corpos apoptóticos. Com isso, há a promoção ativa da
fagocitose, de tal modo que os resíduos celulares são removidos antes de sofrer necrose e
iniciar um processo inflamatório.
MORFOLOGIA
As células apoptóticas apresentam algumas características morfológicas importantes:
Retração celular:A célula apresenta tamanho menor, citoplasma denso e compactação de
organelas. É importante lembrar que a característica inicial de outras formas de lesão celular é
a tumefação, e não a retração.
Condensação da cromatina: é o aspecto morfológico mais marcante da apoptose. A
cromatina se agrega na periferia, sob a membrana nuclear, formando massas densas de
diversos formatos e tamanhos. O núcleo se rompe, produzindo dois ou mais fragmentos.
Formação de bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos: primeiramente, ocorre a
formação de bolhas superficiais extensas, com posterior fragmentação celular em corpos
apoptóticos envoltos por membrana, compostos de restos de citoplasma, organelas e
possivelmente fragmentos nucleares.
Acredita-se que as membranas celulares permaneçam intactas até os estágios finais do
processo apoptótico, quando se tornam permeáveis.
Na histologia (e coloração por hematoxilina e eosina), as células apoptóticas aparecem como
massas ovais ou redondas de citoplasma intensamente eosinófilo com fragmentos de
cromatina nuclear condensada. Além disso, como o processo é rápido, a apoptose precisa ser
extensa para que se torne evidente nos cortes histológicos. A ausência de inflamação também
dificulta a identificação microscópica.
 
Foto: KUMAR V, ABBAS A & ASTER JC. ROBBINS & COTRAN - 2016. Pág.117.
 Apoptose de uma célula epidérmica. Note redução de tamanho, citoplasma eosinófilo
brilhante e um núcleo condensado.
OUTROS TIPOS DE MORTE CELULAR.
Este vídeo apresenta outras formas de morte celular, além dos processos de necrose e
apoptose.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM TÉCNICO DE NECROPSIA QUE ANALISOU O RIM DE UM PACIENTE
COM TUBERCULOSE CONSTATOU AAPARÊNCIA ESBRANQUIÇADA DO
ÓRGÃO. A LÂMINA HISTOLÓGICA FOI ENVIADA A UM MÉDICO
PATOLOGISTA, QUE IDENTIFICOU ÁREAS DE CÉLULAS ROMPIDAS,
FRAGMENTADAS, COM RESTOS GRANULARES AMORFOS FORMANDO
UMA MASSA HOMOGÊNEA. A PARTIR DESSES DADOS, QUAL É O
MELHOR DIAGNÓSTICO?
A) Necrose gangrenosa
B) Necrose de coagulação
C) Necrose liquefativa
D) Necrose caseosa
E) Necrose fibrinoide
2. A APOPTOSE É UMA VIA DE MORTE CELULAR RIGIDAMENTE
CONTROLADA NA QUAL A CÉLULA É ESTIMULADA A ACIONAR
MECANISMOS QUE RESULTAM NA SUA MORTE. ABAIXO, SÃO LISTADAS
CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE APOPTOSE. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE CONTÉM UMA CARACTERÍSTICA QUE NÃO
CORRESPONDE À APOPTOSE:
A) Formação de corpos apoptóticos
B) Indução da inflamação
C) Ativação de caspases
D) Citoplasma acidófilo
E) Retração celular
GABARITO
1. Um técnico de necropsia que analisou o rim de um paciente com tuberculose
constatou a aparência esbranquiçada do órgão. A lâmina histológica foi enviada a um
médico patologista, que identificou áreas de células rompidas, fragmentadas, com
restos granulares amorfos formando uma massa homogênea. A partir desses dados,
qual é o melhor diagnóstico?
A alternativa "D " está correta.
 
A necrose caseosa é o tipo de necrose mais frequente em focos de infecção tuberculosa. A
área do órgão acometido possui aparência esbranquiçada. Na microscopia, é possível notar
uma coleção de células rompidas ou fragmentadas e restos granulares amorfos delimitados por
uma borda inflamatória distinta.
2. A apoptose é uma via de morte celular rigidamente controlada na qual a célula é
estimulada a acionar mecanismos que resultam na sua morte. Abaixo, são listadas
características do processo de apoptose. Assinale a alternativa que contém uma
característica que não corresponde à apoptose:
A alternativa "B " está correta.
 
Com a fragmentação celular em corpos apoptóticos, há o estímulo ativo para a fagocitose, de
tal modo que os resíduos celulares são removidos antes de sofrer necrose e iniciar um
processo inflamatório.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim de uma jornada repleta de aprendizados. Nela, nós debatemos sobre a
complexidade do processo saúde-doença e entendemos os conceitos de agressão, defesa,
adaptação e lesão, iniciais e fundamentais para o estudo da Patologia.
Aprofundamos nossos conhecimentos em lesão reversível, identificando os principais tipos de
degeneração celular, suas causas e características morfológicas. Porém, também vimos que,
caso a agressão persista ou atinja componentes celulares fundamentais, temos a progressão
para a morte celular. Nesse contexto, identificamos os mecanismos e aspectos morfológicos da
necrose e apoptose.
Todos esses conceitos e processos são fundamentais para a formação do profissional da
Saúde, sendo aplicáveis em todos os estudos posteriores, na pesquisa e na clínica.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al . Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BOGLIOLO, B. F. Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016.
KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran Patologia ‒ Bases Patológicas das
Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2016.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, assista ao vídeo:
“Necrose ‒ Morte celular”, do canal BioAulas.
Leia também:
O artigo História do conceito de saúde, de Moacyr Scliar (2007).
O artigo Morte celular por apoptose, de Ivana Grivicich e colaboradores (2007).
CONTEUDISTA
Gabriela Cardoso Caldas
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);
DESCRIÇÃO
Conceitos gerais de distúrbios pigmentares endógenos e exógenos e seus aspectos
patológicos; Conceitos de calcificação e aspectos clínicos.
PROPÓSITO
Compreender os processos que levam aos diferentes distúrbios de pigmentação endógena e
exógena nos seres humanos, seus principais aspectos histopatológicos e clínicos. Apresentar
os princípios gerais da calcificação, suas características, formas mais importantes e como ela
impacta no organismo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar as propriedades gerais dos pigmentos endógenos e patologias relacionadas
MÓDULO 2
Reconhecer as principais características dos distúrbios de pigmentação exógena
MÓDULO 3
Descrever o conceito de calcificação patológica, seus aspectos gerais e clínicos
INTRODUÇÃO
Pigmento (do latim pigmentum ) é o nome dado às substâncias químicas que possuem uma
coloração própria. Essas substâncias são encontradas facilmente na natureza, como a clorofila,
que dá a coloração esverdeada às plantas, a hemoglobina, presente nos eritrócitos circulantes
no sangue, e a melanina, presente na pele.
No nosso organismo, os pigmentos apresentam-se no formato de grânulos e podem ter origem
endógena ou exógena. O acúmulo normal ou patológico dessas substâncias de forma local ou
disseminada é chamado de pigmentação, e pode indicar a causa ou efeito de uma alteração
fisiológica.
Além dos pigmentos, podemos também acumular nos tecidos moles (artérias, cartilagens,
válvulas cardíacas etc.) sais de cálcio, tornando-os mais rígidos, em um processo conhecido
como calcificação patológica.
Dessa forma, ao longo deste conteúdo, exploraremos os principais distúrbios de pigmentação,
suas origens, características gerais e alterações que essas substâncias causam no nosso
organismo. Também entenderemos como as calcificações são formadas, os tipos e os
principais locais de sua ocorrência.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Por fim, discutiremos as características dos cálculos, um caso à parte da calcificação, e
compreenderemos os possíveis efeitos secundários no organismo.
ENDÓGENA
Produzidos pelo próprio organismo.
EXÓGENA
De origem externa e introduzidos por diferentes vias de administração.
MÓDULO 1
 Identificar as propriedades gerais dos pigmentos endógenos e patologias
relacionadas
PIGMENTOS ENDÓGENOS
Os pigmentos endógenos são aqueles produzidos pelo nosso organismo. Nesse contexto,
destacam-se a hemoglobina e a melanina, substâncias que apresentam uma enorme
importância fisiológica. Qualquer alteração na produção (hipo ou hiperprodução) ou na
distribuição dessas substâncias leva a um acúmulo nos tecidos.
Os pigmentos endógenos são divididos em pigmentos hemoglobinógenos ou hemáticos e
pigmentos melânicos. Indicam a existência de algum dano ou patologia. Além desses
pigmentos, os pigmentos derivados de lipídios representam um importante marcador de lesão
por radicais livres.
PIGMENTOS RELACIONADOS À MELANINA
A melanina, principal pigmento biológico, é responsável pela pigmentação cutânea e
diferenças na coloração da pele. Ela apresenta uma coloração que varia do marrom ao preto e
é produzida pelos melanócitos.
Tem como principal função a proteção da pele contra a radiação ultravioleta (UV). As
propriedades de fotoproteção da melanina ocorrem pela absorção e dispersão da luz UV
e visível.
MELANÓCITOS
Células presentes na epiderme e na matriz dos folículos pilosos.
A síntese de melanina ocorre no interior dos melanossomos, organelas elípticas, altamente
especializadas, a partir do aminoácido essencial tirosina, pela ação do complexo enzimático
tirosidase. Na presença de oxigênio molecular, a tirosina é oxidada a dopamina
(dioxifenilalanina) e, em seguida, em dopaquinona.
A partir desse momento, a presença ou ausência de cisteína (glutationa) determina o rumo da
síntese em eumelanina ou feomelanina . Na presença de cisteína, a feomelanina é
produzida, e consiste em um pigmento alcalino, solúvel e amarelado com função antioxidante.
javascript:void(0)
A eumelanina , produzida na ausência de glutationa, apresenta cor marrom a preta, com ação
antioxidante e fotoprotetora. Além disso, primeiro é formada a feomelanina e, por último, a
eumelanina . A melanina total da pele resulta de uma mistura desses dois pigmentos.
 Lâmina basal da epiderme e matriz de um pelo com melanócitos ricos em grânulos de
melanina (em marrom).
Ao final do processo, os melanossomosrepletos de pigmentos são transferidos para os
queratinócitos (células presentes na epiderme com função de produção de queratina, que age
como uma barreira protetora da pele) e se distribuem no citoplasma acima do núcleo da célula,
protegendo o núcleo dos efeitos nocivos dos raios ultravioletas.
 Produção de melanina por melanócitos, na pele com e sem exposição aos raios
ultravioletas.
 SAIBA MAIS
Indivíduos com uma maior concentração de eumelanina são mais pigmentados, e indivíduos
com mais feomelanina são menos pigmentados e mais suscetíveis aos efeitos dos raios UV.
Além disso, a diferença fenotípica fundamental entre as raças não reside na produção de
melanina ou no número de melanócitos, mas, principalmente, na qualidade de seus
melanossomas.
Os distúrbios pigmentares relacionados à melanina podem acontecer devido ao seu aumento
ou diminuição, de maneira localizada ou generalizada.
DISTÚRBIOS DE AUMENTO DE MELANINA
DE FORMA LOCALIZADA
 Nevo melanócito congênito.
Nevos melanocíticos
Nevos melanocíticos são neoplasias de natureza benigna que se apresentam como
pequenas lesões (normalmente menores que 6 mm) bem delineadas, de coloração mais
javascript:void(0)
escura que o restante da pele, e podem ser ásperas, planas, achatadas ou na forma de
pápulas elevadas.
A maioria surge em decorrência de alterações genéticas e da exposição solar, mas podem ser
congênitos, ou seja, presentes desde o nascimento ou que se desenvolvem durante a infância
a partir de células névicas preexistentes. É importante destacar que congênito não quer dizer
hereditário.
NEVOS
É o termo médico que descreve uma lesão na pele popularmente conhecida como mancha,
pinta ou sinal.
Falamos em neoplasias, você sabe o que é?
 RESPOSTA
Neoplasia é uma massa de tecido anormal originado pela multiplicação excessiva e
descontrolada de células, que persiste mesmo depois da retirada do estímulo que originou
essas alterações.
As neoplasias podem ser:
BENIGNAS
MALIGNAS
BENIGNAS
Massa de células bem diferenciadas parecidas com o tecido de origem, coesa, bem delimitada,
com crescimento progressivo e que não apresenta capacidade invasiva e infiltrativa.
MALIGNAS
São chamadas de cânceres. Massa de células com contornos irregulares, invasiva e infiltrativa.
De crescimento rápido, são células normalmente indiferenciadas e com possibilidade de
metástases para outros órgãos.
ETAPA 03
txt
METÁSTASES
Metástase é o nome do processo no qual células de um tumor primário migram pela circulação
sanguínea ou linfática, gerando uma nova lesão tumoral.
 Lipoma, tipo de neoplasia benigna formada por adipócitos.
Os nevos melanocíticos são classificados histopatologicamente em relação às células névicas,
o epitélio de superfície e o tecido conjuntivo subjacente. Há diversos subtipos de nevos e a
classificação depende da localização das células névicas. Um exemplo são os nevos
intradérmicos, que são formados por células névicas que se diferenciam em tamanho e podem
conter ou não grande quantidade de melanina. Essas células se agrupam em ninhos ao longo
da parte superior da derme.
javascript:void(0)
 Nevo intradérmico sem e com hiperpigmentação.
Quando o nevo se inicia na junção entre a derme e a epiderme são chamados de nevos
juncionais. As células dos nevos juncionais costumam exibir pouca ou nenhuma atividade
mitótica.
MITÓTICA
Atividade mitótica se refere à capacidade da célula de se dividir gerando duas células-filhas
idênticas.
Conforme os nevos juncionais crescem, eles podem se infiltrar cada vez mais na derme e
passam a se chamar nevos compostos, já que exibem características de nevos intradérmicos e
juncionais. Clinicamente, é difícil distinguir se o nevo é intradérmico ou composto, já que
ambos são lesões elevadas, diferentemente dos nevos juncionais, que se apresentam como
lesões planas hiperpigmentadas.
javascript:void(0)
Corte histológico da pele e a pele, mostrando um nevo juncional.
Corte histológico da pele e pele com presença de nevos compostos.
Esta imagem indica a localização dos nevos juncionais, compostos e intradérmicos na pele.
 SAIBA MAIS
Além dessas classificações, temos também o nevo intramucoso, tipo mais comum na boca,
com acúmulo de células névicas no tecido conjuntivo, e o nevo azul, que apresenta as células
com um formato fusiforme, localizado no tecido conjuntivo, de coloração azul.
MELANOMAS
Os melanomas são neoplasias malignas que afetam a mucosa oral, esôfago, meninges, olhos,
e especialmente a pele. Quando detectado em seus estágios iniciais, o melanoma pode ser
tratado e curado cirurgicamente.
A exposição excessiva à radiação UV é o principal fator de risco para o desenvolvimento do
melanoma por seu potencial de causar danos ao DNA. Dessa maneira, indivíduos de pele clara
têm maior suscetibilidade à doença, já que possuem menor quantidade de melanina
protegendo a pele dos raios UV.
Alterações gênicas que interferem no ciclo celular também estão relacionadas ao
desenvolvimento dos melanomas:
O gene CDKN2A ‒ inibidor de quinase dependente de ciclina ‒ codifica proteínas que agem
como supressores tumorais, ou seja, proteínas que regulam o ciclo celular e induzem a
apoptose, impedindo a proliferação excessiva da célula. Assim, mutações nesses genes estão
associadas à proliferação descontrolada dos melanócitos.
Mutações que ativam os genes BRAF e NRAS, que são importantes na progressão do tumor,
pois aumentam a sinalização de vias relacionadas ao crescimento e sobrevida celular.
Mutação no gene TERT, que ativa a telomerase, enzima que preserva os telômeros e
interrompe o envelhecimento das células. Esse gene está mutado em 70% dos melanomas.
QUINASE
Quinases são enzimas que realizam a fosforilação (transferência de grupos fosfato) de
proteínas-alvo ativando ou inibindo-as. Na presença de ciclinas (proteínas reguladoras do ciclo
celular), as quinases dependentes de ciclina são ativadas e passam a exercer papel funcional
dentro da célula.
Você sabe o que é telômero e qual sua relação com o envelhecimento?
RESPOSTA
Os telômeros são sequências repetidas de DNA, localizadas na extremidade dos
cromossomos, que têm como função auxiliar:
A replicação dos cromossomos;
Contribuir na organização funcional cromossômica no interior do núcleo;
Participar na regulação da expressão genética;
Controlar a capacidade replicativa de células humanas e a entrada destas em
senescência celular.
No entanto, durante a replicação celular, ocorre perda progressiva dos telômeros pelo
encurtamento, o que diminui a capacidade replicativa e leva ao envelhecimento celular.
É importante destacar que a telomerase é uma enzima que estende os telômeros dos
cromossomos, revertendo seu encurtamento. Essa enzima é ativa nas células germinativas e
javascript:void(0)
javascript:void(0)
em várias células cancerígenas.
 Lesão característica de melanoma.
O melanoma é mais frequente em homens, surgindo principalmente no dorso (cabeça e
pescoço), enquanto, nas mulheres, costuma estar localizado predominantemente nas pernas,
sendo menos invasivo.
Durante o crescimento radial, o melanoma é chamado de melanoma in situ , e aparece
clinicamente como lesões assimétricas, com borda irregular, coloração variável (ao contrário
dos nevos, que possuem pigmentação igual por toda a lesão), diâmetro maior do que 6
milímetros e evolução com mudança no tamanho, formato e cor da lesão.
CRESCIMENTO RADIAL
Crescimento horizontal da lesão na epiderme e na derme.
Esses fatores constituem os sinais de alerta ABCDE do melanoma:
javascript:void(0)
 Sinais de alerta do melanoma.
Com a progressão, o melanoma passa para a fase de crescimento vertical, com infiltração das
camadas mais profundas da derme, sendo chamado de melanoma infiltrativo. Nessa fase,
pode-se observar a presença de nódulos, e o tumor passa a ter capacidade de gerar
metástase.
As células do melanoma, quando vistas ao microscópio, são maiores do que os melanócitos
normais e apresentamnúcleo com contorno irregular.
 Biópsia de pele normal (esquerda) e com melanoma (direita).
A partir da biópsia, principal método de diagnóstico do melanoma, são analisadas algumas
características celulares e teciduais, como a profundidade de infiltração do tumor, taxa de
mitose, infiltrado de linfócitos e ulceração, sendo esses os principais indicadores de
prognóstico do melanoma. Também é a partir desses indicadores que o melanoma é
classificado em estágios de gravidade.
Os estágios do melanoma vão de 0 (melanoma in situ ) até 4, que é o grau mais grave,
também chamado de melanoma metastático.
ESTÁGIO 0
ESTÁGIO 1
ESTÁGIO 2
ESTÁGIO 3 E 4
ACANTOSE NIGRICANS
Na acantose nigricans , manchas hiperpigmentadas de textura aveludada são visíveis na
pele, principalmente nas regiões das axilas, dobras do pescoço e virilha. Pode ser benigna ou
maligna.
 Acantose nigricans nas dobras do pescoço.
A forma benigna se desenvolve em geral na infância ou puberdade, associadas à obesidade e
doenças endócrinas como a diabetes. A forma maligna ocorre em especial em indivíduos com
mais de 50 anos, estimulada pela presença de fatores de crescimento associados a neoplasias
malignas, principalmente neoplasias gastrointestinais.
Cerca de 80% dos casos de acantose nigricans são de natureza benigna. Histologicamente,
tanto na forma benigna quanto na maligna são observadas ondulações da epiderme, com
aumento no número de células, pigmentos e queratina na camada mais superficial da
epiderme.
OCRONOSE
é uma doença genética metabólica rara, causada por mutações no gene, que codifica a enzima
que degrada o ácido homogentísico, um pigmento castanho-avermelhado ou amarelo no
formato de grânulos.
Com isso, o pigmento se acumula no plasma sanguíneo, na pele, tecido conjuntivo, cartilagens
e na urina, que passa por oxidação quando exposta ao ar e forma polímeros parecidos com o
pigmento de melanina, o que torna a urina escurecida.
O escurecimento da urina é chamado de alcaptonúria, e é o principal sinal clínico precoce
dessa doença. O acúmulo do pigmento nas cartilagens faz com que seja possível vermos uma
javascript:void(0)
coloração preto-azulada.
 Ocronose.
ÁCIDO HOMOGENTÍSICO
Um intermediário do metabolismo de tirosina, produto precursor de melanina.
DISTÚRBIOS DE AUMENTO DE MELANINA
DE FORMA GENERALIZADA
Os principais distúrbios são as melanodermias secundárias, caracterizadas pelo aumento do
pigmento de melanina na pele devido ao aumento na atividade dos melanócitos, resultado de
uma condição preexistente, como é o caso da gravidez, do hipoadrenalismo e por efeito das
radiações.
HIPOADRENALISMO
javascript:void(0)
Redução na função da glândula adrenal (presente na parte superior dos rins), resultando na
diminuição dos hormônios produzidos por ela.
Histologicamente, é possível verificar um aumento na presença de melanina nos queratinócitos
por toda a epiderme e aumento no número de melanossomas. Essas alterações levam à
formação de manchas agrupadas ou dispersas, com coloração castanho-clara a escura, e
bordas irregulares.
Essas manchas podem ser chamadas também de cloasmas ou melasmas, e são mais
comuns em áreas da pele com maior exposição solar e em mulheres, por ação de fatores
hormonais, principalmente na gravidez, que apresenta uma maior alteração nos níveis de
hormônios.
 Pele com melasmas.
 VOCÊ SABIA
As manchas são chamadas de cloasmas gravídicos quando acometem mulheres durante ou
logo após o fim da gestação. As manchas presentes somente na face são chamadas de
melasmas. E, quando acometem outra região que não a face, são chamadas de
melanodermias.
Você já deve ter ouvido falar em vitiligo e albinismo. Essas condições, diferentes das que já
estudamos até aqui, são distúrbios de pigmentação causadas pela diminuição ou
ausência de melanina.
VITILIGO
 Pele com vitiligo.
O vitiligo é um dos quadros de acromia adquirida mais conhecidos. Embora a patogênese
dessa condição não seja muito bem compreendida, sabe-se que ela acontece pela diminuição
progressiva ou ausência dos melanócitos no local, sendo essa a principal característica
histológica. Com isso, a produção de melanina fica comprometida.
Na pele de um indivíduo com vitiligo, podemos observar a presença de manchas simétricas,
irregulares, de cor branca (pela falta de melanina), com hipercromia ao redor das áreas
afetadas.
O vitiligo é classificado como uma condição multifatorial, e algumas teorias para a ausência dos
melanócitos são a destruição das células por estresse oxidativo, autoimunidade e
autodestruição dos melanócitos. O vitiligo de origem genética (familiar) representa cerca de
20% dos casos.
ACROMIA
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Termo dado à ausência de formação do pigmento melanina na epiderme.
HIPERCROMIA
Pigmentação excessiva causada pela produção exagerada de melanina.
ALBINISMO
O albinismo é uma doença genética que afeta 1 a cada 20 mil pessoas. O indivíduo com
albinismo pode ter um quadro de acromia parcial, quando envolve ausência de pigmentação
somente na retina, condição conhecida como albinismo ocular (AO), ou acromia generalizada,
quando afeta a pele, cabelos e olhos no albinismo oculocutâneo (AOC).
O AOC é uma condição de caráter autossômico recessivo que envolve mutações em genes
relacionados à tirosinase, que resulta na coloração branca da pele e nos cabelos devido à
ausência de pigmentação. Os indivíduos que sofrem de albinismo devem evitar ao máximo a
exposição solar, pois são deficientes na principal forma orgânica de proteção contra os raios
UV, que é feita pela melanina.
javascript:void(0)
 Criança com albinismo oculocutâneo.
AUTOSSÔMICO RECESSIVO
Ao herdar genes de dois alelos anormais dos pais.
A acromia cicatricial acontece após um processo inflamatório local. Os mediadores gerados
durante a inflamação são capazes de estimular os melanócitos a aumentarem a produção de
melanina.
Ao fim do processo inflamatório, em alguns casos, os melanócitos ficam em estado de
esgotamento pelo estímulo e atividade exagerada. Sendo assim, eles perdem sua função,
gerando a acromia no local da cicatrização.
 VOCÊ SABIA
Acromotriquia é o nome dado ao processo de perda de pigmentação dos cabelos resultante
do envelhecimento. Com o passar dos anos, os melanócitos vão perdendo sua funcionalidade
e diminuindo sua atividade. Esse processo tem como consequência a redução na quantidade
de pigmentos de melanina produzidos, o que faz com que os cabelos apresentem uma cor
branca pela ausência de pigmentos.
PIGMENTOS RELACIONADOS À
LIPOFUSCINA (LIPOCROMO OU PIGMENTO
DE DESGASTE)
A lipofuscina é um pigmento endógeno insolúvel derivado da peroxidação de lipídios, que atua
como um sinalizador da degradação de lipídios de membranas celulares. As moléculas
geradas se agrupam formando moléculas maiores num processo chamado polimerização, o
que as torna insolúveis e dificulta sua metabolização.
javascript:void(0)
Esse pigmento é formado basicamente por polímeros de lipídios e fosfolipídios, e é encontrado
na forma de grânulos castanho-amarelados ou marrons no citoplasma das células.
A presença de lipofuscina está relacionada principalmente às lesões celulares causadas no
processo de estresse oxidativo quando há aumento de radicais livres, e durante o processo de
autofagia, para eliminação de organelas danificadas, acumulando-se nos lisossomos,
originando os corpos residuais.
O acúmulo da lipofuscina acontece de maneira gradual, especialmente em células pós-
mitóticas, e é comum no tecido muscular cardíaco e esquelético, no fígado, na retina e em
neurônios de indivíduos mais velhos, ou em pacientes com desnutrição grave. No entanto,
esse pigmento não é nocivo à célula.
PEROXIDAÇÃO
Peroxidação lipídica é o processo de degradação de lipídios no qual radicais livres “roubam”
elétrons dos lipídios presentes nas membranas celulares.
AUTOFAGIA
Nome dado ao mecanismo de degradação de componentes e organelas celulares realizado

Continue navegando