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Caderno 1 Formação de catequistas

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Caderno de Formação 
Catequética 
Temas ligados a Catequese, o Catequista e a 
Comunidade 
“A catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é 
uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da 
pregação do Evangelho, da Catequese e da Liturgia, 
tendo como centro a celebração da Eucaristia. A 
catequese é um processo formativo, sistemático, 
progressivo e permanente de educação da fé. 
Promove a iniciação à vida comunitária, à liturgia e 
ao compromisso pessoal e com o Evangelho. Mas 
prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção 
e fazendo crescer no conhecimento, na participação e 
na ação.” (DNC 233) 
 
 
“O catequista deve viver sua experiência cristã e sua 
missão dentro de um grupo de catequistas, que dará 
continuidade à formação e oferecerá oportunidades 
para a oração em comum, a reflexão, a avaliação das 
tarefas realizadas, o planejamento e a preparação 
dos trabalhos futuros. Assim, o grupo de catequistas 
expressa mais visivelmente o caráter comunitário da 
tarefa catequética.” (CR 151). 
 
 
 
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CATEQUESE RENOVADA 
 
 
Introdução 
 
 Quando falamos em catequese, tenhamos bem presente que seu conceito passa pela 
educação pessoal e comunitária da fé, enquanto aprofundamento da mesma para a vivência e o 
testemunho no mundo. 
 Ela, enquanto educação, passa por um processo contínuo e se faz presente em todos os 
momentos da vida, mesmo com a ausência de seus melhores agentes, os catequistas. Por isso, é 
importante conhecer e entender todo o processo que envolve e faz a catequese ser, para melhor 
realizar nossa tarefa enquanto agentes comunicadores, facilitadores do processo educativo da 
fé, testemunhadores do Senhor vivo e ressuscitado que age por meio de sua Igreja. 
 
A catequese 
 
A catequese é a educação da fé. É o ensino fundamental da fé. É o aprendizado e 
aprofundamento da palavra de Deus na vida. Esse aprendizado acontece ora de modo pessoal, 
individualizado; ora de modo comunitário, em grupo; ora pela vivência missionária, cultural e 
celebrativa da comunidade de fé. 
Então, quando conceituamos a catequese, a Igreja costuma dizer: 
 
“A catequese é a educação da fé realizada de modo pessoal e comunitária, 
sendo um processo permanente, progressivo, ordenado e sistemático.” 
 
 
 Falando desse modo, convém explicitar cada termo desse conceito, clareando a 
compreensão de modo prático e acessível. 
 
Catequese - é uma palavra grega, “kat-ekhéo”, que significa: “fazer ecoar” (CR 31). É fazer 
com que a palavra faça eco na vida de seu ouvinte, encarnando-se em sua prática de vida; 
 
Educação – ato de prender, de assimilar, praticar os conteúdos aprendidos; 
 
Fé - é o ato de crer. Isto significa acolher, pensar, praticar e testemunhar com convicção 
própria aquelas realidades e conteúdos que fazem referência ao sagrado, a eternidade, a Deus e 
seu projeto de vida realizado em Jesus de Nazaré; 
 
Pessoal – Eu. Que diz respeito a própria pessoa enquanto individuo, não isolado dos outros, 
mas com os outros. É a formação pessoal, onde cada um tem que ter o seu próprio momento de 
estudo, reflexão, leitura, e sozinho tem que fazer o seu “ato de fé” dentro do contexto 
comunitário, junto com os irmãos e irmãs; 
 
Comunitária – é a Comunidade de fé. Ela é a depositária e a guardiã da fé em vista do 
anúncio. Através de suas ações sociais, cultural, missionária e atos litúrgicos dá-se a vivência 
da fé como também seu aprofundamento de modo vivencial e prático. Inserida em seu contexto, 
a pessoa enquanto individuo vive sua fé, partilha sua vida, firma suas convicções, testemunha e 
por sua prática faz também o anúncio das verdades acreditadas; 
 
 
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Processo – é algo que vai acontecendo, um caminho traçado, que vai desvelando-se conforme 
as coisas vão acontecendo. Pode ser pensado, esquematizado ou simplesmente deixado a esmo; 
 
Permanente - o que permanece. É algo que não acaba, está sempre acontecendo, renovando-
se, é criativo e dinâmico; 
 
Progressivo - que progride, que cresce, que amadurece, que dá frutos; 
 
Ordenado - organizado. Que organiza o ‘tempo’ de cada coisa, respeita etapas, idades, 
características de cada realidade; 
 
Sistemática – programado. É algo programado, pensado, avaliado. Segue um roteiro com os 
temas aplicado a cada realidade, situações e pessoas. Tem metodologia própria, não faz de 
qualquer jeito. Apresenta os conteúdos conforme a situação de cada um, sem falsificar a 
mensagem ou faltar com a verdade. 
 
 
 Explicitado cada conteúdo do conceito de catequese, convém entender a catequese 
dentro do contexto das dimensões da Igreja, que ao todo são seis (Comunitária e Participativa; 
Missionária; Bíblico-Catequética; Litúrgica; Ecumênica do diálogo Religioso; Sócio-
Transformadora) dentro de uma linha evangelizadora e pastoral. 
 
Dimensões da Catequese 
 
 Entende-se por dimensões aqueles aspectos da vida da igreja que perpassa toda a sua 
ação evangelizadora e pastoral, integrando-se mutuamente de modo a ser uma realidade só, 
porém distintas quando de sua prática eclesial encarnada em seus agentes próprios. 
 Quando falamos da catequese como dimensão, entendemos que ela está presente na vida 
integral da igreja, perpassando todas as suas ações, independentemente da presença e ação de 
seus agentes, os catequistas. Dessa forma, a catequese torna-se uma presença permanente 
enquanto dimensão. Como ação pastoral concreta e específica dos catequistas, a dimensão 
catequética acontece de forma perceptível e realiza aquelas ações que a faz ser vista por todos. 
 Partindo dessa realidade da dimensão, a catequese integra em si, outros aspectos que a 
complementa e enriquece seu desdobramento, de forma que não é possível fazer catequese sem 
levar em consideração essas outras realidades e conteúdos que são próprios da vida da igreja, 
da ação evangelizadora e missionária. Então podemos dizer que, para a catequese ser catequese 
e realizar sua tarefa de modo eficaz, precisa ser: bíblica, cristocêntrica, eclesiológica, espiritual, 
missionária, social, antropológica, ecológica, ecumênica, inculturada, afetiva e doutrinal (DNC 
38). 
 De modo geral cada um desses temas parte de um aspecto das verdades da fé professada 
e a catequese os expõe de modo próprio. Por isso, para uma catequese ser de fato uma 
catequese precisa levar em consideração tais aspectos. Daí, dizemos que a catequese precisar 
em sua ação, ser: 
 
Bíblica – que leva em consideração a palavra de Deus e faça dela seu manual próprio. 
A bíblia enquanto palavra de Deus é a matéria primeira da catequese; 
 
Cristocêntrica – que está centrada na pessoa de Jesus, o Cristo, Senhor. Toda catequese 
converge para Jesus e sua mensagem, ele é o centro da catequese; 
 
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Eclesiológica – que é da Igreja. Que fermenta a comunidade de fé, que gera discípulos 
membros da igreja, de modo convicto, ativo, participante. Que formam e é formados pela 
igreja; 
 
Espiritual – que promove a espiritualidade. Que integra aqueles valores que constitui a 
alteridade humana e remete a Deus, como vida completa; 
 
Missionária – que envia seus ouvintes ao mundo para o anúncio e para o testemunho do Cristo. 
Testemunho esse que anuncia com convicção, sem medo, a fé professada; 
 
Social – que mantém presença na sociedade, colaborandocom a cidadania de modo que seja 
possível concretizar aquelas ações que promove a presença do reino, que é vida; 
 
Antropológica – que compreende o homem e a mulher no seu habitat natural, o meio em que 
vive. Uma catequese antropológica leva em consideração os costumes, os meios de 
comunicação, as relações interpessoais e os valores pelos quais as pessoas se exprimem; 
 
Ecológica - que valoriza a vida. Que valoriza o planeta. Uma catequese ecológica tem como 
certo os conteúdos referentes a natureza, primeira depositária da revelação divina e trata da 
relação do ser humano com a mesma; 
 
Ecumênica – que escuta e dialoga. Que consegue perceber suas próprias convicções para 
poder enxergar a beleza e a riqueza das outras denominações cristãs. Dessa forma dá passos 
para uma tolerância e ações que concretizam a fé e a vida segundo o coração de Deus; 
 
Inculturada – que respeita e se põe a serviço da vida e do reino a partir da cultura de seus 
ouvintes, de modo a dialogar e criar espaços de interação para o bem comum; 
 
Afetiva – que cria laços de amizade, de interação, de amor-doação recíproco. Que concebe a 
pessoa a partir de sua alteridade e de suas relações interpessoais; 
 
Doutrinal – que cria convicção. Que suscita convicção das pessoas nas verdades revelada e na 
catolicidade da fé, sem se fechar em si mesmo. 
 
 
Conclusão 
 
 Compreender o que é a catequese, o processo, seus aspectos, o conteúdo, sua dimensão 
e entender o específico de seu trabalho, nos ajudar a saber qual é o seu lugar na igreja, situando 
sua presença dentro do contexto evangelizador pastoral. 
 A catequese não é um movimento e nem uma pastoral, mas uma dimensão da igreja. 
Porém, contudo, ela tem em si todos aqueles aspectos de uma pastoral e de um movimento 
quando integra a vida pastoral e comunitária da igreja, em realidade especifica de uma paróquia 
ou comunidade. Lá está o movimento ou a pastoral tal, e em conjunto com todos eles, a 
catequese representada nos seus melhores agentes. Dessa forma ela faz parte da pastoral de 
conjunto em prol do bem comum. 
 Por isso, ela é concebida como movimento e como pastoral e por todos assim é 
conhecida. Mas vale afirmar que a catequese vai mais além e longe de ser em si mesma tal 
coisa, é uma dimensão. Dimensão que perpassa toda a vida e a vida toda da igreja. 
 
 
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CATEQUISTAS SERVIDORES 
 
 
Introdução 
 
 Se a catequese enquanto ação pastoral é uma dimensão da igreja, cabe perguntar quem a 
exerce e como a exerce, de modo que a caracterize como pastoral no seio da comunidade cristã. 
 À esse pergunta segue-se a resposta obvia, o catequista. Ele é quem exerce com sua 
participação e engajamento na comunidade a catequese, como ação pastoral. No entanto como 
a exerce depende muito da realidade em que está inserido, porém, a igreja em seu magistério 
oferece orientações seguras que possibilita o exercício de sua prática pastoral. 
 Sendo, pois, catequista da igreja, ele é chamado e enviado pela igreja para junto dos 
irmãos e irmãs a ele confiado, para vivenciar o processo de catequese de modo a atingir a 
maturidade dos objetivos por ela traçados. 
 Então, quais os requisitos para ser catequista e como a igreja o define em sua ação 
pastoral? 
 Segundo o DNC (Diretório Nacional de Catequese) o catequista é um servidor da 
comunidade de fé. Seu trabalho gratuito é um ministério (serviço) exercido em nome da 
comunidade, a Igreja. Para este ministério, ele é chamado, preparado e enviado – ou como se 
dizia no século passado, é uma vocação. Vocação que nasce de seu engajamento na 
comunidade e de sua convicção em servir de modo mais concreto ao Senhor e sua Igreja. 
 
Qualidades do catequista servidor 
 
 A partir do DNC (261-268) e da realidade de nossa igreja local, entendemos que para 
uma pessoa ser catequista é preciso cultivar algumas qualidade, tais como: 
 
 Amar a vida e se sentir uma pessoa amada e realizada; 
 Possuir equilíbrio psicológico e maturidade humana; 
 Ser pessoa de profunda espiritualidade; 
 Ser pessoa que sabe ler a presença de Deus na vida; 
 Ser pessoa ligada ao seu tempo, atualizada da realidade moderna; 
 Ser pessoa que busca sua formação pessoal e cultiva a leitura; 
 Ser pessoa de comunicação, que sabe se comunicar e comunicar a mensagem. 
 
Além dessas qualidades a serem perseguidas pelo catequista em busca da vivência de 
sua vocação própria, se faz necessário enfatizar que o catequista é: 
 
 A pessoa de referência da catequese na comunidade; 
 É o educador na fé da comunidade; 
 É de modo concreto perceptível a dimensão catequética no agir pastoral concreto. Ou seja, é 
a encarnação da dimensão, agindo concretamente na vida das pessoas. 
 
O que o catequista precisa cultivar e o que precisa evitar 
 
Assim, o catequista tem para si, a responsabilidade de bem se preparar, estudando, 
lendo, aprimorando, atualizando seus conhecimentos e técnicas em vista de sua ação pastoral 
junto aos catequizandos. Isto de modo concreto significa dizer: ler a bíblia de modo certo e 
equilibrado, ler jornais, revistas, principalmente ligados a comunidade de fé e a catequese. De 
outra forma também precisa interagir com seus colegas catequistas, participando das reuniões, 
 
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celebrações, retiros, estudos, passeios e atividades próprias da catequese, cultivando um bom 
relacionamento e uma espiritualidade orante e concreta. 
 Por isso, não cabe tanto na ação do catequista, como a sua própria pessoa, atitudes 
como: dizer que é catequista, mas não participa das reuniões da catequese; não assume suas 
responsabilidades delegando outros para cumpri-las em detrimento de sua falta de 
responsabilidade; dizer que é catequista, mas não assume uma tarefa catequética junto aos 
colegas, aparecendo só nos momentos fortes ou de vez enquando; dizer que é catequista mas 
não prepara seus encontros e nem toma zelo pelos bens da catequese a saber: material didático, 
imóvel, livros, cartazes, etc; ser catequista mas não participa das celebrações comunitárias e 
quando vai, sua presença é mais de “assistir” do que de “participação”; dizer quer é catequista, 
mas está envolvido com muitos outros movimentos de forma que a catequese não é prioridade 
ou está no terceiro ou quarto plano, prejudicando o trabalho dos catequistas, por exemplo, 
quando da ausência numa reunião importante, e o colega não foi porque estava numa outra 
reunião de grupo que mesmo sendo importante era irrelevante, naquele momento, para a vida 
comunitária. 
 
Conclusão 
 
Na sua atuação de catequistas servidores, os mesmos precisam conhecer a catequese. 
Precisam discernir, ponderar, pensar e cultivar as coisas boas e evitar aquelas que prejudicam o 
desempenho de sua tarefa catequética. 
E mais, é importante ao catequista saber que sua presença na catequese é uma alegria, e 
que estando na catequese, na dimensão bíblico-catequética, ele está num grande e organizado 
movimento-pastoral que tem por finalidade, zelar pela qualidade de vida e pela qualidade de fé 
dos membros da igreja, e que sua colaboração faz da igreja ser o que é: uma, santa, católica e 
apostólica. 
 
 
Para conversar: 
 
Consulte o DNC 261-268 e responda em grupo: 
 
1- A seu ver, o que é “ser catequista” e qual o “seu lugar” na igreja? 
2- De que a catequese precisa, para ter o “catequista ideal”? 
3- Quais as “qualidades do Catequista” que é mais forte e presente no seu grupo de catequistas?4 – Como você encara a sua vocação de catequista servidor? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO 
 
 
Introdução 
 
 A Catequese é uma dimensão. Está na vida da igreja. Mas também é uma pastoral e 
como tal, deve ter um mínimo de organização, uma linha de ação, um objetivo a cumprir. Ela 
está presente nas paróquias e comunidades eclesiais, por isso seus melhores representantes são 
os catequistas. Eles não agem sozinhos, por sua própria cabeça e vontade. Estão integrados 
dentro de uma caminhada comunitária e eclesial, e por isso mesmo, quando falam, falam em 
nome da Igreja, pois, por ela, foi chamado e enviado para a missão. 
 Por isso, para vivenciar melhor a sua missão e cumprir com os objetivos da catequese na 
igreja local, o catequista está comprometido com seu grupo pastoral. 
 
“O catequista deve viver sua experiência cristã e sua missão dentro de um 
grupo de catequistas, que dará continuidade à formação e oferecerá 
oportunidades para a oração em comum, a reflexão, a avaliação das tarefas 
realizadas, o planejamento e a preparação dos trabalhos futuros. Assim, o 
grupo de catequistas expressa mais visivelmente o caráter comunitário da tarefa 
catequética.” (CR 151). 
 
 
 Então, essa vivência comunitária da missão catequética por parte do catequista exige um 
planejamento, sua participação assídua no próprio grupo dos catequistas. Também exige que na 
paróquia ou comunidade haja na catequese uma equipe de coordenação e um bom 
planejamento da ação comunitária do grupo. Então como funciona isso? 
 
O ministério da Coordenação 
 
 Ministério é o serviço prestado gratuitamente a Comunidade de fé. Esse serviço, 
quando se trata da catequese, é a tarefa do ensino, do acompanhamento e do testemunho pelas 
ações planejadas em vista dos objetivos traçados pela comunidade eclesial e pela própria 
pastoral bíblico-catequética, a catequese. 
 Coordenação é, pois, a equipe responsável para fazer acontecer de modo coeso, 
harmonioso e do melhor jeito possível a ação traçada pelo grupo, pela comunidade. Nesse 
caso, a equipe constitui na vida do grupo uma célula importante, que faz com que o grupo ande, 
faça as coisas acontecer. Ela é facilitadora do processo, orienta, encaminha, tira dúvidas, ajuda 
resolver problemas, chama a atenção com caridade, zela, cuida, avalia, planeja com o grupo, 
executa e faz executar. 
 Também faz parte da tarefa de coordenação representar a catequese da paróquia junto à 
catequese diocesana e fazer o ponto de ligação da catequese diocesana com a catequese 
paroquial e vice-versa. 
 Essa é a tarefa especifica da coordenação. Não consta no seu papel, mandar, dar ordens, 
expulsar, tirar ou botar fora a revelia. Seu principal papel é facilitar, resolver os problemas de 
melhor maneira possível. Ajudar o grupo a ser unido e cumprir com o seu objetivo. 
 Para que isso possa acontecer, às vezes é preciso ser chato, sem perder ou faltar com a 
caridade. Expor com clareza de idéias as coisas, cobrar do grupo as responsabilidades, usar de 
muita política, ser sábia e fazer o ‘jogo de cintura’ de modo a salvaguardar o bem e a ordem 
das coisas, sem prejudicar o grupo ou quem quer que seja. Deve dialogar muito, até esgotar 
todos os recursos. Se houver que tomar qualquer decisão complexa, não o fazer, sem antes não 
 
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conversar com o grupo, e com o principal responsável pela catequese, o padre ou o bispo, 
conforme o contexto, paroquial ou diocesano. 
 
A pessoa do catequista em relação ao grupo e a coordenação 
 
 Para ser catequista é preciso haver o chamado, em seguida a confirmação do 
responsável pela catequese, que naturalmente é o padre e a coordenação. Uma vez que a pessoa 
é acolhida como catequista, é imprescindível que ela passe por uma formação adequada (de 
Bíblia, de liturgia, de metodologia, de doutrina, de espiritualidade...) e faça junto às demais 
catequistas, um estágio, para ir pegando jeito no exercício da tarefa que lhe será confiada. Ela 
deve entender que sua presença e compromisso com a catequese não tira o desejo e o dever de 
participar de outros grupos eclesiais, porém, contudo, ela deve saber e entender que seu 
compromisso primeiro e responsável é com a catequese. 
 Por isso, deve levar a sério sua obrigação, participando das tarefas da catequese e 
interagindo com sua coordenação. Daí, porque compreender que todo catequista sabe ou deve 
saber de suas responsabilidades e do seu compromisso assumido. Não é “infantil” ou 
“criancinha” que temos que está advertindo ou dizendo o tempo todo de sua responsabilidade 
ou como deve fazer sua tarefa. 
 É importante entender isso, porque o ministério da coordenação é uma tarefa dinâmica 
que está sempre se renovando e dele todo catequista pode participar desde que tenha a 
maturidade e a disponibilidade para tanto. 
 Sendo um ministério renovável, o tempo de duração dos membros na coordenação 
depende muito de paróquia para paróquia, de grupo para grupo, de padre para padre. No geral o 
bom senso recomenda dois ou três anos podendo se repetir por mais um ciclo. 
 
Conclusão 
 
 É importante e indispensável na paróquia ou comunidade haver uma coordenação. 
Como também é importante haver um planejamento catequético onde possa atender a vida 
comunitária catequética, e a vivência comum do grupo dos catequistas, através de retiros, 
momentos orantes, momentos celebrantes, passeios, lazer, avaliação, etc. Daí entender a 
importância da coordenação e a importância de um planejamento, como também da presença 
do catequista. 
 Uma boa coordenação enriquece a catequese e mostra o rosto da catequese local. 
 
 
 
Para o grupo 
 
1. Confira o DNC 314-326 e partilhem com o grupo quais as responsabilidades da coordenação 
presente no documento. 
2. Identifique quais os ‘acertos’ e os ‘desafios’ presente na catequese de sua paróquia a partir 
do que é dito no DNC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA 
 
Introdução 
 
 Há muitas idéias de espiritualidade. Umas põem relevância na oração, outras na 
meditação, outras ainda em rituais religiosos e coisas afins. Existem conceitos que até separam 
a vida em duas modalidades, corpo e espírito, definindo a partir daí o que é espiritual, 
espiritualidade e o que é canal, material, do mundo. 
 Todas essas idéias não provêm das Sagradas Escrituras, mas de filosofias, 
principalmente a filosofia grega, que também está presente na Bíblia, não como orientação, mas 
como desafio que foi enfrentada pelas comunidades cristãs. 
 Ainda hoje, muitos grupos cristãos pensam e age assim. Vejamos o testemunho do Pe. 
Albert Nolan1, da ordem dos pregadores. Ele nos diz: 
 
“Muitos de nós fomos ensinados a considerar a vida espiritual como parte 
da vida em que realizamos exercícios espirituais, como prece, meditação, leitura 
espiritual, exame de consciência, retiros, dias de recolhimento e freqüência aos 
sacramentos. O resto de nossas vidas, os outros compartimentos, eram considerados 
como vida material. Nós percebíamos suficientemente bem que nossa vida espiritual 
deveria influenciar nossa vida material, mas ainda pensávamos que as duas eram 
compartimentos ou áreas distintas.” 
 
Ele continua explicando que: 
 
“A primeira coisa que precisamosaprender a respeito da espiritualidade 
bíblica é que a Bíblia não divide a pessoa humana em uma parte espiritual e outra 
material – pelo menos, não do modo como costumamos fazer. Na Bíblia a pessoa 
humana é considerada como um todo e não como uma alma que habita o corpo. Essa 
divisão entre corpo e alma, que torna a pessoa humana uma alma aprisionada em um 
corpo, não tem origem na Bíblia, mas na filosofia grega.” 
 
 
 Na Bíblia, vida espiritual ou vida no espírito, significa estarmos movidos e motivados 
pelo Espírito de Deus, ao contrário de outras motivações e espíritos qualquer. 
 Por isso, precisamos compreender o que é espiritualidade corretamente para no 
seguimento a Jesus Cristo, saber como ela acontece na vida e na prática dos catequistas. 
 
 
Espiritualidade 
 
 Espiritualidade vem de “Spiritus” no latim, e do grego “Pneuma”, ambas como 
tradução do hebraico “Ruah” e tem como corresponde em português a palavra “Sopro”, 
“Vento”, dando a idéia de movimento, de dinamismo, de vivacidade, de existência. Segundo o 
livro da Sabedoria 1,7 “o espírito de Deus enche o universo e dá consistência a todas as 
coisas”. Logo, está com o espírito de Deus é está revestido e convicto de todas aquelas 
qualidades e ideais, que na vivência cotidiana, motiva nossa existência e lhe dá sentido no 
contexto do mundo que estamos inseridos, superando o efêmero e passageiro. 
Ser uma pessoa espiritual ou possuir o espírito, é se caracterizar por atitudes e opções 
que segundo a norma da vida cristã, o evangelho, está em comunhão com o projeto de Deus em 
 
1 Nolan, Albert,op. ESPIRITUALIDADE DA JUSTIÇA E DO AMOR. 2ª Edição. E. Paulinas. 1985. (pág. 11-13). 
 
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Jesus Cristo, sendo a vida de cada um, homens, mulheres e a própria natureza, beneficiadas até 
que se cumpra o reino e a vida definitiva. 
 Então, sendo catequista, seguidor de Jesus, membro da Igreja, servidor do povo de Deus 
pelo ministério da dimensão bíblico-catequética, nossa querida pastoral de catequese, como 
vivenciar a espiritualidade na perspectiva da catequese, sendo no mundo testemunha fiel do 
projeto de Deus? Quais características da espiritualidade que devemos cultivar enquanto 
catequistas servidores? 
 
A espiritualidade vivenciada na Catequese 
 
 Para a catequese, não há separação entre fé e vida. Esse foi, e é durante muito tempo o 
seu refrão, perante seus ouvintes, logo, a espiritualidade está aí incluída. Então, no exercício 
prático do seu ministério e no cotidiano de suas vidas, o catequista vive sua espiritualidade de 
modo mais normal possível, se mostrando convicto da fé que abraçou, das opções que fez em 
Jesus Cristo, alimentando e praticando no meio do povo aquelas qualidades que o faz diferente 
dos demais pela opção de vida que abraçou se mostrando a todos como serviçal, amoroso, 
devoto, crítico, político, religioso, segundo o contexto em que está inserido. 
 Agindo assim, a igreja e a própria dinâmica do evangelho exige-lhes virtudes e atitudes 
tais como nos descrevem os documentos da catequese em nossos dias. 
 Coloca-nos o DNC, nos números 13k: que a espiritualidade do catequista deve ser 
bíblica, litúrgica, cristológica, trinitária, eclesial, mariana e encarnada na vida do povo. Que a 
mesma não deve se apegar a aspectos subjetivos de espiritualidades particulares (DNC 131), e 
por isso, deve cultivar um espírito orante, de escuta do Espírito Santo, de inserção na 
comunidade, de mergulho na realidade do povo, de comunhão fraterna e de adoração com a 
recepção de Jesus Eucaristia, alimento do discípulo fiel e caminhante (DNC 148). 
 Vivendo sua espiritualidade como opção de vida, com convicção, sabendo-se ser 
possuidor do Espírito e revestido dos mesmos ideais do Espírito conforme o santo Evangelho e 
a prática de Jesus de Nazaré, o Cristo, Senhor, o catequista pratica aqueles atos religiosos de 
adoração a Deus Uno e Trino; de veneração a Virgem e Mãe Maria; participando assiduamente 
e vivamente da Sagrada Liturgia; meditando a Palavra pela Leitura Orante; buscando conhecer 
cada vez mais profundamente a Jesus Cristo e o poder de sua Ressurreição, deixando para trás 
tudo que é efêmero, passageiro, por amor do próprio Cristo e do Reino por ele instaurado entre 
nós (Cf. Fl 3). 
 
Conclusão 
 
 O catequista, como todo cristão é uma pessoa espiritual por força do próprio batismo, 
porém, ao ser chamado por vocação ao serviço da Palavra na comunidade, impõe a si mesmo 
aquelas exigências que são próprias do seguimento radical de Jesus de Nazaré. Ele assume 
viver com convicção as opções que fez, sendo no seu habitat o mais natural possível, contudo, 
com um diferencial primordial: é testemunha espiritual do Senhor ressuscitado e agente 
transformador da sociedade, pela sua pratica evangelizadora pastoral. 
A espiritualidade não é algo a mais na vida do catequista, mas a própria vida do 
catequista transformada pela graça do Espírito Santo, conforme os méritos de Jesus 
ressuscitado, o Kyrios, o Senhor. 
 
Para o grupo: 
1. Como viver na espiritualidade a devoção mariana e a liturgia? 
2. Como viver a ‘opção preferencial pelos pobres’ na espiritualidade? 
 
 
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O CATEQUISTA E A COMUNICAÇÃO 
 
 
Introdução 
 
Comunicar é o ato de expressa a nós mesmos e nossas idéias. A comunicação acontece 
basicamente e principalmente pela palavra. Porém, ao querer nos comunicar usamos de 
diversos meios pelos quais emitimos uma mensagem com seus códigos próprios. 
Os meios pelos quais comunicamos algo podem ser além da própria palavra emitida, 
lúdicos, virtuais, corporais, sensoriais, escrita, teatral e áudio-visual televisiva,etc. 
Todos os meios usados são apenas extensão de um único ato possível: comunicar. Poder 
dizer o que pensamos, o que sentimos, o que desejamos. Transformar pelo ato de comunicar, a 
própria vida e a estrutura de nosso habitat natural. 
Ao comunicar, ao fazer comunicação interagimos com outros seres de nosso habitat. O 
ser humano é um comunicador por natureza. Faz parte da essência humana a comunicação. 
 
 
O processo de comunicação: feedback. 
 
 A verdadeira comunicação é um ato tremendamente democrático e ela supõe o ato de 
feedback. Trocando isso em miúdos: a verdadeira comunicação é circular e interativa. 
 Para haver comunicação é preciso ter de um lado o emissor e do outro, o receptor. Entre 
ambos dá-se o processo comunicativo pela mensagem emitida pelo emissor e recebida pelo 
receptor. E vice-versa. Tanto o emissor como o receptor são ao mesmo tempo as duas coisas de 
modo que a comunicação segue um movimento circular. A isso, os entendidos de comunicação 
chama de “feedback”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Entre o emissor e receptor está a mensagem a ser interpretada por ambos os lados, uma 
vez que há uma dinâmica entre ambos, que chamamos de diálogo. Na medida em que ele vai 
acontecendo os dois lados passam a interpretá-lo conforme seu ponto de vista e responde-lo 
segundo seus critérios próprios. É assim que acontece o círculo da comunicação, o feedback. 
 
Autenticidade e níveis da comunicação 
 
 Para haver comunicação é preciso haver autenticidade em ambos os sujeitos que auto se 
comunicam. Essa autenticidade passa por uma das três características que ajuda a estabelecer 
ou não a comunicação: a simpatia; a empatia e a antipatia. 
Emissor 
Intérprete 
Receptor 
Receptor 
IntérpreteEmissor 
Mensagem 
Mensagem 
 
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 Simpatia - é está aberto, ser agradável, comunicativo, conviver com o diferente. É 
tolerável e tolerante; 
 Empatia - é identidade com o outro. Identifica-se com o outro semelhante a ponto de 
se tornarem como que por analogia “almas gêmeas”. Isto supõe que cada um tenha 
diante si bem presente sua própria personalidade e identidade de modo que possa 
distingue-se do outro para melhor perceber o outro e ver o que há em comum que os 
faça se dá bem; 
 Antipatia – contrário ao outro. Significa está fechado, não consegue “simpatizar” com 
o outro semelhante, e nesse caso, não a convivência ou tolerância possível, havendo 
sempre o embate. Aqui não há comunicação possível. Haverá sempre o intermediário. 
Porém é possível a “tolerância” sob disciplina mediante a necessidade de ambos. 
 
A comunicação é sempre relação e abertura. Por isso, que ela acontece em nossa 
sociedade em quatro modos ou níveis: comunicação intrapessoal; comunicação interpessoal; 
comunicação grupal e comunicação social. 
 
 Comunicação intra-pessoal – é aquela em que nos comunicamos conosco mesmo. Essa 
comunicação é feita por meios de introjeção pessoal, por reflexão pessoal e também por 
objetos e coisas que revelam o nosso estado psicossocial. Ai comunicamos a nós 
mesmos como estamos, o que somos e o que desejamos; 
 Comunicação inter-pessoal – é aquela em que de alguma forma nos comunicamos com 
outras pessoas e realidades. É um diálogo face a face, cara a cara, pessoa a pessoa; 
 Comunicação grupal – é aquela que acontece em grupo e no grupo e para o grupo. Aí 
mais de um agente comunicador está em ação e todos são receptores e emissores, 
chegando a denominadores comuns, segundo a mensagem veiculada; 
 Comunicação social – é aquela em que há multidão, povo. É aquela em que é veiculada 
os conteúdos de modo a repercutir aos ouvidos de todos e no mesmo espaço de tempo 
haver uma resposta rápida e geradora de mais conteúdos. Próprios da comunicação 
social são os grandes meios eletrônicos da mídia, tais como: rádio, jornais, TV, internet, 
etc. Nesse tipo de comunicação há sempre um grupo emissor e a grande multidão 
receptora. As mensagens veiculadas são as mais diversas possíveis e tem com os meios 
da mídia, grande alcance planetário. 
 
Os meios de comunicação e a catequese 
 
 A catequese utiliza os meios de comunicação para comunicar a mensagem de Jesus e do 
Reino. Aliás, Jesus foi o maior comunicador e o melhor usuário dos meios disponíveis em seu 
tempo, de modo que a seus exemplo, também nós, usamos e devemos usar com mais ousadia os 
meios disponíveis hoje ao nosso alcance, para comunicar ao mundo moderno, aquilo que 
realmente lhe preenche enquanto mensagem verdadeira e duradora. 
 A catequese prescinde dos meios de comunicação. Eles são vitais para ela. Não há 
catequese sem comunicação, por isso precisamos conhecer os mecanismos que rege a 
comunicação para melhor evangelizar e catequizar. 
 Então, em sua tarefa catequética o catequista deve dispor de pelo menos de alguns 
meios para comunicar o seu conteúdo. Entre outros mencionamos o seguites: 
 
 Cartazes 
 Modelagem 
 Flanelogravuras 
 Músicas 
 Teatro livre 
 Entrevistas 
 Recortes 
 DVD 
 Álbum seriado 
 Fotolinguagem 
 Sócio-drama 
 Encenações 
 
Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 13 
 
 Expressões 
corporais 
 Informativos 
 Jornais 
 Revistas 
 Gravador 
 Vídeos 
 Internet 
 E-mails 
 Yorkut 
 Blogs 
 Mensengens 
 Fotolog 
 
 
 
 
Conclusão 
 
Catequizar é comunicar (CR 145.147). O catequista em sua catequese não comunica 
algo qualquer, mas tem como objeto de sua comunicação a pessoa de Jesus de Nazaré vivo e 
ressuscitado, e o Reino por ele pregado e instaurado, que terá sua consumação na derradeira 
vinda. 
 Por isso, o catequista é um comunicador por excelência e deve em sua catequese 
prescindir de todos os meios para comunicar a mensagem de salvação. Como Jesus, deve ser 
uma pessoa do seu tempo e usar os meios disponíveis para tal tarefa que a igreja lhe confiou 
por força do seu chamado e do seu batismo. 
 
 
Para o grupo 
 
1. Quais os meios de comunicação mais utilizados em sua paróquia e na sua catequese? 
2. Como podemos melhorar nossa comunicação no exercício de nossa tarefa catequética? 
3. Em grupo, a partir do evangelho de Marcos, identificar os meios usados por Jesus para 
comunicar sua mensagem. 
4. Encenar alguma história bíblica utilizando alguns dos meios de comunicação apresentado 
neste tema de nossa apostila. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÉTODO DE INTERAÇÃO FÉ E VIDA 
 
 
Introdução 
 
 O método de interação de fé e vida, é o método usado pela igreja e pela catequese para 
realizar os seus encontros e assimilar os conteúdos estudados. Ele é usado na ação 
evangelizadora e na ação pastoral. Também nos documentos oficiais da igreja, como Medelín, 
Puebla, Aparecida, e nas assembléias das pastorais e dos bispos. Daí a importância de conhecê-
lo, saber usá-lo. Vamos conhecer então esse método eficaz para a igreja e para a catequese. 
 De modo prático e didático usamos esse exemplo, tirado do jornal eletrônico “Missão 
Jovem”2, artigo da Ir. Marlene Bertol. Ela nos mostra em seu artigo uma pauta de como realizar 
um encontro com o método de interação. Transcrevemo-lo com alguma adaptação a nossa 
realidade, com os seus comentários e observações. 
 
 
O princípio da interação: “Fé-Vida” 
 
 
Existem muitos métodos, isto é, muitas maneiras para se chegar a alcançar objetivos. 
A catequese usa o princípio metodológico da interação. Na vida de todo dia usamos 
interações que produzem efeitos benéficos. Veja, por exemplo, o fermento, a água e o trigo 
ajuntados, misturados, interados, são capazes de produzir um pão capaz de matar a fome. 
Na catequese é preciso fazer interagir, isto é, misturar aquilo que é do campo de fé 
(Bíblia, tradição, liturgia, doutrina, ensinamentos da Igreja...) com tudo aquilo que é do campo 
da vida (acontecimentos, realidade, situações, aspirações, clamores, fatos alegres e tristes...). 
“A interação é relacionamento mútuo e eficaz entre a experiência de vida e a 
formulação da fé, entre a vivência atual e o dado da Tradição” (CR 113). O conteúdo da 
catequese não é só doutrina, Bíblia, mas também a nossa vida. 
Frei Bernardo dizia: “O catequista precisa trazer numa mão o jornal e na outra a 
Palavra de Deus. Precisamos estar em contato com duas fontes: a Bíblia e a realidade 
humana.” 
Este método tem por finalidade educar para Ação-Reflexão, assim como fez Jesus, que 
se preocupou de educar seus discípulos para uma reflexão, partindo da vida (pobres, crianças, 
doentes, excluídos...). 
 
Como trabalhar um encontro 
 
 
Para melhor trabalhar o método de interação usa-se um procedimento, ou melhor, um 
itinerário, que favorece o grande objetivo da catequese: “Para que todos tenham vida e vida em 
abundância” (Jo 10, 10). 
Todo encontro parte da VIDA para chegar a mais VIDA com novos compromissos e 
novas atitudes... 
O itinerário de um encontro, para muitos, é velho ou muito conhecido. Acontece que 
existem muitos catequistas iniciantes que precisam estar seguros de como proceder ao realizar 
algum encontro.2 Jornal - "MISSÃO JOVEM" (Catequese "MISSÃO JOVEM") 
(http://www.pime.org.br/catequese/cateqmjdinenc.htm) Ir. Marlene Bertol. 
 
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Vejamos agora, parte por parte da dinâmica metodológica de um encontro: 
ACOLHIDA, VER, ILUMINAR, AGIR, CELEBRAR, AVALIAR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Acolhida: é a sala de visita do encontro. Pode ser expressa de 
muitas formas: gestos, cantos, símbolos, surpresas... É importante 
que todo catequizando encontre sempre um ambiente acolhedor, 
fraterno amigo. Seja reconhecido na sua individualidade, chamando-o 
pelo nome. Todo participante que se sente aceito e amado participará 
com mais alegria e motivação. 
 
 
b) Olhar a vida, ou ver a realidade, suscita a capacidade para a sensibilidade, consciência 
crítica, perceber com o coração e a inteligência aquilo que se passa ao 
redor. Não é só olhar a realidade superficialmente, mas possibilitar o 
aprofundamento, de fatos, causas, conseqüências do sistema social, 
econômico-político e cultural dos problemas. O olhar a vida é o 
momento de ver o chão onde vivemos e de preparar o terreno da 
realidade para depois jogar a semente da Palavra de Deus. A parte do 
ver pode ser concretizada através de desenhos, visitas, entrevistas, 
histórias e fatos contados, notícias, figuras, fitas de vídeo, 
dramatização... 
 
 
c) Iluminar a vida com a Palavra (Julgar). 
 
A partir da vida apresentamos a Palavra de Deus. Podemos compará-lo com a 
luz existente dentro de casa. Ela ilumina todo o ambiente isto é, nos mostra 
qual a vontade de Deus em relação à vida das pessoas, seus sonhos, 
necessidades, valores, esperanças... Fazemos um confronto com as exigências 
da fé anunciadas por Jesus Cristo, diante da realidade refletida. 
AVALIAR: 
caminho feito 
CELEBRAR: 
 a vida e a fé 
VID
A 
VID
A 
CELEBRAR: 
 a vida e a fé 
AVALIAR: 
caminho feito 
VID
A 
CELEBRAR: 
 a vida e a fé 
AVALIAR: 
caminho feito 
VID
A 
VID
A Acolhida 
VER: 
olhar a vida 
ILUMINAR: 
com a Palavra de Deus 
AGIR: 
com ações práticas 
CELEBRAR: 
 a vida e a fé 
AVALIAR: 
caminho feito 
VIDA VIDA VIDA 
 
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Dentro do julgar também colocamos o Aprofundamento da Palavra. Nesta parte 
aumentamos a luminosidade da casa para poder enxergar melhor. 
É a hora que refletimos com o grupo para fazer uma ligação mais aprofundada da 
Palavra com a vida do dia-a-dia e perceber os apelos que Deus nos faz. Pode-se perguntar: O 
que a Palavra de Deus diz para a nossa vida? Sobre o que nos chama atenção? O que 
precisamos mudar? Que apelos a Palavra faz para mim e para nós? 
O aprofundamento pode ser feito ainda com encenações, dinâmicas, cantos, símbolos... 
 
 
d) Assumir ações práticas. Todo encontro precisa 
conscientizar que ser cristão não é ficar de braços cruzados, e 
nem ficar passivo diante da realidade. Trata-se de encontrar 
passos concretos de mudança das situações onde a dignidade é 
ferida, a partir de critérios cristãos. O agir é transformador e 
comprometedor. Está ligado à vida e à Palavra de Deus que 
questionam e exigem a mudança nas pessoas, famílias, 
comunidade. 
Cada catequista necessita provocar o seu grupo para ações 
práticas. É preciso respeitar cada faixa etária, mas não será 
impossível fazer algo concreto. Os compromissos podem ser discutidos e assumidos de forma 
individual ou grupal. 
 
e) Celebrar a Fé e a Vida. É um momento muito forte. É como se estivéssemos ao redor de 
uma mesa com um convidado especial. O celebrar é como saborear em 
conjunto na alegria, ou no perdão, algo que nos alimenta porque nos 
dirigimos, nos aproximamos do convidado especial, que é Deus. A 
celebração não deve ficar apenas na oração decorada. Os catequizandos 
aprenderão a conversar naturalmente com Deus como um amigo íntimo. É 
importante diversificar a oração usando símbolos, cantos, gestos, salmos, 
silêncio, frases bíblicas repetidas, relacionando sempre ao tema estudado 
e com a vida. A partir das celebrações dos encontros é possível motivar os catequizandos na 
participação das celebrações, cultos, novenas, grupos de reflexão. 
 
 
f) Recordar o encontro. Não se trata aqui da aplicação de exercícios para decorar conceitos. O 
recordar nos leva a ruminar o que foi refletido, aprofundado, trazendo à memória algo essencial 
para ser fixado. A memorização é necessária, sobretudo para conteúdos básicos de nossa fé. Se 
for aplicada alguma atividade, que esta seja para desenvolver o espírito comunitário de 
fraternidade, partilha, amizade e ajuda mútua. Pode-se também pedir a ajuda para a família, 
sobre questões práticas. 
 
g) Guardar para vida. Este passo dá importância à Bíblia. Precisamos 
que nossos catequizandos tenham na vida e na fala a Palavra de Deus. A 
partir do assunto tratado no encontro, podemos usar uma ou duas frases, 
tiradas dos textos bíblicos usados que dão a síntese do conteúdo, para 
serem compreendidas e vivenciadas. As frases poderão ser escritas em 
papelógrafo ilustradas com desenhos, ou figuras e fixadas em local para 
serem vistas e memorizadas. 
 
 
 
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h) Avaliar. A avaliação ajuda a alegrar-se com as 
descobertas feitas, pelo que aconteceu de bom. É ela 
também que faz verificar as falhas, corrigir o que não foi 
bom. Não podemos ficar somente no que o catequizando 
“aprendeu”, isto é, se sabe os mandamentos, sacramentos, 
mas é preciso avaliar as relações interpessoais, a 
responsabilidade, o comprometimento, o assumir os 
valores evangélicos como: diálogo, partilha, capacidade de 
perdoar, atitudes de fraternidade. 
A avaliação é um passo precioso de crescimento. 
Ela faz parte de qualquer encontro. São muitas as formas 
de avaliar. Pode-se utilizar dinâmicas, debates, partilha em 
grupo, individual, ou ainda, os próprios participantes escolhem alguém que no final do encontro 
poderá dar a sua opinião. 
A grande fonte de avaliação é a observação atenta do que ocorre durante o processo 
catequético. Portanto, a avaliação não é só olhada dentro de quatro paredes, mas envolve a vida 
toda. 
Parece simples preparar um encontro mas, como vemos, exige do(a) catequista 
dedicação, carinho e aprofundamento para tornar cada encontro, um espaço de crescimento 
mútuo. 
Ao olharmos Jesus com seus apóstolos, veremos que seu método também tinha estes 
passos. É só verificar algumas passagens, como a dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) ou 
ainda o encontro com a Samaritana (Jo 4, 1-30) ou Zaqueu (Lc 19, 1-10). Qualquer ambiente 
era propício para acolher-ensinar-aprender-conviver. Para Ele a importância estava nas pessoas. 
 
Conclusão 
 
 Como podemos ver, o método de interação é muito fácil. Resumindo, na prática, 
quando realizamos um encontro temos: logo de inicio a acolhida; oração inicial; e em seguida, 
realizamos alguma dinâmica para conhecer a realidade (VER); depois confrontamos essa 
realidade com a Palavra de Deus (ILUMINAR) vendo o que ele nos fala hoje; depois 
continuamos com pistas encontradas para nossa ação pessoal e em grupo (AGIR) na 
comunidade e na sociedade; celebramos a vida (CELEBRAR) em suas descobertas, buscando 
forças para nossa vivência comunitária e pessoal; e por último avaliamos todo caminho feito 
(AVALIAR)para de novo entrarmos na vida e dá passos no seguimento a Jesus e no 
testemunho de nossa fé no mundo. 
 Eis, basicamente o que é o método de interação fé e vida, e como funciona na prática 
conforme bem explicitou o artigo da Ir. Marlene Bertol. 
 Cabe a cada um de nós nos familiarizarmos com esse método, adaptá-lo a nossa 
realidade e a realidade de nossos catequizandos. E isso é um imperativo para cada catequista na 
sua tarefa catequética em sua paróquia ou comunidade. 
 
Para o grupo 
 
1. Qual a sua principal preocupação na hora de planejar um encontro? 
2. Qual o método utilizado? Por quê? 
3. Em grupo pesquise o que diz o CR (110-117) e o DNC (152-162) sobre o método de 
interação, anotando dúvidas e luzes. 
 
 
 
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SITUAÇÕES E LUGAR DA CATEQUESE 
 
 
Contextualizando 
 
 É importante falarmos em situações e lugares da catequese, pelo fato de que ela 
acontece na vida das pessoas ora de maneira metódica, ora de maneira interpessoal, afetiva e 
coloquial, sem passar pelo processo estabelecido pedagogicamente. 
Desse modo a catequese acontece de duas maneiras distintas e em lugares distintos. 
Uma acontece na vida das pessoas coloquialmente a partir de uma conversa, de um fato 
corriqueiro, sem uma linguagem e peso religioso, sem fazer referência num primeiro momento 
à religião. Ela surge quase que espontaneamente e se aprofunda mediante uma informação na 
qual se torna para seu ouvinte uma descoberta, que ilumina determinado momento de sua vida e 
suscita fé, compromisso e seguimento. Aqui, a catequese acontece em lugares dos mais 
surpreendentes, tais como: o ônibus, um bar, um restaurante, no banheiro rodoviário ou de um 
colégio, em casa, no trabalho, na fila do banco, no ponto de ônibus, no hospital, na cadeia, no 
campo de futebol, na estrada, em viagem, etc. Todos esses, são situações e locais onde a 
presença da catequese acontece de modo sutil através de uma pessoa já catequizada e que de 
modo discreto catequiza o seu interlocutor, seu ouvinte. 
 Doutro modo, porém, é a catequese de cunho pedagógico e sistemática, ela acontece em 
lugares mais definidos e quase sempre em torno da comunidade e de situações religiosa ou a ela 
faz referência enquanto vivencia da fé. É o caso, por exemplo, das preparações para os 
sacramentos (batismo, eucaristia, crisma, matrimonio, confissão) e dos momentos fortes da 
vida comunitária. Nesse caso, os locais onde a catequese acontece é sempre: igrejas; capelas; 
salão comunitário/pastoral; escolas; residências que tenham espaços para acolher a todos; 
favelas; sítios; debaixo de arvores que possa abrigar o grupo, etc. Em todos esses lugares, a 
catequese se aproveita para acomodar os seus ouvintes, e de forma sistemática, os encontra 
semanalmente ou quinzenalmente para as palestras seguidas do método de interação e dos 
temas adaptados a realidade dos catequizandos. 
 
O CR e o DNC falam das situações e lugares da catequese 
 
 Esse tema tem grande importância e foi contemplado nos documentos da catequese. 
Esses documentos contemplam esses locais como ‘apto e essencial’ para a realização da 
catequese, porém, os textos dão ênfases e falam mais de “espaços humanos” onde a catequese 
possa acontece: a família, os grupos, associações, etc. Onde há pessoas, existe um ‘espaço’ 
para que a catequese possa acontecer. Por isso, que todos os espaços e situações que geram 
convivência e vida é útil à catequese e a manifestação da presença de Deus com sua palavra. 
 É importante, pois, que consultemos os seguintes textos do Catequese Renovada (CR) 
118-126. Confiram, vejam que a família, a comunidade, a escola, a mídia, associações e 
movimentos são espaços onde a catequese pode e deve acontecer. Nesse caso temos então duas 
formas de fazer ela acontece e em espaços distintos, como falamos acima. 
 Veja, a conotação que o CR dá a esse tema e como orienta-nos para uma catequese 
informal e outra bastante sistemática. 
 Consulte e confira também, o Diretório Nacional de Catequese (DNC) nos números 
295-311. Aí há uma ampliação dos espaços, das situações, incluindo a grande mídia como 
internet e TV, lugares privilegiado da catequese. 
 Porém, a grande tônica do DNC sobre o tema, talvez possamos encontrar no fato de que, 
a catequese tanto nesses espaços físicos como humanos, esteja mais voltada para um processo 
sistemático e pedagógico, do que mesmo para uma catequese mais artificial e passageira. 
 
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 Daí, entender o quanto é importante perceber a importância dos ‘lugares’ como 
‘espaços’ ocupados por homens e mulheres em sua convivência diária, e que a catequese, deve 
acontecer de modo sutil, mas também de forma sistemática. 
 Em sua prática catequética, o catequista deve está atento ao seu local de catequese e ver 
se ele corresponde a sua missão, ou seja, se ele é propicio para a realização de sua catequese 
sistemática vinculada a comunidade de fé, a igreja. Para uma catequese sistemática nem sempre 
há lugares convenientes, embora momentaneamente possa haver algo ali. 
 Por outro lado também, o catequista não só realiza sua tarefa mediante um grupo, 
também faz parte de sua tarefa orientar e educar na fé todos aqueles que em seu dia-a-dia o 
interpela mediante suas próprias dúvidas. Assim, uma pessoa que buscando algo, o encontra e 
se dispõe a expor suas necessidades, o catequista pode e deve informar e formar seu ouvinte 
com aquela palavra que lhe traz qualidade de vida e de fé, a exemplo do encontro de Filipe com 
o etíope, que tão logo ouvindo a explicação do mesmo foi iluminado e converteu-se a fé cristã 
(Cf. Atos 8,26-40). 
 
 
Para o grupo 
 
1. Quais os lugares em que você realiza sua tarefa catequética? 
2. Qual a sua maior dificuldade no uso desse local? Por que? 
3. Você já passou por alguma situação em que foi interpelada a fazer uma catequese informal? 
Conte-nos, partilhando de sua experiência com o grupo. 
4. Qual o ‘lugar’ da escola na catequese? 
5. Como entender e explicar essa afirmação: “A escola é um lugar que pode ser usada pela 
catequese, mas não pode a catequese ser usada pela escola. É próprio da escola o ensino 
religioso e não a catequese”. 
6. De que meios a catequese deve dispor para realizar sua tarefa? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTOS E MANUAIS DE CATEQUESE 
 
 
Quando falamos em textos e manuais de catequese, estamos falando especificamente de 
todos aqueles livros que contém encontros, dinâmicas, cânticos, textos, atividades, imagens, 
conteúdos bíblicos, etc. 
Há no mercado livresco uma gama enorme de livros e a cada ano se aumenta o número 
de publicações. Pois, bem, todos esses materiais são experiências únicas das comunidades 
locais e que partilham com todos nós de suas experiências. Qual o melhor o material a ser 
adotado, deve ser a pergunta que deve rondar nossas cabeças, digo que nenhum e todos ao 
mesmo tempo. 
O manual principal da catequese é a Bíblia e nenhum livro, nem mesmo o catecismo, 
deve substituí-la. Todos os outros são uma ajuda em sua experiência, para nos orientar com 
suas dinâmicas, etc. Um manual só serve na medida que ilumina nossa realidade pedagógica. 
Serve apenas como uma sugestão pedagógica e nada mais, pois o conteúdo abordado é retirado, 
todos, das Sagradas Escrituras.Um manual com sua lista de assuntos pode ser até o guia a nos 
conduzir, enquanto outros servem de apoio com suas dinâmicas e sugestões, porém, contudo, 
nada e nenhum deles deve se interpor a Bíblia, manual por excelência. 
 O catequista deve se valer desses ricos manuais em sua tarefa catequética, porém deve 
dar prioridade a Bíblia Sagrada, deve conduzir seus catequizando através das páginas desse 
livro Sagrado, fazendo-os compreender o processo da revelação de Deus, mostrando como 
Deus em seu amor age sobre nossas vidas. O catequizando deve amar a palavra de Deus, saber 
usá-la de modo correto e se comprometer com a pessoa de Jesus, o projeto divino e escutar 
Deus na sua própria vida e na vida da comunidade da qual faz parte, como também no mundo. 
 Esse aprendizado é um longo processo tanto para o catequista, como para catequizando, 
por isso que a catequese é um processo, e catequista ao contrário do que se diz por ai, não é um 
professor, mas um irmão escutante e uma testemunha da palavra, fazendo-a ecoar na vida. Por 
isso que mais do que transmitir uma doutrina, o catequista fala de uma pessoa e sua mensagem: 
Jesus de Nazaré. Daí entender que catequista não é professor, mas catequista. Seu compromisso 
é gratuitamente com o Senhor vivo e ressuscitado, e com sua comunidade a Igreja, 
diferentemente de um professor, onde o seu compromisso profissional é com o seu público e 
com a instituição para o qual presta serviço remunerado. Os manuais nesse caso são uma ajuda, 
o verdadeiro manual, portanto, é a Bíblia Sagrada. 
 O CR e o DNC valorizam os manuais, inclusive oferece orientações para seus autores se 
nortearem quando da escrita e confecção dos mesmos. Também oferece orientações para o uso 
dos mesmos pelos catequistas. 
 Quando se trata do conteúdo a ser dado aos nossos catequizando, conforme a Revelação 
divina e as verdades de nossa fé, o CR nos aponta uma linha de ação. Essa linha nos remete ao 
estudo da História da Salvação, passando pela história do povo de Deus no Primeiro 
Testamento, tendo seu ponto alto na vida, história e mensagem de Jesus de Nazaré, a 
Revelação de Deus por excelência, no Segundo Testamento. 
 Esse conteúdo deve ser explicitado conforme a realidade dos catequizandos, levando em 
consideração sua idade, cultura, habitat e condições psicológicas, etc. Ao ter conhecimento da 
ação de Deus, saberá como se relacionar com Ele, agindo conforme Sua Vontade, podendo ler 
as Escrituras corretamente e as interpretando na vida. 
 Essa é a tarefa do catequista, que verá a melhor forma e o conteúdo mais adequado para 
seus ouvintes, tendo bem presente que sua contribuição foi essencial para que seu ouvinte trilhe 
o resto do processo catequético conforme a dinâmica de sua própria vida. Somos apenas uma 
seta, o resto do caminho nossos catequizandos fará conforme vai vivendo sua vida e Deus com 
 
Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 21 
 
seu Espírito Santo vai iluminando, revelando, mostrando, chamando, enviando, formando 
nosso catequizando, como fez e faz conosco em nossa história de vida. 
 
Para o grupo 
 
A partir do Documento de Catequese (CR): 
 
1. Confira o CR 152 até 161 e identifique o que o documento fala sobre o nosso tema, textos e 
manuais de catequese. 
2. Como sua paróquia-comunidade vive essa orientação? Quais as dificuldades? Por quê? 
3. A Terceira Parte do CR trata dos temas que norteiam os conteúdos da Catequese. Confira no 
documento esses temas que são as linhas mestras e dão pistas para abordar outros temas 
conforme a nossa realidade e diga-nos, como você e seu grupo de catequistas vive em sua 
tarefa catequética essa orientação? Quais as dificuldades? 
 
A partir do Diretório Nacional de Catequese (DNC): 
 
1. Confira o DNC, 43-44;53. Diga-nos, qual a finalidade da catequese e quais as tarefas a ela 
confiada pela igreja? 
2. Confira como o DNC, 97 e 105., Entende por ensino da mensagem e da doutrina na 
catequese. Pergunto, para ajudar a nossa partilha: Como os manuais que usamos atende a essa 
questão? 
3. Confira o DNC 108 e partilhe com o grupo: Que lugar ocupa a Bíblia na catequese, e quais 
são os critérios que orienta o uso da mesma? 
 
 
 A partir dessa desse estudo, partilha e discussão, podemos perceber qual o rosto da 
nossa catequese e o que precisamos para melhorar. Entendemos que para isso acontecer deve 
haver diálogo e empenho de todos. Também compreendemos a importância dos manuais e da 
Bíblia na realização de nossa tarefa catequética, e do quanto precisamos como catequistas, 
aprofundar nossa formação pessoal e comunitária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A BÍBLIA NA CATEQUESE 
(Manuseio) 
 
 
Introdução 
 
O uso da Bíblia como fonte e livro de catequese na igreja é bem recente. Apesar da 
igreja sempre em todas as épocas usar a Bíblia desde os tempos primitivos da igreja, esse uso 
foi bem mais restrito e não tinha a popularidade que tem hoje, no século XXI. 
Hoje é inconcebível uma catequese, uma celebração, um retiro, um curso religioso, uma 
formação evangelizadora e missionária sem a Bíblia. Ela está em todos os recantos, está na vida 
da igreja, na vida dos cristãos, na vida da sociedade. Aqui e acolá, vemos pessoas, situações e 
fatos que volta e meia, fazem reporta a textos bíblicos para explicar, fazer comparação ou 
mesmo até interferir no desenrolar dos mesmos. Isto significa que a cultura bíblica se impôs em 
nossas vidas. Então, podemos com isso entender que, uma catequese sem a Bíblia não terá 
muitos frutos. Por isso, é preciso conhecer bem a Bíblia, saber interpretar corretamente seus 
textos, fazer a correta passagem da letra para a vida, e a vida para a letra. Essa tarefa é uma 
obrigação de todo cristão e mais ainda do catequista, pois ele, é formador de opinião, 
testemunha de fé, membro da comunidade catequizadora, a Dimensão Bíblico-Catequética, a 
Pastoral de Catequese. 
Vamos, pois, conversar sobre esse tema, a Bíblia na Catequese. Não do seu uso 
somente, como já fora refletido em encontros passados, mas sobre seu conteúdo basicamente. 
 
 
A organização dos livros da Bíblia 
 
 Como todos nós de alguma forma já sabemos ou intuímos, a Bíblia é uma coleção de 
livros. Ao todo são 73 livros, inspirados e tidos como sagrados pela tradição cristã. Esses livros 
estão divididos em Primeiro e Segundo Testamento. São 46 livros do Primeiro Testamento e 27 
do Segundo Testamento. 
 Cada livro tem uma organização própria, de modo que aí encontramos os capítulos, que 
são os números grandes; e os versículos, que são os números pequenos. Nas versões modernas 
da Bíblia ainda há outra divisão dentro dos versículos: é que sendo muito grandes, ou contendo 
mais de um conteúdo, os mesmos são divididos por letras do nosso alfabeto, geralmente... 
a,b,c,d,e,e,f,g, etc. Em Bíblias tidas como ‘Bíblias de Estudos’ (Jerusalém, Peregrino, Vozes, 
TEB) essas letras também são usadas para referi-se a outros textos paralelos, de modo que ao 
termos uma dessas Bíblias e abrindo um texto em que encontremos essas situações, devemos 
ter bastante discernimento e experiência no uso da mesma. 
 Além dos capítulos, versículos, uso de letras, os livros de nossas Bíblias estão 
organizadas por blocos bem precisos. Esses blocos nos ajudam num primeiro passo de 
interpretação e nos remete ao contexto em que foi escritos. São eles: os Livros do Pentateuco 
ou Lei (Torá); Livros Históricos; Livros Didáticos ouSapienciais; e Livros Proféticos. 
 É importante o manuseio da Bíblia, isso é indispensável dizer, porém, precisamos 
também compreender e saber como se abrevia os livros e como se anota por escrito seus 
capítulos e versículos quando precisamos fazer uma anotação básica e rápida, e como encontrá-
la mediante nossa escrita. Por isso, façamos um exercício básico. 
 
 
 
 
 
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Abreviações, citações e sinais no uso da Bíblia 
 
 
Essas são as principais pontuações bíblicas, que normalmente usamos para manusear 
mais facilmente a Bíblia. 
 
 
Vírgula - separa capítulo de versículo. Ex: Dn 3,5 (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 5) 
 
Hífen - equivale ao "até". Ex: Dn 3,1-5 (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo de 1 até o 
versículo 5) 
 
Ponto - mostra versículos alternados. Ex: Dn 3,1.3.5 (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 1, 
versículo 3 e o versículo 5) 
 
O ponto e vírgula – para citar capítulos e versículos diferentes no mesmo livro. Ex.: Jo 3,23-
25; 6,1-4 (Evangelho de João, capítulo 3, versículos de 23 à 25 e capítulo 6, versículos de 1 à 4) 
 
Hífen seguida de vírgula - Uma citação como Gn 1,1-2,4ª, merece atenção. Note-se que depois 
do hífen existe outra vírgula. O número antes da vírgula e depois do hífen indica sempre o 
capítulo. Assim, a citação Gn 1,1-2,4ª está indicando o livro do Gênesis, do capítulo 1, 
versículo 1, até o capítulo 2, versículo 4a. 
 
"s"- mostra a continuação de um versículo. Ex: Dn 3,1s (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 
1 e 2). 
 
"ss" - mostra a continuação de dois versículos. Ex: Dn 3,1ss (Livro de Daniel, capítulo 3, 
versículo 1, 2 e 3). 
 
 
Existem várias traduções da Bíblia no Brasil, e por isso, o modo mais prático de citar 
um texto não é pelo número da página, e sim pelo livro, seguido do capítulo e do versículo. 
Cada livro é citado usando-se uma abreviatura. A lista a seguir apresenta as abreviaturas dos 
livros bíblicos por ordem alfabética: 
 
 
 
Ab - Abdias 
Ag - Ageu 
Am - Amós 
Ap - Apocalipse 
At - Atos dos Apóstolos 
Br - Baruc 
Cl - Colossenses 
1Cor - 1ª carta aos Coríntios 
2Cor - 2ª carta aos Coríntios 
1Cr - 1º livro das Crônicas 
2Cr - 2º livro das Crônicas 
Ct - Cântico dos Cânticos 
Dn - Daniel 
Dt - Deuteronômio 
Ecl - Eclesiastes (Coélet) 
Eclo - Eclesiástico (Sirácida) 
Ef - Carta aos Efésios 
Esd - Esdras 
Est - Ester 
Ex - Êxodo 
Ez - Ezequiel 
Fl - Carta aos Filipenses 
Fm - Carta a Filemon 
Gl - Carta aos Gálatas 
Gn - Gênesis 
Hab - Habacuc 
Hb - Carta aos Hebreus 
Is - Isaías 
Jd - Carta de Judas 
Jl - Joel 
Jn - Jonas 
Jó - Jó 
Jo - Evangelho segundo João 
1Jo - 1ª carta de João 
2Jo - 2ª carta de João 
3Jo - 3ª carta de João 
Jr - Jeremias 
Js - Josué 
Jt - Judite 
Jz - Juízes 
Lc - Evangelho de Lucas 
Lm - Lamentações 
 
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Lv - Levítico 
Mc - Evangelho de Marcos 
1Mc - 1º livro dos Macabeus 
2Mc - 2º livro dos Macabeus 
Ml - Malaquias 
Mq - Miquéias 
Mt - Evangelho de Mateus 
Na - Naum 
Ne - Neemias 
Nm - Números 
Os - Oséias 
1Pd - 1ª carta de Pedro 
2Pd - 2ª carta de Pedro 
Pr - Provérbios 
Rm - Carta aos Romanos 
1Rs - 1º livro dos Reis 
2Rs - 2º livro dos Reis 
Rt - Rute 
Sb - Sabedoria 
Sf - Sofonias 
Sl - Salmos 
1Sm - 1º livro de Samuel 
2Sm - 2º livro de Samuel 
Tb - Tobias 
Tg - Carta de Tiago 
1Tm 1ª carta de Timóteo 
2Tm - 2ª carta de Timóteo 
1Ts - 1ª Tessalonicenses 
2Ts - 2ª Tessalonicenses 
Tt - Carta a Tito 
Zc - Zacarias 
 
 
 
 
Conclusão 
 
 
 É claro que precisamos aprender a manusear a Bíblia e isso só se faz fazendo. Porém, 
precisamos também como catequista, nos familiarizarmos com os seus conteúdos e saber qual o 
fio – da – meado que perpassa suas folhas. Sem sombras de dúvidas que esse fio condutor é a 
História da Salvação, da Revelação de Deus e do seu Projeto de Vida para nós. 
 Apesar de o fio condutor da Bíblia seja a História da Salvação, a Revelação de Deus, 
isto não está claro e organizado de forma simétrica. O texto bíblico, o livro e a história estão 
organizados de uma maneira tal que é preciso bastante experiência e sutileza, para montar o 
quebra cabeça e encontrar o enredo de modo compreensível, com começo, meio e fim. Isto leva 
tempo, requer leitura, conhecimentos noutras áreas, paciência e fé, muita fé. Uma vez 
encontrado o caminho, tudo fica mais fácil e as leituras bastante compreensíveis e não nos 
assusta mais como antes. 
 Daí porque precisamos conhecer aquelas ciências, aquelas ferramentas que nos ajuda na 
leitura e interpretação dos textos sagrados. Para conhecer a Bíblia corretamente é preciso 
estudá-la do jeito certo e nesse caso, ciências como a Teologia, a Geografia, a História, a 
Arqueologia, a Filosofia, a Exegese e a Hermenêutica são indispensáveis. Não é que tenhamos 
que saber tudo, mas ter noção, saber como funciona a ‘coisa’, possuir informações relevantes 
que nos facilita a compreensão do texto é importante. 
 
 
Para o grupo 
 
1. Confira o índice de sua Bíblia, veja os livros e suas abreviaturas. 
2. Confira o inicio de cada livro, verifique se eles tem introduções e notas que possam situar o 
livro e seus personagens no seu contexto próprio. 
3. Pratique a escrita das citações e abreviaturas. Com o tempo você os decorar que nem 
percebera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CIÊNCIAS QUE AJUDA A COMPREEDER A BÍBLIA 
 
 
Introdução 
 
 
 Não queremos aqui, dá uma de entendido, mestre ou doutor. Confessamos nossa 
ignorância e nossos limites. Apenas esse tema que trazer para cada um, aquelas informações e 
aquelas ferramentas que de alguma forma nos ajudam na abordagem do texto bíblico e lança 
luzes sobre a compreensão do mesmo, suscitando de nossa parte fé devota e testemunho 
comprometido. 
 Então, para que possamos compreender a História da Salvação na vida do povo bíblico, 
e saber como estamos nós hoje, ligados a essa história, de modo a continuá-la, sendo 
protagonistas e deixar o futuro continuar ‘a bola da vez’, é preciso que tenhamos noção de pelo 
menos parte das seguintes áreas do conhecimento humano: História, Geográfia, Antropologia, 
Arqueologia, Teologia, Exegese e Hermenêutica. 
 
História 
 
 O que é a história e quais ferramentas essa ciência oferece para o conhecimento bíblico? 
História é a ciência que estuda a vida e a trajetória humana através do tempo e do 
espaço, mediante à análise de eventos ocorridos. Os historiadores usam várias fontes de 
informação para guardar, interpretar, atualizar e registrar para o futuro os fatos históricos. Essas 
fontes no modo geral, como, por exemplo, são os escritos, gravações, entrevistas, contos, 
(História oral) e achados arqueológicos. 
A história, segundo o ponto de vista europeu, divide-se em dois grandes períodos: Pré-
História e História. Hoje, a História tem várias divisões: Antiga, Medieval, Moderna e 
Contemporânea. O estudo da história pode servir a diferentes finalidades, que variam 
conforme o ponto de vista de quem a interpreta. 
 Diferentemente do passado bem distante, a História hoje, usa meios e conceitos que 
definem com mais precisão o “que é história” de fato cientificamente falando. No passado, o 
conceito de histórianão era tão importante e relevante como hoje, por isso mesmo que, em vez 
de contar a história, os escritores e seus leitores estavam mais preocupados com “o significado 
dos fatos” e como esse significado influenciava suas vidas. É o caso, por exemplo, do 
historiador bíblico. Ele não estava preocupado em registrar a história “cientificamente” como 
entendemos hoje, mas “contar o fato” já dando o significado para seu auditório, o povo de sua 
época. 
 Com isso, o historiador do passado não estava inventando a história, ou mesmo por 
outro lado também, não a contava “a risca” “tal e qual” como aconteceu, com os critérios que 
temos hoje, mas conforme a mentalidade da época, registrava o fato, fazendo uma releitura 
interpretativa ao seu auditório. 
 Por isso, quando se trata de estudarmos a Bíblia, devemos levar em conta essa 
informação para compreendermos o texto. Por outro lado também, devemos ter bem presente 
que, nem tudo também foi releitura e fatos interpretados, mas fato real. Daí porque o bom senso 
é uma ferramenta importante quando se trata de estudar a história, principalmente do período 
bíblico. 
 
 
 
 
 
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Geografia 
 
 A geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da Terra. Também estuda a 
relação entre o homem e o meio ambiente. Com ela o ser humano pode conhecer, compreender 
e planejar o espaço onde se vive. Ela compreende o homem como um organismo capaz de 
modificar consideravelmente a paisagem e as forças da natureza onde vive. 
A geografia depende muito de outras áreas do conhecimento (química, geologia, 
matemática, física, astronomia, antropologia, biologia) para obter informações básicas. Os 
geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagens, leituras e estudo de estatísticas. Os mapas 
são seu instrumento e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas, os 
geógrafos os atualizam graças às suas pesquisas especializadas, aumentando assim o nosso 
conhecimento geográfico. 
O homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos pré-
históricos tinham de encontrar cavernas para morar e reservas regulares de água. Tinham 
também de morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Sabiam localizar os rastros dos 
animais e as trilhas dos inimigos. Usavam carvão ou argila colorida para desenhar mapas 
primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais. 
Com o tempo, o homem aprendeu a lavrar a terra e domesticar os animais. Essas 
atividades o forçaram a prestar mais atenção ao clima e à localização dos pastos. Mas a 
extensão de seu conhecimento certamente não ia além da distância que podia percorrer e um 
dia. 
 Da geografia podemos apreender a ler os mapas bíblicos, entender como funcionava o 
clima, o tempo e as épocas dos personagens. Podemos também conhecer melhor o significado 
de uma região, compreender alguns “eventos milagrosos”, como a “terra que corre leite e mel” 
tão cobiçada, cantada e disputada entre os povos bíblicos. Inclusive melhor compreender a 
andanças do povo pelo deserto, sua forma de vestir, certos costumes, festas e comidas típicas. 
 A geografia ajuda muito na compreensão da geografia bíblica e nos abre pistas para uma 
melhor compreensão dos textos e dos mapas bíblicos. 
 
 
Antropologia 
 
 Antropologia é a ciência preocupada em estudar o homem, a humanidade e a cultura. 
Ela tem um campo de investigação extremamente vasto: as populações socialmente 
organizadas. Para pensar as sociedades humanas, a antropologia preocupa-se em detalhar, tanto 
quanto possível, os seres humanos que as compõem e com elas se relacionam, seja nos seus 
aspectos físicos, na sua relação com a natureza, seja na sua especificidade cultural. Para o saber 
antropológico o conceito de cultura abarca diversas dimensões: universo psíquico, os mitos, os 
costumes e rituais, suas histórias peculiares, a linguagem, valores, crenças, leis, relações de 
parentesco, entre outros tópicos. 
 Para a Bíblia, a antropologia ajuda na compreensão dos mitos, dos costumes, das lendas, 
dos ritos religiosos, da vida cotidiana no seu pensar e agir, na questão dos parentescos, na 
dinâmica da interação de Israel com os povos de Canaã. 
 Para podermos compreendemos a cultura dos povos bíblicos, sua relação com a 
divindade, sua forma de se organizar em sociedade, sua maneira de conceber a vida, é preciso 
perguntar a antropologia, o que ela tem a nos dizer sobre a cultura da Palestina nos tempos 
antigos. Na medida em que vamos conhecendo a Bíblia, nas notas de roda pé, nas introduções 
dos livros já temos previamente bastantes informações. Para outras mais detalhadas se fazem 
necessários bons livros de introdução a bíblia, ou até mesmo, dicionário especializado, ou 
mesmo uma enciclopédia bíblica, que poderemos encontrar nas bibliotecas ou na internet. 
 
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Arqueologia 
 
 
Arqueologia é a ciência que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da 
análise de vestígios materiais. É uma ciência social, isto é, que estuda as sociedades, podendo 
ser tanto as que ainda existem, quanto as já extintas, através de seus restos materiais, sejam 
estes móveis (como por exemplo, um objeto de arte) ou objetos imóveis (como é o caso das 
estruturas arquitetônicas). Incluem-se também no seu campo de estudos as intervenções feitas 
pelo homem no meio ambiente. 
A investigação arqueológica relaciona-se fundamentalmente à pré-história e às 
civilizações da antiguidade. A investigação não é só a recolha de artefatos durante uma 
escavação ou somente a pesquisa bibliográfica, o contacto humano também é muito importante. 
Uma investigação arqueológica começa pela investigação bibliográfica ou, em alguns casos, 
pela prospecção, que faz parte do levantamento arqueológico. Há uma grande diferença entre 
prospecção e sondagem, a primeira é para o levantamento e a segunda é o que dá inicio a 
escavação propriamente dita. 
 Essa ciência ajuda a compreender a vida social de Israel e dos povos de Canaã, bem 
como alguns textos bíblicos, através dos objetos, tantos pessoais quanto coletivo. Com ela, 
podemos compreender, por exemplo, o porquê da arquitetura do templo salomônico e sua 
importância na região e em toda Canaã. Os ídolos tidos como deuses, ou mesmo até ter noção 
de como era os costumes e o cotidiano do povo. Saber que valor tinha os objetos e de que 
material era feito, podendo datar uma época mais precisa. 
 Podemos anda entender com suas analises, o valor econômico de um objeto e se o seu 
dono era rico ou pobre, escravo ou livre. Assim teremos uma noção da sociedade e das 
expressões culturais, arquitetônica, econômica, social e política. 
 Essa contribuição e tantas outras da arqueologia poderemos achar nos dicionários, 
enciclopédias, como também, nos pequenos quadros de informações existentes no final de 
nossas bíblias. 
 
 
Teologia 
 
Teologia no sentido literal é o estudo sobre Deus. Porém, partindo do princípio de que 
não é possível estudar Deus diretamente, podemos intuir que "Teologia" é o estudo das 
manifestações de Deus e da relação humana com Ele. No cristianismo, isso se dá a partir da 
Vida e da Bíblia. 
Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a Teologia é organizada segundo os dados da 
revelação e da experiência humana. Esses dados são organizados no que se conhece como 
Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática. Porém a Teologia moderna está organizada em 
vários ramos, Social, Bíblico, Doutrinal, Gênero, Antropológico,

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