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Caderno de Formação Catequética Temas ligados a Catequese, o Catequista e a Comunidade “A catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do Evangelho, da Catequese e da Liturgia, tendo como centro a celebração da Eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. Promove a iniciação à vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal e com o Evangelho. Mas prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção e fazendo crescer no conhecimento, na participação e na ação.” (DNC 233) “O catequista deve viver sua experiência cristã e sua missão dentro de um grupo de catequistas, que dará continuidade à formação e oferecerá oportunidades para a oração em comum, a reflexão, a avaliação das tarefas realizadas, o planejamento e a preparação dos trabalhos futuros. Assim, o grupo de catequistas expressa mais visivelmente o caráter comunitário da tarefa catequética.” (CR 151). Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 2 CATEQUESE RENOVADA Introdução Quando falamos em catequese, tenhamos bem presente que seu conceito passa pela educação pessoal e comunitária da fé, enquanto aprofundamento da mesma para a vivência e o testemunho no mundo. Ela, enquanto educação, passa por um processo contínuo e se faz presente em todos os momentos da vida, mesmo com a ausência de seus melhores agentes, os catequistas. Por isso, é importante conhecer e entender todo o processo que envolve e faz a catequese ser, para melhor realizar nossa tarefa enquanto agentes comunicadores, facilitadores do processo educativo da fé, testemunhadores do Senhor vivo e ressuscitado que age por meio de sua Igreja. A catequese A catequese é a educação da fé. É o ensino fundamental da fé. É o aprendizado e aprofundamento da palavra de Deus na vida. Esse aprendizado acontece ora de modo pessoal, individualizado; ora de modo comunitário, em grupo; ora pela vivência missionária, cultural e celebrativa da comunidade de fé. Então, quando conceituamos a catequese, a Igreja costuma dizer: “A catequese é a educação da fé realizada de modo pessoal e comunitária, sendo um processo permanente, progressivo, ordenado e sistemático.” Falando desse modo, convém explicitar cada termo desse conceito, clareando a compreensão de modo prático e acessível. Catequese - é uma palavra grega, “kat-ekhéo”, que significa: “fazer ecoar” (CR 31). É fazer com que a palavra faça eco na vida de seu ouvinte, encarnando-se em sua prática de vida; Educação – ato de prender, de assimilar, praticar os conteúdos aprendidos; Fé - é o ato de crer. Isto significa acolher, pensar, praticar e testemunhar com convicção própria aquelas realidades e conteúdos que fazem referência ao sagrado, a eternidade, a Deus e seu projeto de vida realizado em Jesus de Nazaré; Pessoal – Eu. Que diz respeito a própria pessoa enquanto individuo, não isolado dos outros, mas com os outros. É a formação pessoal, onde cada um tem que ter o seu próprio momento de estudo, reflexão, leitura, e sozinho tem que fazer o seu “ato de fé” dentro do contexto comunitário, junto com os irmãos e irmãs; Comunitária – é a Comunidade de fé. Ela é a depositária e a guardiã da fé em vista do anúncio. Através de suas ações sociais, cultural, missionária e atos litúrgicos dá-se a vivência da fé como também seu aprofundamento de modo vivencial e prático. Inserida em seu contexto, a pessoa enquanto individuo vive sua fé, partilha sua vida, firma suas convicções, testemunha e por sua prática faz também o anúncio das verdades acreditadas; Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 3 Processo – é algo que vai acontecendo, um caminho traçado, que vai desvelando-se conforme as coisas vão acontecendo. Pode ser pensado, esquematizado ou simplesmente deixado a esmo; Permanente - o que permanece. É algo que não acaba, está sempre acontecendo, renovando- se, é criativo e dinâmico; Progressivo - que progride, que cresce, que amadurece, que dá frutos; Ordenado - organizado. Que organiza o ‘tempo’ de cada coisa, respeita etapas, idades, características de cada realidade; Sistemática – programado. É algo programado, pensado, avaliado. Segue um roteiro com os temas aplicado a cada realidade, situações e pessoas. Tem metodologia própria, não faz de qualquer jeito. Apresenta os conteúdos conforme a situação de cada um, sem falsificar a mensagem ou faltar com a verdade. Explicitado cada conteúdo do conceito de catequese, convém entender a catequese dentro do contexto das dimensões da Igreja, que ao todo são seis (Comunitária e Participativa; Missionária; Bíblico-Catequética; Litúrgica; Ecumênica do diálogo Religioso; Sócio- Transformadora) dentro de uma linha evangelizadora e pastoral. Dimensões da Catequese Entende-se por dimensões aqueles aspectos da vida da igreja que perpassa toda a sua ação evangelizadora e pastoral, integrando-se mutuamente de modo a ser uma realidade só, porém distintas quando de sua prática eclesial encarnada em seus agentes próprios. Quando falamos da catequese como dimensão, entendemos que ela está presente na vida integral da igreja, perpassando todas as suas ações, independentemente da presença e ação de seus agentes, os catequistas. Dessa forma, a catequese torna-se uma presença permanente enquanto dimensão. Como ação pastoral concreta e específica dos catequistas, a dimensão catequética acontece de forma perceptível e realiza aquelas ações que a faz ser vista por todos. Partindo dessa realidade da dimensão, a catequese integra em si, outros aspectos que a complementa e enriquece seu desdobramento, de forma que não é possível fazer catequese sem levar em consideração essas outras realidades e conteúdos que são próprios da vida da igreja, da ação evangelizadora e missionária. Então podemos dizer que, para a catequese ser catequese e realizar sua tarefa de modo eficaz, precisa ser: bíblica, cristocêntrica, eclesiológica, espiritual, missionária, social, antropológica, ecológica, ecumênica, inculturada, afetiva e doutrinal (DNC 38). De modo geral cada um desses temas parte de um aspecto das verdades da fé professada e a catequese os expõe de modo próprio. Por isso, para uma catequese ser de fato uma catequese precisa levar em consideração tais aspectos. Daí, dizemos que a catequese precisar em sua ação, ser: Bíblica – que leva em consideração a palavra de Deus e faça dela seu manual próprio. A bíblia enquanto palavra de Deus é a matéria primeira da catequese; Cristocêntrica – que está centrada na pessoa de Jesus, o Cristo, Senhor. Toda catequese converge para Jesus e sua mensagem, ele é o centro da catequese; Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 4 Eclesiológica – que é da Igreja. Que fermenta a comunidade de fé, que gera discípulos membros da igreja, de modo convicto, ativo, participante. Que formam e é formados pela igreja; Espiritual – que promove a espiritualidade. Que integra aqueles valores que constitui a alteridade humana e remete a Deus, como vida completa; Missionária – que envia seus ouvintes ao mundo para o anúncio e para o testemunho do Cristo. Testemunho esse que anuncia com convicção, sem medo, a fé professada; Social – que mantém presença na sociedade, colaborandocom a cidadania de modo que seja possível concretizar aquelas ações que promove a presença do reino, que é vida; Antropológica – que compreende o homem e a mulher no seu habitat natural, o meio em que vive. Uma catequese antropológica leva em consideração os costumes, os meios de comunicação, as relações interpessoais e os valores pelos quais as pessoas se exprimem; Ecológica - que valoriza a vida. Que valoriza o planeta. Uma catequese ecológica tem como certo os conteúdos referentes a natureza, primeira depositária da revelação divina e trata da relação do ser humano com a mesma; Ecumênica – que escuta e dialoga. Que consegue perceber suas próprias convicções para poder enxergar a beleza e a riqueza das outras denominações cristãs. Dessa forma dá passos para uma tolerância e ações que concretizam a fé e a vida segundo o coração de Deus; Inculturada – que respeita e se põe a serviço da vida e do reino a partir da cultura de seus ouvintes, de modo a dialogar e criar espaços de interação para o bem comum; Afetiva – que cria laços de amizade, de interação, de amor-doação recíproco. Que concebe a pessoa a partir de sua alteridade e de suas relações interpessoais; Doutrinal – que cria convicção. Que suscita convicção das pessoas nas verdades revelada e na catolicidade da fé, sem se fechar em si mesmo. Conclusão Compreender o que é a catequese, o processo, seus aspectos, o conteúdo, sua dimensão e entender o específico de seu trabalho, nos ajudar a saber qual é o seu lugar na igreja, situando sua presença dentro do contexto evangelizador pastoral. A catequese não é um movimento e nem uma pastoral, mas uma dimensão da igreja. Porém, contudo, ela tem em si todos aqueles aspectos de uma pastoral e de um movimento quando integra a vida pastoral e comunitária da igreja, em realidade especifica de uma paróquia ou comunidade. Lá está o movimento ou a pastoral tal, e em conjunto com todos eles, a catequese representada nos seus melhores agentes. Dessa forma ela faz parte da pastoral de conjunto em prol do bem comum. Por isso, ela é concebida como movimento e como pastoral e por todos assim é conhecida. Mas vale afirmar que a catequese vai mais além e longe de ser em si mesma tal coisa, é uma dimensão. Dimensão que perpassa toda a vida e a vida toda da igreja. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 5 CATEQUISTAS SERVIDORES Introdução Se a catequese enquanto ação pastoral é uma dimensão da igreja, cabe perguntar quem a exerce e como a exerce, de modo que a caracterize como pastoral no seio da comunidade cristã. À esse pergunta segue-se a resposta obvia, o catequista. Ele é quem exerce com sua participação e engajamento na comunidade a catequese, como ação pastoral. No entanto como a exerce depende muito da realidade em que está inserido, porém, a igreja em seu magistério oferece orientações seguras que possibilita o exercício de sua prática pastoral. Sendo, pois, catequista da igreja, ele é chamado e enviado pela igreja para junto dos irmãos e irmãs a ele confiado, para vivenciar o processo de catequese de modo a atingir a maturidade dos objetivos por ela traçados. Então, quais os requisitos para ser catequista e como a igreja o define em sua ação pastoral? Segundo o DNC (Diretório Nacional de Catequese) o catequista é um servidor da comunidade de fé. Seu trabalho gratuito é um ministério (serviço) exercido em nome da comunidade, a Igreja. Para este ministério, ele é chamado, preparado e enviado – ou como se dizia no século passado, é uma vocação. Vocação que nasce de seu engajamento na comunidade e de sua convicção em servir de modo mais concreto ao Senhor e sua Igreja. Qualidades do catequista servidor A partir do DNC (261-268) e da realidade de nossa igreja local, entendemos que para uma pessoa ser catequista é preciso cultivar algumas qualidade, tais como: Amar a vida e se sentir uma pessoa amada e realizada; Possuir equilíbrio psicológico e maturidade humana; Ser pessoa de profunda espiritualidade; Ser pessoa que sabe ler a presença de Deus na vida; Ser pessoa ligada ao seu tempo, atualizada da realidade moderna; Ser pessoa que busca sua formação pessoal e cultiva a leitura; Ser pessoa de comunicação, que sabe se comunicar e comunicar a mensagem. Além dessas qualidades a serem perseguidas pelo catequista em busca da vivência de sua vocação própria, se faz necessário enfatizar que o catequista é: A pessoa de referência da catequese na comunidade; É o educador na fé da comunidade; É de modo concreto perceptível a dimensão catequética no agir pastoral concreto. Ou seja, é a encarnação da dimensão, agindo concretamente na vida das pessoas. O que o catequista precisa cultivar e o que precisa evitar Assim, o catequista tem para si, a responsabilidade de bem se preparar, estudando, lendo, aprimorando, atualizando seus conhecimentos e técnicas em vista de sua ação pastoral junto aos catequizandos. Isto de modo concreto significa dizer: ler a bíblia de modo certo e equilibrado, ler jornais, revistas, principalmente ligados a comunidade de fé e a catequese. De outra forma também precisa interagir com seus colegas catequistas, participando das reuniões, Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 6 celebrações, retiros, estudos, passeios e atividades próprias da catequese, cultivando um bom relacionamento e uma espiritualidade orante e concreta. Por isso, não cabe tanto na ação do catequista, como a sua própria pessoa, atitudes como: dizer que é catequista, mas não participa das reuniões da catequese; não assume suas responsabilidades delegando outros para cumpri-las em detrimento de sua falta de responsabilidade; dizer que é catequista, mas não assume uma tarefa catequética junto aos colegas, aparecendo só nos momentos fortes ou de vez enquando; dizer que é catequista mas não prepara seus encontros e nem toma zelo pelos bens da catequese a saber: material didático, imóvel, livros, cartazes, etc; ser catequista mas não participa das celebrações comunitárias e quando vai, sua presença é mais de “assistir” do que de “participação”; dizer quer é catequista, mas está envolvido com muitos outros movimentos de forma que a catequese não é prioridade ou está no terceiro ou quarto plano, prejudicando o trabalho dos catequistas, por exemplo, quando da ausência numa reunião importante, e o colega não foi porque estava numa outra reunião de grupo que mesmo sendo importante era irrelevante, naquele momento, para a vida comunitária. Conclusão Na sua atuação de catequistas servidores, os mesmos precisam conhecer a catequese. Precisam discernir, ponderar, pensar e cultivar as coisas boas e evitar aquelas que prejudicam o desempenho de sua tarefa catequética. E mais, é importante ao catequista saber que sua presença na catequese é uma alegria, e que estando na catequese, na dimensão bíblico-catequética, ele está num grande e organizado movimento-pastoral que tem por finalidade, zelar pela qualidade de vida e pela qualidade de fé dos membros da igreja, e que sua colaboração faz da igreja ser o que é: uma, santa, católica e apostólica. Para conversar: Consulte o DNC 261-268 e responda em grupo: 1- A seu ver, o que é “ser catequista” e qual o “seu lugar” na igreja? 2- De que a catequese precisa, para ter o “catequista ideal”? 3- Quais as “qualidades do Catequista” que é mais forte e presente no seu grupo de catequistas?4 – Como você encara a sua vocação de catequista servidor? Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 7 O MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO Introdução A Catequese é uma dimensão. Está na vida da igreja. Mas também é uma pastoral e como tal, deve ter um mínimo de organização, uma linha de ação, um objetivo a cumprir. Ela está presente nas paróquias e comunidades eclesiais, por isso seus melhores representantes são os catequistas. Eles não agem sozinhos, por sua própria cabeça e vontade. Estão integrados dentro de uma caminhada comunitária e eclesial, e por isso mesmo, quando falam, falam em nome da Igreja, pois, por ela, foi chamado e enviado para a missão. Por isso, para vivenciar melhor a sua missão e cumprir com os objetivos da catequese na igreja local, o catequista está comprometido com seu grupo pastoral. “O catequista deve viver sua experiência cristã e sua missão dentro de um grupo de catequistas, que dará continuidade à formação e oferecerá oportunidades para a oração em comum, a reflexão, a avaliação das tarefas realizadas, o planejamento e a preparação dos trabalhos futuros. Assim, o grupo de catequistas expressa mais visivelmente o caráter comunitário da tarefa catequética.” (CR 151). Então, essa vivência comunitária da missão catequética por parte do catequista exige um planejamento, sua participação assídua no próprio grupo dos catequistas. Também exige que na paróquia ou comunidade haja na catequese uma equipe de coordenação e um bom planejamento da ação comunitária do grupo. Então como funciona isso? O ministério da Coordenação Ministério é o serviço prestado gratuitamente a Comunidade de fé. Esse serviço, quando se trata da catequese, é a tarefa do ensino, do acompanhamento e do testemunho pelas ações planejadas em vista dos objetivos traçados pela comunidade eclesial e pela própria pastoral bíblico-catequética, a catequese. Coordenação é, pois, a equipe responsável para fazer acontecer de modo coeso, harmonioso e do melhor jeito possível a ação traçada pelo grupo, pela comunidade. Nesse caso, a equipe constitui na vida do grupo uma célula importante, que faz com que o grupo ande, faça as coisas acontecer. Ela é facilitadora do processo, orienta, encaminha, tira dúvidas, ajuda resolver problemas, chama a atenção com caridade, zela, cuida, avalia, planeja com o grupo, executa e faz executar. Também faz parte da tarefa de coordenação representar a catequese da paróquia junto à catequese diocesana e fazer o ponto de ligação da catequese diocesana com a catequese paroquial e vice-versa. Essa é a tarefa especifica da coordenação. Não consta no seu papel, mandar, dar ordens, expulsar, tirar ou botar fora a revelia. Seu principal papel é facilitar, resolver os problemas de melhor maneira possível. Ajudar o grupo a ser unido e cumprir com o seu objetivo. Para que isso possa acontecer, às vezes é preciso ser chato, sem perder ou faltar com a caridade. Expor com clareza de idéias as coisas, cobrar do grupo as responsabilidades, usar de muita política, ser sábia e fazer o ‘jogo de cintura’ de modo a salvaguardar o bem e a ordem das coisas, sem prejudicar o grupo ou quem quer que seja. Deve dialogar muito, até esgotar todos os recursos. Se houver que tomar qualquer decisão complexa, não o fazer, sem antes não Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 8 conversar com o grupo, e com o principal responsável pela catequese, o padre ou o bispo, conforme o contexto, paroquial ou diocesano. A pessoa do catequista em relação ao grupo e a coordenação Para ser catequista é preciso haver o chamado, em seguida a confirmação do responsável pela catequese, que naturalmente é o padre e a coordenação. Uma vez que a pessoa é acolhida como catequista, é imprescindível que ela passe por uma formação adequada (de Bíblia, de liturgia, de metodologia, de doutrina, de espiritualidade...) e faça junto às demais catequistas, um estágio, para ir pegando jeito no exercício da tarefa que lhe será confiada. Ela deve entender que sua presença e compromisso com a catequese não tira o desejo e o dever de participar de outros grupos eclesiais, porém, contudo, ela deve saber e entender que seu compromisso primeiro e responsável é com a catequese. Por isso, deve levar a sério sua obrigação, participando das tarefas da catequese e interagindo com sua coordenação. Daí, porque compreender que todo catequista sabe ou deve saber de suas responsabilidades e do seu compromisso assumido. Não é “infantil” ou “criancinha” que temos que está advertindo ou dizendo o tempo todo de sua responsabilidade ou como deve fazer sua tarefa. É importante entender isso, porque o ministério da coordenação é uma tarefa dinâmica que está sempre se renovando e dele todo catequista pode participar desde que tenha a maturidade e a disponibilidade para tanto. Sendo um ministério renovável, o tempo de duração dos membros na coordenação depende muito de paróquia para paróquia, de grupo para grupo, de padre para padre. No geral o bom senso recomenda dois ou três anos podendo se repetir por mais um ciclo. Conclusão É importante e indispensável na paróquia ou comunidade haver uma coordenação. Como também é importante haver um planejamento catequético onde possa atender a vida comunitária catequética, e a vivência comum do grupo dos catequistas, através de retiros, momentos orantes, momentos celebrantes, passeios, lazer, avaliação, etc. Daí entender a importância da coordenação e a importância de um planejamento, como também da presença do catequista. Uma boa coordenação enriquece a catequese e mostra o rosto da catequese local. Para o grupo 1. Confira o DNC 314-326 e partilhem com o grupo quais as responsabilidades da coordenação presente no documento. 2. Identifique quais os ‘acertos’ e os ‘desafios’ presente na catequese de sua paróquia a partir do que é dito no DNC. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 9 A ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA Introdução Há muitas idéias de espiritualidade. Umas põem relevância na oração, outras na meditação, outras ainda em rituais religiosos e coisas afins. Existem conceitos que até separam a vida em duas modalidades, corpo e espírito, definindo a partir daí o que é espiritual, espiritualidade e o que é canal, material, do mundo. Todas essas idéias não provêm das Sagradas Escrituras, mas de filosofias, principalmente a filosofia grega, que também está presente na Bíblia, não como orientação, mas como desafio que foi enfrentada pelas comunidades cristãs. Ainda hoje, muitos grupos cristãos pensam e age assim. Vejamos o testemunho do Pe. Albert Nolan1, da ordem dos pregadores. Ele nos diz: “Muitos de nós fomos ensinados a considerar a vida espiritual como parte da vida em que realizamos exercícios espirituais, como prece, meditação, leitura espiritual, exame de consciência, retiros, dias de recolhimento e freqüência aos sacramentos. O resto de nossas vidas, os outros compartimentos, eram considerados como vida material. Nós percebíamos suficientemente bem que nossa vida espiritual deveria influenciar nossa vida material, mas ainda pensávamos que as duas eram compartimentos ou áreas distintas.” Ele continua explicando que: “A primeira coisa que precisamosaprender a respeito da espiritualidade bíblica é que a Bíblia não divide a pessoa humana em uma parte espiritual e outra material – pelo menos, não do modo como costumamos fazer. Na Bíblia a pessoa humana é considerada como um todo e não como uma alma que habita o corpo. Essa divisão entre corpo e alma, que torna a pessoa humana uma alma aprisionada em um corpo, não tem origem na Bíblia, mas na filosofia grega.” Na Bíblia, vida espiritual ou vida no espírito, significa estarmos movidos e motivados pelo Espírito de Deus, ao contrário de outras motivações e espíritos qualquer. Por isso, precisamos compreender o que é espiritualidade corretamente para no seguimento a Jesus Cristo, saber como ela acontece na vida e na prática dos catequistas. Espiritualidade Espiritualidade vem de “Spiritus” no latim, e do grego “Pneuma”, ambas como tradução do hebraico “Ruah” e tem como corresponde em português a palavra “Sopro”, “Vento”, dando a idéia de movimento, de dinamismo, de vivacidade, de existência. Segundo o livro da Sabedoria 1,7 “o espírito de Deus enche o universo e dá consistência a todas as coisas”. Logo, está com o espírito de Deus é está revestido e convicto de todas aquelas qualidades e ideais, que na vivência cotidiana, motiva nossa existência e lhe dá sentido no contexto do mundo que estamos inseridos, superando o efêmero e passageiro. Ser uma pessoa espiritual ou possuir o espírito, é se caracterizar por atitudes e opções que segundo a norma da vida cristã, o evangelho, está em comunhão com o projeto de Deus em 1 Nolan, Albert,op. ESPIRITUALIDADE DA JUSTIÇA E DO AMOR. 2ª Edição. E. Paulinas. 1985. (pág. 11-13). Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 10 Jesus Cristo, sendo a vida de cada um, homens, mulheres e a própria natureza, beneficiadas até que se cumpra o reino e a vida definitiva. Então, sendo catequista, seguidor de Jesus, membro da Igreja, servidor do povo de Deus pelo ministério da dimensão bíblico-catequética, nossa querida pastoral de catequese, como vivenciar a espiritualidade na perspectiva da catequese, sendo no mundo testemunha fiel do projeto de Deus? Quais características da espiritualidade que devemos cultivar enquanto catequistas servidores? A espiritualidade vivenciada na Catequese Para a catequese, não há separação entre fé e vida. Esse foi, e é durante muito tempo o seu refrão, perante seus ouvintes, logo, a espiritualidade está aí incluída. Então, no exercício prático do seu ministério e no cotidiano de suas vidas, o catequista vive sua espiritualidade de modo mais normal possível, se mostrando convicto da fé que abraçou, das opções que fez em Jesus Cristo, alimentando e praticando no meio do povo aquelas qualidades que o faz diferente dos demais pela opção de vida que abraçou se mostrando a todos como serviçal, amoroso, devoto, crítico, político, religioso, segundo o contexto em que está inserido. Agindo assim, a igreja e a própria dinâmica do evangelho exige-lhes virtudes e atitudes tais como nos descrevem os documentos da catequese em nossos dias. Coloca-nos o DNC, nos números 13k: que a espiritualidade do catequista deve ser bíblica, litúrgica, cristológica, trinitária, eclesial, mariana e encarnada na vida do povo. Que a mesma não deve se apegar a aspectos subjetivos de espiritualidades particulares (DNC 131), e por isso, deve cultivar um espírito orante, de escuta do Espírito Santo, de inserção na comunidade, de mergulho na realidade do povo, de comunhão fraterna e de adoração com a recepção de Jesus Eucaristia, alimento do discípulo fiel e caminhante (DNC 148). Vivendo sua espiritualidade como opção de vida, com convicção, sabendo-se ser possuidor do Espírito e revestido dos mesmos ideais do Espírito conforme o santo Evangelho e a prática de Jesus de Nazaré, o Cristo, Senhor, o catequista pratica aqueles atos religiosos de adoração a Deus Uno e Trino; de veneração a Virgem e Mãe Maria; participando assiduamente e vivamente da Sagrada Liturgia; meditando a Palavra pela Leitura Orante; buscando conhecer cada vez mais profundamente a Jesus Cristo e o poder de sua Ressurreição, deixando para trás tudo que é efêmero, passageiro, por amor do próprio Cristo e do Reino por ele instaurado entre nós (Cf. Fl 3). Conclusão O catequista, como todo cristão é uma pessoa espiritual por força do próprio batismo, porém, ao ser chamado por vocação ao serviço da Palavra na comunidade, impõe a si mesmo aquelas exigências que são próprias do seguimento radical de Jesus de Nazaré. Ele assume viver com convicção as opções que fez, sendo no seu habitat o mais natural possível, contudo, com um diferencial primordial: é testemunha espiritual do Senhor ressuscitado e agente transformador da sociedade, pela sua pratica evangelizadora pastoral. A espiritualidade não é algo a mais na vida do catequista, mas a própria vida do catequista transformada pela graça do Espírito Santo, conforme os méritos de Jesus ressuscitado, o Kyrios, o Senhor. Para o grupo: 1. Como viver na espiritualidade a devoção mariana e a liturgia? 2. Como viver a ‘opção preferencial pelos pobres’ na espiritualidade? Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 11 O CATEQUISTA E A COMUNICAÇÃO Introdução Comunicar é o ato de expressa a nós mesmos e nossas idéias. A comunicação acontece basicamente e principalmente pela palavra. Porém, ao querer nos comunicar usamos de diversos meios pelos quais emitimos uma mensagem com seus códigos próprios. Os meios pelos quais comunicamos algo podem ser além da própria palavra emitida, lúdicos, virtuais, corporais, sensoriais, escrita, teatral e áudio-visual televisiva,etc. Todos os meios usados são apenas extensão de um único ato possível: comunicar. Poder dizer o que pensamos, o que sentimos, o que desejamos. Transformar pelo ato de comunicar, a própria vida e a estrutura de nosso habitat natural. Ao comunicar, ao fazer comunicação interagimos com outros seres de nosso habitat. O ser humano é um comunicador por natureza. Faz parte da essência humana a comunicação. O processo de comunicação: feedback. A verdadeira comunicação é um ato tremendamente democrático e ela supõe o ato de feedback. Trocando isso em miúdos: a verdadeira comunicação é circular e interativa. Para haver comunicação é preciso ter de um lado o emissor e do outro, o receptor. Entre ambos dá-se o processo comunicativo pela mensagem emitida pelo emissor e recebida pelo receptor. E vice-versa. Tanto o emissor como o receptor são ao mesmo tempo as duas coisas de modo que a comunicação segue um movimento circular. A isso, os entendidos de comunicação chama de “feedback”. Entre o emissor e receptor está a mensagem a ser interpretada por ambos os lados, uma vez que há uma dinâmica entre ambos, que chamamos de diálogo. Na medida em que ele vai acontecendo os dois lados passam a interpretá-lo conforme seu ponto de vista e responde-lo segundo seus critérios próprios. É assim que acontece o círculo da comunicação, o feedback. Autenticidade e níveis da comunicação Para haver comunicação é preciso haver autenticidade em ambos os sujeitos que auto se comunicam. Essa autenticidade passa por uma das três características que ajuda a estabelecer ou não a comunicação: a simpatia; a empatia e a antipatia. Emissor Intérprete Receptor Receptor IntérpreteEmissor Mensagem Mensagem Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 12 Simpatia - é está aberto, ser agradável, comunicativo, conviver com o diferente. É tolerável e tolerante; Empatia - é identidade com o outro. Identifica-se com o outro semelhante a ponto de se tornarem como que por analogia “almas gêmeas”. Isto supõe que cada um tenha diante si bem presente sua própria personalidade e identidade de modo que possa distingue-se do outro para melhor perceber o outro e ver o que há em comum que os faça se dá bem; Antipatia – contrário ao outro. Significa está fechado, não consegue “simpatizar” com o outro semelhante, e nesse caso, não a convivência ou tolerância possível, havendo sempre o embate. Aqui não há comunicação possível. Haverá sempre o intermediário. Porém é possível a “tolerância” sob disciplina mediante a necessidade de ambos. A comunicação é sempre relação e abertura. Por isso, que ela acontece em nossa sociedade em quatro modos ou níveis: comunicação intrapessoal; comunicação interpessoal; comunicação grupal e comunicação social. Comunicação intra-pessoal – é aquela em que nos comunicamos conosco mesmo. Essa comunicação é feita por meios de introjeção pessoal, por reflexão pessoal e também por objetos e coisas que revelam o nosso estado psicossocial. Ai comunicamos a nós mesmos como estamos, o que somos e o que desejamos; Comunicação inter-pessoal – é aquela em que de alguma forma nos comunicamos com outras pessoas e realidades. É um diálogo face a face, cara a cara, pessoa a pessoa; Comunicação grupal – é aquela que acontece em grupo e no grupo e para o grupo. Aí mais de um agente comunicador está em ação e todos são receptores e emissores, chegando a denominadores comuns, segundo a mensagem veiculada; Comunicação social – é aquela em que há multidão, povo. É aquela em que é veiculada os conteúdos de modo a repercutir aos ouvidos de todos e no mesmo espaço de tempo haver uma resposta rápida e geradora de mais conteúdos. Próprios da comunicação social são os grandes meios eletrônicos da mídia, tais como: rádio, jornais, TV, internet, etc. Nesse tipo de comunicação há sempre um grupo emissor e a grande multidão receptora. As mensagens veiculadas são as mais diversas possíveis e tem com os meios da mídia, grande alcance planetário. Os meios de comunicação e a catequese A catequese utiliza os meios de comunicação para comunicar a mensagem de Jesus e do Reino. Aliás, Jesus foi o maior comunicador e o melhor usuário dos meios disponíveis em seu tempo, de modo que a seus exemplo, também nós, usamos e devemos usar com mais ousadia os meios disponíveis hoje ao nosso alcance, para comunicar ao mundo moderno, aquilo que realmente lhe preenche enquanto mensagem verdadeira e duradora. A catequese prescinde dos meios de comunicação. Eles são vitais para ela. Não há catequese sem comunicação, por isso precisamos conhecer os mecanismos que rege a comunicação para melhor evangelizar e catequizar. Então, em sua tarefa catequética o catequista deve dispor de pelo menos de alguns meios para comunicar o seu conteúdo. Entre outros mencionamos o seguites: Cartazes Modelagem Flanelogravuras Músicas Teatro livre Entrevistas Recortes DVD Álbum seriado Fotolinguagem Sócio-drama Encenações Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 13 Expressões corporais Informativos Jornais Revistas Gravador Vídeos Internet E-mails Yorkut Blogs Mensengens Fotolog Conclusão Catequizar é comunicar (CR 145.147). O catequista em sua catequese não comunica algo qualquer, mas tem como objeto de sua comunicação a pessoa de Jesus de Nazaré vivo e ressuscitado, e o Reino por ele pregado e instaurado, que terá sua consumação na derradeira vinda. Por isso, o catequista é um comunicador por excelência e deve em sua catequese prescindir de todos os meios para comunicar a mensagem de salvação. Como Jesus, deve ser uma pessoa do seu tempo e usar os meios disponíveis para tal tarefa que a igreja lhe confiou por força do seu chamado e do seu batismo. Para o grupo 1. Quais os meios de comunicação mais utilizados em sua paróquia e na sua catequese? 2. Como podemos melhorar nossa comunicação no exercício de nossa tarefa catequética? 3. Em grupo, a partir do evangelho de Marcos, identificar os meios usados por Jesus para comunicar sua mensagem. 4. Encenar alguma história bíblica utilizando alguns dos meios de comunicação apresentado neste tema de nossa apostila. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 14 MÉTODO DE INTERAÇÃO FÉ E VIDA Introdução O método de interação de fé e vida, é o método usado pela igreja e pela catequese para realizar os seus encontros e assimilar os conteúdos estudados. Ele é usado na ação evangelizadora e na ação pastoral. Também nos documentos oficiais da igreja, como Medelín, Puebla, Aparecida, e nas assembléias das pastorais e dos bispos. Daí a importância de conhecê- lo, saber usá-lo. Vamos conhecer então esse método eficaz para a igreja e para a catequese. De modo prático e didático usamos esse exemplo, tirado do jornal eletrônico “Missão Jovem”2, artigo da Ir. Marlene Bertol. Ela nos mostra em seu artigo uma pauta de como realizar um encontro com o método de interação. Transcrevemo-lo com alguma adaptação a nossa realidade, com os seus comentários e observações. O princípio da interação: “Fé-Vida” Existem muitos métodos, isto é, muitas maneiras para se chegar a alcançar objetivos. A catequese usa o princípio metodológico da interação. Na vida de todo dia usamos interações que produzem efeitos benéficos. Veja, por exemplo, o fermento, a água e o trigo ajuntados, misturados, interados, são capazes de produzir um pão capaz de matar a fome. Na catequese é preciso fazer interagir, isto é, misturar aquilo que é do campo de fé (Bíblia, tradição, liturgia, doutrina, ensinamentos da Igreja...) com tudo aquilo que é do campo da vida (acontecimentos, realidade, situações, aspirações, clamores, fatos alegres e tristes...). “A interação é relacionamento mútuo e eficaz entre a experiência de vida e a formulação da fé, entre a vivência atual e o dado da Tradição” (CR 113). O conteúdo da catequese não é só doutrina, Bíblia, mas também a nossa vida. Frei Bernardo dizia: “O catequista precisa trazer numa mão o jornal e na outra a Palavra de Deus. Precisamos estar em contato com duas fontes: a Bíblia e a realidade humana.” Este método tem por finalidade educar para Ação-Reflexão, assim como fez Jesus, que se preocupou de educar seus discípulos para uma reflexão, partindo da vida (pobres, crianças, doentes, excluídos...). Como trabalhar um encontro Para melhor trabalhar o método de interação usa-se um procedimento, ou melhor, um itinerário, que favorece o grande objetivo da catequese: “Para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10). Todo encontro parte da VIDA para chegar a mais VIDA com novos compromissos e novas atitudes... O itinerário de um encontro, para muitos, é velho ou muito conhecido. Acontece que existem muitos catequistas iniciantes que precisam estar seguros de como proceder ao realizar algum encontro.2 Jornal - "MISSÃO JOVEM" (Catequese "MISSÃO JOVEM") (http://www.pime.org.br/catequese/cateqmjdinenc.htm) Ir. Marlene Bertol. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 15 Vejamos agora, parte por parte da dinâmica metodológica de um encontro: ACOLHIDA, VER, ILUMINAR, AGIR, CELEBRAR, AVALIAR. a) Acolhida: é a sala de visita do encontro. Pode ser expressa de muitas formas: gestos, cantos, símbolos, surpresas... É importante que todo catequizando encontre sempre um ambiente acolhedor, fraterno amigo. Seja reconhecido na sua individualidade, chamando-o pelo nome. Todo participante que se sente aceito e amado participará com mais alegria e motivação. b) Olhar a vida, ou ver a realidade, suscita a capacidade para a sensibilidade, consciência crítica, perceber com o coração e a inteligência aquilo que se passa ao redor. Não é só olhar a realidade superficialmente, mas possibilitar o aprofundamento, de fatos, causas, conseqüências do sistema social, econômico-político e cultural dos problemas. O olhar a vida é o momento de ver o chão onde vivemos e de preparar o terreno da realidade para depois jogar a semente da Palavra de Deus. A parte do ver pode ser concretizada através de desenhos, visitas, entrevistas, histórias e fatos contados, notícias, figuras, fitas de vídeo, dramatização... c) Iluminar a vida com a Palavra (Julgar). A partir da vida apresentamos a Palavra de Deus. Podemos compará-lo com a luz existente dentro de casa. Ela ilumina todo o ambiente isto é, nos mostra qual a vontade de Deus em relação à vida das pessoas, seus sonhos, necessidades, valores, esperanças... Fazemos um confronto com as exigências da fé anunciadas por Jesus Cristo, diante da realidade refletida. AVALIAR: caminho feito CELEBRAR: a vida e a fé VID A VID A CELEBRAR: a vida e a fé AVALIAR: caminho feito VID A CELEBRAR: a vida e a fé AVALIAR: caminho feito VID A VID A Acolhida VER: olhar a vida ILUMINAR: com a Palavra de Deus AGIR: com ações práticas CELEBRAR: a vida e a fé AVALIAR: caminho feito VIDA VIDA VIDA Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 16 Dentro do julgar também colocamos o Aprofundamento da Palavra. Nesta parte aumentamos a luminosidade da casa para poder enxergar melhor. É a hora que refletimos com o grupo para fazer uma ligação mais aprofundada da Palavra com a vida do dia-a-dia e perceber os apelos que Deus nos faz. Pode-se perguntar: O que a Palavra de Deus diz para a nossa vida? Sobre o que nos chama atenção? O que precisamos mudar? Que apelos a Palavra faz para mim e para nós? O aprofundamento pode ser feito ainda com encenações, dinâmicas, cantos, símbolos... d) Assumir ações práticas. Todo encontro precisa conscientizar que ser cristão não é ficar de braços cruzados, e nem ficar passivo diante da realidade. Trata-se de encontrar passos concretos de mudança das situações onde a dignidade é ferida, a partir de critérios cristãos. O agir é transformador e comprometedor. Está ligado à vida e à Palavra de Deus que questionam e exigem a mudança nas pessoas, famílias, comunidade. Cada catequista necessita provocar o seu grupo para ações práticas. É preciso respeitar cada faixa etária, mas não será impossível fazer algo concreto. Os compromissos podem ser discutidos e assumidos de forma individual ou grupal. e) Celebrar a Fé e a Vida. É um momento muito forte. É como se estivéssemos ao redor de uma mesa com um convidado especial. O celebrar é como saborear em conjunto na alegria, ou no perdão, algo que nos alimenta porque nos dirigimos, nos aproximamos do convidado especial, que é Deus. A celebração não deve ficar apenas na oração decorada. Os catequizandos aprenderão a conversar naturalmente com Deus como um amigo íntimo. É importante diversificar a oração usando símbolos, cantos, gestos, salmos, silêncio, frases bíblicas repetidas, relacionando sempre ao tema estudado e com a vida. A partir das celebrações dos encontros é possível motivar os catequizandos na participação das celebrações, cultos, novenas, grupos de reflexão. f) Recordar o encontro. Não se trata aqui da aplicação de exercícios para decorar conceitos. O recordar nos leva a ruminar o que foi refletido, aprofundado, trazendo à memória algo essencial para ser fixado. A memorização é necessária, sobretudo para conteúdos básicos de nossa fé. Se for aplicada alguma atividade, que esta seja para desenvolver o espírito comunitário de fraternidade, partilha, amizade e ajuda mútua. Pode-se também pedir a ajuda para a família, sobre questões práticas. g) Guardar para vida. Este passo dá importância à Bíblia. Precisamos que nossos catequizandos tenham na vida e na fala a Palavra de Deus. A partir do assunto tratado no encontro, podemos usar uma ou duas frases, tiradas dos textos bíblicos usados que dão a síntese do conteúdo, para serem compreendidas e vivenciadas. As frases poderão ser escritas em papelógrafo ilustradas com desenhos, ou figuras e fixadas em local para serem vistas e memorizadas. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 17 h) Avaliar. A avaliação ajuda a alegrar-se com as descobertas feitas, pelo que aconteceu de bom. É ela também que faz verificar as falhas, corrigir o que não foi bom. Não podemos ficar somente no que o catequizando “aprendeu”, isto é, se sabe os mandamentos, sacramentos, mas é preciso avaliar as relações interpessoais, a responsabilidade, o comprometimento, o assumir os valores evangélicos como: diálogo, partilha, capacidade de perdoar, atitudes de fraternidade. A avaliação é um passo precioso de crescimento. Ela faz parte de qualquer encontro. São muitas as formas de avaliar. Pode-se utilizar dinâmicas, debates, partilha em grupo, individual, ou ainda, os próprios participantes escolhem alguém que no final do encontro poderá dar a sua opinião. A grande fonte de avaliação é a observação atenta do que ocorre durante o processo catequético. Portanto, a avaliação não é só olhada dentro de quatro paredes, mas envolve a vida toda. Parece simples preparar um encontro mas, como vemos, exige do(a) catequista dedicação, carinho e aprofundamento para tornar cada encontro, um espaço de crescimento mútuo. Ao olharmos Jesus com seus apóstolos, veremos que seu método também tinha estes passos. É só verificar algumas passagens, como a dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) ou ainda o encontro com a Samaritana (Jo 4, 1-30) ou Zaqueu (Lc 19, 1-10). Qualquer ambiente era propício para acolher-ensinar-aprender-conviver. Para Ele a importância estava nas pessoas. Conclusão Como podemos ver, o método de interação é muito fácil. Resumindo, na prática, quando realizamos um encontro temos: logo de inicio a acolhida; oração inicial; e em seguida, realizamos alguma dinâmica para conhecer a realidade (VER); depois confrontamos essa realidade com a Palavra de Deus (ILUMINAR) vendo o que ele nos fala hoje; depois continuamos com pistas encontradas para nossa ação pessoal e em grupo (AGIR) na comunidade e na sociedade; celebramos a vida (CELEBRAR) em suas descobertas, buscando forças para nossa vivência comunitária e pessoal; e por último avaliamos todo caminho feito (AVALIAR)para de novo entrarmos na vida e dá passos no seguimento a Jesus e no testemunho de nossa fé no mundo. Eis, basicamente o que é o método de interação fé e vida, e como funciona na prática conforme bem explicitou o artigo da Ir. Marlene Bertol. Cabe a cada um de nós nos familiarizarmos com esse método, adaptá-lo a nossa realidade e a realidade de nossos catequizandos. E isso é um imperativo para cada catequista na sua tarefa catequética em sua paróquia ou comunidade. Para o grupo 1. Qual a sua principal preocupação na hora de planejar um encontro? 2. Qual o método utilizado? Por quê? 3. Em grupo pesquise o que diz o CR (110-117) e o DNC (152-162) sobre o método de interação, anotando dúvidas e luzes. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 18 SITUAÇÕES E LUGAR DA CATEQUESE Contextualizando É importante falarmos em situações e lugares da catequese, pelo fato de que ela acontece na vida das pessoas ora de maneira metódica, ora de maneira interpessoal, afetiva e coloquial, sem passar pelo processo estabelecido pedagogicamente. Desse modo a catequese acontece de duas maneiras distintas e em lugares distintos. Uma acontece na vida das pessoas coloquialmente a partir de uma conversa, de um fato corriqueiro, sem uma linguagem e peso religioso, sem fazer referência num primeiro momento à religião. Ela surge quase que espontaneamente e se aprofunda mediante uma informação na qual se torna para seu ouvinte uma descoberta, que ilumina determinado momento de sua vida e suscita fé, compromisso e seguimento. Aqui, a catequese acontece em lugares dos mais surpreendentes, tais como: o ônibus, um bar, um restaurante, no banheiro rodoviário ou de um colégio, em casa, no trabalho, na fila do banco, no ponto de ônibus, no hospital, na cadeia, no campo de futebol, na estrada, em viagem, etc. Todos esses, são situações e locais onde a presença da catequese acontece de modo sutil através de uma pessoa já catequizada e que de modo discreto catequiza o seu interlocutor, seu ouvinte. Doutro modo, porém, é a catequese de cunho pedagógico e sistemática, ela acontece em lugares mais definidos e quase sempre em torno da comunidade e de situações religiosa ou a ela faz referência enquanto vivencia da fé. É o caso, por exemplo, das preparações para os sacramentos (batismo, eucaristia, crisma, matrimonio, confissão) e dos momentos fortes da vida comunitária. Nesse caso, os locais onde a catequese acontece é sempre: igrejas; capelas; salão comunitário/pastoral; escolas; residências que tenham espaços para acolher a todos; favelas; sítios; debaixo de arvores que possa abrigar o grupo, etc. Em todos esses lugares, a catequese se aproveita para acomodar os seus ouvintes, e de forma sistemática, os encontra semanalmente ou quinzenalmente para as palestras seguidas do método de interação e dos temas adaptados a realidade dos catequizandos. O CR e o DNC falam das situações e lugares da catequese Esse tema tem grande importância e foi contemplado nos documentos da catequese. Esses documentos contemplam esses locais como ‘apto e essencial’ para a realização da catequese, porém, os textos dão ênfases e falam mais de “espaços humanos” onde a catequese possa acontece: a família, os grupos, associações, etc. Onde há pessoas, existe um ‘espaço’ para que a catequese possa acontecer. Por isso, que todos os espaços e situações que geram convivência e vida é útil à catequese e a manifestação da presença de Deus com sua palavra. É importante, pois, que consultemos os seguintes textos do Catequese Renovada (CR) 118-126. Confiram, vejam que a família, a comunidade, a escola, a mídia, associações e movimentos são espaços onde a catequese pode e deve acontecer. Nesse caso temos então duas formas de fazer ela acontece e em espaços distintos, como falamos acima. Veja, a conotação que o CR dá a esse tema e como orienta-nos para uma catequese informal e outra bastante sistemática. Consulte e confira também, o Diretório Nacional de Catequese (DNC) nos números 295-311. Aí há uma ampliação dos espaços, das situações, incluindo a grande mídia como internet e TV, lugares privilegiado da catequese. Porém, a grande tônica do DNC sobre o tema, talvez possamos encontrar no fato de que, a catequese tanto nesses espaços físicos como humanos, esteja mais voltada para um processo sistemático e pedagógico, do que mesmo para uma catequese mais artificial e passageira. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 19 Daí, entender o quanto é importante perceber a importância dos ‘lugares’ como ‘espaços’ ocupados por homens e mulheres em sua convivência diária, e que a catequese, deve acontecer de modo sutil, mas também de forma sistemática. Em sua prática catequética, o catequista deve está atento ao seu local de catequese e ver se ele corresponde a sua missão, ou seja, se ele é propicio para a realização de sua catequese sistemática vinculada a comunidade de fé, a igreja. Para uma catequese sistemática nem sempre há lugares convenientes, embora momentaneamente possa haver algo ali. Por outro lado também, o catequista não só realiza sua tarefa mediante um grupo, também faz parte de sua tarefa orientar e educar na fé todos aqueles que em seu dia-a-dia o interpela mediante suas próprias dúvidas. Assim, uma pessoa que buscando algo, o encontra e se dispõe a expor suas necessidades, o catequista pode e deve informar e formar seu ouvinte com aquela palavra que lhe traz qualidade de vida e de fé, a exemplo do encontro de Filipe com o etíope, que tão logo ouvindo a explicação do mesmo foi iluminado e converteu-se a fé cristã (Cf. Atos 8,26-40). Para o grupo 1. Quais os lugares em que você realiza sua tarefa catequética? 2. Qual a sua maior dificuldade no uso desse local? Por que? 3. Você já passou por alguma situação em que foi interpelada a fazer uma catequese informal? Conte-nos, partilhando de sua experiência com o grupo. 4. Qual o ‘lugar’ da escola na catequese? 5. Como entender e explicar essa afirmação: “A escola é um lugar que pode ser usada pela catequese, mas não pode a catequese ser usada pela escola. É próprio da escola o ensino religioso e não a catequese”. 6. De que meios a catequese deve dispor para realizar sua tarefa? Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 20 TEXTOS E MANUAIS DE CATEQUESE Quando falamos em textos e manuais de catequese, estamos falando especificamente de todos aqueles livros que contém encontros, dinâmicas, cânticos, textos, atividades, imagens, conteúdos bíblicos, etc. Há no mercado livresco uma gama enorme de livros e a cada ano se aumenta o número de publicações. Pois, bem, todos esses materiais são experiências únicas das comunidades locais e que partilham com todos nós de suas experiências. Qual o melhor o material a ser adotado, deve ser a pergunta que deve rondar nossas cabeças, digo que nenhum e todos ao mesmo tempo. O manual principal da catequese é a Bíblia e nenhum livro, nem mesmo o catecismo, deve substituí-la. Todos os outros são uma ajuda em sua experiência, para nos orientar com suas dinâmicas, etc. Um manual só serve na medida que ilumina nossa realidade pedagógica. Serve apenas como uma sugestão pedagógica e nada mais, pois o conteúdo abordado é retirado, todos, das Sagradas Escrituras.Um manual com sua lista de assuntos pode ser até o guia a nos conduzir, enquanto outros servem de apoio com suas dinâmicas e sugestões, porém, contudo, nada e nenhum deles deve se interpor a Bíblia, manual por excelência. O catequista deve se valer desses ricos manuais em sua tarefa catequética, porém deve dar prioridade a Bíblia Sagrada, deve conduzir seus catequizando através das páginas desse livro Sagrado, fazendo-os compreender o processo da revelação de Deus, mostrando como Deus em seu amor age sobre nossas vidas. O catequizando deve amar a palavra de Deus, saber usá-la de modo correto e se comprometer com a pessoa de Jesus, o projeto divino e escutar Deus na sua própria vida e na vida da comunidade da qual faz parte, como também no mundo. Esse aprendizado é um longo processo tanto para o catequista, como para catequizando, por isso que a catequese é um processo, e catequista ao contrário do que se diz por ai, não é um professor, mas um irmão escutante e uma testemunha da palavra, fazendo-a ecoar na vida. Por isso que mais do que transmitir uma doutrina, o catequista fala de uma pessoa e sua mensagem: Jesus de Nazaré. Daí entender que catequista não é professor, mas catequista. Seu compromisso é gratuitamente com o Senhor vivo e ressuscitado, e com sua comunidade a Igreja, diferentemente de um professor, onde o seu compromisso profissional é com o seu público e com a instituição para o qual presta serviço remunerado. Os manuais nesse caso são uma ajuda, o verdadeiro manual, portanto, é a Bíblia Sagrada. O CR e o DNC valorizam os manuais, inclusive oferece orientações para seus autores se nortearem quando da escrita e confecção dos mesmos. Também oferece orientações para o uso dos mesmos pelos catequistas. Quando se trata do conteúdo a ser dado aos nossos catequizando, conforme a Revelação divina e as verdades de nossa fé, o CR nos aponta uma linha de ação. Essa linha nos remete ao estudo da História da Salvação, passando pela história do povo de Deus no Primeiro Testamento, tendo seu ponto alto na vida, história e mensagem de Jesus de Nazaré, a Revelação de Deus por excelência, no Segundo Testamento. Esse conteúdo deve ser explicitado conforme a realidade dos catequizandos, levando em consideração sua idade, cultura, habitat e condições psicológicas, etc. Ao ter conhecimento da ação de Deus, saberá como se relacionar com Ele, agindo conforme Sua Vontade, podendo ler as Escrituras corretamente e as interpretando na vida. Essa é a tarefa do catequista, que verá a melhor forma e o conteúdo mais adequado para seus ouvintes, tendo bem presente que sua contribuição foi essencial para que seu ouvinte trilhe o resto do processo catequético conforme a dinâmica de sua própria vida. Somos apenas uma seta, o resto do caminho nossos catequizandos fará conforme vai vivendo sua vida e Deus com Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 21 seu Espírito Santo vai iluminando, revelando, mostrando, chamando, enviando, formando nosso catequizando, como fez e faz conosco em nossa história de vida. Para o grupo A partir do Documento de Catequese (CR): 1. Confira o CR 152 até 161 e identifique o que o documento fala sobre o nosso tema, textos e manuais de catequese. 2. Como sua paróquia-comunidade vive essa orientação? Quais as dificuldades? Por quê? 3. A Terceira Parte do CR trata dos temas que norteiam os conteúdos da Catequese. Confira no documento esses temas que são as linhas mestras e dão pistas para abordar outros temas conforme a nossa realidade e diga-nos, como você e seu grupo de catequistas vive em sua tarefa catequética essa orientação? Quais as dificuldades? A partir do Diretório Nacional de Catequese (DNC): 1. Confira o DNC, 43-44;53. Diga-nos, qual a finalidade da catequese e quais as tarefas a ela confiada pela igreja? 2. Confira como o DNC, 97 e 105., Entende por ensino da mensagem e da doutrina na catequese. Pergunto, para ajudar a nossa partilha: Como os manuais que usamos atende a essa questão? 3. Confira o DNC 108 e partilhe com o grupo: Que lugar ocupa a Bíblia na catequese, e quais são os critérios que orienta o uso da mesma? A partir dessa desse estudo, partilha e discussão, podemos perceber qual o rosto da nossa catequese e o que precisamos para melhorar. Entendemos que para isso acontecer deve haver diálogo e empenho de todos. Também compreendemos a importância dos manuais e da Bíblia na realização de nossa tarefa catequética, e do quanto precisamos como catequistas, aprofundar nossa formação pessoal e comunitária. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 22 A BÍBLIA NA CATEQUESE (Manuseio) Introdução O uso da Bíblia como fonte e livro de catequese na igreja é bem recente. Apesar da igreja sempre em todas as épocas usar a Bíblia desde os tempos primitivos da igreja, esse uso foi bem mais restrito e não tinha a popularidade que tem hoje, no século XXI. Hoje é inconcebível uma catequese, uma celebração, um retiro, um curso religioso, uma formação evangelizadora e missionária sem a Bíblia. Ela está em todos os recantos, está na vida da igreja, na vida dos cristãos, na vida da sociedade. Aqui e acolá, vemos pessoas, situações e fatos que volta e meia, fazem reporta a textos bíblicos para explicar, fazer comparação ou mesmo até interferir no desenrolar dos mesmos. Isto significa que a cultura bíblica se impôs em nossas vidas. Então, podemos com isso entender que, uma catequese sem a Bíblia não terá muitos frutos. Por isso, é preciso conhecer bem a Bíblia, saber interpretar corretamente seus textos, fazer a correta passagem da letra para a vida, e a vida para a letra. Essa tarefa é uma obrigação de todo cristão e mais ainda do catequista, pois ele, é formador de opinião, testemunha de fé, membro da comunidade catequizadora, a Dimensão Bíblico-Catequética, a Pastoral de Catequese. Vamos, pois, conversar sobre esse tema, a Bíblia na Catequese. Não do seu uso somente, como já fora refletido em encontros passados, mas sobre seu conteúdo basicamente. A organização dos livros da Bíblia Como todos nós de alguma forma já sabemos ou intuímos, a Bíblia é uma coleção de livros. Ao todo são 73 livros, inspirados e tidos como sagrados pela tradição cristã. Esses livros estão divididos em Primeiro e Segundo Testamento. São 46 livros do Primeiro Testamento e 27 do Segundo Testamento. Cada livro tem uma organização própria, de modo que aí encontramos os capítulos, que são os números grandes; e os versículos, que são os números pequenos. Nas versões modernas da Bíblia ainda há outra divisão dentro dos versículos: é que sendo muito grandes, ou contendo mais de um conteúdo, os mesmos são divididos por letras do nosso alfabeto, geralmente... a,b,c,d,e,e,f,g, etc. Em Bíblias tidas como ‘Bíblias de Estudos’ (Jerusalém, Peregrino, Vozes, TEB) essas letras também são usadas para referi-se a outros textos paralelos, de modo que ao termos uma dessas Bíblias e abrindo um texto em que encontremos essas situações, devemos ter bastante discernimento e experiência no uso da mesma. Além dos capítulos, versículos, uso de letras, os livros de nossas Bíblias estão organizadas por blocos bem precisos. Esses blocos nos ajudam num primeiro passo de interpretação e nos remete ao contexto em que foi escritos. São eles: os Livros do Pentateuco ou Lei (Torá); Livros Históricos; Livros Didáticos ouSapienciais; e Livros Proféticos. É importante o manuseio da Bíblia, isso é indispensável dizer, porém, precisamos também compreender e saber como se abrevia os livros e como se anota por escrito seus capítulos e versículos quando precisamos fazer uma anotação básica e rápida, e como encontrá- la mediante nossa escrita. Por isso, façamos um exercício básico. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 23 Abreviações, citações e sinais no uso da Bíblia Essas são as principais pontuações bíblicas, que normalmente usamos para manusear mais facilmente a Bíblia. Vírgula - separa capítulo de versículo. Ex: Dn 3,5 (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 5) Hífen - equivale ao "até". Ex: Dn 3,1-5 (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo de 1 até o versículo 5) Ponto - mostra versículos alternados. Ex: Dn 3,1.3.5 (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 1, versículo 3 e o versículo 5) O ponto e vírgula – para citar capítulos e versículos diferentes no mesmo livro. Ex.: Jo 3,23- 25; 6,1-4 (Evangelho de João, capítulo 3, versículos de 23 à 25 e capítulo 6, versículos de 1 à 4) Hífen seguida de vírgula - Uma citação como Gn 1,1-2,4ª, merece atenção. Note-se que depois do hífen existe outra vírgula. O número antes da vírgula e depois do hífen indica sempre o capítulo. Assim, a citação Gn 1,1-2,4ª está indicando o livro do Gênesis, do capítulo 1, versículo 1, até o capítulo 2, versículo 4a. "s"- mostra a continuação de um versículo. Ex: Dn 3,1s (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 1 e 2). "ss" - mostra a continuação de dois versículos. Ex: Dn 3,1ss (Livro de Daniel, capítulo 3, versículo 1, 2 e 3). Existem várias traduções da Bíblia no Brasil, e por isso, o modo mais prático de citar um texto não é pelo número da página, e sim pelo livro, seguido do capítulo e do versículo. Cada livro é citado usando-se uma abreviatura. A lista a seguir apresenta as abreviaturas dos livros bíblicos por ordem alfabética: Ab - Abdias Ag - Ageu Am - Amós Ap - Apocalipse At - Atos dos Apóstolos Br - Baruc Cl - Colossenses 1Cor - 1ª carta aos Coríntios 2Cor - 2ª carta aos Coríntios 1Cr - 1º livro das Crônicas 2Cr - 2º livro das Crônicas Ct - Cântico dos Cânticos Dn - Daniel Dt - Deuteronômio Ecl - Eclesiastes (Coélet) Eclo - Eclesiástico (Sirácida) Ef - Carta aos Efésios Esd - Esdras Est - Ester Ex - Êxodo Ez - Ezequiel Fl - Carta aos Filipenses Fm - Carta a Filemon Gl - Carta aos Gálatas Gn - Gênesis Hab - Habacuc Hb - Carta aos Hebreus Is - Isaías Jd - Carta de Judas Jl - Joel Jn - Jonas Jó - Jó Jo - Evangelho segundo João 1Jo - 1ª carta de João 2Jo - 2ª carta de João 3Jo - 3ª carta de João Jr - Jeremias Js - Josué Jt - Judite Jz - Juízes Lc - Evangelho de Lucas Lm - Lamentações Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 24 Lv - Levítico Mc - Evangelho de Marcos 1Mc - 1º livro dos Macabeus 2Mc - 2º livro dos Macabeus Ml - Malaquias Mq - Miquéias Mt - Evangelho de Mateus Na - Naum Ne - Neemias Nm - Números Os - Oséias 1Pd - 1ª carta de Pedro 2Pd - 2ª carta de Pedro Pr - Provérbios Rm - Carta aos Romanos 1Rs - 1º livro dos Reis 2Rs - 2º livro dos Reis Rt - Rute Sb - Sabedoria Sf - Sofonias Sl - Salmos 1Sm - 1º livro de Samuel 2Sm - 2º livro de Samuel Tb - Tobias Tg - Carta de Tiago 1Tm 1ª carta de Timóteo 2Tm - 2ª carta de Timóteo 1Ts - 1ª Tessalonicenses 2Ts - 2ª Tessalonicenses Tt - Carta a Tito Zc - Zacarias Conclusão É claro que precisamos aprender a manusear a Bíblia e isso só se faz fazendo. Porém, precisamos também como catequista, nos familiarizarmos com os seus conteúdos e saber qual o fio – da – meado que perpassa suas folhas. Sem sombras de dúvidas que esse fio condutor é a História da Salvação, da Revelação de Deus e do seu Projeto de Vida para nós. Apesar de o fio condutor da Bíblia seja a História da Salvação, a Revelação de Deus, isto não está claro e organizado de forma simétrica. O texto bíblico, o livro e a história estão organizados de uma maneira tal que é preciso bastante experiência e sutileza, para montar o quebra cabeça e encontrar o enredo de modo compreensível, com começo, meio e fim. Isto leva tempo, requer leitura, conhecimentos noutras áreas, paciência e fé, muita fé. Uma vez encontrado o caminho, tudo fica mais fácil e as leituras bastante compreensíveis e não nos assusta mais como antes. Daí porque precisamos conhecer aquelas ciências, aquelas ferramentas que nos ajuda na leitura e interpretação dos textos sagrados. Para conhecer a Bíblia corretamente é preciso estudá-la do jeito certo e nesse caso, ciências como a Teologia, a Geografia, a História, a Arqueologia, a Filosofia, a Exegese e a Hermenêutica são indispensáveis. Não é que tenhamos que saber tudo, mas ter noção, saber como funciona a ‘coisa’, possuir informações relevantes que nos facilita a compreensão do texto é importante. Para o grupo 1. Confira o índice de sua Bíblia, veja os livros e suas abreviaturas. 2. Confira o inicio de cada livro, verifique se eles tem introduções e notas que possam situar o livro e seus personagens no seu contexto próprio. 3. Pratique a escrita das citações e abreviaturas. Com o tempo você os decorar que nem percebera. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 25 CIÊNCIAS QUE AJUDA A COMPREEDER A BÍBLIA Introdução Não queremos aqui, dá uma de entendido, mestre ou doutor. Confessamos nossa ignorância e nossos limites. Apenas esse tema que trazer para cada um, aquelas informações e aquelas ferramentas que de alguma forma nos ajudam na abordagem do texto bíblico e lança luzes sobre a compreensão do mesmo, suscitando de nossa parte fé devota e testemunho comprometido. Então, para que possamos compreender a História da Salvação na vida do povo bíblico, e saber como estamos nós hoje, ligados a essa história, de modo a continuá-la, sendo protagonistas e deixar o futuro continuar ‘a bola da vez’, é preciso que tenhamos noção de pelo menos parte das seguintes áreas do conhecimento humano: História, Geográfia, Antropologia, Arqueologia, Teologia, Exegese e Hermenêutica. História O que é a história e quais ferramentas essa ciência oferece para o conhecimento bíblico? História é a ciência que estuda a vida e a trajetória humana através do tempo e do espaço, mediante à análise de eventos ocorridos. Os historiadores usam várias fontes de informação para guardar, interpretar, atualizar e registrar para o futuro os fatos históricos. Essas fontes no modo geral, como, por exemplo, são os escritos, gravações, entrevistas, contos, (História oral) e achados arqueológicos. A história, segundo o ponto de vista europeu, divide-se em dois grandes períodos: Pré- História e História. Hoje, a História tem várias divisões: Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. O estudo da história pode servir a diferentes finalidades, que variam conforme o ponto de vista de quem a interpreta. Diferentemente do passado bem distante, a História hoje, usa meios e conceitos que definem com mais precisão o “que é história” de fato cientificamente falando. No passado, o conceito de histórianão era tão importante e relevante como hoje, por isso mesmo que, em vez de contar a história, os escritores e seus leitores estavam mais preocupados com “o significado dos fatos” e como esse significado influenciava suas vidas. É o caso, por exemplo, do historiador bíblico. Ele não estava preocupado em registrar a história “cientificamente” como entendemos hoje, mas “contar o fato” já dando o significado para seu auditório, o povo de sua época. Com isso, o historiador do passado não estava inventando a história, ou mesmo por outro lado também, não a contava “a risca” “tal e qual” como aconteceu, com os critérios que temos hoje, mas conforme a mentalidade da época, registrava o fato, fazendo uma releitura interpretativa ao seu auditório. Por isso, quando se trata de estudarmos a Bíblia, devemos levar em conta essa informação para compreendermos o texto. Por outro lado também, devemos ter bem presente que, nem tudo também foi releitura e fatos interpretados, mas fato real. Daí porque o bom senso é uma ferramenta importante quando se trata de estudar a história, principalmente do período bíblico. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 26 Geografia A geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da Terra. Também estuda a relação entre o homem e o meio ambiente. Com ela o ser humano pode conhecer, compreender e planejar o espaço onde se vive. Ela compreende o homem como um organismo capaz de modificar consideravelmente a paisagem e as forças da natureza onde vive. A geografia depende muito de outras áreas do conhecimento (química, geologia, matemática, física, astronomia, antropologia, biologia) para obter informações básicas. Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagens, leituras e estudo de estatísticas. Os mapas são seu instrumento e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas, os geógrafos os atualizam graças às suas pesquisas especializadas, aumentando assim o nosso conhecimento geográfico. O homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos pré- históricos tinham de encontrar cavernas para morar e reservas regulares de água. Tinham também de morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Sabiam localizar os rastros dos animais e as trilhas dos inimigos. Usavam carvão ou argila colorida para desenhar mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais. Com o tempo, o homem aprendeu a lavrar a terra e domesticar os animais. Essas atividades o forçaram a prestar mais atenção ao clima e à localização dos pastos. Mas a extensão de seu conhecimento certamente não ia além da distância que podia percorrer e um dia. Da geografia podemos apreender a ler os mapas bíblicos, entender como funcionava o clima, o tempo e as épocas dos personagens. Podemos também conhecer melhor o significado de uma região, compreender alguns “eventos milagrosos”, como a “terra que corre leite e mel” tão cobiçada, cantada e disputada entre os povos bíblicos. Inclusive melhor compreender a andanças do povo pelo deserto, sua forma de vestir, certos costumes, festas e comidas típicas. A geografia ajuda muito na compreensão da geografia bíblica e nos abre pistas para uma melhor compreensão dos textos e dos mapas bíblicos. Antropologia Antropologia é a ciência preocupada em estudar o homem, a humanidade e a cultura. Ela tem um campo de investigação extremamente vasto: as populações socialmente organizadas. Para pensar as sociedades humanas, a antropologia preocupa-se em detalhar, tanto quanto possível, os seres humanos que as compõem e com elas se relacionam, seja nos seus aspectos físicos, na sua relação com a natureza, seja na sua especificidade cultural. Para o saber antropológico o conceito de cultura abarca diversas dimensões: universo psíquico, os mitos, os costumes e rituais, suas histórias peculiares, a linguagem, valores, crenças, leis, relações de parentesco, entre outros tópicos. Para a Bíblia, a antropologia ajuda na compreensão dos mitos, dos costumes, das lendas, dos ritos religiosos, da vida cotidiana no seu pensar e agir, na questão dos parentescos, na dinâmica da interação de Israel com os povos de Canaã. Para podermos compreendemos a cultura dos povos bíblicos, sua relação com a divindade, sua forma de se organizar em sociedade, sua maneira de conceber a vida, é preciso perguntar a antropologia, o que ela tem a nos dizer sobre a cultura da Palestina nos tempos antigos. Na medida em que vamos conhecendo a Bíblia, nas notas de roda pé, nas introduções dos livros já temos previamente bastantes informações. Para outras mais detalhadas se fazem necessários bons livros de introdução a bíblia, ou até mesmo, dicionário especializado, ou mesmo uma enciclopédia bíblica, que poderemos encontrar nas bibliotecas ou na internet. Caderno de formação catequética | www.bibliaecatequese.com Página | 27 Arqueologia Arqueologia é a ciência que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais. É uma ciência social, isto é, que estuda as sociedades, podendo ser tanto as que ainda existem, quanto as já extintas, através de seus restos materiais, sejam estes móveis (como por exemplo, um objeto de arte) ou objetos imóveis (como é o caso das estruturas arquitetônicas). Incluem-se também no seu campo de estudos as intervenções feitas pelo homem no meio ambiente. A investigação arqueológica relaciona-se fundamentalmente à pré-história e às civilizações da antiguidade. A investigação não é só a recolha de artefatos durante uma escavação ou somente a pesquisa bibliográfica, o contacto humano também é muito importante. Uma investigação arqueológica começa pela investigação bibliográfica ou, em alguns casos, pela prospecção, que faz parte do levantamento arqueológico. Há uma grande diferença entre prospecção e sondagem, a primeira é para o levantamento e a segunda é o que dá inicio a escavação propriamente dita. Essa ciência ajuda a compreender a vida social de Israel e dos povos de Canaã, bem como alguns textos bíblicos, através dos objetos, tantos pessoais quanto coletivo. Com ela, podemos compreender, por exemplo, o porquê da arquitetura do templo salomônico e sua importância na região e em toda Canaã. Os ídolos tidos como deuses, ou mesmo até ter noção de como era os costumes e o cotidiano do povo. Saber que valor tinha os objetos e de que material era feito, podendo datar uma época mais precisa. Podemos anda entender com suas analises, o valor econômico de um objeto e se o seu dono era rico ou pobre, escravo ou livre. Assim teremos uma noção da sociedade e das expressões culturais, arquitetônica, econômica, social e política. Essa contribuição e tantas outras da arqueologia poderemos achar nos dicionários, enciclopédias, como também, nos pequenos quadros de informações existentes no final de nossas bíblias. Teologia Teologia no sentido literal é o estudo sobre Deus. Porém, partindo do princípio de que não é possível estudar Deus diretamente, podemos intuir que "Teologia" é o estudo das manifestações de Deus e da relação humana com Ele. No cristianismo, isso se dá a partir da Vida e da Bíblia. Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a Teologia é organizada segundo os dados da revelação e da experiência humana. Esses dados são organizados no que se conhece como Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática. Porém a Teologia moderna está organizada em vários ramos, Social, Bíblico, Doutrinal, Gênero, Antropológico,
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