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GRADUAÇÃO
 2014.2
TCC II
ELABORAÇÃO DE PROJETO
AUTORA: LUCI OLIVEIRA
Sumário
TCC II — Elaboração de projeto
APRESENTAÇÃO DO CURSO .................................................................................................................................... 3
UNIDADE I — O PROJETO DE PESQUISA — ELEMENTOS ESSENCIAIS ............................................................................... 5
UNIDADE II — CONDUÇÃO DA PESQUISA E COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 26
UNIDADE III — EXEMPLOS DE PROJETO DE PESQUISA ................................................................................................ 40
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 3
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
A graduação em Direito prevê como um dos componentes curriculares 
obrigatórios a entrega de um trabalho de conclusão de curso (TCC). 
Esse trabalho deve ser realizado em uma das áreas de especialização: (i) Ad-
vocacia Pública e Poder Judiciário; (ii) Advocacia Empresarial ou (iii) Rela-
ções Internacionais e Direito Global. E pode ser entregue em formato escrito 
(monografi a, artigo científi co, parecer jurídico, projeto de lei) ou audiovisual 
(fi lme jurídico). As normas sobre o TCC devem ser consultadas no Manual 
de Apresentação de Trabalhos escritos da FGV Direito Rio1.
A disciplina de metodologia do Trabalho de Conclusão de Curso tem por 
objetivo auxiliar o aluno no planejamento, organização e desenvolvimento 
do TCC. 
No aspecto de planejamento o foco está na elaboração do projeto de pes-
quisa que dará origem ao trabalho de conclusão de curso. 
O projeto de pesquisa consiste em uma proposta do que o aluno pretende 
realizar, uma carta de intenções bem fundamentada, visando demonstrar o 
que se objetiva fazer (qual o tema de pesquisa e o que interessa o aluno nesse 
tema, ou seja, qual é o problema ou quais são as questões e aspectos que dese-
ja tratar); com base em que (qual é a discussão corrente, ou seja, o referencial 
teórico que permeia a discussão), para que fazer (qual é a meta e o objetivo 
que se alcançará com a realização da pesquisa), porque é importante fazê-lo 
(a justifi cativa ou relevância do que está sendo proposto), como se fará (qual 
metodologia será empregada) e quando (cronograma das etapas a serem re-
alizadas).
Além dos seis pontos listados acima, é preciso demonstrar que a execução 
do projeto é possível, e que a pesquisa é factível e viável (ou seja, há informa-
ção sufi ciente e disponível para a pesquisa, o aluno tem acesso aos recursos 
necessários para a pesquisa, em termos de tempo, conhecimento da literatu-
ra, etc.).
Nos aspectos de organização e desenvolvimento, o foco está nos elementos 
formais e metodológicos da pesquisa que será executada, concretizando-se no 
TCC. Trataremos dos cuidados na condução da pesquisa e na comunicação 
dos seus resultados.
Este material didático serve de apoio para o curso, visando orientar o alu-
no na elaboração do seu projeto de pesquisa e no desenvolvimento e comuni-
cação do trabalho fi nal, resultado dessa pesquisa. O material está estruturado 
em três unidades:
I. O projeto de pesquisa — elementos essenciais
II. Condução da pesquisa e comunicação dos resultados 
III. Exemplos de projeto de pesquisa
1. O manual pode ser obtido na coorde-
nação de TCC ou no site da FGV Direito 
Rio: http://academico.direito-rio.fgv.
br/ccmw/images/7/78/TCC-_Manu-
al_de_Trabalhos_Escritos.pdf 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 4
É importante frisar que o objetivo do trabalho de conclusão de curso é 
a produção de conhecimento jurídico-acadêmico, resultado da condução 
de pesquisa acadêmica, que pode ou não ter ênfase na aplicação prática. O 
que se espera do aluno é que ele demonstre suas habilidades de investigação, 
leitura, pensamento crítico e redação (aos que optarem pelo fi lme jurídico 
também será exigido um projeto de pesquisa no qual justifi que sua escolha), 
assim como domínio de técnicas de coleta, análise e interpretação de dados, 
uso de fontes de informação, e evidencie domínio do tema em que se insere 
seu TCC
Apesar da atividade de pesquisa ser comum tanto na vida acadêmica, 
quanto na atividade prática profi ssional, a metodologia, a linguagem e as 
técnicas que guiam a pesquisa nesses dois âmbitos tendem a ser diferentes. 
Como nos lembra Lee Epstein e Gary King (2002), a diferença entre o 
advogado praticante e o acadêmico é que o advogado praticante busca defen-
der uma causa ou tese, ele é o “advogado da hipótese”, que procura acumular 
todas as provas e evidências para comprovar a sua hipótese e desviar a atenção 
de qualquer coisa que possa ser vista como uma informação contraditória. Já 
o advogado acadêmico busca testar uma hipótese — e testar implica em que 
tal hipótese possa ser comprovada ou derrubada. Assim, o advogado acadê-
mico busca submeter a sua hipótese a todos os testes e fontes de dados possí-
veis, procurando inclusive provas e evidências contrárias a ela2. 
Com isso, no trabalho de conclusão de curso espera-se que o aluno realize 
uma pesquisa acadêmica, tendo por base procedimentos racionais e sistemáti-
cos, com o objetivo de proporcionar respostas aos problemas propostos, partin-
do de uma abordagem de caráter problematizante e investigativo (Gil, 2002)3.
Para ter êxito na realização da pesquisa e na conclusão do TCC, a postura 
que recomendamos aos alunos é a mesma que Gil (2002: 18) ressalta nos 
bons pesquisadores: “conhecimento do assunto a ser pesquisado; curiosida-
de; criatividade; integridade intelectual; atitude autocorretiva; sensibilidade 
social; imaginação disciplinada; perseverança e paciência e confi ança na ex-
periência”.
Esse material foi elaborado com base na experiência da autora em cursos 
de metodologia de pesquisa, e em artigos e livros recomendados abaixo para 
leitura e consulta:
• ADEODATO, João Maurício (1999). Bases para uma metodologia 
da pesquisa em Direito. REVISTA CEJ, Brasília, Centro de Estudos 
Judiciários do Conselho da Justiça Federal, vol. 3, nº 7, jan./abr.
• COURTIS, Christian. (Org.). (2006). Observar la ley - Ensayos 
sobre metodología de la investigación jurídica. Madrid: Editorial 
Trotta, v. 1. 
• GIL, Antônio Carlos. (1999). Pesquisa Social. São Paulo, Atlas.
2. EPSTEIN, Lee & Gary King (2002). 
“The Rules of Inference”. University of 
Chicago Law Review. 69 (1): 1-133. 
Disponível em http://epstein.law. 
northwestern.edu/research/rules.pdf 
(acesso em 20/04/2012)
3. GIL, Antonio Carlos (2002). Como ela-
borar projetos de pesquisa. São Paulo: 
Atlas. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 5
• LOPES, José Reinaldo Lima. (2006). Regla y compás. In Observar la 
ley, ed. C. Courtis. Madrid: Editorial Trotta.
• MCCONVILLE, Mike e CHUI, Wing Hong (2007). Research me-
thods for law. Edinburgh: Edinburgh University Press.
• OLIVEIRA, Luciano (2004), “Não Fale do Código de Hamurabi”. 
In: Sua Excelência o Comissário e outros ensaios de sociologia jurídi-
ca. Rio de Janeiro, Letra Legal 7. 
Uma observação se faz necessária ao documento que segue: não é reco-
mendado em trabalhos acadêmicos do tipo monografi a, artigo científi co, 
dissertação ou tese, a utilização de citações e transcrições de textos longas, 
como muitas utilizadas neste material didático. Aqui se utiliza desse recurso 
de forma didática, para pontuar argumentos importantes elaborados por de-
terminados autores, visando auxiliar alunos e pesquisadores no processo de 
condução de uma pesquisa.
UNIDADE I
O PROJETO DE PESQUISA — ELEMENTOS ESSENCIAIS
Nesta unidade, trataremos do desenho do projeto de pesquisa. Abordare-
mos sete aspectos:
1) O projeto de pesquisa e sua estrutura
2) A escolha e a delimitação do tema 
3) A questão de interesse ou problema de pesquisa
4) Tipo de pesquisa emetodologia
5) Justifi cativa, objetivo e hipótese
6) Marco teórico
7) Forma de entrega 
1) O projeto de pesquisa e sua estrutura
O projeto de pesquisa é o documento no qual se delineia o planejamento 
da pesquisa a ser executada para a realização do TCC. O objetivo do projeto é 
traçar o caminho intelectual, teórico e prático do processo de pesquisa. É um 
plano de ação, indicando o que se quer pesquisar, qual objetivo pretende-se 
atingir, a relevância de realização da pesquisa, a modalidade de pesquisa e os 
procedimentos de coleta e análise de dados, assim como a previsão da forma 
de apresentação dos resultados. O projeto deve trazer, ainda, um planejamen-
to temporal de execução das diversas etapas da pesquisa, o cronograma, e a 
indicação de uma bibliografi a inicial pertinente ao problema a ser pesquisado.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 6
Não há uma estrutura rígida para a elaboração de projetos de pesquisa. 
Conforme atenta Antonio Carlos Gil (2002), a estrutura do projeto é de-
terminada em grande parte pela natureza do problema a ser pesquisado e 
também pelo estilo do pesquisador (o autor do projeto). 
Qualquer que seja a estrutura que o autor adote, é necessário que o projeto 
permita responder às seguintes perguntas: 
• O que se quer fazer? (tema e problema de pesquisa)
• Com base em que? (referencial teórico no qual o problema de pes-
quisa se insere)
• Por quê? (justifi cativa da pesquisa)
• Para quê e para quem? (objetivos gerais e específi cos da pesquisa)
• Como e com o quê? (metodologia da pesquisa)
• Quando? (planejamento das etapas — cronograma)
Além destas seis perguntas, é importante considerar no aspecto metodoló-
gico quais são os recursos necessários para a execução da pesquisa, pensando 
em termos de sua viabilidade: disponibilidade de materiais, possibilidade de 
acesso às informações, tempo a ser dedicado na execução da pesquisa, orça-
mento, etc.
Uma possibilidade de estrutura para o projeto de pesquisa, tida como 
clássica em diversas áreas do conhecimento, é a que organiza os elementos 
essenciais do projeto em pré-textuais (capa, folha de rosto, sumário, título, 
dados de identifi cação do projeto), textuais (introdução; objetivos; referen-
cial teórico; metodologia; plano de exposição; cronograma) e pós-textuais 
(referências bibliográfi cas e anexos). Abaixo especifi camos o que cada um 
desses tópicos deve conter (nos itens A-L).
A. CAPA E FOLHA DE ROSTO
A instituição para a qual o projeto será apresentado usualmente tem um 
modelo de capa e folha de rosto. No caso do projeto de TCC, a FGV Direito 
Rio indica um modelo a ser seguido, que pode ser consultado no Manual de 
Trabalhos Escritos. Basicamente contém o nome da instituição, o título do 
trabalho, o nome do autor e do professor orientador, assim como local e data.
B. SUMÁRIO 
O sumário enumera as divisões do texto (tópicos, seções ou capítulos), 
indicando a ordem e paginação na qual aparecem no trabalho. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 7
C. TÍTULO
O título deve comunicar o teor do trabalho, ou seja, a área de estudo e o 
assunto de que trata a pesquisa. Ele deve ser abrangente, mas sintetizar o con-
teúdo da pesquisa. Uma dica é utilizar um subtítulo para delimitar melhor o 
assunto trabalhado. 
D. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Área de especialização da FGV Direito Rio: (i) Advocacia Empresarial; 
(ii) Advocacia Pública e Poder Judiciário ou (iii) Relações Internacionais e 
Direito Global)
Área de pesquisa (tabela de áreas do conhecimento CNPq: Direito Civil, 
Direito Internacional, Direito Privado, Direito Constitucional, etc.)
Forma de entrega: (i) monografi a; (ii) artigo científi co; (iii) projeto de lei; 
(vi) parecer jurídico; (v) fi lme jurídico.
E. INTRODUÇÃO
A introdução contempla quatro elementos do projeto de pesquisa: (i) o 
tema e sua delimitação; (ii) o problema de pesquisa; (iii) a hipótese e (iv) a 
justifi cativa. 
O texto da introdução é escrito de forma a enunciar o assunto sobre o qual 
o trabalho vai tratar, demarcando a extensão e a profundidade que se pretende 
empregar no desenvolvimento desse tema, delimitando-o em termos de tempo 
e espaço. Na sequência, indica-se especifi camente o que nesse tema é do inte-
resse do autor, ou seja, qual é a pergunta (ou perguntas) que se quer responder. 
E para guiar o desenvolvimento da pesquisa, é comum indicar uma pré-solução 
ou resposta possível ao problema levantado, ou seja, elaborar uma hipótese (ou 
hipóteses) de pesquisa. Em algumas pesquisas as hipóteses não estão explici-
tadas, mas é possível estabelecer hipóteses subjacentes. E por fi m, essa seção 
introdutória traz a justifi cativa para a pesquisa, ou seja, as razões que motivam 
o estudo (qual a importância de realizar o estudo proposto, qual a contribuição 
que trabalho trará - teórica, prática, etc.). Na justifi cativa é esperado que se liste 
argumentos que indiquem que a pesquisa é signifi cativa e relevante.
F. OBJETIVOS
Os objetivos indicam os propósitos da pesquisa, o que se pretende alcan-
çar (metas). É comum dividir a seção de objetivos em geral e específi cos. O 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 8
objetivo geral indica o resultado principal que se espera da pesquisa, e os 
objetivos específi cos indicam pontos que o trabalho discutirá. Uma recomen-
dação usual é que na exposição dos objetivos se utilize verbos no infi nitivo: 
esclarecer, defi nir, procurar, permitir, demonstrar, etc. 
G. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico - também chamado de revisão da bibliografi a ou da 
literatura, embasamento teórico, pressupostos teóricos, estado da arte, entre 
outras designações — refere-se a contextualização do problema em uma dis-
cussão e debate mais amplos. A ideia aqui é que o aluno faça uma compilação 
crítica dos principais trabalhos no assunto que pretende discutir no TCC, 
demonstrando que tem familiaridade com os pressupostos e conceitos teó-
ricos pertinentes ao seu problema de pesquisa. O referencial teórico auxilia 
na fundamentação teórica do trabalho (indicando quem são os principais 
autores ou doutrinadores nessa área e qual a linha que a pesquisa seguirá). É 
um levantamento prévio do que já foi publicado sobre o assunto, auxiliando 
na identifi cação das lacunas e respostas que ainda precisam ser dadas nesse 
tema. Entre suas principais funções está ser um histórico sobre o tema, uma 
atualização da área, servindo como fonte de respostas aos problemas formu-
lados (hipóteses) e evitando a repetição de trabalhos já feitos. Note que não 
se espera que o aluno faça uma busca exaustiva da literatura, pois esta busca é 
parte do próprio trabalho de pesquisa. Mas na redação do projeto, espera-se 
uma leitura básica inicial, que de conta das principais categorias e conceitos 
que servirão de fundamento para o desenvolvimento da pesquisa.
H. METODOLOGIA
Este tópico trata do caminho que será seguido para responder a questão 
proposta, quais ferramentas serão adotadas para responder ao problema de 
pesquisa. Aqui o aluno deve indicar basicamente o tipo de pesquisa que re-
alizará (doutrinária, empírica, mista), o tipo de dados e informações com os 
quais trabalhará e a forma de coleta e análise destas informações (indicando 
as fontes de dados, técnicas de coleta e operacionalização e análise de dados). 
É importante frisar que a escolha da metodologia depende fundamentalmen-
te da natureza e escopo do problema de pesquisa. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 9
I. PLANO DE EXPOSIÇÃO 
O plano de exposição nada mais é do que a previsão de sumário que o 
trabalho de curso irá seguir. Nesse tópico o aluno apresenta uma estrutura 
provisória do TCC, indicando as divisões de capítulo, sub-capítulos e seções 
que o futuro trabalho deve contemplar. 
Abaixo um exemplo de plano deexposição extraído do projeto de TCC de 
Jordana Righeti, apresentado no primeiro semestre de 2011, como requisito 
para a disciplina de TCC1.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 10
PLANO DE EXPOSIÇÃO
Inicialmente, o Parecer será composto por uma Ementa, um Relató-
rio da consulta efetuada, e objeto do TCC, a Fundamentação Jurídica 
com base em normas, jurisprudência e entendimentos doutrinários so-
bre questões que envolvam Licenciamento Ambiental, mais especifi ca-
mente de uma empresa de siderurgia. Ao fi nal, haverá uma Conclusão 
sobre os principais aspectos abordados e relevantes para a consulta.
 
EMENTA
RELATÓRIO
1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1.1. COMPETÊNCIA PARA LICENCIAR
1.2. TIPOS DE LICENÇA
1.2.1. LICENÇA DE PRÉ-OPERAÇÃO
2. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
2.1. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
2.2. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO
2.3. OUTORGA DE USO DE ÁGUA
2.4. COGERAÇÃO DE ENERGIA (TERMOELÉTRICA)
2.5. MUDANÇAS CLIMÁTICAS
2.6. ENTREVISTAS MP E EMPRESAS
3. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
3.1. DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
3.2. FILTROS DE EMISSÃO DE POLUENTES
4. JURISPRUDÊNCIA
5. OUTROS CUIDADOS A SEREM TOMADOS PELO EM-
PREENDEDOR
CONCLUSÃO
Em cada item, e ao longo de todo o Trabalho, serão abordadas as res-
postas para as seguintes perguntas: (i) qual o fato? (ii) quais as regras apli-
cáveis ao fato? (iii) como as regras são aplicadas ao fato? e (iv) conclusão.
J. CRONOGRAMA
O cronograma consiste na apresentação da sequência de etapas da inves-
tigação ao longo do tempo. Ele traz a identifi cação de cada etapa (revisão 
da literatura, coleta de dados, análise de dados, redação dos capítulos, etc.), 
assim como o tempo demandado para sua conclusão. Usualmente o crono-
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 11
grama é apresentado em forma de matriz de atividades, sendo que nas linhas 
encontram-se discriminadas as atividades e nas colunas o tempo (a unidade 
de referencia comum é mês). 
Exemplo de cronograma
K. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Neste tópico devem estar arroladas todas as obras, documentos e fon-
tes citados na elaboração do projeto. As referências bibliográfi cas devem ser 
construídas com base nas regras da ABNT.
L. ANEXOS
Neste tópico devem ser inseridos documentos citados que sejam relevantes 
para a compreensão do projeto (um projeto de lei, um parecer, etc.), ou ainda 
instrumentos de coleta de dados que se pretenderá usar (por exemplo, o ques-
tionário ou o roteiro de entrevista). Não é obrigatório haver anexo no pro-
jeto, mas caso haja ele deve vir ao fi nal, depois das referências bibliográfi cas. 
2) A escolha e a delimitação do tema
O processo de pesquisa no Direito, assim como em qualquer área do co-
nhecimento, começa a partir da escolha de um tema que se quer investigar. 
Alguns fatores a serem considerados na escolha de um tema são:
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 12
a) Afi nidade e familiaridade com a área de pesquisa escolhida;
b) Interesse pessoal ou gosto pelo assunto a ser trabalhado;
c) Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa;
d) Relevância do tema, novidade, oportunidade, originalidade;
e) Recursos disponíveis para a realização do trabalho de pesquisa.
Exemplos de tema de pesquisa são:
• Acesso à justiça
• Recuperação judicial de empresas
• Processo decisório no judiciário
• Concorrência e atos de concentração
• Meios alternativos de solução de confl itos
• Criminalização do aborto
• Princípio da insignifi cância
• Reforma do judiciário
• Privacidade na internet
• Responsabilidade civil da administração pública 
Uma boa sugestão para a escolha dos temas é a leitura de periódicos cien-
tífi cos para acompanhar os trabalhos que estão sendo realizados na área de 
pesquisa que você elegeu como de interesse.
Caso você não saiba em quais revistas pesquisar, uma boa dica é consultar 
a tabela de periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Nível Superior) para a área do Direito4. Outra dica é consultar Con-
gressos na área do Direito, sendo que no Brasil um dos principais congressos 
voltado para estudantes de graduação e pós-graduação é o CONPEDI (Con-
selho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito)5.
Além de periódicos científi cos e anais de congressos, uma boa fonte de 
inspiração temática são os portais jurídicos (Conjur, Jus Navegandi, etc.), e 
os jornais (Valor, Folha de S. Paulo, O Globo, etc. - que possuem colunistas 
voltados a cobrir aspectos do mundo jurídico). 
Após escolher o tema, o passo seguinte é delimitá-lo, ou seja, especifi car 
o aspecto desse tema que se pretende estudar. É preciso delimitar o tema no 
sentido de restringir o campo de investigação sob o ponto de vista de tempo 
e espaço, mas também de características e aspectos de interesse. Por exemplo, 
no caso do tema de acesso à justiça, posso perguntar sobre a utilização dos 
juizados especiais cíveis no Rio de Janeiro, nos últimos dez anos. No caso da 
recuperação judicial de empresas, posso me interessar pelos efeitos da mu-
dança legislativa de 2005 em casos de recuperação judicial de empresas. E no 
caso de processo decisório no judiciário, posso delimitar a partir do processo 
decisório no Supremo Tribunal Federal em casos de judicial review, desde a 
Constituição de 1988.
4. A tabela Qualis Capes para a área do Di-
reito pode ser acessada pelo link http://
qualis.capes.gov.br/arquivos/avaliacao/
webqualis/criterios2010_2012/Crite-
rios_Qualis_2011_26.pdf 
5. Os anais do Conpedi podem ser con-
sultados pelo link: http://www.conpe-
di.org.br/ 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 13
João Maurício Adeodato (1999)6 recomenda cinco estratégias para delimi-
tar um tema jurídico: (i) por assunto (“A dispensa abusiva no contrato de tra-
balho”); (ii) por autor (“O conceito de legitimidade em Hannah Arendt”); 
(iii) por circunscrição temporal (“Evolução do concubinato na segunda me-
tade do século XX”); (iv) por circunscrição espacial (“Ações de despejo na 
Comarca de Escada”) e (v) por referência expressa a aspecto específi co do 
Direito positivo (“O princípio da nacionalidade na Lei de Introdução ao 
Código Civil de 1916”).
O passo seguinte à delimitação do tema é a formulação do problema, ou 
seja, a problematização desse tema e a escolha da questão a ser respondida. 
3) A questão de interesse ou problema de pesquisa
Segundo José Reinaldo de Lima Lopes (2006)7, o ‘problema’ é o motor de 
uma pesquisa. “Não há verdadeira pesquisa sem que haja um problema a ser 
resolvido. E isto é o que é mais difícil no trabalho acadêmico: ‘construir’ um pro-
blema. Para isto, é preciso que o investigador tenha certa curiosidade, tenha dú-
vidas, encare o mundo, e o mundo do direito neste caso, como algo intrigante”.
O problema de pesquisa é formulado como uma pergunta para facilitar o 
desenvolvimento da pesquisa. Esse procedimento facilita a identifi cação do 
que efetivamente se deseja pesquisar. Por exemplo, no interesse em estudar o 
tema do “acesso à justiça”, delimitamos para “a utilização dos juizados espe-
ciais cíveis no Rio de Janeiro, nos últimos dez anos”. Uma forma de transfor-
mar esse tema em problema de pesquisa seria perguntar: “A instalação dos 
juizados especiais cíveis no Rio de Janeiro contribuiu para a ampliação do 
acesso à justiça da população mais carente?”
Outro exemplo, o tema de recuperação de empresas, poderia ser transfor-
mado em problema de pesquisa a partir da seguinte pergunta: “A mudança 
legislativa que ocorreu no processo de recuperação de empresas no Brasil em 
2005 levou à redução signifi cativa do número de falências no Brasil?”
No tema do processo decisório no STF, pode-se formular a seguinte per-
gunta: “quais são os fatores de maior impacto no direcionamento das decisões 
do Supremo Tribunal Federal em casos de ADI no período de 1988 a 2009?”.Segundo Gil (2002), “por se vincular estreitamente ao processo criativo, a 
formulação de problemas não se faz mediante a observação de procedimentos 
rígidos e sistemáticos. No entanto, existem algumas condições que facilitam 
essa tarefa, tais como: imersão sistemática no objeto, estudo da literatura 
existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática 
no campo de estudo” (Gil, 2002: 26).
6. Adeodato, João Maurício (1999). Ba-
ses para uma metodologia da pesquisa 
em Direito. REVISTA CEJ, Brasília, Centro 
de Estudos Judiciários do Conselho da 
Justiça Federal, vol. 3, nº 7,  jan./abr.
7. LOPES, José Reinaldo Lima. (2006). 
Regla y compás. In Observar la ley, ed. 
C. Courtis. Madrid: Editorial Trotta. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 14
Portanto, recomendamos que uma vez defi nido o tema de pesquisa, o 
aluno converse com seu orientador e faça pesquisa prévia na temática, lendo 
artigos e pesquisando na bibliografi a o que já foi feito sobre esse tema. 
Charles Ragin (1994)8 propõe um modelo analítico que ajuda a delimi-
tar o tema e encontrar um problema de pesquisa. Segundo o autor são dez 
as questões que se deve fazer ao seu tema ou objeto de estudo para ajudar a 
encontrar um problema e desenvolver uma pesquisa:
1) Isso é um caso de que tipo? 
2) Quais são as questões envolvidas? 
3) Quais os problemas que suscita? 
4) Qual a importância disso? 
5) O que já foi dito e pesquisado sobre isso? 
6) Quais são as comparações relevantes? 
7) Quais são as características relevantes? 
8) O que está faltando? 
9) Quais respostas é preciso dar? 
10) Quais perguntas devem ser feitas para se chegar a essas respostas? 
Formular um problema de pesquisa não é simplesmente fazer uma per-
gunta qualquer. A pergunta de pesquisa não é qualquer pergunta. Algumas 
condições são necessárias para sua elaboração. 
Recomenda-se primeiro formular para o seu tema perguntas básicas e sim-
ples: Como são as coisas? Quais suas causas? Quais suas consequências? 
Dado este diagnóstico, o que fazer? E se essas perguntas ainda não tiverem 
sido satisfatoriamente respondidas para o seu tema em questão, elas se ofere-
cem como boas estratégias de pesquisa. 
Caso essas perguntas já tenham sido satisfatoriamente respondidas, então 
a sugestão é avançar para outras questões, mas tendo em mente alguns cui-
dados. Gil (2002) afi rma que uma boa pergunta de pesquisa atende a três 
condições básicas: clareza, exequibilidade e pertinência.
O problema, ou pergunta de pesquisa, deve ser claro e preciso (ou seja, 
não deve ser vago). Por exemplo, um iniciante em pesquisa poderia per-
guntar: “Como funciona a mente do juiz?” Mas como afi rma Gil, esse tipo de 
problema não pode ser proposto porque não está claro ao que se refere. 
O problema deve ser realista (em termos dos recursos pessoais, materiais 
e técnicos necessários para sua solução) e deve ser suscetível de solução. Não 
deve ser moralizador (ou seja, não deve tratar de valores: bom ou mau, de-
sejável ou indesejável, certo ou errado). E não deve induzir a uma resposta a 
priori — lembrando que a pesquisa acadêmica é diferente de uma petição. 8. RAGIN, Charles (1994). Constructing 
Social Research: The Unity and Diversity 
of Method. Pine Forge Press. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 15
Rafael Mafei Rabelo Queiroz (2011)9 indica três exemplos de como trans-
formar um assunto (tema) em um problema de pesquisa. Segundo Queiroz, 
um bom problema de pesquisa jurídica pode: (1) buscar uma resposta nova 
para uma velha pergunta; (2) buscar organizar e sistematizar algo que está 
confuso ou (3) determinar o signifi cado jurídico de algo novo. 
Para exemplifi car o primeiro caso ele parte de uma velha questão, a ideo-
logia da decisão judicial. São inúmeros os estudos e argumentos procurando 
demonstrar um viés ideológico nas decisões dos juízes. Queiroz cita como 
exemplo uma pesquisa de 200510 que levantou a hipótese, a partir da realiza-
ção de entrevistas com magistrados brasileiros, de que o Judiciário tenderia a 
desrespeitar cláusulas contratuais e dispositivos legais para favorecer o litigan-
te economicamente mais fraco e, assim, fazer “justiça social”. Essa hipótese 
foi tratada como verdadeira por muito tempo, até que em 2010 um grupo de 
pesquisadores resolveu testá-la empiricamente. 
Nas palavras desses pesquisadores, “Diferente dos estudos anteriores, estas 
evidências foram procuradas não em pesquisas de opinião e de atitude, mas 
através do estudo de decisões judiciais em diversas áreas” (Ferrão e Ribeiro, 
2010)11. Os autores analisaram 181 decisões tomadas pelo judiciário entre 
2004 e 2005 e concluíram que os litigantes economicamente mais fortes têm 
45% mais chances de saírem vitoriosos em uma disputa judicial do que os 
mais fracos, em casos iguais. Ou seja, a partir de um enfoque metodológico 
diferente para uma mesma questão, chegaram a uma resposta diferente. 
Para o segundo caso, Queiroz exemplifi ca com a análise de sucessões legis-
lativas pouco claras no país. Toma como exemplo o regime de juros vigente 
no Brasil e formula a pergunta: a Lei da Usura foi ou não revogada pelo Có-
digo Civil de 2002?
E por fi m, exemplifi ca um caso em que se busca determinar o signifi ca-
do jurídico de algo novo. Parte do exemplo do surgimento do jogo virtu-
al Second Life, descrevendo que nesse mundo virtual havia empresas reais 
anunciando produtos verdadeiros em outdoors virtuais (anúncios de roupas, 
perfumes, eletrônicos, automóveis, etc.). A pergunta que poderia surgir, dado 
esse fato naquele momento novo, é: os outdoors virtuais devem ser conside-
rados como outdoors reais para fi ns jurídicos, havendo a incidência de ISS 
por prestação de serviços publicitários?
Queiroz chama atenção para a diferença na formulação desses problemas 
como perguntas, e como seria se fossem formulados de forma tradicional, 
como assuntos: “Da ideologia da decisão judicial”, “Dos juros”, e “Da tribu-
tação da publicidade na Internet”. Ou seja, nesse formato mais “tradicional”, 
pouco se sabe do que o autor vai tratar. Queiroz dá ainda um exemplo de 
como partir de um tema muito debatido e encontrar novas formas de abordá-
lo, imprimindo originalidade ao trabalho. Utiliza como exemplo o instituto 
9. QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo. 
(2011). Artigo Científi co: Concepção, 
Temas, Métodos e Técnicas. BePress 
Selected Works. Disponível em: http://
works.bepress.com/rafaelmafei. 
10. ARIDA, Pérsio; BACHA, Edmar e RE-
SENDE, André Lara. “Credit, interest, 
and jurisdictional uncertainty: Con-
jectures on the case of Brazil”, Rio de 
Janeiro: IEPE/CdG, Texto para Discussão 
n.2, 2003, Publicado em GIAVAZZI. F.; 
GOLDFAJN, I; HERRERA, S. (orgs.); Infl a-
tion targeting, debt, and the Brazilian 
experience, 1999 to 2003. Cambridge, 
MA: MIT Press, may 2005.
11. FERRÃO, Brisa L. M.; RIBEIRO, Ivan 
C. (2010) “Os Juízes Brasileiros Favore-
cem a Parte Mais Fraca?”. UC Berkeley: 
Berkeley Program in Law and Econo-
mics.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 16
da repercussão geral instituído pela Emenda Constitucional 45 de 2004, já 
exaustivamente debatido pela doutrina desde sua aprovação.
Assim, um trabalho intitulado, digamos, “Da repercussão geral”, que se limi-
te a descrever as principais posições doutrinárias e jurisprudenciais a este respei-
to, pouco acrescentaria a este tema já muito discutido. Mas isso não quer 
dizer que nenhum trabalho original e criativo possa ser feito tendo a repercussão 
geral por assunto, pois sempre haverá formas originais de se revisitar um 
tema, por mais repisado que seja: como, empiricamente, o Supremo Tribu-
nal Federal tem avaliado a repercussão geral nos casos por ele analisados? Pelo 
valor da causa? Pela qualidade das partes? Pela importância daquestão política 
de fundo? Os ministros têm, todos, pensamentos iguais nesse sentido? Como 
é possível explicar semelhanças e diferenças em seus votos? Há variações confor-
me o tipo de matéria tratada? Note-se que se trata de o mesmo assunto abordado 
de outra forma — com outra metodologia, leia-se —, um tanto mais original 
do que a costumeira abordagem exegética, que se limita a falar da natureza 
jurídica do instituto, da intenção do legislador etc. Pode-se ainda pensar 
em outras tantas formas de abordagem desse mesmo instituto: ao invés 
de uma pesquisa empírica de jurisprudência, por que não fazer uma ava-
liação comparada da norma criada pela Emenda 45 com outras congêneres de 
jurisdições estrangeiras, como o writ of cert da Suprema Corte dos EUA? Quais 
são os critérios utilizados pela corte suprema norte-americana para escolher os 
recursos que julgará? Seriam eles comparáveis à “repercussão geral” que a 
Emenda 45 pretendeu criar? Por que sim, ou por que não? É possível, a partir 
disso, extrair conclusões sobre o papel institucional do tribunal supremo 
dentro do sistema político-jurídico de cada um dos países? Que papéis seriam 
estes, da Suprema Corte e de nosso Supremo Tribunal Federal? Estaríamos aqui, 
como se percebe, diante de uma pesquisa com nuances de direito comparado 
que, a despeito de revisitar um assunto já batido, de forma alguma padeceria de 
falta de criatividade. (Queiroz, 2011: 10).
Outra forma de pensar a elaboração do problema de pesquisa é verifi car 
se ele é descritivo-exploratório ou propositivo. Um problema descritivo-
exploratório visa descrever as características de determinada população ou 
fenômeno, ou estabelecer relações entre variáveis, se propondo a responder 
a pergunta do tipo “‘o quê, qual, quais’”. Já um problema propositivo visa 
ir além do diagnóstico descritivo e fornecer uma resposta, uma solução ou 
reformulação.
Fecho este tópico com outros dois exemplos de problema de pesquisa 
identifi cados por José Reinaldo Lima Lopes (2006)12 como bons exemplos:
Um exemplo de problema jurídico bem explicado desde o início encontra-se 
no seguinte trecho de Ronald Dworkin: “Em 1945 um negro de nome Sweatt 
candidatou-se à faculdade de direito da Universidade do Texas, mas foi recusado 
12. LOPES, José Reinaldo Lima. (2006). 
Regla y compás. In Observar la ley, ed. 
C. Courtis. Madrid: Editorial Trotta. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 17
porque a legislação estadual dispunha que só brancos podiam freqüentá-la. A 
Suprema Corte declarou que a lei violava o direito à igualdade de Sweatt prote-
gido pela Emenda 14 da Constituição dos EUA, que prevê que nenhum estado-
membro negará a qualquer cidadão a igualdade perante suas leis. Em 1971 um 
judeu de nome De Funis candidatou-se à faculdade de direito de Washington. 
Não foi admitido, embora seu desempenho e suas notas fossem sufi cientemente 
altos para ser admitido caso ele fosse negro, fi lipino, chicano, ou índio. De Funis 
pediu que a Suprema Corte reconhecesse que a prática de Washington, ao exigir 
padrões menos rígidos para grupos minoritários, violava seus direitos à isonomia 
de acordo com a Emenda 14.” (Dworkin 1977). Note que em um parágrafo ape-
nas já sabemos do que ele vai falar (o seu tema) e como este assunto se converte 
em um problema: a questão é saber por que em um primeiro caso (o do negro) 
parece intuitivo que há algo errado em barrar-lhe a entrada pelo simples fato de 
ser negro e porque no segundo caso é tão complicado dar valores diferentes às 
notas e ao desempenho de alguém só porque é branco. O caráter problemático 
da questão aparece nitidamente. Outro trabalho cuja introdução me agrada e 
cumpre bem o papel de defi nir com clareza a situação problemática que preten-
de abordar é o seguinte: “Este ensaio tem por objetivo analisar o modo com as 
Leis de Anistia, promulgadas pelos Países-membros do Mercosul em suas transi-
ções democráticas, foram interpretadas à luz do direito internacional dos direitos 
humanos e da regulamentação de suas graves violações pelo direito internacional 
penal, erigidas à categoria de ‘crimes internacionais’. (...) Apesar de as leis de 
anistia serem consideradas necessárias do ponto de vista interno pelas razões 
acima mencionadas, algumas perguntas vêm sendo formuladas a respeito de sua 
situação perante o direito internacional. Em face do direito internacional, tem 
validade uma lei de anistia interna? A comunidade internacional estaria sujeita a 
essas normas? Poderia um terceiro Estado ou um tribunal internacional exercer 
sua jurisdição sobre crimes internacionais anistiados internamente?” (Cláudia 
Perrone-Moisés. Leis de anistia face ao direito internacional: ‘desaparecimentos’ 
e ‘direito à verdade’). Note que o trabalho pretende dar, ou pelo menos sugerir 
respostas normativas (pode um tribunal internacional exercer jurisdição sobre 
crimes anistiados domesticamente?) a várias questões e tais questões estão limi-
tadas, naquele ensaio, em termos de tempo (período da transição democrática 
dos anos 1980) e de espaço (no Cone Sul da América), e de objeto mesmo (o 
confronto entre as anistias aprovadas na esfera nacional e o direito penal inter-
nacional dos direitos humanos). O leitor já sabe do que se vai falar, ainda que 
o problema a ser resolvido seja eventualmente mais conceitual (confl ito de nor-
mas). (Lopes, 2006: 17-18)
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 18
4) Tipo de pesquisa e metodologia
A pesquisa jurídica pode ser classifi cada basicamente em dois tipos: dou-
trinária (teórica, dogmática) e não-doutrinária (empírica, interdisciplinar, 
sóciojurídica). 
E para cada tipo de pesquisa há diferentes procedimentos metodológicos a 
serem empregados. O procedimento metodológico consiste no caminho que 
será seguido para a abordagem do problema e objeto de estudo e para atingir 
os objetivos perseguidos. A metodologia a ser adotada na pesquisa trata do 
tipo de pesquisa, do tipo de dados e informações necessárias, das técnicas de 
coleta e análise de dados — em suma, é o caminho a ser adotado para chegar 
ao resultado esperado. Na escolha e defi nição da metodologia é fundamental 
levar em consideração as características do assunto escolhido, bem como a 
resposta que se pretende dar à questão-problema.
Quanto aos dois tipos essenciais de pesquisa no Direito, temos a pesquisa 
doutrinária, que é aquela voltada para discutir o que é o Direito, o que é a lei 
(ou um fenômeno jurídico específi co), em uma área particular. 
Na maioria das vezes é baseada na coleta e análise de um corpo de juris-
prudência, juntamente com a legislação relevante (fontes primárias), e apoia-
da em modelos teóricos (fontes secundárias) voltados para encontrar, enten-
der e aplicar regras e princípios na solução de problemas legais (seja um caso 
concreto, ou um tipo particular de situação). Baseiam-se também na recons-
trução de casos decididos em um quadro coerente na busca de racionalidade, 
ordem e coesão teórica, objetivando sistematizar, corrigir e clarifi car o Direito 
sobre determinado assunto, a partir da análise de textos (seguindo para tan-
to, regras de interpretação — é preciso na parte metodológica especifi car o 
método de interpretação e os critérios utilizados). Muitas vezes, a partir desta 
discussão, tem por objetivo sugerir recomendações para o desenvolvimento e 
aperfeiçoamento da lei.
Designada por Mike McConville e Wing Hong Chui (2007)13, como 
‘black-letter research’, a pesquisa doutrinária concentra-se no próprio Direito 
como um conjunto interno e auto-sustentado de princípios, que podem ser 
acessados através da leitura de decisões judiciais e de estatutos. Os autores 
envolvidos nesse tipo de pesquisa, segundo McConville e Chui, estão pre-
ocupados, na maioria das vezes, com afi losofi a do Direito e enfocam prin-
cipalmente a natureza da lei e da autoridade legal, e tratam temas em áreas 
de fundo do Direito, como responsabilidade civil, contratos, a natureza dos 
direitos, da justiça e da autoridade política, entre outros.
Os autores listam as habilidades de pesquisa jurídica necessárias aqueles 
que planejam desenvolver pesquisa doutrinária, a partir de lista elaborada por 
David Stott (1999)14:
13. McConville, Mike e Chui, Wing Hong 
(2007). Research methods for law. 
Edinburgh: Edinburgh University Press.
14. STOTT, David. (1999). Legal Resear-
ch. London: Cavendish. Pág. 3, apud 
McConville, Mike e Chui, Wing Hong 
(2007). Research methods for law. 
Edinburgh: Edinburgh University Press, 
pág. 4.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 19
• Identifi car e analisar o material fatual;
• Identifi car o contexto legal em que surgem questões fatuais;
• Identifi car as fontes para a investigação de fatos relevantes;
• Determinar quando os fatos são necessários;
• Identifi car e analisar as questões jurídicas;
• Aplicar disposições legais pertinentes aos fatos;
• Relacionar as questões centrais direito e de fato uns aos outros;
• Identifi car as questões legais, fatuais e outras apresentadas por docu-
mentos;
• Apresentar os resultados da pesquisa de forma clara, útil e confi ável.
Podemos esboçar de forma resumida o caminho metodológico usual para 
a condução de uma pesquisa doutrinária, com base em Courtis (2006)15:
1) Identifi cação do problema a ser tratado, com explicitação da natu-
reza do problema;
2) Seleção do conteúdo normativo relevante para a resposta à pergunta;
3) Seleção do conteúdo doutrinário relevante para resposta a pergunta, 
precisando as respostas interpretativas rivais; 
4) Desenvolvimento, explicitação e fundamentação do critério a partir 
do qual é possível eleger uma resposta entre as diversas respostas 
possíveis analisadas; 
5) Conclusão - o resultado da análise da questão interpretativa à luz do 
problema identifi cado considerado em face da matriz teórica esco-
lhida para seu tratamento. Construção de uma opinião interpretati-
va bem fundamentada, e explícita em seus critérios de escolha.
Na pesquisa doutrinária é importante especifi car quais são as principais 
fontes de pesquisa, quais autores/doutrinadores serão utilizados, atentando 
para o sopesamento de argumentos e linhas interpretativas/doutrinárias, não 
podendo ser ignoradas correntes contrárias, sendo preciso mencioná-las e no 
caso de se contrapor a elas, fazê-lo de maneira fundamentada.
O tipo de pesquisa não doutrinária, ou empírica, tem como objetivo des-
crever, explicar e/ou criticar o direito e os fenômenos jurídicos tal qual eles 
se manifestam na realidade. A pesquisa empírica permite verifi car como o 
aspecto material do Direito se realiza concretamente, e como fatos, atos e ati-
vidades concretizam o Direito no na vida em sociedade. Em outras palavras, 
focam em como o Direito e as instituições jurídicas operam em um contexto 
social, econômico e político mais amplo. 
15. COURTIS, Christian. (Org.). Observar 
la ley - Ensayos sobre metodología de la 
investigación jurídica. Madrid: Editorial 
Trotta, 2006, v. 1 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 20
“Empírica é a pesquisa baseada na observação sistemática da realidade, na 
recolha de informações e transformação destas informações em dados (co-
difi cação), com o intuito de descrever, compreender e explicar a realidade 
observada. A observação sistemática da realidade pode dar-se de diversas for-
mas (técnicas), incluindo entrevistas quantitativas (surveys) ou qualitativas 
(entrevistas em profundidade, narrativas e histórias de vida, etc.), etnografi a, 
uso de documentos, experimentos, decisões, etc.)”16. 
No caso da pesquisa empírica, a metodologia deve se preocupar em esta-
belecer:
1) Identifi cação do problema a ser tratado, com explicitação da nature-
za do problema;
2) Especifi cação do referencial teórico e dos autores a serem utilizados;
3) Qual o objeto e universo de interesse (pessoas, instituições, fenôme-
no ou conjunto de fenômenos, processos, etc.);
4) Especifi cação da origem e da natureza dos dados a serem utilizados 
(primários x secundários; quantitativos x qualitativos);
5) Defi nição dos conceitos e de sua operacionalização;
6) Especifi cação da forma de coleta de dados (fonte, técnica de coleta, 
instrumentos e operacionalização);
7) Especifi cação da forma de análise de dados.
É importante ressaltar que os dois tipos de pesquisa (doutrinária e empí-
rica) muitas vezes se misturam em abordagens para responder a problemas 
propostos, sendo que nas pesquisas empíricas necessariamente há o recurso a 
aspectos da pesquisa teórica ou doutrinária para o estabelecimento de parâ-
metros, e para a defi nição e a operacionalização de conceitos. E na pesquisa 
doutrinária, muitas vezes são aplicadas técnicas de pesquisa empírica, seja na 
realização de entrevistas, seja na forma de condução de pesquisa jurispruden-
cial. A pesquisa doutrinária e a empírica devem ser pensadas como comple-
mentares e não mutuamente excludentes.
Lembrando que essa divisão entre doutrinária e não-doutrinária é uma 
das principais formas de pensar a pesquisa jurídica, mas não a única. Arthurs 
(1983)17 apresenta uma matriz para pensar a pesquisa jurídica que a classifi ca 
em dois eixos: aplicada x acadêmico-pura e doutrinária x interdisciplinar. 
Nessa leitura, haveria quatro tipos de pesquisa jurídica: (i) a pesquisa ex-
positiva (doutrinária e aplicada) — é a pesquisa mais tradicional do direito, 
dogmática; (ii) a pesquisa sobre reforma do Direito (interdisciplinar e aplicada) 
— são os estudos sócio-jurídicos; (iii) a pesquisa fundamental (interdisciplinar 
e acadêmica) — são estudos críticos do direito e de sociologia do direito; e a 
(iv) teoria legal (doutrinária e acadêmica) — são estudos de fi losofi a do direito.
16. Defi nição da autora, extraída do 
texto “O sistema de justiça brasileiro 
sob olhares empíricos”, publicado como 
apresentação do livro de OLIVEIRA, 
Fabiana Luci (org.) Justiça em foco: Es-
tudos Empíricos. Rio de Janeiro: Editora 
FGV, 2012.
17. Arthurs, H.W. (1983). Law and Le-
arning. Report to the Social Sciences 
and Humanities. Research Council of 
Canada by the Consultative Group on 
Research and Education in Law, Infor-
mation Division, Social Sciences and 
Humanities Research Council of Cana-
da, Ottawa.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 21
Estilos de Pesquisa jurídica, segundo Arthurs (1983)
Há ainda dois tipos de estudos muito comuns no Direito, que podem ser 
desenvolvidos utilizando-se técnicas de pesquisa empírica, ou a abordagem 
doutrinária, ou uma combinação das duas, que são o estudo comparado (in-
ternacional) e o estudo de caso.
Segundo defi nição de McConville e Chui (2007), o estudo comparado 
cruza categorias tradicionais do Direito, integrando direito público e direito 
privado internacional com o direito interno. Para os autores o objetivo desses 
estudos é facilitar a compreensão do funcionamento do direito internacional 
e dos sistemas jurídicos, assim como do seu impacto na formulação de polí-
ticas públicas na era da interdependência global.
É importante que ao optar pelo direito comparado o estudante funda-
mente essa escolha — porque comparar? É preciso sempre justifi car essa es-
colha metodológica, assim como justifi car o país, ou países, escolhidos para 
comparação. Na grande maioria das vezes a justifi cativa para o uso do méto-
do comparado se dá em termos dos benefícios que o aprendizado traz para 
o sistema jurídico nacional (seja para propor melhorias para o sistema, para 
encontrar soluções para um problema comum, etc.).
O estudo de caso, por sua vez, é voltado para o conhecimento e compre-
ensão detalhados e exaustivosde um caso específi co, de forma a permitir um 
amplo e profundo conhecimento sobre esse caso. Sua maior utilidade é, de 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 22
acordo com Gil (2009)18, exploratória O autor defi ne o estudo de caso como 
um delineamento de pesquisa, e não uma técnica, que preserva o caráter 
unitário do fenômeno pesquisado, e o aborda em seu contexto. O caso pode 
ser um indivíduo, um processo, um grupo, evento, programa, organização, 
instituição, etc. 
Ainda segundo Gil, quando se opta por fazer um estudo de caso é impor-
tante justifi car a escolha do caso (ou casos, se mais de um), e delimitá-lo no 
tempo, no espaço e nos aspectos relevantes para o problema a ser investigado.
5) Justifi cativa, objetivo e hipótese
5.1) JUSTIFICAR O ESTUDO A SER REALIZADO
Ao elaborar um problema de pesquisa e propor a sua realização, o pesqui-
sador necessita justifi car sua proposta, ou seja, explicar porque deseja fazer 
tal pesquisa, sobretudo demonstrando a importância e a contribuição que a 
pesquisa trará. 
De acordo com Marconi e Lakatos (2002)19, a justifi cativa da pesquisa 
pode ser elaborada a partir de argumentos que se relacionem com (i) a curio-
sidade do pesquisador; (ii) uma experiência anterior própria ou de outra pes-
soa/instituição; (iii) possibilidades de sugerir mudanças no âmbito da realida-
de do tema proposto; (iv) contribuições teóricas que a pesquisa poderá trazer 
(confi rmação geral; confi rmação na comunidade em que se insere a pesquisa; 
especifi cação para casos particulares; clarifi cação da teoria; resolução de pon-
tos obscuros, etc.); (v) contribuições práticas que a pesquisa poderá trazer na 
solução de um problema; (vi) a descoberta de soluções para casos gerais e/
ou particulares.
Além desses seis pontos, é possível justifi car a realização de uma pesquisa 
a partir da referência a aspectos inovadores do trabalho, seja inovação no 
que se refere à temática, a forma de abordagem proposta, etc., ou a lacuna no 
nosso conhecimento que a pesquisa procura preencher. 
Não existe nenhuma regra rígida quanto ao conteúdo da justifi cativa, mas 
recomenda-se que o aluno não deixe de elaborar os aspectos de relevância te-
órica ou prática do problema proposto, e não apenas justifi cá-lo com base no 
interesse pessoal. Uma dica aqui é pergunte-se o porquê é importante realizar 
essa pesquisa que está sendo proposta e a resposta que encontrar para essa 
questão guiará a redação da sua justifi cativa.
Um exemplo simples de justifi cativa: no caso do tema do acesso à justiça, 
a pesquisa que se propõe a verifi car se a instalação dos juizados especiais cíveis 
no Rio de Janeiro contribuiu ou não para a ampliação do acesso à justiça da 
população mais carente, a justifi cativa poderia estar na “importância de en-
18. GIL, Antonio (2009). Estudo de Caso. 
São Paulo: Editora Atlas.
19. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI Ma-
rina de Andrade (1997). Metodologia 
Científi ca: Ciência e Conhecimento 
Científi co. São Paulo: Atlas
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 23
tender se os juizados especiais vêm cumprindo a sua proposta de melhorar o 
acesso à justiça e possibilitar, a partir dos resultados encontrados na pesquisa, 
uma discussão acerca de políticas públicas focadas na estruturação dos servi-
ços legais no âmbito de comunidades carentes do município”.
5.2) FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES PARA O PROBLEMA DE PESQUISA PROPOSTO
A formulação do problema de pesquisa, demanda, na grande maioria das 
vezes, também a formulação de uma solução ou resposta possível, mediante 
uma proposição suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa. A essa propo-
sição chama-se hipótese.
A formulação de uma hipótese não se refere a qualquer resposta ao pro-
blema, mas segue alguns requisitos mínimos, sendo que ela precisa ser (i) 
conceitualmente clara e compreensível (evitando ambiguidades) e (ii) passí-
vel de ver verifi cada, ou seja, ao saber que uma hipótese é verdadeira ela deixa 
de ser hipótese, é um fato; caso não haja certeza quanto a sua veracidade, a 
afi rmação se constitui em hipótese. Nem toda pesquisa necessita de hipótese, 
sendo necessária hipótese quando se quer determinar fatores ou motivos que 
infl uem ou explicam determinados acontecimentos, analisar relações entre 
fenômenos, explicar ou compreender o porque fenômenos acontecem e não 
apenas descrevê-los.
Já no caso de pesquisa empírica, todo procedimento de coleta de dados 
depende da formulação prévia de uma hipótese (ou hipóteses) de pesquisa. 
É possível que em algumas pesquisas as hipóteses não estejam formuladas 
explicitamente. Todavia, nesses casos, é possível determinar as hipóteses sub-
jacentes.
Exemplos de hipótese de pesquisa seriam, pensando em três dos proble-
mas trabalhados como exemplo:
Problema Hipótese
“A instalação dos juizados especiais cíveis no 
Rio de Janeiro contribuiu para a ampliação do 
acesso à justiça da população mais carente?”
“A instalação do juizado especial cível do Rio de 
Janeiro não contribuiu para a ampliação do acesso 
a justiça da população mais carente, uma vez que o 
maior cliente do juizado é a classe média.”
“A mudança legislativa que ocorreu no proces-
so de recuperação de empresas no Brasil em 2005 
levou à redução signifi cativa do número de falên-
cias no Brasil?”
“A mudança legislativa de 2005 impactou de for-
ma positiva reduzindo o número de falências, pois 
reduziu a burocracia para a intervenção judicial e 
acelerou o tempo da prestação jurisdicional. ”
“Quais são os fatores de maior impacto no dire-
cionamento das decisões do Supremo Tribunal Fe-
deral em casos de ADI no período de 1988 a 2009?”
“As características atitudinais, sobretudo a ideolo-
gia dos ministros, são os fatores de maior impacto no 
direcionamento do resultado das decisões em casos 
de ADI no período de 1988 a 2009.”
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 24
5.3) EXPOSIÇÃO DOS OBJETIVOS
Os objetivos da pesquisa tratam de suas fi nalidades, de suas metas, do 
que se pretende alcançar com a realização do estudo. Os objetivos podem 
ser trabalhados pela divisão em geral x específi cos. O objetivo geral é a meta 
principal da pesquisa, e os objetivos específi cos tratam do detalhamento ou 
desdobramento do objetivo geral.
Uma dica para a redação dos objetivos é começar pelo verbo no infi niti-
vo. Santos (1998: 74)20 recomenda a escolha dos objetivos de acordo com o 
estágio de conhecimento, seguindo as seis capacidades cognitivas que vão do 
nível mais elementar ao mais avançado (Taxonomia de Bloom21): 
1. Estágio de conhecimento inicial: apontar, citar, classifi car, conhe-
cer, defi nir, identifi car, reconhecer, relatar;
2. Estágio de compreensão: compreender, concluir, deduzir, demons-
trar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafi rmar;
3. Estágio de aplicação: aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, 
operar, organizar, praticar, selecionar, traçar;
4. Estágio de análise: analisar, comparar, criticar, debater, diferenciar, 
discriminar, examinar, investigar, provar;
5. Estágio de síntese: sintetizar, compor, construir, documentar, espe-
cifi car, esquematizar, formular, produzir, propor, sugerir, reunir;
6. Estágio de avaliação: argumentar, avaliar, contrastar, decidir, esco-
lher, estimar, julgar, medir, selecionar, verifi car.
Uma pesquisa pode atender mais de um objetivo (tendo sempre um ob-
jetivo geral e os demais sendo específi cos). Um exemplo: no caso do estudo 
sobre acesso à justiça e juizados especiais cíveis no Rio de Janeiro, o objetivo 
da pesquisa seria apontar o perfi l da população que tem utilizado os juizados 
especiais cíveis no Rio de Janeiro, e a partir do diagnóstico do perfi l dos usu-
ários compreender se e o quanto os juizados especiais cíveis têm propiciado 
o acesso da população carente à justiça ecom base nisso, propor políticas 
públicas voltadas a ampliação do acesso à justiça para essa população.
6) Marco teórico
O marco ou referencial teórico (revisão da literatura, fundamentação teó-
rica, estado da arte, etc.) é parte fundamental do processo de pesquisa. Uma 
vez defi nido o tema de pesquisa, a leitura da bibliografi a de referência é o 
primeiro passo a ser dado, pois ajuda o aluno tanto na delimitação do tema 
20. SANTOS, João Almeida (2004). Me-
todologia Científi ca – a construção do 
conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A
21. Segundo defi nição de Ferraz e Belhot 
(2010), a Taxonomia de Bloom é um 
instrumento de apoio e planejamento 
didático-pedagógico, cuja fi nalidade é 
auxiliar a identifi cação e a declaração 
dos objetivos ligados ao desenvolvi-
mento cognitivo, tratando de conheci-
mento, compreensão e o pensar sobre 
um problema ou fato. Ver Ferraz, Ana 
Paula do Carmo Marcheti e Belhot, 
Renato Vairo (2010). Taxonomia de 
Bloom: revisão teórica e apresentação 
das adequações do instrumento para 
defi nição de objetivos instrucionais. 
Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 
421-431
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 25
quanto na construção da problemática de pesquisa. No projeto, não se exige 
que o aluno tenha conhecimento profundo da literatura, pois a leitura des-
ses trabalhos é parte do próprio processo de pesquisa, mas é fundamental 
o conhecimento básico da literatura sobre o tema, e a inclusão no texto de 
citações (indiretas e/ou diretas) com a fi nalidade de: 
• Fundamentar e defi nir conceitos (precisar o que se entende por deter-
minados conceitos); 
• Inserir a problemática dentro de um campo de discussão mais amplo 
(nenhuma pesquisa está isolada), indicando o estágio atual de conhe-
cimento com relação ao tema;
• Esclarecer os pressupostos teóricos que dão fundamentação à pesquisa 
e as contribuições proporcionadas por investigações anteriores;
• Sintetizar refl exões teóricas, metodológicas e/ou conceituais alicerça-
das em trabalhos já desenvolvidos;
• Identifi car posições doutrinárias diferentes, apresentando os argu-
mentos de cada uma delas;
• Fornecer bases e contornos mais precisos sobre o problema;
• Conduzir a construção de hipóteses;
• Evitar subjetividades, palpites, aparências, “achismos”.
• Fornecer subsídios e parâmetros para a interpretação de dados.
Uma forma de iniciar a revisão da bibliografi a é formular para o seu assun-
to de pesquisa quatro questões básicas iniciais:
• O que já foi publicado sobre o tema/ problema?
• Que aspectos já foram abordados?
• Quais as contradições existentes na literatura?
• Quais as lacunas existentes na literatura? 
Uma última observação se faz pertinente: as principais fontes de pesqui-
sa para o marco teórico são artigos científi cos (periódicos), livros, trabalhos 
apresentados em congressos, monografi as, dissertações e teses, enciclopédias, 
etc. Já referências a leis; repertórios de jurisprudência; sentenças; contratos; 
anais legislativos; pareceres etc., constituem pesquisa documental. 
7) Forma de entrega 
No que se refere à escolha da forma de entrega, o aluno deve considerar 
a natureza do seu problema de pesquisa e seu(s) objetivo(s) com o trabalho. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 26
As formas monografi a e artigo científi co são parecidas. Qualquer proble-
ma jurídico pode ser comunicado nestes formatos. A diferença essencial de 
uma monografi a e um artigo científi co está na estrutura — a monografi a é 
estruturada em capítulos e costuma ser mais detalhada e extensa. Já o artigo 
é estruturado em tópicos ou seções e seu formato costuma ser mais conden-
sado, devendo seguir as recomendações para o periódico no qual será subme-
tido à publicação.
A escolha do formato projeto de lei implica que o problema de pesquisa 
seja baseado no diagnóstico de uma lacuna, falha ou imprecisão normativa. 
E não basta o aluno entregar o projeto de lei, é preciso que a entrega fi nal 
venha acompanhada de sua fundamentação (exposição de motivos), baseada 
em um diagnóstico. 
A forma parecer jurídico22 é utilizada quando o problema proposto de-
manda uma opinião jurídica fundamentada, destinada a subsidiar a tomada 
de decisão, seja em um caso concreto (judicial ou administrativo), ou em 
questões ou problemas jurídicos gerais. O importante é que, mesmo tendo-
se um cliente, o aluno faça uma análise crítica descomprometida, imparcial, 
mapeamento e sopesando opiniões doutrinárias e da jurisprudência, evitan-
do-se o enviesamento e o argumento de conveniência. 
E por fi m, a forma de fi lme jurídico pode ser utilizada quando o tema 
comporta a abordagem audiovisual. Aqui o aluno precisa considerar se o ví-
deo é adequado para responder ao seu problema de interesse e se ele dispõe 
ou terá acesso aos recursos técnicos para conduzir seu projeto (gravação, edi-
ção, etc.). Um exemplo de fi lme jurídico é Justiça, de Maria Augusta Ramos, 
lançado em 2004. 
UNIDADE II
CONDUÇÃO DA PESQUISA E COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS 
Nesta unidade, trataremos do desenvolvimento da pesquisa e da redação 
do TCC. Abordaremos três aspectos:
1) Equívocos comuns em trabalhos de conclusão de curso no Direito
2) A pesquisa bibliográfi ca e o processo de referenciação
3) Cuidados na comunicação dos resultados
É importante considerar que a trajetória que se segue na realização da 
pesquisa, após a redação do projeto de pesquisa nem sempre é previsível e 
controlável. Como afi rma Gil (2002), muitas vezes é preciso realizar ajustes e 
reformulações ao longo da pesquisa. 
A principal recomendação ao aluno que está em fase de planejar seu TCC é 
que se dedique bastante à formulação do problema de pesquisa e do(s) objetivo(s) 
22. Recomenda-se a consulta ao do-
cumento de redação de parecer jurí-
dico, da AGU, disponível em: http://
academico.direito-rio.fgv.br/ccmw/
images/f/f5/Regras_manifestaco-
es_juridicas_PRT_1399_ 2009_%2 
8AGU%29.pdf
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 27
que pretende alcançar, pois a defi nição clara e precisa da questão de pesquisa evi-
ta que o pesquisador se perca na realização da pesquisa que dará origem ao TCC, 
prevenindo-o também do distanciamento do(s) seu(s) objetivo(s).
Outra recomendação é a leitura e consulta de trabalhos de conclusão de 
curso já fi nalizados. Uma boa opção é a leitura da coleção Jovem Jurista — sé-
rie de publicações da FGV Direito Rio dos trabalhos ganhadores dos prêmios 
de melhor TCC. Há duas edições publicadas até o momento:
• TULLI, Carla Ribeiro; SANTOS, Carlos Victor Nascimento dos; 
ARRUDA, Daniel Sivieri; RIBEIRO, Gustavo Sampaio de Abreu; 
GAMA, Isabella Barros. Coleção Jovem Jurista. Rio de Janeiro: FGV 
Direito Rio, 2010. 300 p.
• BARATA, Beatriz Perisse; FERREIRA, Fernanda Fabregas; SILVA, 
João Paulo da Silveira Ribeiro da; SGANZERLA, Rogerio Barros. Co-
leção Jovem Jurista. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2011. 168p.
Uma dica na leitura desses trabalhos e de outras pesquisas, é que o aluno 
atente para os seguintes aspectos:
• Qual é o tema do trabalho? 
• Há um problema de pesquisa bem especifi cado?
• O autor deixa claro seu(s) objetivo(s)?
• Como o autor procedeu para responder ao seu problema e atin-
gir esse(s) objetivo(s)?
• O marco teórico- metodológico está bem defi nido? Ou seja, é 
possível identifi car a linha teórica a qual o autor se fi lia? Precisar 
os conceitos por ele utilizados? Saber o desenho de pesquisa por 
ele proposto? É possível identifi car as fontes de informação nas 
quais se baseou para o desenvolvimento das suas idéias?
• O autor atingiu o objetivo proposto?
O processo de pesquisa é um aprendizado, assim quando lemos pesquisas 
de outros autores, aprendemos com elas e podemos conseguir importantes 
dicas de como melhor delimitar e recortar nosso problema de pesquisa,como 
abordá-lo em termos teórico-metodológicos, etc.
1) EQUÍVOCOS COMUNS EM TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO NO DIREITO
Um texto de leitura obrigatória para os alunos desenvolvendo uma pesqui-
sa é o de Luciano de Oliveira (2004)23, “Não Fale do Código de Hamurabi”, 
escrito com base na experiência do autor como professor orientador e exami-
23. OLIVEIRA, Luciano (2004), “Não Fale 
do Código de Hamurabi”. In: Sua Exce-
lência o Comissário e outros ensaios de 
sociologia jurídica. Rio de Janeiro, Letra 
Legal 7 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 28
nador de dissertações e teses no Programa de Pós-Graduação em Direito da 
Universidade Federal de Pernambuco. Luciano de Oliveira identifi ca cinco 
principais problemas nos trabalhos acadêmicos na área do direito. Os cinco 
principais problemas a serem evitados são:
I. DISCURSO IDEOLÓGICO E JULGAMENTOS DE VALOR
É comum encontrar nos trabalhos jurídicos uma tendência ao discurso 
parcial, em defesa de uma causa — o “advogado da hipótese”. Um exemplo, 
são os trabalhos que ao apresentar um argumento e buscar sustentá-lo, olham 
apenas para um lado da questão, ignorando teses e mesmo jurisprudência 
contrária. Por exemplo, na discussão da constitucionalidade de uma prática 
ou lei discutir apenas com uma vertente da doutrina e apresentar apenas a ju-
risprudência que de sustentação ao argumento que se quer defender. Luciano 
Oliveira (2004) chama atenção para a necessidade de se manter a objetivida-
de no trabalho acadêmico jurídico. 
Como trabalho acadêmico, ele deverá jungir-se a alguns princípios que o 
presidem, como o da objetividade e, tanto quanto possível, o da sempre proble-
mática — mas no fi nal das contas e em alguma medida incontornável — neu-
tralidade axiológica. Isso não signifi ca dizer que o pesquisador seja um sujeito 
politicamente neutro; que ele não possa ter, desde o início do seu trabalho, um 
ponto de vista a defender. Apenas quer signifi car que, no momento de colher 
na realidade — jurídica ou sociológica, pouco importa — os elementos para 
sustentar o seu argumento, ele deverá adotar uma postura metodológica neu-
tra, condição indispensável para a elaboração de um trabalho que se pretenda 
minimamente científi co, sem a qual borraríamos qualquer diferença entre um 
trabalho acadêmico e o mero discurso ideológico... (Oliveira, 2004: 4)24
Chama atenção também para o uso de expressões como “o melhor di-
reito”, a melhor doutrina”, sem especifi car o parâmetro de comparação, ou 
pior, como argumento de autoridade (aspecto abordado no terceiro proble-
ma abaixo). 
II. MANUALISMO
A segunda grande crítica que o autor faz é com relação ao que chama de 
“manualismo”, ou seja, a tendência dos trabalhos abordarem temas de forma 
ampliada e se dedicarem exaustiva e redundantemente a descrever e defi nir os 
termos associados ao tema replicando manuais. 
24. O texto está disponível no link: 
h t t p : / / m o o d l e. s to a . u s p. b r / f i l e .
php/491/OLIVEIRA_Luciano_-.Nao_
fale_do_codigo_de_Hamurabi.pdf. 
Acesso 20/03/2011. 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 29
Numa dissertação sobre o duplo grau de jurisdição, o seu autor dedica várias 
páginas a esmiuçar os chamados “efeitos” do mesmo, a saber: devolutivo, trans-
lativo e suspensivo... Para quê? Noutra, sobre o problema da lesão nos contratos, 
vinte e cinco páginas são gastas com um capítulo que parece diretamente extra-
ído de um livro didático sobre o assunto. O título do capítulo, aliás, é mais do 
que típico: “A Teoria Geral dos Contratos”. Como não poderia deixar de ser, 
nele se abordam tópicos como: conceito, evolução e importância dos contratos; 
elementos e características dos contratos; interpretação dos contratos — e por aí 
vai. (Oliveira, 2004: 4)
III. ARGUMENTO DE AUTORIDADE E REVERENCIALISMO
O argumento de autoridade é comum em peças processuais, mas quando 
se trata da redação de textos acadêmicos é vedado o uso de expressões do tipo 
“como preleciona fulano de tal”, “segundo o magistério de sicrano”.
Luciano Oliveira Cuidado com o argumento de retórica — não se pode 
concluir que se tem o melhor argumento por citar a melhor doutrina.
O que é a melhor doutrina? O que é a doutrina dominante? É preciso dar 
referências sempre, mas referências objetivas, não reverenciais. E se falo da 
doutrina dominante, tenho que dizer qual é esta doutrina e porque ela é do-
minante — refi ro-me a doutrina mais citada? Tudo bem, mas como sei que a 
doutrina “x” é a mais citada? Desde que se apresente referências e evidências, 
posso fazer esse tipo de afi rmação.
Contaminação talvez do estilo adotado no foro, onde é preciso convencer o 
juiz de que se está com o melhor direito (e, portanto, com a melhor doutrina...), 
trata-se de um verdadeiro “reverencialismo” expresso em fórmulas do tipo “como 
preleciona fulano de tal”, “segundo o magistério de sicrano” etc., típico de ad-
vogados preocupados antes em convencer com apelos a uma retórica “coim-
brã” do que em demonstrar com dados cuja força decorra da própria exposição. 
Defi nitivamente, é preciso que os juristas se convençam de que, ao escreverem 
um trabalho acadêmico, não podem tratar suas hipóteses de trabalho como se 
estivessem defendendo causas. (Oliveira, 2004: 7)
IV. INCORPORAÇÃO ACRÍTICA DE AUTORES
A referência aos autores e às obras que constituem o embasamento teórico 
do trabalho é fundamental, tanto no projeto de TCC, quanto no texto fi nal, 
o que inclui citações às obras. Dialogar com a literatura, especifi car o marco 
teórico, defi nir conceitos, etc., são etapas essenciais do trabalho de pesquisa. 
No entanto, é preciso ter cuidado com a seleção de autores e doutrinadores 
com os quais se vai trabalhar. Tanto no sentido de evitar contradições e inco-
erências das teses destes autores com o seu argumento geral, quanto no sen-
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 30
tido de evitar trabalhar com autores com perspectivas teórico-metodológicas 
incompatíveis. Luciano de Oliveira exemplifi ca:
Em trabalhos ligados ao direito penal, é, em primeiro lugar, praticamente 
obrigatória a referência a Beccaria — “o Copérnico da humanização do direito 
penal”. Mas muitas vezes cita-se também, quase lado a lado e sem transição 
crítica, um autor francês contemporâneo, de citação quase indispensável nos 
últimos tempos quando o assunto é prisão: Foucault. Ora, aí também toda cau-
tela é indispensável. Foucault é autor de uma crítica radical ao “humanismo” 
dos reformadores penais do século XVIII — em primeiríssimo lugar do próprio 
Beccaria —, em cujo discurso humanista ele via nada mais nada menos do que 
uma simples cantilena a encobrir o projeto de uma sociedade disciplinar. Essa 
é uma das teses fundamentais do seu provocador Vigiar e Punir. Nesse caso, 
citá-los sem maiores cuidados epistemológicos, é juntar coisas que, para usar 
uma expressão francesa bastante apropriada, “hurlent de se trouver ensemble”. 
(Oliveira, 2004: 15)
Além disso, deve-se tomar cuidado com as citações de segunda-mão (ou 
terceira, quarta... etc.) — o “apud”. Só utilize esse recurso quando não hou-
ver nenhuma possibilidade de consulta e leitura à obra original, e somente 
quando a fonte da qual será extraída a citação for confi ável. Pois nesse tipo 
de citação, corre-se o risco de descontextualizar o argumento do autor, e pior, 
reproduzir citação ou interpretação equivocada. A utilização desse recurso 
deve ser feita com parcimônia. 
V. EVOLUCIONISMO
O quinto problema destacado por Luciano Oliveira é o que dá origem ao 
título de seu artigo, “Não fale do código de Hamurábi”: o recurso ao evolu-
cionismo, ou seja, a realização de incursões históricas para explicar a origem 
de fenômenos recentes. Exemplifi ca o autor:
Num trabalho sobre justiça tributária, seu autor, em não mais do que meia 
página, faz um percursode milhares de anos que começa com os egípcios — 
“entre os quais já se falava em contribuição dos habitantes para com as despesas 
públicas de acordo com as possibilidades de cada um” —, passa naturalmente 
pelo império romano e, no parágrafo seguinte, já está no Brasil da Constituição 
de 1988, a qual, obviamente, proclama todas os princípios de justiça tributária 
que os egípcios já intuíam... No trabalho sobre a lesão nos contratos, já referido, 
o seu autor, discorrendo sobre a teoria da imprevisão, diz que ela já está bem 
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 31
delineada no Código de Hamurábi: “Se alguém tem um débito a juros, e uma 
tempestade devasta o campo ou destrói a colheita...” etc. (Oliveira, 2004: 10)
Segundo Oliveira, o problema dessa abordagem é além do desuso, o uso 
inocente ao se recorrer a um universalismo a-histórico.
A dica ao aluno é: quando utilizar incursões históricas, perguntar-se (i) 
isso é importante para o seu argumento? e (ii) em que isso contribui para o 
seu argumento? 
Acrescentaríamos aos problemas destacados por Oliveira (2006), o uso de 
generalizações sem base empírica e a apresentação de afi rmações sobre o 
mundo sem comprovação ou respaldo de dados. Por exemplo, um trabalho 
que critica os prejuízos aos cofres públicos que determinada política pública 
provocou, DEVE apresentar evidências desse prejuízo. Um trabalho que ar-
gumenta que houve uma explosão de ações judiciais a partir de determinada 
alteração na legislação, DEVE apresentar dados que comprovem esse aumen-
to expressivo de ações.
2) A pesquisa bibliográfi ca e o processo de referenciação
2.1) ALGUMAS RECOMENDAÇÕES GERAIS
A pesquisa bibliográfi ca é etapa essencial em qualquer pesquisa. A primei-
ra consideração a ser feita na hora de realizar a pesquisa é selecionar as fontes 
de pesquisa, que devem ser confi áveis. Para garantir confi abilidade, uma re-
comendação é utilizar revistas indexadas.
Além disso, é preciso buscar publicações recentes, e incluir além de livros 
de autores consagrados na temática, trabalhos recentemente realizados, sejam 
artigos, TCCs, dissertações ou teses. Outra dica importante é consultar além 
do seu orientador, outros especialistas na área, fóruns e/ou centros de estudo 
na temática de interesse, para procurar bibliografi as mais atuais ou mesmo 
localizar pesquisas em andamento. 
Identifi cadas as fontes de pesquisa, o passo seguinte é estabelecer as pala-
vras-chave de busca: quais os termos a serem utilizados na hora de pesquisar. 
Estes termos não devem ser muito amplos, e devem guardar relação direta 
com o problema de pesquisa, mais do que com a temática geral, para delimi-
tar os resultados da busca. 
Reúna as referências dos trabalhos em uma lista (anotando todos os dados: 
autor, data da publicação, título da publicação, local de publicação, pagina-
ção, editora, etc.), para depois não se perder na hora de referenciar ou consul-
tar — sobre esse aspecto consultar o item 2.3. 
Selecionados os textos, para o processo de leitura recomenda-se que o aluno:
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 32
• Identifi que e liste as principais idéias e argumentos do autor; 
• Identifi que de qual perspectiva o autor aborda o tema e de que aspec-
tos trata; 
• Dialogue com estas idéias e argumentos, relacionando-os ao seu pro-
blema de pesquisa.
• Anote informações que possam ajudá-lo a pensar e refi nar tanto seu 
argumento quanto o seu enfoque metodológico.
2.2) ONDE REALIZAR PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Muitas revistas jurídicas estão disponíveis online, podendo ser acessadas a 
partir de uma rápida consulta em um buscador como o Google - por exem-
plo, a Revista da Seção Judiciária do Rio de Janeiro e a Justitia — Revista do 
MP de São Paulo. 
Embora o Google seja uma excelente ferramenta de busca, não se reco-
menda jogar as palavras-chave no buscador para localizar referencias, pois a 
quantidade de informação resultante pode ser muito grande, e isso demandar 
muito tempo para o pesquisador selecionar o que realmente interessa. Uma 
alternativa para aqueles que não tem muita certeza de onde pesquisar e gos-
tariam de fazer essa busca inicial mais ampla é utilizar o Google acadêmico, 
que já faz um fi ltro inicial no tipo de resultado.
Google Acadêmico
http://scholar.google.com.br/
Recomenda-se utilizar apenas para buscas gerais, 
quando a pesquisa for exploratória e estiver numa 
fase inicial.
Abaixo listamos alguns dos principais canais de pesquisa bibliográfi ca:
Biblioteca do Senado Federal
http://www2.senado.gov.br/bdsf/
A Biblioteca do Senado tem um dos maiores acervos catalo-
gados do Brasil. Além de ser uma excelente referência para 
pesquisa de bibliografi a, tem um acervo digital com cerca de 
174 mil documentos de interesse do legislativo. E no item 
SICON dá acesso a Agência Senado, Bibliotecas da RBVI, Cons-
tituinte, Discursos de Senadores, Legislação Federal, Matérias 
em tramitação no Senado Federal e recortes de jornais.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 33
Biblioteca da FGV
http://bibliotecadigital.fgv.br/site/bmhs/principal
Livros — Catálogo On line — Pesquisa rápida
 Periódicos — nem todos os periódicos estão catalogados 
(para pesquisar a produção de alguns ainda é necessário ir à 
biblioteca).
Periódicos que podem ser consultados pelo site da Biblioteca em qual-
quer computador dentro da FGV
Detalhando algumas dessas bases:
Periódicos CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
Dá acesso a integra de 30 mil publicações periódicas nacionais e 
internacionais, incluindo diversas revistas de Direito.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 34
HeinOnline 
Acesso a mais de 1.100 títulos de periódicos, anuários e periódi-
cos de Direito Internacional — FILRD (desde o primeiro n.º até 
1 ano de embargo sobre as edições em curso), a cerca de 1.320 
obras clássicas do Direito e aos documentos ofi ciais da política 
externa dos Estados Unidos - FRUS (desde 1861 até ao presente)
Jstor
Coleção de publicações periódicas Arts & Sciences I, II, III, em 
texto integral, nas áreas da economia, história, ciência política, 
direito, fi nanças, sociologia, etc.
Além destas bases de pesquisa disponíveis via site da Biblioteca da FGV, 
há outras bases livres, destacamos quatro aqui:
Scielo
http://www.scielo.org/php/index.php 
A Scientifi c Electronic Library Online - SciELO é uma biblioteca 
eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos 
científi cos brasileiros.
Periódicos das Ciências Sociais, Economia e do Direito — incluin-
do a Revista Direito GV
CONPEDI
http://www.conpedi.org.br/
Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito. Con-
sultar Anais dos Congressos - ensino e pesquisa jurídica — dá 
acesso a integra dos textos apresentados nos encontros.
Social Science Research Network (SSRN) 
http://papers.ssrn.com/sol3/DisplayAbstractSearch.cfm 
É dedicada à rápida disseminação mundial de pesquisa em 
ciências sociais e é composta de uma série de redes de pesquisa 
especializadas em cada uma das ciências sociais.
Tratados das Nações Unidas 
http://papers.ssrn.com/sol3/DisplayAbstractSearch.cfm 
Base jurídica em texto integral com acesso à colectânea de Tra-
tados e Acordos Multilaterais, em vigor nos Estados-Membros da 
Organização das Nações Unidas e ao estado de todos os Trata-
dos Multilaterais depositados junto do Secretário-Geral (en, fr). 
Cobertura: 1944-2007.
TCC II — ELABORAÇÃO DE PROJETO
FGV DIREITO RIO 35
2.3) REGRAS PARA CITAÇÕES E REFERÊNCIAS E O FORMATO ABNT25
Na redação do texto acadêmico é fundamental a inclusão de citações à 
bibliografi a utilizada. Citações são menções de uma informação retirada de 
outra fonte, quer seja escrita ou oral, em qualquer suporte, para esclarecer,

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