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Guia Prático de Análise de Investimentos O guia COMPLETO sobre mercado financeiro - Do básico ao avançado - Índice Apresentação Autor Responsabilidades O que é investir? Pânico, o medo de investir Poupar é mais importante Como funciona a poupança? Risco, rentabilidade e liquidez. Perfil do investidor Diversificação de carteira Qual o melhor investimento? Oito perguntas Bolsa de valores, uma história O que é uma ação IPO, a abertura de capital As etapas de um IPO Tipos de distribuição Índice Bovespa Circuit Breaker Simuladores Bovespa 3 5 6 8 10 12 15 16 19 23 27 31 35 36 37 38 45 46 48 50 Opções de investimento/ETF BDR – Brasilian Depositary Receipts ADR – American Depositary Receipts Opções e derivativos LCI – Letra de Crédito Imobiliário FIDC Fundos de investimento CDS – Credit Default Swap Commodities Análise de empresas e mercados Analise Fundamentalista Cinco dicas das melhores empresas Analisando os fundamentos Especulação, a arma dos investidores A análise grafista Resistências e suportes Gráficos e Tipos de Gráficos Volume Indicadores GAPS Tendência de Dow Bandas de Bollinger Candles strategy 53 56 59 60 66 68 72 75 77 81 82 83 85 96 99 101 103 109 112 115 119 124 125 Reversão de alta Reversão de baixa Decorando padrões Índice de força relativa Médias móveis MACD Combinando os Indicadores Análise na prática Conclusão e Agradecimentos Contato 129 136 144 146 149 154 158 161 169 170 3 Apresentação Olá!!! Bem vindo ao Guia Prático de Análise de Investimentos! Nós do Grupo sem Segredos preparamos este material especialmente para você! Este guia foi pensado para passar desde conceitos básicos de educação financeira e análise de investimentos dando um conhecimento inicial suficiente para que você consiga realizar seus próprios investimentos, bem como entrando no mundo da análise fundamentalista e grafista de ações, possibilitando ao leitor deste material realizar investimentos na bolsa de valores! O e-book foi dividido em quatro partes para que possamos explicar de maneira simples e direta como funciona a análise de investimentos (focando principalmente no mercado de ações), como identificar boas empresas e ainda como operar na BMF&Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo. Para você entender como tudo começou, vamos abordar na primeira parte quais são os primeiros passos na educação financeira, demonstrando ao leitor a importância de poupar para o amanhã. Na segunda parte, vamos nos aprofundar no mercado brasileiro de investimentos, observando como se deu a construção do mercado brasileiro de ações, sua história e crescimento. Apresentaremos também como se dá o processo de abertura de capital na bolsa de valores e como as empresas têm suas ações avaliadas. Guia Prático de Análise de Investimentos 4 Na terceira e quarta parte vamos focar na análise de ações e empresas em si, demonstrando como os grandes investidores fazem suas análises, sejam elas fundamentalistas ou grafistas, nos utilizando de exemplos reais para que você possa aprender o passo a passo de como é a vida de um trader (quem negocia ações no mercado). Ao final deste material elaborado especialmente para os leitores do Economia sem Segredos você terá aprendido: • A importância de investir e como fazê-lo • As diversas opções de investimento no Brasil • A história da bolsa de valores. • O processo de abertura de capital de uma empresa • Como avaliar as empresas listadas e identificar boas oportunidades. • Reconhecer movimentações grafistas. • Montar sua própria estratégia de investimentos. Será ainda disponibilizada uma planilha especial contendo todo o conteúdo do e-book aplicado de forma prática e um relatório completo para que você possa controlar suas finanças. Guia Prático de Análise de Investimentos 5 Denis Ferreira Apaixonado por economia e por transmitir conhecimento, Denis Ferreira é o autor e editor chefe do Grupo sem Segredos, o qual é composto pelos sites Economia sem Segredos, Administração sem Segredos, Contábeis sem Segredos, Marketing sem Segredos e também o Esportes sem Segredos! Graduado em Ciências Contábeis e com um MBA em Investment Banking, atua como investidor há mais de seis anos, procurando hoje a ajudar as pessoas que querem conhecer um pouco mais sobre o tema a alcançar a sua independência financeira. Guia Prático de Análise de Investimentos Autor 6 Responsabilidades Este eBook é produzido pelo Grupo sem Segredos e possui em sua primeira e segunda parte total gratuidade em seu download, podendo este ser repassado a amigos e demais usuários da internet. Todos os direitos deste eBook são reservados e nenhuma parte deste material pode ser alterada ou comercializada de qualquer forma sem o consentimento prévio do seu autor. Caso haja o interesse na divulgação, análise, reprodução, alteração de qualquer forma ou publicação favor entrar em contato com o e-mail contato@economiasemsegredos.com Este material tem o intuito apenas de conscientizar seus usuários sobre a importância da educação financeira e ainda fomentar de informações os leitores a respeito do assunto. O modo de utilização deste material é de total responsabilidade do usuário e este deve agir com prudência na utilização das dicas e exercícios propostos no corpo do material. Lembramos que o investidor não deve se limitar a consultar apenas uma fonte de informações no momento de realizar suas aplicações financeiras bem como suas análises. O autor não se responsabiliza de forma direta ou indireta pelos resultados obtidos com o conteúdo deste material tal como ganhos ou perdas financeiras. Dúvidas, críticas, sugestões e comentários também podem ser enviados através do e-mail contato@economiasemsegredos.com Os primeiros passos na educação financeira. Parte 1 8 1.1. O que é investir? Eu já estou no mercado de ações e também invisto há algum tempo e sei, portanto, que no mundo dos investimentos não há fórmulas mágicas ou dicas infalíveis. Tudo que você alcançar com seus investimentos deve ser delegado somente a você, seja por bons rendimentos ou por uma carteira que lhe fez perder dinheiro. Então o segredo para uma carteira rentável e segura são os estudos que você aplicar nela! Assim como uma fórmula matemática que diz que 1 + 1 = 2, podemos dizer que “sólido conhecimento teórico” + “aplicação prática” = “bom retorno financeiro”. No entanto, diferente da matemática que é uma ciência exata, o mundo dos investimentos é cheio de variáveis e inconstâncias que deixam qualquer analista experiente de cabelos em pés com uma alta ou queda inesperada na bolsa de valores, por exemplo. Sendo assim, por mais que você se prepare e busque entender cada mínimo detalhe do funcionamento do mercado de ativos e investimentos, sempre poderá haver um evento extraordinário que altere todo o curso da história (tanto para o bem como para o mal). Você então deve estar se perguntando “Mas como me prevenir de ocasiões inesperadas como a descrita e ainda assim ter um bom lucro em meus investimentos?”. A resposta para esta questão é o segredo que eu vou trazer para você neste eBook: se preparar e planejar diferentes cenários para que o seu risco seja minimizado,não importa a situação. Então a partir de agora, nosso novo dogma é a frase ao lado: Guia Prático de Análise de Investimentos “Planejamento é minimização de riscos. Estratégia é potencialização de lucros” Denis Ferreira 9 Guia Prático de Análise de Investimentos Foi assim, desde o princípio, que eu montei minha carteira de investimentos vencedora. Antes de entrar em um investimento eu pesquisava quase tudo que se era possível encontrar na internet, consultava sites de especialistas, lia diversos fóruns, acompanhava gráficos e simulava tudo no Excel. Depois que eu tinha certa segurança sobre eles, eu pesquisava qual banco/corretora poderia me oferecer as melhores condições para eu poder alcançar a melhor rentabilidade possível, é claro, sem me arriscar tanto em bancos pequenos ou desconhecidos, pois estes possuem um maior risco. É importante dizer que ás vezes você irá descobrir que um banco X te oferece melhores rendimentos, ou que uma corretora Y te dá maior segurança. Isto é questão de gosto e percepção de valor, então eu não vou (nem devo) indicar uma empresa para você, leitor, começar a investir. Lembre-se, parte do conhecimento que você irá adquirir é sendo independente e buscando as melhores opções você mesmo! Sendo assim, deixamos nosso segundo dogma para um investimento mais tranquilo: “Uma corretora é a porta entre você e seus investimentos. Escolher uma corretora de confiança é fundamental para você não ter nenhuma dor de cabeça futura e poder se concentrar somente nos seus investimentos.” Denis Ferreira 10 1.2. Pânico, o medo de investir Lendo diversos sites, fóruns e artigos na internet, sempre acabo me deparando com reportagens e textos que me fazem pensar o porquê do brasileiro ser um povo tão receoso em investir na bolsa de valores, títulos públicos, mercado de derivativos e etc.. Em uma das minhas pesquisas, acabei lendo diversas reportagens acerca do medo de se investir do povo brasileiro. Compilando os dados que encontrei, segue alguns bullet points com as conclusões dos pesquisadores (lembrando que estas conclusões são feitas a partir de uma amostra que os pesquisadores utilizam-se como base para o estudo e com estes dados eles conseguem chegar a uma porcentagem proporcional): – Menos de 1% da população brasileira investe em ações. Você leu certo! Somos mais de 200 milhões de brasileiros e menos de um por cento de nós investe ativamente na bolsa de valores. – Os três principais motivos para os entrevistados terem receio de investir na bolsa de valores são: • Não tem conhecimento para investir. • Não conseguem guardar dinheiro para investir. • Consideram sua renda muito baixa. – Os brasileiros dizem preferir menor rentabilidade se tiverem mais segurança. – 65% dos brasileiros se dizem conservadores na hora de investir. Porém o incrível é que destes que se consideram conservadores 85% não sabem dizer qual é a diferença dos riscos entre um perfil conservador e um arrojado na hora de investir. – 45% dos brasileiros preferem a poupança como o melhor investimento, mesmo que 27% dos entrevistados considerem a poupança um investimento agressivo e de alto risco. Guia Prático de Análise de Investimentos 11 – 40% dos brasileiros não sabem para que serve a bolsa de valores. E se você pensou que pelo menos os outros 60% sabem você se enganou! Dos que disseram saber, assustadoramente 10% dizem que você está emprestando dinheiro à empresa, 6% acreditam que você está comprando a dívida da empresa e 20% dizem que você está comprando a empresa (não foi usado o termo ser sócio) e se tornando dono dela. – Quando se fala de consumo, 85% dos brasileiros confessam comprar sem nenhum planejamento, ou seja, sem pensar nas parcelas, juros e correções inclusas no preço que irão pagar. – Os americanos utilizam a bolsa de valores de seu país como uma forma de poupança, já os brasileiros acreditam que a bolsa serve somente para especular e ganhar (ou perder) dinheiro rápido. – 35% dos brasileiros acreditam que a bolsa é somente para pessoas ricas e que os investimentos iniciais são acima de R$ 1.000.000,00. Guia Prático de Análise de Investimentos – Quando foi questionado sobre qual era o investimento mais volátil, ou seja, aquele que possui maiores variações e exposição ao risco, 27% das pessoas disseram ser este investimento a Poupança. Outros 37% disseram nem conhecer qualquer investimento que se encaixasse na questão. – Em uma pesquisa sobre investimentos 37% das pessoas disseram que deixam seu dinheiro na poupança (mesmo achando, de forma errada, que este é um investimento arriscado) e 44% deixam seu dinheiro simplesmente parado na conta corrente sem nenhum tipo de movimentação. Sim amigos. É assustadora a forma como os brasileiros veem os investimentos no país e também como eles não possuem o menor conhecimento sobre o tema. Posto isso, é de extrema importância que antes de se iniciar qualquer empreitada no mundo dos investimentos, se faz necessário um profundo estudo acerca dos tipos de investimentos (ativos financeiros) que você deseja ter em sua carteira de ativos. 12 1.3. Poupar é mais importante do que investir! Agora vamos saber se você conhece a relação POUPAR x INVESTIR? A frase “é mais importante poupar do que investir” é incontestável. Se no final do mês não sobra aquele dinheirinho para você colocar na poupança, como você espera ter alguma sobra do salário para poder investir? Ai é que está a questão! Por que temos que torcer para sobrar um pouco de salário no fim do mês para investir? Quando não priorizamos a poupança (não a caderneta de poupança, mas o ato de poupar, guardar dinheiro) dificilmente vamos entender a importância de termos uma reserva monetária para possíveis imprevistos, para realizar sonhos ou até para investir. Um dos grandes déficits que temos em nossa educação se diz parte à educação financeira que recebemos. Temos que aprender que poupar vem em primeiro plano uma vez que não podemos prever o futuro e estar preparado para ele é essencial! Guia Prático de Análise de Investimentos 13 Você já deve ter ouvido a importância de separar pelo menos 10% do seu salário para um fundo de emergência, mas somente isto não basta. Temos que nos esforçar para que possamos organizar nossas finanças pessoais de modo que além de uma reserva tenhamos também um dinheiro disponível para investimentos. Dinheiro investido é dinheiro que trabalha para seu dono, ou seja, enquanto você está fazendo suas atividades diárias seus investimentos estão rendendo e acumulando VALOR para você. 1.4. Mas como fazer para poupar antes de investir? Quando alguém começa a se interessar por investimentos logo vem à cabeça das pessoas que ela irá ter quatro monitores de computador com vários gráficos, preço das ações, notícias do preço do petróleo e a cotação do dólar na tela. Se esse também é o seu pensamento, saiba que você está redondamente enganado. Investir ainda é um mito para muitos brasileiros, pois nosso país não tem a cultura de reservar uma parte de seu dinheiro para aplicar em ações, CDBs, Letras financeiras dentre outras opções. Mas e se eu te disser que mais de 40 MILHÕES de brasileiros investem quase todo mês e nem ao menos sabem que o fazem… você acreditaria nisto? Pois este é o número de pessoas que investem mensalmente na Caderneta de Poupança, um dos tipos mais comuns e simples de se investir dinheiro. Guia Prático de Análise de Investimentos 14 “Poupar é mais importante do que investir”Como eu já disse anteriormente, o dito popular acima não me deixa mentir. Para quem começa a formar a ideia na cabeça de ser um investidor quase sempre se faz a mesma pergunta: Mas como vou conseguir o dinheiro para investir? Muitos dos produtos disponíveis no mercado para investimento exigem que seja feito um aporte inicial para poder comprar um título ou certificado, ou seja, você precisa de uma elevada quantia inicial para começar. Não é difícil de encontrar investimentos que começam com um aporte de R$10.000 a R$ 50.000. Na verdade, grandes bancos geralmente são quem possuem as maiores necessidades de aportes iniciais estrondosos. Mas não é somente isto que impede que muitos investidores comecem a investir em produtos mais elaborados. Muitas vezes as taxas (de administração, de corretagem, de oportunidade) corroem o lucro desejado para o pequeno investidor que está começando agora. A poupança vem então neste sentido dar uma ajuda para estes novatos! Com um mecanismo bem simples de aplicação de dinheiro, isenção de impostos, isenção de taxas e liquidez imediata, a poupança é uma excelente opção de acúmulo de capital para se investir no começo. Mas antes de conhecermos mais sobre a poupança, que tal aprendermos como controlar as nossas despesas? Então clique aqui e baixe agora mesmo a planilha de Despesas Pessoais do Grupos sem Segredos. Guia Prático de Análise de Investimentos 15 1.5. Como funciona a poupança? A poupança é uma aplicação que funciona baseada no pagamento de juros no aniversário mensal de um depósito. Simplificando, o banco paga para você um rendimento por deixar um dinheiro aplicado com ele durante certo período de tempo (geralmente um mês). Sua rentabilidade antigamente era uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a T.R. (taxa referencial), porém hoje ela varia de acordo com o patamar em que se está a Selic*. Desde 04 de maio de 2012 a poupança rende 70% da taxa Selic quando esta estiver em 8,5% ao ano ou menor mais a T.R. Importante ressaltar que os depósitos que foram realizados até o dia anterior a esta data (04/05/12) continuam com a sua rentabilidade antiga e não se alteram independentemente do patamar da Selic. * Selic: Taxa básica da economia brasileira a qual “guia” demais taxas de juros cobradas (ver: http://economiasemsegredos.com/taxa-selic- um-exemplo-a-ser-seguido/) Guia Prático de Análise de Investimentos Uma mesma conta pode possuir depósitos com o rendimento antigo e novo ao mesmo tempo e caso você saque parte deste dinheiro, o saque retira primeiro o depósito com a nova regra para preservar os depósitos com a rentabilidade antiga. Então a poupança não oferece riscos? Risco todo investimento oferece, seja ele baixo ou alto. A diferença é que a poupança é um investimento com baixíssimo risco por dois motivos principais: 1º) O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) garante ao poupador o reembolso de até R$ 250.000,00 (duzendos e cinquenta mil) caso o banco em que a pessoa tenha poupança quebre. 2º) O dinheiro depositado nas poupanças brasileiras servem como um fundo para empréstimos para compra de imóveis. O banco deve repassar 65% do total do montante para empréstimos imobiliários, um dos empréstimos que possuem o menor calote. Sendo assim dificilmente você irá perder o seu dinheiro aplicado em sua caderneta de poupança. A longo prazo a poupança se mostra um investimento interessante para reservas financeiras de emergência e também como um “cofrinho com benefícios”. 16 1.6. Risco, Rentabilidade e Liquidez. Agora que você conhece como funciona a poupança, a pergunta que pode ter ficado no ar é “Vale a pena?”. Como vimos no exemplo da caderneta de poupança, ela é um investimento com um baixo risco, uma elevada liquidez já que você pode sacar a qualquer momento o seu dinheiro, porém com uma baixa rentabilidade, podendo às vezes seu rendimento perder até para a inflação*. Sendo assim, pode ser do interesse do investidor buscar outros ativos que tragam uma maior rentabilidade, assumindo maiores riscos. Mas então o que deve ser avaliado em um investimento para saber se ele está adequado para mim? Às vezes os pequenos investidores acabam se atrapalhando e fazendo as escolhas erradas, perdem mais dinheiro do que ganham e acabam por fim desistindo de investir. Por isso quando começo qualquer conversa com alguém que quer começar a investir eu pergunto: “Qual o risco você está disposto a correr?” De acordo com a resposta da pessoa, devemos levar em consideração a tríade que serve como base para a avaliação de qualquer tipo de investimento: Risco x Rentabilidade x Liquidez. A descrição dos termos pode ser vista na próxima página. * Inflação: perda percentual do valor do dinheiro no tempo (ver: http://economiasemsegredos.com/nossa-a-inflacao-subiu-ta-mas-e- dai/) Guia Prático de Análise de Investimentos 17 Quando vamos escolher um investimento temos que observar certos pontos para que no futuro nós não passemos raiva ou necessidade financeira. Por exemplo, investir na poupança é um investimento seguro, pois o FGC garante até duzentos e cinquenta mil reais caso a instituição financeira quebre, ele é um investimento líquido porque posso sacar o meu dinheiro a qualquer momento em qualquer caixa eletrônico, porém ele não é muito rentável. Como foi dito, a poupança rende apenas 70% da Selic quando ela está em 8,5% ou menor mais a taxa referencial que está quase zero de rendimento, ou seja, quase nem dá para cobrir a inflação. E um imóvel? É um bem fixo! Posso ganhar o aluguel e ser feliz, porém e se eu precisar de dinheiro? Consigo vender este imóvel rápido o suficiente (liquidez)? Por outro lado, eu posso investir em ações. Estas possuem uma boa liquidez (posso vendê-las no pregão do dia na bolsa de valores) e dependendo da ação ela possui uma boa rentabilidade, porém junto com ela vem um grande risco. Risco: risco é a chance de um plano seu ser diferente do esperado, ou seja, quando você planeja algo e este não acontece. Qual o risco que corro ao investir neste produto, ação, carteira de investimentos? Rentabilidade: é o valor final que se espera receber por investir o dinheiro. Qual o retorno que espero ter nesta aplicação financeira? Liquidez: é a capacidade de um ativo se transformar em dinheiro. Posso retirar meu dinheiro desta aplicação a qualquer momento? Guia Prático de Análise de Investimentos 18 Guia Prático de Análise de Investimentos Como assim risco? Ao analisar um investimento considerado de alto risco você provavelmente vai encontrar uma rentabilidade elevada atrelada a este investimento, mas cuidado, por ser de alto risco este investimento pode ao invés de te trazer muito dinheiro trazer muita dor de cabeça. Então alto risco é igual à rentabilidade? Não!!! Muitos iniciantes acreditam que por um investimento apresentar risco alto a rentabilidade será maior. Se um investimento é arriscado é porque a probabilidade de ele dar efetivamente certo pode ser muito pequena. Quais as chances da ação da empresa X valorizar? E se descobrirem um rombo financeiro no caixa da empresa? Concorda que esta ação vai perder seu valor e assim você perderá dinheiro? Ao analisarmos um investimento temos que nos atentar ao nosso perfil e ao ponto de equilíbrio: 19 Guia Prático de Análise de Investimentos A imagem acima nos mostra a correlação destes três itens a serem avaliados, porém este ponto de equilíbrio pode variar de pessoa pra pessoa. Quem é mais jovem e pode arriscar mais dinheiropode correr um risco maior, pois dará tempo de recuperar este valor. E alguém próximo da aposentadoria? Este vai preferir um investimento mais seguro, mesmo que com uma rentabilidade menor. Para saber qual é a combinação perfeita entre os fatores Risco, Rentabilidade e Liquidez, antes devemos conhecer qual é o nosso perfil de investidor. 1.7. Perfil do investidor. Uma vez que você tenha decidido que quer investir e está disposto a aplicar uma boa parte do seu tempo no aprendizado de como maximizar seus lucros, devemos alertá-lo que nem todo investimento pode servir para você! Isso acontece porque todos nós temos um perfil psicológico que afeta diretamente o nosso modo de investir. Esse perfil é conhecido no mercado financeiro como perfil do investidor sendo ele um estereótipo de características em comuns que um mesmo grupo de investidores possui. O tipo de perfil de investidor em que você se enquadra define quais ativos financeiros seu agente de investimentos, ou até você mesmo por conta, buscará ter em sua carteira. Se você aceita, por exemplo, um elevado risco de variações de ganho e perda em seus ativos, busca alta rentabilidade em um prazo curto de tempo e ainda não possui necessidade de liquidez imediata, você provavelmente será enquadrado no perfil de investidor “agressivo”, título dado àqueles que desejam elevados ganhos em prazos curtos, assumindo grandes riscos. Já se você prefere uma renda estável e previsível, mesmo que não tão elevada, mas com a segurança de que no final do mês sempre haverá um pequeno valor a sacar, você provavelmente se enquadrará no perfil de risco “conservador”, visto que seu foco não são ganhos estrondosos, mas sim proteção de capital no longo prazo. 20 Bancos, corretoras, clubes de investimentos e outros fazem esta análise de perfil psicológico com o intuito de alinhar suas expectativas com os produtos oferecidos por eles, além de não expor seus clientes a um risco acima do qual eles gostariam de ter. Logo ao abrir uma conta junto a uma empresa que administrará seus investimentos, é comum o investidor receber uma série de perguntas do tipo: • “Quantos anos você tem?” • • “Qual seu conhecimento no mercado de ações?” • • “Você pretende resgatar seu dinheiro em quanto tempo?” • • “Você costuma acompanhar o mercado econômico?” • • “Qual o percentual de perda máxima que você aceitaria?” Estas perguntas em geral tendem a te enquadrar em determinadas classes de clientes já cadastrados no banco de dados das corretoras, permitindo uma classificação média de suas características. Após o envio das respostas, eles conseguem traçar para você uma estratégia de investimentos que respeite tanto seu apetite por risco, sua necessidade de liquidez e sua expectativa de rentabilidade. Guia Prático de Análise de Investimentos 21 Se a combinação de suas respostas der, por exemplo, um perfil de investidor “conservador”, você provavelmente receberá dicas de como investir em títulos de renda fixa, títulos públicos do governo e deixar uma parte na poupança pra emergências. Já se a combinação apontar que você é um investidor agressivo, você terá dicas de como entrar no mercado de ações, arriscar com os derivativos, com as opções de compra e venda e tentar rentabilizar ao máximo sua carteira de investimentos. “O perfil de investidor serve para, nada mais nada menos, ser um guia que lhe trará a melhor composição para uma carteira de investimentos balanceada e diversificada.” Denis Ferreira Guia Prático de Análise de Investimentos 22 Nasci conservador. Será que vou morrer assim? Umas das coisas mais interessantes acerca dos testes de perfis de investidor é que, conforme os anos vão passando, nossa percepção de risco, rentabilidade e necessidade de liquidez também vão mudando, ou seja, o tempo muda nossas perspectivas e com isso devemos reestruturar nossa carteira de investimentos para que ela não fique fora de nosso perfil. É comum a um jovem investidor querer e poder arriscar mais, uma vez que ele não tem muitos comprometimentos como contas para pagar, filhos, despesas com a casa, carro e etc.. Além disso, caso ele venha a perder uma quantia elevada de seu patrimônio, ele tem, em teoria, muito mais tempo para ir atrás do prejuízo. Já uma pessoa próxima dos 50 anos de idade possui dívidas e despesas que não podem ser abandonadas tão facilmente, como financiamento da casa, faculdade dos filhos, plano de saúde dentre outros. Nesse caso, pegar todo o patrimônio deste investidor e aplicar em ações de alto risco é não só inadequado como pode vir a destruir todo o patrimônio que ele demorou a constituir. Sendo assim, se faz necessário a realização de um novo teste de perfil a cada três a cinco anos, para que você possa mensurar se, na fase da vida em que você se encontra, os seus investimentos são compatíveis. Lembrando que, independente de que estágio da vida ou perfil você tenha, o importante é diversificar. Deixamos aqui um link para que você possa descobrir seu perfil de investidor: Teste de perfil de investidor * O teste é do site “UOL Economia” e serve para você ter uma ideia de qual seu perfil na hora de investir seu dinheiro. Para testes mais completos, consulte uma corretora de valores ao seu gosto! Guia Prático de Análise de Investimentos 23 Certamente você ouviu este conselho de sua avó que diz para nunca se colocar todos os ovos na mesma cesta, pois se ela cair você perde todos os ovos. Bom, no mundo dos investimentos não é tão diferente. Se arriscar com todo seu capital em apenas ações de uma única empresa, por exemplo, isto certamente te deixará exposto a todo o risco que aquela empresa sofrer. O que ocorre se amanhã aquela empresa perder seu faturamento ou se a justiça descobrir que ela está envolvida em um esquema ilegal, ou até pior... a empresa vem a falir? O valor das ações irá despencar e junto com eles o dinheiro que você possui investido. Para evitar que isso ocorra você deve sempre buscar limitar seu risco em determinado ativo, mitigando as chances de perder dinheiro através da diversificação investindo em setores diferentes (e por que não contrários como cíclico e anticíclico*), ativos de diferentes riscos, manter alguma liquidez disponível e etc.. Abaixo seguem quatro passos essenciais ao investidor prudente: 1.8. Investimentos e a diversificação da carteira Para quem está começando a investir sempre fica o medo de sair com menos dinheiro do que se começou. Mas por que este medo? Bom a resposta é simples quando se olha para milhares de histórias de fracassos aonde pessoas perderam suas poupanças, economias e até bens quando se aventuraram a investir. A maioria das histórias de fracasso possuem os mesmos três personagens: Falta de conhecimento, alocação de todo dinheiro em um só ativo e falta de disciplina. Estes ingredientes certamente não poderiam resultar em um bom negócio. Portanto, eu recomendo que antes de começar a investir o mais importante é conhecer todos os riscos envolvidos no investimento, saber seus prazos médios de retorno e estudar exaustivamente sobre o mesmo até se sentir seguro. Um pequeno investidor que apenas ouviu um amigo ou seguiu a dica de um “guru” do mercado vai certamente perder seu suado dinheirinho. A resposta para se prevenir destes perigos é sempre a mesma: diversificação de carteira. * Ciclico e anticiclico: setores ciclicos tendem a acompanhar o crescimento da economia como um todo ao passo que setores anticiclicos tendem a ir bem quando a economia se deteriora ou retrai. 24 b) Entenda qual o tempo deretorno esperado: Conhecer e entender qual o prazo em que você espera ter o retorno para os seus investimentos é fundamental. Uma boa dica para isto é estipular metas, por exemplo: Eu quero comprar um carro em dois anos ou quero ter minha casa em cinco anos. Saber o prazo de um objetivo te ajuda e escolher melhor os investimentos que você alocará em sua carteira e também a ajustar os investimentos às suas necessidades. a) Entenda seu perfil de risco: Entender seu perfil de risco é o passo mais importante para se montar uma carteira de investimentos. Quando você conhece o risco que você está disposto a correr você consegue mensurar melhor a proporção de que cada investimento fará no total de sua carteira. Por exemplo: Perfis de risco conservadores (aqueles que aceitam um retorno menor, porém uma maior segurança) devem alocar seu dinheiro em investimentos em que o investidor não corre o risco de ter seu patrimônio deteriorado. Guia Prático de Análise de Investimentos 25 d) Defina o percentual de cada investimento: Uma vez que você sabe seu perfil de risco é importante você definir qual será a porcentagem de cada investimento em relação ao total de seus investimentos. Vamos trabalhar com um exemplo para melhor explicar: c) Estabeleça uma porcentagem de sua renda: Dizer que você irá investir 100% do que você ganha é irracional. Primeiro porque a maioria de nós possui despesas que comprometem nosso orçamento mensal e segundo que mesmo que você consiga guardar todo o seu salário isso não é recomendado. Deixar de aproveitar a vida para juntar dinheiro nunca é um bom objetivo, pois as tentações te farão logo mais abandonar seu plano de investimentos. Uma boa dica é separar 10% de sua renda para começar, se manter fiel a esta porcentagem e gradativamente aumentar quando possível. Lembre-se, disciplina é um dos grandes desafios de quem é um bom investidor. Guia Prático de Análise de Investimentos 26 Digamos que uma pessoa possui um perfil de investidor “Conservador” e que ela possui R$10.000,00 para investir. Vamos imaginar também que esta pessoa tem o objetivo de comprar um carro em dois anos e consegue guardar R$300,00 por mês. Uma vez que ela preza mais a proteção do que altos retornos e estipulou um prazo de dois anos para utilizar o dinheiro poupado, temos que pensar em uma carteira que corresponda a todos as nossas necessidades. Uma boa carteira para esta pessoa seria: No exemplo acima a pessoa tem investimentos com e sem liquidez e a carteira atende a sua necessidade de perfil conservador, pois possui 70% de sua renda em investimentos de renda fixa (quando se sabe o valor que se vai ganhar ao fim do investimento) e uma pequena parte (30%) em renda variável. Podemos observar também que grande parte do valor total possui liquidez, ou seja, se o investidor precisar retirar o dinheiro ele conseguirá sacar o valor investido a qualquer momento. Este é um pequeno exemplo de como estruturar sua carteira de investimentos, lembrando sempre que se deve procurar uma corretora e um agente de investimentos para que estes possam te auxiliar na hora de investir. Guia Prático de Análise de Investimentos 27 1.9. Qual o melhor investimento para você? Sempre que um conhecido meu vem conversar de investimentos comigo a pergunta é a mesma: “Denis, devo investir em renda fixa ou renda variável?”. E a resposta é sempre a mesma: “Siga seu coração!!!” Brincadeiras à parte (NUNCA siga seu coração na hora de investir, use seu cérebro), a resposta para esta pergunta não é tão simples e óbvia como muitos podem pensar. Tudo depende do seu apetite pelo risco. Então a regra para quando formos investir, é ter em mente e seguir os quatro pontos principais destacados no capítulo 1.8.. Só depois que você estipulou bem seus objetivos, está na hora de escolher como o seu investimento será remunerado seguindo as definições: a) Renda fixa: Geralmente considerada um investimento de perfil “conservador”, a renda fixa é o tipo de investimento que você sabe quanto irá ganhar no final do prazo estipulado logo ao fazer o aporte, mas cuidado, saber o quanto você vai no ganhar no final nem sempre significa que você vai sair lucrando. Vamos a um exemplo: Comprei uma LCI (Letra de crédito imobiliário) com vencimento de um ano, remunerada a uma taxa de juros simples (pra facilitar a conta) de 10% ao ano (a.a.). Se coloquei R$ 1.000 Mil hoje, daqui um ano vou receber de volta R$ 1.100,00. Simples. Guia Prático de Análise de Investimentos 28 Guia Prático de Análise de Investimentos Perceba que ao realizar o aporte, eu fechei um acordo de 10% ao ano e ponto, nem um pontinho a mais nem a menos. Sei, então, que no final do ano vou receber 10%. Mas… e se a inflação subir? Ora, a inflação não é quando perdemos nosso poder de compra? Então esse dinheiro investido também sofre as perdas da inflação. Vamos a outro exemplo. 1º Cenário (Inflação fecha o ano em 6,5%): digamos que neste ano a inflação fechou em 6,5% a.a. Sendo assim, 10% – 6,5% = 3,5% de ganho real (de uma forma bem simplória).No exemplo a taxa nominal, ou seja, a taxa prometida é de 10%, porém, como a inflação “comeu” o poder de compra do dinheiro, a taxa real é de apenas 3,5% a.a. 2º Cenário (Inflação fecha o ano em 11%): se no ano seguinte você investiu outros mil reais a mesma taxa de 10% por um ano, ao final deste período vai receber os mesmos mil e cem reais. Só que neste ano a inflação subiu muito e bateu 11% a.a. fazendo assim a seguinte equação 10% – 11% = -1%, ou seja, você perdeu dinheiro. No exemplo acima a taxa nominal, ou seja, a taxa prometida é de 10%, porém, como a inflação “comeu” o poder de compra do dinheiro, a taxa real é negativa. Em sua maioria os investimentos de renda fixa também possuem uma liquidez menor, ou seja, você tem um prazo mínimo para resgatar seu dinheiro, podendo esse prazo ser de um ano, meses ou até décadas. Isso varia em cada investimento. 29 b) Renda variável: Mais simples não poderia ser. A principal característica deste investimento está no próprio nome… a renda varia! Neste tipo de investimento, geralmente de maior risco, o x da questão está na tentativa de prever o cenário futuro na data de vencimento. Quando a taxa pode variar, você tem chances tanto de perder seu dinheiro como de lucrar muito. Quando você aporta seu dinheiro em um investimento de renda variável, ele muito provavelmente irá pagar uma taxa sobre um benchmarking*. Para explicar melhor vamos demonstrar isso: Eu compro um título que paga 3% a.a. + o IPCA (Inflação oficial no Brasil). Ou seja… o IPCA é meu benchmarking, pois se ele sobe a minha renda vai subir também e se ele cai a minha renda vai ser menor. Ah! Por isso se chama renda variável!!! Com a renda variável, nós conhecemos o rendimento do investimento só no final, pois ele vai variar até você resgatar seu dinheiro. Outra coisa é que na renda variável nós conhecemos o ganho real do investimento. Entenda: 1º Cenário: O IPCA ficou em 6% a.a., então ganharei 9% nominal (IPCA + os 3%). 2º Cenário: O IPCA ficou em 2% a.a., então ganharei 5% nominal. Como a inflação (IPCA) é a base para o ganho sobre o meu dinheiro, não importa qual patamar ela atinge, pois eu sempre vou ganhar a taxa real dele, ou seja, os 3%, uma vez que o benchmarking só irá repor o dinheiro perdido com a inflação. *Benchmarking: índice ou referência a qual o investimento deverá seguir a rentabilidade. Guia Prático de Análise de Investimentos 30 Afinal, qual o melhor? Não tem como eu te responder essa tão fácil.Nós vamos cair na explicação do começo do capítulo. O que eu posso dizer é: você tem certeza que renda fixa é investimento conservador? Não seria mais conservador aquele que indexa seu rendimento em um benchmarking, assim te protegendo dos solavancos do mercado? Renda fixa é boa quando você acredita que a inflação irá cair, por exemplo, porque ao fixar aqueles 10% de rendimento, caso a inflação caia, você irá receber mais retorno uma vez que a inflação comeu menos dinheiro seu. Guia Prático de Análise de Investimentos 31 2- Posso investir em ações por conta própria sem ter que contratar um banco ou corretora? Não! Pelo fato de haver toda uma regulação no mercado de ações se faz necessário haver um intermediário financeiro autorizado que é quem irá realizar a venda e compra de ações em seu nome conforme suas ordens. 3- É mais fácil uma corretora ou um banco “quebrar”? Em qual é mais barato investir? A resposta para esta é depende! Depende do quê? Bom, depende do tipo de banco ou corretora em que se está investindo. Tecnicamente falando é mais fácil um banco ter problemas financeiros uma vez que ele trabalha com diversos produtos que envolvem riscos de calote (como crédito imobiliário, pessoal e etc.). Corretoras possuem papéis específicos e geralmente trabalham de uma forma que o cliente transfere seus recursos para a corretora e só ai pode investir, então se não há dinheiro não há investimento. 1.10. Oito perguntas. Agora que você já entendeu a importância de poupar seu dinheiro e está pronto para começar a investir, confira abaixo as oito perguntas que você deve saber a resposta antes de montar sua própria carteira de investimentos. 1- Qual o valor mínimo que preciso para começar a investir? Este negócio de valor mínimo não existe. É possível começar a investir com R$ 10, R$ 20 ou R$ 30 reais. A pergunta correta é “qual o valor mínimo para começar a investir em ações”, por exemplo. A quantia mínima depende muito mais do seu objetivo do que da vontade de investir. Alocar seu dinheiro na poupança é investir! A dica é: o ideal é juntar no começo uma boa quantia na poupança e depois partir para outros investimentos porque muitos deles tem custo alto quando você aporta pequenas quantias, diferente da poupança que não possui custo nenhum. Guia Prático de Análise de Investimentos 32 O segredo é conhecer até onde você está disposto a chegar. Quanto mais rápido for o retorno e maior a rentabilidade, maior será o risco que o investidor está correndo. O segredo para não sofrer com uma perda brusca do capital investido é saber alocar o dinheiro em diferentes investimentos, pois assim se um perde sua rentabilidade você possui outros te protegendo da quebra. 6- E em caso de uma instituição quebrar? Posso recuperar meu investimento? Quando uma instituição é liquidada você perderá o seu dinheiro que estiver na “conta corrente” da corretora, ou seja, você perderá somente o dinheiro que não estava investido. Se seu dinheiro estava investido em ações você não as perderá, mas será necessário solicitar a uma nova corretora que faça a gestão de suas ações. Em instituições financeiras como bancos o risco é diferente. Dependendo do produto em que você investiu você pode demorar a receber seu dinheiro de volta. Há produtos também que possuem uma proteção do FGC que garante a devolução do dinheiro investido mais o valor dos rendimentos que totalizem até R$ 250.000 reais. Sobre qual ser mais barato de investir também depende. Há corretoras que oferecem planos bem baratos para quem investe pouco. Bancos geralmente possuem taxas maiores, mas as pessoas investem por ele por ser mais cômodo ter uma conta de investimentos no banco em que já possuem uma conta corrente. 4- Como escolho uma corretora para começar a investir? Há diversas corretoras com serviços específicos para cada tipo de cliente. Pesquisar quais são as que melhor se encaixam as suas necessidades x custo é o segredo para escolher a melhor opção. No começo priorize aquelas que possuem as menores taxas para pequenos investidores e aquelas que também possuem suporte ao cliente na hora de investir. Como você está começando neste mundo novo o melhor é ter um acompanhamento profissional para não perder dinheiro. 5- Há riscos de perder todo o meu dinheiro investido? Quando um investidor começa a aplicar seu dinheiro seja em ações, CDBs, Fundos de investimentos dentre outros é necessário ter em mente que irá correr riscos. Como fazer para minimizar estes riscos? Guia Prático de Análise de Investimentos 33 8- O que devo avaliar na hora de escolher um investimento? O principal é saber o porquê você está investindo. Qual o prazo que você quer resgatar o seu dinheiro? Quanto quer lucrar? Está disposto a correr mais riscos por mais rentabilidade? Sabendo estas respostas você consegue identificar qual o risco, o retorno e a liquidez que você quer nos seus investimentos e assim conseguirá escolher a melhor opção. 7- Há investimentos que não possuem tributação como o Imposto de Renda (IR)? Sim, alguns investimentos não possuem a incidência de IR, ou seja, quando você for sacar o dinheiro você não tem o valor de seus rendimentos diminuídos pelo imposto. Alguns exemplos são a poupança, as LCIs, os dividendos, debêntures de infraestrutura e etc.. Guia Prático de Análise de Investimentos O mercado brasileiro de investimentos. Parte 2 35 2.1. Bolsa de valores, uma história. Quem tem contato com os jornais de economia com certeza já ouviu falar desta tal de BM&F Bovespa. Hoje ela é a bolsa de valores oficial do Brasil e uma das maiores bolsas do mundo no quesito valor de mercado. A Bovespa tem seu início datado em 23 de agosto de 1890, quando nesta data um grupo de agentes de negócios, tendo como líder Emílio Rangel Pestana, fundaram a Bolsa Livre, o comecinho da história da Bovespa. A Bolsa Livre não durou muito e assim quatorze meses depois de sua fundação ela já deixou de existir. Depois de quatro anos uma nova tentativa de se instaurar uma bolsa de negociações no Brasil deu origem a Bolsa de Fundos públicos de São Paulo, uma bolsa da qual o governo tinha total controle sobre seus corretores. Muitos anos depois, em 1917, foi fundada a Bolsa de Mercadorias (BM) que tinha o objetivo de regular e proteger quem comprava e vendia produtos agrícolas em São Paulo. Após muitos anos de operação as bolsas alcançaram um tamanho imenso de negociações, o que levou as bolsas se desvincular do governo se tornando independentes e tendo autonomia administrativa. Foi quando em 1967 que a bolsa de São Paulo recebeu o nome pela qual a conhecemos hoje, BOVESPA, e em 1968 foi lançado o índice que baliza as principais ações presentes na bolsa, o IBOVESPA. Em 2008 a BM&F Bovespa nasceu da junção da Bolsa de Mercadorias e da Bolsa de Valores, se tornando então umas das maiores bolsas da América Latina, dando espaço para a criação de diversos novos segmentos para negociação como o índice de café, de ouro, de dólar, além das já conhecidas ações. “A bolsa de valores é como um jogo onde só ganha quem conhece suas regras.” Denis Ferreira Guia Prático de Análise de Investimentos 36 2.2. O que é uma ação? Uma ação é a menor parte de um capital social de uma empresa, ou seja, quando uma empresa abre seu capital em um IPO (Initial Public Offering – Oferta Pública Inicial) ela divide em partes iguais seu investimento inicial e seus sócios (aqueles que compram suas ações) se tornam um dos “donos” da empresa respondendoa todos as obrigações e possuindo todos os direitos que qualquer outro sócio. As ações podem ser divididas em dois tipos principais: a) Ordinária AÇÃO3: Recebem geralmente o código 3 após o nome (Ticker) e dão direito a um voto por ação quando há assembleias. b) Preferencial AÇÃO4: Recebem geralmente o código 4 após o nome (Ticker). Estas não dão direito a voto (há poucas exceções), porém quando há a distribuição de dividendos as ações preferenciais tem, como o nome indica, preferência nos recebimentos destes valores. Estas ações, ou papéis como também são conhecidos, são negociadas diariamente na BOVESPA e compõem diversos índices que reúnem as ações levando em conta características em comum como índice de papéis de consumo, da indústria, de commodities e etc.. A negociação de uma ação ocorre quando uma parte vendedora (aquele que possui a ação) encontra a parte compradora (aquele que possui recursos para adquirir a ação) e ambos chegam a um acordo acerca do preço (cotação) que aquele ativo vale. Quando vemos que uma ação está cotada, por exemplo, a R$ 5,00 entendemos que este é o valor que o mercado considera justo para aquele papel. Ao longo do dia a cotação de uma ação pode flutuar entre altas e quedas até que no fim do pregão* o valor final será aquele em que houve a última negociação. Quando dizemos que a ação está cotada a aqueles R$ 5,00, levamos em conta apenas um ativo, porém o mais comum é a negociação de ações em lotes de 100, chegando ao valor de R$ 500,00 por lote (100 x R$ 5,00). Todas as negociações no mercado à vista ocorrem em múltiplos de 100, exceto a negociação em valores “quebrados” como, por exemplo, 70 ações. Nesse caso a negociação ocorre no mercado fracionário onde são realizadas compras e vendas em lotes menores, sendo este um mercado de baixíssima liquidez, podendo a ordem de compra ou venda ficarem dias sem ser executada. *Pregão: horário de negociação das ações na Bovespa, conhecido como mercado à vista. Ocorre geralmente das 10h às 17h 37 2.3. IPO, a abertura de capital. Quando uma empresa está crescendo ela precisa expandir suas operações para dar conta dos novos clientes que querem comprar com ela, aumentar seu faturamento e expandir sua área de atuação. Para isso ela precisa de capital, ou seja, de dinheiro para poder financiar sua expansão. Mas o que acontece quando a empresa não possui este valor em caixa disponível para o investimento? Bem, ela pode conseguir dinheiro emprestado para assim dar início aos seus projetos. Existem diversos meios de se conseguir dinheiro de terceiros, podendo a empresa conseguir capital junto a empréstimos bancários, emissão de dívida (debênture), aportes monetários dos próprios sócios e, um dos mais famosos, o IPO. Da sigla em inglês Initial Public Offering (oferta pública inicial) o termo IPO significa uma empresa abrir seu capital em bolsa de valores para a entrada de novos sócios. Para uma empresa passar pela oferta de ações no mercado ela deve cumprir diversas etapas, como a contratação de uma entidade para assessorar a transformação da empresa de capital fechado em capital aberto. Guia Prático de Análise de Investimentos 38 2.4. As etapas de um IPO. O IPO (Initial Public Offering) ou traduzindo o processo de Oferta Pública Inicial de ações é o processo que consiste basicamente em transformar o controle acionário de uma empresa, passando de sociedade limitada com o controle gerido por um núcleo de empresários para capital aberto, com a negociação de participações no capital desta empresa aberta a qualquer interessado. Colocando em poucas palavras, a empresa passará a ter seu capital social negociado entre diversos investidores que irão adquirir uma parte (ação) da empresa. Mas antes de entender como funciona o processo de IPO, vale a pena entender o porquê de uma empresa abrir seu capital! Acesso ao mercado de capitais: Para realizar as suas atividades corriqueiras uma empresa precisa antes de tudo de dinheiro, ou como é comum dizer, de capital. De forma resumida, é possível obter esse capital de três maneiras: a) Através do aporte financeiro dos próprios sócios/acionistas. b) Através de empréstimos bancários junto à instituições financeiras. c) No mercado de capitais. Guia Prático de Análise de Investimentos 39 Sobre o primeiro, cada sócio pode dar um valor de entrada no momento da constituição da empresa, conhecido como “capital inicial”, sendo este valor acordado entre todos os acionistas e descrito em um contrato social para formalização. Já sobre o segundo, as empresas podem solicitar junto às instituições financeiras um empréstimo monetário o qual a empresa se compromete a devolver em uma data futura com o acréscimo de juros (também conhecido como spread bancário). Nas alternativas descritas acima, muitos estudiosos alegam que ambos podem ser meios relativamente caros de se obter capital, afinal os donos da empresa exigirão uma remuneração pelo dinheiro investido na companhia, sendo essa remuneração maior ou igual ao retorno financeiro que estes conseguiriam investindo em outros ativos (LCI, CDB, Ações e etc.) ou o spread, com o banco sendo também uma alternativa relativamente cara, afinal o papel das instituições financeiras é a de fazer a “compra e venda” de dinheiro, cobrando juros pelos empréstimos, os quais geralmente são custosos. Sobra então aos administradores da empresa tentar buscar recursos junto ao mercado de capitais, ou seja, vendendo títulos ou ações no mercado a fim de levantar recursos com pequenos investidores, diluindo o risco. Seja através da emissão de títulos como Debêntures, venda de direitos creditórios através de FDICs ou vendendo uma parte de seu controle por ações, a obtenção de recursos no mercado aberto tende a ser mais barata, visto que há a diluição de valores entre diversos investidores. Sendo assim, fica entendido que um IPO é vantajoso para a empresa quando pensamos que esta conseguirá levantar um elevado volume de capital no mercado de ativos vendendo pedaços de seu controle através de ações. O IPO é ideal no momento que a empresa já está consolidada em seu mercado de atuação e deseja crescer através de uma forte expansão de suas atividades, sendo o IPO uma oportunidade para a companhia alcançar uma grande quantidade de recursos de uma única vez. Guia Prático de Análise de Investimentos 40 2.4.1. As etapas de um IPO. Dado acima as vantagens de se realizar um IPO, a empresa que desejar abrir seu capital deve entender também que o processo como um todo é longo, bastante burocrático e também custoso, podendo a companhia ao final do processo perceber que não é vantajoso ou possível abrir seu capital por diversos motivos. Mesmo longo, o processo se faz necessário a todas as empresas, afinal os investidores só comprarão ações da companhia quando se sentirem confiantes com o nível de informações disponíveis. Abaixo realizamos um passo a passo do processo tendo ao lado uma estimativa do tempo (em média) para cada etapa. (OBS: Etapas com o mesmo número [Ex: 1.1 e 1.2.] ocorrem simultaneamente). 1) Montagem da equipe especialista (1º mês): antes de dar início aos processos, a empresa precisa reunir uma equipe com especialistas no processo de IPO para tornar o percurso o mais rápido, seguro e correto possível, evitando que no futuro sejam necessários repetições de etapas devido a erros ou desatenção. A equipe deve possuir uma instituição financeira parceira (responsável pelo lançamento das ações no mercado), auditores (responsável por analisar os dados contábeis da empresa),advogados (responsável pela parte jurídica do IPO) e um especialista em contato com a CVM (reguladora do mercado de capitais no Brasil). Guia Prático de Análise de Investimentos 41 2.1) Solicitação de registro de companhia aberta na CVM (2º mês): como reguladora de mercado de ativos financeiros no Brasil, toda empresa que deseja abrir seu capital (IPO) deve antes solicitar permissão à CVM. 2.2) Solicitação de listagem na BVMF (2º mês): no Brasil, devido ao fato da BVMF ser a única bolsa de negociação de ações, toda empresa obrigatoriamente deve solicitar sua listagem nela. Em outros países, como os EUA, que possuem mais de uma bolsa, cada empresa fica livre para solicitar a listagem nas mais diversas bolsas, tendo às vezes sua ação negociada em mais de uma simultaneamente. 3) Estudo de viabilidade/apetite do mercado (2º ao 3º mês): a instituição financeira consulta algumas empresas-alvo para saber se há algum interesse no investimento das ações da companhia que pensa em abrir seu capital. Nessa etapa ainda não são conversados valores de aporte ou tampouco a cotação da ação em seu IPO. O processo ainda é especulativo para dar uma ideia se o projeto de abertura de capital é viável. 4.1) Revisão de contas e dados contábeis dos últimos três exercícios (3º ao 8º/9º mês): os auditores envolvidos analisam se as informações contábeis estão de acordo com as normas exigidas pela CVM e Bovespa em padrão com o IFRS*, modificando o que estiver em desacordo para a emissão de parecer de conformidade dos dados aos possíveis investidores. *IFRS: normas contábeis padronizadas conforme instruções internacionais. Ver mais em (http://contabeissemsegredos.com/ifrs-as-normas-internacionais-de-contabilidade/) 42 4.2) Preparação da Análise econômico/financeira e DUE DILIGENCE (3º ao 8º/9º mês): é realizado um relatório com as informações e projeções acerca dos dados econômico/financeiro da empresa, demonstrando a viabilidade do projeto dos controladores e demonstrando ao mercado a solidez da empresa e sua capacidade de gerar lucro aos seus novos acionistas. Essa análise é conhecida também como due diligence e aborda os seguintes pontos: •Análise da Adequação dos Sistemas da Empresa. •Análise da contabilidade da Empresa e dos controles internos. •Auditoria dos balanços •Análise dos benefícios e dos custos da abertura de capital •Análise do perfil da empresa. •Criação da área de Relações com Investidores •Marketing Financeiro do IPO da Empresa no Mercado •Análise da situação societária da empresa. •Contratação de advogados especializados em IPO. •Eventual simplificação societária caso seja necessário mudar a atual estrutura dos sócios/controladores e suas participações. •Escolha da Instituição Financeira que realizará a distribuição pública das ações. •Escolha do Conselho de Administração em parceria com a empresa. •Criação das cláusulas de governança corporativa da empresa. •Discussão dos planos sucessórios da empresa e responsabilidade dos administradores. •Discussão sobre a política de distribuição de dividendos. 43 5) Preparação do Prospecto do IPO por uma instituição financeira (9º ao 11º mês): com todas as informações em mãos, a instituição financeira monta um documento chamado “prospecto”, o qual contém dados da empresa que pretende abrir seu capital bem como demais informações que possam interessar o mercado. Com este documento em mãos, a instituição financeira vai ao mercado para fazer um “road show”, sendo este uma visita a diversas empresas-alvo (bancos, corretoras, grupos de investimentos, fundos de investimentos e investidores qualificados) a fim de apresentar a nova empresa que será listada em bolsa e verificar o interesse destes alvos pela nova ação. Nesse road show também se forma o “livro de ofertas”, um valor teórico que as empresas estipulam para o lançamento da nova ação, sendo esse o valor médio ao qual estas empresas estão dispostas a entrar nesse ativo e adquirir suas ações. 6) Avaliação Pré-IPO (Avaliação Final) (12º mês): com a avaliação da empresa e um valor médio estimado de abertura de capitais já definido, a instituição financeira realiza um último relatório com todas as informações pertinentes consolidadas. Este relatório é então enviado ao mercado financeiro como um todo (geralmente disponibilizado na internet/site da companhia para download). Este mesmo relatório também é enviado à CVM para finalização do processo de abertura de capital. Guia Prático de Análise de Investimentos 44 7) Abertura do capital (12º mês): são distribuídas as ações no mercado e inicia-se a negociação intraday igual às demais ações já listadas em bolsa. Tempo total: aproximadamente 12 meses. Custo total: aproximadamente R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Custo anual: após o IPO a empresa tem um custo médio de R$ 1.000.000,00/ano (um milhão de reais por ano) com taxas. “O IPO é ideal no momento que a empresa já está consolidada em seu mercado de atuação e deseja crescer através de uma forte expansão de suas atividades.” Denis Ferreira Guia Prático de Análise de Investimentos 45 2.4.2. Tipos de Distribuição. Ainda sobre o IPO, podem ocorrer basicamente dois tipos de distribuições no mercado: a) Distribuição primária: Emissão de novas ações diretas na bolsa aos investidores em geral ocorrendo a troca ação x dinheiro, sendo a empresa quem vende as ações no mercado e quem recebe em troca uma quantia monetária (capital) pela venda. O IPO é necessariamente uma distribuição primária. b) Distribuição secundária: Realização de compra e venda entre os investidores que possuem ações da empresa em sua carteira. A empresa na grande maioria das vezes não possui influência no mercado secundário e tampouco recebe algo pela negociação*. * A empresa de fato se beneficia quando as cotações de suas ações sobem na bolsa de valores, uma vez que os investidores demonstram confiança e perspectivas positivas para a companhia. O mesmo aplica-se negativamente quando as cotações das ações caem. Guia Prático de Análise de Investimentos 46 2.5. Índice Bovespa. Agora que você conhece o que é uma ação e como funciona sua abertura de capital na bolsa de valores e negociação, você provavelmente está se perguntando “Afinal, o que guia os investidores no mercado de ações brasileiro?”. A resposta de sua dúvida se encontra no principal índice que os investidores brasileiros se baseiam para realizar suas negociações: o Ibovespa. “O Ibovespa caiu, o Ibovespa subiu”. Esta é uma frase que é diariamente manchete na maioria dos jornais que tratam de economia. Mas o que implica sua queda? Minhas ações se beneficiam quando o índice sobe? Como saber se estou ganhando ou perdendo? Bom, antes de tudo vamos deixar claro o que é um índice e para que ele serve. Parafraseando meu dicionário podemos definir índice como um indicador que denota qualidade, referência, número para indicar magnitude. O índice na bolsa de valores é então um indicador numérico que serve como referência para medir a evolução do desempenho das cotações negociadas na Bovespa. A Bovespa atualmente possui cerca de 500 empresas listadas que possuem suas ações à disposição dos investidores para que estes possam negociá-las. Como medir o desempenho de todas as empresas listadas na bolsa de valores daria muito trabalho e não teria valor informativo relevante, o Ibovespa seleciona algumas destas empresas para usar como referencial de desempenho do mercado como um todo. Mas por que calcular o desempenhode todas as ações não é relevante? Pense comigo, há empresas que são negociadas diariamente em enormes quantidades e empresas menores que possuem negociações de tempos em tempos. Seguindo a regra da oferta x demanda quanto mais a ação de uma empresa for negociada e requisitada mais sua cotação tem probabilidades de subir seu valor e assim elevar o índice. E aquela empresa que quase não possui negociação? Sua cotação pode ficar por dias estagnada e assim ela influenciaria negativamente na mensuração do índice. Com a explicação acima já deu para se ter uma ideia do que é levado em conta na hora de uma empresa participar da composição do Ibovespa. Para quem pensou em quantidade de negociação acertou. Uma ação entra ou sai do Ibovespa baseado na sua liquidez, ou seja, no volume de negociação que esta ação possuiu ao longo dos dias. Quanto mais negociações a ação de uma empresa tiver, mais chances de compor o Ibovespa ela possui, indiferente de quando foi seu IPO. 47 O Ibovespa possui hoje aproximadamente 60 empresas que compõem seu índice e representa mais de 80% de todo o volume negociado diariamente. Outros quesitos a serem cumpridos para que a ação faça parte do índice são: • Ter sido negociada em pelo menos 95% do total de pregões das três últimas carteiras anteriores. • Ter volume negociado acima de 0,1% do total de negociações. • Não ser classificada como "penny stock" (ações com valores abaixo de R$ 1,00). Caso a empresa descumpra pelo menos dois quesitos necessários ela poderá ser excluída do índice. A carteira Ibovespa é reavaliada a cada quatro meses para que esta não perca sua validade e confiabilidade perante os investidores. Nessa reavaliação todas as empresas do mercado passam pela análise para se saber qual empresa vai entrar, se manter ou sair do Ibovespa. Para não prejudicar os investidores a Bovespa divulga listas com uma prévia da formação da nova carteira para não haver corre-corre na venda ou compra de ações que ganharam ou perderam posições no índice. Estas prévias vêm ao conhecimento do público quando faltam 30, depois 15 e finalmente 1 dia para a divulgação da nova carteira. Abaixo ficam alguns links uteis para vocês: Atual carteira do Ibovespa: clique aqui. Metodologia completa do Ibovespa: clique aqui. Guia Prático de Análise de Investimentos 48 2.6. Circuit Breaker Nós já entendemos como funciona o Ibovespa e qual a sua importância para a economia e o mercado no sobe e desce das ações. Mas com a enorme relevância que ele possui frente aos investimentos, será que há algum perigo de o índice da Bovespa despencar de uma única vez e fazer com que todos os investidores percam seu dinheiro, já que ele representa a maior parte do mercado brasileiro de ações? Infelizmente a resposta é sim. No entanto, para a sua felicidade há também um mecanismo em defesa dos traders: o circuit breaker. Mas antes de entender como ele funciona, vamos conhecer a sua causa! Você sabe qual é a definição da palavra histeria? Vamos recorrer novamente ao dicionário para entender: “Histeria: Manifestação de sintomas emocionais e/ou físicos de natureza idêntica, que se apresenta em forma de um comportamento irracional de um grupo de pessoas diante de um acontecimento”. Em resumo, podemos descrever histeria como um pânico generalizado que altera rapidamente o comportamento de dezenas, centenas ou até milhares de pessoas ao mesmo tempo. Agora imagine a seguinte situação: um operador da bolsa de valores está conversando com um grupo de amigos quando um deles passa uma informação importante e confidencial sobre determinada empresa. Essa notícia é chocante e pode trazer enormes prejuízos para a companhia, levando-a a falência! Rapidamente ele começa a vender suas ações no mercado e já manda essa mesma informação para diversos e-mails de colegas de trabalho. Quando estas pessoas abrem seus e-mails e começam a se assustar também, todos eles vendem suas ações e realizam o movimento de passar a informação destruidora para frente. Em pouco tempo, todo o mercado está sabendo dessa notícia e começa a realizar o mesmo movimento: vender suas ações. Você como não é bobo nem nada, já deve saber o que acontece quando há muitas pessoas vendendo e poucas querendo comprar... o preço do ativo despenca sem parar através do movimento de oferta e demanda. O preço da ação que no início do dia era de R$ 12,00 (por exemplo), começa a cair para R$ 11,65... R$ 11,07...R$ 10,39... R$9,60... R$ 8,12... e CRASHHH... ... As negociações são paralisadas! Agora imagine isso com o mercado (Ibovespa) todo?! No nosso exemplo, quando o mercado começou a derrubar rapidamente o preço das ações, suas negociações foram paralisadas a fim de trazer um pouco de lucidez aos investidores, dando a eles uma pausa para reconsiderarem o porquê desta queda brusca. No mercado de ações é exatamente isso que acontece quando o Ibovespa atinge queda de -10% dentro de um mesmo dia. Esse movimento de trava serve como uma segurança ao mercado quando as expectativas sobre o rumo da economia não estão muito concretos, ou no caso de um grande evento mudar a perspectiva repentinamente o sentimento dos investidores. O mecanismo de circuit breaker funciona quando a queda atinge determinado percentual em relação ao fechamento dos valores no dia anterior. Guia Prático de Análise de Investimentos 49 A sequência percentual se dá: 1º) Queda de -10%: as negociações ficam paralisadas por 30 minutos. 2º) Queda -15%: depois dos 30 minutos de pausa, caso a bolsa continue caindo até atingir -15%, ocorre uma segunda paralisação, neste caso por mais uma hora. 3º) Queda -20%: depois de uma hora de pausa, caso a bolsa continue caindo até atingir -20%, ocorre uma paralisação definitiva por prazo a ser determinado pela própria BM&F. Se no caso a bolsa fechou em uma Quarta Feira nos 30.000 pontos, para que haja um circuit breaker é necessário que na Quinta Feira se dê seguinte sequência de quedas: 1º) Queda de -10%: o Ibovespa atinja os 27.000 pontos 2º) Queda -15%: o Ibovespa atinja os 25.500 pontos 3º) Queda -20%: o Ibovespa atinja os 24.000 pontos Caso chegue nos 24.000 pontos todas as negociações são paralisadas até que a BM&F decida reabrir as negociações. Importante: a regra de circuit breaker não se aplica aos últimos 30 minutos de negociações do dia e no caso de ocorrer uma paralisação na penúltima meia hora de negociações, após a reabertura do mercado poderá haver uma prorrogação de no máximo mais 30 minutos, sem interrupções, a fim de garantir um espaço mínimo para reajustes de expectativas. Mas afinal, para que serve um circuit breaker? Em resumo, esse mecanismo serve para que os investidores sejam impedidos de continuar vendendo suas ações por influências de notícias que causaram histeria no mercado ou por especulação. O circuit breaker funciona como um “balde de água gelada” nos investidores para que estes possam parar e repensar se estão tomando a melhor atitude ou se devem ponderar suas vendas. Guia Prático de Análise de Investimentos 50 2.7. Simuladores Bovespa A maioria dos pequenos poupadores não entra na bolsa de valores devido a uma combinação de diversos fatores que incluem medo, desconfiança, falta de conhecimento, tempo, poucos recursos dentre outros motivos. Em sua grande maioria fica apenas o pensamento “Queria tanto aprender a investir na bolsa de valores, mas com o que eu ganho hoje nem penso em me arriscar”. Esse é o dilema de milhares de pequenos investidores que pensam em daro grande próximo passo de entrar na renda variável e no mercado de ações, porém possuem um medo enorme de falharem e perder tudo o que tem. Nesse vai-não-vai fica o eterno paradigma “Eu não conheço porque não entro na bolsa, não entro na bolsa porque não conheço”. Como uma luz no fim do túnel, existem os simuladores Bovespa de mercado de ações que são como um home-broker de uma corretora de investimento real, aonde você pode aplicar dinheiro fictício e experimentar estratégias de investimentos. Nos simuladores de bolsa de valores, o participante se cadastra e recebe um valor em dinheiro fictício para poder testar suas estratégias no mercado de ações como se estivesse comprando e vendendo ações de empresas reais. Como se trata de um simulador, a maioria destes possui um sistema de delay de cotações das ações, ou seja, os preços das ações que são negociados no sistema do simulador possui um atraso de quinze minutos aos valores reais, bem como o índice Ibovespa. A maioria dos simuladores possui um modelo bem parecido com o que o investidor encontraria se estivesse na bolsa de valores real, como cobrança de taxas de administração, emolumentos nas transações, taxas de corretagem e etc.. O jogador ainda pode aprender a mexer em sistemas de stop loss e stop gain, que são travas de compra e venda de ações que são acionadas caso o a cotação de uma ação atinja um determinado valor. No stop loss, o jogador define uma quantidade máxima de perda que está disposto a correr. Por exemplo, ele compra uma ação a R$ 10,00 e determina que caso seu preço chegue a R$ 8,00 ela deve ser vendida automaticamente para travar seu prejuízo de no máximo dois reais. Já no stop gain, o sistema entende que, caso a cotação da ação chegue a um valor estipulado ele deve vender automaticamente, como no exemplo da ação a R$ 10,00 chegando a R$ 16,00. Veja abaixo três simuladores que recomendamos a quem quer aprender a negociar na bolsa de valores: Guia Prático de Análise de Investimentos 51 Folhainvest: Resumo: O simulador da Folha de São Paulo apresenta um layout um pouco mais simples de que um home broker, porém de fácil entendimento para aqueles que nunca tiveram contato com nenhum tipo de negociação em bolsa. Com um sistema fácil para a compra e venda de ações, o jogador começa com cerca de R$ 200.000,00 e uma carteira de ações montada para começar a investir. Ranking: Possui ranking próprio com a divisão entre ranking nacional, regional, entre homens, mulheres, estudantes dentre outros. Grupo de investidores: tem a possibilidade da criação de grupo de investidores para que vários jogadores dividam suas experiências. Há também um ranking para os melhores grupos. Ferramentas: Stop loss, stop gain, gráfico com rentabilidade de patrimônio, acompanhamento da carteira. Cotações: Delay de 15 minutos. Site: http://folhainvest.folha.com.br/ UOLinvest: Resumo: O simulador da UOL possui um layout bem parecido com o da Folhainvest aonde o jogador experimenta um sistema de negociação de ações. Neste o jogador também começa com cerca de R$ 200.000,00 mais uma carteira de ações montada para começar a investir. Ranking: Possui ranking próprio com a divisão entre ranking nacional, regional, entre homens, mulheres, estudantes dentre outros. Grupo de investidores: tem a possibilidade da criação de grupo de investidores para que vários jogadores dividam suas experiências. Há também um ranking para os melhores grupos. Ferramentas: Stop loss, stop gain, gráfico com rentabilidade de patrimônio, acompanhamento da carteira. Cotações: Delay de 15 minutos. Site: http://uolinvest.economia.uol.com.br/ Guia Prático de Análise de Investimentos 52 Simulabolsa: Resumo: Com um sistema um pouco menos sofisticado que os outros dois simuladores, o Simulabolsa ganha no item personalização. Com este simulador você pode escolher o quanto quer ter de dinheiro disponível, bem como pode zerar sua carteira inúmeras vezes para praticar novas estratégias. Ele também possui uma aba chamada “Aprenda” que mostra passo a passo como investir e proceder na bolsa de valores. Ranking: Não possui ranking. Grupo de investidores: Não possui. Ferramentas: Stop loss, stop gain, gráfico com rentabilidade de patrimônio, acompanhamento da carteira. Cotações: Delay de 15 minutos. Site: http://www.simulabolsa.com.br/login.php Importante: Para todos que vão experimentar os simuladores eu indico muita cautela! Ir bem no simulador é um ótimo sinal de que você aprendeu o espírito do mercado de ações, entretanto, lembramos que por ser um simulador algumas pessoas tendem a se arriscar mais e consequentemente ganhar mais. Como o dinheiro não é de verdade, tampouco o prejuízo, muitos jogadores tendem a se arriscar mais do que o fariam se estivesse utilizando capital real. Sendo assim, se você conseguiu grandes retornos sobre suas ações nos simuladores, comece a estudar o mercado de ativos e as ações que você utiliza no sistema de treino para iniciar seus investimentos no mundo real! Dica bônus: Como dica bônus, eu deixo para vocês uma ferramenta online perfeita para o pequeno investidor que está começando a acompanhar ações. O site www.fundamentus.com.br é um sistema que registra milhares de informações de praticamente todos os ativos negociados na BM&F Bovespa como preço das ações, histórico de cotações, informações patrimoniais e etc.. Aproveite! Guia Prático de Análise de Investimentos 53 2.8. Opções para investimento. O mercado financeiro brasileiro, ao contrário do que muitos acreditam, possui uma vasta quantidade de ativos disponíveis para quem quer rentabilizar seu dinheiro. Não estamos falando é claro que podemos nos comparar a um mercado como o norte-americano, o qual possui infinitas opções para o investidor, bem como uma estrutura de crédito às pessoas físicas muito maior, afinal estamos falando de um mercado financeiro mais antigo que o nosso e com um número bem maior de participantes, o que trás liquidez e segurança. Ainda assim, você pode escolher entre algumas opções e diversificar sua carteira de investimentos, evitando que um revés no mercado derrube toda a sua rentabilidade de uma única vez. Nas próximas páginas, demonstraremos quais são estas opções abordando os principais ativos disponíveis. (OBS: Não tratamos sobre títulos públicos, assunto o qual elaboraremos um material completo em breve). 2.8.1. ETF – Exchange Traded Funds. Muitos investidores começam a desbravar o mercado de investimentos através de aplicações simples como a poupança. Fácil e segura, mesmo que ela tenha uma rentabilidade bem próxima da inflação, este investimento se tornou a queridinha dos pequenos poupadores. Depois de algum tempo de estudos, alguns investidores se sentem mais confortáveis a experimentar outros caminhos e um lugar que quase todos pensam em explorar é a bolsa de valores. Esta demanda um pouco mais de apetite por risco e sangue frio, porém, se o investidor tiver uma base sólida de conhecimento e uma boa estratégia para investir em ações, sua aventura no mercado de capitais pode ser muito rentável. E quem não quer ficar na poupança, mas também não se sente seguro para comprar ações e montar sua carteira? Bom, a resposta para este meio termo é um ativo que eu experimentei nos primeiros anos de investidor: a ETF ou Exchange Traded Funds. Guia Prático de Análise de Investimentos 54 Um erro comum de muitos é pensar que a ETF é em si uma ação, mas ela na verdade se trata de uma cota de um fundo de investimentos. A ETF é uma unidade (cota) de um fundo que tenta
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