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MEDIÇÃO DE TRANSPORTE DE SEDIMENTOS Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Resende 1 2 Transporte de sedimentos É um fenômeno complexo e depende: Processos erosivos nas vertentes da bacia, no leito e margem do rio. Energia de fluxo das águas (escoamento difuso + concentrado) Ou seja Fornecimento de material + energia de fluxo = fenômeno de grande variação no tempo e no espaço. 3 Transporte de sedimentos Sedimento – Material erodido e suscetível a transporte Sedimentometria – Parte da hidrometria que trata da medida da quantidade de sedimentos transportados pelos rios. A quantificação é feita concomitante com as medições de descarga sólida realizada pela fluviometria. 4 Transporte de sedimentos Importância da sedimentomentria para o Brasil: 1 kg de grãos = 6-10 kg de solo perdido para erosão Uma parcela deste solo assorea lagos de Usinas Hidrelétricas que representam 90% da geração de energia elétrica para o país. 5 6 Ciclo Hidrossedimentológico Fluxo de água sobre rochas e solos lixiviando os mesmos. Esta água (escoamento difuso) reverte para as calhas da rede de drenagem (escoamento concentrado), levando sedimentos 7 Ciclo Hidrossedimentológico Intemperismo e transporte de sedimentos em uma bacia hidrográfica depende: Fatores hidrológicos (quantidade e distribuição das precipitações) Constituição geológica e pedológica da bacia Topografia Cobertura vegetal 8 Ciclo Hidrossedimentológico O Ciclo Hidrossedimentológico é um ciclo aberto, totalmente dependente do deslocamento, do transporte e da deposição das partículas sólidas Depende diretamente do uso e ocupação da bacia hidrográfica. 9 10 Ciclo Hidrossedimentológico Ação antrópica influenciando no ciclo: Remoção intensa de solo Práticas agrícolas inadequadas Assoreamento de reservatórios Deterioração de sistemas de irrigação e de drenagem Assoreamento ou erosão nas vias navegáveis e portos Degradação de água para uso industrial e doméstico Erosão em rodovias, ferrovias e oleodutos Sedimentação em áreas atingidas por inundações 11 Produção de Sedimentos em uma Bacia Modelos erosivos são importantes: Permitir localizar espacialmente as áreas com processos erosivos mais acentuados, favorecendo a tomada de decisões com medidas locais e mais eficientes, pois atingem a fonte do problema; Permitir prever o transporte de sedimentos quantitativamente no tempo e no espaço; Permitir estimar variações na carga de sedimentos devido a alterações no uso do solo previstas no futuro. 12 13 14 15 Transporte Fluvial de Sedimentos Carga de sedimentos: mistura de partículas de várias espécies, tamanhos e formas. Carga detrítica: Bed Load – carga proveniente da ação erosiva que o movimento da água exerce sobre as margens e o fundo do leito Wash load – remoção detrítica das vertentes 16 Transporte Fluvial de Sedimentos Descarga sólida ou de sedimentos – massa total de sedimentos que passa em uma seção transversal do rio por unidade de tempo (T/ dia) Concentração – Razão entre a descarga sólida e líquida multiplicada por um fator numérico de ajustes das unidades.(mg/L) 17 Transporte Fluvial de Sedimentos Tipos de cargas de sedimentos: Carga Dissolvida Carga em Suspensão Carga do Leito 18 Transporte Fluvial de Sedimentos Carga dissolvida: Composta por constituintes intemperizados das rochas, transportados em solução química principalmente pelo escoamento subterrâneo Escoamento superficial pode ser importante: carreamento de fertilizante, mas geralmente não são importantes. Carga dissolvida x vazão são geralmente são inversamente proporcional: Alta vazão – alto escoamento superficial Baixa vazão – predomina escoamento subterrâneo. 19 Transporte Fluvial de Sedimentos Carga em Suspensão: Partículas em suspensão. Partículas menores e mais leves como argila e silte. Carga em Suspensão x Vazão são diretamente proporcionais para uma mesma seção transversal, mostrando a importância do escoamento superficial na geração desta carga. Sólidos Totais: Carga em Suspensão + Carga Dissolvida 20 Transporte Fluvial de Sedimentos Carga de Leito (arraste e saltação) Carga de partículas de granulometria maior (areias e cascalhos – seixos). São transportados por saltação (rolamento) ou arraste (deslizamento) Os sedimentos transportados como carga de leito sofrem abrasão e redução do tamanho das partículas por meio de processos mecânicos (o tamanho do material diminui em relação a jusante). 21 DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS NOS CURSOS DE ÁGUA Distribuição diferenciada no tempo e no espaço Partícula em suspensão – sujeita a ação da velocidade da corrente na horizontal e na turbulência (mantém a partícula suspensa) e seu peso (deslocamento para baixo). 22 DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS NOS CURSOS DE ÁGUA Distribuição Vertical Partículas Maiores – Areia – A distribuição cresce da superfície para o leito. Partículas Menores – Silte e Argila – A distribuição é praticamente uniforme. 23 DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS NOS CURSOS DE ÁGUA Distribuição Horizontal Material de suspensão – concentração variável em função de: Velocidade da corrente Disponibilidade do sedimento Granulometria 24 DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS NOS CURSOS DE ÁGUA Distribuição de sedimentos x vazão Maiores volumes de sedimentos maiores vazões de transporte. Descarga sólida – massa de sedimentos transportados por unidade de tempo. 25 Distribuição dos sedimentos ao longo de uma drenagem 1 – Alta Bacia – Área de maior fonte de distribuição de sedimentos, forte degradação. Amplo transporte de material grosseiro, com predominância de transporte por arraste. 2 – Média Bacia – Áreas de transferência, com formação de braços de rios e de meandros. Predomínio de transporte de material de granulometria média. 3 – Baixa Bacia – Menor erosão, deposição de sedimentos, forte agradação. Predomínio de transporte de partículas finas. 26 Medição de Transporte de Sedimentos Objetiva determinar a descarga sólida – quantidade de sedimentos que passa em uma secção transversal por unidade de tempo. Descarga Sólida Total = Descarga Sólida do Leito + Descarga de Sólidos Totais em Suspensão (Descarga Sólida em Suspensão + Descarga Sólida Dissolvida). Medidas feitas em estações sedimentométricas (em grande parte associadas a Usinas Hidroelétricas). 27 Medição de Transporte de Sedimentos Medida direta – amostragem da água na seção transversal da drenagem. Amostragem – define a concentração e a classificação do material transportado. Amostragem de material em suspensão é diferente da amostragem de material de fundo. 28 Medição de Transporte de Sedimentos Medição de descarga sólida em suspensão: Amostragem por integração vertical Amostragem pontual 29 Amostragem por Integração Vertical O amostrador deslocado ao longo da vertical a uma velocidade mais constante possível. Equipamento com guincho. Amostrador chega até 10cm do leito. 30 31 32 Amostragem por Integração Vertical Pode-se improvisar equipamentos. Deve-se tomar cuidados com os bicos do amostrador que devem ser calibrados. Número de verticais amostradas: Uma única vertical em geral no meio da drenagem Três verticais a ¼, ½ e ¾ da seção Três verticais a 1/6, ½ e 5/6 da seção Verticais posicionadas a igual incremento de largura Verticais posicionadas a igual incremento de descarga 33 Amostragem por igual incremento de largura Seção transversal dividida numa séries de segmentos de largura igual gerando sub-amostras. As sub-amostras podem ser misturadas em laboratório para uma única análise geotécnica e representam a média. Deve-se obter antes a vazão líquida da seção. 34 Amostragem por igual incremento de descarga Deve-se conhecer a velocidade nas verticais e a distribuição da vazão ao longo da seção. Em geral são feitas entre 5 e 15 verticais de amostragem variando em função da largura da drenagem. 35 Amostragem Pontual Apenas aplicado quando se deseja conhecer a distribuição da concentração e da granulometriado sedimento na vertical. Serve para calibrar informações para os outros métodos. 36 Cálculo da Descarga Sólida Qst = Qss + Qsl Onde Qst = Descarga Sólida Total (t/dia) Qss = Descarga Sólida em Suspensão (t/dia) Qsl = Descarga Sólida do Leito (t/dia) 37 Cálculo da Descarga Sólida em Suspensão Conceito = Produto da concentração de sedimentos em suspensão pela vazão líquida, como a seguir: Qss = 0,0864 . Ql .Cs (Vanoni, 1977) Onde: Qss = Descarga Sólida (t/dia) Ql = Vazão Líquida (m3/s) Cs = Concentração de sedimentos em suspensão (ppm ou mg/L) Ou Qs = 0,0027CsQl Onde Qs = Vazão Sólida (m3/s) 38 TAXA DE ASSOREAMENTO Ta = Qss/A Qss = Descarga Sólida (t/dia) A = Área inundável do lago (km2) 39 TAXA DE ASSOREAMENTO Volume de sedimento acumulado: S = Dst . Er/γap onde: S = volume de sedimento acumulado (m3/ano) Dst = deflúvio sólido total médio anual afluente ao reservatório (t/ano) Er = eficiência de retenção do sedimento afluente ao reservatório (decimal – em geral varia de 0, 45 a 0,70); γap = peso específico aparente médio dos depósitos (t/m3). Dst = 365 . Qss 40 PESO ESPECÍFICO MÉDIO MÉDIO DOS SEDIMENTOS (γap) Se o sedimento for somente argila, então γap variará de 0,42 a 0,96 t/m3; Se o sedimento for somente silte, então γap variará de 1,12 a 1,17 t/m3; Se o sedimento for somente areia, então γap será igual a 1,55 t/m3; Tendo-se uma composição de iguais porções de argila, silte e areia, tem-se uma variação de γap de 1,02 a 1,22 t/m3. 41 TEMPO DE ASSOREAMENTO T = Vres/S, onde T = tempo de assoreamento de um determinado volume (anos); Vres = Volume do reservatório (m3) 42 Medição de descarga sólida do leito Métodos de difícil operacionalização. Medições por meio de armadilha Uso de fendas ou poços no leito do rio, ao longo da seção transversal Utiliza-se amostradores portáteis para sedimentos de leito. 43 Medição de descarga sólida do leito Método indireto: Subtração da descarga em suspensão da descarga sólida total Medição do assoreamento de reservatórios com volume conhecido Medição de assoreamento por batimetria em estuários e baías. 44 Medição de descarga sólida do leito Erros associados: Instrumental – os amostradores alteram as condições naturais do esoamento e a dinâmica do transporte . Processual – as taxas de descarga sólida do leito variam no tempo e no espaço e o processo de amostragem não representa fielmente. 45 Cálculo da Descarga Sólida no Leito Método direto: qsl(i) = M(i)/L.t Onde qsl(i) = descarga sólida do leito medida na vertical de amostragem (Kg/s.m); M = Peso seco da amostra (kg) L = largura do bocal do amostrador (m) t = tempo de amostragem (s) i = vertical considerada 46 Cálculo da Descarga Sólida no Leito Método Direto: Qsl = 86,4(qsl(i-1) + qsl(i)/i .(li/Er) Onde Qsl = Descarga sólida do leito (t/dia) qsl = Descarga sólida do leito medida na vertical de amostragem (kg/s.m) li = largura do segmento correspondente à vertical (m) Er = eficiência de retenção ou de amostragem do equipamento. 47 48
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