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IMPACTOS DA INFORMÁTICA NA AGROPECUÁRIA
RESUMO
O aparecimento da informática revolucionou todas as áreas do saber. Este artigo apresenta sua introdução na agropecuária dentro de um contexto mais amplo: o da modernização rural. Ao mesmo tempo, analisa alguns impactos deste processo, revelando a existência de progressos e retrocessos que devem ser cuidadosamente examinados.
 
INTRODUÇÃO
A humanidade presenciou significativas mudanças sociais ao longo do século passado. Rifkin 
(1995) destacou algumas delas:
O progresso tecnológico cujas transformações mais significativas giram em torno dos seguintes eixos: a informática (que está revolucionando todas as áreas), as bio-tecnologias (que estão transformando a agropecuária, industria farmacêutica etc.), as novas formas de energia (em particular o laser, que permite inúmeras aplicações), as telecomunicações (que tornam possível e cada vez mais barato transmitir grandes volumes de informações a custos cada vez mais baixos) e os novos materiais (que incluem novas cerâmicas, supercondutores etc. e que permitem novos avanços nas áreas anteriores);
A mundialização de padrões comportamentais, em grande parte motivada pelos avanços tecnológicos (particularmente as telecomunicações); 
A urbanização que alterou a disposição demográfica de nossas sociedades - que deixaram de ser rurais para se tornarem urbanas;
As polarizações entre ricos e pobres que atingiram níveis alarmantes de disparidade em todo o planeta.
MODERNIZAÇÃO NA AGROPECUÁRIA
Enquanto as primeiras tecnologias industriais substituíram a força física do trabalho humano trocando-a por máquinas, as novas tecnologias - em especial a informática - pretendem substitui o próprio homem. Segundo Wassily & Faye (1986), com a introdução de computadores cada vez mais sofisticados, "o papel dos humanos, como o mais importante fator de produção, está fadado a diminuir, do mesmo modo que o papel dos cavalos na agricultura foi de início diminuindo e depois eliminado com a introdução dos tratores".
Segundo Saraiva & Cugnasca (2000), sistemas computacionais estão sendo desenvolvidos para ajudar agropecuaristas a monitorar o meio-ambiente, identificar áreas problemáticas, delinear estratégias de intervenção e implementar planos de ação. Em futuro próximo, outros sistemas mais especializados coletarão dados, através de sensores computadorizados posicionados nas propriedades e no rebanho, sobre as mudanças meteorológicas, condições do solo, temperatura dos animais e outras variáveis. 
Estas informações alimentarão estes sistemas que apresentarão planos e recomendações específicas ao produtor rural.
Sem contar as imensas possibilidades da robótica na agropecuária, os recentes avanços tecnológicos na agricultura mundial prometem maior produtividade e redução nas necessidades de mão-de-obra, mais impressionante do que qualquer revolução tecnológica equivalente na história do mundo.
IMPACTOS DA INFORMÁTICA NA AGROPECUÁRIA
Bornstein, Villela & Portugal (1991) apresentaram a padronização e a modernização na agropecuária como partes de um mesmo processo que estimulou a informatização nas empresas e propriedades rurais. Mostraram também que o uso de tecnologias leva à uma crescente utilização de novas tecnologias.
Souki & Zambalde (1999) verificaram que a informática aplicada à agropecuária teve resultados abaixo do esperado devido à sua má utilização por empresários rurais. Propuseram como razões para esta situação: a busca do milagroso, propagandas enganosas, utilização desordenada, informações mal interpretadas e a falta de programas adequados. Apesar das limitações e mal resultados, os autores afirmaram a necessidade da informática para aumentar a produtividade e qualidade, na busca por uma maior competitividade.
Zambalde (2000) apontou outros problemas com a utilização de novas tecnologias no campo. Em primeiro lugar, mostrou que a modernização agropecuária transferia recursos do setor primário para os demais setores, beneficiando estes últimos. Outra questão foi o aumento do êxodo rural em razão da menor utilização de mão-de-obra pouco qualificada e utilização de máquinas e equipamentos que aumentaram em muito a produção nas propriedades e empresas rurais. O advento da informática agravou este panorama.
Saraiva & Cugnasca (2000) apresentaram um quadro histórico da modernização na agropecuária onde a eletrificação rural e os primeiros instrumentos nas máquinas agrícolas deram lugar, nos dias de hoje, à microeletrônica embarcada. Listaram, porém, requisitos para utilização de tecnologias de ponta no campo, compatíveis com a Agricultura de Precisão: robustez mecânica, sensores específicos, versatilidade e robustez computacional, assistência técnica, custos compatíveis com a produção e atenção à especificidades regionais. Os autores mencionaram também o risco da dependência de um único fornecedor face a necessidade de padronização de operações e crescente interação dos equipamentos. Não é necessário frisar que estes fornecedores são normalmente grandes empresas estrangeiras, o que afasta pequenas e médias indústrias locais da concorrência. Silva (2000) apresentou um quadro de mudanças na agricultura mundial onde a internacionalização da economia obrigou o aumento de competitividade do produtor rural que não só precisa produzir mas também agregar valor ao seu produto. Ao mesmo tempo, a crescente velocidade das informações impôs a necessidade da aprendizagem contínua - e o conseqüente domínio da informática - ao homem do campo.
CONCLUSÕES
Os impactos decorrentes da introdução da informática na agropecuária não devem ser analisados isoladamente. É preciso, em primeiro lugar, compreender o processo que a engloba: a modernização agropecuária. E mesmo esta deve ser examinada à luz das transformações citadas no princípio deste trabalho.
Do ponto de vista humanitário, o advento da informática em atividades rurais pode significar tanto um aumento do desemprego quanto a ampliação da produtividade no campo - com conseqüente aumento da oferta de bens de primeira necessidade. O problema maior é que este excedente material é muitas vezes negado aos excedentes humanos, gerando instabilidade em diversas regiões do planeta.
Do ponto de vista econômico, a modernização na agropecuária é intrinsecamente ligada à padronização na produção - como exemplo temos as muitas normas relativas às exportações in natura e de produtos agroindustriais. Por um lado é melhorada a qualidade da produção. De outro somente alguns produtores conseguem se adequar à estas normas.
Portanto, longe de concluir que a informatização na agropecuária possa ter apenas efeitos 
positivos ou negativos, é necessária uma tomada de consciência para compreender melhor seus impactos antes de qualquer decisão.
Vantagens e Limitações da Informática na Agropecuária 
Resumo
A utilização da informática aplicada à agropecuária tem crescido paralelamente ao surgimento de uma série de conceitos equivocados em relação à ela. Frequentemente, os resultados obtidos com a utilização de computadores no setor agropecuário ficam aquém das expectativas, causando frustração e, até mesmo, abandono desta potente ferramenta de apoio administrativo aos empresários rurais. Neste contexto, eles passam a ser vistos com reservas por outros potenciais usuários. Torna-se, portanto, necessário, antes de se fazer qualquer explanação sobre a utilização da informática aplicada à agropecuária, necessário se faz tecer algumas considerações sobre suas vantagens e limitações, objetivando-se desmistificar tais conceitos.
 
1. INTRODUÇÃO
A utilização da informática aplicada à agropecuária tem crescido paralelamente ao surgimento de uma série de conceitos equivocados em relação à ela. Frequentemente, os resultados obtidos com a utilizacao de computadores no setor agropecuario ficam aquém das expectativas, causando frustração e, até mesmo, abandono desta potente ferramenta de apoio administrativo aos empresarios rurais. Neste contexto, eles passam a servistos com reservas por outros potenciais usuários. Torna-se, portanto, necessário discutir sobre a utilização da informática aplicada à agropecuária, abordando suas vantagens e limitacoes, objetivando-se desmistificar tais conceitos.
 2. MITOS E VERDADES
É muito freqüente entre os produtores brasileiros o hábito de estarem sempre buscando soluções milagrosas para seus negócios. Pode-se exemplificar tal afirmativa com as freqüentes propagandas do surgimento de raças de bovinos "capazes de produzir quantidades ótimas de leite e de carne, se alimentando até de pedra", ou com declarações do tipo: "descobri um capim que agüenta dez vezes mais gado que os outros".
Da mesma forma, nos últimos anos, tem-se criado uma série de falsas expectativas em relação à informática aplicada à agropecuária. Zullo Jr. (1995), ilustra tal afirmativa destacando que, no caso da agropecuária, houve sempre um interesse especial por causa de sua importância para o país e, também, por ser o setor rural um ambiente completamente diferente daqueles aos quais costumava se associar com a presença do computador. Tal autor lembra ainda que, freqüentemente deparava-se com fotos de microcomputadores em pleno campo, debaixo de um sol intenso, ao lado de animais e máquinas agrícolas, ou então portanto artefatos típicos do meio rural como chapéus de vaqueiro, por exemplo. Nos dias de hoje é bastante freqüente se deparar com manchetes de jornais e revistas propagandeando pretensos "milagres" em torno da utilização da informática na agropecuária. Lopes (1997), destaca algumas delas:
"Plante que o computador garante"
"O computador é quem escolhe o pai"
"Informatização é a grande arma da defesa contra as doenças animais"
"O boi entra na era dos chips"
Liberali Neto e Freitas (1995), afirmam que, talvez devido à curta história do processamento de dados comercial, o uso de sistemas de informações ainda é acompanhado por uma expectativa irreal e idealista. A simples adoção da tecnologia da informação é tomada como garantia de que todos os procedimentos da empresa estejam sendo executados de maneira adequada. Zambalde et al. (1995), destacam que a informatização não deve ser considerada como solução para atividades que não funcionam bem manualmente e que de nada adianta informatizar processos administrativos confusos, o que seria apenas uma "confusão informatizada".
Um outro mito bastante comum em relação à informática é de que ela faz todo o trabalho, como relatou Lopes (1997) a presença da manchete em uma revista especializada: "Reprodutores: deixe o computador fazer o trabalho". O computador não ensina o empresário rural a trabalhar, nem está se propondo a solucionar todos os problemas da fazenda. Seu intuito é, exclusivamente, auxiliar as tomadas de decisões através das informações por ele geradas. De nada adianta ao empresário rural ter informações precisas, se elas são mal interpretadas ou se as decisões administrativas não forem tomadas a contento.
Um outro aspecto que gera bastante confusão em relação ao setor de informática se refere às diferenças entre software e hardware. Muitas pessoas, inclusive empresários rurais, compram um computador e imaginam que ele, por si próprio, possa gerar todas as informações das quais ele necessita para suas decisões. A máquina denominada computador carece de softwares (programas) específicos para cada necessidade. Pode-se comparar a utilidade de um computador sem os softwares adequados com a de um cavalo cego ou um trator sem rodas. Nessa situação, ele se torna uma ferramenta totalmente inútil. Outro aspecto relevante se refere à qualidade do software. Assim como existem boas vacas e vacas ruins, existem bons programas e programas ruins. A qualidade de um software pode ser medida pelas seguintes características:
Utilidade de seus relatórios para tomadas de decisão;
Deve exigir o mínimo possível de dados e fornecer o máximo possível de informações úteis às tomadas de decisão;
Permitir uma fácil coleta de dados;
Possuir uma interface amigável com o usuário permitindo um rápido lançamento de dados;
Impedir lançamentos de dados inconsistentes, promovendo uma boa qualidade das informações obtidas. Segundo Alvarez (1995), a confiabilidade das informações determina, em grande parte, o êxito ou o fracasso dessas inovações tecnológicas no âmbito da produção animal;
Facilidade de adaptação às necessidades da empresa;
Ser compatível com outros programas e com os sistemas operacionais mais utilizados;
Oferecer garantia contra defeitos de fabricação e suporte (mesmo que pago a parte) às dúvidas e necessidades dos clientes;
Ao decidir pela informatização, o empresário deve ter plena consciência de que ela é um meio e não um fim (Liberali Neto e Freitas,1995). Deve-se esclarecer que o termo informática é oriundo de duas palavras: informação e automática. Conclui-se, através desta definição, que o potencial da informática é apenas de gerar informações de forma automática. Qualquer outra interpretação pode gerar substanciais ilusões por parte do empresário rural.
Os programas de computador também são definidos como sistemas, conforme mostra a Figura 1. Salazar (1998), afirma que as partes básicas de qualquer sistema são:
os inputs: são as entradas de materiais, energia, dados;
os processos: são as operações que transformam os inputs em outputs;
os outputs: são as saídas de produtos, serviços e informações.
Ao contrário da pretensa vaca "capaz de produzir quantidades ótimas de leite e de carne, se alimentando até de pedra", o computador exige ser "alimentado" com dados consistentes (inputs) para que, após processados (processos), possam gerar informações (outputs) úteis à tomada de decisões por parte do administrador rural . Dados inconsistentes geram informações inconsistentes e, por consequência, tomadas de decisões equivocadas.
  
Figura 1. Fluxo de inputs de dados e outputs de informações na informática
 
3. VANTAGENS E LIMITAÇÕES
Souki et al. (1997), afirmam que os computadores, como qualquer outra ferramenta de trabalho, apresentam vantagens e limitações. Como vantagens pode-se citar:
Confiabilidade dos dados;
Capacidade de armazenamento de informações;
Capacidade e velocidade de execução de cálculos complexos;
Velocidade das informações;
Comunicação interna e externa;
Obriga o produtor a ter um sistema de trabalho bem definido e organizado;
Status (pode aparentemente gerar a noção de futilidade mas, na realidade, pode fazer parte da estratégia de Marketing da empresa rural, o que tem o potencial de agregar valor aos produtos produzidos);
O computador melhora a qualidade de trabalho do técnico e expande o potencial de fazendas assistidas;
Especificamente para os consultores, possibilita a entrada em novos setores da empresa rural, como, por exemplo, na área administrativa.
No que se refere as limitações da informática, pode-se citar:
É um equipamento caro? (Os equipamentos de hardware e software estão cada dia mais baratos);
É fundamental que as máquinas e os programas estejam adequados às necessidades da empresa.
Os programas específicos para controle das fazendas devem ter um acompanhamento, tanto na área técnica quanto de informática, para que sejam elaborados de acordo com as necessidades da empresa;
O empresário rural deve saber que, caso deseje um software específico para atender suas necessidades, provavelmente terá de pagar mais que pagaria por produtos prontos (de prateleira);
O empresário rural deve ter em mente que, caso deseje suporte aos seus softwares, possivelmente terá de pagar a mais por este serviço;
Depende de um operador capacitado e um bom suporte técnico;
Necessita de um sistema de coleta de dados eficiente;
A função do computador é apenas de processar os dados coletados e fornecer o maior número possível de relatórios que permitam uma visão do sistema de produção sob diversos prismas. É muito comum se encontrar no mercado, programas que exigem grande quantidade de dados para funcionar e que fornecem poucas informações úteis à tomada de decisões;4. CONCLUSÕES
Conforme foi mencionado anteriormente, o propósito deste trabalho foi de desmistificar uma série de conceitos equivocados que tem-se criado em torno da informática aplicada ao setor agropecuário. Não se deseja, em nenhuma hipótese, inibir o interesse do produtor rural e do técnico pela informática. Apenas alertar para que a informática seja utilizada exclusivamente para os fins a que se propõe, respeitando suas limitações e necessidades para que se alcance os resultados desejados. Neste contexto, os técnicos tem o importante papel de alertar seus clientes sobre as vantagens relativas à informatização das propriedades, assim como suas limitações.
Os computadores tem grande potencial em auxiliar em todos os processos administrativos em que as tomadas de decisão com segurança e em tempo hábil representam condição básica para o sucesso das atividades. Entretanto, não existe nada que se possa fazer em nível tecnológico que consiga superar falhas graves na administração das empresas rurais e, por isso mesmo, a informática não pode, em nenhuma hipótese, ser vista como "a salvação da lavoura". Na realidade, ela é apenas uma potente ferramenta de auxílio aos controles dos processos produtivos e administrativos, que pode auxiliar o imenso território brasileiro vocacionado à agropecuária a realizar seu verdadeiro potencial.
Os produtores rurais brasileiros devem entender com urgência que a numa época de abertura de mercados e drásticas transformações tecnológicas, onde as palavras de ordem são produtividade e qualidade, é preciso trabalhar profissionalmente para ser competitivo. Os recursos tecnológicos nas áreas administrativas, técnicas e de informática estão disponíveis e os empresários rurais que souberem aproveitá-los da melhor forma na administração das empresas rurais deverão sobreviver e crescer. Por outro lado, os que se aventurarem a não adotá-los, fatalmente, enfrentarão sérios problemas para serem competitivos neste novo perfil de mercado.
Paralelamente, as empresas que trabalham com software para auxílio à gestão de empresas rurais devem ter uma grande responsabilidade para que esta potente ferramenta não seja apenas mais uma tecnologia que não obteve sucesso naquele setor.
BREVE HISTÓRICO DO USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS
APLICADOS A EMPRESAS RURAIS
1 INTRODUÇÃO
A revolução científica e tecnológica provocada pelas novas tecnologias da informação repercute sobre todo o sistema produtivo e não está restrita, como foi o caso da revolução industrial, ao âmbito da indústria manufatureira, embora esta continue tendo um papel central no processo de acumulação de capital e no crescimento econômico. (NEFFA, 1988). O setor agrícola, como parte do sistema produtivo, não está imune a esta nova revolução e já iniciou seu processo de informatização, embora com atraso em respeito aos outros setores e, talvez, com um progresso mais lento (COLOMBO e NENCIONI, 1992).
Os últimos quinze anos confirmam que grandes mudanças no setor agropecuário vêm ocorrendo. Além dos fatores de produção considerados tradicionalmente dentro das atividades agropecuárias, a profissionalização do setor administrativo tem se tornado o mais recente alvo para a transformação da fazenda em empresa rural, haja vista a complexidade das novas situações surgidas com relação à comercialização da produção, relações trabalhistas, questões
ambientais, questões tributárias, defesa animal e vegetal e globalização de mercados (SANTOS et. al, 2002).
A utilização da informática dentro desse contexto de mudanças destaca-se como uma ferramenta indispensável na gerencia dos processos administrativos, nos quais as tomadas de decisão, com segurança e em tempo hábil, representam condição básica para o sucesso das atividades (SOUKI et. al, 1999). O rápido desenvolvimento da informática, associado às sensíveis reduções de custos de seus produtos e serviços, aumentou a possibilidade dos
computadores ajudarem ao empreendedor rural na organização, armazenamento e processamento de informações (ARRAES, 1995).
Dois fatores que contribuíram seguramente para impulsionar o processo de informatização do setor agrícola foram: a necessidade do setor, usando a informatização de processos e atividades, tornar mais eficiente as fases direta e indireta da produção – fator interno – e o interesse de empresas de informática (software, hardware, sensores,
controladores, etc...) em relação ao setor agrícola, individualizado como possível mercado de expansão – fator externo (ARRAES, 1993).
Os fatores internos transpassarão nas discussões contudo o foco deste artigo será nos fatores externos já que se constata, seguramente, que este mercado evoluiu. Contudo, exigiu uma superação dos percalços que surgiram tanto para as empresas que adentraram nesse segmento quanto para os usuários das tecnologias por elas elaboradas, diríamos um aprendizado mútuo (softhouse-usuário) e que está em constante transformação. O objetivo desse artigo é contribuir para uma contextualização da agroinformática no Brasil, reunindo e discutindo informações e recuperar parte de sua história em especifico em relação aos sistemas de informações gerenciais aplicados a agropecuária ou software agrícola.
2 - SISTEMAS DE INFORMAÇÃO (SI) E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
Por sistemas de informações (SI) consideram-se os sistemas da organização responsáveis pela aquisição, tratamento, armazenamento e distribuição da informação relevante para a organização com o propósito de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e a tomada de decisão ou ação em qualquer tipo de organização (ROCHA, 2005). O propósito dos SI é obter informações dentro e fora da organização e tomar disponível o máximo de “informação útil” à organização. Dispor de informação útil (oportuna, confiável, etc.) sobre as diversas variáveis significativas do negócio tende a constituir um fator crítico de sucesso em todas as atividades.
Por Tecnologias da Informação (TI) entende-se o conjunto de hardware e software
empregados para coletar, transmitir, armazenar, processar, manipular, exibir e disseminar
informação e a maneira pela qual esses recursos são organizados em um sistema capaz de
desempenhar um conjunto de tarefas (CAMPOS FILHO, 1994). As novas tecnologias de
informação tornaram possível o desenvolvimento de uma grande variedade de aplicações
destinadas ao setor agrícola. O relatório OTA (1986, 1992) classifica as novas tecnologias da
informação aplicadas a agricultura em três grandes grupos: Tecnologias de gerenciamento de
informações; Tecnologias de controle e monitoramento e; Tecnologias de telecomunicações.
As tecnologias de gerenciamento da informação consistem basicamente no sistema
computacional (hardware e software) objetivando coleta, armazenamento, tratamento e
distribuição de informações. As tecnologias de controle e monitoramento são utilizadas no
gerenciamento automático do processo produtivo animal e vegetal. Os sensores ocupam papel
relevante nestas aplicações. As tecnologias de comunicações dizem respeito às redes de
transmissão de dados e à troca de informações utilizando dispositivos eletrônicos específicos
(telefone, internet, rádio-comunicação, satélites, entre outros) (JESUS e ZAMBALDE, 1999).
Quando o processo de transformação de dados está direcionado para a geração de
informações que serão utilizadas no processo de tomada de decisão, temos um Sistema de
Informações Gerenciais (SIG) ou Management Information Systems (MIS) (OLIVEIRA,
1986).
SIG é um sistema desenvolvido para fornecer informações aos diversos setores da
organização. Proporcionam informações periódicas de planejamento e controle (operacional e
gerencial) para a tomada de decisões. Realizam o processamento de grupos de dados das
operações e transações operacionais, geram resumos com o significado do conjunto das
transações ocorridas em um dado período de tempo, transformando-os em informações
gerenciais. Segundo Liberalli (1997), o SIG apresenta coma funções o controlegerencial e a
tomada de decisão.
A ênfase é na mensuração e análise de desempenho e da comparação com as expectativas gerenciais. São exemplos típicos destes sistemas o controle de estoque, orçamento, fluxo de caixa e planejamento/controle da produção.
2 - METODOLOGIA
O fenômeno da convergência de tecnologias deixa explicito a importância dos
sistemas de informações gerenciais (SIGs) para manipular a enorme quantidade de dados
oriundos de vários tipos de integrações. Em função disso, nesse artigo foram agrupados e
dicutidos alguns fatos históricos que marcaram a história da informática aplicada à
agropecuária (agroinformática) focando-se nas aplicações que dependem de SIGs. Portanto,
este trabalho caracteriza-se como um ensaio teórico realizado a partir de revisão bibliográfica.
3 – O CENÁRIO ATUAL E A HISTÓRIA
Antes de avançar no tema, é necessário perceber a rapidez com que as transformações vêm-se realizando nas ultimas décadas e algumas das tendências gerais dessa evolução/revolução na informática e seus impactos gerais. 
Em 1994, Meirelles (1994) já apontava um cenário com características que hoje pudemos confirmar como: as transformações na industria de computadores tem sido extremamente rápidas e todas as indicações levam a acreditar que continuarão assim nos próximos anos; custos decrescentes de hardware aumentam a faixa de aplicações economicamente viáveis; capacidades de processamento crescentes em conjunto com
softwares de cada vez maior nível, aumentam as aplicações tecnicamente viáveis, a facilidade de uso e o potencial do computador; os impactos sobre as empresas e pessoas são muito grandes e podem provocar, entre outros efeitos positivos como: o aumento da informação disponível, a redução do tempo para execução de tarefas, redução de custos, o aumento da produtividade e a satisfação; e também efeitos negativos como: aumento do custo, redução da flexibilidade, aumento da resistência e a insegurança, e a diminuição da produtividade e a satisfação; mudanças profundas no perfil e estrutura da mão-de-obra. Isto é, as transformações causam mudanças na estrutura organizacional, nos processos gerenciais e no estilo administrativo; convergência de tecnologias de comunicação com as de base microeletrônica.
Contudo, a utilização de TI no agronegócio brasileiro é muito heterogênea, sendo que a própria distribuição geográfica traz dificuldades para a elaboração de qualquer diagnóstico.
Apesar do setor ter crescido bastante, ele não se profissionalizou no mesmo ritmo (CÉSAR,
2005).
Atualmente, o grau de maturidade em uso de TI varia entre as diferentes atividades de
agronegócios. Cítricos e sucroalcooleiro estão na frente; pecuária e grãos, na média, ficam
atrás. Ainda assim, a rastreabilidade bovina e a soja, abrem boas perspectivas nesses dois
nichos (CÉSAR, 2005).
Apesar das empresas do setor agropecuário parecerem mais tradicionais do que
empresas dos outros setores (a montante e a jusante) no que se refere a adoção de TI, isso não
significa que elas sejam avessas à tecnologia. Pelo contrário, em algumas situações, o impacto
da informática ocorre diretamente no negócio dessas empresas. O uso de GPS na agricultura
de precisão é uma prova disso. Há também produtores utilizando handhelds no campo para
registrar todas as operações e transmitir dados em tempo real, outros equipando tratores e
caminhões com computadores de bordo. Tudo isso impressiona, mas não é correto imaginar
uma revolução de TI no campo. As mudanças ocorrem lentamente e ainda esbarram em
muitos pontos de resistência (CÉSAR, 2005).
É preciso também considerar que o processo de informatização nas empresas rurais
apresenta etapas que influenciam no desenvolvimento, adoção e utilização dos sistemas de
informações gerenciais. Segundo Jesus et al (1995), o processo de informatização das
empresas rurais deve obedecer a uma série de etapas subseqüentes chamadas de etapas de
desenvolvimento: a etapa de estruturação, em que há uma prévia organização e racionalização
das rotinas de trabalho e controle da propriedade que deve ser executada, independente de
computador; a etapa de automação, na qual se escolherá qual tipo de software será utilizado,
se será desenvolvido (customizado) para atender às necessidades da empresa, se será usado
softwares básicos, que são os editores de texto, planilhas eletrônicas ou bancos de dados, ou
se adotarão softwares específicos desenvolvidos propriamente para o setor agropecuário e, a
última etapa, a da integração, em que os sistemas que antes funcionavam isoladamente
passam a funcionar integrados com o propósito de maximizar o uso de recursos com o
mínimo de custos operacionais.

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