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Contratualismo O contratualismo é uma escola de pensamento a partir da qual várias interpretações sobre a natureza humana e o surgimento das sociedades civis foram concebidas. Para os contratualistas, o ser humano possuía uma forma de vida anterior à que vivemos hoje em nossas sociedades, um estado em que apenas os instintos e as qualidades intrínsecas do ser humano serviam de mediadores de nossas ações. Os autores do contratualismo acreditavam que oEstado civil era uma entidade fabricada, isto é, que não havia surgido gradualmente e de forma espontânea. Tentavam, então, entender em que ponto e em quais circunstâncias essa entidade que regulamenta nossas vidas com leis e regras institucionais foi criada. Contratualismo e contratualistas De vez em quando, ao vermos as notícias de violência nos meios de comunicação, perguntamo-nos: qual será a “natureza” do ser humano? Será que nascemos predispostos a sermos “maus”? A violência está embebida em nossas ações? Essas mesmas perguntas serviram de apoio para inúmeras especulações acerca de uma suposta essência humana. Alguns pensadores, como Thomas Hobbes, acreditavam que o homem era naturalmente “mau”, bárbaro e egoísta. “O Homem é o lobo do Homem”, disse Hobbes, e estava sempre disposto a sacrificar o bem do próximo ou o bem comum em seu benefício. Outros, comoJohn Locke, acreditavam que o homem era uma criatura naturalmente “racional e social”, com inclinação para o bem e um forte senso de amor ao próximo e empatia pela dor alheia. Nós, humanos, seríamos naturalmente livres e iguais, criaturas racionais e regidas pela razão, plenamente capazes de agir em defesa do próximo quando necessário. Em ambos os casos, os problemas do homem em seu estado natural surgiram a partir do inevitável convívio social. Para Hobbes, por exemplo, a maldade intrínseca do ser humano moveria todos em direção a um estado de guerra perpétuo e constante, em que a paz seria apenas um conceito distante e inalcançável. Locke entendia que o problema surgiria a partir de conflitos de interesses entre os indivíduos em sua convivência. O homem natural de Locke, apesar de ser naturalmente racional, não era invariavelmente “bom”. Isso quer dizer que o egoísmo, a vingança e o ímpeto pela destruição ainda fariam parte da constituição humana. Ao mesmo tempo, o poder de ação em nome da justiça estaria distribuído na mão de todos. Assim, seria um direito natural de todo ser humano colocar-se como juiz das ações de todos os outros indivíduos e punir aqueles que transgredissem as leis naturais da maneira que achar ser equivalente ao crime. Nesse contexto, haveria uma ameaça à liberdade dos indivíduos, já que a justiça nem sempre seria o desejo de todos. Além disso, amor próprio dos indivíduos ainda seria muito maior que o amor pelo próximo, o que nublaria a capacidade de julgamento. O Papel do Estado Nos dois casos, a solução para os problemas seria a mesma: a constituição de um tratado entre todos os seres humanos a partir da razão e em função de salvaguardar os direitos naturais de todos. Para isso, os indivíduos deveriam abrir mão de alguns direitos, como o direito de utilizar da violência em nome de si mesmo, e depositá-los nas mãos do Estado. Nesse sentido, o contrato socialseria um acordo entre os membros de uma sociedade, em que todos reconheceriam a autoridade de um governo, depositariam a legitimidade do uso da força e confiariam a proteção de suas liberdades individuais. Dessa forma, apenas o governo instituído teria a capacidade de agir por intermédio da força de forma legítima. Dessa forma, o Estado seria capaz de julgar imparcialmente e construir leis que assegurariam que as vontades de um não subjugassem as vontades do outro. Assim, seria instituída uma única entidade, juiz de todas as causas, constituída por homens que deveriam agir como juízes em nome de toda a comunidade, sempre em favor do bem comum. Essa entidade teria seu poder legitimado por aqueles que vivem sob a sua jurisdição, ou seja, os homens que compõem a sociedade em que esse corpo jurídico deve atuar, que encarregaram essa entidade de exercer o seu direito natural de julgar e punir qualquer delito cometido contra o corpo social. Constitucionalismo Definição: Constitucionalismo – É um Sistema Político que se embasa no regime constitucional. PUBLICIDADE Regime Constitucional – Diz-se respeito à Constituição; que está de acordo com o que a Lei Magna determina, que tem respaldo nela. Constituição – Lei Magna, lei fundamental de um país, código político que traz os princípios e as normas que definem e organizam os poderes do Estado soberano. Conjunto sistemático de dispositivos jurídicos que determinam a forma de governo institui os poderes públicos, regulando suas funções, assegurando seus direitos e deveres essenciais, a liberdade individual dos cidadãos e estabelecendo relações de natureza política entre governantes e governados. Conceito de Constituição: Uma das atividades de maior esforço na produção do conhecimento epistemológico constitucional reside na delimitação conceitual da expressão Constituição. Não apenas em face da pluralidade de definições, mas, também, por causa da densidade histórica que os diversos significativos contém. Breve Histórico: O “constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade (…) Numa outra acepção – histórico- descritiva – fala-se em constitucionalismo moderno para designar o movimento político, social e cultural que, sobretudo a partir de meados do século XVIII. Questiona nos planos políticos, filosóficos e jurídicos os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo, ao mesmo tempo, a invenção de uma nova forma de ordenação e fundamentação do poder político”. (Canotilho, 2000: 51-2). A ORIGEM HISTÓRICA DO DIREITO CONSTITUCIONAL O Direito Constitucional surge num momento – o final do século XVIII – e num contexto – a Europa Ocidental e a América do Norte – em que o Estado estava firmemente consolidado como forma de organização típica da comunidade política. Como consequência deste fato, a realidade estatal é configurada, desde o princípio, como o marco do Direito Constitucional. Bonavides diz que “a origem da expressão Direito Constitucional, consagrada há mais de um século, prende-se ao triunfo político e doutrinário de alguns princípios ideológicos na organização do Estado Moderno. O Estado deve ser considerado, deste modo, como uma realidade concreta na base de formação do Direito Constitucional e assim está colocado até este momento. O conceito de Estado e categorias afins – como o Estado Nacional ou Soberania Estatal – são pois conceitos anteriores ao Direito Constitucional. A origem e a história do Direito Constitucional está associada, portanto, ao surgimento e a evolução do Estado. O Direito Constitucional transforma o Estado / Nação em uma organização jurídico Político fundamental. Na antiguidade a característica predominante era o governo único para governar as cidades-estados, como no Império Grego e Império Persa até o Império Romano onde tem início uma nova ordem, a ordem estatal. A característica da Idade Média era o Regime feudal marcado pela concentração de riquezas e pelo predomínio do Direito Romano. Na Idade Moderna há a predominância do Estado absolutista caracterizado pelo Poder do ilimitado do Rei. Após a Idade Moderna verifica-se a predominância do Estado Liberal, onde o Estado se encontra sujeito ao império da lei; predomínio da economia privada, do Direito Privado. É com oEstado Intervencionista, em face das múltiplas atividades que o Estado passa a exercer. A primeira cadeira de Direito Constitucional surge no séc XVIII por ocasião da Revolução Francesa, com o objetivo de propagar na juventude o sentimento de liberdade, igualdade e fraternidade. Direito Constitucional: O Direito Constitucional estuda os princípios e normas constitucionais de um Estado, em seus liames formais e concretos. Ainda, como escopo, interpreta criticamente, de forma sistemática, as partes estruturais de determinada Constituição aplicada especificamente á sociedade, interagindo no plano cultural-valorativo. Em síntese, o Direito Constitucional, além de interpretar sistematicamente a Constituição de um país, também tece comparações entre diversos institutos jurídicos de múltiplas nações, não apenas em tempos presentes, mas, também, em épocas passadas ou ainda confrontando “fatos, valores e normas” contemporâneos, com pensamentos sócio-jurídicos produzidos em estágios humanos anteriores. O Constitucionalismo de inspiração iluminista / liberal já despontara de forma germinativa na Idade Média, quando, no século XIII, em 1215, o rei inglês conhecido pela alcunha de João-Sem-Terra viu-se forçado a pactuar com parcela de súditos (oligárquicos rurais ingleses), iniciando, assim, um processo em escala ascendente de fragmentação do sistema vigente e construção de novas formas estatais de atuar. A monarquia inglesa, a partir desse lapso temporal, vê-se forçada a reconhecer direitos individuais de grupos sociais. Frisa-se, porém, que o reconhecimento desses direitos não era estendido para toda a população inglesa, restringindo-se unicamente aos abastados economicamente, embora exclusos dos direitos humanos e políticos. Esses “contratos” firmados entre monarcas e súditos modificaram as relações de governos, pois, reduziram gradativamente o atuar dos reis, exigindo que os mesmos rezassem obediência aos pactos descritos. Entre tantos pactos, foraz e franquias, a Magna Carta (1215), que a Petition of Rights (1628) são os mais importantes, visto que se ampliou o leque de pessoas beneficiadas apartir destes institutos jurídicos. Ainda, que soem redundante, esses acordos forçamente acatados não se estendiam aos estrangeiros, pessoas desprovidas de recursos financeiros, muitos menos contemplavam os camponeses nativos. A Magna Carta obrigava a Coroa inglesa a respeitar os direitos dos súditos e, por sua vez a Petition of Rights facultava a um maior número de pessoas que lhe fossem dados direitos de defesas, de assistência advocacia, de insenção arbitrária do julgador no processo, entre os outros procedimentos judiciais. O pensamento inglês do período medieval contribuirá significativamente com o Constitucionalismo Moderno, embora os manuais Direito Constitucional brasileiro, em sua, não apresentem escrito sobre esses antecedentes sócio-históricos e políticos. Talvez as omissões dos teóricos pátrios tenham-se dados pelo fato da Constituição Inglesa ser consuetudinária, dificultando as exposições argumentativas linear, que procura reduzir expressões completas em termos simples. Porém, já se sabe que nem todos os fenômenos são possíveis de serem reduzidos ou, quem sabe, tais omissões tenham acontecidos por preconceitos acadêmicos, em fase do tradicionalismo liberal inglês, os quês, para muitos estudiosos, apresenta distinções profunda do modelo constitucionalista brasileiro. As causas da migração dos ingleses em busca do território norte-americano foram principalmente religiosas e políticas. Já em “território americano” após décadas de permanência e ao longo do tempo surgindo uma população própria, eclodem vários movimentos em prol da independência. A França foi palco de conflitos sócio-políticos e econômicos, que culminaram em 1789, com a Revolução Francesa e, no ano de 1971, por meio da racionalidade jusnaturalista, com a criação da primeira constituição escrita francesa. O arcabouço desta constituição funda-se na Teoria Constitucionalista Moderna, que fora buscar subsídios filosóficos em ideais iluministas liberais. O liberalismo político-econômico de embasamento filosófico iluminista conseguira derrubar o ancien regime, que concentrava poderes nas mãos da monarquia que, por sua vez, desconsiderava os direitos individuais. Hoje o País é regido por uma Constituição Federal, instituída em 1988, onde em seu preâmbulo segue o seguinte texto: PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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