Buscar

CCJ0015-WL-D-PP-Aula-06-Guido Cavalcanti

Prévia do material em texto

Civil IV
Posse
Aula 6
Prof. Guido Cavalcanti
Efeitos da Posse
• Justamente por não ser uma simples detenção, a posse 
em si gera diversos efeitos. Esses serão objeto da aula 
de hoje.
• A posse em regra gera:
• Proteção Possessória, abrangendo a autodefesa e a 
invocação dos interditos
• Percepção dos frutos
• Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa
• Indenização pelas benfeitorias e o direito de retenção
• Usucapião
• A proteção da posse se dá de dois modos: a) 
legítima defesa e pelo b) Desforço Imediato 
(autotutela, autodefesa ou defesa direta)
• As ações tipicamente possessórias são 
(manutenção, reintegração e interdito 
proibitório) que em gênero são chamados de 
interditos possessórios. 
• Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na 
posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e 
segurado de violência iminente, se tiver justo receio de 
ser molestado.
• § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá 
manter-se ou restituir-se por sua própria força, 
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de 
desforço, não podem ir além do indispensável à 
manutenção, ou restituição da posse.
• § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse 
a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a 
coisa.
• A legítima defesa não se confunde com o desforço 
imediato. Este ocorre quando o possuidor, já tendo perdido 
a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a 
coisa. 
• A primeira somente tem lugar enquanto a turbação 
perdurar, estando o possuidor na posse da coisa. O deforço 
não é no momento, mas no calor dos acontecimentos. 
• Sempre observar o requisito que essa defesa seja feito 
“logo”. Imediatamente após a agressão, sob risco de 
exercício arbitário das próprias razões.
Legitimidade ativa e passiva
• Exige-se a condição de possuidor. Como já foi 
dito, possui legitimidade possuidores diretos e 
indiretos.
• A legitimidade passiva nas ações possessórias 
é do autor da ameaça, turbação ou esbulho, 
assim como do terceiro que recebeu a coisa 
esbulhada, sabendo que o era. 
• Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação 
de esbulho, ou a de indenização, contra o 
terceiro, que recebeu a coisa esbulhada 
sabendo que o era.
• Contra o terceiro que recebeu a coisa de boa-
fé não cabe ação de reintegração de posse, 
mas sim ação petitória. 
• A ação pode ser proposta tanto contra o autor do ato, 
como contra quem ordenou ou contra ambos. 
• O herdeiro também é legitimado passsivo porque 
continua de direito a posse de seu antecessor. Já o a 
título singular, somente se escolheu continuar a posse 
anterior. 
• A ação possessória pode ser cumulada com ação de 
indenização pelos danos sofridos. São pedidos que se 
complementam e mesmo se o objeto já tiver sido 
perdido, a indenização pode seguir tranquilamente. 
Da fungibilidade dos interditos
• O princípio da fungibilidade está regulado no 
art. 920 do Código de Processo Civil. 
• Art. 920. A propositura de uma ação 
possessória em vez de outra não obstará a 
que o juiz conheça do pedido e outorgue a 
proteção legal correspondente àquela, cujos 
requisitos estejam provados.
• É o caso de alguém pedir uma manuntenção, quando 
na verdade é uma reintegração ou talvez a própria 
situação mudou durante o transcorrer da ação. 
• Mesmo com pedido diferente, o fundamento é 
mesmo: ofensa à posse. Em rigor, pode-se falar em 
apenas uma ação possessória, mas com diferentes 
circunstâncias. Isso acaba sendo uma exceção à regra 
que proíbe o julgamento extra petita, pois o pedido do 
autor foi a manuntenção, e o juiz concede, p.ex., a 
reintegração. 
• O 921 afirma:
• Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido 
possessório o de:
• I - condenação em perdas e danos;
• Il - cominação de pena para caso de nova 
turbação ou esbulho;
• III - desfazimento de construção ou plantação 
feita em detrimento de sua posse.
Caráter dúplice das ações possessórias
• Na relação processual clássica, é o autor que em 
regra formula o pedido e o réu que se opõe a tal 
pedido. Todavia, em alguns casos, inexiste essa 
predeterminação. A situação jurídica se 
apresenta de tal modo que qualquer dos sujeitos 
pode ajuizar a ação contra o outro. 
• É o exemplo também da ação demarcatória e de 
divisão, pois não há rigorosamente autores e 
réus, pois cada um deles tem direito de tomar a 
iniciativa. 
• Isso tem como consequencia que, 
independente de pedido de reconvenção, o 
juiz possa conferir proteção possessória a 
quem demonstrar ser o legítimo possuidor. 
Por isso, seria inútil o pedido de reconvenção 
nessa espécie de ação. 
Diferença entre juízo possessória e 
juízo petitório. A exceção de domínio.
• Ação petitória é o meio de tutela dos direitos 
reais, de propriedade ou outro. Ação possessória 
é o meio de tutela da posse perante uma ameaçã, 
turbação ou esbulho. São óbvias suas diferenças. 
• Existe uma separação entre o possessório e o 
petitório. 
• No juízo possessório não adianta discutir domínio 
e no juízo petitório, o foco é domínio, sendo a 
posse questão secundária.
• Art. 923. Na pendência do processo 
possessório, é defeso, assim ao autor como ao 
réu, intentar a ação de reconhecimento do 
domínio. (Redação dada pela Lei nº 6.820, de 
16.9.1980)
• O artigo tem que ser lido junto com o 1.210
• § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração 
na posse a alegação de propriedade, ou de 
outro direito sobre a coisa.
• Enquanto estiver tramitando a ação possessória, 
nem o réu nem o autor podem ajuizar, 
paralelamente, a ação petitória para obter a 
declaração do seu direito à posse.
• A consequencia prática é que poderá o possuidor 
não proprietário, desde que ajuíze ação 
possessória, impedir a recuperação da coisa pelo 
seu legítimo dono, pois este ficará impedido de 
recorrer à reivindicatória até que a possessória 
seja definitivamente julgada

Continue navegando