Buscar

DIREITO CIVIL - DIREITOS REAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL 
DIREITOS REAIS
11/08/2021
DIREITOS REAIS – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 
•	PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direitos reais – 27. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
•	GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 5: direitos reais – São Paulo: Saraiva Educação, 2019
•	GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 2: esquematizado. contratos em espécie / direito das coisas – 7. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Tudo o que foi estudado no direito até hoje são relações obrigacionais (relações entre pessoas), mas agora é um novo tipo de relação (entre pessoas e coisas). 
DIREITO DAS COISAS OU DIREITOS REAIS?
Existe diferença entre os termos? São terminologias sinônimas?
A doutrina não é consensual no que diz respeito às terminologias. 
Para alguns autores as expressões não são sinônimas: para eles a posse possui natureza jurídica controversa. E os direitos de vizinhança possuem natureza jurídica de obrigações mistas ou propter rem (obrigação acessória, advinda de uma condição). Ou seja, nenhum dos dois se confunde com direitos reais. 
Outros autores entendem que são expressões sinônimas.
- Para alguns autores (Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald), as expressões não podem ser entendidas como sinônimas: Direito das coisas diz respeito aos direitos reais (propriamente ditos, previstos no CC), e mais a posse e os direitos de vizinhança; 
Para eles são coisas distintas. Direitos das coisas englobaria direitos reais propriamente dito e mais outros direitos. "Direito das coisas" seria mais abrangente. 
- Para alguns autores (Carlos Roberto Gonçalves), as expressões são sinônimas e possuem conteúdo idêntico: Neste caso, partem do pressuposto que se trata de um direito que busca regular o poder dos homens, no aspecto jurídico, sobre os seus bens, seja qual for a sua utilização econômica.
Dizem que o CC quis dizer que é tudo a mesma coisa. Simplesmente está aqui para regular as pessoas com os seus objetos e tal. 
Obs: o CC diz "direito das coisas". E tem ARTs. Específicos dizendo quais são os direitos reais e tal. 
No CC é dividido conforme o quadro abaixo:
CONCEITO
“Direito das coisas vem a ser um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem”. Maria Helena Diniz
Regras que regulamentam a relação entre pessoas e bens, sejam eles corpóreos ou incorpóreos, materiais ou imateriais. 
Qual a extensão do conceito de bens?
Nem todo bem entra no conceito. 
- passíveis de apropriação pelo homem; 
Bens raros. Bens em abundância na natureza não cabem aqui. Ex: o raio solar. 
A possibilidade jurídica de apropriação está relacionada com a possibilidade do homem se apropriar de bens raros e úteis à satisfação das suas necessidades. A partir disso é possível se atribuir um valor econômico a esse bem. 
- que se pode atribuir um valor econômico (x bens em abundância);
- materiais e imateriais. 
Imateriais: cotas de sociedade, direito autoral. 
Materiais: um copo. 
OBJETO DA DISCIPLINA: DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS
Direito Real: cuida das relações jurídicas existentes entre uma pessoa e uma coisa.
- Consiste no poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa. 
Esse poder poderá ser exercido de forma total ou parcial. Ex de poder parcial: um possuidor ao locar um apartamento terá os poderes limitados pelo dono do apartamento. Já o proprietário terá o poder total. 
O que o CC vai tentar proteger é essa relação jurídica. Esse poder sobre a coisa. 
- Esse poder jurídico é exercido com exclusividade e contra todos. - possui eficácia erga omnes.
Obrigação passiva universal, ou seja, todo mundo tem que respeitar. Se não respeitar pode entrar com ação possessória e etc. 
Direito pessoal: consiste numa relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode
exigir do passivo determinada prestação. (O que estudamos até aqui. Ex: relação contratual). 
- Trata-se de uma relação entre pessoas, tendo como elementos um sujeito ativo, um passivo e uma prestação.
A relação entre as pessoas é mais importante do que com as coisas. 
CARACTERÍSTICAS OU PRINCÍPIOS DOS DIREITOS REAIS 
OPONIBILIDADE / EFICÁCIA ERGA OMNES (OU ABSOLUTISMO)
Essa possibilidade de opor esse direito a todo mundo traz uma característica de universalidade desses direitos. 
- Os direitos reais são oponíveis a todas as pessoas indistintamente.
- Os direitos reais concedem ao seu titular verdadeira situação de dominação em relação a um objeto. É o poder de agir sobre a coisa. E esse poder de agir sobre a coisa é OPONÍVEL A TERCEIROS, ou seja, é oponível erga omnes (contra todos). 
Obs: os direitos reais acarretam sujeição universal ao dever de abstenção sobre a prática de qualquer ato capaz de interferir na atuação do titular sobre o objeto. Isso significa que todo mundo tem que respeitar os direitos reais da outra pessoa.
Obs: o absolutismo não significa um poder ilimitado sobre o bem. Existem, por exemplo, as próprias limitações legais. Ex: ART. 1228, p. 1°.
INERÊNCIA / ADERÊNCIA / SEQUELA
O bem acompanha o seu titular. Se tem um apartamento em Vitória, mas tá morando no Canadá, o bem não deixa de ser seu, por exemplo. 
- Estabelece um vínculo, uma relação direta e imediata entre a pessoa e a coisa.
- Como consequência, o titular de um direito real poderá perseguir a coisa afetada, para buscá-la onde se encontre e em mãos de quem quer que seja.
PUBLICIDADE
Sendo oponíveis erga omnes, faz-se necessário que todos possam conhecer os seus titulares, para não molestá-los.
É uma regra geral. Mas cabe exceções, como no caso da posse. 
- A publicidade de direitos reais sobre bens imóveis se dá com o registro no cartório de registro de imóveis do respectivo título (art. 1227, CC).
- A publicidade de bens móveis se dá por meio da tradição
(art. 1.226 e 1267, CC).
TAXATIVIDADE
- São direitos estabelecidos pelo Código Civil ou por leis posteriores, não podendo ser criados por livre pactuação. 
Obedecem a um rol dado pelo CC. 
- São considerados pela doutrina como NUMERUS CLAUSUS.
Ninguém pode criar um direito real do zero. Não pode criar uma regra / direito real novo. Diferente do direito contratual. 
- Estão localizados no rol pormenorizado do artigo 1.225, CC e em leis especiais diversas. A própria lei de registros públicos proíbe o registro de direitos reais não reconhecidos por Lei.
Embora não se possa criar, é possível que o direito real que já existe ganhe uma nova roupagem. Ex: há um hotel, mas aí você compra um quarto desse hotel por um período do ano. (Multiproprietários). 
PERPETUIDADE
- Em tese, a propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não-uso, mas somente pelos meios e formas legais como, por exemplo, desapropriação, usucapião ou renúncia.
A morte não extingue a relação da pessoa com a coisa. Em tese, os bens ficam para os herdeiros. 
A posse não se enquadra aqui. 
DIREITOS REAIS - POSSE 
TEORIAS SOBRE A POSSE 
Primeiro direito regulamentado pelo direito das coisas. 
A proteção à "posse" surgiu mais recentemente nos ordenamentos jurídicos modernos. 
Algumas pessoas acham errado estar dentro dos direitos reais, já que contraria algumas características dos direitos reais. 
O próprio CC segue essa lógica (fala das disposições gerais do direito das coisas e depois entra na posse).
TEORIA SUBJETIVA CLÁSSICA - SAVIGNY
Savigny foi o responsável por elaborar a mais clássica teoria acerca da posse e sua constituição. 
Ele que trouxe a ideia "da posse". Inaugurou as observações sobre a posse.
- Na concepção do autor, a posse seria: o poder que a pessoa tem de dispor materialmente de uma coisa, com intenção de tê-la para si e defendê-la contra a intervenção de outrem.
É considerado possuidor a pessoa que assume sobre o objeto o corpus e o animus. (Contato corpóreo com o bem ou possível de contato e a intenção de ser dono).
- Para Savigny a posse, para que seja constituída, deve possuir dois elementos constitutivos: corpus (elementoobjetivo) + animus (elemento subjetivo)
Para ser possuidor precisa unir esses dois elementos. (A posse só vai existir com esses dois elementos). 
CORPUS (elemento objetivo) = controle material da pessoa sobre a coisa. O corpus traz a ideia de que para que a posse seja caracterizada, a pessoa deve exercer um controle material sobre a coisa, ou seja, a pessoa tem o poder de se apoderar da coisa, de servir, de dispor e ainda lutar para proteger essa coisa de terceiros.
Se traduz no poder físico sobre a coisa ou na mera possibilidade de exercer esse poder.
ANIMUS (elemento subjetivo): vontade de ter a coisa como sua.
É o elemento volitivo (relacionado com a vontade), que consiste na intenção do possuidor de exercer direitos sobre a coisa como se proprietário fosse. 
O animus seria o elemento subjetivo encontrado na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio e de defendê-la. 
Trata-se de um elemento espiritual, anímico. 
Para a teoria subjetiva: Se tiver somente o animus, a posse será apenas um fenômeno de natureza psicológica. E se tiver somente o corpus, a posse será considerada uma mera detenção.
Obs: na prática essa teoria não faz sentido. 
- Porque subjetiva? A teoria recebe o nome de subjetiva, porque ela destaca um elemento intencional do indivíduo como caracterizador da posse. Savigny dá uma importância grande ao sujeito. 
- Mérito de Savigny: Os autores afirmam que o grande mérito da teoria foi de conferir autonomia à posse e dar relevância ao uso de bens que não estejam dentro do instituto da
propriedade privada. A posse passa, a partir do trabalho do professor, a ser vista como uma situação fática merecedora de tutela. (Tira o reinado da propriedade e passa um pouco desse reinado para outra pessoa também). 
- Críticas à teoria subjetiva: A teoria recebeu duras críticas, principalmente no que diz respeito à enorme importância que se conferia ao aspecto subjetivo, pessoal, do animus domini. Além disso, o próprio conceito de animus é muito difícil de ser analisado no caso concreto.
- não tem aplicabilidade prática. Ex: um ladrão então poderia ser possuidor se pensar assim. 
- o inquilino não teria proteção alguma. Porque teria o corpus e não o animus. 
TEORIA OBJETIVA - IHERING
Aluno de Savigny. 
Ele desenvolve a teoria objetiva, aperfeiçoando a teoria de seu mestre. 
- Na concepção de Ihering, a posse é evidenciada pela existência exterior, sem qualquer necessidade de existência de uma vontade individual, do elemento subjetivo traçado por Savigny.
Para Ihering o possuidor seria aquele que exerce um domínio sobre o bem e que lhe dá alguma destinação, independentemente do que motivou o sujeito em termos psicológicos. 
Para ele só precisa existir o corpus. O que importa é ação como se dono fosse. Não liga para sua intenção, analisa a prática. 
- A conduta de dono é analisada por Ihering a partir de outra ótica: age como dono aquele que exterioriza a propriedade, que dá visibilidade ao domínio. 
Mostra para o mundo a condição de domínio sobre aquele bem. Aí pode ser possuidor. (As ações da pessoa que conta).
Teoria adotada pelo CC.
Possuidor seria aquele que se comporta em relação a um bem como se fosse o proprietário, imprimindo-lhe destinação.
ADOÇÃO PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002 - Art. 1.196 + 1.228, CC
Se tem condutas de dono. Tem a posse. (Definido no ART. 1.228). Em regra. 
- O nosso CC adotou a teoria objetiva de Ihering, caracterizando a posse como sendo um direito proveniente da existência do corpus (CONCEITO)
- Mesmo que o sujeito não seja proprietário, mas se comporte como tal (por exemplo, plantando, construindo, morando), poderá ser considerado possuidor e fazer uso das ações possessórias.
Em algumas situações apesar de ter o corpus, a pessoa não será possuidora, por alguma determinação legal.
Existem duas possibilidades. Analisa-se: 
POSSE X MERA DETENÇÃO
POSSE VERSUS MERA DETENÇÃO - Art. 1.198, CC 
Mera detenção
Esse conceito traz o chamado FÂMULO DA POSSE, OU AQUELE QUE É MERO DETENTOR.
O fâmulo da posse é aquele que, em virtude de sua situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação em relação a uma outra pessoa, exerce sobre o bem não uma posse própria, mas a posse dessa pessoa e em nome dela, em obediência a uma ordem ou instituição.
Ex: o pastor da igreja mora na casa pastoral (é comum igrejas terem uma casa e o pastor morar nessa casa), mas ele não é possuidor e nem proprietário. Ele é mero detentor. Não podendo entrar com ação possessória. Pois ele é dependente economicamente e está subordinado ao proprietário. 
Ex: caseiro de uma casa de veraneio; bibliotecário (recebem ordens e instruções do proprietário).
O mero detentor não possui o direito de invocar proteção possessória em seu nome próprio, mas poderá exercer autodefesa do bem sob seu poder (Enunciado 493, Conselho da Justiça Federal - Ex: bibliotecários, caseiros).
Quando o pastor está na casa pastoral, não pode entrar com ação possessória. Mas pode dar um chega pra lá no vizinho enjoado. (Pode autodefender aquela posse respeitando os limites legais). 
POSSE X ATOS DE MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA
POSSE VERSUS ATOS DE MERA PERMISSÃO - Art. 1.208, CC
- Os atos de permissão exigem conduta permissiva do possuidor, que, sem perda do controle e da vigilância sobre a coisa, entrega-a voluntariamente a terceiro para que este a tenha momentaneamente.
Ex: a professora tem uma casa de praia e permite que os alunos da faculdade façam um churrasco no final de ano. Não são possuidores, são apenas alvo da permissão da professora.
Diferente da mera detenção, a mera permissão não tem relação de dependência, não tem que seguir regras do proprietário. Claro que deve seguir normas de conduta (não pode destruir o bem e etc.). 
Não pode entrar com ação em nome próprio.
- A tolerância é o comportamento omissivo, consciente ou não do possuidor, que, mais uma vez, sem renunciar à posse, admite atividade de terceiro em relação à coisa ou não intervém quando acontece.
Ex: a professora emprestou o imóvel para os alunos da faculdade fazerem o churrasco. Aí passou uma semana e os alunos continuam lá. Aí a professora vai tolerando a estadia dos alunos lá. É omissa em pedir para sair. 
Como não é posse, os alunos não podem pedir usucapião, mesmo que a professora tolere eles lá por 15 anos. 
Obs: para saber diferenciar a posse da detenção e da tolerância tem que analisar certinho para saber no que se enquadra. Não é mera detenção ou tolerância, será posse. 
Alguém permitiu alguma coisa? Alguém tolerou alguma coisa? Tinha alguma subordinação? Exclui as exceções. Têm corpus? Posse. 
Vida real tudo é posse. 
18/08/2021
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
Existem, para tentar explicar a natureza desse instituto, três correntes doutrinárias.
Ninguém consegue chegar em um consenso a respeito da natureza jurídica da posse e até hoje não tem consenso nenhum a respeito disso na doutrina.
Principais correntes são essas: 
· A posse é um fato - é um fato da vida civil que não necessariamente vai gerar implicações jurídicas. É um fato porque a posse não tem autonomia nenhuma, a posse é só uma consequência jurídica da propriedade, não tendo implicações jurídicas (não tendo importância no direito - valor jurídico). (Doutrina bem minoritária). 
· A posse é um fato e um direito - posicionamento doutrinário sustentado por Savigny. Por vezes se apresenta como algo sem valor jurídico de fato e por vezes aparece como algo que merece um cuidado do direito. 
· A posse é um direito - sustentado por Ihering. Para o autor a posse é um interesse juridicamente protegido. E muitos doutrinadores seguem esse posicionamento, justamente pelo fato de nosso CC encarar a posse como um direito. (É um foco do CC). 
Grande parte dos civilistas reconhecem a posse como de natureza defendida pelo terceiro posicionamento doutrinário, ou seja, como um direito.
Reconhecendo-a como um direito, seria a posse um direito real ou obrigacional?
SERIA A POSSE UM DIREITO REAL OU OBRIGACIONAL?
Tem gente que entende que a posse é um direito real. Pois está no nosso CCcomo um direito das coisas. Esse é o posicionamento que aparentemente nosso CC elencou. Como a posse não está no rol taxativo de direitos reais disposto no CC, tem gente que entende que a posse não é considerado um direito real, além disso a posse não tem alguns princípios dos direitos reais, por exemplo, o princípio da publicidade, dessa forma algumas pessoas entendem que a posse seria um direito obrigacional e não real. 
Dica da professora: usar o posicionamento favorável para o cliente. 
- Para alguns doutrinadores modernos, a posse é inegavelmente um direito real, isso porque a mesma é a parte visível ou indissociável da propriedade (que é um direito real), acompanhando o posicionamento da própria teoria objetiva (Ihering).
Isso porque a posse consegue cumprir com todos os requisitos que compõem os direitos reais, quais sejam:
1 – a coisa é um objeto e não uma prestação;
2 – existe uma sujeição direta e imediata do objeto ao seu titular;
3 – possui eficácia erga omnes, já que o possuidor tem a faculdade de exigir de todos a sua volta abstenção em prejudicar o exercício da sua posse.
- Parte da doutrina acredita que seria um direito obrigacional, pelas seguintes razões:
1 – A posse não se encontra elencada no rol taxativo (números clausus) do art. 1225, CC ou em qualquer legislação esparsa;
2 – Não é possível registrar a posse no Ofício Imobiliário (não há nenhuma previsão na lei de registros públicos – Lei. 6.015/73). Consequentemente, não há que se falar que a posse pode ser considerada erga omnes, já que não pode ser registrada, uma vez que os direitos reais imobiliários nascem com o registro.
3 – A própria organização do CC (colocando a posse como um assunto anterior aos direitos reais), a insere unicamente como abarcada pelo direito das coisas, e não pelos direitos reais em si. 
Corrente intermediária: por vezes a posse vai parecer mais com um direito real e por vezes vai parecer mais com um direito obrigacional. (Chaves e Rosenvald).
LER A INTRODUÇÃO DO LIVRO DE GONÇALVES SOBRE DIREITO DAS COISAS. 
ATIVIDADE - CORRIGIDA 
QUESTÕES DE FIXAÇÃO –NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO DAS COISAS / POSSE (ORIGEM / TEORIAS / CONCEITO / NATUREZA JURÍDICA)
QUESTÃO 1 - Considere as afirmações:
I. Os direitos reais e os pessoais integram a categoria dos direitos patrimoniais, sendo o primeiro exercido sobre determinada coisa, enquanto o segundo exige o cumprimento de certa prestação.
II. Os direitos reais não podem ser classificados como direitos absolutos.
III. O direito real, quanto à sua oponibilidade, é absoluto, valendo contra todos, tendo sujeito passivo indeterminado, enquanto que o direito pessoal (ou obrigacional) é relativo e tem sujeito passivo determinado.
IV. Os direitos reais obedecem ao princípio da tipificação, ou seja, só são direitos reais aqueles que a lei, taxativamente, denominar como tal, enquanto que os direitos pessoais podem ser livremente criados pelas partes envolvidas (desde que não seja violada a lei, a moral ou os bons costumes), sendo portanto o seu número ilimitado.
SOMENTE estão corretas as afirmações: 
A)I e II.
B)II e III.
C) I, III e IV.
D)I, II e III.
E)I, II e IV.
ANOTAÇÕES: Nenhum direito, em regra, é absoluto. Porém os direitos reais são sim considerados direitos absolutos, por conta do princípio do absolutismo. São absolutos no sentido de que todo mundo tem o direito absoluto de se abster de respeitar o exercício do direito real da propriedade (esse absolutismo não está presente na posse). 
QUESTÃO 2 – São características dos direitos reais:
A)legalidade e tipicidade; taxatividade; publicidade; eficácia erga omnes, inferência ou aderência e sequela.
B)princípio da autonomia privada da vontade; taxatividade; publicidade; eficácia erga omnes.
C)legalidade e tipicidade; taxatividade; publicidade; eficácia inter partes, inércia ou aderência e sequela.
D)princípio da autonomia privada da vontade, taxatividade; publicidade; eficácia inter partes, inércia ou aderência e sequela.
E)legalidade e tipicidade; relatividade; publicidade; eficácia erga omnes, inércia ou aderência e sequela.
ANOTAÇÕES: São características ou princípios dos direitos reais. (As outras opções estão erradas porque se referem a autonomia da vontade, mas a autonomia da vontade é de relação obrigacional. Também estão erradas porque falam de efeito inter partes, mas no direito real é erga omnes). 
QUESTÃO 3 – Analise a afirmação abaixo e informe se a mesma está correta ou incorreta. Em ambos os casos, justifique.
Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
CORRETA INCORRETA 
JUSTIFICATIVA: Letra fria da lei. ART. 1.208, do CC. 
QUESTÃO 4 –A respeito da propriedade, da posse e das preferências e privilégios creditórios, julgue o item subsequente.
O ordenamento jurídico ora vigente admite a possibilidade de conversão da detenção em posse, a depender da modificação nas circunstâncias de fato que vinculem determinada pessoa à coisa.
CORRETA INCORRETA 
JUSTIFICATIVA: Enunciado 301 da 4a jornada de direito Civil (interpretações doutrinárias e jurisprudenciais consolidadas). Durante muitos anos doutrina e jurisprudência começaram a construir esse entendimento. Então, posse não é o mesmo que mera detenção, mas eventualmente a mera detenção pode se tornar posse. Ex: do pastor que era mero detentor de uma casa disponibilizada pela igreja, porém ele deixa de ter vínculo com a igreja, ou seja, perde o vínculo de subordinação que ocorre na mera detenção. Mas ele continua na casa, pois ficaram de resolver essa situação depois e não resolveu. Ele fica sendo possuidor e com o passar dos anos ele pode entrar com usucapião (para o usucapião não conta o tempo em que ele ficou como mero detentor). 
QUESTÃO 5 – Alguém retém consigo a coisa, exercendo controle sobre ela em nome de outrem, a quem esteja subordinado por relação de dependência. Esse indivíduo será:
A) Servidor. 
B) Proprietário. 
C) Detentor. 
D) Usufrutuário. 
E) Possuidor.
ANOTAÇÕES: ART. 1.198, do CC. 
25/08/2021
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
*APS
Quanto à extensão da garantia possessória: posse direta e indireta.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 
A posse pode se desdobrar, ou seja, se desmembra. Esse desdobramento faz com que surja uma posse direta e uma posse indireta. 
Desdobramento da posse: o CC nos dá a possibilidade de desdobrarmos a relação possessória no que tange ao exercício da posse. Um proprietário pode conceder a posse a alguém, desdobrando-a, sem, contudo, perdê-la. Ex: é proprietária e possuidora exclusiva de um copo. Aí empresta o copo para alguém, possibilitando um desdobramento em sua posse, se mantém como possuidora, porém agora é possuidora indireta, enquanto que a pessoa que está com o copo se torna a possuidora direta. (O proprietário transfere a posse para uma pessoa e essa posse se desdobra). 
A existência de um possuidor direto implica na existência de um indireto. 
POSSE DIRETA
- Posse direta é exercida por aquele que se tornou possuidor em virtude de uma relação jurídica que o permitiu ter o domínio físico sobre a coisa que o permitiu ter a coisa em seu poder.
- Não se trata de mera detenção. Estamos diante de duas posses (a direta e a indireta). Detentor não tem posse! Ele pode exercê-la em nome de terceiro, mas não a tem! (O possuidor tem a posse legítima. E pode entrar com uma ação possessória.)
Obs: quando acontece a venda, não acontece o desdobramento da posse. Pois passa a propriedade e a posse vai junto. 
- É marcada pela temporariedade. É uma posse temporária porque, em algum momento, a relação jurídica, seja ela real ou obrigacional, terá o seu termo final. Sendo assim, a posse retomará para o seu possuidor originário,que até então está como indireto na relação.
- É subordinada ou derivada. Isso porque a atuação do possuidor direto é limitada ao âmbito dos poderes dominiais a ele transferidos pelo possuidor indireto, de acordo com o tipo de relação jurídica. Logo, os limites da posse ficam subordinados ao tipo de relação.
(Ex: locação para fins residenciais. O possuidor direto – locatário – só poderá fazer uso da sua posse nos limites impostos pelo possuidor indireto – locador).
O possuidor só pode fazer o que o proprietário liberar. Já que é uma posse derivada. 
- O possuidor direto pode defender a posse de forma independente do indireto, fazendo uso das ações possessórias em nome próprio. Não há a necessidade de litisconsórcio ativo (somente se as partes quiserem). (Não precisa incluir o proprietário no processo. Podendo defender a posse) -> se quiser ele só avisa o proprietário e entra sozinho com a ação. (O desmembramento permite essa facilidade). 
O possuidor pode entrar com a ação possessória, pois tem a posse legítima (legitimidade ativa). Já o mero detentor não pode, porque não tem a posse legítima.
- Poderá o possuidor direto, inclusive, fazer uso dos interditos possessórios contra o próprio possuidor indireto. (Se o proprietário ficar enchendo o saco impedindo que o possuidor exerça a posse direito, o possuidor pode entrar com a ação possessória contra o próprio proprietário, pois é possuidor e tem direito de exercer sua posse de forma completa). 
POSSE INDIRETA (posse mediata)
- O possuidor indireto é aquele que, por meio de relação jurídica transfere o direito de posse a outrem.
- Posse indireta é também chamada de mediata.
Obs: pode acontecer o desdobramento mais de uma vez. Por exemplo, na Sublocação. (O sublocatário se torna possuidor direto também). 
- Não será anulada na ocorrência do desdobramento da posse. (Quando permite o desdobramento da posse, não deixa de ser possuidor - o proprietário continua sendo possuidor mesmo que indireto). 
- Enunciado 76 do Conselho da Justiça Federal: O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele (art. 1.197, in fine, do novo Código Civil).
JOÃO é proprietário do imóvel da figura. Aluga esse imóvel para MARIA. Após a assinatura do contrato, João passa a ser o locador e possuidor indireto do bem. Enquanto Maria passa a ser considerada a locatária e possuidora direta do bem!
OBS: Ambos os possuidores possuem tutela possessória! Inclusive em face um do outro!
Se aparece na nossa história um terceiro aleatório, tentando prejudicar a posse que é exercida (direta ou indiretamente) em relação a este imóvel, tanto João quanto Maria terão legitimidade para pleitear a proteção dessa posse! (Pois os dois têm a posse). 
QUANTO A SIMULTANEIDADE DO EXERCÍCIO DA POSSE: POSSE PARALELA, EXCLUSIVA E COMPOSSE.
A posse nasceu para ser sozinha. Mas quando surge o possuidor direto e indireto, essa posse muda. 
POSSE PARALELA
- Diferentes pessoas exercem posse sobre a mesma coisa, mas esta posse possui qualidades diferentes.
É o que acontece no exemplo anterior, onde de um lado temos um possuidor indireto e do outro um possuidor direto. Ambos exercendo posse de qualidade distinta, paralelamente, sobre um mesmo bem. 
Duas pessoas exercem paralelamente a posse de um bem, porém em qualidades diferentes (posse direta e posse indireta). 
POSSE EXCLUSIVA
- Uma pessoa exercendo a posse sobre uma coisa de forma individual. (Exerce a posse sozinha). 
COMPOSSE
Normalmente a posse, assim como a propriedade, se manifesta como algo exclusivo. Um único sujeito exerce sobre um objeto a condição jurídica de possuidor. No entanto, o direito admite que mais de uma pessoa assuma a condição de possuidor. E nesses casos, estaremos diante da chamada COMPOSSE. Ex: quando os tios dividem o mesmo bem (todo mundo possuidor do mesmo bem). 
Assim como tem o condomínio e o co-proprietário, tem-se também o co-possuidor. 
- Previsão (Art. 1.199) / Conceito: “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores”. (Não pode prejudicar o direito possessório uns dos outros. E para terceiros o direito sobre a posse é um só. Ex: dividir o quarto com o irmão e a mãe manda arrumar o quarto. Ela não diz quem deve arrumar, já que os dois são possuidores). 
- A composse é uma situação excepcional, que consiste na posse da mesma qualidade que é exercida por mais de uma pessoa sobre a mesma coisa.
A principal característica da composse é a simultaneidade. É essencial para a configuração da composse que os sujeitos estejam exercendo de forma plena a sua posse simultaneamente, de forma pacífica.
PODE SER PRO INDIVISO OU PRO DIVISO…
COMPOSSE PRO INDIVISO
Temos a composse pro indiviso quando as pessoas que possuem o mesmo bem tem apenas uma fração ideal do bem, mas em que pese essa fração ideal podem usufruir de forma ilimitada e indistinta do bem.
Em regra, a COMPOSSE nasce para ser pro indiviso (quando as pessoas que possuem aquele bem, tem uma fração do bem, mas podendo utilizar o bem de forma ilimitada, não tendo divisão naquela posse). A composse nasceu pra ser indivisa (perante o direito e na prática). Ex: do sítio do avô da professora. 
COMPOSSE PRO INDIVISO – CONSEQUÊNCIA PRÁTICA
- Nas suas relações externas (terceiro), cada compossuidor age em nome de todos os compossuidores. Ou seja, procede com exclusividade, como se fosse o único possuidor. 
Isso quer dizer que, na composse, se tivermos três compossuidores, cada um deles pode representar a posse daquele objeto/bem perante terceiros, preservar a integridade daquele objeto perante terceiros e fazer uso das ações possessórias perante terceiros como se estivesse respondendo pelos três.
- Pode ingressar com ação possessória ou todos juntos ou qualquer um deles sozinho!
COMPOSSE PRO DIVISO
É a exceção. E acontece quando há confusão e os compossuidores resolvem dividir, limitar a posse, cada um fica em sua devida fração. Para o direito não existe essa divisão, continua sendo composse, mas agora com essa divisão. Alguns doutrinadores defendem que isso faz com que perca a característica da composse. Mas a doutrina majoritária defende que a composse se mantém. 
A composse pro diviso ocorre quando, embora não haja uma divisão de direito, já existe uma repartição de fato, que faz com que cada um dos compossuidores já possua uma parte certa.
O exercício da composse permite essa divisão de fato para proporcionar uma utilização pacífica do direito de posse de cada um dos compossuidores.
A divisão entre posse pro diviso e pro indiviso tem previsão doutrinária e jurisprudencial. 
Precisa de fatos para comprovar a posse pro diviso. É difícil comprovar só de boca. É bom documentar, não sendo necessário um documento formal. 
Mesmo com essa divisão, o estado de comunhão prevalece!
COMPOSSE PRO DIVISO – CONSEQUÊNCIA PRÁTICA
- Nas suas relações externas (terceiro), DE IGUAL FORMA, cada compossuidor age em nome de todos os compossuidores. Ou seja, procede com exclusividade, como se fosse o único possuidor. 
Pode ingressar com ação possessória ou todos juntos ou qualquer um deles sozinho! Ambos podem defender a posse do bem ou da coisa perante terceiros.
E pode fazer a venda da "sua fração" para terceiros estranhos? Depende do caso concreto. Se tiver um documento dizendo que pode vender, pode ser que sim. Mas compossuidores não são proprietários, então complica mais ainda, já que o possuidor não pode vender o bem. 
QUANTO A SUA FORMA DE AQUISIÇÃO ou EXISTÊNCIA DE VÍCIO
POSSE JUSTA E INJUSTA
 POSSE JUSTA
- Art. 1.200, CC
- É aquela que não é violenta, precária ou clandestina. Em outras palavras, é aquela cuja aquisição não repugna ao direito, sendo isenta de vícios de origem. (Aquela que foi adquirida sem nenhum vício). -> imaculada (não foi manchada, está limpinha). 
POSSE INJUSTA
- De maneira contrária ao que dispõe o Art. 1.200, CC (nasce estragada, nasce com algum vício). 
- É aquela adquirida por meio violento, precário ou clandestino.1) Violenta: Adquire-se pelo uso da força ou da ameaça (logo, pode ser física ou moral). O vício é objetivo, sendo assim, basta a aquisição mediante força da coisa, sem a necessidade de verificar se era a intenção daquele que cometeu a violência. -> a violência pode ser física ou psicológica. 
A origem da posse está relacionada a um fato violento; O antigo proprietário é dali retirado contra a sua vontade e de forma violenta.
2) Clandestina: adquire-se às ocultas de quem exerce a posse atual, sem publicidade, ainda que a ocupação seja constatada por outras pessoas. -> nasce por meio do ato sorrateiro. Quando o proprietário se dá conta a posse já aconteceu. 
Ex: casa de praia ou extensão de cerca em fazenda. (O vizinho que fica mudando a cerca na fazenda). 
3) Precária: Resulta do abuso de confiança do possuidor que, indevidamente, retém a coisa além do prazo avençado para o término da relação jurídica de direito real ou obrigacional que originou a posse.
É aquela que a posse, em um primeiro momento era justa, mas se transforma em injusta. Enquanto não chegado o momento de devolver a coisa, o possuidor tem posse justa. O vício se manifesta quando fica caracterizado o abuso de confiança.
A classificação de posse injusta e justa vai ser importante para usucapir. A depender do usucapir a questão de posse justa ou injusta depende do tipo de usucapião e momento.
AFINAL, VIOLÊNCIA E DETENÇÃO GERA OU NÃO GERA POSSE?
"Senão depois de cessar a violência e clandestinidade" (final do artigo. 1.208): enquanto houver violência ou clandestinidade não haverá a posse. 
- Art. 1.200 x 1.208, CC
- Quando a violência ou a clandestinidade cessam, surge o convalescimento do vício e, consequentemente, surge a posse injusta. -> quando esse vício deixa de existir (convalescimento do vício). Aí sim vai ter a posse injusta. 
- Enquanto não finda a violência e a clandestinidade, há somente uma tentativa de possuir. Quando findas, ocorre a concretização da posse injusta.
- No caso da violência, ela será considerada finda quando os atos violentos pararem. Já no caso da clandestinidade, será considerada finda quando o esbulhador não mais ocultá-la, tornando possível que a vítima do esbulho saiba do ocorrido. 
A violência acaba quando para de bater, de ameaçar e etc. A partir desse momento se torna uma posse injusta. 
Na clandestinidade, ela vai parar quando qualquer pessoa ver que está ali exercendo a posse, cessa a clandestinidade e se torna possuidor injusto. (Pode entrar com ação possessória, mesmo que a posse seja injusta, podendo gerar até Usucapião). 
Exemplo: SALOMÃO VIENA, com seus capangas, invadem imóvel rural de CARMELO LUÍS, no dia 02 de abril de 2016. Durante três dias, CARMELO, lançando mão de meios legítimos de autodefesa, tentou resistir à invasão. Infelizmente, no dia 05, cessados os atos de violência, SALOMÃO consolidou o esbulho, expulsando o legítimo possuidor. Pelo teor do art. 1.208, enquanto os atos de violência estavam sendo perpetrados, entre os dias 02 e 05 de abril, durante o esforço defensivo do esbulhado, não havia posse de SALOMÃO. Mas, uma vez cessada a violência, SALOMÃO passaria a exercer posse injusta, na medida em que derivada de atos de violência.
Continuação do exemplo: O mesmo raciocínio seria aplicado se, em vez de ocorrer uma invasão violenta, a ocupação se desse por clandestinidade, caso em SALOMÃO e seus capangas adentrassem furtivamente o imóvel, permanecendo ocultos por alguns dias e revelando-se, surpreendentemente, após, impedindo que CARMELO exercesse o seu legítimo direito sobre o bem.
QUANTO A LEGITIMIDADE DO TÍTULO OU QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO
POSSE DE BOA-FÉ E DE MÁ-FÉ
É difícil caracterizar a boa-fé. Pois aqui se fala em boa-fé subjetiva, ou seja, o que a pessoa guarda em seu interior. 
- A distinção entre posse Justa e Injusta leva em consideração um aspecto objetivo que permeia a posse, ou seja, analisam a existência ou não de um vício na posse. Já a análise que se faz da posse de boa ou má-fé, leva-se em conta um caráter subjetivo, ou seja, o estado de ânimo do possuidor. (O que tá na cabeça e no coração dele). 
- Aqui, o que se analisa é a boa-fé subjetiva (ou a ausência da mesma): que consiste em uma situação psicológica, um estado de ânimo ou de espírito do agente, que realiza determinado ato ou vivencia dada situação em estado de inocência.
OBS: É diferente da boa-fé objetiva, que é uma verdadeira regra de comportamento, de fundo ético e sendo exigível juridicamente, por ter força de princípio.
Se agir de má-fé ou boa-fé vai ser observado em relação a usucapião também. 
POSSE DE BOA-FÉ (ART. 1.201, caput + parágrafo único, CC)
- É uma ignorância em relação a algum vício na posse.
- O justo título milita em favor do possuidor, dando a este uma presunção da boa-fé.
Exemplo: Um sujeito desfruta da posse de uma fazenda que lhe fora transmitida por herança, após a morte do seu tio. Mas desconhecia que este mesmo tio havia falsificado o registro imobiliário, sem que o herdeiro nada soubesse.
OBS: Justo título, para a presunção relativa da boa-fé do possuidor, é qualquer justo motivo (sendo um documento público ou particular) que lhe autoriza a aquisição da posse. Um título que, pelo menos, aparenta ao possuidor que ele está adquirindo posse. Ex: Um contrato de compra e venda não averbado na escritura de um imóvel. (Enquanto não sabe, tem a boa-fé. Se no caso concreto ficar comprovado que o documento é falso aí não pode mais fazer cara de sonso). 
POSSE DE BOA-FÉ (ART. 1.202, CC)
Perderá o caráter de boa-fé da posse quando as circunstâncias fizerem presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. (Acaba a boa-fé quando fica comprovado que o possuidor sabia que havia um vício naquela posse). 
Exemplo: quando o possuidor é citado em uma ação reivindicatória.
POSSE DE MÁ-FÉ: aquela exercida por um possuidor que tem ciência da existência de algum vício na aquisição daquela posse.
Consequências dessa distinção: efeitos da posse.
QUANTO AO TEMPO DE EXERCÍCIO DA POSSE:
POSSE NOVA E POSSE VELHA (*APS)
POSSE NOVA: É aquela que tem menos de ano e dia. (Do dia em que passou a ser possuidor, dentro de um ano e um dia, a posse é nova). Sendo admitido o pedido liminar (pedido mais importante na ação possessória, pois do contrário demora pra caramba). Então, o pedido liminar só é concedido no caso da posse nova (na inicial vai abrir um tópico e explicar para o juiz que sua posse é nova e mostrar para ele que ela realmente é nova). 
POSSE VELHA: É aquela de ano e dia ou mais. (Passou de um ano e um dia, é posse velha). 
Consequência da distinção: Art. 558, CPC – O citado artigo possibilita a concessão de liminar ao possuidor que intentar a ação possessória dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho. Passando esse prazo, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
QUANTO À NATUREZA:
POSSE NATURAL E JURÍDICA (OU CIVIL)
POSSE NATURAL:
É a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa, ou a “que se assenta na detenção material e efetiva da coisa”. Ex: vê uma bicicleta na rua durante uns dias e como ninguém pegou vai lá e toma posse. 
POSSE JURÍDICA:
É a que se adquire por força da lei, sem necessidade de atos físicos ou da apreensão material da coisa. É, portanto, a que se transmite ou se adquire pelo título. Ex: o herdeiro. Não escolhe ser possuidor. 
POSSE AD INTERDICTA E POSSE AD USUCAPIONEM
AD INTERDICTA: É a que pode ser defendida pelos interditos, isto é, pelas ações possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião. (Não tem a intenção de ser dono). 
Exemplo: O possuidor, como o locatário, por exemplo, vítima de ameaça ou de efetiva turbação ou esbulho, tem a faculdade de defendê‐la ou de recuperá-la pela ação possessória adequada até mesmo contra o proprietário.
AD USUCAPIONEM: É a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio. É, em suma, aquela capaz de gerar o direito de propriedade.
AD USUCAPIONEM:
- Ao fim de um período de dez anos, aliadoa outros requisitos, como o ânimo de dono, o exercício contínuo e de forma mansa e pacífica, além do justo título e boa‐fé, dá origem à usucapião ordinária (CC, art. 1.242). 
- Quando a posse, com essas características, se prolonga por quinze anos, a lei defere a aquisição do domínio pela usucapião extraordinária, independentemente de título e boa‐fé (CC, art. 1.238) (posse violenta, clandestina e tal. Só vai ter usucapião quando cessar a violência ou a clandestinidade). 
QUESTÕES DE FIXAÇÃO – CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
QUESTÃO 1 - Leonardo, proprietário de uma chácara, contratou Tadeu para trabalhar como caseiro, oferecendo-lhe moradia na propriedade onde o serviço deverá ser prestado.
Nessa situação hipotética, caso ocorra o esbulho da posse da chácara durante uma viagem de férias de Leonardo, Tadeu
A) terá legitimidade para ingressar com ação possessória, porque detém a posse direta da chácara.
B) terá legitimidade para ingressar com ação possessória, pois, nessa situação, a posse é pro diviso.
C) terá legitimidade para ingressar com ação possessória, porque a situação fática constitui composse.
D) não terá legitimidade para ingressar com ação possessória, uma vez que a sua posse é mera detenção.
E) não terá legitimidade para ingressar com ação possessória, porque tem somente posse mediata do bem.
QUESTÃO 2 - Aline locou imóvel de propriedade de Paulo, vindo a estabelecer nele sua clínica de psicologia, onde efetivamente exerce sua atividade há mais de cinco anos, sem oposição. Nesse caso, em decorrência do contrato de locação, Aline
(A) detém a posse direta do imóvel, que não anula a indireta, de quem aquela foi havida.
(B) detém a posse indireta do imóvel, que não anula a direta, de quem aquela foi havida.
(C) não detém a posse do imóvel, direta ou indireta, mas mero gozo do bem.
(D) detém a posse direta do imóvel, que anula a indireta, enquanto vigente a locação.
(E) detém a posse indireta do imóvel, que anula a direta, enquanto vigente a locação.
QUESTÃO 3 –Julgue os próximos itens, a respeito dos direitos reais, da posse, do direito de empresa e do Estatuto do Idoso.
Quando o proprietário de um bem imóvel, efetivando uma relação jurídica negocial com terceiro, transfere-lhe o poder de fato sobre esse bem, ocorre a composse, de forma que qualquer dos dois poderá defender a posse contra terceiros.
•Certo
•Errado
QUESTÃO 4 – Sobre posse, assinale a afirmativa correta.
A)Posse natural é a que se adquire por força da lei, sem necessidade de atos físicos ou da apreensão material da coisa.
B)Composse é a situação pela qual há a consolidação das várias posses em um só possuidor.
C)Posse clandestina é aquela obtida furtivamente, às ocultas da pessoa de cujo poder se tira a coisa.
D)Posse de boa-fé é aquela no qual o possuidor encontra-se em situação legítima, mesmo existindo vício de seu conhecimento.
QUESTÃO 5 - Acerca da classificação da posse entre posse de boa-fé e de má-fé, marque a alternativa incorreta: 
a) O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. (ART. 1216)
b) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. (ART. 1220)
c) O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que der causa. (Contraria o que fala o ART. 1217). 
d) O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. (ART. 1218). 
QUESTÃO 6 – Julgue a assertiva abaixo e indique se a mesma está CORRETA ou INCORRETA. Caso entenda estar incorreta, justifique sua resposta.
O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção somente pelo valor das benfeitorias necessárias.
( ) CORRETO (x) INCORRETO
O possuidor de boa-fé poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias NECESSÁRIAS e ÚTEIS. É o que diz o artigo 1.219 do CC. 
QUESTÃO 7– Julgue a assertiva abaixo e indique se a mesma está CORRETA ou INCORRETA. Caso entenda estar incorreta, justifique sua resposta.
O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Sendo que os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. (Art. 1.214, CC). 
(x) CORRETO( ) INCORRETO
01/09/2021
AQUISIÇÃO DA POSSE
Previsão no Código Civil = arts.1.204 ao 1.209
Como ocorre?
 Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. -> o legislador não quis desenhar de forma fechadinha todas as hipóteses de posse. 
A aquisição da posse dar-se-á pela obtenção do poder de ingerência socioeconômica sobre uma coisa, que excluirá a ação de terceiro. 
 - O art. 1.204 traz de forma expressa a manifestação da teoria objetiva de Ihering, visto que não será necessário comprovar o animus daquele que está na condição de possível possuidor. 
REQUISITOS SUBJETIVOS PARA AQUISIÇÃO DA POSSE (ART. 1.205, CC) (qual característica essa pessoa tem que ter). 
A) A posse pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante: -> vai pessoalmente ou manda alguém em seu nome (representante legal e representante convencional ou procurador). 
ATENÇÃO: A posse é uma mera situação de fato, logo, ela não precisa de um ato jurídico para se fazer surgir.
B) A posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. -> se um terceiro sem sua autorização prévia adquire posse em seu nome essa posse vai valer, mas você tem que ratificar. 
Tal disposição aplica-se ao caso do gestor de negócio (art. 861 e seguintes, CC):
A doutrina entende que essa previsão faz menção à posse adquirida por gestor de negócio (prevista no art. 861 e seguintes, CC). Na existência de um gestor, este poderá firmar negócio jurídico com o objetivo de adquirir posse em nome do dono do negócio, mesmo sem possuir mandato para tanto. (O legislador quis facilitar a vida de quem está sob a gestão de alguma coisa.). 
Nesse caso, a efetivação da aquisição dependerá de ato do dono do negócio ratificando a relação jurídica estabelecida pelo seu gestor. -> o gestor fica autorizado a adquirir posse em nome do dono da obra. 
Obs: ART. 873 do CC (é como se fosse um mandato. Mas é um ato unilateral, não tendo um contrato. E gera efeitos ex tunc, ou seja, do momento em que ratificar para trás). 
Obs2: ART. 862 do CC. Na eventual ausência de ratificação posterior do negócio (contra a vontade manifesta ou presumível do interessado), o gestor se responsabiliza até mesmo pelos casos fortuitos. 
É uma relação segura e o CC delimita a atuação do gestor. 
CLASSIFICAÇÃO DOS MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE 
Essa classificação não está disposta no código civil, é doutrinária. 
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA
Apropriação do bem ou apreensão da coisa;
Exercício de direito.
AQUISIÇÃO DERIVADA
Tradição
Sucessão
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA POSSE
 - Conceito: a aquisição da posse se realiza independentemente da anuência do antigo possuidor.
Surge independente da relação com o antigo possuidor (não há consentimento do antigo possuidor). Adquiriu porque quis. Não existe uma relação íntima/casual que linque o possuidor atual com o possuidor anterior. (Pouco importa quem foi o dono anterior).
 É o que acontece quando há esbulho, e o vício, posteriormente, convalesce
 - Consequência da aquisição originária da posse: a posse se apresentará sem os vícios que anteriormente a contaminaram. (se tiver algum vício, no momento que você adquire o bem se ver livre do vício anterior.Ex: se tem uma casa abandonada e utiliza a casa para o cachorro dormir, você aos pouco se torna dono da casinha e se ela tiver vício, você fica resguardado.).
MODOS DE AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA POSSE
No modo de aquisição originária da posse não haverá nexo causal entre o possuidor anterior e o possuidor atual. Surgirá uma nova situação de fato, que pode até ter outros defeitos/vícios, mas não os vícios anteriores. (Pode até saber quem é o dono, e se você vai pegando a posse clandestinamente a posse fica viciada, não importando a posse anterior.)
1) APROPRIAÇÃO DO BEM (OU APREENSÃO DA COISA): Consiste na apropriação unilateral da coisa. (Formas de apropriar-se). 
Apropriação de coisa, para aplicação deste modo de aquisição, ocorrerá:
Øquando ela estiver abandonada (res derelicta);
Øquando não for de ninguém (res nullius); ex. Tesouro. Um terreno abandonado também. 
Øna apropriação de coisa que o dono não se opôs (consentiu);
Øou na apropriação de coisa que o dono não consentiu, mas que o vício já se convalesceu (posse injusta). (Não houve participação do proprietário, porém a violência cessou). 
ATENÇÃO!
Bem imóvel: A apropriação ocorre mediante o uso do bem ou pela ocupação daquele bem. 
Bem móvel: No caso do bem móvel, não bastará a apropriação unilateral da coisa, de modo que a coisa esteja na sua presença e sob os seus cuidados (a apreensão se dá não apenas pelo contato físico). Será necessário também o ato de levar a coisa apropriada para a sua esfera de influência ou exercer atos que demonstrem seu domínio sobre ela. -> é preciso assumir o bem dentro da seara de gerência. Precisa poder usar a coisa publicamente e agir como se fosse proprietário. (O que entende que um ladrão, como não pode aparecer publicamente com a coisa como se sua fosse, é apenas mero detentor). 
2) EXERCÍCIO DO DIREITO:
Consiste na posse decorrente do exercício de direitos reais sobre coisas alheias (ex: servidão, uso). 
Servidão: Pede licença para usar a coisa. Ex: ser feita uma estradinha em certas propriedades para conseguir chegar a algum lugar sem precisar passar por uma estrada mais longa. -> traz para si um direito que antes não tinha. Você se torna possuidor, mesmo sem a autorização dos possuidores originários e pode reclamar seu direito possessório, por exemplo, se um proprietário proibir de passar, você pode reclamar o seu direito de posse. (a lei traz as regrinhas).
Não é o exercício de qualquer direito que constitui modo originário de aquisição da posse, mas daqueles direitos que podem ser objeto da relação possessória, como a servidão, o uso etc. Exemplo de apreensão de coisa: o cultivo de um campo abandonado. Exemplo de exercício de direito: a passagem constante de água por um terreno alheio, capaz de gerar a servidão de águas. O exercício do direito não se confunde com gozo. Ter o exercício de um direito é poder usar esse direito, é ter-lhe a utilização, a realização do poder que ele contém. O locatário, por exemplo, adquire a posse da coisa locada quando assume o exercício desse direito. O mesmo sucederá com todos aqueles que sejam titulares de direitos exercidos sobre coisas corpóreas.
AQUISIÇÃO DERIVADA DA POSSE
- Conceito: é a forma de aquisição da posse que decorre de um ato jurídico. Neste caso, a posse é transmitida de um possuidor a outrem, havendo, portanto, consentimento por parte daquele. (Em outras palavras é a posse transmitida ao adquirente em virtude do título jurídico com a anuência do possuidor.) Você recebe uma posse com as características que ela já carregava antes de você ser possuidor, isto é, com as características da posse antiga (na originária você começa do zero). Para fins de usucapião isso é um saco. (Vai ser estudado posteriormente) -> quando há anuência do anterior possuidor. 
- Consequência da aquisição derivada da posse: O adquirente recebe a posse com todos os vícios que a maculavam anteriormente. -> o novo possuidor recebe a posse com as características que ela já carregava, vícios anteriores. É regra. 
1) TRADIÇÃO: Entrega ou transferência da coisa, pressupondo um acordo de vontades entre aquele que entrega e aquele que adquire. A tradição poderá ser onerosa (ex: compra e venda) ou não (ex: doação).
É a primeira forma apontada pela doutrina como meio de posse derivada, a tradição se manifesta de três formas diferentes).
­Real: Quando envolve a entrega efetiva e material da coisa. Exemplo: a entrega de uma casa ao comprador. (A que realmente acontece. Efetivamente entrega o bem). 
­Simbólica: Quando representada por ato que traduz a alienação. Ainda que o bem não tenha sido entregue, a existência de uma tradição simbólica serve para marcar a aquisição da posse. (Ex: entrega das chaves de um apartamento comprado ou de um carro comprado). (Um símbolo que representa essa tradição, que é o caso da entrega das chaves ao invés do apartamento, representando a tradição acontecendo). 
­Consensual ou ficta:
traditio brevi manu: ocorre quando o possuidor de uma coisa alheia (ex: locatário) passa a possuí-la como própria em razão de um consenso estabelecido entre as partes (ex: contrato de compra e venda). (Tradição de mão breve) 
Faz com que a situação de fato seja mudada sem que as pessoas de fora percebam. Não entrega a coisa e nem o símbolo da coisa. Ex: Luana aluga o apt para o Moisés e após um tempo a Luana resolve vender e comunica ao Moisés que tem interesse em comprar o apt. 
Constituto possessório: ocorre quando o possuidor de um bem que o possui em nome próprio (proprietário e possuidor pleno), passa a possuí-lo em nome alheio. -> já era proprietária. Deixa de ser ao vender o bem. Porém se mantém como locatária. (deixa de ser proprietária, porém se mantém como possuidora, não sendo mais a possuidora plena.). Ex: da professora vendendo o apartamento dela, porém precisa continuar no apartamento, aí continua, porém pagando aluguel, deixando de ser proprietária e possuidora plena. E só é possuidora. 
2) SUCESSÃO NA POSSE: ocorre quando a posse é transferida a outrem por meio de sucessão causa mortis ou inter vivos.
Causa mortis é herança e inter vivos doam o bem em vida. -> (Causa mortis se manifesta em caráter universal e em caráter singular. A universal é na universalidade de bens, e os filhos (herdeiros) vão receber os bens de forma universal, já que o de cujus não dividiu o patrimônio quando estava vivo, então o inventário vai dividir por igual. No singular é o caso do testamento, onde o de cujus deixa tudo dividido, quem vai receber o quê, especificando a legítima). 
- Art. 1.206.
- Art. 1.207.
 2.1) SUCESSÃO CAUSA MORTIS
Caráter universal: ocorre quando o objeto da transmissão é uma universalidade ou uma fração dessa universalidade.
Caráter singular: ocorre quando o objeto adquirido é coisa certa e determinada.
2.1) SUCESSÃO CAUSA MORTIS – DE CARÁTER UNIVERSAL (ART. 1.207, PRIMEIRA PARTE, CC)
• É a regra na sucessão. Com o falecimento do de cujos, cada herdeiro terá direito a uma quota parte da herança, sendo possuidor dessa quota parte;
• Os sucessores continuam com a posse exercida pelo antecessor, com todas as características dessa posse (seus vícios e suas qualidades); -> o sucessor vai receber a posse com as mesmas características anteriores. Com vícios e qualidades e tal. Ex: se o bem foi recebido de má-fé o herdeiro vai receber desse mesmo jeito. 
• É uma continuidade da posse anterior;
• OBS: Isso faz toda a diferença na aquisição da propriedade por meio da usucapião. (As características da posse antiga acompanham a posse nova). 
2.1) SUCESSÃO CAUSA MORTIS – DE CARÁTER SINGULAR (ART. 1.207, SEGUNDA PARTE, CC)
• É excepcional na sucessão. Ocorre quando o de cujos, em testamento, deixa pré-determinado qual bem ficará para qual herdeiro. (Quando acontece fora do testamento dá um B.O danado, e normalmente resulta na Universal.)
• O adquirente constitui para si uma nova posse, embora receba a posse de outrem (isso porque a posse singular é pessoal); -> quando a aquisição for singular, a posse vai ser novinha em folha. 
• Portanto, sendo singular, em regra, a posse de quemadquiriu o bem por sucessão singular não virá acompanhada por seus vícios.
O proprietário pode especificar quem vai receber o quê. Mas não vai decidir quem vai ficar com o pior ou o melhor.
ATENÇÃO: poderá o adquirente singular se lhe for conveniente unir a sua posse com a do possuidor anterior. Essa faculdade tem o objetivo de possibilitar a soma do tempo de posse anterior e atual para fins de usucapião. Ex: o de cujus tinha um bem há 5 anos, pouco importando como ele adquiriu esse bem, aí o herdeiro que recebeu o bem de maneira singular pode unir o tempo da posse do de cujus (5 anos), mais o seu tempo de posse para usucapir aquele bem. Porém tem que contar ao juiz e se ficar claro que o bem foi adquirido por meio de violência, por exemplo, vai ser utilizado o usucapião extraordinário que tem o prazo maior para adquirir o bem por meio de Usucapião (15 anos), fora que esse vício vai acompanhar essa posse. Mas o herdeiro pode decidir por não unir as posses, para assim, obter a posse limpinha, sem vícios. 
2.2) SUCESSÃO INTER VIVOS: ocorrerá quando alguém receber em doação alguma coisa.
O donatário poderá: (o donatário tem opções). 
Unir sua posse à do possuidor anterior, oportunidade em que terá uma posse com as mesmas características da anterior (sendo que, se a anterior tiver vícios, a atual também estará maculada com vícios).
Desligar-se da posse do antigo possuidor, oportunidade em que terá uma posse nova e sem qualquer ligação com as características da anterior.
08/09/2021
PERDA DA POSSE 
PERDA DA POSSE (ARTS. 1.223 AO 1.224, CC)
1 - Perda de posse da coisa (art. 1.223, CC): Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Hipóteses exemplificativas de perda da posse da coisa elencadas pela doutrina:
A) Abandono: quando o possuidor, intencionalmente, se afasta do bem com o escopo de se privar de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ela quaisquer atos possessórios. (Quando não quer ele mais). -> abandonou, já era. 
B) Tradição: além de ser meio aquisitivo, pode acarretar a perda da posse. Isso porque por meio dela o transmitente transfere a posse para o então adquirente.
C) Pela perda da própria coisa: quando for absolutamente impossível encontrar a coisa, de modo que não mais poderá utilizá-la economicamente. (Saiu da Seara de proteção, logo, perde o direito de possuidor). 
D) Pela destruição da coisa decorrente de evento natural ou fortuito, de ato próprio do possuidor ou de terceiro: Para que a destruição implique em perda da posse, a coisa deve estar completamente inutilizável. A simples danificação não implicará em perda da posse.
E) Pela inalienabilidade da coisa: quando a coisa sai de comércio por motivos de ordem pública, de moralidade, de higiene ou de segurança coletiva. A perda da posse nesse caso se dá porque, na medida em que não se pode comercializar, não se poderá, também, exercer os poderes inerentes à propriedade. Ex: quando o bem se torna patrimônio público; é tombado e tal. (Em tese, perde a posse nesses casos. Em tese, pois em alguns casos a pessoa continua sendo possuidora). 
F) Pela posse de outrem, ainda que contra a vontade do possuidor, se este não for reintegrado à sua posse em tempo hábil. (Ex. Furtar a caneta do pai da professora). 
Perda da posse para o possuidor que não presenciou o esbulho (art. 1.224, CC): Haverá perda da posse para possuidor que não presenciou o esbulho: (a pessoa não viu a outra pegando a sua coisa. Assim, ela perde a posse, mas essa perda seria temporária). 
Quando, tendo notícias do esbulho, o possuidor se abstém de retomar o bem: nesse caso, entende-se que o antigo possuidor abandonou seu direito, pois não se mostrou visível como proprietário em razão do seu desinteresse. (Quando sabe que alguém pegou o bem, mas decide não fazer nada, ficando na dele). -> corre o risco de perder a proteção possessória por hora. 
Quando, tentando recuperar sua posse, for violentamente impedido de assim fazê-lo por parte do esbulhador: nesse caso, há a completa privação da disponibilidade física do bem, não mais podendo o antigo possuidor manifestar as características da propriedade. (Tenta recuperar, mas não consegue, pois foi violentamente impedida). 
Obs: É uma perda da posse temporária, pois ele pode reaver sua posse por meio das ações possessórias. O artigo 1.224 faz menção a uma perda temporária. 
Esbulho: tentativa de tirar alguém da posse de alguma coisa, impedindo que essa pessoa usufrua a sua posse sobre um bem. 
LEITURA DIRIGIDA 1 – AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. 05. Direito Das coisas. 16 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. P. 41/47
1) Quais as razões apontadas pelo autor que justificam o estudo das formas e momentos de aquisição da posse, sendo esta um estado de fato?
É importante estudar, em primeiro lugar, pois os vícios da posse decorrem da forma pela qual ela é adquirida, surgindo em seu momento inicial (a posse é violenta ou clandestina, por causa de um vício contraído no momento da sua aquisição, e não em consequência de um fato posterior). Em segundo lugar, é importante estudar porque permite apurar se transcorreu o lapso de ano e dia capaz de distinguir a posse nova da posse velha. Por fim, e em terceiro, porque marca o início do prazo de usucapião. 
2) Qual a diferença entre “modo de aquisição da posse originário” e “modo de aquisição da posse derivado”, no que se refere à relação entre os sujeitos envolvidos (possuidor anterior e atual)?
No modo de aquisição originário, não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior, não havendo consentimento do possuidor precedente. No caso da posse derivada, há a anuência do possuidor anterior, o próprio possuidor anterior passa a posse para o possuidor atual.
3) Qual a consequência na posse, no que tange aos vícios que eventualmente a maculam, quando esta é adquirida da forma originária?
A posse apresenta-se escoimada dos vícios que anteriormente a contaminavam, ou seja, os vícios desaparecem. Se torna uma nova situação de fato. 
4) Qual a consequência na posse, no que tange aos vícios que eventualmente a maculam, quando esta é adquirida da forma derivada?
O adquirente a recebe com todos os vícios que a posse tinha, desde que pertencia ao alienante, por exemplo. A posse é adquirida com os mesmos defeitos, conservando o mesmo caráter de antes, conforme o artigo 1.203 do CC.
5) No que consiste a forma de aquisição por apreensão da coisa? Conceitue e dê exemplo.
Consiste na apropriação unilateral de coisa "sem dono", seja quando for abandonada (res derelicta), Ex. Lixo, seja quando não for de ninguém (res nullius), ex. Pedra. Também ocorre quando a coisa é retirada de outrem sem a sua permissão, ex. Esbulho. A apreensão é, assim, a apropriação da coisa mediante ato unilateral do adquirente, desde que subordinada aos requisitos da teoria possessória. 
6) No que consiste a forma de aquisição por exercício do direito? Conceitue e dê exemplo.
Adquire-se pelo exercício do direito à posse dos jus in re aliena, ou seja, dos direitos reais sobre coisas alheias. São aqueles direitos que podem ser objetos da relação possessória, ex. A Servidão. O exercício do direito não se confunde com gozo. Ter o exercício de um direito é poder usar esse direito, é ter-lhe a utilização, a realização do poder que ele contém. 
7) A tradição ficta se subdivide em duas categorias: traditio brevi manu e constituto possessório. Conceitue cada um dos institutos.
Traditio brevi manu: configura-se quando o possuidor de uma coisa alheia passa a possuí-la como própria.
Constituto possessório: Configura-se quando o possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio, ou seja, é o inverso do Traditio brevi manu. 
8) Cite e explique cada uma das hipóteses de perda da posse elencadas de forma exemplificativa pelo autor.
Pelo abandono: se dá quando o possuidor renuncia à posse, manifestando, voluntariamente, a intenção de largar o que lhe pertence. Masa perda definitiva depende da posse de outrem, que tenha apreendido a coisa abandonada. 
Pela tradição (traditio): quando envolve a intenção definitiva de transferi-la a outrem, como acontece na venda de um objeto. 
Pela perda propriamente dita da coisa: ocorre quando um bem desaparece, tornando impossível exercer o poder físico em que se concretiza. 
Pela destruição da coisa: perde a posse com o perecimento da coisa, podendo resultar de acontecimento natural ou fortuito, de fato do próprio possuidor ou ainda de fato de terceiro. Perde-se a posse também quando a coisa deixa de ter as qualidades essenciais à sua utilização ou o valor econômico, como também quando é impossível distinguir uma coisa da outra. 
Pela colocação da coisa fora do comércio: quando a coisa se torna inaproveitável ou inalienável. 
Pela posse de outrem: ainda que a nova posse se tenha firmado contra a vontade do primitivo possuidor, se este não foi mantido ou reintegrado em tempo oportuno. Ocorre mesmo com a posse clandestina e violenta, após cessar os atos de violência e clandestinidade. É uma perda temporária, pois o possuidor primitivo pode entrar com ações possessórias para reaver o bem ou manter sua posse. 
17/09/2021
EFEITOS DA POSSE 
A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
Precisa de proteção, pois é uma situação de fato. Ela faz parte de nosso direito, então merece essa proteção.
A PROTEÇÃO CONFERIDA AO POSSUIDOR É O PRINCIPAL EFEITO DA POSSE!
Mas proteção em relação a que situação? (Existem três tipos e estão previstos no CPC).
TURBAÇÃO -> é uma perturbação. É alguém tentando te impedir de exercer sua posse, dificultando que você exerça sua posse (é o impedimento parcial da posse, sem que haja a sua perda. Será constatada quando o possuidor não estiver totalmente privado de exercer os seus direitos possessórios - o possuidor não está totalmente privado de exercer a posse sobre aquele bem). -> você tá na posse, mas tem alguém enchendo o saco atrapalhando. 
ESBULHO -> não consegue exercer a posse de forma plena e nem parcial. O Esbulho é mais cruel, pois tira o possuidor do domínio que ele tem sobre aquele bem. (É o impedimento no exercício da posse que já está consumado, ou seja, que resultou em perda total da posse sem a anuência do possuidor). -> perda da posse consumada. 
AMEAÇA (JUSTO RECEIO) -> é quando há um justo receio, um receio fundado em que você pode ser turbado ou esbulhado de sua posse (receio sério e fundado de que venha acontecer a turbação ou esbulho). 
A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
PODERÁ OCORRER DE DUAS FORMAS:
POR MEIO DA LEGÍTIMA DEFESA OU DO DESFORÇO IMEDIATO -> Pode autodefender a sua posse. 
POR MEIO DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS -> se utilizar das ações para proteger a sua posse. 
LEGÍTIMA DEFESA / DESFORÇO IMEDIATO:
Alguns doutrinadores defendem que são expressões sinônimas e outros que são diferentes. 
Legítima defesa: estando o possuidor presente no momento da turbação ao exercício da sua posse. (Não precisa de usar poder público, polícia e tal para proteger a posse. Ex: soltar cachorros no quintal para evitar que alguém invada seu imóvel. Outro ex: colocar cerca para ninguém pular). 
Desforço imediato: quando diante de um esbulho (onde já tenha havido a perda da posse), o possuidor autodefenda sua posse. -> já houve o Esbulho e você consegue contornar o esbulho. 
Tanto na legítima defesa quanto no desforço imediato você precisa agir rápido. Mas não tem nada especificado sobre quão rápido seria. 
OBS: A reação do possuidor precisa ser imediata (ou ser efetivada o quanto antes – art.1.210, parágrafo primeiro, primeira parte). -> não precisa ser na hora. Você precisa voltar ao status quo daquele bem. 
OBS 2: Os atos de legítima defesa e desforço não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse – art. 1.210, parágrafo primeiro, segunda parte. (Também não pode resultar da prática de crimes). 
Atenção! Os meios empregados (legitima defesa e desforço imediato) devem se limitar ao que for indispensável para a retomada da posse. 
A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
AÇÕES POSSESSÓRIAS: instrumentos processuais criados para a defesa da posse de possível turbação, esbulho ou ameaça. -> vão ser usadas quando não for possível utilizar a legitima defesa ou desforço possessório (não tiver como utilizar os dois).
As ações possessórias também recebem o nome de intertido possessório.
- AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE: PARA O CASO DE TURBAÇÃO (O objeto da ação é manter o possuidor na posse plena daquele bem). 
- AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE: PARA O CASO DE ESBULHO (Voltar ao status quo daquele bem. Pedir para reintegrarem a sua posse naquele bem).
- INTERDITO PROIBITÓRIO: PARA O CASO DE AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO (Ação mais leve). 
AÇÕES POSSESSÓRIAS – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
PREVISÃO
- Ausência de previsão legal no código civil
- Previsão no CPC: Art. 554 ao 568
LEGITIMAÇÃO ATIVA E PASSIVA
Legitimidade ativa: possuidor
- Ainda que não tenha título (quem tem que ter título é o proprietário). Tem que provar para o magistrado que é possuidor. (A parte contrária pode até alegar que o cara na verdade é fâmulo da posse e tal). 
Legitimidade passiva: executor da ameaça, turbação ou esbulho (abarcando também aquele que eventualmente ordenou a prática do ato) OU terceiro que recebeu coisa esbulhada, sabendo que o era (art. 1.212, CC).
Quando tem mais de uma pessoa (um grupo e tal) qualifica o líder do grupo. E se for um grupo muito grande, vai qualificar as pessoas que realmente "agiram" e cita por edital os outros membros do grupo que não estavam diretamente lá. 
Quando estivermos diante de alguma ação judicial em relação a posse por parte do poder público. Ex: poder público atrapalhou sua posse (derrubou seu muro). O poder público pode ser sujeito passivo. No caso de desapropriação não cabe ação possessória e sim indenização. 
FUNGIBILIDADE DOS INTERDITOS POSSESSÓRIOS
- O princípio da fungibilidade dos interditos possessórios está previsto no art. 554, CPC;
Exemplo: Se a ação cabível for a de manutenção de posse e o autor ingressar com ação de reintegração, ou vice-versa, o juiz conhecerá o pedido da mesma forma e determinará a expedição do mandado adequado aos requisitos provados.
Colocar no pedido o princípio da fungibilidade do benefício. 
POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DOS PEDIDOS
O CPC permite a cumulação de pedidos na inicial da ação possessória, conforme está previsto no art. 555, CPC.
Poderá o autor cumular os pedidos de:
- perdas e danos
- indenização dos frutos
- medida que evite nova turbação ou esbulho
- medida que possibilite o cumprimento da tutela provisória ou da tutela final
AÇÃO DE FORÇA NOVA E AÇÃO DE FORÇA VELHA
Tem que olhar para a idade da posse. Posse nova (menos de um ano e dia) será uma força nova. Se for posse velha (mais de um ano e dia) será uma força velha. 
AÇÃO FUNDADA EM POSSE NOVA = AÇÃO DE FORÇA NOVA
AÇÃO FUNDADA EM POSSE VELHA = AÇÃO DE FORÇA VELHA
- Previsão: art. 558, CPC
- Sendo a ação fundada em posse nova (proposta no prazo de ano e dia a contar do esbulho, da turbação), seguirá rito especial = possibilidade de pedido liminar! -> vai avaliar quando se deu início da posse, avaliar se é uma posse nova ou velha (do período do início da posse em diante). (Trata-se de prazo decadencial). 
- Sendo a ação fundada em posse velha (proposta no prazo superior a ano e dia), seguirá o rito comum, não sendo possível pleitear a concessão de pedido liminar.
Pedido liminar se formula não é só baseado nos fumus boni Iuris e Periculum in mora não. Tem outras coisas que precisam ser observadas. 
AÇÃO DE FORÇA NOVA E AÇÃO DE FORÇA VELHA
ATENÇÃO! Art. 562, CPC
- Necessidade da devida instrução. -> preenchimento dos requisitos do artigo 561 do CPC. (quando for pedir a liminar precisa observar esses requisitos). O periculum in mora já existe então não precisa focar nisso, mas o magistrado precisa saber de outras coisas, como, por exemplo, que você realmente tem a posse daquele bem. 
- Ação contra pessoa física ou contra pessoa jurídica de direito privado, a concessão do pedido liminar será inaudita altera parte. (Não precisaouvir a outra parte).
- Mas ações contra pessoa jurídica de direito público, o deferimento da liminar dependerá de oitiva dos respectivos representantes. -> No caso de o requerido for um ente público a liminar só vai ser deferida depois de ser ouvido o ente público. 
DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
- Ambas as ações são tratadas em uma única seção no CPC, pois apresentam características e requisitos semelhantes.
- A única diferença está no objetivo de cada ação:
- Manutenção de posse: tem o objetivo de manter o possuidor turbado na sua posse, evitando sua perda. (Manter a posse)
- Reintegração: tem o objetivo de devolver ao possuidor esbulhado a posse que outrora foi perdida. (Para reintegrar a posse) -> restituir o controle que tinha sobre aquele bem. 
O QUE DEVE SER COMPROVADO EM AMBAS AS AÇÕES?
(ART. 561, CPC) (tem que ser demonstrado os requisitos desse artigo)
1) POSSE
Precisa comprovar para o juiz que você é possuidor. Não precisa de justo título pois a posse é um estado de fato. 
- Sendo a posse um pressuposto fundamental de todas as tutelas possessórias, compete ao autor da ação, em um primeiro momento, comprová-la.
- A prova da posse é requisito para comprovar o interesse de agir.
Obs: tem que fazer uma redação clara, descrevendo Item por item dos requisitos.
(ART. 561, CPC)
2) COMPROVAÇÃO DA TURBAÇÃO OU DO ESBULHO PRATICADO PELO RÉU
- O autor terá que descrever quais os fatos que o estão molestando ou impedindo o exercício da sua posse.
3) PROVA DA DATA DA TURBAÇÃO OU DO ESBULHO
- Se estivermos diante de procedimento especial (com pedido liminar): o autor deverá comprovar que a turbação ou o esbulho foram praticados há menos de ano e dia.
- Se estivermos diante de procedimento comum (onde não foi formulado pedido liminar): o autor deverá comprovar que a turbação ou o esbulho foram praticados há mais de ano e dia.
A PETIÇÃO INICIAL EM MATÉRIA DE PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
· Conter os requisitos do art. 319, CPC
- Juízo a quem é dirigida
- Qualificação das partes
- Fatos e fundamentos jurídicos do pedido
- pedidos e suas especificações
- Valor da causa
- Provas que o autor pretende produzir (inclusive pericial e/ou testemunhal)
- A opção ou não por audiência de conciliação ou mediação (isso normalmente não é mais uma faculdade. Pois os juízes já designam a audiência. Mas só que nunca dar certo).
ESTRUTURAÇÃO DE UMA PETIÇÃO INICIAL EM MATÉRIA DE PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
1) ENDEREÇAMENTO AO JUÍZO COMPETENTE / INDICAÇÃO DA COMARCA
2) NOME E QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
3) INDICAÇÃO DO NOME DA AÇÃO
4) FATOS
5) FORMULAÇÃO DE EVENTUAL PEDIDO LIMINAR
· COM O CUIDADO DE DEMONSTRAR QUE JÁ FOI FEITA A DEVIDA INSTRUÇÃO, OU SEJA, QUE JÁ FORAM ENFRENTADOS OS REQUISITOS DO ART. 561
6) DO DIREITO / DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
7) PEDIDOS
8) VALOR DA CAUSA
9) LOCAL, DATA
10) “ASSINATURA” / OAB (bota Advogado / OAB e pronto. Não pode colocar identificação na prova da OAB). 
DO INTERDITO PROIBITÓRIO
É o instrumento processual utilizado para o caso de ameaça. Mas não é qualquer ameaça.
CONCEITO
- Como demonstrado anteriormente, existe uma gradação nos atos que perturbam a posse. Tendo como o mais sério e com consequências mais invasivas o esbulho. Um pouco mais brando temos a turbação e, por ultimo, que consegue ser ainda mais brando, a ameaça.
- No caso de ameaça a ocorrência de esbulho ou turbação, temos à nossa disposição o chamado INTERDITO PROIBITÓRIO.
Ação tipicamente possessória, que tem caráter preventivo, pois visa impedir que se concretize uma ameaça à posse. Assim, se o possuidor estiver diante da iminência de uma turbação ou de um esbulho, poderá evitá-los fazendo uso da referida ação. (Tentar evitar de alguma forma que essa ameaça chegue a algo concreto que possibilite a inversão da posse). 
REQUISITOS
Art. 567, CPC – O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandato proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. (É pra evitar que algo pior aconteça. Então para evitar se utiliza da multa) 
1) POSSE ATUAL DO AUTOR: A posse a ser comprovada deve ser atual, pois se já se perdeu, a ameaça não mais existe – de modo que o remédio apropriado não mais será o interdito proibitório.
2) AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO, FUNDADA EM JUSTO RECEIO:
- Aqui, não se trata de qualquer ameaça, mas sim aquela que indique certeza de estar a posse na iminência de ser violada. Para conseguir obter a proteção por meio desta demanda, o autor deve demonstrar que seu receio é justo, fundado em fatos e atitudes que indicam a inevitabilidade da moléstia. (Precisa apresentar fatos e comprovar esses fatos). 
- OBS: Ameaças verbais também são fatos!
“O justo receio é o temor justificado, no sentido de estar embasado em fatos exteriores, em dados objetivos”
COMINAÇÃO DE PENA PECUNIÁRIA
- Como forma de evitar que a turbação ou o esbulho se concretize, o magistrado determinará aplicação de pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito. (A pessoa fica com receio de continuar tentando invadir o bem e tal).
- A pena deve ser pedida pelo autor e fixada pelo juiz, em montante razoável, que sirva para desestimular o réu a transgredir o veto.
- O próprio autor indica o valor da pena pretendida, mas poderá o juiz reduzi-la ou aumentá-la.
FUNGIBILIDADE DE AÇÕES
Se a ameaça vier a se concretizar no curso do processo, o interdito proibitório será transformado em ação de manutenção de posse ou de reintegração de posse, concedendo-se a medida liminar (quando possível). (Observar a matéria de Processo Civil, pois lá está claro)
ATENÇÃO, PESSOAL: EXISTEM OUTROS PROCEDIMENTOS QUE NÃO SÃO CONSIDERADOS AÇÕES POSSESSÓRIAS PROPRIAMENTE DITAS, MAS QUE PODEM SER UTILIZADOS PARA FINS DE PROTEÇÃO DA POSSE. SEUS TIPOS IRÃO VARIAR DE ACORDO COM A INTENÇÃO DAQUELE QUE PROMOVE A AÇÃO. 
 Para horas complementares
Quem tiver interesse em aprofundar no assunto, poderá fazer resenha de capítulo de livro, a qual valerá como hora complementar. 
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro – volume 5 : direito das coisas / Carlos Roberto Gonçalves. – 16. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021. P. 66/75
luanasiquara.doc@gmail.com
22/09/2021
EFEITOS DA POSSE 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Partindo do princípio de que os bens acessórios seguem o principal (art. 92, CC), os frutos também devem seguir a coisa à qual estão vinculados e, portanto, devem pertencer, em regra, ao proprietário. -> o proprietário em regra também é proprietário dos objetos que estão dentro do imóvel. Frutos, benfeitorias e tal. (Os possuidores também recebem uma proteção em razão da posse). 
Ocorre que, a depender do tipo de posse exercida (se de boa-fé ou de má-fé), a forma de lidar com esses frutos pode não seguir a regra acima exposta. 
EFEITOS DA POSSE DE BOA-FÉ
DIREITO À PERCEPÇÃO DOS FRUTOS PELO POSSUIDOR
O que são frutos? São as utilidades que a coisa produz de forma periódica. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe destruição no todo ou em parte. -> o primeiro efeito é ter o direito, percepção dos frutos.
O possuidor de boa-fé tem direito a percepção dos frutos. 
Podem ser:
- naturais: aqueles que se desenvolvem pela força orgânica da própria natureza (ex: cereais, frutas, verduras, crias dos animais); ex. Do pé de laranja. Enquanto constatada a BOA-FÉ as laranjas serão do possuidor. 
- industriais: são os que aparecem pela mão do homem (ex: produção de uma fábrica);
- civis: são rendas produzidas pela coisa (ex: aluguel, juros, dentre outros). -> quando subloca os frutos da sublocação são seus. 
Quando estamos diante de posse de boa-fé, o direito tende a proteger o possuidor no que tange aos frutos daquela posse, dando a este a possibilidade de usufruir os resultados do seu trabalho ou do seu cuidado sobre a coisa que explorava.
Portanto, a condição fundamental para que o possuidor ganhe frutos é a sua boa-fé - ou seja, o pensamento de que era proprietário. (Agir como se proprietário fosse). 
Art.

Outros materiais