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CCJ0015-WL-A-PP-Aula-03-Guido Cavalcanti

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Aula 03 
	Posse
1-      Origem:
Em tempos antigos é difícil perceber um instituto claro e delimitado de posse. Ou as coisas lhe pertenciam ou não.
A origem da posse é um tanto incerta. Pela Teoria de Niebuhr, a posso surgiu com as conquistas romanas, já que uma parcela da terra era atribuída a população local a título precário (a terra era de propriedade romana), mas os locais poderiam usar. 
Já Lherin tinha uma teoria diferente: a posse surgiu em consequência do processo reivindicatório. Este último, era e (ainda é) a ação clássica para discussão de questões de propriedade. Como, por vezes, um dos litigantes recebiam a guarda e detenção da coisa (com caráter precário) aí estava o nascimento do conceito jurídico de posse. 
 
2-      Conceito e elementos constitutivos
A palavra posse é um termo complexo, já que por muitas vezes é utilizado de maneira errada. 
Em sentido impróprio é utilizado como propriedade (-sou o possuidor disso tudo). Até a lei faz essa confusão. Lê-se na Constituição (...estrangeiros que possuírem bens imóveis no Brasil...)
Também ouvimos falar, no Direito internacional, em possessões de um país. 
Além disso também utilizamos a palavra posse no Direito Administrativo, como o compromisso do funcionário público. No Direito de Família ainda temos a expressão: posse dos filhos. 
Na construção de um profissional técnico e conhecedor do Direito Real, precisamos delimitar o que é posse. Para isso surgiram duas grandes escolas:
2.1 – Teoria Subjetiva
Criada por Savigny: (aperte no nome para ler sua biografia). Define a posse como o poder direto ou imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um bem om a intenção  de tê-lo para si e de defendê-lo  contra  a intervenção ou agressão de quem que seja.
Dessa teoria retiramos um conceito de corpus e animus. 
Corpus: é o elemento material que se traduz no poder físico sobre a coisa ou na mera possibilidade de exercer esse contato. É a disposição do destino do objeto. Já o Animus consiste na intenção de exercer sobre a coisa o direito de propriedade. 
As duas trabalham em conjunto. Nessa teoria, para haver uma posse relevante para o direito, deve haver a parte material e a parte subjetiva. Segurar um objeto, sem ânimo de posse é meramente detenção. Ter a intenção, mas não ter o objeto é apenas vontade. 
Em linhas gerais:
a) a posse só se configura pela união de corpus e animus
b)a posse é o poder imediato de dispor fisicamente  do bem, defendendo-a contra agressões de terceiros. 
c)a mera detenção não possibilita invocar interditos possessórios, devido ausência de animus.
Essa teoria foi importante e influenciou profundamente nosso ordenamento, mas não é a teoria que acabou prevalecendo. Ela tem um problema fundamental: a necessidade de caracterização do animus (que é difícil e altamente subjetivo). Além disso, retira do conceito de possuidor pessoas como o locatário, comodatário, depositário (já que eles não tem animus de dono). Portanto, uma nova teoria precisava surgir.
2.2 Teoria subjetiva
A teoria objetiva de Lhering, (aperte no nome para ler sua biografia) por sua vez entende que para constituir a posse, basta o corpus, dispensando o animus. Ele sustenta que esse elemento está ínsito no poder de fato exercido sobre a coisa ou bem. Essa teoria dispensa investigações subjetivas da intenção de dono. 
Isso foi importante, pois através dela começamos a poder considerar possuidores locatários, comodatários, depositários. 
Essa teoria também trouxe a análise da finalidade econômica do bem e isso foi importante. Com ela podemos identificar com mais clareza que é proprietário e quem é possuidor, já que o proprietário é aquele que pode usar ele mesmo do destino econômico do bem (utilização imediata ou real), ou então, cedê-lo, onerosa (locação, venda ou permuta) ou gratuitamente (comodato, doação)
Lhering trás um exemplo claro de que não precisamos do elemento animus para encontrar o conceito de posse: "se encontrarmos em um bosque um feixe de lenha amarrado, está evidente, devido à situação da própria coisa, que ele está sob a posse de alguém" A destinação econômica aqui foi a chave. (aquela lenha é valiosa para alguém)
Resumindo, para essa escola:
a) a posse é condição de fato da utilização econômica da propriedade
b)o direito de possuir faz parte do conteúdo do direito de propriedade
c)a posse é meio de proteção do domínio
d)a posse é uma rota que conduz à propriedade, reconhecendo, assim, a posse como um direito.
A lei brasileira adotou essa escola. Observe:
CAPÍTULO I
Da Posse e sua Classificação
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
A redação não é perfeita, mas dela podemos entender: Considera-se possuidor todo aquele que tem poder fático de ingerência socioeconômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre determinado bem da vida, que se manifesta  através do exercício ou possibilidade de exercício inerente à propriedade ou outro direito real suscetível de posse. 
Esse conceito está em constante evolução e a tendencia do futuro - assim como apontou a III Jornada de Direito do Conselho da Justiça Federal - é ampliar seu conceito em termo de direito coletivo, transindividual e ambiental, como se percebe em seu enunciado 236: "Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica" 
O conceito de posse também deve ser encontrado em conjunto com esses dois seguintes artigos:
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Aqui fala-se do "fâmulo da posse", "gestor da posse", "detentor independente" "servidor de posse" em relação ao dono. É alguém com um vínculo de subordinação, que exerce sobre o objeto uma mera detenção. É o caso do motorista particular, já que este, apesar de estar dirigindo, só está seguindo orientações do dono. É apenas um longa manus*. Trata-se de uma mera custódia, que não gera direitos. 
Também pode-se observar que a mera tolerância ou permissão não induzem a posse;
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Os atos de mera permissão são oriundos de uma anuência  expressa ou concessão do dono, sendo revogável a qualquer momento. P.ex., empréstimo dos tacos de uma mesa de sinuca em um hotel. 
Tolerância é um comportamento de inação, omissivo. P.ex., vejo uma pessoa usar minhas ferramentas e não reclamo, pois sei que as devolverá. 
Em resumo do que foi visto, podemos dizer que para haver posso, (excluindo-se a detenção, permissão e tolerância)
a) sujeito capaz (natural ou jurídica)
b)objeto (corpórea ou incorpórea) 
c)Uma relação de dominação entre o sujeito e o objeto, um ter da coisa por parte do sujeito
SLIDES:
https://docs.google.com/file/d/0B2leLJsVdYelcHE0V1BZcnVaR0E/edit?usp=sharing
Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 3 - Primeira Fase (Jan/2010) 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas - Posse;  Direito das Coisas - Propriedade ; 
No que se refere aos institutos da posse e da propriedade, assinale a opção correta.
 a) Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções, com direito a indenização se procede de boa-fé.
 b) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, anula a indireta, de quem aquela foi havida.
 c) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias e úteis, não lhe assistindo o direito de retenção pela importância das benfeitorias necessárias.
 d) Caracteriza usucapião a posse, por cinco anos, de coisa móvel, desde que comprovada a boa-fé do possuidor.
3 • Q171755Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 1 - Primeira Fase (Mai/2009) 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas - Posse; 
Quanto ao instituto da posse, a lei civil estabelece que
 a) a posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, independentemente de ratificação do favorecido.
 b) o possuidor de má-fé tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias, assistindo-lhe o direito de retenção pela importância destas.
 c) é assegurado ao possuidor de boa-fé o direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, estas, se não forem pagas, poderão ser levantadas, desde que não prejudiquem a coisa.
 d) obsta à manutenção ou à reintegração da posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
4 • Q119741       
Prova: CESGRANRIO - 2010 - Petrobrás - Profissional Júnior - Direito 
Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Coisas - Posse; 
As proposições a seguir apresentam uma caracterização de posse seguida de uma explicação que encontra fundamento legal, EXCETO,
 a) até prova em contrário, a posse mantém suas características iniciais / fato este que envolve tanto suas qualidades como sua origem.
 b) a posse existe como um todo unitário e incindível / é a presença ou ausência de certos elementos que vai especificá-la.
 c) a posse justa não tem vícios desde a origem / se os detentores mantêm a coisa em seu poder.
 d) a violência estigmatiza a posse / sendo violenta, a posse não merece a proteção do direito.
 e) a posse precária representa a frustração da confiança / tal precariedade ocorre em momento posterior à apreensão da coisa.
Gabarito:
a
c
c
*  É uma expressão que designa o executor de ordens! É normalmente utilizada em referência ao Oficial de Justiça - que é o executor das ordens judiciais, ou seja, "a mão estendida do juiz na rua"!
2 - Também pode ser um designativo do executor de um crime premeditado por outrem!
Tudo vai depender da conotação em que a expressão estiver empregada!
1 - O Oficial de Justiça é o longa manus do Poder Judiciário.
2 - Ciclano é o mentor do crime, mas Beltrano é que foi seu longa manus!

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