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Prof. Eriton Geraldo Moura Vieira DIREITO CIVIL I Bens Reciprocamente Considerados Os bens serão acessórios ou principais, uns considerados em relação aos outros. O conceito é, portanto relativo. (I) Principal: Aquele bem que tem existência própria, que existe por si. (II) Acessório: Aquele bem cuja existência depende do principal (artigo 92 do Código Civil). PRINCÍPIO BÁSICO = O bem acessório segue o destino do principal, salvo estipulação em contrário. Em consequência: (I) A natureza do acessório é a mesma do principal; (II) O proprietário do principal é proprietário do acessório. Os bens acessórios não existem por si mesmos. Uma casa é acessória em relação ao solo, que é principal em relação a ela. Mas será principal em relação a suas portas e janelas, que serão acessórios dela. ESPÉCIES DE BENS ACESSÓRIOS: • FRUTOS = São as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Dividem-se, quanto a origem e quanto ao Estado. Quanto à sua ORIGEM em: (I) naturais, (II) industriais e (III) civis. E quanto ao ESTADO em: (I) pendentes, (II) (II) percebidos ou colhidos, (III) (III) estantes, (IV) (IV) percipiendos e (V) (V) consumidos. Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se os produtos e os frutos: i) Produtos - são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas. ii) Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como os cereais, as frutas das árvores etc. Os frutos dividem-se, quanto à origem em naturais, industriais e civis: i) Naturais - são os que se desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza, como as frutas das árvores, as crias dos animais etc. ii) Industriais - são os que aparecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão da atuação do homem sobre a natureza, como a produção de uma fábrica. iii) Civis - são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário, como os juros e os aluguéis. Quanto ao estado, os frutos classificam-se: i) Pendentes - enquanto unidos à coisa que os produziu; ii) Percebidos ou colhidos - depois de separados; iii) Estantes - os separados e armazenados ou acondicionados para venda; iv) Percipiendos - os que deviam ser, mas não foram colhidos ou percebidos; v) Consumidos - os que não existem mais porque foram utilizados; Também se consideram acessórias todas as benfeitorias, qualquer que seja o seu valor. i) necessárias – são as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore; ii) úteis - são as benfeitorias as que aumentam ou facilitam o uso do bem (acréscimo de um banheiro ou de uma garagem à casa, p. ex.); iii) voluptuárias – são as benfeitorias de mero deleite ou recreio (jardins, mirantes, fontes, cascatas artificiais), que não aumentem o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais PRODUTOS = São as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade. • PERTENÇAS = São aqueles bens móveis que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao serviço ou ornamentação de outro (artigo 93 do Código Civil). • ACESSÕES = Podem dar-se por formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo e plantações ou construções (artigo 1.248, incisos de I a V do Código Civil). • BENFEITORIAS = Acréscimos, melhoramentos ou despesas em bem já existente. Classificam-se em necessárias, úteis e voluptuárias (artigo 96 do Código Civil). Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes (frutos e produtos), se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Ex: Objetos de decoração Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Bens considerados em relação ao titular do domínio Bens públicos: bens de uso comum e os pertencentes ao domínio particular do Estado. Tanto se dizem públicos os bens destinados ao uso e gozo do povo, como aqueles que o Estado (pessoa de direito publico) reserva para suas instituições e serviços públicos. Ex: de uso comum (praças, rios, mares, praças, jardins, ruas, estradas, praia), de uso especial (imóveis destinados às repartições governamentais, escolas) e os dominiais (patrimônio da pessoa jurídica de direito público). Característica – são impenhoráveis Bens particulares: bens pertencentes particularmente a uma pessoa de Direito Privado, seja física ou jurídica. QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO (a) BENS PÚBLICOS: • CONCEITO = É aqueles que o domínio nacional pertence às pessoas jurídicas de direito público interno (artigo 98 do Código Civil). Os bens públicos podem ser federais, estaduais ou municipais, conforme a entidade política a que pertençam ou o serviço autárquico a que se vinculem. • ESPÉCIES = De uso comum do povo, de uso especial e os dominicais ou dominicais (artigo 99 do Código Civil). Bens públicos de uso comum do povo – rios, mares, estradas, ruas e praças; Bens públicos de uso especial – edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual ou municipal, inclusive os de suas autarquias; Bens dominicais – constituem o patrimônio disponível da Administração Pública. CARACTERÍSTICAS (I) INALIENABILIDADE (qualidade daquilo que não pode ser alienado, ou cujo domínio é intransferível. Condição peculiar a todos os bens públicos, e, no domínio privado, aos que, por lei, é clausulada como imunes á alienação); (II) IMPRESCRITIBILIDADE (não prescrevem. Caráter do direito ou da ação que não esta sujeita a prescrição) e, (III) IMPENHORABILIDADE (qualidade dos bens que não podem ser penhorados). (b) BENS PARTICULARES: São os bens pertencentes às pessoas de Direito Privado, sejam físicas ou jurídicas. Por exclusão, são todos os outros bens não pertencentes a qualquer pessoa jurídica de direito público interno, mas a pessoa natural ou jurídica de direito privado (artigo 98 do Código Civil).Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 99. São bens públicos: III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Públicos Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. BENS FORA DO COMÉRCIO São bens naturalmente indisponíveis (insuscetíveis de apropriação pelo homem), os legalmente indisponíveis (bens de uso comum e de uso especial, bens de incapazes), e os indisponíveis pela vontade humana (deixado em testamento ou doado, com cláusula de inalienabilidade). Inclui-se entre os legalmente inalienáveis os direitos da personalidade, bem como os órgãos do corpo humano, cuja comercialização é vedada pela Constituição Federal. BEM DE FAMÍLIA Faculdade que se confere ao chefe de família de destinar uma casa para domicílio exclusivo da família, a qual não poderá ser penhorada nem alienada, enquanto viverem os cônjuges e, na falta destes, os filhos do casal até a maioridade destes. O prédio não pode ser executado por dívidas, salvo as advindas de impostos relativos ao mesmo. Este instituto é concedido através de escritura pública, transcrita no Registro de Imóveis e publicada na Imprensa. Ver Código Civil artigo 1711 e seguintes. É impenhorável o imóvel residencial, mesmo não sendo o único bem da família 12 de agosto de 2016 A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou ser impenhorável o imóvel que não é o único de propriedade da família, mas serve de efetiva residência ao núcleo familiar. Em decisão unânime, o colegiado deu provimento ao recurso especial de uma mãe, que não se conformou com o acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O tribunal paulista havia mantido a penhora do imóvel efetivamente utilizado como residência pela família, por ter reconhecido a existência de outro bem de sua propriedade, porém de menor valor. O ministro Villas Bôas Cueva, relator do recurso no STJ, afirmou que a jurisprudência da corte entende que a Lei 8.009/90 não retira o benefício do bem de família daqueles que possuem mais de um imóvel. Efetiva residência A discussão ficou em torno da regra contida no parágrafo único do artigo 5º da Lei 8.009/90. O dispositivo dispõe expressamente que a impenhorabilidade recairá sobre o bem de menor valor, na hipótese de a parte possuir vários imóveis que sejam utilizados como residência. De acordo com Villas Bôas Cueva, mesmo a mulher possuindo outros imóveis, “a instância ordinária levou em conta apenas o valor dos bens para decidir sobre a penhora, sem observar se efetivamente todos eram utilizados como residência”. O relator explicou que o imóvel utilizado como residência é aquele onde “se estabelece uma família, centralizando suas atividades com ânimo de permanecer em caráter definitivo”. Com base na jurisprudência do STJ e no artigo 1º da lei que rege a impenhorabilidade, a turma afastou a penhora do imóvel utilizado como residência pela autora do recurso e seus filhos, por ser considerado bem de família. DV Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1608415 FONTE: STJ http://boletimjuridico.publicacoesonline.com.br/e-impenhoravel-o-imovel-residencial-mesmo-nao- sendo-o-unico-bem-da-familia/ Nome Direito Civil – Parte Geral Direito Civil – Parte Geral Designação ou sinal exterior pelo qual a pessoa se identifica no seio da família e da sociedade Aspecto Público – interesse do Estado em individualizar as pessoas na sociedade Aspecto Individual – consiste no direito ao nome, no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros Direito Civil – Parte Geral NOME Prenome Sobrenome (patronímico ou apelido familiar) Agnome (apenas em alguns casos) Direito Civil – Parte Geral NOME Prenome - Nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros da mesma família. Simples: Carlos, Marcos Duplo: José Roberto, Carlos André Triplo: Caroline Louise Marguerite Quádruplo etc. Direito Civil – Parte Geral NOME Prenome – Pode ser escolhido livremente pelos pais desde que não exponha o filho ao ridículo. LRP – Art. 55 Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do juiz competente. Direito Civil – Parte Geral NOME Sobrenome – é sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando a sua filiação ou estirpe. As pessoas já nascem com o apelido familiar herdado dos pais, não sendo, pois, escolhido por estes, como ocorre com o prenome. O escrivão pode lançá-lo de ofício! Direito Civil – Parte Geral NOME Agnome – é sinal que distingue pessoas pertencentes a uma mesma família que têm o mesmo nome. Ex: Júnior, Neto, Sobrinho, Segundo, etc Direito Civil – Parte Geral NOME – Outras Denominações Axiônio – designação cortez de tratamento Ex: Conde, Comendador, etc Alcunha – é o apelido depreciativo que se pões em alguém geralmente tirado de uma particularidade física ou moral Epitélio – é palavra que qualifica pessoa ou coisa, em regra usada como sinônima de alcunha. Hipocorístico – é o diminutivo do nome. Ex: Aninha, Zezinho, Tião Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOME Retificação do Prenome Lei 9.708/98 – Art 58 (LRP) O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios Lei 9808/99 – Art 58, Parágrafo único – A substituição do nome ainda será admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o MP. Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOME Retificação do Prenome Evidente erro gráfico Exposição de seu portador ao ridículo Ex: Kumio Shotaro, Paulo Shotaro Adoção (alteração total prenome + sobrenome) Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOMERetificação do Prenome Art. 57. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOME Retificação do Prenome - Jurisprudência RT 537/75 “O uso de um nome por longo tempo, sem dolo e com notoriedade, outorga ao seu portador o direito de obter a retificação do registro civil. Substituição de Benedita por Silvia Stéfani. Admissibilidade” Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOME Artigo sobre registro de nomes nos cartórios Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOME Mudanças no Sobrenome Em regra é estável, mas o STF aceita sua Mudança para, por exemplo excluir o sobrenome paterno. A lei limitou a mutabiliadde de modo não Absoluto. A mudança deve seu, porém, bem Justificada. Direito Civil – Parte Geral IMUTABILIADE DO NOME Outras Hipóteses de mudança do nome: Pelo Casamento Pela Separação Judicial Pelo Divórcio Pelo Reconhecimento do filho Na união estável Transexualismo (Decisão 7ª. Vara Família SP) Estado Direito Civil – Parte Geral Direito Civil – Parte Geral Estado Vem do latim STATUS – É a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. Direito Civil – Parte Geral Estado Individual É o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde, etc. Direito Civil – Parte Geral Estado Familiar É o que indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio e ao parentesco por consaguinidade ou afinidade. OBS: o estado de companheiro (CF/88) Direito Civil – Parte Geral Estado Político É a qualidade de advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) ou estrangeiro. Ver Art. 12 CF. Direito Civil – Parte Geral Características do Estado a) Indivisibilidade – Assim como não podemos ter mais de uma personalidade, do mesmo modo não podemos ter mais de um estado. (uno e indivisível). Ninguém pode ser casado e solteiro ao mesmo tempo! Direito Civil – Parte Geral Características do Estado b) Indisponibilidade – O estado civil, como visto, é um reflexo de nossa personalidade e, por esta razão, constitui relação fora do comércio. É inalienável e irrenunciável. Não impede, porém, sua mutação. Direito Civil – Parte Geral Características do Estado c) Imprescritível – Não se perde nem se adquire o estado pela prescrição. O estado é o elemento integrante da personalidade. Nasce com a pessoa. Referências Bibliográficas COELHO, Fabio Ulhoa. Direito civil. São Paulo: Saraiva. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. São Paulo: Atlas. https://www.youtube.com/watch?v=KtaE2Iy965s https://www.youtube.com/watch?v=YQ8714xkLk4
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