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INQUÉRITO POLICIAL ATUALIZADO

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INQUÉRITO POLICIAL
CONCEITO: Inquérito policial é o procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade de polícia judiciária, consistente em um conjunto de diligências realizadas para apuração da materialidade e da autoria da infração penal, a fim de fornecer elementos de formação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL: É um procedimento administrativo, não resulta diretamente a aplicação de sanção. Eventuais vícios constantes do inquérito policial não contaminam o processo a que der origem. Irregularidades no inquérito não anulam processo. Mas não podemos esquecer-nos das provas ilícitas, pois se o processo for contaminado com prova ilícita, o processo pode ser nulo. Dai porque não se pode alegar a nulidade de seus atos. Caso ocorra alguma nulidade na condução do inquérito, a única consequência vai ser a diminuição do já pequeno valor de seus elementos.
FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL:
Objetivo do inquérito é a colheita de elementos de informação quanto à autoria e a materialidade do fato delituoso.
ATRIBUIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL:
Crime militar: Pode ocorrer um crime da competência militar da União (Exército, Marinha ou Aeronáutica) e crime de competência da justiça militar dos Estados (Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros). Quem investiga tais delitos é a polícia judiciária militar. O instrumento utilizado é o inquérito policial militar. Nesses crimes quem investiga é o ENCARREGADO (como se fosse o Delegado de Polícia).
Crime de competência da Justiça Federal: Art. 144 § 1º da Constituição Federal. Quem investiga é a Polícia Federal. 
Crime de competência de Justiça Eleitoral: Em regra quem investiga é a Polícia Federal, mas se na comarca não tiver essa polícia, o crime pode ser investigado pela Polícia Civil.
Crime de competência estadual: Na grande maioria são investigados pela Polícia Civil, porém a Polícia Federal também pode investigar crimes ocorridos na esfera estadual (ver art. 144 § 1º, I).
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:
- Procedimento escrito: art. 9º e art. 405 § 1º do Código de Processo Penal. A doutrina tem entendido que o dispositivo do art. 405 § 1º poderá ser aplicado no procedimento inquisitorial.
- Procedimento dispensável: Se o titular da ação penal contar com elementos de informação oriundos de procedimento investigatório diverso, o inquérito policial será dispensável. Art. 27 e art. 39 § 5º do Código de Processo Penal.
- Procedimento sigiloso: O inquérito policial é um procedimento administrativo em relação ao qual a surpresa é fundamental para sua eficácia. A eficácia do inquérito policial está diretamente ligada ao elemento da surpresa. Art. 20 do Código de Processo Penal. Em algumas situações pode-se dar publicidade nas investigações (ex: retrato falado). 
A quem não se opõe o sigilo do inquérito policial? 
Tanto o juiz quanto o promotor terão acesso aos autos do inquérito.
E o advogado? Art. 5º, LXIII da Constituição Federal tanto o preso como o acusado solto poderão ter assistência de um advogado. O art. 7º, XIV do Estatuto da Advocacia assegura ao advogado o acesso aos autos do inquérito policial. Porém o advogado não tem acesso amplo. De acordo com o Supremo o advogado tem acesso aos autos do inquérito policial caso a diligência já tenha sido documentada. Se a diligência ainda não foi realizada ou estiver em andamento o advogado não tem o direito de ser comunicado. Ver Súmula Vinculante nº 14.
A corrente doutrinária que prevalece é a de que o Inquérito Policial é sempre sigiloso em relação às pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigatório, não havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo. Entretanto, o Inquérito Policial não é, em regra, sigiloso em relação aos envolvidos (ofendido, indiciado, seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em relação a determinadas peças do Inquérito quando necessário para o sucesso da investigação (por exemplo: pode ser vedado a partes do Inquérito que tratam de requerimento do Delegado de Polícia pedindo a prisão do indiciado, para evitar que este fuja.
OBSERVAÇÃO: Havendo SEGREDO DE JUSTIÇA, somente advogado com procuração nos autos poderá ter acesso às informações sigilosas.
- Procedimento inquisitorial: Não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa. Porém, inquérito objetivando a expulsão do estrangeiro haverá contraditório e ampla defesa.
A inquisitorialidade do inquérito decorre de sua natureza pré-processual. No Processo temos autor (MP ou vítima), acusado e Juiz. No inquérito não há acusação, logo, não há nem autor, nem acusado. O juiz existe, mas ele não conduz o Inquérito Policial. Quem conduz é a autoridade policial (Delegado).
Para entendermos melhor esta questão, devemos fazer a distinção entre sistema acusatório e sistema inquisitivo.
O sistema acusatório é aquele no qual há dialética, ou seja, uma parte defende uma tese, a outra parte rebate as teses da primeira e um juiz imparcial julga a demanda, ou seja, o sistema acusatório é multilateral.
Já o sistema inquisitivo é unilateral. Não há acusado, nem a figura do juiz imparcial. No sistema inquisitivo não há acusação propriamente dita. No Inquérito Policial, por ser inquisitivo, não há direito ao contraditório nem ampla defesa, como dito acima. 
No Inquérito Policial não há acusação alguma. Há apenas um procedimento administrativo destinado a reunir informações para subsidiar um ato (oferecimento da denúncia ou queixa).
O acusado embora não possui o direito Constitucional ao contraditório ampla defesa poderá requerer algumas diligências. Entretanto, a realização destas não é obrigatória pela autoridade policial – Art. 14 do Código de Processo Penal.
.- Procedimento discricionário: A fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Discricionariedade é atuar com liberdade dentro dos limites da lei, sem abusos.
Observação ao art. 14 do Código de Processo Penal: Essa discricionariedade não tem caráter absoluto. Para os tribunais há diligências que devem ser obrigatoriamente realizadas, tais como, exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios e a oitiva do investigado. STJ HC 69.405 de 2008.
CUIDADO! Essa discricionariedade não se confunde com arbitrariedade, não podendo o Delegado, determinar diligências meramente com finalidade de perseguir o investigado, ou para prejudica-lo. A finalidade da diligência deve ser sempre o interesse público, materializado no objetivo do inquérito, que é reunir elementos de autoria e materialidade do delito.
Obvio também que o Delegado não pode violar direitos fundamentais do cidadão (seja ele investigado ou não), como o direito ao silêncio (no caso de investigado), direito à inviolabilidade de domicílio, etc.
- Procedimento oficioso: Tratando-se de crimes de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, independentemente de provocação da vítima caso tenha notícia de um crime nas ações penais públicas incondicionadas. Nas hipóteses de ação pública condicionada e de ação penal privada é necessário o prévio requerimento da vítima.
- Procedimento indisponível: Delegado não pode arquivar um inquérito policial art. 17 do Código de Processo Penal.
Embora o art. 18 se refira à autoridade judiciária, como a que decidirá sobre o arquivamento, quem decide de fato é o MP, não o Juiz, pois o MP é o titular da ação penal pública. O juiz não concordando com a opinião do Promotor, remeterá os autos do Inquérito ao Procurador Geral de Justiça, que decidirá se mantém o arquivamento ou se concorda com o Juiz – art. 28 do Código de Processo Penal.
- Procedimento dispensável: O Inquérito Policial é dispensável, ou seja, não é obrigatório. Dado o seu caráter informativo (busca reunir informações), caso o titular da ação penaljá possua todos os elementos necessários ao oferecimento da denúncia, o Inquérito será dispensável. Um dos artigos que fundamenta isto é o artigo 39 § 5º do Código de Processo Penal.
Portanto o membro do Ministério Público poderá de deixar de requisitar a abertura do Inquérito Policial nos crimes de ação penal pública condicionada. Nos crimes de ação penal pública incondicionada, como vimos, em razão do art. 5ª, I do Código de Processo Penal, a autoridade policial está obrigada a instaurar o Inquérito Policial de ofício.
- Procedimento temporário/prazos para conclusão do inquérito: Em regra seguimos o que dispõe o art. 10 do Código de Processo Penal, ou seja, em se tratando de investigado solto, 30 dias (prorrogáveis por tempo indeterminado), em se tratando de investigado preso 10 dias (improrrogável). Em se tratando de investigado solto a doutrina entende que o prazo para a conclusão do inquérito pode ser sucessivamente prorrogável. Na Jurisprudência, de acordo com o julgado STJ HC 96.666 o inquérito ficou tramitando durante 7 anos, porém o STJ determinou o seu trancamento.
Na lei de drogas – Lei 11.343/06 - o prazo de duração do inquérito é de 30 dias para o indiciado preso (podendo esse prazo ser duplicado pelo juiz) e 90 dias para o indiciado solto (também podendo ser duplicado pelo juiz).
Nos crimes atinentes à Polícia Federal - Lei 5010/66 art. 66 – o prazo para duração do inquérito é de 15 dias para o indiciado preso (prorrogável por mais 15 dias) e 30 dias para o indiciado solto (prorrogável por tempo indeterminado).
Nos crimes praticados contra a economia popular – 10 dias para o indiciado preso ou solto. A lei nada fala sobre improrrogabilidade.
Nos crimes militares – 20 dias para réu preso e 40 dias para réu solto. A lei também nada fala de improrrogabilidade.
OBESRVAÇÃO: A maioria da Doutrina e da Jurisprudência entende que se trata de prazos de natureza processual. Assim, a forma de contagem obedece ao disposto no art. 798, § 1º do Código de Processo Penal.
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL:
Inicialmente importante saber o que seja Notitia Criminis e Delatio Criminis.
NOTITIA CRIMINIS
É a comunicação à autoridade policial da ocorrência de uma infração penal. É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso, podendo ser:
Direta, quando o próprio delegado, investigando, por qualquer meio, descobre o acontecimento.
Indireta, quando a vítima provoca a sua atuação, comunicando-lhe a ocorrência, bem como o promotor ou o juiz requisitar sua atuação.
DELATIO CRIMINIS
É uma espécie de noticia criminis caracterizada pela comunicação feita à autoridade policial por qualquer do povo. Esta comunicação é feita por um terceiro, ou seja, não é feito pela vítima e nem pelo seu representante legal.
NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA
É a famosa denúncia anônima (abrange também o disque denúncia). Há uma discussão se o delegado de polícia pode ou não instaurar um inquérito como base numa denúncia anônima. Para o Supremo uma denúncia anônima por si só não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial. Porém, a partir dela a polícia pode realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações. E então instaurar o inquérito policial. HC 95244.
INSTAURAÇÃO
Após entender o que seja Notitia Criminis, é importante diferenciar as formas de instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal pública incondicionada, condicionada a representação e ação penal privada.
A primeira forma de instauração é de ofício (nas ações públicas incondicionadas). A peça inaugural será uma portaria assinada pelo Delegado de Polícia.
A segunda forma é mediante uma requisição (Notitia Criminis de requisição) do Juiz ou do Ministério Público (art. 5º, II do CPP). De acordo com a doutrina de modo a se preservar a imparcialidade do juiz não pode ele diretamente requisitar a instauração do inquérito. Nesse caso, a peça inaugural será a requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público. 
CUIDADO! Essa requisição deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, não podendo ele se recusar a cumpri-la, pois, requisitar é sinônimo de exigir com base na lei (entretanto alguns doutrinadores entendem que o Delegado pode se recusar, em alguns casos, mas é pensamento da Doutrina Minoritária).
A terceira forma de instauração do inquérito policial é a requerimento do ofendido ou do representante legal (ações penais privadas – art. 5º § 5º do Código de Processo Penal). Nessa hipótese, o Delegado antes de instaurar o inquérito policial deve ter cautela e verificar a procedência das informações (Notitia Criminis de requerimento). A peça inaugural será uma portaria – art. 5º, § 3º do Código de Processo Penal. Caso a vítima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a instauração do IP, nos termos do art. 31 do Código de Processo Penal, observando-se os prazos do art. 38 do mesmo diploma.
OBSERVAÇÃO - 1: Vejam que o art. 5º, II parte final do Código de Processo Penal fala em requerimento e não requisição. Por isso, a doutrina entende que nessa hipótese o delegado não está obrigado a instaurar o Inquérito Policial, podendo, de acordo com a análise dos fatos entender que não existem indícios de que fora praticada uma infração penal e, portanto, deixar de instaurar o Inquérito Policial. O requerimento feito pela vítima ou por seu representante legal deve preencher alguns requisitos. Entretanto, caso não for possível, podem ser dispensados nos termos do art. 5º § 1º do Código de Processo Penal, quando da ocorrência de uma infração penal. Caso o requerimento seja indeferido, caberá recurso para o Chefe de Polícia nos termos do art. 5º § 2º do Código de Processo Penal, que em regra é o Secretário de Segurança Pública do Estado ou Distrito Federal.
OBSERVAÇÃO – 2: Caso a vítima não exerça seu direito de representação no prazo de seis meses, estará extinta a punibilidade do agente (decai do direito de representar) nos termos do art. 38 do Código de Processo Penal. Este prazo é decadencial, sendo assim um prazo penal obedecendo o que preceitua o art. 10 do Código Penal.
A quarta forma é através da notícia oferecida por qualquer do povo, por delação de terceiro – art. 5 § 3º do Código de Processo Penal, quando da ocorrência de uma infração penal de iniciativa do Ministério Público (Notitia Criminis de delação). A peça inaugural é uma portaria.
Quando há auto de prisão em flagrante o Delegado de Polícia deverá instaurar o inquérito policial. Nesse caso a peça inaugural é o próprio APF (Notitia Criminis com força coercitiva)
No caso de crimes de ação pública condicionada ou no caso de crimes de ação penal privada a instauração do Inquérito Policial depende de requerimento do ofendido ou de seu representante legal, art. 5º, II (parte final) do Código de Processo Penal.
Quinta forma é através de requisição do Ministro da Justiça. Esta hipótese só se aplica em alguns crimes, como nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b do Código Penal, crimes contra honra cometidos contra o Presidente da República ou contra qualquer outro chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, C/C art. 145, § único do Código Penal. Trata-se de requisição não dirigida ao Delegado, mas ao membro do MP. Entretanto, apesar do nome ser “requisição” se o membro do MP achar que não se trata de hipótese de ajuizamento da ação penal, não estará obrigado a promovê-la. Diferentemente da representação, a requisição do Ministro da Justiça é irretratável e não está sujeita a prazo decadencial, podendo ser exercitada enquanto o crime ainda não estiver prescrito.
OBSERVAÇÃO 1: Se o inquérito policial foi instaurado através de portaria do Delegado tendo esse como autoridade coatora em eventual habeas corpus impetrado contra o seu ato, deve esse habeas corpus ser apreciado pelo juiz de primeira instância; se a instauração foi pela requisição do MP, a autoridade coatora será o Promotor de Justiça.Nesse último caso o julgamento do habeas corpus será o Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal.
OBSERVAÇÃO 2: Caso os interesses da vítima sejam colidente com os interesses do seu representante legal (no caso de vítima menor de idade ou por qualquer modo incapaz), deverá ser nomeado curador à lide, nos termos do art. 33 do Código de Processo Penal. Assim, no caso em que o crime tenha sido cometido, por exemplo, pelo padrasto da vítima, menor de idade, e a mãe, representante legal, esteja sendo relapsa, para não prejudicar o marido, estará caracterizado o conflito de interesses entre o representante e o representado devendo ser nomeado curador.
OBSERVAÇÃO – 3: Caso se trate de vítima menor de 18 anos, quem deve representar é o seu representante legal. Caso não o faça, entretanto, o prazo decadencial só começa a correr quando a vítima completa 18 anos, para que esta não seja prejudicada por eventual inércia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular nº 594 do STF se coaduna com este entendimento.
OBSERVAÇÃO – 4: E se o autor do fato for o próprio representante legal (como no caso de estupro e violência doméstica)? Nesse caso, aplica-se o art. 33 do Código de Processo Penal, por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o direito de representação.
FLUXOGRAMA–RESUMO DA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO
 
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Em regra há dois tipos de identificação no Inquérito:
Identificação fotográfica;
Identificação datiloscópica;
A identificação criminal é atualmente regulada pela Lei 12.037/2009 – que revogou a antiga Lei nº 10.054/00. A mudança na legislação consagrou e confirmou o texto constitucional que determina, no seu art. 5º LVIII, que “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei” . 
De acordo com a Lei, a identificação civil é feita através da apresentação de documentos: carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira profissional, passaporte, carteira de identificação funcional, ou qualquer outro documento público que permita a identificação do indiciado, incluindo-se dentre eles os de identificação militar. Logo, apresentando qualquer um desses documentos não será feita a identificação criminal do sujeito, em regra. 
Contudo, são estabelecidas exceções a essa regra. O individuo poderá ser submetido à identificação criminal se, mesmo com a apresentação de documento, a autoridade policial ficar com alguma dúvida em relação à identidade da pessoa, se o documento apresentar rasura ou foto muito antiga, tiver indício de falsificação, ou ainda, este portar documentos de identidade com informações conflitantes entre si, entre outros casos expressos na lei. 
A lei também prevê a realização da identificação criminal quando “a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente[...]”. Neste caso, poderá ser realizada – além da identificação fotográfica e datiloscópica – a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. 
As identificação criminal não poderá ser mencionada em atestados ou certidões criminais ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória 
Por fim, a Lei permite ao indiciado ou ao réu, se a denúncia não for oferecida, recebida ou, ainda, se ele for absolvido, requerer a retirada da identificação fotográfica - após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença - desde que apresente provas de sua identificação civil e depois de, conforme o caso, arquivado o inquérito ou transitado em julgado o processo.
A INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO:
O art. 21 do Código de Processo Penal trata da incomunicabilidade do preso. A doutrina entende que esse artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal por força do art. 136 § 3º, IV. Portanto, esse artigo está tacitamente revogado.
Atenção para o art. 52, III da Lei de Execução Penal (7210/89), dentre as regras do RDD há a possibilidade de visitas semanais. STJ HC 40300.
INTERROGATÓRIO DO INDICIADO NO INQUÉRITO POLICIAL E PRESENÇA DO ADVOGADO
Não há norma que disponha com clareza de que o indiciado tenha que estar acompanhado de advogado no interrogatório inquisitorial. O art. 6º, V do Código de Processo Penal nos remete:
Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura.
Vejam que o inciso que trata do interrogatório em sede policial determina a aplicação das regras do interrogatório judicial, NO QUE FOR APLICÁVEL. A questão é: Se exige, ou não, a presença do advogado? Vem prevalecendo o entendimento de que o indiciado deve ser alertado sobre seu direito à presença de advogado, mas caso queira ser ouvido mesmo sem a presença do advogado, o interrogatório policial é válido. Assim, a regra é: Deve ser possibilitado ao indiciado, ter seu advogado presente no ato de seu interrogatório policial. Caso isso não ocorra (a POSSIBILIDADE de ter advogado presente, haverá nulidade neste interrogatório em sede policial. Quanto a essa nulidade atingir o processo, aplicam-se às demais regras de nulidades do Inquérito Policial.
INDICIAMENTO
Indiciar é apontar alguém como provável autor de um delito. A pessoa indiciada é considerada quase réu. 
Para indiciar uma pessoa tem que ter prova da existência do crime ou certeza da materialidade e indícios de autoria.
A atribuição para o indiciamento é privativa da autoridade policial.
Para os tribunais não havendo elementos probatórios é possível a impetração de habeas corpus buscando-se desindiciamento. 
Quem pode ser indiciado? Pelo menos em regra qualquer pessoa pode ser indiciada. E Quem não pode ser objeto de indiciamento? 
Membros do Ministério Público - art. 41, II § único da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional);
Juiz - (deve remeter os autos para o Presidente do Tribunal);
Parlamentares - Para o Supremo a partir do momento em que Titular de foro por prerrogativa de função passa a figurar como suspeito em procedimento investigatório é necessária autorização do Tribunal para o prosseguimento das investigações, autorização esta que também é necessária para o indiciamento. Questão de Ordem Inquérito 2.411.
TERMO CIRCUNSTANCIADO
É um substituto do inquérito policial, realizado pela polícia, nos casos de infração de menor potencial ofensivo (contravenções penais) e crimes a que alei comine pena máxima não superior a dois anos. Assim, tomando conhecimento de um fato criminoso, a autoridade policial elabora um termo contendo todos os dados necessários para identificar a ocorrência e sua autoria, encaminhando-o imediatamente ao Juizado Especial Criminal, sem necessidade de maior delonga ou investigações aprofundadas, é o que dispõe o art. 77 § 1º da Lei 9099/95.
TRAMITAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Diligências Investigatórias: Após a instauração do Inquérito Policial algumas diligências devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas diligências estão previstas no art. 6º do Código de Processo Penal.
Alguns cuidados devem ser tomados quando da realização destas diligências, como a observância das regras processuais de apreensão de coisas, bem como às regras constitucionais sobre inviolabilidade do domicílio (art. 5, XI da Constituição Federal), direito ao silêncio do investigado (art. 5º, LXIII da Constituição Federal), aplicando-se no que tange o interrogatório do investigado, as normas referentes ao interrogatório judicial - art. 185 e 196 do Código de Processo Penal), no que for cabível. O art. 15 prevê a figura do curador para o menor de 21 anos de idade quando de seu interrogatório.
Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudência são pacíficas no que tange à alteração desta idade para 18 anos, pois a maioridade civil foi alterada de 21 para 18 anoscom o advento do Novo Código Civil em 2002.
Por fim, quanto às diligências investigatórias, percebam que o art. 7º do Código de Processo Penal prevê a famosa “reconstituição”, tecnicamente chamada de reprodução simulada. Esta reprodução é vedada quando for contrária à moralidade ou à ordem pública (no caso de estupro, por exemplo, o investigado não está obrigado a participar desta diligência, pois não é obrigado a produzir prova contra si - Esta norma está prevista no Tratado Internacional denominado Pacto de São José da Costa Rica, também conhecido como Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, em seu art. 8º, inciso 2, alínea 'g'.
O INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DE INVESTIGAÇÃO DO MINITÉRIO PÚBLICO
Durante muito tempo se discutiu na Doutrina e na Jurisprudência acerca dos poderes de investigação do Ministério Público, já que embora estas atribuições tenham sido delegadas à polícia, certo que o Ministério Público é o destinatário da investigação, na qualidade de titular da ação penal (pública). No entanto, essa discussão já não existe mais. Atualmente o entendimento pacificado é no sentido de que o Ministério Público tem, sim, poderes investigatórios, já que a Polícia Judiciária não detém o monopólio constitucional dessa tarefa. Decisão do STJ ilustra bem o caso. 
(REsp 998.249/RS, Rel. MIN. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
22/05/2012, DJe 30/05/2012)
O Ministro Gilmar Mendes se posicionou favorável ao poder de investigação do Ministério público no seu voto do RHC 97.926 - ainda em trâmite no STF. Ele afirma que seria legítimo o exercício do poder de investigar por parte do Ministério Público, mas essa atuação não poderia ser exercida de forma ampla e irrestrita, sem qualquer controle, sob pena de agredir, inevitavelmente, direitos fundamentais. E que deveria ser, necessariamente, subsidiária, a ocorrer, apenas, quando não fosse possível ou recomendável efetivar-se pela própria polícia. 
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO – CPI
A comissão parlamentar de inquérito é uma forma de inquérito extrapolicial (CAPEZ) e está prevista no art. 58 §3º da Constituição Federal. De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “as comissões parlamentares de inquérito (CPI’s) são comissões temporárias, criadas pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou pelo Congresso Nacional, com o fim de investigar fato determinado de interesse público” (PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo; Direito Constitucional Descomplicado. 3ª Ed. São Paulo: Método. 2008, p. 404).
1-REQUISITOS PARA CRIAÇÃO DA CPI 	A própria Constituição estabelece três requisitos básicos para a criação de uma CPI: quórum, fato determinado e prazo certo. 
a)Quórum 
A criação da CPI depende do requerimento de 1/3 de Deputados ou Senadores em suas respectivas casas. Também poderão ser formadas Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMI’s) que dependerão da assinatura de 1/3 dos membros do Congresso Nacional, ou seja, 1/3 de Senadores e 1/3 de Deputados conjuntamente. 
b)Fato determinado
A CPI só poderá ser criada para apurar determinado fato ou acontecimento, sendo vedada a criação desta para investigações genéricas ou abstratas. 
O STF entende que fatos conexos com o principal poderão ser investigados, desde que haja o aditamento do objeto inicial da CPI.
c)Prazo certo
A CPI é uma comissão temporária por excelência. Dessa forma, sua criação da CPI deverá apontar, de início, a duração de seus trabalhos. Esse prazo, por sua vez, poderá ser prorrogado quantas vezes forem necessárias, desde que não ultrapasse a legislatura - quatro anos – em que foi criada. 
2-PODERES DE INVESTIGAÇÃO DA CPI
Apesar de a CPI ser um mecanismo inquisitivo, certos atos são reservados apenas aos órgãos investidos de jurisdição, não se estendendo à CPI. Dessa forma, entre outros: 
É permitido à CPI: 
- Se deslocar em todo território nacional;
- Colher depoimentos;
- Efetuar a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico (registros e contas).
É vedado à CPI 
- Efetuar prisões, salvo flagrante delito;
- Determinar a violação de domicílio para busca e apreensão;
- Efetuar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas (escuta telefônica, “grampo”). 
- Proferir sentenças ou deferir medida cautelar ao investigado. 
3-CONCLUSÕES DA CPI 
A CPI tem poderes de investigação própria das autoridades judiciais, mas não são poderes processuais ou condenatórios.
Desta forma, terminados os trabalhos da comissão, a Constituição determina que as conclusões tomadas, se for o caso, sejam encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
INQUÉRITOS REALIZADOS PELO PODER LEGISLATIVO NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE PRATICADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
1-CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
A Constituição Federal de 1988 atribui ao Senado Federal o processo e julgamento de certas autoridades quando cometerem crimes de responsabilidade. 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
O processo e julgamento desses crimes são regulados pela Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950. 
A denúncia pode ser feita por qualquer cidadão – sendo vedada a denúncia anônima -, e deve ser acompanhada dos documentos que a comprovem ou com a indicação do local onde possam ser encontrados. No caso do inciso I a denúncia deverá ser feita perante a Câmara dos Deputados, para juízo de admissibilidade. No caso do inciso II deverá ser feita mediante o Senado Federal, que também opinará sobre a apreciação ou não da denúncia. 
A lei estabelece que a Câmara dos Deputados (no caso do inciso I) ou o Senado Federal (inciso II) deverá formar comissões especiais para realizar as diligências necessárias para a apuração da denúncia, ou seja, as casas legislativas serão responsáveis pela realização de um inquérito. 
Em ambos os casos, terminados os trabalhos da comissão especial e admitida a denúncia o Senado Federal procederá o julgamento. 
Vale lembrar que, nos casos de crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República, a admissão da denúncia resulta no afastamento do presidente de suas responsabilidades. A Constituição impõe, então, o prazo de 180 dias para o julgamento. Caso este não seja realizado o presidente retornará às suas atividades. (Art.86 CF/88) 
2-CRIMES COMUNS 
O STF se posicionou, através da sumula 397, que no caso de crimes cometidos nas dependências das casas legislativas caberá a cada uma, no uso de seu poder de polícia, proceder à prisão em flagrante a realização de inquérito. 
SÚMULA Nº 397 
O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

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