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2
INQUÉRITO POLICIAL
Sumário
1.	Introdução	2
2.	Conceito e natureza jurídica do inquérito policial	8
3.	Características do inquérito policial	9
4.	Valor probatório do inquérito policial	10
5.	Procedimento	12
5.1.	Início do inquérito policial	12
5.2.	Prazos	14
5.3.	Relatório final, indiciamento e destino do IP	16
5.4.	Arquivamento do IP	17
Revisão por questões	22
Fontes consultadas para elaboração deste caderno:	23
INQUÉRITO POLICIAL
1. Introdução
A persecução penal é dever do Estado e, uma vez praticada a infração penal, caberá ao Estado, em princípio, a apuração e o esclarecimento dos fatos e das circunstâncias.
A lei 12.830/13 que dispõe acerca da investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia dispõe em seu art. 2º:
Art. 2º. As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
Assim, a investigação é função exclusiva do Estado e se divide em duas fases:
a) Fase preliminar, inquisitiva que é o inquérito policial.
b) Fase processual, submissa ao contraditório e à ampla defesa.
Trataremos, aqui, da primeira fase. 
O Estado promoverá a persecutio criminis e o fará, precipuamente, por meio da polícia judiciária.
O CPP prevê no art. 4º:
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Polícia administrativa x Polícia judiciária
Polícia administrativa: caráter eminentemente preventivo. Atuação ostensiva. Ex: polícia militar.
Polícia judiciária: atuação repressiva que age, em regra, após a ocorrência das infrações, visando angariar elementos para apuração da autoria e constatação da materialidade delitiva. Ex: polícia civil. Tem a função primordial de elaboração do inquérito policial.
	POLÍCIA ADMINISTRATIVA
	POLÍCIA JUDICIÁRIA
	Em regra: atua preventivamente. Mas pode atuar repressivamente.
Amplo (rol do art. 78 do CTN)
	Em regra: preparatória para a repressão (Lazarini). Quem vai reprimir a liberdade é o Judiciário.
Restrito
	Qualquer órgão público. Principal exemplo: Polícia Militar (segurança pública), polícia ostensiva – visa a atuar preventivamente. 
Não se limita a segurança pública, contudo.
Órgão de fiscalização também é polícia administrativa (ex: fiscal da vigilância sanitária).
	Apenas a polícia civil no âmbito dos Estados (ou polícia federal no âmbito da União).
Apuração de infrações penais. 
Art. 144, §4º CF/88.
	Objeto: Atividades, bens, pessoas.
	Objeto: pessoas – identifica o criminoso
	Qualquer norma pública.
	CPP – arts. 4º a 23 (Inquérito policial)
Tabela elaborada com base nas aulas do Prof. Luiz Jungstedt do Descomplica
Investigações realizadas por órgãos diversos
O parágrafo único do art. 4º dispõe, ainda, que outras autoridades poderão apurar infrações penais e sua autoria, ou seja, a atividade investigatória não é exclusiva da Polícia Judiciária.
a) Comissões Parlamentares de Inquérito: inquéritos parlamentares
Há previsão na Constituição Federal, em seu art. 58, §3º acerca das CPIs:
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
A Lei nº 1.579/52 dispõe sobre as CPIs e, em acréscimo dispõe que as CPIs terão ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar fato determinado e por prazo certo. 
Atenção: não possuem poderes gerais de investigação: só podem investigar fatos precisos e determinados, mesmo que relacionados a particulares, desde que sejam de interesse público.
O que é permitido às CPIs no exercício de suas atribuições?
· determinar diligências que reputarem necessárias 
· requerer a convocação de Ministros de Estado
· tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais
· ouvir os indiciados, 
· inquirir testemunhas sob compromisso
· requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos
· transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença
Além dos poderes investigatórios das Comissões Parlamentares de Inquérito, também se destaca a possibilidade de realização de inquérito em caso de crime cometido das dependências da Câmara e do Senado:
Súmula 397 STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.
Exemplo dado por Márcio Cavalcante: se ocorrer um homicídio dentro do plenário do Senado Federal, a atribuição para lavrar o auto de prisão em flagrante e realizar o inquérito é da Polícia Legislativa Federal e não da Polícia Federal. 
b) Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)
Instituído pela lei 9.613/98, que trata dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Finalidade: disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas na aludida lei, sem prejuízo das competências de outros órgãos e entidades.
As competências do Coaf estão definidas nos artigos 14 e 15 da referida lei, quais sejam[endnoteRef:1]: [1: http://www.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/estrutura-organizacional/conselho-de-controle-de-atividades-financeiras-coaf] 
· Receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas;
· Comunicar às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis nas situações em que o Conselho concluir pela existência, ou fundados indícios, de crimes de “lavagem”, ocultação de bens, direitos e valores, ou de qualquer outro ilícito;
· Coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores;
· Disciplinar e aplicar penas administrativas;
· Poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas.
c) Investigação pelo Ministério Público
Por disposição legal (art. 18, parágrafo único da LC 75/93 e art. 41, parágrafo único da lei 8625/93) os membros do Ministério Público serão investigados não pela polícia judiciária, mas sim pelo Procurador-Geral:
Art. 18, p.u. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por membro do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá imediatamente os autos ao Procurador-Geral da República, que designará membro do Ministério Público para prosseguimento da apuração do fato.
Art. 41, p.u. Quando no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por parte de membro do Ministério Público, a autoridade policial, civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração.
Assim, não há dúvida quanto à competência do MP para apuração de infrações penais que tenham como investigado um membro do próprio MP.
Mas será possível ao MP promover investigação criminal acerca de infrações penais cometidas por outras pessoas?
Havia divergência doutrinária e jurisprudencial sobre o tema:
	Argumentos desfavoráveis ao poder investigatório do MP
	Argumentos favoráveis ao poder investigatório do MP
	Investigação pelo MP atentaria contra o sistema acusatório, criando um desequilíbrio na paridade dearmas.
	Não há ofensa ao sistema acusatório e à paridade de armas, pois os elementos colhidos pelo MP teriam caráter informativo, aptos a servir de base para a denúncia, devendo ser ratificados judicialmente sob o crivo do contraditório e ampla defesa, assim como o é o inquérito policial.
	CF dotou o MP do poder de requisitar diligências e a instauração de inquéritos policiais, mas não o poder de realizar e presidir inquéritos policiais.
	Pela Teoria dos poderes implícitos, se a Constituição confere ao MP a última palavra acerca de um fato criminoso, já que é o titular da ação penal, também deve conceder ao MP todos os meios para firmar seu convencimento, incluindo-se a possibilidade de realizar a investigação criminal.
	Atividade investigatória seria exclusiva da Polícia Judiciária. 
	As funções de polícia judiciária não se confundem com as funções de polícia investigativa.
	Não há previsão legal de instrumento idôneo para realização de investigações pelo MP
	A possibilidade de o MP investigar pode ser extraída de diversas normas: art. 129, I, VI e VIII da CF; arts. 7º e 8º da LC 75/93; Resolução n. 181 do CNMP.
Tabela elaborada com base no livro do Renato Brasileiro.
Aprofundamento: você sabe o que é a teoria dos poderes implícitos?
Segundo essa teoria, nascida na Suprema Corte dos EUA, precedente Mc CulloCh vs. Maryland (1819), a Constituição, ao conceder uma atividade-fim a determinado órgão ou instituição, culmina por, implícita e simultaneamente, a ele também conceder todos os meios necessários para a consecução daquele objetivo.[endnoteRef:2] [2: Página 191: LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 7ª edição. Salvador: Juspodivm. 2019.] 
No julgamento do caso, o Chief Justice, John Marshall aduziu que a Constituição, por natureza, trazia apenas as diretrizes gerais (great outlines) e os objetivos principais, sendo que os ingredientes menores deveriam ser deduzidos das disposições constitucionais e da própria natureza dos objetos em discussão. Por conseguinte, segundo Marshall, a Constituição não era como uma lei codificada com normas pormenorizadas, detalhadas e prolixas, mas um texto normativo de conteúdo mais aberto[endnoteRef:3]. [3: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/221/ril_v56_n221_p247.pdf] 
A questão atinente aos poderes investigatórios do MP foi dirimida no julgamento do RE 593.727/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14.05.2015, com repercussão geral, em que se reconheceu a possibilidade de o Ministério Público realizar diretamente a investigação de crimes. 
No julgamento, o Plenário do STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros (requisitos).
Parâmetros que devem ser respeitados para que a investigação conduzida diretamente pelo MP seja legítima:
1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;
2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por membros do MP;
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc);
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados;
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”);
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário.
Como dito, o STF apreciou o tema em um recurso extraordinário submetido à sistemática da repercussão geral.
Nesse tipo de julgamento, o STF redige um enunciado que serve como tese que será aplicada para os casos semelhantes. É como se fosse uma súmula.
A tese fixada pela Corte foi a seguinte:
“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição”.
STF. Plenário. RE 593727/MG, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015.
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2015/05/plenario-do-stf-decide-que-ministerio_15.html
Por fim, destacamos a súmula 234 do STJ:
Súmula 234 STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
2. Conceito e natureza jurídica do inquérito policial
Renato Brasileiro traz o seguinte conceito para inquérito policial:
Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, o inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes da prova e a colheita de elementos de informação quanto a autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Ou seja, é a atuação da Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa intentar a ação penal.
É um procedimento administrativo, presidido pelo delegado de polícia, voltado para a apuração do fato criminoso e de sua autoria. Caráter informativo, preparatório da ação penal.
Finalidade: fornecer elementos para que a acusação possa promover a ação penal.
Quanto à natureza jurídica, Guilherme Madeira aponta que há 3 correntes:
a) primeira posição vê o inquérito policial como procedimento administrativo. Trata-se da posição majoritária. 
b) segunda posição vê o inquérito policial como processo. 
c) terceira posição entende que o inquérito não é processo, por não haver relação jurídica processual e também entende que não é procedimento, pois não há sequência de atos pré-definidos que caracterizam um procedimento.
Renato Brasileiro diz que é procedimento de natureza administrativa.
Destaque-se que o inquérito não é indispensável à propositura de ação penal, podendo a acusação formar o seu convencimento a partir de quaisquer outros elementos informativos.
Ainda sobre a natureza:
JURISPRUDÊNCIA STF
A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal.
Assim, é inviável anular o processo penal por irregularidade no inquérito policial, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória.
Em suma, sendo o inquérito peça meramente informativa, eventuais vícios nele existentes não contaminam a ação penal.
STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
3. Características do inquérito policial
Características do inquérito policial apontadas por Guilherme Madeira Dezem:
a) Escrito: conforme expressa previsão do art. 9º do CPP: “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadase, neste caso, rubricadas pela autoridade”.
Cabe flexibilização: ex: permitir que a autoridade policial grave os depoimentos das testemunhas durante o inquérito policial. 
b) Sigiloso: previsão no art. 20 do CPP: “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”.
a) sigilo interno - consiste na limitação da informação a determinado sujeito da investigação. Normalmente a publicidade é limitada ao investigado. Exceção (ex: caso de intercepção telefônica em andamento).
b) sigilo externo - consiste na limitação da informação para o público externo, para a sociedade em geral (é o que trata o art. 20, CPP).
Súmula Vinculante 14: "É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa". 
Esta súmula deve ser entendida de maneira ampla, de forma que podemos extrair algumas regras: 
a) a regra é que o sigilo interno não alcance o defensor;
b) o defensor poderá ter acesso amplo aos elementos de prova que afetem os interesses do representado;
c) este acesso é garantido unicamente aos elementos de prova já documentados.
c) Indisponível: O inquérito policial é indisponível e isso significa que a autoridade policial não pode arquivar os autos do inquérito como dispõe o art. 17 do CPP: "A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito".
d) Obrigatório: O inquérito policial é obrigatório para a autoridade policial. Isso significa que, sendo narrado em tese fato típico e antijurídico, a autoridade policial tem o dever funcional de instaurar o inquérito policial.
Não se pode confundir esta obrigatoriedade com outros temas similares: 
a) apesar de obrigatório para a autoridade policial, se ela entender que é o caso, ela pode indeferir o pedido de abertura do inquérito policial;
b) o inquérito policial é obrigatório para a autoridade policial, mas dispensável para a ação penal. Ou seja, pode haver ação penal sem que haja inquérito policial, conforme se verá no próximo tópico.
e) Dispensável: Dizer que o inquérito policial é dispensável significa reconhecer que poderá haver ação penal sem que antes tenha havido inquérito policial.
f) Caráter discricionário da investigação: a autoridade policial não é obrigada a seguir sequência predeterminada de atos.
g) Caráter inquisitivo: três características são apontadas pela doutrina: a) não há separação de funções; b) não há ampla defesa; c) não há contraditório.
Eventuais vícios contidos no inquérito não contaminam a ação penal. 
h) Oficial: Para o inquérito policial vale a regra da oficialidade. Isso significa dizer que o inquérito policial é presidido por Delegado de Polícia que tenha sido investido no cargo por meio de concurso público.
i) Oficioso: A autoridade policial deve atuar de ofício em se tratando de crime de ação penal de iniciativa pública incondicionada. Assim, verificado que se trata de crime desta natureza, a autoridade policial tem o dever de instaurar de ofício o inquérito policial e promover todas as diligências necessárias para a solução do caso. 
Nos crimes de ação penal de iniciativa pública condicionada ou de iniciativa privada, não poderá a autoridade policial instaurar de ofício o inquérito policial sem que haja requerimento do ofendido ou de seu representante legal (caso seja hipótese de o ofendido ter representante legal, como no caso da vítima incapaz). No entanto, dada a autorização para a instauração do inquérito policial a autoridade policial deve realizar todas as diligências de ofício, sem necessidade de nova autorização do ofendido ou de seu representante legal. Atua, então, como se fosse hipótese de crime de ação penal de iniciativa pública incondicionada.
4. Valor probatório do inquérito policial
Guilherme Madeira destaca que a finalidade precípua do inquérito policial é a de fornecer elementos para que a acusação possa formar sua opinio delicti oferecendo denúncia ou queixa quando presentes indícios suficientes de autoria e prova da materialidade.
Assim, não possui como finalidade primeira fornecer provas para que o magistrado fundamente a sentença, embora o inquérito possa servir para fundamentar a decisão, ressalte-se que não pode ser de maneira exclusiva. Neste sentido é o art. 155 do CPP: 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Desta forma, devem ser considerados dois aspectos: é possível a utilização de inquérito para fundamentação, desde que haja outros elementos além dele; e os elementos do inquérito devem estar em consonância com as demais provas colhidas em juízo. 
Neste sentido: "O art. 155 do Código de Processo Penal não impede que o juiz, para a formação de seu convencimento, utilize elementos de informação colhidos na fase extrajudicial, desde que se ajustem e se harmonizem à prova colhida sob o crivo do contraditório judicial." (STF, HC 125035/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 10.02.15).
Tem-se, portanto, que o inquérito policial tem valor probatório relativo.
Nestor Távora destaca: A relatividade do valor dos elementos de informação do inquérito policial se deve a mais de um motivo: 
(1) os elementos colhidos não são submetidos à formação contraditória; 
(2) o juiz não poderá tomar decisões fundadas apenas nos elementos de informação, ressalvadas as provas cautelares, antecipadas e irrepetíveis, valendo notar que o inquérito não é excluído fisicamente do processo, conquanto não seja idôneo para justificar isoladamente um decreto condenatório; 
(3) os elementos de informação devem ser interpretados em conjunto com as provas carreadas em juízo, sendo relativos justamente porque são vistos conjuntamente com vistas à compatibilidade com a prova constituída durante o trâmite do processo penal, sob o crivo do contraditório.
O autor destaca, ainda, que os elementos de informação colhidos da investigação preliminar por serem destituídos de contraditório e ampla defesa não podem lastrear eventual sentença condenatória.
Ressalta, ademais, que os documentos colhidos na fase preliminar, interceptações telefônicas, objetos conseguidos mediante busca e apreensão, têm sido valorados na fase processual, quando serão submetidos à manifestação da defesa, num contraditório diferido ou postergado.
5. Procedimento
5.1. Início do inquérito policial
Leonardo Barreto apresenta o seguinte quadro sinótico acerca do início do IP:
	1. De ofício pela autoridade policial
	2. Por requerimento do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo
	3. Por delação de terceiros (delatio criminis)
	4. Por requisição da autoridade competente
	5. Pela lavratura do auto de prisão em flagrante
· Leitura dos arts. 5º a 8º do CPP.
Questão: o que é a notitia criminis?
A notitia criminis ou notícia do crime é a ciência, pela autoridade policial da ocorrência de um fato criminoso, podendo ser:
a. Direta, espontânea ou de cognição imediata: a própria autoridade policial, investigando, por qualquer meio, toma conhecimento da prática do delito.
b. Indireta, provocada ou de cognição mediata: autoridade policial toma conhecimento da prática do delito por meio de provocação de terceiros, a exemplo da vítima, do representante da vítima, do Ministério Público ou até por terceiro.
Notitia criminis coercitiva: quando ocorre a prisão em flagrante
Questão: pode o juiz determinar a abertura de inquérito policial?
Pela literalidade do art. 5º, II, primeira parte, a autoridade judiciária pode requisitar o início do inquérito policial, assim como poderia iniciar a ação penal por meio de portaria (art. 26 do CPP) e a redação originária do art. 531 permitia o início do processo das contravenções por portaria, também.
Contudo, há de se lembrar que o CPP foielaborado em outro contexto histórico, já tendo passado por diversas alterações. Atualmente, a iniciativa da ação penal é do Ministério Público, não se admitindo o processo judicialiforme. Tanto que se considera o art. 26 do CPP revogado tacitamente.
Assim, não é recomendada a instauração de inquérito policial por iniciativa do juiz. A providência mais adequada é o encaminhamento da notícia crime ao MP para que ele tome as providências cabíveis, nos termos do art. 40 do CPP: 
Art. 40.  Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
Questão: admite-se a delatio criminis anônima?[endnoteRef:4] [4: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/04/info-819-stf1.pdf] 
As notícias anônimas (ou "denúncias anônimas", em que alguém, sem se identificar relata para as autoridades que determinada pessoa cometeu um crime) não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial;
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Obs1: O termo "denúncia anônima" não é tecnicamente correto porque em processo penal denúncia é o nome dado para a peça inaugural da ação penal proposta pelo Ministério Público. Assim, a doutrina prefere falar em "delação apócrifa", "notícia anônima" ou "notitia criminis inqualificada".
Obs2: Não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima” (HC 106152/MS STF).
Obs3: Não é possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia anônima” (HC 204.778/SP STJ).
Como o tema já foi objeto de provas?
(CESPE – AGU/2012) A jurisprudência do STJ admite a possibilidade de instauração de procedimento investigativo com base em denúncia anônima, desde que acompanhada de outros elementos (correta).
(PGR – Procurador da República/2012) As informações obtidas de forma anônima somente são aptas a ensejar a instauração de ação penal quando corroboradas por outros elementos de prova colhidos em diligências preliminares realizadas durante a investigação criminal (correta).
(CESPE – PCES/2011) São formas de instauração de IP: de ofício, pela autoridade policial; mediante representação do ofendido ou representante legal; por meio de requisição do Ministério Público ou do ministro da Justiça; por intermédio do auto de prisão em flagrante e em virtude de delatio criminis anônima, após apuração preliminar (correta).
(CESPE – MPU/2018) Denúncia anônima sobre fato grave de necessária repressão imediata é suficiente para embasar, por si só, a instauração de inquérito policial para rápida formulação de pedido de quebra de sigilo e de interceptação telefônica (errada).
5.2. Prazos
DECORE ESTA TABELA!! Questões de provas pedem MUITO esses prazos.
	PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO
	Justiça Estadual (art. 10 CPP)
	10 dias, se o investigado estiver preso em flagrante ou preventivamente, improrrogáveis
30 dias, se o investigado estiver solto, prorrogáveis
	Justiça Federal (art. 66, Lei 5.010/66)
	15 dias, se o investigado estiver preso, duplicável
30 dias, se o investigado estiver solto, prorrogáveis
	Lei de Tóxicos (art. 51 Lei 11.343/06)
	30 dias, investigado preso, duplicável
90 dias, investigado solto, duplicável 
	Crimes contra a economia popular (art.10, §1º Lei 1.521/51)
	10 dias, investigado preso ou solto, improrrogáveis
	Inquérito militar (art. 20 do Código de Processo Penal Militar)
	20 dias, investigado preso, improrrogáveis
40 dias, investigado solto, prorrogáveis por 20 dias
Tabela adaptada da Sinopse de Processo Penal, Leonardo Barreto Moreira Alves, 8ª ed. pg.147
Atenção: divergência doutrinária
Doutrina majoritária (Mirabete) entende que o prazo deve ser contado atendendo aos ditames do Código de Processo Penal, ou seja, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o último dia, sem fazer distinção entre indiciado preso ou solto
Contudo, para Nestor Távora (e Guilherme Nucci):
(1) estando solto o indiciado, os prazos de conclusão do inquérito ostentam natureza processual, razão pela qual são contados excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento, nos termos do art. 798, §§ 1º e 3º, CPP; 
(2) estando preso o indiciado, os prazos para conclusão do inquérito recebem natureza material para o fim de ser considerada excessiva a duração da prisão. De tal modo, deve ser contado o lapso prazal incluindo-se o dia do início (data da prisão, independentemente do horário) e excluído o dia do final.
Como o tema “prazos” já foi cobrado em prova?
(TRF4/Juiz Federal/2010) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.
I. O prazo previsto para término do inquérito policial, no Código de Processo Penal, é de 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso. Em caso de indiciado solto, é de 30 (trinta) dias.
II. Quando se tratar de indiciado preso preventivamente, o prazo para término do inquérito será contado da data em que for executada a ordem de prisão, segundo o Código de Processo Penal.
III. O prazo para término do inquérito em caso de crime contra a economia popular, na forma da Lei 1.521/1951, esteja o indiciado preso ou solto, é de 10 (dez) dias.
IV. Em caso de indiciado preso por ordem da Justiça Federal, o prazo para término do inquérito é de 15 (quinze) dias, prorrogáveis por igual tempo.
V. Em se tratando de tráfico ilícito de drogas, previsto na Lei 11.343/2006, o prazo para o término do inquérito é de 30 (trinta) dias em caso de acusado preso e de 90 (noventa) dias em caso de acusado solto, podendo os prazos ser duplicados por decisão judicial, ouvido o Ministério Público, se houver pedido justificado da autoridade policial.
Gabarito: Estão corretas todas as assertivas.
Obs: a maioria das questões encontradas sobre o tema no qconcursos tratam da decoreba de prazos.
5.3. Relatório final, indiciamento e destino do IP
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia
Art. 19.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
Ao final do inquérito a autoridade policial fará minucioso relatório, mas não poderá emitir juízo de valor, exceto nos crimes regulados pela Lei de Drogas (deve justificar as razões que levaram à classificação do delito – art. 52 da Lei 11.343/06).
Poderá realizar o indiciamento: comunicação formal feita pelo Estado ao investigado de que, a partir daquele momento, ele passa a ser o principal suspeito da prática do crime. Constará da folha de antecedentes. Somente pode proceder ao indiciamento mediante indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do fato.
Indiciamento é ato privativo da autoridade policial (lei 12.830/13). Não vincula o Ministério Público que pode requerer o arquivamento.
JURISPRUDÊNCIA STJ
O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. É por meio do indiciamento que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a autora do ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual o delegado de polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela prática criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio. Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. 
STJ. 5ª Turma. RHC 47.984-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014 (Info 552).
Após a conclusão do IP deve ser remetido ao juízo criminal competente. Se ação privada aguardarão a iniciativa do ofendido, mas podem os autos serem entregues ao ofendido (ou seu representante legal) mediante traslado – art. 19 CPP.
5.4. Arquivamento do IP
ATENÇÃO! ALTERAÇÃO COM O PACOTE ANTICRIME.
	Redação ANTES da lei 13.964/2019
	Redação ATUAL
	Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
	Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. 
ATENÇÃO! A MC na ADI 6299/DF, concedida pelo Min. Luiz Fux, suspendeu o art. 28, sob os seguintes fundamentos:
· Congresso Nacional desconsiderou a dimensão superlativa dos impactos sistêmicos e financeiros que a nova regra de arquivamento do inquérito policial ensejará ao funcionamento dos órgãos ministeriais;
· inovação legislativa viola as cláusulas que exigem prévia dotação orçamentária para a realização de despesas, além da autonomia financeira dos Ministérios Públicos (violação aos arts. 169 e 127 da CF);
· ausência de tempo hábil para os Ministérios Públicos se adaptarem estruturalmente à nova competência estabelecida;
· a nova legislação não definiu qual o órgão competente para funcionar como instância de revisão;
· a vacatio legis desse dispositivo transcorreu integralmente no período de recesso parlamentar federal e estadual, o que impediu qualquer tipo de mobilização dos Ministérios Públicos para a propositura de eventuais projetos de lei que venham a possibilitar a implementação adequada dessa nova sistemática.
Dispositivo da decisão: “Ex positis, suspendo ad cautelam a eficácia do artigo 28, caput, do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n. 13.964/19. Nos termos do artigo 11, §2º, da Lei n. 9868/99, a redação revogada do artigo 28 do Código de Processo Penal permanece em vigor enquanto perdurar esta medida cautelar”.
Contudo, optamos por manter as explicações para o novo artigo, assim como fizemos para o juiz de garantias para que vocês tenham material para discussão. Acaso haja declaração de inconstitucionalidade, o material será atualizado. 
Como era?
O arquivamento era um ato complexo: dependia do ato de duas autoridades: pedido do Ministério Público e decisão do Juiz. 
Caso o Juiz entendesse que não era o caso de arquivamento, remetia os autos ao Procurador de Justiça, o qual poderia:
1- Oferecer denúncia
2- Designar outro órgão do MP para oferecer a denúncia
3- Insistir do arquivamento juiz estava obrigado a arquivar. 
Crítica à antiga redação do art. 28: juiz toma uma iniciativa que é da acusação, afrontando o sistema acusatório. Deixa de ser imparcial, pois instiga a denúncia, o juiz fazia o papel de acusação.
Qual foi a alteração?
Buscando maior afirmação do sistema acusatório, retirou-se o poder de o juiz atuar no arquivamento do inquérito policial. Isto é, o juiz não decide mais acerca do arquivamento policial.
Todo o arquivamento será decidido internamente no Ministério Público. O promotor de justiça não mais irá requerer o arquivamento do IP, ele irá ORDENAR o arquivamento.
Contudo, a atuação do promotor deve sofrer controle pelos instrumentos adequados: assim, o promotor submete sua decisão a uma instância revisora para homologação do arquivamento. A instância ministerial superior irá atuar da mesma forma que anteriormente (oferecer denúncia, designar outro órgão ou ratificar o arquivamento).
MP é o titular da ação penal, logo é o próprio MP quem deve decidir acerca da oportunidade de oferecimento da denúncia.
O promotor de justiça DEVERÁ comunicar: vítima, investigado e autoridade policial.
ATENÇÃO: Vítima ganha um protagonismo: tem legitimidade para recorrer do arquivamento, no prazo de 30 dias da comunicação.
O procedimento deverá ser previsto na lei orgânica no MP.
Para enriquecer a discussão
O professor Francisco Dirceu Barros traz que, para contrabalançar a vedação de intervenção judicial nesta etapa, o legislador instituiu duas salvaguardas.
A primeira exige que o promotor natural – seja ele membro do MPE, do MPF ou do MPM ou que esteja no exercício de funções do MP Eleitoral[7] – sempre submeta sua decisão a controle hierárquico[8], para fins de homologação do arquivamento ou revisão dessa decisão, com substituição de seu pronunciamento em favor da realização de diligências complementares ou da deflagração imediata da ação penal. Este mecanismo garante a accountability horizontal, resguarda o interesse público, tem em conta o interesse da vítima e é compatível com o princípio da unidade institucional do Ministério Público, permitindo que os procuradores-Gerais de fato orientem a política criminalda instituição, de modo uniforme, sem violação de outro princípio constitucional igualmente importante, o da independência funcional.
A segunda salvaguarda diz respeito ao direito da vítima, ou de seu representante legal, de obter a reparação pelo crime que sofreu e ver o responsável processado e punido, com vistas, inclusive, mas não apenas isto, à indenização civil. Ao arquivar o caso, o promotor ou procurador deve determinar a intimação do ofendido ou de seu representante legal, pessoalmente, por escrito ou por comunicação digital, para que exerça seu direito de recorrer em 30 dias, com apresentação de suas razões ao órgão revisional do Ministério Público.
Se houver dados de identificação do investigado e se seu paradeiro for conhecido ou se ele tiver constituído advogado ou tiver defensor, o suposto autor da infração penal também deverá ser cientificado do arquivamento. Essa notícia integra-se ao patrimônio jurídico do investigado, agora fazendo parte do conteúdo do direito à ampla defesa. Embora a lei não diga, o investigado também poderá apresentar à instância revisional do Ministério Público suas razões para que o arquivamento seja homologado.
A autoridade policial que presidiu o inquérito também deve receber comunicação sobre o destino dado aos autos da apuração que presidiu, para que atualize seus registros, inclusive quanto à situação jurídica do investigado, que pode ter sido indiciado pela Polícia Judiciária.
Embora a Lei Anticrime não o diga, o arquivamento dos autos pelo Ministério Público também deve ser comunicado ao juiz de garantias, para baixa dos registros judiciais e, eventualmente, para a revogação de medidas cautelares, reais ou pessoais que tenham sido impostas ao suspeito ou ao indiciado.
Como se vê, com este sistema há um reforço dos mecanismos institucionais de controle da decisão de arquivamento, com sua submissão obrigatória, em todos os casos, à instância superior do Ministério Público, e com a abertura de possibilidade à vítima de oferecer razões contrárias à decisão de arquivamento, e ao investigado de apresentar argumentos favoráveis à decisão de não denunciar. Há a vantagem adicional de manter-se o juiz em sua condição de imparcialidade objetiva, sem que ele se veja obrigado a expor argumentos contrários ao arquivamento.
Fonte: http://genjuridico.com.br/2020/01/09/inquerito-policial-lei-anticrime/
Em resumo, como ficou o arquivamento do Inquérito Policial com a nova redação do art. 28 do CPP?
Observação:
No Informativo 963 do STF (dezembro/2019), já havia se decidido acerca da desnecessidade de submissão ao Poder Judiciário do arquivamento de PIC (Procedimento de Investigação Criminal) em caso de ausência de provas (agora é de se entender que em todas as hipóteses será desnecessária tal submissão).
O Procurador-Geral de Justiça, se entender que é caso de arquivamento do Procedimento de Investigação Criminal (PIC) por ausência de provas, não precisa submeter essa decisão de arquivamento à apreciação do Tribunal de Justiça, não se aplicando, nesta hipótese, o art. 28 do CPP. O arquivamento do PIC, promovido pelo PGJ, nos casos de sua competência originária, não reclama prévia submissão ao Poder Judiciário, pois este arquivamento, que é por ausência de provas, não acarreta coisa julgada material. O chefe do Ministério Público estadual é a autoridade própria para aferir a legitimidade do arquivamento do PIC. Logo, descabe a submissão da decisão de arquivamento ao Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. MS 34730/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/12/2019 (Info 963).
Hipóteses de DESARQUIVAMENTO do IP
Para finalizar, trazemos as hipóteses em que é possível se realizar o desarquivamento do IP ou do PIC:
	MOTIVO DO ARQUIVAMENTO
	É POSSÍVEL DESARQUIVAR?
	Insuficiência de provas
	SIM (Súmula 524 STF)
	Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação penal
	SIM
	Falta de justa causa para a ação penal (não há indícios de autoria ou prova da materialidade)
	SIM
	Atipicidade (fato narrado não é crime)
	NÃO
	Existência manifesta de causa excludente de ilicitude
	STJ: NÃO (Resp 791471/RJ)
STF: SIM (HC 125101/SP)
	Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade
	NÃO (doutrina)
	Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade
	NÃO
Exceção: certidão de óbito falsa.
Fonte: Dizer o Direito[endnoteRef:5] [5: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2019/12/info-963-stf.pdf] 
Revisão por questões
(	) O IP, por consistir em procedimento indispensável à formação da opinio delicti, deverá acompanhar a denúncia ou a queixa criminal (TJSC/2019).
(	) Não poderá haver restrição de acesso, com base em sigilo, ao defensor do investigado, que deve ter amplo acesso aos elementos de prova já documentados no IP, no que diga respeito ao exercício do direito de defesa (TJSC/2019).
(	) A autoridade policial não poderá determinar o arquivamento dos autos de IP, salvo na hipótese de manifesta atipicidade da conduta investigada (TJSC/2019).
(	) Caso tome conhecimento da existência de novas provas, a autoridade policial poderá determinar o arquivamento do inquérito e proceder a novas diligências (TJCE/2018).
(	) Durante o inquérito, o advogado pode ter delimitado, pela autoridade competente, o acesso aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentadas nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligência (TJSP/2017).
(	) A investigação de uma infração penal poderá ser conduzida pelo Ministério Público, conforme recente decisão do STF, mas apenas nos casos relacionados ao foro por prerrogativa de função 9TJAL/2015).
(	) O inquérito policial não pode ser retomado, se anteriormente arquivado por decisão judicial que reconheceu a atipicidade do fato, a requerimento do Promotor de Justiça, ainda que obtidas provas novas (TJCE/2014).
(	) O despacho da autoridade policial que indefere o requerimento de abertura de inquérito é irrecorrível (TJMG/2014).
(	) A notitia criminis de cognição imediata ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante-delito, enquanto a denúncia anônima é considerada notitia criminis inqualificada (MPSC/2019).
(	) Considerando-se o entendimento dos tribunais superiores a respeito de inquérito policial, é correto afirmar que nulidade ocorrida em inquérito policial, em regra, contamina todo o processo penal decorrente (MPPI/2019).
(	) O membro do “Parquet”, com atuação na área de investigação criminal, pode avocar a presidência do inquérito policial, em sede de controle difuso da atividade policial (MPPR/2019).
(	) o poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende a prisão em flagrante do agente e a instauração do inquérito policial (MPBA/2018).
Gabarito: E – C – E – E – C – E – C – E – E – E – E - C
Fontes consultadas para elaboração deste caderno:
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal – parte geral. Coleção Sinopses para concursos. 8ª edição. Salvador: Juspodivm. 2018.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito. 2ª edição. Salvador: Juspodivm. 2017.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e STJ anotadas e organizadas por assunto. 4ª edição. Salvador: Juspodivm. 2018.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Dizer o Direito. https://www.dizerodireito.com.br/
DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal. 2ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2016.
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 7ª edição. Salvador: Juspodivm. 2019.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 15ª edição. Rio de Janeiro: Forense. 2016.
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21ª Edição. São Paulo: Atlas. 2017.
TÁVORA, Nestor e ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 11ª Edição. Salvador: Juspodivm. 2016.
Vídeo: Lei 13.964/19 (pacote anticrime): vídeo 12. Arquivamento (art. 28, CPP). Canal do Prof. FábioRoque Araújo. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=iyD5IpaUdOc
Promotor de Justiça ORDENA o arquivamento
Comunicação
Encaminhamento à instância de revisão ministerial
Instância revisora poderá:
1- Homologar o arquivamento
2- Oferecer a denúncia
3- Designar outro órgão do MP para oferecimento da denúncia
Vítima 
Investigado
Autoridade policial
Submeter a matéria a revisão de instância competente do órgão ministerial
Prazo de 30 dias do recebimento da comunicação
Crimes contra União, Estados, DF e Municípios: revisão do arquivamento provocada pela chefia do órgão a quem couber a representação judicial (procuradoria)
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