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Caderno Renato Brasileiro Processo Penal Inquérito Policial

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Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
1 
Material produzido com base em aulas e no Manual de Renato Brasileiro e atualizado de 
acordo com o Pacote Anticrime. 
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR 
Sumário 
1. CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL .......................................................................... 4 
2. FUNÇÃO DO INQUÉRITO .............................................................................................. 5 
3. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL ....................................................... 5 
4. FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL ....................................................................... 6 
4.1. Elementos informativos x Provas .............................................................................. 7 
4.1.1. Provas cautelares ............................................................................................... 8 
4.1.2. Provas não repetíveis ......................................................................................... 8 
4.1.3. Provas antecipadas ............................................................................................ 9 
5. ATRIBUIÇÃO PARA PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL .................................. 9 
5.1. Polícia judiciária x Polícia investigativa ................................................................... 11 
5.2. Natureza do crime e a atribuição para as investigações ......................................... 11 
6. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL ......................................................... 13 
6.1. Escrito ..................................................................................................................... 13 
6.2. Dispensável ............................................................................................................ 13 
6.3. Sigiloso ................................................................................................................... 14 
6.3.1. Acesso do advogado aos autos do procedimento investigatório ...................... 14 
6.4. Procedimento inquisitorial ....................................................................................... 16 
6.4.1. Pacote Antricrime ............................................................................................. 18 
6.4.2. Inquérito para fins de expulsão de estrangeiro atualizar .................................. 18 
6.5. Procedimento discricionário .................................................................................... 19 
6.6. Procedimento indisponível ...................................................................................... 20 
6.7. Procedimento temporário ........................................................................................ 21 
7. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL .......................................... 22 
7.1. Crimes de ação penal pública condicionada ou de ação penal de iniciativa privada
 ....................................................................................................................................... 23 
7.2. Crimes de ação penal pública incondicionada ....................................................... 23 
8. NOTITIA CRIMINIS ....................................................................................................... 23 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
2 
8.1. Conceito .................................................................................................................. 23 
8.2. Espécies ................................................................................................................. 24 
8.3. Notitia Criminis inqualificada (Denúncia anônima) .................................................. 24 
9. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO ........................................................ 24 
10. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL ....................................................................................... 25 
10.1. Leis relativas à identificação criminal .................................................................... 25 
10.2. Hipóteses que autorizam a identificação criminal independentemente de anterior 
identificação civil ............................................................................................................ 26 
10.3. Identificação do perfil genético (Lei n. 12.654/12) ................................................. 26 
11. INDICIAMENTO .......................................................................................................... 28 
11.1. Conceito ................................................................................................................ 28 
11.2. Momento ............................................................................................................... 28 
11.3. Espécies ............................................................................................................... 28 
11.4. Pressupostos ........................................................................................................ 28 
11.5. Atribuição .............................................................................................................. 29 
11.6. Desindiciamento ................................................................................................... 29 
11.7. Sujeito passivo ...................................................................................................... 30 
11.8. Afastamento do servidor público do exercício de suas funções como efeito 
automático do indiciamento em crimes de lavagem de capitais .................................... 31 
12. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL .................................................................. 31 
12.1. Prazo para a conclusão do IP ............................................................................... 31 
12.1.1. Prazos previstos ............................................................................................. 33 
12.3. Relatório da autoridade policial ............................................................................. 34 
12.3. Destinatário dos autos do inquérito policial ........................................................... 35 
12.4. Providências a serem adotadas pelo MP ao ter vista dos autos do inquérito policial
 ....................................................................................................................................... 36 
12.4.1. Conflito de competência ................................................................................. 37 
13. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICITAL ......................................................... 39 
13.1. Fundamentos para o arquivamento ...................................................................... 40 
13.2. Coisa julgada na decisão de arquivamento .......................................................... 41 
13.3. Desarquivamento do inquérito policial X Oferecimento da denúncia .................... 43 
13.4. Procedimento do arquivamento ............................................................................ 44 
13.4.1. Arquivamento na Justiça Estadual ................................................................. 44 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
3 
13.4.2. Arquivamento na Justiça Federal, Justiça Comum do Distrito Federal e Justiça 
Militar da União .......................................................................................................... 46 
13.4.3. Arquivamento na Justiça Eleitoral .................................................................. 46 
13.4.4. Arquivamento nas hipóteses de competência originária dos tribunais ........... 47 
13.5. Novo procedimento do arquivamento (Justiça Federa, Estadual e DF) ................ 48 
13.6. Arquivamento implícito .......................................................................................... 50 
13.7. Arquivamento indireto ...........................................................................................50 
13.7. Recorribilidade contra a decisão de arquivamento ............................................... 50 
13.8. Arquivamento de ofício ......................................................................................... 51 
13.9. Arquivamento determinado por juízo absolutamente incompetente ..................... 51 
14. TRANCAMENTO (OU ENCERRAMENTO ANÔMALO) DO INQUÉRITO POLICIAL .. 51 
15. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ....................................... 52 
16. CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICITAL PELO MP ................................ 53 
17. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA .................................................................. 54 
18. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL ............................................................... 55 
18.1. Conceito ................................................................................................................ 58 
18.2. Discricionariedade do MP ..................................................................................... 59 
18.3. Requisitos para a celebração do acordo ............................................................... 59 
18.3.1. Infração penal com pena mínima inferior a 4 anos ......................................... 59 
18.3.2. Infração penal cometida sem violência ou grave ameaça à pessoa............... 60 
18.3.3. Não ser caso de arquivamento da investigação ............................................. 60 
18.4. Vedações à celebração do ANPP ......................................................................... 60 
18.4.1. Vedação da Resolução n. 181 do CNMP aos hediondos ou equiparados ..... 61 
18.5. Condições impostas ao investigado ...................................................................... 61 
18.6. Controle jurisdicional ............................................................................................. 63 
18.7. Descumprimento injustificado das obrigações ...................................................... 64 
18.8. Cumprimento integral do acordo ........................................................................... 65 
 
 
 
 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
4 
1. CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL 
É um procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela 
autoridade policial, com o objetivo de identificar fontes de prova e colher elementos de 
informação quanto à autoria e a materialidade da infração penal, a fim de permitir que o 
titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
Procedimento administrativo: Inquérito não é processo administrativo. 
O inquérito tem natureza instrumental (preparatório), pois tem como destinatário o 
titular da ação penal. 
Procedimento inquisitório: a Lei 13.245/16 altera o Estatuto da OAB prevendo que 
o advogado tem o direito de assistir aos seus clientes durante as investigações. A 
modificação gerou certa controvérsia, pois o inquérito já não mais seria inquisitorial 
(doutrina minoritária). No entanto, segundo a doutrina majoritária, a Lei 13.245/16 não 
modificou a natureza inquisitorial do inquérito. 
O inquérito policial obrigatoriamente é presidido pelo delegado de polícia (art. 2º, 
§1º, Lei 12.830/13). Contudo, o MP poderá investigar, mas não poderá presidir o 
inquérito, pois a presidência dele é do delegado de polícia, se o MP pretende investigar 
deve utilizar procedimento próprio, que é o procedimento investigatório criminal. 
A função precípua do inquérito é coletar “fontes de prova”. 
Fonte de prova é tudo aquilo, pessoas (ex.: testemunha) ou coisas (ex.: arma 
deixada no local), das quais é possível obter informação sobre o fato delituoso. 
Quando as fontes de provas são documentadas aos autos do procedimento 
investigatório, tornam-se “elementos de informação”. 
À luz do art. 155 CPP, o que é colhido, em regra, no inquérito policial, 
são elementos de informação. O termo “prova” só poderá ser utilizado, 
em regra, para aquilo que é produzido em juízo, sob o crivo do 
contraditório judicial. 
Os elementos de informação devem fornecer informações quanto à autoria e a 
materialidade de modo a permitir que o titular da ação penal1 possa ingressar em juízo 
(justa causa). 
O processo penal não pode ser uma aventura leviana. O processo traz consigo 
uma alta carga de estigmatização. Por isso, o CPP passou a exigir a justa causa para a 
instauração de um processo. 
 O que seria a justa causa? 
Lastro probatório mínimo para instauração de um processo. 
 
1
 MP ou querelante. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
5 
2. FUNÇÃO DO INQUÉRITO 
a) função preparatória: fornece elementos de informação para que o titular da 
ação penal possa ingressar em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam 
desaparecer com o decurso do tempo. 
b) função preservadora: a existência prévia de um inquérito inibe a instauração 
de um processo penal infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente e 
evitando custos desnecessários para o Estado. 
A doutrina (Renato Brasileiro) mais moderna entende que o inquérito também tem 
a função preservadora. 
3. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 
É procedimento administrativo preliminar de caráter informaitvo, ou seja, não 
é processo judicial ou administrativo, porque do inquérito policial não resulta a imposição 
imediata de sanção. 
Em razão da natureza distinta entre as fases da persecução penal 
(investigatório e judicial), os vícios da investigação preliminar não têm o condão de 
contaminar o processo penal (doutrina e jurisprudência), salvo a obtenção de provas 
ilícitas. 
Ex.: na prisão em flagrante o sujeito não tem advogado, e o delegado não 
comunica à Defensoria. Esse vício não contamina o processo. 
 “(...) Os vícios existentes no inquérito policial não repercutem 
na ação penal, que tem instrução probatória própria. Decisão fundada em 
outras provas constantes dos autos, e não somente na prova que se 
alega obtida por meio ilícito”. (STF, 2ª Turma, HC 85.286, Rel. Min. 
Joaquim Barbosa, j. 29/11/2005, DJ 24/03/2006). 
Contudo, eventuais provas ilícitas produzidas na investigação liminar podem 
contaminar a fase judicial, conforme a teoria da prova ilícita por derivação. 
Ex.: Por meio de “grampo” ilegal, consegue-se uma confissão e desta confissão 
consegue-se a identificação dos produtos do crime. 
STF Info 824 (2016) A suspeição de autoridade policial não é 
motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça 
informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação 
penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada 
irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, 
as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de 
ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo 
da ação penal condenatória. (STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. 
Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016) 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
6 
Segundo o Estatuto da OAB, a não observância desse direito pode dar ensejo à 
nulidade absoluta. Segundo o Renato Brasileiro, isto não é tecnicamente nulidade. E na 
visão do STF nulidade, seja absoluta seja relativa, precisa de prova do prejuízo. 
A Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) 
Art. 7º São direitos do advogado: 
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de 
infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório 
ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos 
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou 
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva 
apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) 
a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 
2016) 
Segundo Amilton Bueno de Carvalho, os vícios podem contaminar o processo quando 
comprometem a imparcialidadedo juiz, que é o pilar do princípio do devido processo legal 
(posição minoritária). Amilton Bueno defende a extração física dos autos, para que o juiz não 
tenha contato, evitando a contaminação2. 
De acordo com o § 3º, do art. 3º-C, com eficácia suspensa em liminar, os autos que 
compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados neste juízo, não 
sendo apensados aos autos do processo do juiz da instrução3. Segundo Távora, Sanches entende 
que este dispositivo é compatível com o art. 12. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre 
que servir de base a uma ou outra. 
Art. 3º-C (...) § 3º Os autos que compõem as matérias de 
competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria 
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão 
apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e 
julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, 
medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que 
deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
4. FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL 
a) Identificar fontes de prova; 
b) Colheita de elementos informativos acerca da materialidade e autoria 
da infração penal. 
No inquérito são produzidos elementos informativos, só em algumas situações 
 
2
 Távora. “Estratégia” 
3
 Távora. “Estratégia” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13245.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13245.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13245.htm#art1
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
7 
excepcionais são produzidas provas. 
Aury Lopes aponta também como finalidade do inquérito municiar o juiz com 
lastro indiciário (justa causa) para a adoção de medidas cautelares durante a persecução 
penal. 
4.1. Elementos informativos x Provas 
Essa distinção é feita pelo CPP quando foi alterado o art. 155 (alterado pela 
11.690/08). 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar 
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
Prova é aquilo o que é produzido em contraditório judicial. 
Elementos informativos Provas 
Colhidos na fase investigatória (inquérito 
ou procedimento investigatório do MP) 
Em regra, são produzidas na fase 
judicial (exceções: provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas). 
Não é obrigatória a observância do 
contraditório e da ampla defesa, nem 
mesmo diante das mudanças produzidas 
pela Lei 13.245/164. 
É obrigatória a observância do 
contraditório e ampla defesa. 
O juiz deve intervir apenas quando 
necessário5, e desde que seja 
provocado nesse sentido (ex.: prisão, 
interceptação telefônica etc.). 
A prova deve ser produzida na 
presença6 do juiz.7 
Durante o curso do processo, o juiz é 
dotado de certa iniciativa probatória a 
ser exercida de maneira residual. O 
protagonismo quanto à produção da 
prova é das partes (ex.: art. 2128). 
 
4
 Mas a Lei não passou a prever que o advogado tem o direito de assistir? Sim, mas a Lei não tornou isso obrigatório. 
Fosse a presença do advogado obrigatória durante as investigações, essa mudança deveria ter sido feita no CPP e não 
no Estatuto da OAB. A mudança quer dizer: se o advogado estiver presente, ele tem o direito de assistir ao seu cliente, 
mas isso não transforma em obrigatória a presença do advogado durante as investigações preliminares. 
5
 Por força da cláusula de reserva de jurisdição. 
6
 A presença pode ser imediata ou remota (videoconferência). 
7
 Princípio da identidade física foi suprimido o CPC/15, porém, no CPP continua existindo esse princípio. O juiz que 
presidiu a instrução penal deve sentenciar o feito (art. 399, §2º, do CPP). 
8
 Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que 
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
8 
Finalidade: 
a) úteis para a decretação de medidas 
cautelares9; e 
b) auxiliam na formação da opinio 
delecti (convicção do titular da ação 
penal) para ajuizar ação ou ofertar o 
acordo de não persecução penal 
Finalidade: auxiliar na formação da 
convicção do juiz. 
Os elementos informativos não podem, ISOLADAMENTE, fundamentar a 
sentença, porém, tais elementos podem se somar à prova produzida em juízo para 
auxiliar na formação da convicção do magistrado. O STF já entendia dessa forma. 
“(...) Padece de falta de justa causa a condenação que se funde 
exclusivamente em elementos informativos do inquérito policial. 
Garantia do contraditório: inteligência. Ofende a garantia 
constitucional do contraditório fundar-se a condenação 
exclusivamente em testemunhos prestados no inquérito policial, sob 
o pretexto de não se haver provado, em juízo, que tivessem sido 
obtidos mediante coação”. (STF, 1ª Turma, RE 287.658/MG, Rel. 
Min. Sepúlveda Pertence, DJ 03/10/2003). 
Segundo Renato Brasileiro, a participação do advogado na investigação 
preliminar (Lei 13.245/16) não altera a natureza dos elementos produzidos, ou seja, 
permanece a natureza de elementos informativos e não de prova. O art. 155 prevê, 
expressamente, que o juiz formará sua convicção pela prova produzida em contraditório 
judicial. 
4.1.1. Provas cautelares 
São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em 
razão do decurso do tempo. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase 
judicial. Dependem de autorização judicial, e o contraditório será DIFERIDO. 
Ex.: sujeitos roubam fuzis do quartel e é necessária interceptação telefônica 
cautelar, pois mais tarde poderão não conversar sobre o roubo. 
4.1.2. Provas não repetíveis 
É aquela que uma vez produzida não tem como ser novamente coletada em 
razão do desaparecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase 
investigatória e na fase judicial. NÃO dependem de autorização judicial, sendo que o 
contraditório será DIFERIDO. 
Ex.: o delegado deve determinar o exame de corpo de delito, pois poderá o 
ocorrer desaparecimento dos vestígios, se não produzido logo. 
 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 
9
 Requisito: Fumus comissi delicti. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
9 
4.1.3. Provas antecipadas 
São aquelas produzidas com a observância do contraditório real em momento 
processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do 
processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Podem ser produzidas na 
fase investigatória e na fase judicial. Dependem de autorização judicial, e o 
contraditório será real (contraditório para a prova). 
Ex.: depoimento ad perpetuam rei memoriam. 
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por 
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução 
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
Os promotores do DF têm usado o art. 225 para o depoimento no crime de 
estupros de vulnerável. 
5. ATRIBUIÇÃO PARA PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
Lei 12.830/13. 
Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações 
penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, 
essenciais e exclusivas de Estado. 
As funções de delegado de policia demanda formaçãono curso de Direito. 
Lei 12.830/13. 
Art. 2 (...) § 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade 
policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito 
policial ou outro procedimento previsto em lei10, que tem como objetivo 
a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações 
penais. 
 § 2o Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a 
requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à 
apuração dos fatos. (Respeitada a cláusula de reserva de jurisdição) 
 A Lei 13.344/16 (Lei do tráfico de pessoas) alterou o CPP ao introduzir os arts. 
13-A e 13-B: 
O caput do art. 13-A estabelece que nos crimes de sequestro e cárcere privado 
(art. 148, CP), redução a condição análoga à de escravo (art. 149, CP), tráfico de pessoas 
(art. 149-A, CP), extorsão mediante sequestro (§3º, art. 158, CP) e envio de criança ou 
 
10
 Termo Circunstanciado de Ocorrência da Lei 9.099/95. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
10 
adolescente com inobservância das formalidades ou com o fito de obter lucro (art. 239 do 
ECA), o MP ou o DELEGADO DE POLÍCIA poderá requisitar, de quaisquer órgãos do 
poder público ou de empresas da inciativa privada, dados e informações cadastrais da 
vítima ou de suspeitos. 
 Quais são os dados e informações passíveis de requisição? 
Segundo Brasileiro, deve-se interpretar à luz da Lei de Lavagem de Capitais e da 
Lei das Organizações Criminosas para concluir que esses dados cadastrais dizem 
respeito ao nome, qualificação e endereço. Ou seja, são informações cadastrais que não 
estão protegidas pelo direito à intimidade e à vida privada. 
De forma diferente dispõe o art. 13-B do CPP. 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes 
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público 
ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização 
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou 
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados 
– como sinais, informações e outros – que permitam a localização da 
vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) 
Cuidado quanto ao §4º do art. 13-B, pois prevê que não havendo manifestação 
judicial o delegado poderia ter acesso. Contudo, o Ronaldo Batista Pinto essa norma é no 
mínimo inconstitucional, porque depende ou não de autorização judicial e o decurso do 
tempo não tornaria desnecessária a autorização. 
 
O §§ 4º e 5º do art. 2º da Lei 12.830/13 visam garantir maior independência do 
delegado na investigação, porquanto, ao contrário de promotores, defensores e juízes, 
delegado de polícia não é dotado de garantia da inamovibilidade. 
Lei 12.830/13. 
Art. 2º (...) § 4o O inquérito policial ou outro procedimento previsto 
em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por 
superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo 
de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos 
procedimentos previstos em regulamento da corporação que 
prejudique a eficácia da investigação. 
§ 5o A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato 
fundamentado. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm#art11
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm#art11
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
11 
5.1. Polícia judiciária x Polícia investigativa 
a) polícia administrativa: função preventiva (caráter ostensivo); e 
b) polícia judiciária: função de caráter repressivo com a finalidade de 
auxiliar o Poder Judiciário e elaborar o inquérito policial, coletando elementos 
quanto à autoria e à materialidade da infração penal (PC e PF). 
A maioria da doutrina e jurisprudência refere-se à polícia judiciária. 
Contudo, o Denilson Feitoza (posição minoritária) sustenta que polícia judiciária 
não se confunde com polícia exercendo funções de caráter investigativo. Segundo 
Feitoza, a polícia judiciária é a polícia que atua em cumprimento às ordens do Poder 
Judiciário, por exemplo, cumprimento do mandado de prisão. Já a polícia investigativa é 
aquela que apura as infrações penais. O fundamento dessa posição minoritária pode ser 
corroborada pelo art. 2º caput da Lei 12.830/13: “As funções de polícia judiciária e a 
apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza 
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. “ 
Em regra, as funções de polícia judiciária são exercidas pela PC ou PF. Contudo, 
a PM e Forças Armadas, por exemplo, podem exercer funções de polícia judiciária por 
meio dos inquéritos policiais militares (IPM) nos casos de crimes militares. 
 
5.2. Natureza do crime e a atribuição para as investigações 
Para saber a atribuição para as investigações tem que analisar a natureza do 
crime. 
a) Crime militar da competência da Justiça Militar da União (ex.: soldado do 
Exército subtraiu uma pistola): Forças Armadas; 
b) Crime militar da competência da Justiça Militar Estadual (ex.: arma 
subtraída do quartel por um PM ou bombeiro): Polícia Militar ou Bombeiros; 
c) Crime eleitoral: em regra, deve ser feita pela PF. Contudo, no HC 439 do TSE 
entendeu que, se não houver na localidade uma delegacia de PF, não há problema se a 
investigação for feita pela PC. 
d) Crime federal: PF; 
e) Crime comum da competência da Justiça Estadual: em regra, PC. Se o 
crime for dotado de repercussão interestadual ou internacional, exigindo repressão 
uniforme, subsidiariamente, também é possível que as investigações sejam presididas 
pela PF (art. 144, §1º, I, segunda parte). 
Art. 144 (...) § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão 
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, 
destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
12 
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades 
autárquicas e empresas públicas (competência criminal da Justiça 
Federal), assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se 
dispuser em lei (Lei 10.446/02); 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros 
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
A Lei 10.446/02 possui rol exemplificativo do art. 1º das atribuições da PF em 
crime de competência estadual, sem prejuízo da responsabilidade de dos órgãos de 
segurança pública. 
Lei 10.446/02. Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da 
Constituição, quando houver repercussão interestadual ou 
internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento 
de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da 
responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 
da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos 
Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações 
penais: 
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 
148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação 
política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela 
vítima; 
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 
8.137, de 27 de dezembro de 1990); e 
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República 
Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de 
tratados internacionais de que seja parte; e 
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores,transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver 
indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da 
Federação. 
V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela 
internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, 
adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 
2013) 
VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo 
agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
13 
atuação de associação criminosa em mais de um Estado da 
Federação. (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015) 
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o 
Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, 
desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de 
Estado da Justiça. 
Outro crime que pode ser investigado pela PF é o crime de terrorismo (art. 11 da 
Lei 13.260/16). 
Saliente-se que o inquérito por ser procedimento administrativo seus vícios não 
repercutem no processo judicial, portanto, o fato de um crime militar, por exemplo, ser 
investigado pela PC não acarreta nenhum vício no processo. 
6. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 
 Dispensável 
 Escrito 
 Sigiloso 
 Inquisitorial 
 Discricionário 
 Indisponível 
 Temporário 
6.1. Escrito 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, 
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade. 
O delegado pode fazer filmagens desde que não sejam feitas de maneira 
clandestina. O CPP diz que: “sempre que possível, o registro dos depoimentos do 
investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de 
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada 
a obter maior fidelidade das informações” (art. 405, §1º). 
6.2. Dispensável 
O IP não é o único instrumento investigatório, podendo ser dispensável. 
O titular da ação penal pode obter a opinio delicti (justa causa) de informações 
quanto à autoria e materialidade de outro procedimento investigatório que não o inquérito 
(ex.: sindicância contra servidor). 
Art. 39 (...) § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se 
com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
14 
ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 
Os procedimentos investigatórios diversos do inquérito policial são denominados 
pelo CPP de peças de informação. Peça de informação é qualquer procedimento 
investigatório diverso do inquérito policial capaz de ministrar elementos de informação 
quanto à autoria e materialidade. 
6.3. Sigiloso 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
O art. 93, IX, da CRFB garante a publicidade aos processos judiciais. 
A investigação preliminar, em regra, deve ser SIGILOSO, porque o segredo é 
inerente à eficácia das investigações. Contudo, em alguns casos excepcionais a 
publicidade é útil, por exemplo, nos casos de retrato falado. 
O professor Fauzi Hassan (membro do MPSP) classifica o sigilo em: 
 Externo: aplicável aos terceiros desinteressados (ex.: imprensa); 
 Interno: aplicável aos atores da persecução penal, tendo nítida fragilidade. 
O delegado não deve opor sigilo ao MP e ao Juiz. 
6.3.1. Acesso do advogado aos autos do procedimento 
investigatório 
Não há controvérsia que o sigilo não se aplica ao juiz e ao MP. 
Sucede que durante muitos anos entendia-se que advogados não podiam ter 
acesso aos autos da investigação preliminar. 
O fundamento da permissão de acesso aos autos pelo advogado era extraído do 
art. 5º, LXIII, da CRFB e da redação antiga do inciso XIV, do art. 7º, do Estatuto da OAB. 
Art. 5º (...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os 
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado; 
Deve ser interpretado o termo “preso” como imputado (suspeito, investigado e 
indiciado). Pode ser também tanto o imputado que está livre também. 
Na época, em razão da resistência das autoridades policiais, o STF editou a SV 
14. 
SV 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
15 
O advogado tem acesso aos elementos informativos já documentos em 
procedimento investigatório. Portanto, não abrange eventuais diligências em 
andamento, senão colocará em risco a eficácia do procedimento investigatório. 
Atualmente, a nova redação do art. 7º, XIV do Estatuto da OAB prevê que. 
Lei 8.906/94. Art. 7º São direitos do advogado: XIV - examinar, em 
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem 
procuração*, autos de flagrante e de investigações de qualquer 
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital 
(incluído pela Lei 13.245/16); 
*Em regra, qualquer advogado, mesmo sem procuração, poderá ter acesso aos 
autos do procedimento investigatório, porém, se conter informações ligadas à intimidade e 
privacidade do investigado11, neste caso, deve ser exigido a procuração. 
Lei 8.906/94. Art. 7º (...) § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o 
advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que 
trata o inciso XIV. (incluído pela Lei 13.245/16) 
As consequências decorrentes da negativa de acesso aos autos da 
investigação preliminar estão previstas no Estatuto da OAB. 
Lei 8.906/94. Art. 7º (...) 
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o 
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que 
houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará 
responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do 
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o 
exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer 
acesso aos autos ao juiz competente. 
Não é necessário MS, mas uma simples petição dirigida ao juiz das 
garantias (art. 3º-B, XV). Contudo, se o juiz das garantias também negar acesso aos 
autos, é possível entrar com: 
 Reclamação dirigida ao STF em razão da SV 14; 
 MS; e 
 HC profilático12 (paciente é o cliente neste caso). 
Saliente-se que, em regra, não há necessidade de autorização judicial prévia. 
Contudo, a Lei 12.850/13 (Lei das Organizações Criminosas) prevê hipótese em que é 
necessária autorização judicial prévia. 
Lei 12.850/13 (Lei das Organizações Criminosas). 
 
11
 Ex.: 6 meses de interceptação telefônica. 
12
 Profilático: risco à liberdade ambulatorial meramente reflexo. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
16 
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela 
autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da 
eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no 
interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que 
digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente 
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às 
diligências em andamento. 
A autoridade policial (ou ministerial) tem discricionariedade para determinar 
o momento adequado para a juntada das diligências já realizadas aos autos do 
respectivo procedimentoinvestigatório, conforme o Estatuto da OAB. 
Lei 8.906/94. Art. 7º. São direitos do advogado: 
(...) 
§11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente 
poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova 
relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados 
nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, 
da eficácia ou da finalidade das diligências. 
6.4. Procedimento inquisitorial 
O inquérito é um procedimento inquisitorial, porque não é obrigatória a 
observância do contraditório e da ampla defesa. 
A Lei 13.245/16 alterou o Estatuto da OAB, ressuscitando uma antiga discussão 
quanto à natureza do inquérito policial. Há duas correntes sobre o tema: 
1ª C (minoritária ideal para DPEs): Investigação preliminar sujeito ao 
contraditório diferido e à ampla defesa. 
Fundamentos: 
 Constitucional: o art. 5º, LV, “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. A expressão 
“acusados em geral”, deve ser objeto de uma interpretação extensiva e não 
restritiva, como ainda é feito por grande parte da doutrina. A expressão não 
deve significar, tão somente, o acusado em processo judicial, mas, sim, 
imputado, isto é, a pessoa sob a qual recaia suspeita em relação a um delito. 
 Estatuto da OAB: art. 7º, XXI, “assistir a seus clientes investigados durante a 
apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo 
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos 
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou 
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração” 
Essa corrente sustenta que o direito de defesa pode ser manifestada de duas 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
17 
formas: 
1) Exercício do direito de defesa na investigação preliminar (Marta Saad): 
1.a) Exercício exógeno: exercício do direito de defesa fora dos autos da 
investigação preliminar. Ex.: constrangimento durante a investigação: 
possibilidade de defesa – impetração de HC ou MS ou atravessando 
petições ao juiz e ao MP dando conhecimento da irregularidade. 
1.b) Exercício endógeno: exercício do direito de defesa dentro dos autos da 
investigação preliminar. Art. 14 CPP e art. 7º XXI “a” Lei 8.906/94 
(redação dada pela Lei 13.245/16): “apresentar razões e quesitos”. 
“Quesitos” são perguntas encaminhadas não somente aos peritos, mas 
também às testemunhas. “Razões”: tentar convencer o delegado de que 
não se faz necessária nenhuma medida cautelar com o intuito de evitar 
futura representação e tentar convencer o delegado de que não é caso de 
indiciamento. 
2ª C (majoritária): Investigação preliminar é um procedimento inquisitorial. 
Fundamentos: 
 CF 5º LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. Inquérito não é processo, é procedimento. 
Logo, não há correspondência. O termo “acusado” está relacionado à 
existência de uma denúncia – durante o procedimento investigatório não há 
denúncia e, por conseguinte, não há acusado. 
 “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações” (art. 
7º, XXI, Lei 8.906/94 com redação dada pela Lei n. 13.245/16). Não 
representa nenhuma novidade. A assistência do advogado já estava prevista 
na CF. 
De acordo com o mesmo inciso: a presença do advogado seria obrigatória 
na investigação preliminar? Professor: “penso que não” (a Lei é recente e os 
manuais não tratam sobre o tema). Fundamentos para a resposta: a) fosse a 
presença do advogado obrigatória durante todo os atos e diligências 
investigatórias a mudança deveria ter sido feita no CPP; b) é absolutamente 
inexequível a presença do advogado nas investigações. 
Como, então, interpretar o inciso? Se o advogado estiver presente na 
delegacia de polícia não poderia ser negado a ele, em regra, o direito de 
acompanhar a diligência policial, sob risco de nulidade absoluta da diligência 
[comprovação do prejuízo; não é tecnicamente nulidade, mas ilegalidade], 
em razão da negação do direito à assistência. 
O advogado não pode requisitar diligências durante a investigação preliminar. 
Houve veto presidencial na alínea “b”, do inciso XXI, do art. 7º, do Estatuto da OAB, que 
previa a possibilidade do advogado requisitar diligências. Este veto reforça a corrente de 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
18 
que o inquérito é um procedimento inquisitorial. 
O ofendido ou seu representante legal podem apenas requerer diligências (art. 14 
do CPP). 
6.4.1. Pacote Antricrime 
Quando o objeto do inquérito for a investigação por fato que envolva o emprego 
de força letal, no exercício da função, por servidores de órgãos da segurança pública, a 
autoridade policial deve citar (notificar) o investigado e, sendo este omisso, deve ser 
intimada a instituição a que estava vinculada o investigado à época do fato. 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições 
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como 
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais 
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos 
relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de 
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o 
indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado 
deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, 
podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas 
a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência 
de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável 
pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado 
o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no 
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a 
representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Essa prerrogativa é aplicada aos servidores das forças armadas que empregrem 
força letal em missões para a GLO (Garantia da Lei e da Ordem).13 
6.4.2. Inquérito para fins de expulsão de estrangeiro atualizar 
A Lei 6.815/1980, regulamentada pelo Decreto 86.715/1981, foi revogada pela Lei 
13.445/2017 (Lei de Migração), regulamentada pelo Decreto 9.199/2017. Antes da Lei de 
Migração, era obrigatória a observância do contraditório e, atualmente, no processo de 
expulsão devem ser observados o contraditório e a ampla defesa (art. 58 da Lei 
6.815/80). 
 
13
 Art. 14-A, § 6º do CPP c/c art. 16-A do CPPM. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
19 
Note-se que se cuida de um procedimento administrativo e não de um inquérito 
policial propriamente dito. 
Lei 6.815/80. Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa 
de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, 
conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. 
Decreto 9.199/2017. Art. 192. A expulsão consiste em medida 
administrativa da retirada compulsória do território nacional instaurada por 
meio de Inquérito Policial de Expulsão, conjugada com impedimento de 
reingresso por prazo determinado do imigrante ou do visitante com 
sentença condenatória transitada em julgado pela prática de: 
6.5. Procedimento discricionário 
Discricionariedade significa liberdade de atuação dentro dos limites legais. Os 
arts. 6º e 7º do CPP possuem um rol exemplificativo de diligências investigatórias,porém 
não há um procedimento rígido. 
Não podemos confundir discricionariedade com arbitrariedade. Discricionariedade 
significa liberdade de atuação dentro dos limites da lei. Arbitrariedade significa atuação 
em desacordo com a lei (exemplo, negar que o advogado fale com o réu). 
Sobre essa discricionariedade, temos alguns dispositivos: 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado 
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a 
juízo da autoridade. 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a 
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando 
não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será 
INDISPENSÁVEL o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Essa discricionariedade não é absoluta, pois há diligencias que podem ser 
requeridas pelo ofendido que obrigatoriamente tem que ser realizadas, como no caso 
do exame de corpo de delito quando a infração deixar vestígios. 
CRFB - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
(...) VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de 
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas 
manifestações processuais; 
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: (...) II - realizar as 
diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
Essas requisições deverão ser atendidas quando forem legais, mas às vezes o 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
20 
MP pode fazer requisição manifestamente ilegal, a exemplo de investigar uma conduta 
atípica. Nesse caso, o Delegado não é obrigado a cumprir uma ordem 
MANIFESTAMENTE ilegal (posição majoritária14). Em tais hipóteses, o Delegado pode 
se recusar a cumprir essas requisições, sempre fazendo de maneira fundamentada. 
 Quando o Delegado atende a essas requisições ministeriais, ele está 
agindo porque é subordinado ao MP? 
Não há subordinação, não há hierarquia, pois são duas instituições diversas. 
 Mas porque o Delegado de Polícia é obrigado a atender a essa requisição? 
Porque a Polícia também está sujeita ao princípio da obrigatoriedade da ação 
penal pública. 
Lei 12.830/13 (dispõe sobre a investigação pelo delegado) - Art. 2, “§ 
3º O delegado de polícia conduzirá a investigação criminal de acordo com 
seu livre convencimento técnico-jurídico, com isenção e 
imparcialidade.” (VETADO) 
Razões do veto: “Da forma como o dispositivo foi redigido, a referência ao 
convencimento técnico- jurídico poderia sugerir um conflito com as atribuições 
investigativas de outras instituições, previstas na Constituição Federal e no Código de 
Processo Penal. Desta forma, é preciso buscar uma solução redacional que assegure as 
prerrogativas funcionais dos delegados de polícias e a convivência harmoniosa entre as 
instituições responsáveis pela persecução penal”. 
A legislação indica, de maneira não exaustiva, diligências que podem ou devem 
ser realizadas para melhor aparelhar o inquérito policial: 
 Arts. 6º e 7º, CPP; 
 Art. 2º da Lei 12.830/13; 
 Arts. 13-A e 13-B, CPP (tráfico de pessoas). 
6.6. Procedimento indisponível 
 Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de 
inquérito. 
Em nenhuma hipótese o delegado poderá arquivar o inquérito policial. 
A indisponibilidade do inquérito não se confunde com o juízo negativo de 
admissibilidade para instauração da investigação que pode ser exercido pelo 
delegado. Extrai-se esse entendimento do art. 5º § 2º. 
Art. 5º (...) § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de 
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
 
14
 CESPE já apontou que a requisição do MP pode não ser atendida sem destacar a manifesta ilegalidade. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
21 
Em razão disso, a doutrina discute a possibilidade do delegado invocar o princípio 
da insignificância para deixar de instaurar o inquérito: 
1ª Posição (doutrina tradicional majoritária): não é possível. 
2ª Posição (intermediária, LFG): o delegado deve instaurar a investigação, 
mas pode não indiciar o suspeito em razão da insignificância da conduta. 
Concluído o inquérito, deve ser remetido à autoridade competente (MP) 
para, se for o caso, arquivar o inquérito. 
3ª Posição (Henrique Hoffmann – PCPR): o delegado pode deixar de 
instaurar o inquérito policial em razão do princípio da insignificância. Trata-
se de um juízo negativo de instauração e não arquivamento do inquérito. 
Segundo RB, a jurisprudência tem reconhecido a validade de investigações 
preliminares realizadas antes da instauração do inquérito policial, por meio de 
procedimento chamado de VPI (verificação de procedência de informação). Ademais, 
uma vez instaurado o inquérito policial, mesmo que a autoridade policial conclua pela 
atipicidade da conduta, não poderá determinar o arquivamento. 
6.7. Procedimento temporário 
Essa característica não é adotada por alguns doutrinadores, mas tem ganhado 
força na jurisprudência. 
 Individuo preso: 10 dias (improrrogáveis) 
 Individuo solto: 30 dias (prorrogáveis). 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, 
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a 
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante 
fiança ou sem ela. 
Com o advento do PAC (Lei 13.964/19), será da competência do juiz das 
garantias a prorrogação de duração do inquérito e o prazo será de 15 dias (eficácia 
suspensa). 
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da 
legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos 
individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do 
Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem 
como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o 
exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do 
disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
22 
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, 
mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério 
Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for 
concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
 Mas por quantas vezes poderá ser prorrogado no caso de réu solto? 
O CPP não fala nada, a doutrina muito pouco. Em um julgado paradigma, o STJ 
concluiu que o prazo do inquérito policial envolvendo investigado solto não pode ser 
sucessivamente prorrogado, sob pena de violação ao princípio da garantia da razoável 
duração do processo. 
STJ: “(...) No caso, passados mais de 7 anos desde a instauração do 
Inquérito pela Polícia Federal do Maranhão, não houve o oferecimento de 
denúncia contra os pacientes. É certo que existe jurisprudência, inclusive 
desta Corte, que afirma inexistir constrangimento ilegal pela simples 
instauração de Inquérito Policial, mormente quando o investigado está 
solto, diante da ausência de constrição em sua liberdade de locomoção 
(HC 44.649/SP, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJU 08.10.07); entretanto, não 
se pode admitir que alguém seja objeto de investigação eterna, porque 
essa situação, por si só, enseja evidente constrangimento, abalo moral e, 
muitas vezes, econômico e financeiro, principalmente quando se trata de 
grandes empresas e.empresários e os fatos já foram objeto de Inquérito 
Policial arquivado a pedido do Parquet Federal. Ordem concedida,para 
determinar o trancamento do Inquérito Policial 2001.37.00.005023-0 (IPL 
521/2001), em que pese o parecer ministerial em sentido contrário. (STJ, 
5ª Turma, HC 96.666/MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 
04/09/2008, DJe 22/09/2008). 
O art. 31 da Lei 13.869/19 configura como abuso de autoridade a conduta do agente 
público que estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do 
investigado ou fiscalizado. 
7. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 Qual é a espécie de ação penal a que esse delito está sujeito? 
Dependendo da espécie de ação penal teremos uma diferente forma de 
instauração do inquérito. 
 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
23 
7.1. Crimes de ação penal pública condicionada ou de ação penal 
de iniciativa privada 
Nesses casos o inquérito não pode ser instaurado de ofício. 
O inquérito depende de prévia manifestação da vítima ou de seu representante 
legal. 
Não há necessidade de formalismo. É preciso apenas de alguma indicação por 
parte da vítima de que ela tenha interesse na persecução penal. (exemplo, boletim de 
ocorrência). 
7.2. Crimes de ação penal pública incondicionada 
Nesses casos, o inquérito poderá ser instaurado: 
a) De ofício: 
O Delegado toma conhecimento e através de uma portaria determina a 
instauração do inquérito. 
 
b) Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público: 
Essa requisição da autoridade judiciária não é compatível com o nosso sistema 
acusatório. Não é conveniente que o Juiz requisite a instauração de um inquérito, pois 
estaria comprometendo sua imparcialidade e o próprio sistema acusatório. Nesses casos, 
o ideal é encaminhar a notícia ao órgão ministerial, para que o MP requisite a instauração 
do inquérito. 
 
c) Requerimento do ofendido (ou de seu representante legal). 
Nesses casos poderá ocorrer o indeferimento pelo Delegado, pois ele não é 
obrigado a instaurar o inquérito. Diante do indeferimento por parte do Delegado, quais são 
as opções? O CPP prevê um recurso inominado para o chefe de polícia (Secretário de 
Segurança Pública ou Superintendente da Polícia Federal ou Delegado geral da polícia 
Civil). 
 
d) Notícia oferecida por qualquer do povo. 
 
e) Auto de prisão em flagrante delito. 
8. NOTITIA CRIMINIS 
8.1. Conceito 
É o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
24 
acerca de um fato delituoso. 
8.2. Espécies 
a) De cognição imediata (espontânea ou direta): a autoridade policial toma 
conhecimento do crime através de suas atividades rotineiras ou até mesmo pela 
imprensa. 
Ex.: interceptação telefônica quanto ao tráfico de drogas, mas se descobrem 
fortuitamente demais elementos de outros delitos. Nesse caso o Delegado pegará esses 
novos elementos e instaurará outro inquérito policial. 
b) De cognição mediata (provocada ou indireta): a autoridade policial toma 
conhecimento do crime através de um expediente escrito (ex. requisição ministerial ou 
requerimento da vítima). 
c) De cognição coercitiva: nesse caso a autoridade policial toma conhecimento 
do fato delituoso através da apresentação de indivíduo preso em flagrante. Ou seja, o 
delegado é obrigado a tomar conhecimento do fato delituoso, por meio da instauração do 
auto de prisão em flagrante. 
8.3. Notitia Criminis inqualificada (Denúncia anônima) 
Também chamada de “denúncia anônima” ou “denuncia apócrifa”. 
 Poderá ser instaurado um inquérito policial com base nessa denúncia? 
A CF veda o anonimato, porque ele inviabiliza uma futura e possível ação para 
reparação dos danos morais. Mas, por outro lado, em matéria criminal não se pode negar 
a informação. 
STF: “(...) Firmou-se a orientação de que a autoridade policial, ao 
receber uma denúncia anônima, deve antes realizar diligências 
preliminares para averiguar se os fatos narrados nessa "denúncia" 
são materialmente verdadeiros, para, só então, iniciar as 
investigações”. (STF, 1ª Turma, HC 95.244/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 
23/03/2010, DJe 76 29/04/2010). 
9. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO 
 Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de 
despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da 
sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. 
Prevalece o entendimento de que o art. 21 do CPP não foi recepcionado pela 
Constituição, visto que o CPP foi editado na década de 40, época em que vigorava o 
sistema inquisitorial. 
Ademais, o advogado tem direito de assistir a seus clientes durante a apuração 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
25 
das infrações penais. Segundo, nem mesmo no Estado de Defesa (art. 136, §3º, IV, da 
CF) e de Sítio é possível a incomunicabilidade. 
10. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 
Se nenhuma pena pode passar da pessoa do condenado, no âmbito do processo 
penal é necessário identificar as pessoas. 
A identificação criminal é considerada gênero, tendo ao menos 3 espécies: 
a) Identificação fotográfica: método válido, porém não é infalível, pois, com o 
passar dos anos, a pessoa fica diferente, e a foto pode ser alterada. 
 
b) Identificação Datiloscópica: é a colheita das impressões digitais. É um 
método mais seguro de identificação. 
 
c) Identificação do perfil genético: foi introduzida pela Lei 12.654/12. Visa trazer 
uma forma de identificação mais segura. 
 
 Existe obrigatoriedade da identificação criminal? 
CRFB. Art. 5º. (...) LVIII - o civilmente identificado não será 
submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 
Portanto, será obrigatória a identificação criminal quando: 
 o indivíduo não se identificar civilmente; 
 nas hipóteses previstas em lei, ainda que o indivíduo tenha se identificado 
civilmente. 
 
10.1. Leis relativas à identificação criminal 
 Art. 109, ECA (tacitamente revogada pela Lei 12.037/09) 
 Lei 9.034/95 (revogada pela Lei 12.850/13 – Lei das Organizações 
Criminosas) 
 Lei 10.054/00 (revogada pela Lei 12.037) 
 Lei 12.037/09 (vigente) 
Lei 12.037/09. Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei. 
Portanto, a única lei que trata da identificação criminal atualmente é a Lei 
12.037/09. Todos os demais dispositivos legais que tratavam do assunto estão revogados 
 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
26 
10.2. Hipóteses que autorizam a identificação criminal 
independentemente de anterior identificação civil 
Lei n. 12.037/09 - Art. 3º Embora apresentado documento de 
identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: 
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar 
cabalmente o indiciado; 
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com 
informações conflitantes entre si; 
IV – a identificação criminal for essencial às investigações 
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que 
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do 
Ministério Público ou da defesa; 
O inciso IV é o único do art. 3º que demanda prévia autorização judicial. As 
demais hipóteses podem ser determinadas pela própria autoridade policial. 
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou 
diferentes qualificações; 
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da 
localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a 
completa identificação dos caracteres essenciais. 
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão 
ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda 
que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 
 
10.3. Identificação do perfil genético (Lei n. 12.654/12) 
A identificação do perfil genético foi introduzida pela Lei n. 12.654/12.Tal diploma 
normativo alterou a Lei n. 12.037/09 e a LEP. 
Lei 12.037/09 - Art. 5º (...) 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3º, a identificação 
criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção 
do perfil genético. 
Essa coleta de material biológico depende de autorização judicial. 
Ademais, não viola o direito a não autoincriminação, visto que o STF entende que 
o indivíduo não tem o direito de falsear sua identidade. 
Diante da impossibilidade de produzir provas invasivas, é possível obter o 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
27 
material biológico da coleta de material descartado pelo investigado. 
Lei 12.037/09. 
Art. 5º-A Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão 
ser armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por 
unidade oficial de perícia criminal. 
§ 1º As informações genéticas contidas nos bancos de dados de 
perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou 
comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, 
consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos 
humanos, genoma humano e dados genéticos. 
§ 2º Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos 
terão caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente 
aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos 
previstos nesta Lei ou em decisão judicial. 
Na LEP essa identificação do perfil genético será compulsória para os 
condenados pela prática de certos crimes, independentemente de prévia autorização 
judicial. 
LEP (Lei 7.210/84) 
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com 
violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos 
crimes previstos no art. 1o da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, serão 
submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, 
mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica 
adequada e indolor. (Incluído pela Lei n. 12.654/12). 
 
Decreto 7.950/13 - Art. 1º Ficam instituídos, no âmbito do Ministério 
da Justiça, o Banco Nacional de Perfis Genéticos e a Rede Integrada de 
Bancos de Perfis Genéticos. 
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Genéticos tem como objetivo 
armazenar dados de perfis genéticos coletados para subsidiar ações 
destinadas à apuração de crimes. 
§ 2º A Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos tem como 
objetivo permitir o compartilhamento e a comparação de perfis genéticos 
constantes dos bancos de perfis genéticos da União, dos Estados e do 
Distrito Federal. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
28 
11. INDICIAMENTO 
11.1. Conceito 
Consiste em atribuir a alguém a autoria de determinada infração penal. 
O indiciamento produz dois efeitos: 
a) endoprocessuais: é o antecedente lógico de uma denúncia, podendo 
acarretar a adoção de medidas cautelares; 
b) extraprocessuais: o sujeito é apontado perante a sociedade como provável 
autor do delito. 
11.2. Momento 
O indiciamento é exclusivo da fase investigatória, ou seja, se o processo judicial já 
teve início não se fala mais em indiciamento. O indiciamento apenas pode ocorrer 
enquanto estiver na fase investigatória. 
O indiciamento pode ser feito desde o auto de prisão em flagrante até o relatório 
final do delegado. 
STJ: “(...) Esta Corte Superior de Justiça, reiteradamente, vem 
decidindo que o indiciamento formal dos acusados, após o recebimento 
da denúncia, submete os pacientes a constrangimento ilegal e 
desnecessário, uma vez que tal procedimento, que é próprio da fase 
inquisitorial, não mais se justifica quando a ação penal já se encontra em 
curso. Habeas corpus concedido para cassar a decisão que determinou o 
indiciamento formal dos pacientes, excluindo-se todos os registros e 
anotações, relativos ao processo de que aqui se cuida, sem prejuízo do 
regular andamento da ação penal. (STJ, 6ª Turma, HC 182.455/SP, Rel. 
Min. Haroldo Rodrigues, j. 05/05/2011). 
11.3. Espécies 
A doutrina costuma dizer que há duas espécies de indiciamento: 
a) Indiciamento direto: ocorre quando o investigado está presente (esse é a 
regra); 
b) Indiciamento indireto: no caso de investigado ausente (não se sabe o 
paradeiro). 
11.4. Pressupostos 
Precisa de um mínimo de elementos informativos quanto à autoria e 
materialidade. O indiciamento não pode ser um ato arbitrário do Delegado. Significa que 
para indiciar alguém deverá demonstrar elementos quanto à autoria e materialidade. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
29 
Lei 12.830/13. Art. 2º (...) § 6º O indiciamento, privativo do delegado 
de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-
jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas 
circunstâncias. 
Ausentes esses elementos eventual indiciamento deve ser considerado nítido 
constrangimento ilegal. 
STF: “(...) Indiciamento. Ato penalmente relevante. Lesividade 
teórica. Indeferimento. Inexistência de fatos capazes de justificar o 
registro. Constrangimento ilegal caracterizado. Liminar confirmada. 
Concessão parcial de habeas corpus para esse fim. Precedentes. Não 
havendo elementos que o justifiquem, constitui constrangimento 
ilegal o ato de indiciamento em inquérito policial”. (STF, 2ª Turma, HC 
85.541, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 157 21/08/2008). 
11.5. Atribuição 
O indiciamento sempre já era considerado pela doutrina como um ato privativo 
do Delegado de Polícia antes do advento da Lei 12.830/13 (§6º, art. 2º, da Lei 
12.830/13). 
O indiciamento não pode ser objeto de requisição. 
STF: “(...) Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da 
autoridade policial, não existe fundamento jurídico que autorize o 
magistrado, após receber a denúncia, requisitar ao Delegado de Polícia 
o indiciamento de determinada pessoa. A rigor, requisição dessa 
natureza é incompatível com o sistema acusatório, que impõe a 
separação orgânica das funções concernentes à persecução penal, de 
modo a impedir que o juiz adote qualquer postura inerente à função 
investigatória. Doutrina. Lei 12.830/2013. Ordem concedida”. (STF, 2ª 
Turma, HC 115.015/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 27/08/2013). 
Essa requisição não pode ser feita pelo MP. 
Com o advento do PAC, o juiz das garantias terá competência para julgar HC 
impetrado antes do oferecimento da denúncia (art. 3º-B). 
11.6. Desindiciamento 
Nada mais é do que a cassação (desconstituição) de anterior indiciamento. 
O indiciamento é privativo do Delgado, mas o desindiciamento pode ser feito pelo 
próprio Delegado (desindiciamento voluntário), mas também poderá ser feito pelo 
Judiciário (desindiciamento coacto) se acaso reconhecido constrangimento ilegal no 
julgamento de um HC. 
Com o advento do PAC, é competência do juiz das garantias (art. 3º-B, IX) 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
30 
11.7. Sujeito passivo 
Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. 
Exceção: a) membro da Magistratura do MP; e b) autoridades com 
prerrogativa de função. 
Os membros do Judiciário e MP não podem ser indiciados, porque a LOMAN 
e a LOMP possuem dispositivos expressos, vedando o indiciamento. Além disso, essas 
leis dispõem que se surgir indícios da prática de um delito por um membro do Judiciário 
ou do MP, as investigações devem ser encaminhadas de imediato à chefia da instituição. 
A finalidade é que o Poder Executivo não utilize o aparato policial para pressionar 
o Poder Judiciário ou o MP. 
Quanto às autoridades com foro por prerrogativa de função não há previsão 
legal disso, mas foi decidido pelo STF que autoridades dotadas de foro por prerrogativa 
de função só podem ser investigadas e indiciadas mediante prévia autorização do 
Relator do Tribunal competente (Inq. 2.411). 
STF: “(...) Se a Constituição estabelece que os agentes políticos 
respondem, por crime comum, perante o STF (CF, art. 102, I, b), não 
hárazão constitucional plausível para que as atividades diretamente 
relacionadas à supervisão judicial (abertura de procedimento 
investigatório) sejam retiradas do controle judicial do STF. A iniciativa do 
procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF contando com a 
supervisão do Ministro-Relator do STF. A Polícia Federal não está 
autorizada a abrir de ofício inquérito policial para apurar a conduta 
de parlamentares federais ou do próprio Presidente da República (no 
caso do STF). No exercício de competência penal originária do STF (CF, 
art. 102, I, "b" c/c Lei nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts. 230 a 234), a 
atividade de supervisão judicial deve ser constitucionalmente 
desempenhada durante toda a tramitação das investigações desde a 
abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual 
oferecimento, ou não, de denúncia pelo dominus litis. Questão de 
ordem resolvida no sentido de anular o ato formal de indiciamento 
promovido pela autoridade policial em face do parlamentar 
investigado”. (STF, Pleno, Inq. 2.411 QO/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
DJe 74 24/04/2008). 
Obs.: Surgindo indícios da prática de crime por parte de magistrado, o 
prosseguimento dessa investigação criminal não depende de deliberação do órgão 
especial do tribunal competente, cabendo ao relator a quem o inquérito foi distribuído 
determinar as diligências que entender cabíveis. O parágrafo único do art. 33 da 
LOMAN não autoriza concluir ser necessária a submissão do procedimento 
investigatório ao órgão especial tão logo chegue ao tribunal competente, para que seja 
autorizado o prosseguimento do inquérito. Trata-se, em verdade, de regra de 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
31 
competência. 
No tribunal, o inquérito é distribuído ao relator, a quem cabe 
determinar as diligências que entender cabíveis para realizar a 
apuração, podendo chegar, inclusive, ao arquivamento. Cabe ao órgão 
especial receber ou rejeitar a denúncia, conforme o caso, sendo 
desnecessária a sua autorização para a instauração do inquérito 
judicial. Nesse contexto: STJ, 6ª Turma, HC 208.657/MG, Rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, j. 22/4/2014, DJe 13/05/2014. 
11.8. Afastamento do servidor público do exercício de suas 
funções como efeito automático do indiciamento em crimes de 
lavagem de capitais 
Lei n. 9.613/98 (Lei de Lavagem de Capital) 
Art. 17-D. “Em caso de indiciamento de servidor público, este 
será afastado, sem prejuízo da remuneração e demais direitos previstos 
em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o 
seu retorno”. (redação dada pela Lei n. 12.683/12) 
Esse artigo prevê que o indiciamento (privativo de Delegado) acarreta 
automaticamente o afastamento do servidor público, desde que o crime de lavagem esteja 
sendo praticado pelo servidor em razão do exercício das suas funções. 
Renato Brasileiro, Pier Paolo Bottini e Gustavo Henrique Badaró sustentam que 
esse dispositivo é inconstitucional, pois este afastamento está sujeito à cláusula de 
reserva de jurisdição. 
Ademais, esse afastamento está previsto no CPP como medida cautelar diversa 
da prisão, que pode ser apenas decretada pelo Juiz. 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
(...) 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de 
natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua 
utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
12. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
12.1. Prazo para a conclusão do IP 
O prazo dependerá se o investigado está preso ou solto. Esse prazo está previsto 
no CPP e na legislação especial. 
CPP. Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
32 
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, 
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a 
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante 
fiança ou sem ela. 
Prevalece o entendimento que se o individuo está preso esse prazo não pode ser 
prorrogado. Não observado esse prazo de 10 dias, a jurisprudência vem sustentando que 
dependendo do excesso de prazo (exemplo, 01 ano), a prisão pode se tornar ilegal, de 
modo que individuo deverá ser solto sem prejuízo da continuidade das investigações. 
Segundo a jurisprudência a contagem do prazo é global, ou seja, envolve o 
inquérito e a fase judicial. Portanto, eventual excesso de 2 dias, por exemplo, pode ser 
compensado na fase processual. 
STJ: “(...) A prisão ilegal, que há de ser relaxada pela autoridade 
judiciária, em cumprimento de dever-poder insculpido no artigo 5º, inciso 
LXV, da Constituição da República, compreende, por certo, aquela que, 
afora perdurar por prazo superior ao prescrito em lei, ofende de forma 
manifesta o princípio da razoabilidade. É induvidosa a caracterização de 
constrangimento ilegal, quando perdura a constrição cautelar por mais de 
seis meses, sem oferecimento da denúncia, fazendo-se invocável a 
razoabilidade. Ordem concedida”. (STJ, 6ª Turma, HC 44.604/RN, Rel. 
Min. Hamilton Carvalhido, j. 09/12/2005, DJ 06/02/2006, p. 356) 
Quando o individuo estiver solto, esse prazo poderá ser prorrogado. 
Lembrando que a jurisprudência entende que a razoável duração do processo também 
se aplica às investigações 
 Qual a natureza do prazo de conclusão do IP? 
PRAZO PENAL PRAZO PROCESSUAL PENAL 
o dia do inicio é computado o dia do inicio não é computado 
fatais e improrrogáveis (termina 
qualquer dia e horário) 
prorrogáveis 
Quando se trata de investigado SOLTO o prazo será processual penal. 
Todavia, quando o indivíduo está PRESO teremos duas correntes: 
 1ª Corrente (minoritária15): investigado preso esse prazo tem natureza 
penal, porque, segundo Nucci, envolvendo direito de liberdade, a 
norma sobre o prazo de conclusão do inquérito é norma processual 
mista ou material. Ademais, as delegacias funcionam em sistema de 
plantão não havendo necessidade de prorrogar o prazo para o 
 
15
 Nucci e Aury Lopes Jr. 
Processo Penal – Inquérito Policial – Renato Brasileiro 
33 
primeiro dia útil subsequente; 
 2ª Corrente (majoritária)16: no caso de investigado preso, esse prazo 
tem natureza processual penal. Não confundir prazo para 
conclusão do inquérito com o prazo de prisão, que tem natureza 
penal, com prazo do inquérito que é um procedimento administrativo. 
12.1.1. Prazos previstos 
Lei 5.010/66 (Justiça Federal) - Art. 66. O prazo para conclusão do 
inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver preso, 
podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente 
fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir 
o conhecimento do processo. 
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão 
do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz. 
 
Lei 11.343/06 (Drogas) - Art. 51. O inquérito policial será concluído 
no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 
(noventa) dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser 
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido 
justificado da autoridade de polícia judiciária. 
 
CPPM. Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se 
o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se 
executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o 
indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o 
inquérito. 
1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela 
autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou 
perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à 
elucidação do fato. 
 
Lei 8.072/90 (Crimes

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