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Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 1 Introdução Eletromagnetismo 2015 Neri Alves 02/10/2015 - 2a Aula Fluxo Na linguagem cotidiana a palavra fluxo remete diretamente à ideia de escoamento de liquido, de gases, pessoas veículos e etc. No entanto o conceito de fluxo pode ser aplicado para qualquer grandeza vetorial. Para iniciar a analise de fluxo considere um vetor genérico �⃗ que cruza uma superfície S, tal que em um elemento infinitesimal de área podemos escrever. �� = �⃗ ∙��⃗ � = ��⃗ ∙��⃗ � A seguir dá-se o exemplo de um caso particular: Considere uma tela plana, uma inclinada em relação à horizontal, colocada em uma calha retangular onde há um líquido escoando com uma �⃗ n� S �� Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 2 velocidade �⃗. O fluxo do vetor velocidade da água sobre esta tela é dado como mostra o diagrama por � = �⃗ ∙�� Fluxo numa superfície fechada. Quando queremos calcular o fluxo numa superfície fechada, devemos integrar o produto escalar �⃗ ∙��⃗ em toda superfície: Assim: temos � = ��⃗ ∙��⃗ � Para a eletrostática é de grande relevância o cálculo do fluxo num volume fechado. Este cálculo, que vamos desenvolver a seguir, permite enunciar uma importante propriedade do cálculo vetorial e uma das leis fundamentais do eletromagnetismo. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 3 Considere o volume infinitesimal �� = ������ e o vetor �⃗. Vamos calcular o fluxo do vetor �⃗ neste volume infinitesimal. Ou seja, vamos calcular a integral ∮�⃗ ∙���� no cubo. Para isso vamos calcular nas 6 faces. Calculo na face 1 – Plano xy �� = −� ̂ �⃗ = �⃗(�,��,�) Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 4 �� = ���� (Elemento de área da superfície) △ �� = � �⃗ ∙���� �� �⃗ = ��� +̂ ��� +̂ ���� △ �� = � �⃗ ∙����� �� = � ���� +̂ ��� +̂ �����∙[−�]̂���� �� △ �� = ∫ �⃗ ∙������� = − ∫ �������� onde �� é constante sobre a superfície ��, assim △ �� = −�� Δ� Δz Face 2 – Plano xz, mas onde � = ���Δy △ �� = � �⃗ ∙����� =? �� ��� = � ̂ Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 5 △ �� = � ���� +̂ ��� +̂ �����∙[�]̂���� �� = � ������ �� △ �� = �� (x,y� + Δy,z)Δ� Δz Usando uma aproximação linear de 1a ordem �� (x,y� + Δy,z)≅ �� (x,y�,z)+ ∂�� ∂y � �� Δy+ ⋯ Assim △ �� = �� (x,y�,z)Δ� Δz+ ∂�� ∂y � �� ΔxΔyΔz e △ �� +△ �� = −�� Δ� Δz+ �� Δ� Δz+ ∂�� ∂y � �� ΔxΔyΔz △ �� +△ �� = ��� �� � �� ΔxΔyΔz Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 6 E repetindo para as outras faces chega-se à △ � = � ∂�� ∂x + ∂�� ∂y + ∂�� ∂z � ������ �� ΔxΔyΔz Portanto � �⃗ ∙�� �� � = � ∂�� ∂x + ∂�� ∂y + ∂�� ∂z � ������ �� ΔxΔyΔz Onde ΔxΔyΔz= ΔV sendo ΔV o volume do cubo. Agora vamos analisar o fluxo por unidade de volume quando o volume tende a zero. lim �→ � 1 � � �⃗ ∙�� �� � = lim �→ � � 1 � � ∂��� ∂x + ∂�� ∂y + ∂�� ∂z � �������� �ΔxΔyΔz Onde ΔV = ΔxΔyΔz. Observe que no limite em que V → 0 e pode cancelar ΔV e V. Assim: lim �→ � 1 � � �⃗ ∙�� �� � = � ∂�� ∂x + ∂�� ∂y + ∂�� ∂z � Onde ∂�� ∂x + ∂�� ∂y + ∂�� ∂z ≡ ∇ ∙A��⃗ O divergente de um vetor é o limite de sua integral de superfície por unidade de volume quando o volume encerrado pela superfície tende a zero. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 7 � ∙�⃗ = ��� �→ � 1 � � �⃗ ∙�� �� � ∇ ∙ = � �� + � �� + � �� (operador divergente) Exemplo de aplicação do divergente Na eletrostática o divergente é uma ferramenta muito poderosa e nos permite concluir se numa região do espaço existe fonte, ou sumidouro de carga, ou se não existe carga. Sendo ��⃗ o campo elétrico: � ∙��⃗ > 0 Fonte, carga positiva � ∙��⃗ < 0 Sumidouro, carga negativa � ∙��⃗ = 0 Não há cargas Esta relação entre cargas e o divergente é expressa pela equação de Poisson, também denominada de forma diferencia da Lei de Gauss. � ∙��⃗ = � �� �� ∙� = � �� (Forma diferencia da Lei de Gauss) O divergente é uma ferramenta que se aplica nas mais diversas áreas da física. Como por exemplo citamos a aplicação em hidrostática. Para um fluido com velocidade ��⃗ a expressão ∮ � ��⃗ ∙�� �� � será a quantidade de fluido por unidade de tempo que deixa o volume encerrado por S. Teorema da Divergência Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 8 Considere um volume dividido em pequenas células ΔVi. Vamos supor que o mesmo seja limitado pela superfície S1. É evidente que � � �⃗ ∙�� �� ��� = � �⃗ ∙�� �� � O sentido para fora de uma célula é o sentido para dentro da célula adjacente. Todos os termos do lado esquerdo se cancelam exceto na superfície. Se tomarmos um número de célula que tende ao infinito, cujo volume tende a zero. Temos ∮ �⃗ ∙�� �� � = lim∆��⟶ � ∑ � � ∆�� ∮ �⃗ ∙�� �� �� �� ∆�� � �⃗ ∙��⬚ �� ⬚ �⬚ = � � ∙�⃗ ⬚ � �� Teorema da divergência Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 9 O divergente mede o fluxo gerado num ponto. E integrado do divergente ∫ � ∙�⃗ � �� é igual ao fluxo gerado no volume que deve ser igual ao fluxo que atravessa a superfície. Integrais de Linha A seguir apresentamos alguns exemplos de integrais de linha. São integrais onde o “espaço” de integração se dá ao longo de uma linha. � �⃗ ∙��⃗ � � � �⃗ × ��⃗ � � � � ��⃗ � � Resolvendo um exemplo. Calcule a integral de linha de um vetor força �⃗ = ��� ̂que atua numa partícula, enquanto se desloca numa trajetória circular de raio R, no plano xy, no primeiro quadrante, como demonstra o esquema. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 10 � = � �⃗ ∙��⃗ � � Onde �⃗ = ��� ̂ ��⃗ = ��� +̂ ��� ̂ � = � (���)̂∙(��� +̂ ���)̂ � � = � (���)̂∙(��� +̂ ���)̂= � � � ���� � � � = ��� 2 Caso mais Geral de uma integral de linha. A seguir será resolvido o caso geral de uma integral de linha com o objetivo de mostrar outra propriedade do cálculo vetorial também de grande importância para o eletromagnetismo: o rotacional de um vetor. Para iniciar o cálculo considere um deslocamento infinitesimal no plano xy �⃗ ∙��⃗ = ���� + ���� Assim para um caminho fechado no plano xy e para qualquer vetor �⃗ a integral de linha do produto escalar �⃗ ∙��⃗ é dada por: ��⃗ ∙��⃗ = ����� + ����� Vamos considerar o caminho infinitesimal em torno do ponto P(x,y,0) Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 11 Qual a integral ∮���� ? Para fazer esta integral vamos analisar cada segmento mostrado na figura. A integral fechada, em torno do ponto P, pode ser reescrita como a soma das integrais nos quatro segmentos lineares, de 4 a 1, de 1 a 2, de 2 a 3 e de 3 a 4, da seguinte forma ������ ���� � � + � ���� � � � ���� � � + � ���� � � Nos segmentos verticais de 1 a 2 e de 3 a 4 as integral são nulaspois x é constante e não há variação de dx. Portanto resta analisar os segmentos horizontais que vai do ponto 4 ao ponto 1 temos: �� ��,� − ∆� � ,��, que é a projeção do vetor �⃗ sobre o eixo x. Como estamos restritos ao plano xy temos que z= 0 e como estamos no segmento horizontal do ponto 4 ao ponto 1 temos que � − ∆� � é constante. Da mesma forma no segmento horizontal que vai do ponto 2 ao ponto 3, temos que a projeção do vetor �⃗ é dada por �� ��,� + ∆� � ,�� . Onde pelas mesmas razões z=0 e � + ∆� � é constante. Então reescrevendo, e usando uma aproximação linear, temos �� ��,� − ∆� 2 � = �� − ��� �� ∆� 2 e Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 12 �� ��,� + ∆� 2 � = �� + ��� �� ∆� 2 para os segmento horizontais de 4 até 1 e de 2 até 3, respectivamente. E assim temos que no plano xy � ���� �� = ��� − ��� �� ∆� 2 �∆� − ��� + ��� �� ∆� 2 � ∆� De onde obtemos: � ���� �� = − ��� �� ∆�∆� O valor da integral ∮ ���� pode se obtido de forma similar, resultando em � ���� �� = ��� �� ∆�∆� Logo a integral de linha de �⃗ ∙��⃗ no plano xy é ∮ �⃗ ∙��⃗ �� = � ��� �� − ��� �� � ∆�∆� onde o ∆�∆� = ∆� e, para simplificar a analise vamos denominar o termo ��� �� − ��� �� simplesmente de “coeficiente” C3. Fazendo a mesma coisa nos planos xz e yz, chega-se a resultados similares � �⃗ ∙��⃗ �� = � ��� �� − ��� �� �∆� � �⃗ ∙��⃗ �� = � ��� �� − ��� �� �∆� Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 13 Para os planos xz e yz respectivamente. E redenominando as derivadas parciais podemos escrever: �� = � ��� �� − ��� �� � e �� = � ��� �� − ��� �� �. Os coeficientes C1, C2 e C3 podem ser associados aos componentes de um vetor dado por ��� +̂ ��� +̂ ����. Ou seja, o resultado da integral acima pode ser expressa como um vetor, que é denominado rotacional de �⃗. Desta forma o rotacional do vetor A, representado por � × �⃗, pode ser expresso como � × �⃗ = � ��� �� − ��� �� � � +̂ � ��� �� − ��� �� � � +̂ � ��� �� − ��� �� ���. ou � × �⃗ = �� �̂ �̂ �� � �� � �� � �� �� �� �� �� O rotacional de um vetor representa o “giro” dos vetores numa região. Se o vetor velocidade de escoamento de liquido tiver um rotacional diferente de zero, significa que se colocar neste liquido uma roda de pás, ela girará e se o rotacional for zero, não girará. Exemplo. Calcule o rotacional para o vetor �⃗, num considerando a situação particular em que, ��⃗ = �� �� . Isto é, estamos olhando para um elemento de área que está no plano o xy. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 14 Qual ∮�⃗ ∙��⃗ a neste caso? Vamos começar pelo cálculo do rotacional. � × �⃗ = � ��� �� − ��� �� � � +̂ � ��� �� − ��� �� � � +̂ � ��� �� − ��� �� � ��. onde os termos em � ̂e � ̂são zero pois z é constante, logo: � × �⃗ = � ��� �� − ��� �� � �� Assim podemos fazer � × �⃗ ∙d�⃗ = � ��� �� − ��� �� � �� ∙��⃗ = � ��� �� − ��� �� � ��, pois ��⃗ = �� �� e está sobre k. Ou seja, foi o que calculamos anteriormente para o plano xy, no caso geral. Então � × �⃗ ∙d�⃗ = � �⃗ ∙��⃗ �� Mas neste caso particular podemos reescrever como �� × �⃗ �d� = � �⃗ ∙��⃗ �� Pois como propomos inicialmente d�⃗ = ����, e, portanto, é só sobre k que se aplica o rotacional. E no limite em que da tende para zero (da→ 0), ou seja, a área tende para um ponto, o comprimento do contorno (S) desta área também tende para zero ( S → 0) �� × �⃗������� � á��� = lim �→ � 1 � � �⃗ ∙��⃗ Daí, a componente do � × �⃗ na direção normal á uma superfície é igual ao limite da integral de linha do vetor �⃗ ao longo do contorno S dividido pelo valor de S quando a área do contorno tender a zero. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 15 O rotacional de um campo vetorial (�⃗(�⃗)), rot �⃗(�⃗) ou �� × �⃗(�⃗) �, nos fornece como resultado um vetor cujas componentes x, y e z mede o resultado da circulação, no ponto em questão, desse campo vetorial por unidade de área, respectivamente, nos planos normais a esses componentes. Nas figuras abaixo, campos vetoriais cujo rotacional é zero E nas figuras a seguir mostram campos vetoriais que tem um rotacional diferente de zero na direção z, conforme pode ser visto pela regra da mão direita. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 16 Teorema de Stokes (Caso particular do /Teorema de Green). É um teorema fundamental para o rotacional. � �⃗ ∙��⃗ � = � � × �⃗ ∙d�⃗ � O teorema de Stokes nos diz que a integral de linha do produto escalar de um vetor pelo deslocamento, num dado contorno, é igual a integral do rotacional sobre qualquer superfície delimitada por este contorno. Exercícios 1. Calcule o gradiente da função f = x− xy+ 3z� 2. Faça o esboço de uma função escalar e indique vetor o seu gradiente. Dê um exemplo prático. Notas de aulas de eletromagnetismo 2a Aula- Continuação de “Analise vetorial “ 17 3. Demonstre o teorema da divergência. 4. Faça um esboço de campos vetoriais que tenha divergente zero e diferente de zero. Cite exemplos. 5. Faça o esboço de um campo vetorial que tenha rotacional diferente de zero. Discuta um exemplo. 6. Encontre o divergente e o rotacional do vetor �⃗ = (�� + ��)� +̂ (�� + ��)� +̂ (�� + ��)�� 7. Se �⃗ for um vetor que vai desde a origem até o ponto (x,y,z), demonstre que ∇ ∙r⃗ = 3 , ∇ × r⃗ = 0 e (u� ∙∇)r⃗ = u� 8. Se � for o modulo do vetor que vai desde a origem até o ponto (x,y,z) e f(r) for uma função arbitraria de r, prove que ∇f(r)= �⃗ � df �� 9. . Prove que ∇. F�⃗ (r)= �⃗ � dF�⃗ (r) �� 10. Calcule o divergente de v�⃗ = �̂ �� 11. Considerando a situação particular onde ��⃗ = �� �� demonstre o teorema de Stookes. 12. Calcule o rotacional para o vetor �⃗ considerando a situação particular em que ��⃗ = �� �� .
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