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BECM – SA 5

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BECM BECM –– Turma G1 Turma G1 
55ªª. aula. aula
�� A teoria da ciência A teoria da ciência 
de Karl Popperde Karl Popper
�� Para fazer parte da Para fazer parte da 
ciência, uma ciência, uma 
hiphipóótese deve ser tese deve ser 
falsificfalsificáável.vel.
Karl Popper. Karl Popper. Ciência: Conjecturas Ciência: Conjecturas 
e refutae refutaççõesões
�� Tema: Tema: O problema O problema 
da demarcada demarcaççãoão
Karl Popper. Karl Popper. Ciência: Conjecturas Ciência: Conjecturas 
e refutae refutaççõesões
I I –– Problema: traProblema: traççar ar 
uma distinuma distinçção entre a ão entre a 
ciência e a ciência e a 
pseudociênciapseudociência
�� Resposta tradicional: Resposta tradicional: 
a ciência se distingue a ciência se distingue 
da pseudociência ou da pseudociência ou 
metafmetafíísica pelo uso do sica pelo uso do 
mméétodo emptodo empííricorico, , 
essencialmente essencialmente 
indutivoindutivo, que decorre , que decorre 
da observada observaçção.ão.
�� Reposta insatisfatReposta insatisfatóória: ria: 
a astrologia tamba astrologia tambéém m 
possui uma base possui uma base 
empempíírica.rica.
Conclusões iniciaisConclusões iniciais
(1) (1) ÉÉ ffáácil obter confirmacil obter confirmaçções ou verificaões ou verificaçções para quase toda ões para quase toda 
teoria teoria –– desde que as procuremos.desde que as procuremos.
(2) As confirma(2) As confirmaçções sões sóó devem ser consideradas se resultarem devem ser consideradas se resultarem 
de predide prediçções arriscadas; isto ões arriscadas; isto éé, se, não esclarecidos pela , se, não esclarecidos pela 
teoria em questão, esperarmos um acontecimento teoria em questão, esperarmos um acontecimento 
incompatincompatíível com a teoria e que a teria refutado.vel com a teoria e que a teria refutado.
(3) Toda teoria cient(3) Toda teoria cientíífica boa fica boa éé uma proibiuma proibiçção: ela proão: ela proííbe be 
certas coisas de acontecer. Quanto mais uma teoria procertas coisas de acontecer. Quanto mais uma teoria proííbe, be, 
melhor ela melhor ela éé..
(4) A teoria que não for refutada por qualquer acontecimento (4) A teoria que não for refutada por qualquer acontecimento 
concebconcebíível não vel não éé cientcientíífica. A fica. A irrefutabilidadeirrefutabilidade não não éé uma uma 
virtude, como freqvirtude, como freqüüentemente se pensa, mas um ventemente se pensa, mas um víício.cio.
Conclusões iniciaisConclusões iniciais
(5) Todo (5) Todo testeteste genugenuííno de uma teoria no de uma teoria éé uma tentativa de uma tentativa de 
refutrefutáá--la. A possibilidade de testar uma teoria implica igual la. A possibilidade de testar uma teoria implica igual 
possibilidade de demonstrar que possibilidade de demonstrar que éé falsa. Hfalsa. Háá, por, poréém, m, 
diferentes graus na capacidade de se testar uma teoria: diferentes graus na capacidade de se testar uma teoria: 
algumas são mais testalgumas são mais testááveis, mais expostas veis, mais expostas àà refutarefutaçção do ão do 
que outras; correm, por assim dizer, maiores riscos.que outras; correm, por assim dizer, maiores riscos.
(6) A evidência confirmadora não deve ser considerada (6) A evidência confirmadora não deve ser considerada se não se não 
resultar de um teste genuresultar de um teste genuííno da teoriano da teoria; o teste pode; o teste pode--se se 
apresentar como uma tentativa sapresentar como uma tentativa sééria porria poréém malograda de m malograda de 
refutar a teoria. (Refirorefutar a teoria. (Refiro--me a casos como o da me a casos como o da ““evidência evidência 
corroborativacorroborativa””).).
(7) Algumas teorias genuinamente (7) Algumas teorias genuinamente ““testtestááveisveis””, quando se , quando se 
revelam falsas, continuam a ser sustentadas por revelam falsas, continuam a ser sustentadas por 
admiradores, que introduzem, por exemplo, alguma admiradores, que introduzem, por exemplo, alguma 
suposisuposiçção auxiliar ão auxiliar adad hochoc, ou reinterpretam a teoria , ou reinterpretam a teoria adad hochoc
de tal maneira que ela escapa de tal maneira que ela escapa àà refutarefutaçção. Tal ão. Tal 
procedimento procedimento éé sempre posssempre possíível, mas salva a teoria da vel, mas salva a teoria da 
refutarefutaçção apenas ao preão apenas ao preçço de destruir (ou pelo menos o de destruir (ou pelo menos 
aviltar) seu padrão cientaviltar) seu padrão cientíífico. (Mais tarde passei a fico. (Mais tarde passei a 
descrever essa operadescrever essa operaçção de salvamento como uma ão de salvamento como uma 
““distordistorçção convencionalistaão convencionalista”” ou um ou um ““estratagema estratagema 
convencionalistaconvencionalista””).).
Karl Popper. Karl Popper. Ciência: Conjecturas Ciência: Conjecturas 
e refutae refutaççõesões
““PodePode--se dizer, se dizer, 
resumidamente, que o resumidamente, que o 
critcritéério que define o status rio que define o status 
cientcientíífico de uma teoria fico de uma teoria éé sua sua 
capacidade de ser refutada capacidade de ser refutada 
ou testadaou testada””..
III III -- O problema do critO problema do critéério de rio de 
demarcademarcaççãoão
�� A A refutabilidaderefutabilidade éé
um critum critéério de rio de 
demarcademarcaççãoão, não , não 
de de significadosignificado
�� O problema da O problema da 
significasignificaçção ão éé um um 
pseudoproblemapseudoproblema
�� O critO critéério da rio da 
verificabilidadeverificabilidade éé
inadequado para inadequado para 
resolver o resolver o 
problema da problema da 
demarcademarcaççãoão
IV IV –– HumeHume e o problema da e o problema da 
induinduççãoão
�� ““mesmo apmesmo apóós observar s observar 
uma associauma associaçção constante ão constante 
ou freqou freqüüente de objetos, ente de objetos, 
não temos motivo para não temos motivo para 
inferir algo que não se inferir algo que não se 
refira a um objeto que jrefira a um objeto que jáá
experimentamosexperimentamos””
�� como acontece com como acontece com 
qualquer outro hqualquer outro háábito, bito, 
nosso hnosso háábito de acreditar bito de acreditar 
em leis em leis éé produto da produto da 
repetirepetiçção freqão freqüüenteente –– da da 
observaobservaçção repetida de ão repetida de 
que coisas de uma certa que coisas de uma certa 
natureza associamnatureza associam--se se 
constantemente a coisas constantemente a coisas 
de outra natureza.de outra natureza.
CrCríítica a tica a HumeHume
““Estava convencido de que a psicologia de Estava convencido de que a psicologia de 
HumeHume -- que que éé a psicologia popular a psicologia popular --
estava errada em pelo menos três pontos: estava errada em pelo menos três pontos: 
(a) o resultado t(a) o resultado tíípico da repetipico da repetiçção;(b) a ão;(b) a 
gênese dos hgênese dos háábitos; e especialmente (c) o bitos; e especialmente (c) o 
carcarááter daquelas experiências e tipos de ter daquelas experiências e tipos de 
comportamento que podem ser descritos comportamento que podem ser descritos 
como acreditar numa lei, ou esperar uma como acreditar numa lei, ou esperar uma 
sucessão ordenada de eventossucessão ordenada de eventos””..
O impasse cO impasse cééticotico
1)1) chegamos ao conhecimento chegamos ao conhecimento 
por mpor méétodo não indutivo todo não indutivo 
(resposta compat(resposta compatíível com um vel com um 
certo racionalismo); certo racionalismo); 
2)2) chegamos ao conhecimento chegamos ao conhecimento 
pela repetipela repetiçção e a induão e a induçção ão --
por conseguinte, por mpor conseguinte, por méétodo todo 
logicamente invlogicamente inváálido e lido e 
racionalmente injustificracionalmente injustificáável vel 
pelo que todo o conhecimento pelo que todo o conhecimento 
aparente não passa de uma aparente não passa de uma 
modalidade de crenmodalidade de crençça, a, 
baseada no hbaseada no háábito (resposta bito(resposta 
que implicaria a que implicaria a 
irracionalidade atirracionalidade atéé mesmo do mesmo do 
conhecimento cientconhecimento cientíífico, fico, 
levando levando àà conclusão de que o conclusão de que o 
racionalismo racionalismo éé absurdo e deve absurdo e deve 
ser abandonado).ser abandonado).
�� Ao que parece, Ao que parece, HumeHume nunca nunca 
considerou seriamente a considerou seriamente a 
primeira alternativa. Depois primeira alternativa. Depois 
de rejeitar a explicade rejeitar a explicaçção lão lóógica gica 
da induda induçção pela repetião pela repetiçção, o ão, o 
filfilóósofo negociou com o bom sofo negociou com o bom 
senso permitindo o retorno da senso permitindo o retorno da 
ididééia de que a induia de que a induçção se ão se 
baseia na repetibaseia na repetiçção, revestida ão, revestida 
de explicade explicaçção psicolão psicolóógica. O gica. O 
que propus foi recusar essa que propus foi recusar essa 
teoria de teoria de HumeHume, explicando a , explicando a 
repetirepetiçção (para não (para nóós) como s) como 
conseqconseqüüência da nossa ência da nossa 
inclinainclinaçção para esperar ão para esperar 
regularidades, da busca de regularidades, da busca de 
repetirepetiçções, em vez de explicar ões, em vez de explicar 
tal inclinatal inclinaçção pelas prão pelas próóprias prias 
repetirepetiçções.ões.
SoluSoluçção para o problema da ão para o problema da 
induinduççãoão
Fui levado, portanto, por consideraFui levado, portanto, por consideraçções puramente lões puramente lóógicas, a substituir a gicas, a substituir a 
teoria psicolteoria psicolóógica da indugica da induçção pelo ponto de vista seguinte: em vez de ão pelo ponto de vista seguinte: em vez de 
esperar passivamente que as repetiesperar passivamente que as repetiçções nos imponham suas ões nos imponham suas 
regularidades, procuramos de modo ativo impor regularidades ao mregularidades, procuramos de modo ativo impor regularidades ao mundo. undo. 
Tentamos identificar similaridades e interpretTentamos identificar similaridades e interpretáá--las em termos de leis que las em termos de leis que 
inventamos. Sem nos determos em premissas, damos um salto para inventamos. Sem nos determos em premissas, damos um salto para 
chegar a conclusões chegar a conclusões -- que podemos precisar pôr de lado, caso as que podemos precisar pôr de lado, caso as 
observaobservaçções não as corroborem. ões não as corroborem. 
TratavaTratava--se de uma teoria baseada em processo de tentativas se de uma teoria baseada em processo de tentativas -- de de 
conjecturas e refutaconjecturas e refutaçções. Um processo que permitia compreender por que ões. Um processo que permitia compreender por que 
nossas tentativas de impor interpretanossas tentativas de impor interpretaçções ao mundo vinham, logicamente, ões ao mundo vinham, logicamente, 
antes da observaantes da observaççãode similaridades. Como havia razões lãode similaridades. Como havia razões lóógicas para agir gicas para agir 
assim, pensei que esse procedimento poderia ser aplicado tambassim, pensei que esse procedimento poderia ser aplicado tambéém ao m ao 
campo cientcampo cientíífico; que as teorias cientfico; que as teorias cientííficas não eram uma composificas não eram uma composiçção de ão de 
observaobservaçções mas sim invenões mas sim invençções ões –– conjecturas apresentadas conjecturas apresentadas ousadamenteousadamente, , 
para serem eliminadas no caso de não se ajustarem para serem eliminadas no caso de não se ajustarem ààs observas observaçções (as ões (as 
quais raramente eram acidentais, sendo coligidas, de modo geral,quais raramente eram acidentais, sendo coligidas, de modo geral, com o com o 
proppropóósito definido de testar uma teoria procurando, se posssito definido de testar uma teoria procurando, se possíível, refutvel, refutáá--la).la).
V V –– Sobre o conhecimento anterior Sobre o conhecimento anterior 
àà observaobservaççãoão
�� A observaA observaçção ão éé
sempre seletiva: sempre seletiva: 
exige um objeto, exige um objeto, 
uma tarefa uma tarefa 
definida, um ponto definida, um ponto 
de vista, um de vista, um 
interesse interesse 
especial,um especial,um 
problema.problema.
A resposta de Kant a A resposta de Kant a HumeHume
““O entendimento O entendimento 
não extrai as leis não extrai as leis 
da natureza, mas da natureza, mas 
as impõe a elaas impõe a ela””
O O ““quase acertoquase acerto”” de Kantde Kant
A resposta de Kant a A resposta de Kant a HumeHume estava quase certa: a distinestava quase certa: a distinçção ão 
entre uma expectativa ventre uma expectativa váálida a priori e uma outra genlida a priori e uma outra genéética tica 
e logicamente anterior e logicamente anterior àà observaobservaçção, sem ser contudo ão, sem ser contudo 
vváálida a priori, lida a priori, éé de fato bastante sutil. Kant, porde fato bastante sutil. Kant, poréém, foi m, foi 
muito longe na sua demonstramuito longe na sua demonstraçção. Procurando demonstrar ão. Procurando demonstrar 
como o conhecimento como o conhecimento éé posspossíível, propôs uma teoria que vel, propôs uma teoria que 
tinha a conseqtinha a conseqüüência inevitência inevitáável de condenar ao êxito nossa vel de condenar ao êxito nossa 
busca de conhecimento busca de conhecimento -- o que o que éé evidentemente um erro. evidentemente um erro. 
Kant tinha razão ao dizer que Kant tinha razão ao dizer que ““nosso intelecto não deriva nosso intelecto não deriva 
suas leis da natureza, mas impõe suas leis suas leis da natureza, mas impõe suas leis àà naturezanatureza””. Ao . Ao 
imaginar porimaginar poréém que essas leis fossem necessariamente m que essas leis fossem necessariamente 
verdadeiras ou que necessariamente terverdadeiras ou que necessariamente terííamos êxito em amos êxito em 
impôimpô--las las àà natureza, ele se enganou. Muitas vezes a natureza, ele se enganou. Muitas vezes a 
natureza resiste com êxito, fornatureza resiste com êxito, forççandoando--nos a rejeitar nossas nos a rejeitar nossas 
leis leis -- o que não nos impede de tentar outras vezes.o que não nos impede de tentar outras vezes.
VI VI –– Origem do pensamento Origem do pensamento 
dogmdogmááticotico
Nossa inclinaNossa inclinaçção para ão para 
procurar regularidades e para procurar regularidades e para 
impor leis impor leis àà natureza leva ao natureza leva ao 
fenômeno psicolfenômeno psicolóógico do gico do 
pensamento dogmpensamento dogmáático ou, de tico ou, de 
modo geral, do modo geral, do 
comportamento dogmcomportamento dogmáático: tico: 
esperamos encontrar esperamos encontrar 
regularidades em toda parte e regularidades em toda parte e 
tentamos descobritentamos descobri--las mesmo las mesmo 
onde elas não existem; os onde elas não existem; os 
eventos que resistem a essas eventos que resistem a essas 
tentativas são considerados tentativas são considerados 
como como ““ruruíídos de fundodos de fundo””; ; 
somos fisomos fiééis a nossas is a nossas 
expectativas mesmo quando expectativas mesmo quando 
elas são inadequadas elas são inadequadas -- e e 
deverdeverííamos reconhecer a amos reconhecer a 
derrota.derrota.
�� ComparaComparaçção do dogmão do dogmáático tico 
com o neurcom o neuróótico: eles tico: eles 
interpretam o mundo de interpretam o mundo de 
acordo com um modelo acordo com um modelo 
pessoal fixo que não pessoal fixo que não éé
facilmente abandonado, e facilmente abandonado, e 
cujas racujas raíízes podem remontar zes podem remontar 
àà primeira fase da infância.primeira fase da infância.
VI VI –– Origem do pensamento Origem do pensamento 
dogmdogmááticotico
Estou inclinado a achar que a Estou inclinado a achar que a 
maioria das neuroses podem maioria das neuroses podem 
ser devidas ao não ser devidas ao não 
desenvolvimento da atitude desenvolvimento da atitude 
crcríítica tica -- a um dogmatismo a um dogmatismo 
enrijecido (e não natural);enrijecido (e não natural); àà
resistência resistência ààs exigências de s exigências de 
adaptaadaptaçção de certas ão de certas 
interpretainterpretaçções e respostas ões e respostas 
esquemesquemááticas. Resistência ticas. Resistência 
que em si pode ser explicada, que em si pode ser explicada, 
em alguns casos, por uma em alguns casos, por uma 
injinjúúria ou um choque que ria ou um choque que 
provocou medo e o aumento provocou medo e o aumento 
da necessidade de seguranda necessidade de segurançça, a, 
analogamente ao que analogamente ao que 
acontece quando ferimos um acontece quando ferimos um 
membro, que depois temos membro, que depois temos 
medo de usar medo de usar -- o que o o que o 
enrijece.enrijece.
VII VII –– O pensamento crO pensamento crííticotico
A A atitude dogmatitude dogmááticatica estestáá claramente claramente 
relacionada com a tendência para relacionada com a tendência para verificarverificar
nossas leis e esquemas, buscando aplicnossas leis e esquemas, buscando aplicáá--
los e confirmlos e confirmáá--los sempre, a ponto de los sempre, a ponto de 
afastar as refutaafastar as refutaçções, enquanto a ões, enquanto a atitude atitude 
crcrííticatica éé feita de disposifeita de disposiçção para modificão para modificáá--
los los -- a inclinaa inclinaçção no sentido de testão no sentido de testáá--los, los, 
refutandorefutando--os se isso for possos se isso for possíível. O que vel. O que 
sugere a identificasugere a identificaçção da atitude crão da atitude críítica tica 
com a atitude cientcom a atitude cientíífica e a atitude fica e a atitude 
dogmdogmáática com a que descrevi tica com a que descrevi 
qualificandoqualificando--a de a de pseudocientpseudocientííficafica..
Racionalismo crRacionalismo crííticotico
A ciência comeA ciência começça, portanto, com os mitos e a a, portanto, com os mitos e a 
crcríítica dos mitos; não se origina numa coletica dos mitos; não se origina numa coleçção de ão de 
observaobservaçções ou na invenões ou na invençção de experimentos, ão de experimentos, 
mas sim na discussão crmas sim na discussão críítica dos mitos, das tica dos mitos, das 
ttéécnicas e prcnicas e prááticas mticas máágicas. A tradigicas. A tradiçção cientão cientíífica fica 
se distingue da tradise distingue da tradiçção prão préé--cientcientíífica por fica por 
apresentar dois estratos; como esta apresentar dois estratos; como esta úúltima, ela ltima, ela 
lega suas teorias, mas lega tamblega suas teorias, mas lega tambéém com elas, m com elas, 
uma atitude cruma atitude críítica com relatica com relaçção a essas teorias. ão a essas teorias. 
As teorias são transferidas não como dogmas As teorias são transferidas não como dogmas 
mas acompanhadas por um desafio para que mas acompanhadas por um desafio para que 
sejam discutidas e se posssejam discutidas e se possíível aperfeivel aperfeiççoadas.oadas.
VIII VIII –– A relaA relaçção entre os problemas ão entre os problemas 
da induda induçção e da demarcaão e da demarcaççãoão
1) A indu1) A induçção ão -- isto isto éé, a inferência baseada em grande n, a inferência baseada em grande núúmero de mero de 
observaobservaçções ões -- éé um mito: não um mito: não éé um fato psicolum fato psicolóógico, um fato da gico, um fato da 
vida corrente ou um procedimento cientvida corrente ou um procedimento cientíífico.fico.
2) O m2) O méétodo real da ciência emprega conjecturas e salta para todo real da ciência emprega conjecturas e salta para 
conclusões genconclusões genééricas, ricas, ààs vezes depois de uma s vezes depois de uma úúnica observanica observaçção ão 
(conforme o demonstram (conforme o demonstram HumeHume e Born).e Born).
3) A observa3) A observaçção e a experimentaão e a experimentaçção repetidas funcionam na ciência ão repetidas funcionam na ciência 
como testes de nossas conjecturas ou hipcomo testes de nossas conjecturas ou hipóóteses teses -- isto isto éé, como , como 
tentativas de refutatentativas de refutaçção.ão.
4) A cren4) A crençça errônea na indua errônea na induçção ão éé fortalecida pela necessidade de fortalecida pela necessidade de 
termos um crittermos um critéério de demarcario de demarcaçção que ão que -- conforme aceito conforme aceito 
tradicionalmente, e equivocadamente tradicionalmente, e equivocadamente -- ssóó o mo méétodo indutivo todo indutivo 
poderia fornecer.poderia fornecer.
5) A concep5) A concepçção de tal mão de tal méétodo indutivo, como crittodo indutivo, como critéério de rio de 
verificabilidadeverificabilidade, implica uma demarca, implica uma demarcaçção defeituosa.ão defeituosa.
6) Se afirmarmos que a indu6) Se afirmarmos que a induçção nos leva a teorias provão nos leva a teorias provááveis (e não veis (e não 
certas) nada do que precede se altera fundamentalmente. certas) nada do que precede se altera fundamentalmente. 
IX IX –– O problema O problema llóógicogico da induda induçção ão 
e sua resolue sua resoluççãoão
�� o problema lo problema lóógico da indugico da induçção se ão se 
origina:origina:
�� (a) na descoberta de (a) na descoberta de HumeHume dede
que que éé impossimpossíível justificar uma lei vel justificar uma lei 
pela observapela observaçção ou por meio de ão ou por meio de 
experiências, uma vez que ela experiências, uma vez que ela 
transcende sempre a experiência; transcende sempre a experiência; 
�� (b) no fato de que a ciência (b) no fato de que a ciência 
enuncia e usa leis todo o tempo; enuncia e usa leis todo o tempo; 
�� (c) o fato de que na ciência s(c) o fato de que na ciência sóó a a 
observaobservaçção e a experiência ão e a experiência 
podem decidir a respeito da podem decidir a respeito da 
aceitaaceitaçção ou rejeião ou rejeiçção das ão das 
afirmativas, inclusive das leis e afirmativas, inclusive das leis e 
teorias.teorias.
�� O princO princíípio do empirismo pode pio do empirismo pode 
ser preservado de forma integral, ser preservado de forma integral, 
pois o destino de uma teoria pois o destino de uma teoria --
sua aceitasua aceitaçção ou rejeião ou rejeiçção ão -- éé
decidido pela observadecidido pela observaçção e pela ão e pela 
experimentaexperimentaçção: pelo resultado ão: pelo resultado 
de testes. Enquanto uma teoria de testes. Enquanto uma teoria 
resiste aos testes mais rigorosos resiste aos testes mais rigorosos 
que podemos conceber, ela que podemos conceber, ela éé
aceita; quando isso deixa de aceita; quando isso deixa de 
acontecer, ela acontecer, ela éé rejeitada. Mas a rejeitada. Mas a 
verdade verdade éé que as teorias nunca que as teorias nunca 
são inferidas diretamente da são inferidas diretamente da 
evidência empevidência empíírica. Não hrica. Não háá nem nem 
uma induuma induçção psicolão psicolóógica nem gica nem 
uma induuma induçção lão lóógica. gica. SSóó a a 
falsidade de uma teoria pode ser falsidade de uma teoria pode ser 
inferida da evidência empinferida da evidência empíírica, rica, 
inferência que inferência que éé puramente puramente 
dedutiva.dedutiva.
X X –– A racionalidade do A racionalidade do 
procedimento cientprocedimento cientííficofico
�� Como saltamos de uma Como saltamos de uma 
afirmativa derivada da afirmativa derivada da 
observaobservaçção para uma boa ão para uma boa 
teoria?teoria?
�� A resposta seria: Saltando A resposta seria: Saltando 
primeiro para uma teoria primeiro para uma teoria 
qualquer ; depois, qualquer ; depois, 
testando essa teoria, para testando essa teoria, para 
ver se ela ver se ela éé boa ou mboa ou máá --
isto isto éé, aplicando , aplicando 
reiteradamente o mreiteradamente o méétodo todo 
crcríítico, de modo a eliminar tico, de modo a eliminar 
muitas teorias muitas teorias 
inadequadas e inventando inadequadas e inventando 
muitas teorias novas. Nem muitas teorias novas. Nem 
todos são capazes disso, todos são capazes disso, 
mas não hmas não háá outro meio.outro meio.
�� por que razão por que razãoéé razorazoáável vel 
preferir afirmativas que preferir afirmativas que 
não foram refutadas a não foram refutadas a 
outras que puderam ser outras que puderam ser 
refutadas?refutadas?
�� porque estamos sempre porque estamos sempre 
buscando a verdade buscando a verdade 
(embora nunca possamos (embora nunca possamos 
ter a certeza de havêter a certeza de havê--la la 
encontrado) e porque a encontrado) e porque a 
falsidade das teorias falsidade das teorias 
refutadas refutadas éé conhecida ou conhecida ou 
aceita, enquanto as teorias aceita, enquanto as teorias 
ainda não refutadas podem ainda não refutadas podem 
ser verdadeiras.ser verdadeiras.
““Graus de corroboraGraus de corroboraççãoão””
Toda afirmativa interessante Toda afirmativa interessante 
e poderosa tere poderosa teráá
necessariamente uma necessariamente uma 
probabilidade reduzida probabilidade reduzida -- e e 
vicevice--versa. Assim, uma versa. Assim, uma 
afirmativa de alta afirmativa de alta 
probabilidade terprobabilidade teráá pouco pouco 
interesse cientinteresse cientíífico, porque fico, porque 
dirdiráá pouco, terpouco, teráá pouca pouca 
capacidade de explicacapacidade de explicaçção. ão. 
Embora procuremos teorias Embora procuremos teorias 
com um grau elevado de com um grau elevado de 
corroboracorroboraçção, como cientistas ão, como cientistas 
não estamos interessados em não estamos interessados em 
teorias de alta probabilidade, teorias de alta probabilidade, 
mas sim em explicamas sim em explicaçções; isto ões; isto 
éé: queremos teorias : queremos teorias 
poderosas e improvpoderosas e improvááveis.veis.
Sobre conhecimento e ignorânciaSobre conhecimento e ignorância
““Os deuses não Os deuses não 
revelaram tudo aos revelaram tudo aos 
mortais desde o inmortais desde o iníício.cio.
Mas no correr do tempo Mas no correr do tempo 
encontramos, encontramos, 
procurando, o procurando, o 
melhor.melhor.””
XenXenóófanesfanes

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