Buscar

20992581-CIENCIA-POLITICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
1
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
ESTADO COMO FORMA POLÍTICA 
CONCEITO: O estado é uma entidade abstracta que actua através dos seus órgãos, e é 
uma realidade a qual é objecto de interesse de várias ciências e com métodos de análise 
variados. De acordo com o Professor Freitas do Amaral podemos encarar o estado como 
entidade actuante na ordem internacional e nesse caso ele é estudado pelo direito 
internacional. Mas também pode ser encarado como uma pessoa colectiva do direito 
público que desenvolve uma actividade administrativa e nesta perspectiva ele é estudado 
pelo direito administrativo. E por último pode ser encarado como 1 forma de organização 
política e nesta perspectiva é estudado pelo direito constitucional. Para fazermos a sua 
análise vamos partir de uma concepção do estado que pressupõe a existência de três 
elementos: Povo, o território, e o poder político. Esta concepção de estado foi teorizada 
por Jellinek já no início do séc. XX. Para Jellinek só podemos falar na existência de estado 
quando se verificar as seguintes situações: existir um povo que se vai fixar num 
determinado território com carácter permanente e vai instituir 1 poder político autónomo. 
ORIGEM DO ESTADO: Até aos finais do séc. XVI, não existiu estado tal como 
hoje é entendido, pois não existia um território fixo, um poder que se exercesse de forma 
molecular sobre todo o território, e não existia ainda um vínculo de nacionalidade. Sobre a 
origem do estado existem várias teses: 
Tese Naturalista: Partem da ideia de o homem ser, por natureza um ser que tende a 
viver em sociedade. O 1º a defender esta Tese foi Aristóteles, no séc. IV a.C. “ o homem é 
naturalmente um animal político (...) feito para viver em sociedade. 
Teses contratualistas: Estas têm a sua base numa explicação racionalista, têm raízes 
no pensamento medieval. A ideia base é a de que o homem é um animal social, tem 
necessidade de viver em comunidades, maiores ou menores. De início, vive no chamado 
estado natureza que é uma forma desorganizada, sem regras e com um permanente conflito 
de interesses. Até que entende as vantagens de associar-se, para melhor se defender. 
Reúne-se em comunidades organizadas, alienando parte dos seus direitos a favor da 
sociedade em geral em que fica incorporado. Esta incorporação faz-se através de um 
contrato social que se desdobra em: 
 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
2
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
 
a) Pactum Unionis: Esta leva à criação de uma sociedade civil organizada 
b) Pactum Subjections: Traduz a subordinação à vontade da maioria que designa os 
governantes que por sua vez vão criar e executar as regras necessárias à comunidade 
 Esta tese é defendida por Thomas Hobbes na sua obra “ Leviathan “, por Jonh Locke 
na sua obra “Dois tratados de Governo” e J.J Rousseau na sua obra “Contrato Social” 
Teses organicistas: Que oscilam entre a consideração do estado como uma unidade 
espiritual e a equiparação a um organismo natural ou biológico. A 1ª consideração surge 
no seguimento da escola histórica alemã, para a qual o direito e o estado são expressões do 
espírito do povo. A 2ª consideração, liga-se ao positivismo e ao cientismo que procuram 
alargar ao domínio do político e do jurídico os esquemas dos cientistas da natureza, 
encarando o estado como um ser vivo. 
Para Hegel: Este intentou caracterizar o estado segundo uma posição predominantemente 
filosófica. O estado é a realidade em acto da ideia moral objectiva. E se o estado é o 
espírito objectivo, só como seu membro o indivíduo tem objectividade, verdade e 
moralidade. 
Concepção Marxista: O estado surge sem substância própria perante a economia, 
consequência da sociedade sem classes e máquina de domínio de uma classe sobre as 
outras. É um produto da sociedade quando esta chega a um determinado grau de 
desenvolvimento. 
Teses Voluntaristas: Esta tese é defendida por o Professor Marcelo Caetano, e por 
Lassale. Esta baseia-se em explicações Etnológicas, ou seja explicações com base na 
evolução das sociedades. Segundo esta o homem foi obrigado a agrupar-se para poder 
sobreviver. Daí o aparecimento das tribos, dos clãs, nos quais existia intensa solidariedade 
entre os seus membros que acatavam uma certa ordem de regras naturais de sobrevivência 
que era imposta pelo mais forte, visto que o aparecimento do estado nunca pode resultar da 
vontade de todos. Destes pequenos grupos, ter-se-ia passado a outros mais amplos, devido 
à acção de indivíduos ou grupos minoritários cuja autoridade, acabou por ser aceite pelas 
massas, umas vezes com maior resistência outras vezes com menor. O estado resulta assim 
de um acto de vontade. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
3
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
 
 
ORGANIZAÇÃO POLITICA MEDIEVAL 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DA IDADE MÉDIA 
A COMUNIDADE POLÍTICA MEDIEVAL COMO AUSÊNCIA OU “NEGAÇÃO DO ESTADO” 
Deverá considerar-se de alguma forma que a Idade Média política será a antítese do 
Estado no seu conceito de Idade Moderna. (James Bryar) 
Formação e aparecimento do Estado 
No tempo em que não havia Estado, existiam diferentes organizações políticas das 
comunidades: 
- Famílias patriarcais (onde o Patriarca era o chefe da família); clãs; tribos; teocracias 
(baseado no poder religioso); polis e feudalismo. 
O Estado não é uma inevitabilidade como o progresso. Há quem defenda que a nossa 
forma de Estado é a mais desenvolvida, a mais sofisticada, mais complicada, em 
aperfeiçoamento constante. 
Mas quem nos garante que cada forma de Estado é melhor do que a anterior?! 
Na teoria do desenvolvimento político, o grau de progresso e o grau de sofisticação 
política estão directamente relacionados. Existem três estádios: 
O Estado subdesenvolvido 
1- não há funções políticas/administrativas diferenciadas (qualquer pessoa pode 
desempenhar as funções), não há sanções/sistema para quem infringe a lei; daí que existam 
processos como a vingança privada. Exemplo disso é a Lei de Talião "Olho por olho; 
dente por dente" e a Teoria da Natureza (guerra de todos contra todos) de Thomas Hobbes 
no século XVII. 
2 - Sociedade em que não há propriamente autoridades políticas, mas já há um certo tipo 
de ordem social onde se destacam: o grande proprietário (poder político) e o feiticeiro 
(poder religioso). O facto de já desempenharem funções políticas e serem como autoridade 
política demonstra um certo progresso, porque já se verifica uma certa autonomia do 
poder. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
4
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
3- Estado onde se verifica uma certa especialização/diferenciação dos poderes. É também 
de notar o crescimento no interior da sociedade de um departamento que se debruça sobre 
as questões políticas. 
É o caso do Absolutismo dos séculos XVII e XVIII. Com as Revoluções Atlânticas 
(Americana e Francesa) no século XVIII, aparecem os Estados Liberais, nos quais se 
verifica uma especialização do departamento político (legislativo, executivo e judicial). O 
Estado é uma forma política historicamente condicionada, que só surgiu por volta dos 
séculos XVI e XVII, exceptuando o caso da Inglaterra (século XI), da Sicília (século XII) 
e de Portugal (século XIV). O primeiro autor a falar de Estado foi Maquiavel (séculos XV 
e XVI) -, "Lo Stato" que significa a forma como as coisas estão, como se organizam. 
Maquiavel foi um cientista político (política afastada da religião), que escreveu o livro "O 
Príncipe", onde as linhas mestras são "O que é o Poder?O que é a política?". 
Pode-se dizer que se tem verificado, ao longo dos anos, uma tendência para a crescente 
complexidade das formas humanas; das formas de organização política, uma crescente 
sofisticação das instituições - Lei Histórica da complexidade crescente das formas 
políticas. É, pois, para designar um modelo mais complexo de sociedade política que 
usamos a expressão "Estado". 
 Comunidade Política Medieval (séc. V ao XV Sociedade Política Estadual (época 
actual) 
- Fragmentação do poder - Centralização do poder 
- Personalização do poder - Territorialização do Poder 
- Individualização do poder - Institucionalização do Poder 
Caracterização da Comunidade Política Medieval. 
Contrariamente àquilo que se pensa e que se diz, foi um tempo culturalmente riquíssimo, 
marcado pela arte, pelo pensamento, por inventos e muito mais. O mundo político 
medieval caracteriza-se por: 
 
 
 
 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
5
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
 
 
 
 
FRAGMENTAÇÃO; PERSONALIZAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DO PODER 
1. Fragmentação do Poder - Decorre do séc. V ao XV 
Deverá definir-se como Pluralidade de poder, Rede de Poder, Inexistência de Poder Geral, 
sociedade entrelaçada. A sociedade política é composta por um conjunto de organizações 
corporativas: Rei, Clero, Comunas, Mosteiros, Confrarias, Hierarquia de senhores feudais, 
Ordens Militares e religiosas e Cidades livres. Existia uma panóplia de 
entidades/organizações, cada uma com seu poder próprio. Nenhuma delas tinha o poder 
geral sobre todas as outras, tendo todas uma prestação/parcela no Poder, um dado "status", 
pelo que estavam todas interlaçadas sem que houvesse um poder único e superior - pelo 
que se profere que o poder é fragmentado. É assim, composta por um conjunto de díspares 
unidades ou instâncias com poder Político, que tem um determinado catálogo de 
prerrogativas e obrigações: surgem as figuras do Rei, Príncipes, vassalos, ordens 
religiosas, ordens militares, universidades, abadias, conselhos, guildas de comerciantes, 
comunas, etc., todas elas organizações políticas ou com sentido político, organizações 
desse aparelho que passavam pela componente financeira e burocrática, com o direito de 
cobrar impostos, cunhar moeda, esboçar máquinas de justiça e dispor de meios militares 
próprios. Em rigor as comunidades políticas da idade média estavam reguladas entre si. Os 
vários centros de poder dependiam uns dos outros (sociedade compactual). Não existe 
entidade com monopólio do poder. Não existiam leis gerais. Desigualdade estrutural. 
Ausência de Estado. Desempenham todas, um papel próprio na economia, tendo funções e 
obrigações específicas. Desta forma, não há nenhuma figura central, nem mesmo o Rei, 
que apesar de ter mais poderes que os senhores feudais, também têm deveres específicos. 
Pelo facto de haver um Imperador e um Papa, nenhum destes detinha o poder de 
"Imperium", dado que, em vez de concentrarem em si os poderes que se encontravam 
dispersos, constituem apenas mais duas figuras que disputam o poder de "Imperium". 
Constituem, pois, um limite exterior ao poder do Príncipe. Para além de estar dividida em 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
6
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
instâncias, esta sociedade divide-se também em estamentos (classes ou ordens sociais): 
Rei, Nobreza, Clero, Povo e Burguesia. Segundo Hegel, esta sociedade da Idade Média é 
caracterizada por uma poliarquia, uma espécie de partilha de soberania, uma separação de 
poderes em sentido político - o Poder era de muitos. 
Em suma, pode-se concluir que este período se caracteriza por um ideal clássico da 
Constituição mista, ou seja, verifica-se uma mistura de poderes, não sendo uma 
monarquia, uma democracia ou uma aristocracia puras. Com o nascer da Modernidade, 
vai-se proceder a uma unificação do poder, a uma centralização do poder, deixando este de 
pertencer às diversas instâncias para se concentrar numa só: o príncipe - este vai ser o 
detentor originário do poder. Afirma-se, um poder homogéneo e monopolizador. 
2. Personalização do Poder 
Ao longo dos anos, o poder foi-se centralizando. Surge uma consciencialização nacional. 
Com efeito, este processo, encabeçado pelo Rei, vai dar origem a um domínio do poder 
por parte do rei, que retira progressivamente os poderes aos senhores feudais. Há aqui uma 
clara relação pessoal e não territorial. Assim pode-se dizer que a autoridade medieval não 
assentava no território, dado que este era visto como uma ideia de "dominium" 
(propriedade) e não estava investido de "imperium" (autoridade). Princípio da 
personalidade: "as relações de autoridade nasciam de pactos de fidelidade pessoal" -
relação de vassalagem senhor vs vassalo. Há duas regras, neste contexto: a regna 
usufrutuária - os bens de que o Rei dispõe não são sua propriedade, mas estão sob a sua 
administração e a regna patrimonialia - os bens de que o Rei dispões são sua propriedade. 
Na idade média esta pluralidade tinha o seu vínculo na realidade da personalização da 
aplicação do direito. As relações de poder têm a sua fonte em relações de natureza pessoal 
que assentam sobretudo nas relações de vassalagem que nascem directamente dos pactos 
de fidelidade pessoal, (o cavaleiro oferecia a sua vassalagem e recebia do Senhor a sua 
protecção, assim aceitando o seu domínio), no fundo falámos de um contrato pessoal, i.e., 
é nos contratos que se estabelece a relação de poder. À época, as pessoas são o nexo, o 
vínculo que fundamenta o direito de poder, vínculos humanos assumidos. Aquilo que se 
pode exigir é aquilo que se pode ter. Concluímos que na sociedade medieval não existiu 
regra usufrutuare. A ideia que melhor caracteriza a Idade Média é a concórdia (contrato). 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
7
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Na sociedade moderna, o território passa a ser sinónimo de autoridade e o poder já não é 
determinado pelo laço pessoal. 
 
 
 
3. Individualização do Poder/Institucionalização/Fulanização 
O processo de institucionalização do poder traduz-se na devolução da titularidade do poder 
a uma entidade abstracta (Rei, Crown, Estado). Na Idade Média, o poder era 
individualizado, não havendo uma distinção clara entre a titularidade e o exercício do 
poder. O estado é titular do poder. O titular do poder desaparece mas não o cargo. 
Ausência de instituições e de regras institucionais. Os recursos que estão ao serviço do 
poder são aqueles que estão em regime de propriedade privada ao dispor desse órgão. 
Todo o poder é carismático (Max Webber), atribuído a quem tenha qualidade pessoais 
dignas de um verdadeiro chefe, não sendo chefe aquele que descende de um chefe ou que 
é eleito. O chefe era o mais rico, o mais bravo guerreiro/forte, o mais inteligente e hábil. 
Evoque-se a disputa do poder retratada em “O combate dos chefes”, da b.d. Astérix, o 
Gaulês. O melhor guerreiro, o melhor comandante ditava regras sem continuidade. Este 
tipo de poder caracteriza-se por uma instabilidade crescente, na medida em que o chefe 
pode a qualquer momento ser substituído por outro com qualidades mais dignas de chefia. 
Há, por outro lado, uma descontinuidade e uma ruptura nas próprias regras do regime, uma 
vez que é o chefe que dita as regras e, se ele é afastado, as regras que ele ditou perdem 
valor e deixam de vigorar e é necessário novas regras. Não havia, também, distinção entre 
o património pessoal do Chefe e aquele que lhe cabia por força do cargo que 
desempenhava. Estas características valiam mais na Alta Idade Médiado que na Baixa 
Idade Média. Fala-se nos dias de hoje de uma medievalização do poder, de uma Nova 
Idade Média, pois existem muitas analogias entre o nosso Estado e o tipo de Estado da 
Idade Média: grande variedade de entidades; fragmentação do poder; insegurança geral e 
incerteza em relação ao futuro. Com o suceder da institucionalização, o processo político 
pauta-se pela estabilidade e continuidade. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
8
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
. Nota: Max Webber, nas suas obras "Economia e a Sociedade" e “O Político e a ciência", 
fala-nos de uma caracterização do poder em 3 tipos: 
- Poder Carismático: resulta das qualidades pessoais; a pessoa impõe-se por si só. 
- Poder Tradicional: resulta de um costume/tradição (ex. Legitimidade monárquica - Rei). 
- Poder legal-racional: tem uma base normativa; estabelecimento prévio de certas regras. 
Excurso – Transição da política Medieval para a política actual 
Evolução do Estado – Absoluto; Liberal; Totalitário; Social 
TEORIA DOS TRÊS ELEMENTOS DE GEORG JELLINEK 
 - Diz que o Estado é igual à soma de 3 elementos: Povo, território e soberania do Estado 
Alega-se acerca desta teoria que tal concepção reveste interesse para uma perspectiva 
Internacional do Estado de fora e por fora (não na sua essência interior), e por ser uma 
teoria formal sem se reportar à essência do próprio Estado, apesar de nos dias de hoje 
exercer forte influência, tanto na Teoria do Estado como no Direito Internacional Público. 
O Estado deverá hoje ser visto como comunidade de homens/comunidade global que 
obedece a um princípio de unidade. 
A DIMENSÃO TERRITORIAL DO ESTADO 
O Princípio Territorial é a base da configuração política do mundo no séc. XX. A 
dimensão Territorial reflecte-se imediata e dinamicamente nos mais diversos domínios da 
vida estadual, por outro lado, a capacidade de penetração territorial pelas ondas hertzianas, 
os efeitos da poluição, o terrorismo, etc., documentam exemplarmente a superação e 
dinamitam a concepção de Território enquanto fortaleza inexpugnável 
LIMITES TERRITORIAIS 
T.I.J. – “Estabelecer os limites entre estados vizinhos, é traçar a linha exacta de confronto 
em que se exercem respectivamente os poderes e direitos soberanos”. 
1º - O Território É o espaço geograficamente fechado onde se exerce o poder do Estado, 
pelo que, delimita o âmbito de decisões Estaduais e limita o espaço de competências do 
estado. O território é o "palco da autoridade estadual", uma vez que o Estado não detém 
sobre o território uma relação de dominium (propriedade), mas sim de imperium 
(autoridade). Contudo, existem ainda territórios que não pertencem a nenhum estado 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
9
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
(Antártida e Alto Mar), assim como parcelas territoriais onde se verificam disputas de 
territórios (Palestina). 
Vigora o Princípio da territorialidade que afirma que o poder do Estado abrange todas as 
pessoas e a todas as coisas que se encontrem em território nacional - lado positivo da 
Jurisdição do Estado no território. Contudo, isto não implica que as regras se estendam de 
forma igual. E o caso dos estrangeiros que, apesar de se encontrarem temporária ou 
definitivamente no território nacional, gozam de diferentes direitos e obrigações, tais como 
o de não poderem exercer o direito de voto ou de prestar serviço militar. 
Contudo, é actual o conceito de cidadania europeia e a noção de integração europeia, pelo 
que surge o Princípio de Standard Mínimo que diz que qualquer estrangeiro terá direito a 
um conjunto de garantias mínimas. No território, não se exerce outro poder que não o do 
seu próprio Estado - é o princípio da impermeabilidade (Jellinek) que corresponde ao lado 
negativo da jurisdição do Estado no território. Em relação a este princípio, há hoje muitas 
excepções que derivam da progressiva integração europeia e da consequente submissão à 
autoridade exterior. Em 1º lugar, vejamos o caso da União Europeia, a maior manifestação 
desta integração, que, como organização supra-estadual, emite normas obrigatórias 
(Regulamentos Comunitários) e vinculativas para todos os Estados-membros. Estas 
normas entram directamente na ordem jurídica interna (Princípio da aplicabilidade 
directa), sobrepondo-se às normas nacionais. De seguida, refira-se o Direito Internacional 
Privado, onde por vezes terão de ser aplicadas normas estrangeiras para a solução de um 
caso concreto. Há ainda outros exemplos como a presença de forças de Estado de outros 
territórios (Base das Lages), as zonas desmilitarizadas de 50km (o Estado abdica do direito 
de ter tropas em certas zonas), o privilégio de extra-territorialidade (poderes dos 
diplomatas e embaixadores e Presidente da República). Note-se que todas estas excepções 
necessitam do consentimento do Estado. 
O território não tem de ser contínuo. No caso português, o território é descontínuo; os 
arquipélagos não estão ligados ao território Portugal Continental. 
• Como é que o Estado divide o seu território? - Inicialmente, era por Bulas Papais. 
Contudo, quando começaram as descobertas, o território começou a ser definido segundo o 
Princípio Ocupante (o primeiro a chegar era dono do território). Segundo Hugo Grócio 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
10
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
(grande jurista holandês), será território de um Estado aquilo que este controle, ou seja, só 
pode ser titular de um território aquele que efectivamente domina esse território - Princípio 
da efectividade. Este princípio está implícito na Conferência de Berlim (1885), acerca da 
partilha de África após o Ultimato Inglês. As potências europeias vão, dividir o território 
africano e vai então surgir e ser aplicado o Princípio da efectividade. 
Nos nossos dias, fala-se em Princípio (teoria) da Efectividade virtual: um Estado não tem 
de ocupar efectivamente o território, mas tem de demonstrar o seu domínio sobre esse 
território. É a capacidade de afirmar a soberania sempre que necessário, assim como a 
capacidade de deslocar tropas para o território. 
FRONTEIRA – É uma linha contínua e fechada que delimita o território do Estado, espaço 
onde se exercem os poderes estaduais. Os Estados coincidem historicamente com a época 
dos descobrimentos. - “Primo ocupantis”, (o primeiro que chega). 
Mais tarde Hugo Grócio defendendo “O Princípio da Efectividade”, diz-nos que o 
Território é de quem o domina, princípio este, sancionado durante a “Conferência Africana 
de Berlim em 1885”. 
Limites territoriais/Aquisição Territorial – Poderão resultar dos usos, tradição, tratados 
internacionais. 
Sentido sociológico ou político do território: Território, desde logo é um factor de extrema 
importância e mesmo decisivo para a integração de uma comunidade, enquanto objecto de 
defesa, povoamento, aproveitamento e elemento de destino político colectivo, factores que 
na prática estão na base da maior parte dos mais variados conflitos. 
Modos de aquisição Territorial - “Aquisição Originária” 
Res nullius = ocupação ((território já existente mas sem Estado (Sibéria)) 
 = Acessão ((território cresce ou aumenta (Holanda)) 
“Aquisição Derivada” 
 = Cessão (tratado onde se transfere uma porção de um estado para outro) 
 = Sucessão ((Secessão de um estado (Alemanha pós 2º guerra) ou fusão ou 
unificação de dois ou mais Estados até aí independentes (Alemanha federal e democrática) 
ou descolonização (Angola, Moçambique)) . 
ELEMENTOS COMPONENTES DO TERRITÓRIO 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política11
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
- Domínio terrestre (solo e subsolo), domínio aéreo (milhas/campo de efectividade), 
domínio lacustre (linha média entre margens como critério de delimitação de fronteiras), 
domínio fluvial aquático (navegáveis e não navegáveis), domínio marítimo (mar 
territorial). 
• Domínio terrestre - É o espaço situado dentro das linhas de fronteiras. É constituído não 
apenas pela superfície (solo), mas também pelo subsolo (toma uma posição importante em 
matérias como as minas, o petróleo, infra-estruturas). 
• Domínio aéreo - É importante na navegação aérea. Há diferentes opiniões sobre o limite 
do domínio aéreo: 25 milhas; gravidade; Princípio da efectividade; não há limite. 
• Domínio lacustre - lagos, mares interiores 
• Domínio fluvial - RIOS → Contíguos: são aqueles que separam dois Estados (como por 
exemplo o Rio Minho). Sucessivos: são aqueles que atravessem dois ou mais Estados 
(como por exemplo o Rio Danúbio, Tejo, Reno, Douro). - Problemas: poluição; 
navegabilidade; construção de barragens. 
Como se faz a definição das fronteiras?! 
- Se o rio não for navegável é pela linha média; Se o rio for navegável é pelo sulco mais 
profundo. 
DOMÍNIO MARÍTIMO - Divide-se em águas interiores, mar territorial, zona contígua e 
zona económica exclusiva(ZEE). Determinam-se 3 milhas marítimas como limite próprio 
do princípio da efectividade - (jurisdição absoluta permitindo apenas passagem 
inofensiva) 
A linha que separa o Território terrestre do Território marítimo é a baixa-mar. Linha de 
base do mar Territorial 
Águas Interiores ((é a porção de terra que está limitada pela linha de maré alta e a linha de 
maré baixa (linha base do Mar Territorial). O Estado dispõe de toda a soberania que exerce 
em território terrestre, excepto em relação ao Direito de Passagem Inofensiva, ou seja, no 
espaço de mar territorial, tem de tolerar a passagem de navegação de outros Estados, sem 
intenção de ofensa. Consideram-se também águas interiores os mares completamente 
fechados, os lagos e os rios, bem como as águas no interior da linha de base do mar 
territorial). Esta fronteira foi estabelecida em 1982 na Convenção de Montego Bay. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
12
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Mar Territorial - É uma faixa de águas costeiras que alcança 12 milhas náuticas a partir da 
linha da baixa-mar ao longo da costa de um Estado que são consideradas parte do território 
soberano daquele Estado. Dentro do mar territorial, o Estado goza de direitos soberanos 
idênticos aos de que goza no seu território e nas águas interiores, para exercer jurisdição, 
aplicar e regulamentar o uso e a exploração dos recursos no seu leito e subsolo. Entretanto, 
as embarcações estrangeiras civis e militares têm o "direito de passagem inocente" pelo 
mar territorial, desde que não violem as leis do Estado nem constituam ameaça à 
segurança. 
 
 
Zona Contígua - permite que o Estado mantenha sob seu controle uma área de até 12 
milhas náuticas, adicionais às 12 milhas do mar territorial, ou seja 24 milhas náuticas, para 
o propósito de evitar, fiscalizar, policiar ou reprimir as infracções às suas leis e 
regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração, sanitários ou de outra natureza no seu 
território ou mar territorial. 
Zona Económica Exclusiva - é uma faixa de água que começa no limite exterior do mar 
territorial de um Estado costeiro e termina a uma distância de 200 milhas náuticas a contar 
a partir da linha de maré baixa (excepto se o limite exterior for mais próximo de outro 
Estado) na qual o Estado costeiro dispõe de direitos especiais sobre a exploração e uso de 
recursos biológicos e não biológicos da água super jacente, do solo e subsolo marinhos, 
instalação de infra-estruturas submarinas e investigação científica, respeitando 
escrupulosamente o regime de liberdade de navegação à superfície. 
Plataforma Continental - compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se 
estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu 
território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental ou até uma distância de 
200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar 
territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa 
distância. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
13
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
2º - POVO - Elemento humano. Unidade de poder. Conjunto de pessoas que estão ligadas 
ao Estado por um vínculo jurídico comum, o vínculo da nacionalidade, residentes ou não 
no território - conceito jurídico-político. 
POPULAÇÃO- Formada por nacionais, estrangeiros e apátridas que independentemente 
da sua nacionalidade residem sob a alçada/autoridade estadual – conceito demográfico –
económico. 
NAÇÃO – Corresponde ao estado, idade trans-temporal, ideia espiritual de princípio de 
cultura, ideológico. Conjunto de pessoas que está ligado por um sentimento de pertinência 
comum (segundo Zipellius), a uma mesma Comunidade que radica em factores de ordem 
étnica, cultural e política; é uma apologia do Estado, uma ligação à sua história e aos seus 
valores - conceito sociológico-espiritual 
“ as Nações são mistérios, cada uma é um todo, um mundo a sós” F. Pessoa. 
LEI DA NACIONALIDADE - - A Nacionalidade é um vínculo de carácter jurídico o que 
significa que é a Lei que define quais os Nacionais do Estado, e orienta-se 
fundamentalmente por dois critérios básicos: aquisição originária da nacionalidade que é 
aquela que se adquire no momento do nascimento. Se é o direito que estabelece esse 
vínculo, é o estado que vai, naturalmente, estabelecer critérios para definir quem é 
Nacional: Ius soli – “Local de nascimento - território”("direito do solo") estabelece como 
critério originário de atribuição de nacionalidade o território onde nasceu o indivíduo. 
Segundo esta regra, não importa a nacionalidade dos pais, apenas o local do nascimento do 
sujeito. É a regra mais favorecida pelos países de imigração (como os das Américas e mais 
recentemente regra adoptada por Portugal), que buscam acolher a família do imigrante e 
assimilá-la à sociedade local. Ius sanguinis –("direito de sangue") É nacional de um Estado 
o filho(a) de um nacional daquele Estado; em outras palavras, trata-se da nacionalidade 
por filiação. A maioria dos países que adoptam o ius sanguinis como regra de atribuição de 
nacionalidade que estipula que esta é transmitida tanto pelo pai quanto pela mãe. Países 
como a Alemanha, e outros Europeus mais conservadores preocupados com a imigração 
restringem este critério. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
14
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Pode-se falar em e em aquisição derivada da nacionalidade que será adquirida por factor 
posterior ao nascimento ((adopção, reconhecimento de filiação, casamento e por factores 
não familiares (naturalização, mudança de Estado, sucessão de Estado)). 
• Aquisição originária da nacionalidade - 1º Critério) São cidadãos nacionais aqueles que 
reúnam o critério do ius sanguinis + ius solis. Também são nacionais, aqueles que 
nasceram em território estrangeiro mas que estão ao serviço de Portugal. 2° Critério) São 
cidadãos nacionais aqueles que são filhos de portugueses que (vivem no estrangeiro, desde 
que registados pelos pais no registo. 
3° Critério) Aqueles que são filhos de estrangeiros mas que nasceram em Portugal só serão 
cidadãos nacionais se os pais residirem em Portugal há mais de 10 anos. No caso de os 
pais serem de umpaís de língua portuguesa, o requisito dos 10 anos baixa para 6 anos. 4° 
Critério) Aquelas pessoas que não tendo qualquer outra nacionalidade e nasceram em 
Portugal, o Estado Português concede-lhes a nacionalidade portuguesa. 
 
 
• Aquisição derivada da nacionalidade - 
- Uma pessoa que tenha nacionalidade portuguesa e que tenha um filho menor ou incapaz; 
- Por casamento: ao casar-se com um/uma português, pode adquirir a nacionalidade ao fim 
de 3 anos, isto para evitar casamentos com o propósito de se ficar com nacionalidade 
portuguesa; Por adopção: se uma criança for adoptada por portugueses, passa a ser 
portuguesa; Pela sucessão dos Estados (Ex: Angola; Guiné; Moçambique; Macau); Pela 
naturalização: requer certos requisitos como ser maior, residir em território português há 
pelo menos 10 anos ou há 6 anos se for cidadão de língua portuguesa oficial ter idoneidade 
cívica (nunca ter cometido um crime em Portugal). 
• Como se trata as situações de dupla ou tripla nacionalidade? Que nacionalidade 
prevalece? E prevalece alguma? À luz do Direito Internacional Privado, a lei que se aplica 
nas situações jurídicas é a lei da nacionalidade (estatuto pessoal). Em princípio aplica-se o 
critério da efectividade, ou seja, das duas/três nacionalidades prevalece aquela do país 
onde reside. No Direito Internacional Público, foi decidido no Tratado de Nottebohm que 
o que vigora é o Principio da nacionalidade efectiva. Contudo, foi corrigido pela 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
15
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
jurisprudência da Fleggenheimer: a nacionalidade efectiva só conta quando se tem mais do 
que uma nacionalidade; mas quando se tem só uma nacionalidade, é essa que conta. 
A nacionalidade nem sempre se identifica com a nação. Existem factores que contribuem 
para o sentimento de, pertinência comum: origem étnica ou rácica (ascendência comum); 
factores de ordem cultural, como o costume e a tradição; factor linguístico ("A minha 
pátria é a língua portuguesa" Fernando Pessoa); religião; destino político comum 
(autoridades políticas). 
Não há nenhuma causa /factor única; há sim uma interacção entre todas elas. 
Ainda respeitante ao tema da nacionalidade, existem alguns princípios que se vieram a 
afirmar e, por sua vez, a aumentar este orgulho de nacionalidade: 
1 - O Princípio das Nacionalidades “cada Nação tem o direito de constituir um Estado”, e 
a cada Estado deve corresponder uma Nação, vai afirmar-se com rigor e perigosamente a 
partir do séc. XIX. 
 
 
As potências ganhadoras; Rússia, USA, vão desenvolver os princípios de organização 
política da Europa onde é desenvolvido o princípio das Nacionalidades na Áustria, no 
congresso de Viena, como princípio da autodeterminação dos povos (que afirmava que 
cada população tem direito a escolher e a seguir os seus próprios destinos, ou seja; cada 
povo tem direito à independência e à liberdade), possibilitando-lhes a sua independência, 
que por mera questão maquiavélica se permitem dominar as Nações através das mais 
variadas instrumentalizações. 
Quando este princípio não é devidamente realizado, surgem os problemas com as 
denominadas minorias nacionais, ou seja, problemas de protecção, respeito pela sua 
individualidade e especificidade, usos, costumes, cultura, dando origem a problemas 
especialmente agudos, nomeadamente, terrorismo, fundamentalismo, etc. 
3º - A SOBERANIA 
Na actual forma de sociedade política do Estado, surge a Soberania como elemento de 
poder político unificado, concentrado e homogéneo. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
16
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
A teoria do poder soberano remonta a Jean Bodin, pensador e filósofo político do séc. 
XVII, que a caracteriza a soberania como poder supremo sobre os cidadãos e os súbditos e 
que não está condicionado pelas leis, quer como poder absoluto no plano interno quer 
como poder independente no plano externo. Por outro lado o Rei não podia legislar sobre 
algumas matérias, nomeadamente sobre a Lei Natural e sobre a lei Divina. Não podia 
legislar sobre o acto de sucessão (família), nem sobre a propriedade das pessoas. 
Limites (teoria de Bodin) – Limites geográficos legais, limites económicos, limites 
externos (multinacionais), estados mais poderosos), limites jurídicos (positivo – o Estado 
elabora leis, é obrigado a cumpri-las, está vinculado a essas mesmas leis), limites 
transpositivos (pessoas julgadas por obedecerem às leis do seu próprio país). Em nome de 
quê? em nome de um princípio de tal maneira importante (valores da dignidade humana), 
devo obediência, tenho o dever de a desobedecer. 
Importa no entanto referir que a teoria do poder soberano não se ajusta inteiramente à 
situação histórica actual. Teoria entretanto aperfeiçoada completando-se com a 
institucionalização do Estado, abandonando a soberania do soberano, passando em 
definitivo a soberania do Estado. Na mais moderna concepção enquanto modelo evoluído 
de estado, esta soberania é considerada por Zipellius em duas notas fundamentais – o 
Estado detém a competência das competências (ter o poder de definir, aumentar ou 
diminuir as competências, de possuir a soma de todas as competências) e unidade de poder 
de Estado. Concretizando, poderemos dizer que a competência das competências se revela 
antes de mais, na prerrogativa do estado, se dotar de uma Constituição, de elaborar a sua 
própria Constituição (em que define os princípios e fins essenciais da sua organização e a 
regra de distribuição dessas competências entre os seus órgãos). 
A soberania actual manifesta-se também na unidade do Poder do estado, pelo Princípio da 
Territorialidade que diz que, no contexto territorial e no âmbito de competências apenas se 
faz sentir o Poder do Estado. Tem de se encontrar, contudo, um equilíbrio entre esta ideia 
de unidade do Poder do Estado e a separação dos poderes do Estado. ' 
É importante referir que o grande limite à soberania é que o Estado está vinculado às 
próprias leis que ele faz - Estado juridicamente vinculado. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
17
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Fundamentos/Étimos da Democracia: São valores que fundamentam e justificam o 
modelo político democrático e o que ele visa realizar. 
Trilogia da Revolução Francesa: 
* liberdade - cada um é responsável pelo seu próprio destino (capacidade de 
autodeterminação moral do Homem) 
* igualdade - reconhecimento a todos os outros a dignidade igual àquela que nós temos. 
* fraternidade - reconhecimento do respeito pelos outros, de que cada Homem, na sua 
autonomia e dignidade, só pode realizar-se na solidariedade com os outros. 
A Democracia só pode valer quando ao serviço destes valores! 
Mas o verdadeiro fundamento da democracia é o valor da dignidade da Pessoa Humana 
(que se desdobra em liberdade, igualdade e fraternidade e que, por sua vez. se desdobram 
nos vários princípios fundamentais). A vida é um valor absoluto! 
Contudo, por vezes, estes valores entram em conflito/tensão. A liberdade entregue a si 
mesma, tende a gerar ou a acentuar as desigualdades e a realização da igualdade implica 
restrições à liberdade; ou seja, muitas vezes, quando se aumenta a liberdade diminui a 
igualdade e vice-versa. 
Ex: Capitalismo Selvagem - total liberdade económico e total ,desigualdades. 
Sorteios - total igualdade mas não dá espaço para a liberdade. 
Alargamento do sufrágio - realiza a igualdade e a liberdade. 
Para a realização plena da Democracia tem de haver uma realização plena destes valores 
fundamentais. 
Mas serão estes os valores fundamentaispara a nossa sociedade, passado tantos anos?! 
Resolverão eles os nossos problemas?! 
São Paulo já dizia nas suas cartas que "Não há judeu nem grego; não há Homem nem 
mulher; não há escravo nem livre", ou seja, todos os Homens são iguais perante Deus; mas 
entre todos os Homens somos todos diferentes. 
Denniger propôs uma nova trilogia: 
* diversidade - variedade de raças, religiões, cultura, ... Vivemos numa sociedade 
multicultural! Hoje, o que é igual é o direito à diferença. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
18
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
* solidariedade - se há igualdade, deve haver mais solidariedade. É preciso sermos 
exigentes nas prestações sociais. 
* segurança - a liberdade sempre andou ligada, à segurança. Não há liberdade sem 
segurança. Segurança, porque vivemos numa sociedade de risco! É necessário segurança 
tecnológica, ambiental, física e no trabalho. 
Ronald Dworkin, falou em democracia substantiva, ou seja, tinha uma concepção de 
democracia como um regime que se caracteriza pela protecção, de determinados direitos e 
princípios (direitos fundamentais). Tem implícita a ideia de pluralismo (separação de 
poderes). 
Os valores já fazem parte do sistema democrático e não estão dependentes dos resultados 
eleitorais. 
John Ely defendeu uma democracia processual/deliberativa, ou seja, vê a Democracia 
como um processo de tomar decisões/deliberações. 
A Democracia não deve estar pré-vinculada a certos valores. Isto porque, em cada 
momento, em cada geração, o Povo deve determinar os seus valores. 
Os valores/condições democráticos que devem estar garantidos ou predefinidos: 
 * liberdade de expressão/pluralismo 
* regras eleitorais 
* protecção das minorais 
 
 
Representação Política 
Uma democracia representativa é aquela em que há uma representação política. 
Existem vários mecanismos de escolha de representantes. 
* A eleição 
* 0 Sorteio – (a sua democraticidade estará na igualdade que realiza) raramente utilizado 
pelo facto deste não medir a preferência dos cidadãos nem reconhecer a capacidade dos 
candidatos 
* Cooptação - os titulares dos poderes escolhem os próprios titulares do Poder. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
19
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
* Hereditariedade dinástica – podem ser compatíveis com a democracia, porque os 
poderes são essencialmente simbólicos e com moderação. Os representantes do povo têm 
um mandato revogável; é um mandato limitado (eleições periódicas) o que garante que 
exerçam de acordo com a vontade do eleitorado. A forma da democracia semi-directa é o 
referendo. Reduz-se ao sim/não, reduz as alternativas da escolha sendo frequentemente 
discutida a sua democraticidade. 
Para que o referendo possa ser considerado como forma democrática é necessário que não 
seja um órgão a convocá-lo, que se trate de decisões de matéria de consciência e que sejam 
grandes reformas. 
Vídeo Democracia/Democracia Mediática 
Grande parte da participação política é feita pelos órgãos de Comunicação social; Todas as 
decisões políticas são tomadas sob pressão dos media; Isto fez com que os Partidos e os 
sindicatos perdessem algum poder. Sartori dizia que "deixamos de viver numa sociedade 
onde existe o homo Sapiens para existir o homo videns (Homem que vê televisão) 
Sondagens – Democracia de opinião 
Muitas decisões dos partidos são influenciadas pelas sondagens. A popularidade dos 
políticos é muito importante e os partidos tomam muitas vezes decisões em função das 
audiências. As sondagens não transmitem aquilo que as pessoas pensam mas o que os 
mass média as levam a pensar 
Passagem da Democracia liberal Típica para a Democracia dos Partidos 
A representação popular e o sufrágio (Soberania Nacional) 
No século XIX, havia restrições ao sufrágio censitário em razões de ordem socio-política: 
em função do sexo, em função da idade, em função da raça, por indignidade e relativas aos 
militares. 
Exemplo disto revela-se: O Sufrágio restrito: o direito de voto era reconhecido só a certas 
categorias de cidadãos; era o sufrágio censitário pois o direito de voto condicionava-se à 
posse de uma certa fortuna, expressa no nível de contribuição directa paga, ou seja só 
votava quem tinha dinheiro. 
- 0 Sufrágio capacitário: o direito de voto era reservado a quem possuísse certo nível de 
instrução, ou seja, só votava quem sabia ler e escrever ou tivesse dinheiro. Era raro, dado a 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
20
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
capacidade económica praticamente inexistente. Tal servia para que a burguesia 
conservasse o Poder político → vão-se escolher os melhores para traçarem as metas → 
Doutrina da Soberania Nacional (é da Nação e não do povo a obrigação). Nota: Votar era 
uma função e não um direito - eleitorado função 
- Mandato representativo: o deputado, sempre que é eleito, está a representar toda a nação. 
Por isso, tem plena e total liberdade de voto e consciência. No fundo, cada deputado era 
independente e racional. 
- Avanço para um sistema político em que o órgão que comanda a vida política é o 
Parlamento - século XIX. Os partidos só já nasceram no Parlamento. O direito de sufrágio 
foi, progressivamente, alargado, até chegar ao conceito de "um Homem, um voto". SÉC 
XX - Deste modo, desapareceram alguns limites ao voto: em função do sexo, em função 
da idade, em função da raça. 
É agora sufrágio universal (soberania popular ou fraccionária): é o dto de voto para todos 
os cidadãos juridicamente capazes. A consagração do sufrágio universal representa o 
culminar de 1 longo processo evolutivo. A consagração do sufrágio universal será o 
reencontro dos ppios lógicos da democracia; vai constituir 1 entendimento da "Soberania 
do Povo”: a todos e cada 1 dos cidadãos (cada cidadão dispõe de 1 parcela da Soberania). 
O voto não é 1 simples função mas passa a ser 1 dto - eleitorado de direito. Os deputados 
não representam necessariamente a nação, mas aquelas pessoas que efectivamente os 
elegeram. Por isso, o mandato toma-se imperativo: o deputado tem de cumprir as suas 
funções e as directrizes do partido: Embora teoricamente não haja um mandato imperativo, 
na prática existe, organizado pelos partidos que os deputados representam. 
Democracia dos Partidos 
Nas modernas democracias, o papel fundamental nas eleições é dos partidos. 
• Partidos do Quadro - são aqueles que não têm muitos militantes; são constituídos por 
pessoas notáveis. Ex: partido trabalhista; Partidos Conservadores (mais à direita); Partidos 
liberais (mais progressistas). Estes Partidos deram origem aos Partidos na América. 
(Nascem no final do séc. XIX, princípios do séc. XX. Começaram a defender que, antes 
das eleições, tem de haver uma votação dentro do próprio partido - votação primária, onde 
só votam os militantes. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
21
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
• Partidos de massas - têm uma organização muito forte, devidamente estruturada sempre 
com muitos militantes. 
Partidos Socialistas: (1ºs a aparecer): a militância servia par obter 
fundos. Lógica da formação. Integração social (Catch all Parties) 
Partidos comunistas: organização impecável baseada em células, composta 
por poucas pessoas, nos locais de trabalho: centralismo democrático (pirâmide 
hierárquica muito rigorosa). (Catch all Parties) 
Partidos Fascistas: assentavam na força física; os militantes 
• Partidos de eleitores - são aqueles que têm muitos militantes, cujo o fundamento é o 
arregimentar eleitores (peloque utilizam discursos mediáticos, atractivos e abstractos) e o 
inter-classicismo. 
• Partidos de Protesto - como por exemplo o PP (causa Ultramar; aumento das reformas, 
... ) e o Bloco de Esquerda (aumento dos impostos sob as empresas; legalização das drogas 
leves; direitos dos homossexuais). 
Funções dos Partidos 
1°) Enquadramento dos eleitores: 
 - Ideológico (posicionamento ideológico dos eleitores) - Os partidos políticos 
desenvolvem a consciência política dos cidadãos, permitindo que estes percebam mais 
claramente as opções políticas e seleccionarem os candidatos que vão participar nas 
eleições. Sem partidos, os eleitores não poderiam conhecer as orientações dos diferentes 
candidatos e votariam nos notáveis tradicionais (pessoas mais suas conhecidas), princípio 
este defendido pelos partidos de esquerda que se opunham veementemente a este tipo de 
escolha, a escolha das elites tradicionais sociais. 
- Selecção dos candidatos → Métodos: 
(primárias) ___________ * votação por todos os militantes - disciplina de voto 
(directas) ___________ * nomeação pelo Director Partidário 
 * eleitores descubram o quadro de preferências 
Os partidos escolhem os candidatos a propor aos eleitores, mas qualquer pessoa se pode 
autopropor a uma eleição (dentro de certos requisitos), sem o apoio de um partido. A 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
22
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
maior parte dos candidatos eleitos são apresentados por partidos políticos utilizando vários 
processos segundo a sua própria estrutura. 
2°) Enquadramento dos eleitos: 
 - Sociológico (procuram impulsos para a sua actuação no meio da sociedade) e Ligação 
parlamentar. 
Relação que se estabelece entre a Direcção Partidária e o Grupo Parlamentar: 
• Partidos de Quadro: a relevância/predominância é o grupo parlamentar. 
• Partidos de Massas: quem domina é a direcção - direcção introvertida. 
• Partidos de Eleitores: quem manda na Direcção Partidária são os deputados, embora não 
chegue ao extremismo dos Partidos de Quadros; é virado para os eleitores - direcção 
extrovertida 
Catch all Parties – são partidos populares, interclassistas, adaptados às exigências 
funcionais dos tempos modernos, da Mediocracia. Consideram-se partidos Nacionais 
dispondo de um “programa de agregação”, com direcção extrovertida que promove os 
eleitos que tendem a ganhar primazia sobre os eleitores em detrimento da própria 
burocracia partidária 
Onde há disciplina de voto, há um partido rígido (rigorosa disciplina partidária). Onde não 
há disciplina de voto, fala-se em partidos flexíveis, onde um deputado pode votar no 
Parlamento de forma autónoma, mesmo que isso implique votar de forma contrária ao seu 
partido. Ex: Daniel Campelo em Ponte de Lima 
O sistema português caracteriza-se: 
* representação eleitoral, 
* não há maiorias absolutas mono partidárias (dentro de um só partido). 
Contudo, isto nem sempre se verifica, como por exemplo com o Prof. Doutor Cavaco 
Silva, dado o seu carisma e a introdução por ele do conceito "estabilidade". 
Estado no tocante aos seus fins 
Os Estados de acordo a relação Estado/Sociedade: 
• Estado Absoluto/Totalitário 
• Estado Liberal 
• Estado Social de Direito 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
23
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
• Estado Pós-Social 
1º) - Século XVII/XVIII - Estado Absoluto - Tem a sua realização perfeita no Estado-de-
Polícia: intervenção do Estado na vida dos cidadãos. Com o decorrer do tempo, foi-se 
verificando uma centralização do poder do Rei, até que concentrou em si a totalidade dos 
poderes – absolutismo. Ex: D. João V; Marquês de Pombal. O Estado-de-Polícia é aquele, 
em que o Soberano, deve promover a nação em termos técnicos, culturais, económicos, 
políticos, etc., para manter a nação no Mundo das nações civilizadas, na vanguarda. No 
Estado-de-Po1ícia está implícita a ideia de que o Príncipe/Rei (o Soberano) é a pessoa 
mais independente (não depende de ninguém; só depende de Deus) e mais esclarecida a 
mais iluminada, que está em condições de reunir todos os sábios e decidir com 
conhecimento de causa e sabedoria. O Rei está, assim, em condições de decidir o que é 
melhor para todos! Como dizia Otto Mayer "o soberano iluminado conseguia fazer tudo 
sozinho". Isto implica que o Rei queira fazer do seu Estado um Estado de admiração dos 
outros, um Estado progressista, avançado, imponente. O Príncipe tinha de velar pelo 
programa do Estado, mas também pela felicidade do Estado. Trata-se da construção, de 
um Estado não como realidade jurídica, mas como um conjunto de meios à disposição da 
Comunidade. Este tipo de Estado vai nivelar a sociedade: a sociedade feudal vai 
desaparecer e surge a sociedade com duas categorias: o Príncipe e os súbditos (não têm 
direitos individuais). Ao fazer esta divisão (dualismo), vai criar um sentimento de 
humildade. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o absolutismo fez surgir o conceito 
de igualdade. O Estado modela, interfere e regula a sociedade! 
2°) Estado liberal - (Estado negativo) - corresponde ao séc. XIX e ao Estado não 
intervencionista, e abstencionista do “laissez faire, laissez passer”. Surge, no pós 
revoluções liberais. 
 
Consiste na transposição para o plano liberal de certas concepções filosóficas ideias (o 
Iluminismo que identifica o Homem como o centro da sociedade), o que levou a uma 
ruptura com os valores anteriores, culminando com a Revolução Francesa. Pretendia-se 
acabar com o Estado-de-Polícia do século XVII. A Revolução é, de certo modo, como um 
continuar a ideologia do absolutismo. A burguesia passou a caracterizar-se também como 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
24
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
independente (tem direitos) e iluminada (tem saber). Então interrogou-se por que razão 
não era detentora de poder?! 
O Estado Liberal é um Estado de Direito que tem uma Ordem Jurídica que regula a 
sociedade. 
A liberdade é entendida como 1 dto à abstenção do Estado. Fala-se aqui num "status 
libertatis", por Jellinek. Por outro lado, '' status activa civitatis” refere a liberdade de 
participação para formação da vontade comum. Assim, para os Homens serem totalmente 
livres; não pode haver qq forma de integração ou associação, na medida em que, deste 
modo, os seus membros estariam submetidos às suas normas - Lei de Chapelieu de 1790. 
A ideia de Soberania Popular de Bodin serve de base ao Liberalismo de Rousseau 
no século XVIII, que assentava num contrato social entre cada indivíduo e a colectividade 
traduzindo uma "vontade geral". Dá-se a sua implantação também com o novo sentido de 
Direito Natural, que então surge, dando primazia à defesa dos direitos originários e 
naturais do indivíduo. 
Afirma-se, deste modo, a existência de dtos naturais, inalienáveis, imprescindíveis, 
fundamentais, originários, que nunca poderão deixar de existir e ser refutados. 
Com o movimento do século XVIII, surge o conceito de Constituição escrita. O 
Estado passa a estar vinculado a um documento escrito: 
A Constituição surge com certas características: 
 - instituir a separação dos poderes 
 - garantir e assegurar os Direitos Fundamentais e individuais 
A Constituição é 1 conquista, 1 triunfo da Nação sobre o Monarca (é diferente de Carta 
Constitucional, visto que esta é 1 constituição que é dada pelo príncipe à nação). 
 
 
 
A grande constante do Estado liberal é o abstencionismo económico do Estado; é 
um domínio ajurídico, ou seja, o Estado não deve interferir na economia, havendo assim a 
iniciativa individualde cada um. Este movimento autónomo vai formar um mercado de 
concorrência perfeita, deixando agir livremente os mecanismos da Oferta e da Procura. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
25
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
O mesmo acontece com a Administração Pública; pelo que o Estado deverá assumir 
una atitude passiva ou não perturbadora da esfera dos direitos privados. 
Com efeito, a salvaguarda dos direitos das pessoas é conseguida com a não intervenção do 
Estado, sendo o papel da Administração Pública diminuto, pelo que se afirma neste 
contexto, o Princípio da Legalidade administrativa: a actividade administrativa vai estar 
ligada ao Parlamento, logo ligada à Nação. Segundo o entendimento negativo deste ppio, 
não pode haver administração contra a lei (as entidades públicas não podem actuar contra 
a lei), mas podem agir livremente (praeter legeur) desde que não vá contra a lei. Com o 
decorrer do tempo e o aumento do domínio de acção do Estado, deu-se a reformulação 
deste princípio: a Administração não pode actuar em certos domínios, a não ser com base 
na lei (matérias ligadas à propriedade e à liberdade) - Princípio da reserva de lei. 
Nos finais do século XIX, o sentido de legalidade é visto num sentido positivo, isto 
é, a Administração Pública tem de ter base numa lei (secundum legeur). Pela primeira vez 
afirma-se os Direitos Fundamentais do Homem (Direitos negativos porque defendem o 
cidadão contra o Estado) - primado do Homem. Afirma-se, finalmente, a ideia de que a 
moral não pode ser imposta externamente. Cada um é responsável pela sua salvação e 
felicidade. O Homem é um ser com autonomia moral. 
Riscos inerentes à liberdade: 
O Estado de Direito Liberal começou por ser material mas tomou-se formal, 
restando a ideia de que a administração deve estar vinculada à lei (desaparece a vinculação 
à ideia de justiça). O desenvolvimento da economia sem intervenção do Estado revelou-se 
um sistema de exploração desumana: Caiu-se num liberalismo desenfreado e o Estado teve 
de começar a intervir contra os abusos de liberdade. 
 
 
 
 
3°) Estado Social de Direito 
A ideia de socialização surge com a lª guerra Mundial, situação onde se começa 
lentamente a pedir a intervenção do Estado. O Estado deveria, pois actuar ao nível 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
26
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
económico e social, em ordem a realizar "as necessidades de satisfação passiva" 
(abastecimento, obras públicas, etc.). O Estado devia defender uma política de preços e 
salários, uma política fiscal, ou seja, uma intervenção do Estado na economia, na 
educação, no emprego, na saúde, na habitação, ... O Estado tem, agora, também, o 
objectivo de justiça social 
A Administração Pública passa a ser encarada como agente de realização de 
"necessidades colectivas", como a justiça social, a realização do bem-estar ou a 
prossecução do princípio da igualdade em sentido material. 
Implanta-se, assim, o Estado Social de Direito com a criação de 1 novo conjunto de 
direitos, que consistem nos direitos a prestações positivas do Estado, exigidas pelos 
cidadãos. 
As primeiras"constituições que os consagram são as saídas do pós-guerra mundial, 
nomeadamente a Constituição da República de Weimar de 1919. 
Trata-se de um Estado de Providência de Bem-estar Social - o "Welfare State". 
O Estado está em todo o lado, é omnipresente e modela as relações sociais - é a 
colonização da sociedade pelo Estado 
Verificou-se ainda um alargamento do direito ao voto, assim como foi instituída a 
liberdade sindical e o direito à greve, evidenciando a necessidade de protecção da classe 
operária. É importante realçar que se parte de uma ideia de igualdade de todos perante a lei 
igualdade meramente formal. Contudo, esta sobrevalorização da liberdade fez com que a 
sociedade evoluísse para uma situação se desigualdades. 
4) Estado Pós-Social 
O estado Social entrou em crise, principalmente em crise financeira. O Estado é 
muitas vezes burocrático, lento, pelo que o recurso ao privado, torna-se muito mais eficaz. 
Por outro lado, o Estado tem novos objectivos, como por exemplo as questões ambientais. 
Paralelamente, a sociedade evoluiu e mudou; é uma sociedade consumista e individualista: 
Deste modo, fala-se agora de um Estado Pós-Social, com novos objectivos e novas 
questões. 
► Formas de Estado 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
27
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Para distinguir as diversas formas do estado, importa conhecer a titularidade do poder para 
agrupar os Estados: 
 - Quem são/Quantos são os titulares do Poder? Os titulares do poder estão a agir com 
legitimidade? 
• Aristóteles 
Defendia que as 3 formas usuais de Estado são: 
* - Monarquia - o poder reside num só 
* - Aristocracia - o poder reside numa classe ou elite 
* - República - o poder reside em todos, é o poder do povo (equivale à Democracia) 
Este era o critério utilizado em tempos (critério da Titularidade do Poder - elemento 
quantitativo), isto é, para a divisão das diferentes formas de Estado atendia-se ao número 
de titulares do Poder, até que Aristóteles veio trazer um novo critério que atendia ao modo 
como o poder era exercido, ou seja, se era exercido em prol da comunidade ou 
exclusivamente para o bem de alguns (Critério da legitimidade dos titulares). 
Assim, Aristóteles concluiu que: Se o Rei usa o poder que tem ao serviço do bem 
comum, encontramo-nos perante uma Monarquia. No entanto, se este o usa em proveito 
próprio, estamos numa Tirania. Do mesmo modo, a Aristocracia apresenta como lado 
corrupto a Oligarquia, enquanto que o regime de perversão/vício da Democracia é a 
Demagogia. 
Mas qual a forma de Governo preferida por Aristóteles? 
Acha que todas têm as suas qualidades todos os regimes são bons desde que exercidos na 
sua verdadeira essência. O paradigma da Constituição era a Constituição Mista, ou seja, 
uma mistura de todos os elementos positivos/com o melhor de cada regime. Isto porque 
para Aristóte1es, as formas puras de Monarquia, Democracia (República) e Aristocracia 
ir-se-iam auto-viciar, defendendo, assim urna politeia. Contudo, a grande falha de 
Aristóteles foi nunca ter explicado como combinar os poderes (não nos deu um modelo de 
Constituição Mista). 
 
 
 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
28
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Para encontrarmos o modelo de Constituição Mista temos de avançar no tempo. 
• Barão Montesquieu – (Presidente do Parlamento de Bordéus) - século XVII – XVIII, 
viveu em pleno período absolutista de Luís XIV e Luís XV. 
Defendia que as formas de Governo podem ser divididas em 3 regimes: 
* Monarquia - o seu valor seria a honra , 
* República Aristocracia - o seu valor seria a moderação, o equilíbrio 
(oligarquia) 
 Democracia – o seu valor seria a virtude – (Demagogia) 
* Despotismo - seria a perversão da Monarquia e o seu princípio seria o medo. 
Montesquieu fez uma crítica ao despotismo dos Turcos (do Sultão), para demonstrar o seu 
lado perverso, pois não o podia fazer directamente em relação ao despotismo do regime 
francês. Nesta perspectiva, o despotismo é equivalente à tirania de Aristóteles. 
Note-se que Montesquieu curiosamente associou a Aristocracia à República, ao contrário 
de Aristóteles, dado que ele próprio era um barão e, portanto, membro da Aristocracia. 
Também para Montesquieu não há um regime puro, ou seja, todos são mistos, o ideal é a 
Constituição Mista, onde o Poder reside nos 3 sistemas. 
Com efeito, Montesquieurefere a: necessidade de equilibrar os poderes sociais, em ordem 
a extinguir as diferenças sociais. Nomeadamente, quando refere o exemplo da Monarquia, 
no qual é imperativo o respeito é o equilíbrio de poderes sociais, é que se aproxima mais 
do ideal de Constituição Mista. Esta ideia de Const. Mista é também recuperada com o 
Princípio da Separação de poderes, inscritos na Const. Inglesa, pelo que a lei depende da 
vontade reunida das forças sociais que constituem: o Estado. Contudo, a partir de uma 
certa altura, nomeadamente com a Revolução Inglesa, a tricotomia de Montesquieu deixa 
de fazer sentido, pelo que se dá a afirmação da Democracia como forma de Governo 
paradigmática/ideal. Passa a existir uma dicotomia em vez de tricotomia, isto é, 
contrastam a Democracia e a Autocracia ou Não Democracia 
Surgem estes novos conceitos, destruindo as noções de Monarquia e República 
anteriormente "propostas" por Aristóteles. No entanto, há ainda nos dias de hoje formas de 
Monarquia, que hoje assumem um significado bem diferente do anterior, embora ligadas 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
29
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
ou integradas num conceito democrático, como acontece na Grã-Bretanha, Suécia, 
Dinamarca, Espanha, etc. 
Actualmente, poderá fazer-se distinção entre Monarquia e República através da 
observação da forma de designação dos Chefes de Estado. Nas democracias, apesar de 
todos os seus princípios, o que acaba por se verificar é que o poder está entregue a uma 
classe política. É sempre a mesma classe que se alimenta a si mesma. Verifica-se que a 
classe política se tem mantido por vários anos, ou seja, pouco se renova em todos os países 
democráticos, sendo assim um tipo de Oligarquias. Esta é a chamada Lei de Bronze das 
Oligarquias, isto é, consiste na verificação por exames empíricos que a classe política se 
renova pouco; mesmo nos regimes democráticos, o poder está entregue a uma classe 
política de elites. O nome "Bronze" justifica-se exactamente porque se trata de uma liga 
metálica particularmente indéstrutíve1 - lei forte. Com efeito, assiste-se a uma oligarquia 
na classe política, dado que está reservada só a alguns, nem todos a podem integrar (há 
certos cargos extremamente exigentes que não é qualquer pessoa que os pode exercer - 
qualificação profissional). Em todas as Democracias, faz-se sentir o efeito de perversão da 
Lei de Bronze. Então o que distingue as democracias das não-democracias?! São os seus 
mecanismos de funcionamento. Enquanto que nas democracias existem referendos, 
votações, etc., com a recondução à vontade popular, nas não-democracias a classe política 
não vai a votos, pelo que os actos eleitorais são disfarçados (não há "vontade popular"). 
Para além disso, nas Oligarquias, o poder emana de cima para baixo, ao contrário das 
Democracias. 
Contudo, é importante realçar que há mecanismos para suavizar o efeito de 
perversão da Lei de Bronze das Oligarquias: 
• Pluralismo, porque quanto maior, mais partidos haverá e, consequentemente, maior 
liberdade de expressão e mais se combate este fenómeno. Isto acontece porque poderá 
assim haver mais facilidade de renovação - rotatividade política. 
• Descentralização da estrutura do Estado, porque, se há descentralização, o poder 
aproximar-se-á dos cidadãos. 
• Transparência dos partidos (vida democrática), na medida em que os partidos são 
actualmente muito fechados ao exterior. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
30
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
 
 
• Subida do nível geral de cultura ou Educação/Instrução dos cidadãos. Em suma, pode-se 
concluir que, nos dias de hoje, importa distinguir entre os regimes autocráticos e os 
regimes democráticos na medida em que, na maioria dos Estados ditos democráticos, o 
poder está concentrado numa elite ou grupo - a classe política. 
Estados autocráticos serão então aqueles em que não existe um autêntico mecanismo de 
representação do povo, por parte da classe política; regimes democráticos serão aqueles 
cuja classe política se destine verdadeiramente à representação popular e, 
consequentemente à satisfação da vontade do povo 
Regra da Maioria 
Até John Locke, nenhum autor fala da Regra da Maioria. Marsílio de Pádua já se tinha 
referido a esta regra, mas num contexto diferente ligado aos Conventos (onde era preciso 
encontrar um critério de eleição do abade). 
John Locke (Liberalismo = Liberdade - século XVII 
Defendia que o povo não pode ter uma vontade própria; tem sim uma vontade individual 
de cada pessoa. Era impossível existir um sistema de unanimidade, dada a heterogeneidade 
que caracteriza uma sociedade. Por isso, o critério mais adequado era o da maioria. 
Rousseau, (Democracia = Igualdade, no "Contrato Social", veio afirmar que a vontade do 
Povo era a vontade geral, a vontade da maioria; porque a maioria dos Homens é racional 
então a maioria é a vontade mais racional. Contudo, este argumento é fraco, porque isto 
abre portas para ditaduras da maioria. 
A justificação tem de ser outra: é a maioria que melhor realiza os valores 
democráticos, ou seja, a igualdade (todos os votos contam o mesmo) e a liberdade 
(podemos optar/escolher por vontade própria). Nenhuma das justificações encontrada é 
totalmente certa. Contudo, temos de encarar que este critério é o "menos mau" de todos os 
critérios de justificação. A Regra da Maioria não vale apenas para o universo eleitoral mas 
também para os órgãos do Estado (ex: Assembleia, Tribunais). 
• Maioria relativa: é a simples pluralidade dos votos, ou seja, a diferença nem que seja de 
um voto. Tanto vale para os actos eleitorais como para os órgãos do Estado. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
31
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
• Maioria absoluta: quando se tem 50% dos votos expressos mais um. Vale para os actos 
eleitorais e para os órgãos do Estado. 
• Maioria qualificada: a exigência da maioria está previamente determinada na lei. A lei 
exige que se tenha uma maioria superior à absoluta (ex.: 3/4 2/3: maioria dos deputados 
em efectividade de funções - 116 deputados). Também se considera maioria qualificada 
sempre que a lei exige a maioria absoluta dos votos, contados não a partir do número de 
votos mas sim do número total de membros do colégio de votantes. 
• Maioria duplamente qualificada: a Constituição exige a maioria de 2/3 desde que 
superior à maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções. Quanto mais 
importante é a matéria, mais exigente é a maioria. 
A Regra da Maioria é o processo pelo qual se decide/resolve alguma coisa. 
Contudo, também tem os seus limites: 
• Não é uma maioria abstracta, mas concreta Tem sempre um quadro organizatório de 
referência, pelo que só tem os poderes/competências desse quadro. 
• As propostas são sempre feitas em nome de interesses colectivos. As maiorias quando 
governam e exercem o Poder, devem fazê-lo em representação do Todo. 
• A Regra da Maioria não pode ser usada contra a democracia. Ela só faz sentido para ser 
usada no sistema-democrático. 
A Regra da Maioria não é um critério de verdade, mas de decisão/escolha. Contudo, a 
Regra da Maioria não pode ter como consequência o desrespeito, o silenciamento das 
minorias. Estamos num sistema democrático enquanto for possível às minorias tomarem-
se maiorias. 
Estado Totalitário 
• O totalitarismo consiste na intervenção do Estado em todos os domínios da vida social, 
ou seja, de uma conformação da vida social de toda a Sociedade pelo Estado. 
• O Estado controla todo o sistema social. O Estado é total na medida em que engloba todaa sociedade (define o que está dentro e fora da comunidade). 
 • Define, também, quem faz parte e quem não faz, pelo que define desde logo os inimigos 
(que eram marginalizados, eliminados e internados para cura). 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
32
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
 • O poder político concentra-se no monarca, que controla e planifica a economia a 
religião, controla a cultura, a educação e a comunidade social - doutrina sistemática. 
 
 
Os Estados totalitários modernos caracterizam-se pela: 
• Concentração do poder político; •Planificação da economia;•Emanação de directivas 
ideológicas 
Não se pretende apenas controlar a economia, mas também os tempos livres, o ensino, os 
costumes. Não se pretende apenas a obediências à lei, mas a obediência à ideologia 
inerente ao Estado. Nestes Estados, os direitos fundamentais ou não existem, ou então 
destinam-se à prossecução dos princípios ideológicos do Estado. O que interessa é o bem 
comunitário mesmo que isso implique o atropelo das liberdades individuais (estão em 2° 
plano). O Estado define, ainda, o modelo de cidadão - há uma doutrina ortodoxa. 
Um outro factor importante é o desaparecimento do dualismo Estado/Sociedade. 
O Estado detém, de facto, o controlo da vida social, económica e política da 
Comunidade, através de diversos factores ao seu dispor: 
 - Criação de polícia política secreta; 
- Censura dos meios de comunicação; 
- Vigilância de informação 
- Afastamento de agentes políticos com ideais revolucionários ou contrários; - Terror e 
medo 
O Estado sobrepõe-se à sociedade! 
Vejamos algumas experiências totalitárias do século XX: 
► Estado Comunista Soviético (Totalitário) 
O Comunismo foi implantado na Rússia em 1917, após a Revolução Bolchevique 
(Revolução de Outubro) e assenta na doutrina Marxista-leninista, que defendia a luta por 
uma sociedade sem classes de modo a criar uma sociedade igualitária. Em1917. Lenine 
assume a liderança do Partido bolchevique abolindo todos os outros partidos políticos e 
estabelecendo a censura. Instala uma organização que se destinava a controlar os contra-
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
33
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
revolucionários - a "vetcheka". Com Estaline, mais tarde, surge a ideia de crime político, a 
ideia de responsabilidade colectiva. 
Só com este homem é que o Partido Comunista assumiria plenos poderes. 
É caricato verificar que a Rússia era a que tinha menos condições e razões para ser o 1º 
país onde se deu 1 revolução deste tipo. 
A verdade é que na Rússia ainda não tinha havido a revolução industrial; era ainda 1 
país de servos da gleba (da terra) extremamente atrasado. Daí que seja estranha a 
Revolução, ligada ao proletariado. O que a explica são as desigualdades que se faziam 
sentir. Parte da ideia de que a classe burguesa explora a classe operária (proletariado). 
Daí que fosse necessário criar uma sociedade sem classes; mas para se atingir esta 
sociedade era necessário instaurar uma Ditadura do Proletariado, onde o poder é entregue 
aos operários. 
Características do Estado Soviético: 
• Inexistência de uma separação de poderes, pelo que, todos os poderes estavam 
concentrados nos "Sovietes". Não existe um conceito formal de lei, na medida em que não 
há nenhum órgão competente para a elaboração das leis 
• O Poder Judicial não é "independente, sendo os juízes eleitos pelos "Sovietes" por 
período de 5 anos e podendo ser destituídos a qualquer momento. Estavam, pois, sujeitos 
às directivas do Partido 
• Existia um regime de Sovietes combinado com um regime de partido único. Havia o 
"Soviete Supremo" com duas Câmaras e o partido Único era o Partido Comunista, que 
ditava as eleições para os cargos dos Sovietes, escolhendo os candidatos. 
Por outro lado, reuniam-se na mesma pessoa os cargos chaves do partido e do estado. Para 
além disso, o Partido Comunista tinha a possibilidade de emanar ordens concretas aos 
órgãos de Estado. Assim, o facto de o Partido Comunista escolher os candidatos para os 
Sovietes, de deter os cargos-chave do estado e de ter a possibilidade de vincular os órgãos 
de Estado são três formas de influência do Partido sobre os órgãos de estado. 
• Rege-se por um princípio de Assembleia, isto é, o poder Supremo Soviete deve estar 
submetido a uma Assembleia de representantes (poder legislativo e judicial), para além de 
estar submetido a um regime monopartidário. 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
34
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
• Ideia de centra1ismo democrático onde todos os órgãos são eleitos, mas todas as decisões 
finais são da cúpula do Partido Comunista; os órgãos inferiores devem obediência aos 
órgãos superiores do partido 
• Planificação imperativa da economia - os acordos económicos estavam conforme aquilo 
que era fixado 
• Propriedade privada só existe nos bens de consumo. Os bens de produção são 
propriedade colectiva. 
• O Direito é visto como um instrumento do estado, como algo que ajuda na realização dos 
seus objectivos. O Direito tinha 3 funções: 
* Função repressiva - visa reprimir todos os comportamentos contrários os interesses do 
Estado. 
* Função preventiva - visa dissuadir as pessoas da adopção de comportamentos contrários 
aos interesses do estado. 
* Função educativa e organizatória da vida social - o Estado dirige toda a vida colectiva. 
• Os Direitos Fundamentais são exercidos no sentido da construção de uma sociedade sem 
classes; são também funcionalizados, isto é, são direitos-deveres (os. Direitos estão sempre 
acompanhados de um dever), pelo que o seu exercício terá de estar de acordo com os 
princípios do Estado. 
► Estado Fascista Italiano (Totalitário) 
É 1 Estado que surge com 1 grande base filosófica, com 1 doutrina bem elaborada. 
Após a 1ª Guerra Mundial, a Itália cai numa grave crise económica, originando quase um 
clima de guerra civil e um sentimento de injustiça perante o Tratado de Versalhes. 
Deste modo, surge em 1919 o movimento fascista político liderado por Mussolini, 
que apoia uma burguesia amedrontada com precárias condições sociais. 
Este movimento era inicialmente apoiado por grupos de jovens militares 
hierarquizados como os célebres "camisas negras", que procedem a um controlo das 
revoltas dos trabalhadores. 
Em 1921 este movimento torna-se um verdadeiro partido político, com 
representação parlamentar, ainda que minoritário - é o Partido Nacional Fascista 
Universidade Católica 
Disciplina: Ciência Política 
35
Professor: Paulo Rangel 
Apontamentos: Sousa Gomes 
Em 1922, dá-se a "Marcha sobre Roma", com os "camisas negras", onde depois o Rei 
convida Mussolini a subir ao poder. Em 1923, Mussolini sobe então ao poder e começa 
rapidamente a controlar os meios de comunicação social. Em 1926, surgem as leis de 
excepção, dando origem a um novo Estado Totalitário Europeu. 
o Estado Fascista Italiano tinha como características: 
• A exaltação do Estado – todos devem obediência ao Estado, sendo a Nação vista como 
um conjunto de valores, que é representada pelo Estado. 
O Estado representa a encarnação jurídica da nação. Contudo, verifica-se uma 
harmonização dos interesses colectivos com os interesses particu1ares. Forma-se uma 
ideia de eticismo e de: pedagogismo educacional, pelo que as instituições estaduais são 
formas eficazes de tutela dos valores morais. 
• É autoritário (é necessário exaltar a ordem, pela dignificação do Estado), pedagógico 
(preocupação em educar os cidadãos para a ordem) e altamente ético. 
• Os direitos fundamentais assumem um carácter

Outros materiais

Outros materiais