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Prévia do material em texto

Curso Análise Criminal – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 24/10/2008 
 Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
Análise Criminal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créditos: 
Profa. Betânia Totino Peixoto – Professora da UFMG/CEDEPLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Análise Criminal – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 24/10/2008 
 Página 2 
 
 
 
 
Apresentação 
 
 
 Segundo alguns autores há três tipos de mentiras sobre a estatística: as mentiras, as 
mentiras sérias e as estatísticas. Veja algumas delas: 
 
“Os números não mentem, mas os mentirosos forjam os números.” 
 
“Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.” 
 
O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado 
utiliza um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”. 
 
Quais são as razões para que esta visão persista? 
 
Por que fazer análise criminal? 
 
 
Estas são algumas das perguntas que servirão de busca para que você possa estudar 
sobre o tema. 
 
As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a partir das 
estatísticas são o uso de pequenas amostras, a realização de distorções deliberadas, 
perguntas tendenciosas, a elaboração de gráficos enganosos e a existência de pressões 
políticas. 
 
Na perspectiva de contribuir para mudanças nesse cenário é que este curso tem como 
propósito a construção de um alicerce que viabilize a ampliação da formação de 
analistas criminais no Brasil, onde novos conteúdos relacionados às modernas técnicas 
de análise venham a ser agregados em futuro próximo. 
 
No curso você estudará os conceitos básicos de análise estatística que fundamentam o 
processo de análise criminal. 
 
 
 
 
Curso Análise Criminal – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 24/10/2008 
 Página 3 
 
 
 
Ao finalizar o curso, você será capaz de: 
 
- Reconhecer a importância de se fazer análise criminal; 
- Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal; 
- Identificar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações; 
- Aplicar os conceitos básicos relacionados a estatística para compreender melhor as técnicas 
utilizadas na análise estatística criminal; 
- Identificar os diferentes tipos de mapas relacionando às informações que reúnem; e 
- Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a 
operacionalização da análise criminal. 
 
O curso está dividido em 5 módulos: 
 
Módulo 1 – Por que fazer análise criminal? 
Módulo 2 – Coleta de informações 
Módulo 3 – Análise Estatística Criminal 
Módulo 4 – Sistemas de Informação Geográfica 
Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal. 
 
 
Bom curso! 
 
 
Módulo 1 – Por que fazer análise criminal? 
 
Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de 
policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública. 
 
Ao final, do módulo você deverá ser capaz de: 
 
- Definir análise criminal e identificar as contribuições para a gestão da segurança pública; 
- Compreender os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância 
do foco nas ações de análise criminal; e 
- Classificar a produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes 
utilizadas. 
 
 
Curso Análise Criminal – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 24/10/2008 
 Página 4 
 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 5 aulas: 
 
Aula 1 – A Análise criminal e seu campo de aplicação 
Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento 
Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos 
Aula 4 – Focalização das ações da análise criminal 
Aula 5 – Vertentes básicas 
 
Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação 
 
O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões 
principais: 
 
- Orientar os gestores quanto ao planejamento, execução e redirecionamento das ações do 
sistema de segurança pública, contribuindo para uma melhor distribuição dos recursos 
materiais e humanos; e 
 
- Dar conhecimento à população e a outros órgãos governamentais e não-governamentais 
quanto à situação da segurança pública, auxiliando suas participações efetivas na gestão e 
execução das ações. 
 
Definição 
 
A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas 
e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas 
de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar 
conclusões. 
 
A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, 
através dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o 
fenômeno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais influências 
cabem a cada uma dessas causas. 
 
 
 
 
 
Curso Análise Criminal – Módulo 1 
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Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento 
 
O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos força a repensar a forma de 
como se faz segurança pública. É uma obrigação dos profissionais dessa área questionar 
sobre os resultados esperados da sua atividade profissional e como podem agir para cumprir 
com essa expectativa, ou seja, fazer mais com menos recurso. 
 
É preciso deixar de reagir diante de uma cadeia sem fim dos incidentes e passar a assumir 
como resultado desejado a criação de um ambiente seguro, onde a execução de ações 
preventivas surge como a principal estratégia para quebrar com essa seqüência de 
incidentes. 
 
Esta é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de policiamento, em que o 
principal resultado era o pronto atendimento à vítima fazendo com que o alcance de resultados 
dependesse somente do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas. 
 
Nova perspectiva 
 
 A nova perspectiva de policiamento requer que: 
 
- A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados 
identificando suas causas; 
- Leve em consideração um leque bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas; 
e 
- Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no 
alcance de resultados. 
 
Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a 
solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde 
não ocorra nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranqüilamente e a sensação de 
segurança seja compartilhada por todos, independentemente de suas características culturais, 
econômicas e naturais. 
 
 
 
 
 
 
Curso Análise Criminal – Módulo 1 
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O trabalho do analista criminal 
 
Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre 
os crimes. Em poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo 
como foco principal a identificação do perfil de quem deve ser preso e, em situações escassas, 
essa análise busca identificar fatores urbanos e populacionais associados aos padrões de 
incidência criminal. 
 
Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas 
análises na gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de 
decisão baseados na rotina e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados 
a serem alcançados em perspectiva sistêmica, ainda prevalecem. 
 
Uma das explicações para essa situaçãoé a inexistência de analistas criminais bem treinados 
e compromissados com sua atividade. 
 
O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu 
trabalho. Espontaneamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar 
problemas que devem ser resolvidos, avalia as principais causas do problema para 
identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e traça um projeto de 
execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados 
alcançados, sejam positivos ou negativos. 
 
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre 
esses profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto 
sempre como um trabalho de bastidor. É preciso repensar essa concepção. 
 
O analista criminal tem uma importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos 
órgãos de segurança pública, pois têm influência direta sobre o processo de tomada de 
decisão, quanto à forma de resolver o problema. 
 
Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de 
conselheiro. Mais que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve 
agir como um pesquisador que visa trazer as melhores contribuições possíveis da 
ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial. 
 
 
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No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com 
maior conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de 
dados e sobre a avaliação de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de 
encontrar fontes alternativas de dados e relatórios que podem ser utilizados para dar 
sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empreendidas e as conclusões a serem 
alcançadas. 
 
A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a 
efetividade das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003. 
 
Veja na figura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de 
policiamento. As estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois 
eixos principais: a focalização do objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do 
conjunto de estratégias de policiamento utilizadas (eixo vertical). 
 
A partir da figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei, foi trocada 
por uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a 
comunidade e a realização de ações sociais. 
 
Figura 1: Efetividade das estratégias de ação policial (EUA / 2003) 
 
 
Fonte: Skogan e Frydl (2004). 
 
Perspectivas 
sociais e 
jurídicas 
 
 
 
 
 
Diversidade de 
estratégias 
 
 
 
 
 
 
Perspectiva 
jurídica 
Policiamento comunitário
 
Respostas pautadas no policiamento a pé, 
incremento do contato pessoal entre polícia e
comunidade, e esforços para aumentar a
legitimidade da polícia diante da sociedade. 
 
Evidências empíricas de fraca ou moderada
relação com a diminuição na incidência
criminal. 
Policiamento orientado a problemas 
 
Respostas pautadas na investigação científica de 
problemas específicos e o estabelecimento de um 
processo de gestão orientado por resultados. 
 
Evidências empíricas de forte ou moderada 
relação com a diminuição na incidência criminal. 
Estratégia tradicional
 
Respostas pautadas no aumento do efetivo, 
diminuição do tempo de atendimento, aumento 
do número de prisões e maior visibilidade da 
polícia. 
Falta evidência empírica que demonstre a 
relação com a diminuição na incidência 
criminal. 
Policiamento focado 
 
Respostas pautadas em patrulhamento em áreas 
de concentração de crimes e esforço intensivo 
focalizado em crimes específicos. 
 
Evidências empíricas de fraca ou moderada 
relação com a diminuição na incidência criminal.
Baixo Focalizado Alto 
 
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No contexto da estratégia tradicional, onde a focalização é inexistente (baixa) e a estratégia 
envolve apenas o reforço da lei (perspectiva jurídica), a pesquisa conclui que não existem 
evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em relação à redução da incidência 
criminal. Por outro lado, no policiamento orientado à problemas (Clarke & Eck, 2007), marcado 
pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversificado de estratégias 
orientadas para a solução dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes 
evidências empíricas de um resultado efetivo em relação à redução da incidência criminal. 
 
O policiamento orientado a problemas tem como principal estratégia de intervenção a 
promoção de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele 
apresenta um grande avanço em relação à estratégia tradicional de policiamento, pois objetiva 
um resultado mais efetivo do que o alcançado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas 
patrulhas policiais preventivas. 
 
 
Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos 
 
 
O aumento de recursos financeiros investidos é o suficiente para o alcance de resultados 
efetivos na área de segurança pública? 
 
No âmbito nacional, uma constatação científica de que a efetiva solução dos problemas de 
segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos pelos órgãos de 
segurança pública foi exposta por Cerqueira e Lobão (2003). Baseados em informações sobre 
os fatores associados à incidência de homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, 
entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento das despesas com segurança pública não 
está relacionado estatisticamente à redução da incidência de homicídios. 
 
Fatores associados à incidência de homicídios 
 
Dos fatores considerados, a redução da desigualdade social foi o único relacionado 
diretamente à redução da incidência de homicídios. Cabe ressaltar, que os autores 
consideraram os gastos em segurança pública sem separá-los e sem analisar as possibilidades 
de distribuição e aplicação desses recursos. 
 
 
 
 
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Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos financeiros 
investidos, é preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos 
conforme as relações entre custo e benefício encontradas para cada alternativa. Essa 
questão aponta para a importância do analista criminal que fornece o subsídio para a tomada 
de decisão quanto ao investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar 
com estratégias de intervenção que ultrapassam o âmbito das ações tradicionais de 
polícia, pois a melhor perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as 
estratégias de ação de forma conjunta – ações policiais, redução na desigualdade social 
e aumento da renda per capita. 
 
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para 
mudanças na política nacional.” 
 
 
Aula 4 – Focalização das ações e o trabalho da análise criminal 
 
 
Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, de uma forma didática, dividi-
la em quatro etapas: 
 
1- Sistematizar e analisar dados de segurança pública buscando identificar padrões de 
incidentes; 
 
2 - Submeter esses padrões a uma profunda análise buscando identificar suas causas; 
 
3 - Identificar formas de intervir nas relações causais encontradas para cessar a ocorrência dos 
incidentes; e 
 
4 - Avaliar o impacto das intervenções e caso identifique uma ausência de impacto, começar 
todo o processo novamente. 
 
No contexto do policiamento orientado a problemas, as formasde intervenção devem ser 
concebidas de maneira ampla, não se restringindo apenas às ações tradicionais de polícia, e, 
por outro lado, o fluxo de trabalho de análise envolve a contínua coleta e sistematização de 
novos dados que podem resultar em mudanças radicais nas ações que já vêm sendo 
executadas. 
 
 
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A focalização das ações 
 
Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente precisam 
ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a 
questão da focalização das ações: 
 
- A valorização de uma perspectiva local de ação; e 
- A focalização de tipos criminais específicos para intervenção. 
 
- A valorização de uma perspectiva local de ação 
Ao focar seu olhar em uma perspectiva mais local, o analista criminal ajuda fazendo com que 
seu órgão seja mais bem informado, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o 
crime. A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e 
identificar as causas do problema abordado. Essa orientação do trabalho numa perspectiva 
local propõe que o analista converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho, 
participe diretamente de atividades desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública, troque 
informações com profissionais das empresas de segurança privada, crie uma rede com 
analistas criminais das regiões vizinhas, colete informações diretamente com agressores e 
vítimas e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação. 
 
- A focalização de tipos criminais específicos para intervenção. 
A focalização nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os 
atores e as dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do 
fenômeno criminal. Caso essa focalização não seja realizada e se considere como problema 
uma categoria criminal ampla, por exemplo, roubo, torna-se difícil identificar as causas do 
problema. Cada tipo de roubo – em estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, 
de carga, dentre outros – possui suas causas específicas, resulta de diferentes motivações e 
envolve atores distintos em termos do seu conhecimento, habilidade e organização. 
 
Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções 
sejam focalizadas em cada um deles separadamente. 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 5 – Vertentes básicas 
 
Magalhães (2007) destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de produção de 
conhecimento voltado para a gestão em segurança pública: 
 
- Análise criminal estratégica – ACE; 
- Análise criminal tática – ACT; e 
- Análise criminal administrativa – ACA. 
 
 
Análise criminal estratégica 
 
Análise criminal estratégica (ACE) – Trata da atividade de produção do conhecimento 
voltado para o estudo dos fenômenos e suas influências no longo prazo. Dentre seus principais 
focos estão: 
 
- Formulação de políticas públicas; 
- Produção de conhecimento para redução da criminalidade; 
- Planejamento e desenvolvimento de soluções; 
 - Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública; 
- Direcionamento de investimentos; 
- Formulação do plano orçamentário; 
- Controle e acompanhamento de ações e projetos; e 
- Formulação de indicadores de desempenho. 
 
Seu principal objetivo é trabalhar na identificação das tendências da criminalidade. Por 
exemplo, se o analista identifica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência 
ascendente, essa informação será utilizada para formular e determinar prioridades das ações 
dos operadores do sistema de segurança pública. 
 
Análise criminal tática 
 
Análise criminal tática (ACT) – Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para 
o estudo dos fenômenos e suas influências no médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno 
criminal visando fornecer subsídios para os operadores de segurança pública que atuam 
 
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diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado pelas polícias ostensivas e 
investigativas. Dentre seus principais focos estão a: 
 
- Produção de conhecimento para orientar as atividades de policiamento ostensivo nas 
atividades preventivas e repressivas (Exemplo: Identificação de pontos quentes, 
correlacionando dia e horários críticos); e 
 
- Produção de conhecimento para subsidiar a polícia investigativa nas 
soluções das ocorrências criminais, principalmente na busca da autoria e materialidade dos 
delitos. 
 
Seu principal objetivo é trabalhar na identificação de padrões das atividades criminais. 
Análise criminal administrativa 
 
Análise criminal administrativa (ACA) – Trata da atividade de produção do conhecimento 
voltada para o público alvo, ou seja, sua atividade assemelha a de um editor chefe que 
seleciona os assuntos que serão divulgados para cada cliente. Dentre seus principais focos 
estão: 
 
- Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores 
públicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais, 
etc.; 
- Elaboração de estatísticas descritiva; 
- Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais; 
- Comparações com períodos similares passados; e 
- Comparações com outras cidades similares. 
 
Seu principal objetivo é trabalhar as estatísticas criminais de forma descritiva. 
 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
 
 
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1. Qual a definição da análise criminal? 
 
( ) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de 
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair 
conclusões. 
( ) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para traçar gráficos, tabelas e mapas. 
( ) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para executar ações e políticas de 
segurança pública. 
 
Resposta correta: 
É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de 
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair 
conclusões. 
 
 
2. A análise criminal se enquadra na perspectiva da segurança pública: 
( ) Reativa 
( ) Preventiva 
 
 
3. A produção do conhecimento de gestão em segurança pública pode ser classificada 
segundo três vertentes – Análise criminal estratégica (ACE), Análise criminal tática (ACT) 
e Análise criminal administrativa (ACA). De acordo com essa classificação, marque as 
alternativas corretas (podem ser marcadas mais de uma alternativa): 
 
( ) A ACE trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos 
fenômenos e suas influências no médio prazo. 
( ) A ACT trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos 
fenômenos e suas influências no longo prazo. 
( ) A ACA trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público alvo. 
( ) A ACT tem como principal objetivo trabalhar na identificação de padrões das atividades 
criminais. 
( ) A ACA tem como principal objetivo trabalhar na identificação de padrões das atividades 
criminais. 
 
 
 
Curso Análise Criminal – Módulo 1 
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Gabarito 
 
1. É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de 
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair 
conclusões. 
 
2. Preventiva 
 
3. A ACA trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público alvo, e 
A ACT tem como principal objetivo trabalhar na identificação de padrões das atividades 
criminais. 
 
 
Este é o final do módulo 1 
 
Por que fazer análise criminal? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 
 
Recorte 1: A análise criminal contribuindo para mudanças na política nacional 
 
 
 
 
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Gráfico 1: Projeção das taxas de homicídios (2004 a 2006)1 
j ç ( )
13,7
14,6 14,6
16,9
18,7 18,6
19,4
20,2
20,9
24,6 24,2 23,7
22,4
23,2
24,0
25,7
27,0 27,4
29,0 28,8 29,1
29,6
30,5 30,2
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Ta
xa
s 
po
r 1
00
 m
il 
ha
b.
2004 - 2005 - 2006
Estratégia 1 – mesma renda per capita, desigualdade e gasto em segurança pública
Estratégia 2 – diminuição da desigualdade social
Estratégia 3 – aumento da renda per capita
Estratégia 4 – aumento das despesas com segurança pública
Estratégia 5 – estratégias 2,3 e 4 conjuntas
Fonte: IPEA
PROJEÇÃO
 
Pautado por essas constatações empíricas, nos contextos nacional e internacional, que 
expressam a necessidade de repensar a segurança pública, deixando de lado abordagens centradas 
apenas na ação tradicional de polícia e passando a adotar amplas ações de policiamento com ações 
sociais, o Governo Federal está empreendendo esforços para promover essa mudança. Exemplos 
pioneiros dessa mudança foram as ações realizadas, em 2006 e 2007, para garantir a segurança 
durante os Jogos Pan-Americanos. Além da execução de ações típicas de polícia, foram executadas 
ações de formação dos guias cívicos e brigadas socorristas, realizadas as Olimpíadas Cariocas e a 
execução de ações envolvendo a promoção de espaços urbanos seguros, formação de policiais em 
Policiamento Comunitário, criação dos Centros Integrados de Cidadania e a promoção de ações visando 
à atenção e proteção de crianças e famílias em situação social precária. 
Dando continuidade a esse processo, o Governo Federal lançou, em 2007, o Programa Nacional 
de Segurança com Cidadania – PRONASCI. Fundamentado em uma perspectiva de policiamento 
orientado para problemas, o programa envolve a execução de 94 ações que podem ser unidas a ações 
típicas de polícia e a ações sociais. Um dos fundamentos do sucesso da ação do PRONASCI é a 
valorização da gestão local e, conseqüentemente, a existência de equipes de gestão bem formadas nas 
áreas de atuação do programa. 
 
1 Explicação do gráfico: Na parte amarela do gráfico estão os dados reais da taxa de homicídios por cem mil 
habitantes de 1980 a 2003. A parte relativa a 2004, 2005 e 2006 são projeções da taxa de homicídios por cem mil 
habitantes, dado algumas possíveis estratégias de política públicas, ou seja, o que aconteceria com a taxa de 
homicídio. Na estratégia 1, o gestor não faz nada, ele deixa a renda per capita, a desigualdade social e o gasto em 
segurança pública nos níveis de 2003, a taxa de homicídio continuou crescendo, como se pode ver na linha cinza. Na 
estratégia 2, a desigualdade social é diminuída e a taxa de homicídio cai. Na estratégia 3, o gestor aumenta a renda 
per capita e deixa a desigualdade social e o gasto em segurança pública constantes, mas o homicídio continua 
crescendo. Na estratégia 4, o gestor aumenta apenas o gasto em segurança pública e a taxa de homicídio continua 
aumentando, porém, a uma taxa menor que as estratégias 1 e 3. Na estratégia 5, a renda per capita e os gastos em 
segurança pública aumentam e a desigualdade de renda diminui, o resultado é a maior queda na taxa de homicídio. 
 
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Para cada área é preciso identificar os problemas a serem abordados, suas causas e possíveis 
soluções. Cada contexto trará respostas diferentes às intervenções empreendidas e, por essa razão, que 
gerarão distintas modificações e aperfeiçoamentos das ações executadas. O sucesso do PRONASCI, no 
que diz respeito ao alcance de reais impactos sobre a situação da segurança, tem como um de seus 
pontos fundamentais a valorização dos analistas criminais como principais conselheiros no planejamento 
e na gestão das ações. 
 
 
 
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Análise Criminal 
 
 
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Módulo 2 – Coleta de informações 
 
Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que 
podem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos da situação da segurança pública e 
monitoramento de resultados das ações e políticas. Cabe destacar que um método não 
exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um possui vantagens e 
limitações; a combinação possibilita que se complementem. 
 
 Ao final do módulo, você deverá ser capaz de: 
 
- Descrever os métodos de abordagem; 
- Enumerar os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e 
- Identificar as fontes de dados e informações de segurança pública. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
Aula 1 – Métodos de abordagem 
Aula 2 – Construção de um questionário 
Aula 3 – Fontes de dados e informações de segurança pública 
Aula 1 – Métodos de abordagem 
 
A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada 
uma das abordagens há algumas técnicas de análise específicas, veja: 
 
Métodos de abordagem Técnicas de análise 
Observar o comportamento que ocorre 
naturalmente no âmbito real. 
Análise de conteúdo, o estudo de caso e 
análise de dados secundários. 
Criar situações artificiais e observar o 
comportamento antes das tarefas definidas 
para as situações. 
Avaliação de impacto (laboratórios). 
Perguntar às pessoas sobre o que fazem 
(fizeram) e pensam (pensaram). 
Survey e estudo de caso. 
 
 
 
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Veja na página seguinte, as características, vantagens e limitações de cada uma das 
técnicas. 
Análise de conteúdo 
 
Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como 
romances, poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências, etc. As 
informações trazidas pelos documentos são sistematizadas buscando a existência de 
semelhanças. 
 
As principais desvantagens do método são: 
 
- O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da 
questão ou fenômeno a ser estudado; e 
- A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade. 
 
Estudo de caso 
 
O estudo de caso envolve a descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de 
uma determinada situação social. 
 
Num estudo de caso, você busca coletar e examinar o máximo de informações 
possíveis sobre o tema. Se o estudo é sobre a comunidade, você aborda a sua história, 
seus aspectos religiosos, políticos, econômicos, geográficos, composição racial, etc. Em 
resumo, você procura a descrição mais abrangente e tenta determinar as inter-relações 
lógicas dos seus vários componentes. 
 
Enquanto a maioriadas pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o 
estudo de caso busca o conhecimento abrangente de um só caso. Dessa forma, o 
conhecimento produzido não é necessariamente generalizável. 
 
Se o estudo de caso é realizado pelo pesquisador que é participante no evento ou grupo 
social estudado este é denominado de Estudo de Caso com Observação Participante. 
 
Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal. 
Essa decisão tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador admitir 
que está realizando um estudo, pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar. 
 
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Por outro lado, a não identificação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao 
engano. Como estudo de caso, a observação participante busca colher informações 
muito detalhadas. 
 
A grande desvantagem desse método é que o pesquisador dificilmente consegue manter 
procedimentos sistemáticos de pesquisa. 
Análise de dados secundários 
 
A realização de pesquisas científicas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de 
dados originais (pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados 
analisando dados já coletados e compilados. 
 
A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não 
precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de 
sujeitos experimentais, etc. A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica 
limitado a dados já coletados e compilados por outros, que podem não representar 
adequadamente a questão que lhe interessa. 
 
Estes vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto 
ao tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles 
também podem ser utilizados de forma complementar quando necessário. Veja alguns 
exemplos: 
 
Exemplo 1 – Pesquisas com grandes grupos 
Quando se precisa de informações representativas da situação de grandes grupos sociais 
com menor gasto de recursos e de forma mais rápida, utiliza-se surveys e também 
informações secundárias, sistematizadas continuamente por órgãos de estatística oficial. 
Essas informações se agregam no conjunto denominado de informações quantitativas e 
se caracterizam por buscar mensurar a questão estudada em números ou categorias. A 
grande limitação dos dados quantitativos na realização de pesquisas é que eles reduzem a 
realidade a algumas categorias, deixando de lado muita informação que seria útil para uma 
melhor compreensão do fenômeno estudado. 
 
Exemplo 2 – Pesquisas com informações mais detalhadas 
 
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 Quando se verifica a necessidade de trabalhar com informações mais detalhadas, partimos 
para um outro conjunto de informações denominado por informações qualitativas. As 
pesquisas envolvendo a coleta dessas informações – análise de conteúdo e estudo de caso 
– são normalmente mais difíceis e mais caras de serem realizadas. Ao mesmo tempo em 
que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade de generalização 
dos conhecimentos produzidos. 
 
Exemplo 3 – Pesquisas na área de segurança pública 
Como exemplo de pesquisas na área de segurança pública, é possível citar: as pesquisas 
que analisam informações trazidas de bases de ocorrências registradas pelas polícias são 
do tipo análises de dados secundários; as pesquisas de vitimização são do tipo survey; 
pesquisas que buscam avaliar de forma mais detalhada a criminalidade, envolvendo 
entrevistas com moradores, são do tipo estudo de caso. Caso a pesquisa mais detalhada 
seja realizada por alguém que passe a conviver com a comunidade, ela passa a ser do tipo 
estudo. 
 
Avaliação de impacto 
 
A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para 
mensurar esses resultados não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com 
ele depois da aplicação da política. 
 
Como os fenômenos sociais apresentam vários determinantes pode ser que o 
resultado observado não seja conseqüência da ação e sim, de outro fator que incidiu 
na população na mesma época. Isso significa que a melhora na situação da segurança 
pública em uma região pode ser resultado, não da ação da polícia, mas da melhora na 
situação socioeconômica da população. 
 
Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é 
preciso comparar o grupo em que ela foi implementada (chamado de tratado) com um grupo 
similar que não a experimentou (chamado de controle). 
 
Tratado = Grupo em que foi implementada a política. 
Controle = Grupo similar em que não foi implementada a política. 
 
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Avaliação de impacto 
 
Quando se está trabalhando com experimento aleatório, também chamado de experimento 
puro, é bastante simples medir o impacto. 
 
Os experimentos aleatórios são aqueles em que os “tratados” e “controles” são 
escolhidos de forma aleatória na população. Esse tipo de estudo é muito usado na 
medicina para testes de remédios. 
 
Das pessoas escritas para o teste, são selecionados dois grupos de forma aleatória, por 
sorteio. Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o 
remédio (grupo tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois 
grupos. 
 
Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio 
tem resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado. 
Avaliação de impacto 
 
Na prática, é quase impossível implementar experimentos aleatórios no caso de políticas 
públicas. Existe um problema ético e moral. Sendo o objetivo fazer uma política de 
prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade da cidade, como escolher uma 
área que não vai receber essa política? 
Isto é justo com a população desse local? 
 
Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem 
buscar desenhos não experimentais, denominados por avaliações de estudos 
observacionais ou quase-experimentais. 
 
A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” 
não pode ser comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, 
necessariamente, equivalentes. Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem 
técnicas estatísticas que tornam o “controle” equivalente ao tratado*. 
 
Existem várias técnicas, as mais usadas são pareamento com escore de propensão e 
diferenças em diferenças. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um 
 
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conhecimento avançado em estatística. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e 
Heckman et al. (1998). 
Survey 
 
Um survey é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma 
população, isto é, descobrir a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o 
impacto de alguma política ou ação, etc. 
Para viabilizá-la em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra 
cientificamente selecionada da população, de forma a ser representativa da mesma. Essa 
seleção científica da amostra permite a extrapolação dos resultados encontrados para a 
população, ou seja, se a amostra é composta por 50% de homens, pode-se extrapolar o 
resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de homens. 
 
A coleta de informações envolve sempre a aplicação de um questionário, quedeve 
priorizar a construção de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a 
possibilidade de respostas abertas em formato de texto. Assim, esses instrumentos de 
coleta de informação favorecem o uso de técnicas quantitativas para análise dos 
dados. 
 
Aula 2 – Construção de um questionário 
 
 
Um questionário pode ser definido como um “conjunto de perguntas sobre um 
determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, 
seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica”. (Yaremko et al., 
1986). 
 
O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua 
aplicação por meio dos conceitos e da população alvo. 
 
Definição e a relação com a pesquisa 
 
É possível verificar a seguinte interdependência entre a elaboração de um instrumento e a 
estratégia de sua aplicação: 
 
 
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- O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de 
apresentação; 
 
- Existe relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos 
conceitos a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos 
conceitos em perguntas e sua administração; 
 
- O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de 
entrevistas e ao tamanho do seu conteúdo; e 
 
- O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e 
recursos humanos). 
 
Elaboração de um questionário 
 
Na elaboração de um questionário, o analista criminal deve estar atento também aos 
seguintes fatores: 
 
- Contexto social da sua aplicação; 
- Perguntas; 
- Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e 
- Diferentes formas de coleta de informação. 
 
No que diz respeito à administração do questionário, sendo ele observado como um 
instrumento de coleta de informações é importante apontar que esse processo envolve 
sempre uma interação entre pesquisador e respondente. 
 
A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, onde os dois atores são 
colocados frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da 
resposta a um questionário encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, onde ocorre 
uma interação entre os dois atores, pela apresentação do questionário, a maneira como as 
questões foram escritas, o agradecimento pela disponibilidade de responder ao questionário, 
dentre outros fatores. Ou seja, mesmo no preenchimento de um questionário está ocorrendo 
uma entrevista, mas a relação entre entrevistado e entrevistador está sendo mediada pelo 
questionário. 
 
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Contexto social da aplicação do questionário 
 
A disposição do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador 
obter as informações desejadas, varia conforme a situação. O pesquisador não tem poder 
sobre o respondente e precisa convencê-lo de que vale a pena participar da pesquisa. 
Alguns aspectos do contexto social e cultural na interação entre entrevistado e entrevistador 
devem ser observados, como por exemplo: 
 
- Criar e manter um ambiente de cortesia durante a entrevista; 
- Levar a interação o mais sério possível, favorecendo a obtenção de respostas autênticas; 
- Criar boa impressão sobre a imagem do pesquisador e da organização a qual ele 
representa; 
- Ressaltar a relevância do assunto da pesquisa para o entrevistado; 
- Promover uma aproximação do entrevistado e do entrevistador em termos culturais; e 
- Realizar a pesquisa em um ambiente físico adequado para o alcance dos melhores 
resultados na realização da pesquisa. 
Estrutura lógica do questionário 
 
Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas a um 
questionário: minimizar o custo para o respondente, maximizar as recompensas para o 
respondente e estabelecer uma confiança de que a recompensa será concedida. Lembre 
das seguintes recomendações para o estabelecimento da estrutura lógica do questionário: 
 
- A primeira tarefa é estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar 
sua cooperação. Para estabelecer confiança o entrevistador deve se apresentar e indicar 
com e para quem trabalha. A seguir, precisa capturar o interesse do respondente pelo tema 
e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opiniões e experiências do respondente são 
importantes. São os primeiros momentos da entrevista que importam para a disposição do 
respondente em cooperar. Nesse momento, o questionário e sua importância devem ser 
apresentados da forma mais completa 
 
- Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a 
necessidade de continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. 
Alguns pontos merecem especial atenção para evitar a desistência no meio do processo da 
entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, é preciso reduzir ao máximo o esforço mental e 
 
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físico requerido, eliminar as possibilidades de embaraço, qualquer implicação de 
subordinação e custo financeiro. 
 
- O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa 
colaboração do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de 
maneira escrita no fim do questionário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se 
sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou por poder falar e ser ouvido. 
Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de recompensar 
os respondentes. 
 
A estrutura do questionário 
 
Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do 
respondente. Além disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam 
tratados numa ordem objetiva, mantendo o interesse do respondente em continuar. É 
preciso saber com precisão por que se está incluindo cada pergunta no questionário. 
 
- O primeiro princípio de estruturação é sempre direcionar do geral para o específico e do 
menos delicado e impessoal para o mais delicado e pessoal. 
 
- Um segundo princípio de estruturação é que a disposição das perguntas deve obedecer a 
uma lógica de aproximação. Ao se pesquisar a situação de insegurança, primeiro se pergunta 
sobre a cidade, depois sobre o bairro e então sobre a rua e casa onde o respondente reside. 
 
- O terceiro princípio é garantir que as perguntas referentes a uma mesma temática 
permaneçam sempre juntas e recebam uma introdução que ajude o respondente a 
concentrar-se nela. 
 
As perguntas 
 
As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiança entre 
respondente e pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas 
burocráticas (nome, sexo, idade, renda familiar, etc.), pois essas questões só terão 
respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo grau de confiança no 
entrevistador. 
 
 
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As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no final do questionário. Cabe 
destacar também que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer 
afirmação sobre o caráter confidencial da entrevista. 
 
As perguntas 
 
Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão, 
devem apresentar algumas características básicas: 
 
- A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; 
- As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes; 
- Os respondentes devem ter todas as informações necessáriaspara a resposta; e 
- Os respondentes precisam estar dispostos a responder. 
 
Aspectos a serem observados 
 
Os principais aspectos a serem observados devem ser a linguagem e a tipologia: 
 
Linguagem 
 
Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas é preciso atentar para a sua 
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos 
regionais, termos especiais ou sofisticados que estejam acima da compreensão da 
população alvo devem ser evitados. 
 
Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. 
 
- A ambigüidade, ou seja, o questionário permite mais de uma interpretação da pergunta. 
 
- As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso atentar para a escolha das 
palavras. 
 
Uma vez elaborada as questões pergunte-se: 
O respondente está entendendo o que o entrevistador está perguntando? 
O enunciado da pergunta está induzindo a resposta? 
 
 
 
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Tipologia 
Quanto ao tipo de perguntas, é possível elaborar perguntas abertas e fechadas. 
 
- As perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e 
variabilidade das possíveis respostas. Esse tipo de perguntas estabelece no início da 
entrevista um clima receptivo entre pesquisador e respondente e, no final, captura as 
opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas. 
As perguntas abertas também servem para reforçar ao respondente o real interesse 
nas suas opiniões. 
 
- As perguntas fechadas são aquelas em que são oferecidas opções para o 
respondente escolher como resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os 
tópicos que serão informados pelos respondentes. 
Além disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos 
respondentes e pouco tempo para a pesquisa. 
 
 Problemas que devem ser evitados 
 
A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar 
alguns problemas. Ao formular as perguntas é preciso verificar se elas não constituem 
ameaça ao respondente. 
 
Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso 
verificar maneiras de encontrar a informação sem provocar constrangimento. 
 
Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas às perguntas. 
Um dos motivos é que o respondente pode ter algo a esconder ou não saber como 
responder. Por fim, se o respondente não lembrar de uma resposta, o entrevistador não 
deve deixá-lo constrangido. É preciso frisar que as perguntas não constituem em um teste e 
que é natural não ter respostas para todas as perguntas. 
 
Escalas de respostas 
 
Para tornar mais fácil a classificação das respostas às perguntas é necessário que se pense 
nas escalas de respostas. As escalas podem ser classificadas em escala nominal, ordinal 
ou intervalar. 
 
 
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- Escala nominal – Utiliza símbolos ou números somente para identificar as pessoas, 
objetos ou categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, 
uso de bengala e existência de tatuagem. 
 
Mesmo para as medições em escala nominal é preciso se preocupar em estabelecer um 
bom relacionamento com o respondente. 
 
Ex.: A frase “Qual o estado civil de V. S.a ?” soa melhor do que solicitar simplesmente 
“Estado civil”. 
 
Dependendo da população alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de 
alternativas é apropriado. 
 
Exemplo: A raça pode ter como categoria apenas a)brancos e b) não brancos ou a) 
brancos, b) negros, c) pardos, d) indígenas, e) asiáticos e f) outros. 
 
Qual o estado civil de V.Sa? 
1. Casado (a) 
2. Solteiro (a) 
3. Desquitado (a) 
4. Viúvo (a) 
5. Outros 
Você registrou o crime na polícia? 
1. Sim 
2. Não 
 
O importante é que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as 
alternativas. 
 
- Escala ordinal – Além de identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma 
ordenação desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de 
violência entre diferentes locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma 
competição. 
 
 Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, 
opiniões e avaliações é a construção de escalas likert. Nela, o respondente avalia um 
fenômeno numa escala de geralmente cinco alternativas. : 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Likert 
 
 
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O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto 
interessante na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou 
ímpar de alternativas, pois o uso de um número ímpar de alternativas indica que se 
criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja, foi aberto espaço para o 
entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado. 
 
Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam 
balanceadas, isto é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de 
opções. 
 
Exemplo: 
 
Em termos gerais, o quão satisfeito você 
está com as suas condições de trabalho? 
1. Bastante satisfeito 
2. Muito satisfeito 
3. Pouco satisfeito 
4. Nada satisfeito 
O quão seguro, você se sente ao andar 
sozinho pelas ruas na região onde reside ao 
anoitecer? 
1. Muito seguro 
2. Razoavelmente seguro 
3. Nada seguro 
 
 
Escala Interval 
 
Na escala intervalar, as características são ordenadas conforme uma dimensão subjacente 
e os intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados. 
 
Por exemplo, o tamanho da população, o número de crimes registrados, o número de 
inquéritos concluídos, etc. 
 
Exemplo: 
 
Quantas bicicletas existem na sua casa?__________ 
 
Você foi vítima de quantos roubos no ano 
passado?________ 
 
 
 
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Aula 3 – Fontes de dados 
 
O uso científico das informações de segurança pública e justiça criminal para a gestão de 
políticas, envolve, não apenas informações específicas dessa área, mas também 
informações socioeconômicas e urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação. 
Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de 
segurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita 
também verificar se as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras 
condições além da atuação dos órgãos dessa área. 
 
Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações 
administrativas de agências de segurança pública e justiça criminal não são suficientes para 
a compreensão dos fenômenos relacionados à incidência criminal ou à violência. 
 
Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, 
como enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da 
população. 
 
Fontes de dados 
 
Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar a prevenção 
municipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator 
explicativo para o predomínio de eventos criminais específicos em determinadas localidades, 
muito embora a explicação da sua distribuição seja bastante complexa. 
 
Citando uma pesquisa realizada em diversos bairros da cidade de São Paulo, Kahn (2002) 
percebe que a distribuição espacial dos homicídios encontra uma forte associação com o 
reduzido nível socioeconômico local. Observou, também, que acontecem maiscrimes contra 
o patrimônio em bairros cujos moradores apresentam uma renda média bastante elevada. 
 
Dessa forma, é desejável, tanto quanto possível, que aos bancos de dados sobre 
criminalidade – geralmente compostos por dados administrativos policiais, como 
registros de ocorrências –, estejam agregados com as informações socioeconômicas 
das populações locais e da infra-estrutura urbana. 
 
 
 
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Os dados freqüentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal 
referem-se ao uso de dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional 
para fins de administração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não 
são utilizadas na área de gestão, pois somente os dados das polícias estão organizados em 
banco de dados, os demais, na maioria das vezes, não estão informatizados ou constituem 
arquivos de formulários. 
 
Esses dados, geralmente, não contêm as informações necessárias para a avaliação de 
políticas públicas de segurança ou programas particulares, porque faltam informações como 
as sociodemográficas dos infratores ou demandantes dos serviços de justiça criminal, dentre 
outras. Em função disso, é preciso pensar criativamente na utilização de outras possíveis 
fontes para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases de dados 
oficiais. 
 
Características e limitações dos registros das polícias militares e das polícias civis 
 
- Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não 
abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base 
exclusiva de um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de 
dados está relacionado à subnotificação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não 
reportam à polícia os crimes sofridos. 
 
- A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla 
gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir 
crime. Um dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos 
crimes. 
 
Por causa das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas 
vezes são necessárias fontes alternativas de informações. Veja nas próximas páginas 
quais são estas fontes. 
 
Fontes alternativas de informação 
 
Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de 
vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também 
o tamanho e o perfil da subnotificação. Infelizmente, no Brasil, só foi realizada uma pesquisa 
de vitimização, de âmbito nacional, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
 
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no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 1988 e, desde 
aquele momento, só existem algumas pesquisas eventuais por instituições privadas em 
alguns estados, insuficientes para estabelecer qualquer série temporal. 
 
No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para 
comprovar tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as 
informações das seguradoras devem conter menos registros que as das polícias. 
 
No caso dos homicídios, os dados do Datasus/Ministério da Saúde são geralmente de uma 
confiabilidade superior aos da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem 
submetidos a uma crítica mais detalhada. Mas, eles também apresentam problemas, como a 
existência de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade desconhecida, que 
incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais. Para chegar a uma estimativa mais 
precisa, é necessário submeter essa categoria a uma estimativa que reclassifica uma parte 
dela como homicídio. Além disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados como 
indicadores de segurança pública é a demora na sua divulgação, justamente devido ao 
tempo dedicado à crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo 
com certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polícia, para testar a validade 
dos últimos. 
 
Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser 
relevantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas. Dentre outras, estão 
as agências de regulação dos produtos controlados, como armas, álcool ou drogas, 
agências reguladoras que fiscalizam instituições bancárias ou de segurança, autoridades 
fiscais e alfandegárias, departamentos de segurança de instituições privadas, etc. 
 
A página do Ministério da Justiça vem se institucionalizando nos últimos anos como 
referência nacional em relação às informações de segurança pública. Destacam-se como 
exemplos de relatórios disponíveis nessa página: 
(http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJCF2BAE97ITEMIDC5C3828943404A54BF47608963F4
3DA7PTBRIE.htm 
 
- Ocorrências registradas pelas polícias civis (2001/2005); 
- Perfil das vítimas e agressores nas ocorrências registradas pelas polícias civis (2004/2005); 
- Perfil das organizações de segurança pública (2003/2005/2006); 
- Efetivo das organizações estaduais de segurança pública (2001/2005/2006); e 
- Custos da violência e criminalidade no Brasil (1999). 
 
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Outras fontes de informação 
 
Uma das fontes de informações sobre segurança pública são os portais das Secretarias 
Estaduais de Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Militar. Quando as 
informações estatísticas não estão disponibilizadas no portal é preciso fazer um contato 
telefônico ou por e-mail com os gestores dessas instituições solicitando-as. 
 
Outras fontes importantes de informações de segurança pública são os grupos de pesquisa 
e portais acadêmicos relacionados a essa questão. Veja no anexo 1 Endereços de 
páginas como contatar com essas organizações de âmbito nacional. 
 
Antes de prosseguir, leia o anexo 2 Pesquisas de vitimização. 
Fontes de dados de informações socioeconômicas e urbanas 
 
Uma das fontes de dados mais importantes para complementar as bases de segurança 
pública e justiça criminal é o censo demográfico realizado pelo IBGE a cada dez de anos. 
Dentre outras informações, o censo fornece o dado populacional, sem o qual seria 
impossível calcular as taxas de crimes por 100 mil habitantes, fazer comparações entre 
diferentes unidades administrativas e acompanhar tendências temporais. Do mesmo modo, 
informações como a composição etária e racial da população, as taxas de urbanização, de 
desemprego, de migração, os indicadores de desigualdade na distribuição de renda, as 
taxas de evasão escolar ou a composição das famílias, e outros fatores, são cruciais para a 
interpretação precisa do significado das estatísticas criminais. 
 
No anexo 3, Portais na internet você pode obter informações importantes para 
contextualização da situação de segurança pública. 
 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
 
 
 
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1. O método de pesquisa de avaliação de impacto inclui: 
 
( ) Sistematização das informações trazidas pelos documentos, buscando a existência de 
semelhanças. 
 ( ) Determinação dos resultados das ações e políticas de segurança pública. 
 ( ) Descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma determinada 
situação social. 
 
2. Qual a principalvantagem da coleta de informação por dados secundários? 
 
 ( ) O pesquisador não fica limitado a dados já coletados e compilados. 
 ( ) O pesquisador tem que selecionar a amostra de forma científica. 
 ( ) O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas e 
codificações. 
 
3. Em relação às perguntas contidas no questionário, assinale a afirmativa FALSA: 
 
( ) As perguntas devem apresentar cinco características básicas: a pergunta precisa ser 
compreendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto às respostas 
precisam ser explicitadas para o respondente; os respondentes devem ter todas as 
informações necessárias para a resposta e os respondentes precisam estar dispostos a 
responder. 
( X ) Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua 
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais, 
termos especiais ou sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do 
entrevistado. 
( ) As perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e 
variabilidade das possíveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece no início da 
entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e respondente, e no final captura as 
opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas. 
( ) Perguntas em escala nominal utilizam símbolos ou números somente para identificar as 
pessoas, objetos ou categorias. 
( ) Nas perguntas em escala intervalar, as características são ordenadas conforme uma 
dimensão subjacente e os intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem 
ser comparados. 
 
 
 
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Gabarito 
 
1. Determinação dos resultados das ações e políticas de segurança pública. 
 
2. O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas e codificações. 
 
3. Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua 
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais, 
termos especiais ou sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do 
entrevistado. 
 
Este é o final do módulo 2 
 
Coleta de informações 
 
Anexos 
 
Anexo 1 - Endereços de páginas 
 
 
ACRE 
SSP: www.ac.gov.br/sejusp 
Polícia Militar: www.pm.ac.gov.br 
Polícia Civil: www.ac.gov.br/policiacivil 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.ac.gov.br 
 
ALAGOAS 
SSP: www.ssp.al.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.al.gov.br 
Polícia Civil: www.pc.al.gov.br/ 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.al.gov.br 
 
AMAZONAS 
SSP: www.ssp.am.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.am.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.am.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.am.gov.br 
 
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AMAPÁ 
SSP: www.sejusp.ac.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbmap.hpg.ig.br 
 
BAHIA 
SSP: www.ssp.ba.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.ba.gov.br 
Polícia Civil: www.ssp.ba.gov.br/policiacivil.asp 
 
CEARÁ 
SSP: www.seguranca.ce.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.ce.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.ce.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cb.ce.gov.br/index.asp 
 
DISTRITO FEDERAL 
SSP: www.ssp.df.gov.br 
Polícia Militar: www.pmdf.df.gov.br 
Polícia Civil: www.pcdf.df.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.df.gov.br 
 
ESPÍRITO SANTO 
SSP: www.sesp.es.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.es.gov.br 
Polícia Civil: www.pc.es.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cb.es.gov.br 
 
GOIÁS 
SSP: www.sspj.go.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.go.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.goias.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.go.gov.br 
 
MARANHÃO 
SSP: www.sesec.ma.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.ma.gov.br 
 
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Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.ma.gov.br 
 
MATO GROSSO DO SUL 
SSP: www.sejusp.ms.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.ms.gov.br 
Polícia Civil: www.pc.ms.gov.br/ 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.ms.gov.br/ 
 
MINAS GERAIS 
SSP: www.sesp.mg.gov.br/ 
Polícia Militar: www.pmmg.mg.gov.br 
Polícia Civil: www.sesp.mg.gov.br/ 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.mg.gov.br 
 
PARÁ 
SSP: www.segup.pa.gov.br/ 
Polícia Militar: www.pm.pa.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.pa.gov.br/ 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.pa.gov.br 
 
PARANÁ 
SSP: www.pr.gov.br/sesp/ 
Polícia Militar: www.pmpr.pr.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.pr.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.pr.gov.br 
 
PARAÍBA 
SSP: www.ssp.pb.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.pb.gov.br 
Polícia Civil: www.ssp.pb.gov.br 
 
PERNAMBUCO 
SSP: www.sds.pe.gov.br/ 
Polícia Militar: www.pm.pe.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.pe.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: ww2.sds.pe.gov.br/cbmpe/ 
 
 
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PIAUÍ 
SSP: www.ssp.pi.gov.br/ 
Polícia Militar: www.pm.pi.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.pi.gov.br 
 
RIO DE JANEIRO 
SSP: www.seguranca.rj.gov.br/ 
Polícia Militar: www.policiamilitar.rj.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.rj.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbmerj.rj.gov.br/ 
 
RIO GRANDE DO NORTE 
SSP: www.defesasocial.rn.gov.br/ 
Polícia Militar: www.pm.rn.gov.br/ 
Polícia Civil: www.defesasocial.rn.gov.br/policiacivil.asp 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.rn.gov.br 
 
RIO GRANDE DO SUL 
SSP: www.sjs.rs.gov.br 
Polícia Militar: www.brigadamilitar.rs.gov.br 
Polícia Civil: www.pc.rs.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.brigadamilitar.rs.gov.br/bombeiros 
 
RONDÔNIA 
SSP: www.rondonia.ro.gov.br/orgaos.asp?id=23 
Polícia Militar: www.pm.ro.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.ro.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.ro.gov.br 
 
SANTA CATARINA 
SSP: www.ssp.sc.gov.br/ 
Polícia Militar: www.pm.sc.gov.br 
Polícia Civil: www.policiacivil.sc.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cb.sc.gov.br 
 
SÃO PAULO 
SSP: www.ssp.sp.gov.br 
 
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Polícia Militar: www.polmil.sp.gov.br 
Polícia Civil: www.policia-civ.sp.gov.br/ 
Corpo de Bombeiros Militar: www.polmil.sp.gov.br/ccb 
 
SERGIPE 
SSP: www.ssp.se.gov.br 
Polícia Militar: www.pm.se.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.se.gov.br 
 
TOCATINS 
SSP: www.to.gov.br/ssp/ 
Polícia Militar: www.pm.to.gov.br 
Polícia Civil: www.to.gov.br/ssp/conteudo.php?id=40 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.to.gov.br 
 
RORAIMA 
SSP: www.rr.gov.br/governo.php?area=secretarias 
Polícia Militar: www.pm.rr.gov.br 
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.rr.gov.br 
 
 
Quadro: Grupos de pesquisa e portais acadêmicos em segurança pública 
INSTITUIÇÃO ENDEREÇO 
CIS – Consórcio de Informações Sociais www.nadd.prp.usp.br 
CRISP – Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública www.crisp.ufmg.br 
ILANUD – Instituto Latino Americano da ONU para a Prevenção do Delito e o 
Tratamento do Delinqüente 
www.ilanud.org.br 
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais www.ibccrim.com.br 
CESeC – Centro de Estudos de Segurança e Cidadania www.cesec.ucam.br 
NECVU – Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (UFRJ) www.necvu.ifcs.ufrj.br 
NEV – Núcleo de Estudos de Violência da USP www.nev.prp.usp.br 
NUPEVI – Núcleo de Estudos das Violências www.ims.uerj.br/nupevi 
SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados www.seade.gov.br 
ISER: Instituto Superior de Estudos Religiosos www.iser.org.brCLAVES – Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli www.claves.fiocruz.br 
Núcleo de Estudo em Segurança Pública da Fundação João Pinheiro 
www.fjp.gov.br/produtos/c
ees/nesp 
 
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Núcleo de Pesquisa em Justiça Criminal e Segurança Pública do Instituto de 
Segurança Pública do Rio de Janeiro 
www.institutodeseguranca
.rj.gov.br 
Fonte: Elaboração do próprio conteudista. 
 
 
Anexo 2 - Pesquisas de vitimização 
 
Pesquisas de vitimização 
 
Marcelo Durante1 
 
 
 A realização regular e em âmbito nacional de pesquisas de vitimização constitui uma 
fonte indispensável de informações para o planejamento, monitoramento e avaliação de 
políticas de segurança pública implementadas em âmbito local e regional, especialmente 
aquelas direcionadas para a prevenção da violência e criminalidade. Seu impacto sobre as 
políticas públicas está relacionado, por exemplo, à oportunidade da coleta continuada de 
informações sobre os eventos criminais não relatados às polícias e às percepções da 
população acerca da sua exposição ao risco e da sua interação com os órgãos de segurança 
pública. Essas informações complementam as estatísticas oficiais construídas a partir dos 
relatos dos cidadãos às polícias. Os aspectos metodológicos ligados à realização desse tipo de 
pesquisa fazem com que ela seja complexa e, por isso, relativamente mais cara do que outras 
pesquisas na área de segurança pública, voltadas para a produção de bases de dados 
criminais. 
As pesquisas de vitimização surgiram nos Estados Unidos na década de 60, como uma 
tentativa de estimar a quantidade de crimes sofridos pela população e não comunicados aos 
órgãos governamentais. Hoje em dia, em diversos países do mundo, governos ou institutos 
independentes realizam, com intervalos regulares de tempo, pesquisas de vitimização com 
amostras da população. Aparentemente, seria mais simples e econômico consultar as 
estatísticas oficiais para conhecer a quantidade de crimes a que está sujeita a sociedade. No 
entanto, os dados oficiais nem sempre refletem a real dimensão da violência e da 
criminalidade, e suas características. Isso porque as estatísticas oficiais tanto nos países com 
sistemas de segurança pública mais avançados, quanto nos menos avançados, refletem 
apenas os fatos criminosos e violentos que os cidadãos decidem relatar às autoridades 
policiais. A disposição das vítimas de notificar os crimes sofridos à polícia depende de uma 
série de fatores relacionados, por exemplo, com o estigma social associado a determinados 
 
1 Coordenador geral de análise da informação do Ministério da Justiça. Tem experiência na área de 
Sociologia, com ênfase em Segurança Pública. 
 
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tipos de crime, características do incidente e, até mesmo, a percepção da vítima sobre a 
eficiência do sistema policial. 
A primeira pesquisa de vitimização norte-americana, de 1966, descobriu que o volume 
de vitimizações era quase o triplo da quantidade de eventos criminais relatados à polícia 
(Paixão, p. 47). O British Crime Survey calculou no começo dos anos 90 que ocorrem na 
Inglaterra quatro vezes mais crimes do que são registrados pela polícia. Ainda que o volume do 
subregistro varie de crime para crime e de país para país, esse é um fenômeno generalizado. 
Entre os 20 países pesquisados pelo UNICRI (Instituto Europeu de Criminologia da ONU), no 
período de 1988 e 1992, foi identificada uma taxa de subnotificação da ordem de 51% para um 
conjunto de 10 crimes diferentes. No caso brasileiro, recente pesquisa desenvolvida pelo 
PIAPS (Plano de Integração e Acompanhamento de Programas Sociais/MJ), em 2001, mostrou 
que apenas 10% das vítimas de furto ou agressão sexual e 25% das vítimas de agressão física 
ou roubo registraram os delitos na polícia. 
É preciso deixar claro que as pesquisas de vitimização não substituem os 
levantamentos oficiais. Elas constituem um instrumento complementar de coleta de dados que 
tem como objetivo dar conta de uma realidade que não está presente nas estatísticas oficiais. 
Seu objetivo principal é mensurar os crimes não registrados à polícia e as motivações que 
produzem o subregistro. Essas pesquisas podem, ainda, fornecer um conjunto detalhado de 
informações essenciais para a criação de políticas de segurança pública: 
a) O perfil das vítimas dos delitos; 
b) O perfil dos agressores; 
c) O relacionamento entre vítimas e agressores; 
d) As circunstâncias nas quais os incidentes ocorreram; 
e) A experiência das vítimas com os agentes do sistema de segurança pública e justiça 
criminal; 
f) As medidas tomadas pelos indivíduos objetivando a prevenção de delitos; 
g) Os custos diretos e indiretos do crime para suas vítimas, em particular, e para a sociedade 
de um modo geral; 
h) Os níveis de eficácia das organizações policiais no controle da criminalidade; 
i) O grau de exposição de diferentes grupos sociais à criminalidade; 
j) As percepções coletivas sobre o crime; e 
k) A percepção do público a respeito da atuação do Estado na área de segurança pública. 
 
Tabela 1 – Subregistro das estatísticas oficiais de criminalidade no Brasil (2001) 
 
 
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Fonte: PIAPS/MJ 
. 
No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização de que se tem notícia foi o suplemento 
incluído na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, de 1988. A maior 
parte das pesquisas de vitimização que foi realizada no Brasil ocorreu na década de noventa e, 
em razão do seu custo, limitaram-se a algumas capitais, em particular na região sudeste do 
país. Como exemplos de pesquisas de vitimização realizadas nos anos 90, existem os estudos 
do Banco Mundial realizados entre os anos de 1988 e 1999, nas cidades do Rio de Janeiro e 
São Paulo; a pesquisa de vitimização de Belo Horizonte 2002 realizada pelo Crisp/UFMG 
(Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública); a pesquisa de vitimização 
realizada na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1996, pelo ISER – Instituto de Estudos da 
Religião – em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e, mais recentemente, a pesquisa de 
vitimização 2002 e avaliação do PIAPS, realizada simultaneamente em quatro grandes cidades 
brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória – pelo Gabinete de Segurança 
Institucional da Presidência da República, em parceria com o Ilanud e a FIA-USP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentual de notificação
Roubo e furto de veículo
Roubo
Agressão física
Furto
Agressão sexual
Notificação por tipo de delito
 
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Anexo 3 - Portais na internet 
 
 
Informações sobre segurança pública 
 
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – (www.ipeadata.gov.br) 
 
Esse portal reúne dados macroeconômicos e regionais provenientes de várias fontes. Para a 
maioria deles está disponível a série histórica, ou seja, o dado para vários períodos de 
tempo. Além disso, o IPEA disponibiliza vários indicadores, que são estatísticas com 
metodologia de cálculo desenvolvida pelo instituto em seus estudos e pesquisas. 
 
Os dados são divididos por temas: agropecuária, balanço de pagamentos, câmbio, comércio 
exterior, consumo e vendas, contas nacionais, demografia, economia internacional, 
educação, eleição, emprego, estoque de capital, finanças públicas, financeiras, geográfico, 
habitação, IDH, indicadores sociais, mercado de trabalho,

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