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CCJ0034-WL-A-PP-Legislação Penal Especial – Lei n. 8.072-1990-Renan Marques

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ALUNO:
MATRÍCULA:
PROF: RENAN MARQUES – Penal IV
Atenção ! – o presente material foi elaborado com base nos livros de Gabriel Habib (Leis Penais Especiais, 3 ed. e 2 ed. , Tomo I e II, Salvador: Editora JusPODIVM, 2011), Ricardo Antônio Andreucci (Legislação Penal Especial, 6ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2009), Fernando Capez (Curso de Direito Penal: Legislação Penal Especial,Volume 4, São Paulo: Ed. Saraiva, 2008) e Emerson Castelo Branco (Legislação Penal Especial para concurso:Polícia Federal, 3ª Ed., São Paulo: Método, 2012).
	Legislação Penal Especial
1. Lei de Crimes Hediondos e equiparados – Lei n. 8.072/1990.
1.1 Movimento da Lei e da Ordem e Crimes Hediondos.
- O Movimento da Lei e da Ordem (Law and Order) foi um movimento idealizado por Ralf Dahrendorf, que surgiu como uma reação ao crescimento dos índices de criminalidade. Tal movimento baseia-se na ideia de repressão, para a qual a pena se justifica por meio das ideias de retribuição e castigo. Os adeptos desse movimento pregam que somente as leis severas, que imponham longas penas privativas de liberdade ou até mesmo a pena de morte, têm o condão de controlar e inibir a prática de delitos. Dessa forma, os crimes de maior gravidade devem ser punidos com penas longas e severas, a serem cumpridas em estabelecimentos prisionais de segurança máxima. 
- Foi neste contexto que surgiu a lei de crimes hediondos, que trouxe um tratamento mais severo para certas infrações penais.
1.2 Crimes Hediondos - Assento Constitucional. 
- A expressão “crime hediondo” foi empregada pela primeira vez na Constituição Federal de 1988, no inciso XLIII, do Art. 5º, nos seguintes termos: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.
- O texto constitucional adotou tal expressão para significar uma restrição extremamente rigorosa dos direitos e garantias fundamentais mencionados no Art. 5º da Carta Magna. Além disso, o eixo fundamental dessa restrição centra-se na referência a uma nova classe tipológica de delitos na qual se exclui a garantia processual da fiança e se proibiu o reconhecimento de determinadas causas de extinção da punibilidade, como a graça e a anistia, conforme leciona Alberto Silva Franco (FRANCO, Alberto Silva. Leis Penais Especiais e sua Interpretação Jurisprudencial, V.2, 6ª Ed. São Paulo:Revista dos Tribunais, 1999, pág. 572) 
- Apesar de existir referida previsão constitucional não existe, ainda, um conceito legal de crime hediondo. 
1.3 Critérios de Tipificação. 
- Existem três critérios pelos quais se pode considerar um delito de natureza hedionda. O primeiro critério é o sistema legal, segundo este critério somente o legislador pode definir os delitos considerados hediondos, sendo os crimes hediondos elencados taxativamente pelo legislador. 
- O segundo critério é o sistema judicial, segundo este critério cabe ao Juiz definir quais são os delitos classificados como hediondos, ou seja, cabe ao juiz apreciar se a conduta criminosa possui ou não caráter hediondo. 
- Por fim, o terceiro critério é o sistema misto, que como o próprio nome indica, reúne características do sistema legal e do sistema misto. Em tal critério o legislador estabelece um rol de delitos considerados hediondos (critério legal), autorizando o juiz a considerar como hediondos outros não elencados na Lei (critério judicial), dependendo do caso concreto. 
- No Brasil, a Lei de Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990, adotou o primeiro critério, qual seja o sistema legal, ou seja, somente será considerado crime hediondo aquele que for tipificado expressamente no Art. 1º da Lei n. 8.072/1990. Vale ressaltar que referido critério é o que mais se adéqua ao princípio da legalidade penal, e que os outros critérios (sistema judicial e o misto) se distanciam do mencionado princípio, gerando assim, insegurança jurídica. 
- Não se pode permitir que, e um Estado de Direito, como o Estado Brasileiro, a definição do que seria crime hediondo fique a cargo do Juiz, de acordo com o seu livre convencimento motivado. Se, pelo princípio da legalidade penal, somente a lei pode dizer quais as condutas que são consideradas criminosas, da mesma forma, somente a lei pode dizer quais são os delitos tidos por hediondos. Dessa forma, ao Brasil o legislador utilizou o critério do sistema legal para definir os delitos rotulados de hediondos, de modo que somente os previstos em lei podem ser assim considerados. 
- Conclui-se então que os crimes reputados hediondos estão no rol taxativo do Art. 1º da Lei de Crimes Hediondos. Vale ressaltar, inclusive, que a lei não criou novos tipos penais, mas penas pinçou alguns tipos penais já existentes no Código Penal e os denominou de hediondos, dando-lhes um tratamento diferenciado, mais severo em relação aos demais delitos. 
1.4 Diferença entre crime hediondo e crime equiparado a hediondo. 
- A Lei de Crimes Hediondos também alcançou outras figuras delitivas, equiparando-as a hediondos. Ou seja, os crimes equiparados ou assemelhados a hediondos NÃO são considerados hediondos, pois NÃO figuram no rol do Art. 1º da Lei, mas terão consequências penais e processuais idênticas às que são aplicadas aos delitos hediondos. 
- Nos termos do Art. 5º, inciso XLII, da Constituição Federal “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.
- Desta forma, são crimes equiparados a hediondos a tortura, o terrorismo e o tráfico ilícito de substâncias entorpecentes. 
1.5 Rol dos Crimes Hediondos. 
- Segundo o Art. 1º da Lei de Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990, são considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, sejam eles consumados ou tentados:
1.5.1 Homicídio qualificado e homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente.
- Nos termos do Art. 1º, I, da Lei n. 8.072/1990 o homicídio qualificado é considerado crime hediondo, podendo ser identificada a forma qualificada em cinco situações, nos termos do Art. 121 § 2°, do Código Penal, se o homicídio é cometido: 
a) mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
b) por motivo fútil; 
c) com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
d) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
e) para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. 
OBS: A doutrina e a jurisprudência do STF e STJ permitem a possibilidade de ocorrência de crime de homicídio privilegiado-qualificado. Para existência desta figura, a qualificadora precisa ser objetiva (relacionada aos meios ou modos de execução), compatibilizando-se com a privilegiadora, sempre de ordem subjetiva, entretanto pergunta-se: O homicídio privilegiado-qualificado pode ser considerado crime hediondo ? A resposta é NÃO, pelas seguintes razões:
1ª) O homicídio privilegiado-qualificado não está expressamente previsto no Art. 1º da Lei n. 8.072/1990, ou seja, existe falta de previsão legal, falta de tipicidade, uma vez que o Art. 1º, I, da referida Lei só faz menção expressa ao crime de homicídio qualificado.
2ª) O privilégio não é compatível com a natureza hedionda do delito. 
- Também é considerado crime hediondo, nos termos do Art. 1º, I, da Lei n. 8.072/1990 o homicídio simples, desde que praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometidopor um só agente, ou seja, não é todo e qualquer homicídio simples que será considerado hediondo.
- De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o homicídio simples somente será hediondo se for praticado nos moldes descritos na primeira parte do inciso I, isto é, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente.         
- O que caracteriza a atividade típica de grupo de extermínio é a indeterminação do sujeito passivo do homicídio, pois o agente mata a vítima não pelas suas qualidades e condições individuais e pessoais, mas sim em razão de a vítima pertencer a um determinado grupo ou classe social, religião, raça, etnia, orientação sexual, etc. Como, por exemplo, matar a vítima porque ela pertence a um grupo de mulçumanos, punks , prostitutas ou homossexuais.
1.5.2 Latrocínio. 
- Nos termos do Art. 1º, II, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o latrocínio. Este crime está previsto no Art. 157, § 3º, do Código Penal, e é o roubo qualificado pelo resultado morte. Somente esta espécie de roubo é considerada crime hediondo. 
- Desta forma, não é todo roubo qualificado que é considerado hediondo e sim somente aquele que for qualificado pelo resultado morte. Assim, o crime de roubo qualificado pela lesão corporal de natureza grave, também previsto no Art. 157, § 3º, do Código Penal, NÃO é considerado crime hediondo. 
- Vale lembrar que quando a subtração e a morte ficam na esfera da tentativa, existirá o latrocínio na forma tentada. Por sua vez, se a subtração se consuma e a morte não, também haverá a tentativa de latrocínio. E, por fim, se a subtração não se efetiva, mas a vítima morre, há latrocínio na forma consumada, nos exatos termos da Súmula 610 do STF. Logicamente, também haverá o latrocínio na forma consumada se a subtração e a morte da vítima se consumarem. Pois bem, é considerado crime hediondo todas as formas de latrocínio, seja a forma consumada ou tentada. 
- Por fim, vale ressaltar que a competência para o julgamento do crime de latrocínio é do juízo singular, tendo em vista que é um crime contra o patrimônio (de forma preponderante), razão pela qual NÃO é um crime doloso contra a vida, NÃO sendo julgado pelo Tribunal do Júri, nos termos da Sumula 603 do STF. 
1.5.3 Extorsão qualificada pela morte.
- Nos termos do Art. 1º, III, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o crime de extorsão qualificada pela morte, previsto no Art. 158, § 2º, do Código Penal. O raciocínio é semelhante ao do crime de latrocínio, pois a extorsão somente será crime hediondo quando for qualificada pelo resultado morte. 
- Desta forma NÃO é considerado crime hediondo, por falta de previsão legal a extorsão simples (Art. 158, caput, CP), a extorsão com causa de aumento de pena quando cometida por duas ou mais pessoas, ou com o emprego de arma de fogo (Art. 158, § 1º, do CP), extorsão qualificada pela lesão corporal grave (Art. 158, § 2º, do CP), e inclusive, a nova forma de extorsão chamada de sequestro relâmpago, (Art.158, § 3º, do CP).
- O Art.158, § 3º, do CP, inserido pela Lei 11.923/2009, passou a prever o chamado “sequestro relâmpago”, punindo severamente a situação em que o crime de extorsão é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, ou seja, a privação da liberdade da vítima é um meio necessário para que o agente obtenha a vantagem econômica que SÓ a vítima pode oferecer, exigindo uma participação ativa da vítima para que o agente aufira a vantagem econômica.
Ex. Vítima é acompanhada por agente para que ela efetua um saque em dinheiro de sua conta corrente. Ou vitima é levada a sua residência para que abra um cofre que somente ela sabe o segredo.
- Além disso nos casos do crime de “sequestro relâmpago”, se resultar para a vítima lesão corporal grave ou morte, aplicar-se-ão as penas previstas no Art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Como já foi dito, mesmo neste caso, como tal hipótese NÃO está expressamente prevista no rol do Art. 1º da Lei 8.072/1990, o sequestro relâmpago, em qualquer modalidade, NÃO pode ser considerado hediondo. 
1.5.4 Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada.
- Nos termos do Art. 1º, IV, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o crime de extorsão mediante sequestro simples (Art. 159, caput, do Código Penal), cuja ação criminosa consiste em “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”, bem como o crime de extorsão mediante sequestro na forma qualificada (Art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º, do CP). 
- Ou seja, diferentemente dos crimes contra o patrimônio de roubo e de extorsão, o crime de extorsão mediante sequestro será considerada crime hediondo em todas as suas formas, sejam elas simples ou qualificadas e tentadas ou consumadas. 
- Vale lembrar que as formas qualificadas do crime de extorsão mediante sequestro são as seguintes:
a) Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas (Art. 159, § 1o, CP)
b) Se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos (Art. 159, § 1o, CP)
c) Se o crime é cometido por bando ou quadrilha (Art. 159, § 1o, CP)
d) Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (Art. 159, § 2º, CP) 
e) Se resulta a morte (Art. 159, § 3º, CP)
- Vale ressaltar que para o crime de extorsão mediante sequestro, existe o § 4º, do Art. 159 do Código Penal que consagra a figura da delação premiada (ou traição premiada). Consiste numa causa obrigatória de diminuição da pena, aplicada quando um dos agentes (inclui-se coautor ou partícipe) delatarem os outros à autoridade policial, possibilitando a libertação do sequestrado, podendo a redução de pena variar de um a dois terços. 
- O dispositivo relacionado à deleção premiada foi inserido no Código Penal pela Lei dos Crimes Hediondos e teve sua redação alterada pela Lei 9.269/1996. Para que haja a sua incidência, exige-se que:
1º) O crime tenha sido cometido por pelo menos dois agentes, já que o Código Penal prevê que o crime deve ser cometido em concurso. 
2º) O agente (seja o coautor ou partícipe), por iniciativa própria ou quando questionado pela autoridade, preste informações que efetivamente facilitem a libertação da vítima, tendo em vista que o Código Penal prevê que o concorrente que denunciar à autoridade deve facilitar a libertação do sequestrado, e somente neste caso terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
1.5.5 Estupro.
- Nos termos do Art. 1º, V, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o crime de estupro em todas as suas formas, ou seja, é crime hediondo o estupro simples (Art. 213, caput, CP), o qualificado pela lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos (Art. 213, § 1º, do CP) e o qualificado pelo resultado morte (Art. 213, § 2º, do CP).
- Vale ressaltar que a Lei de crimes hediondos acompanhou as alterações sofridas pelo crime de estupro com o advento da Lei 12.015/2009, encerrando antiga discussão sobre a aplicação da lei dos crimes hediondos a todas as modalidades de estupro. Parte da doutrina entendia que a lei de crimes hediondos não se aplicava a todas as formas de estupro, já o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça entendiam que se aplicava a todas as modalidades. Com as novas alterações, não existe mais divergência sobre o assunto. 
- Vale lembrar que a Lei 12.015/2009, inserida no dia 7 de agosto de 2009, estabeleceu uma nova figura penal de estupro, tendo em vista que o crime de estupro consistia na conduta de constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. Na nova figura penal, o legislador substituiu o elemento do tipo “mulher” por “alguém”, aumentando a hipótese de abrangência da norma penal para atingir todas as pessoas que sejam constrangidas, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitirque com ele se pratique outro ato libidinoso.  
- Ao mesmo tempo, o crime de atentado violento ao pudor foi revogado pela referida lei. Hoje, a conduta antigamente abrangida em sua hipótese de incidência, configura o crime de estupro. 
- Atualmente, qualquer pessoa (homem ou mulher) pode ser sujeito ativo do crime de estupro. Do mesmo modo, o sujeito passivo pode ser homem ou mulher. Hipótese antes inconcebível, hoje um homem pode praticar crime de estupro contra outro homem, e uma mulher contra outra mulher; assim como a mulher pode cometer estupro contra um homem. Em síntese, todas as hipóteses estão abrangidas na norma penal. 
1.5.6 Estupro de vulnerável. 
- Nos termos do Art. 1º, VI, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o crime de estupro de vulnerável, em todas as suas formas, ou seja, é crime hediondo o estupro de vulnerável simples, quando se pratica conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos (Art. 217-A, caput, do CP) bem como na forma equiparada, quando o sujeito pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, (Art. 217-A, § 1º, do CP) e a sua forma qualificada, quando resulta lesão corporal de natureza grave (Art. 217-A, § 3º, do CP) ou quando resulta morte (Art. 217-A, § 4º, do CP).
- Vale lembrar que a Lei n. 12.015, de 7 de agosto de 2009, criou a nova figura penal, denominada estupro de vulnerável. Seu surgimento decorre da expressa revogação do Art. 224 do Código Penal, que estabelecia as situações de presunção de violência nos crimes sexuais. Atualmente, não se fala mais em “presunção de violência”. Na verdade, as antigas hipóteses de violência ficta de outros crimes passaram a constituir elementos de um tipo penal autônomo, no caso, o estupro de vulnerável. 
- Antes dessa reforma dos crimes sexuais, as situações de violência presumida (ou ficta) estavam enumeradas no Art. 224 do Código Penal. Por não haver menção expressa na antiga redação da lei dos crimes hediondos, discutia-se se o estupro presumido teria ou não natureza hedionda. Na doutrina, era amplamente majoritário o posicionamento que considera a modalidade presumida crime hediondo. Na mesma linha de pensamento era a orientação do Superior Tribunal de Justiça.
- Atualmente, como já foi dito, com a nova redação do inciso VI, da Lei 8.072/1990, fixada pela Lei 12.015/2009, a discussão encontra-se encerrada. De forma explícita, o legislador elencou o estupro de vulnerável (Art. 217-A, do CP), em todas as suas modalidades (simples e qualificadas), no rol dos crimes hediondos. 
 1.5.7 Epidemia com resultado morte. 
- Nos termos do Art. 1º, VII, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o crime de epidemia com resultado morte, previsto no Art. 267, § 1º, do Código Penal. 
- Vale lembrar que este é um crime contra a saúde pública, consistindo na conduta de “causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos”. A ação delitiva consiste em produzir doenças que acometem generalidade de pessoas em curto espaço de tempo. Pode atingir determinado lugar ou vários locais, às vezes de forma avassaladora, com graves consequências para a saúde da coletividade. 
- Por expressa determinação legal, somente será considerado crime hediondo se do fato resultar morte, ou seja, somente a forma qualificada é crime hediondo, NÃO sendo considerado crime hediondo a epidemia simples (Art. 267, caput, do CP) e a culposa (Art. 267, § 2º, do CP).
1.5.8 Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
- Nos termos do Art. 1º, VII-B, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo todas as formas dolosas de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, previstas no Art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998. 
- Por falta de previsão legal a forma culposa do crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, prevista no Art. 273, caput e § 2º, do CP, NÃO é hedionda, por ausência de previsão legal. 
1.5.9 Genocídio. 
- Nos termos do Art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 8.072/1990, é considerado crime hediondo o genocídio, na forma tentada ou consumada, previsto nos Art. 1º , 2º  e 3º da Lei no 2.889, de 1º de outubro de 1956, caracterizado por todo tipo de ação direcionada a destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso. 
- O termo “genocídio” tem, na sua etimologia, dois componentes do latim: genus e excidium. Genus significa raça ou povo. Excidium significa destruição. Portanto, genocídio é a destruição de uma raça ou povo. 
- As condutas podem ser cometidas, conforme dispõe o Art. 1º , 2º  e 3º da Lei no 2.889, de 1º de outubro de 1956, matando membros de grupo; causando lesões graves à integridade física ou mental destes; submetendo o grupo a condições de existência capaz de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; adotando medidas capazes de impedir nascimentos no seio do grupo; efetuando a transferência forçada de crianças de um grupo para o outro. 
- A tipificação do crime de genocídio somente abrange as ações cometidas por razões étnicas, raciais, religiosas e nacionais. A norma não abrange o genocídio cometido por motivações de ordem política ou econômica. 
- Vale ressaltar que o genocídio pressupõe a vontade de destruir todo um grupo de pessoas, determinada camada da sociedade. Por isso mesmo, não se protege a vida de uma pessoa isoladamente, e sim de um grupo. Caso contrário, ter-se-ia apenas crime de homicídio em concurso formal ou material. Importa saber apenas a intenção do agente, sendo irrelevante se atingiu apenas uma pessoa. 
- Cumpre elucidar, também, que a competência para o processo e julgamento do crime de genocídio, via de regra, é da Justiça Estadual e do Juízo Singular. O entendimento pacífico do STJ é no sentido de que a competência do crime de genocídio NÃO é do Tribunal do Júri, já que o delito de genocídio o bem jurídico tutelado NÃO é a vida do indivíduo considerado em si mesmo, mas sim a vida em comum do grupo de pessoas. 
- Em relação ao crime de genocídio cumpre destacar, também, que é possível haver o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, nos termos do Art. 109, V-A, e § 5º, da Constituição Federal, em razão da relevância da matéria a ser julgada. Tendo em vista que o crime de genocídio configura crime contra a humanidade, pode haver o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Em relação a assunto vale transcrever o Art. 109, § 5º, da Constituição Federal, que preceitua que “nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.”
1.6 Vedação de Anistia, Graça e Indulto.
- O Art. 2º, inciso I, da Lei n. 8.072/1990 prevê que “os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de anistia, graça e indulto.
- A anistia, a graça e o indulto são espécies de clemência soberana, benefícios concedidos em matéria de política criminal, renunciando o Estado o direito de punir (jus puniendi). 
- A anistia é o esquecimento jurídico do ilícito, sendo um benefício coletivo, e tem por objetos fatos (e não pessoas), definidos como crimes, de regra, políticos, militares ou eleitorais, excluindo-se, normalmente, os crimes comuns. É concedida por meio de Lei penal de efeito retroativo, sendo de competênciado Congresso Nacional, que exclui as consequências de alguns crimes praticados, renunciando o Estado o jus puniendi. 
- A graça é um benefício individual, e consiste em uma forma de clemência, quem a requer normalmente é o preso que tem uma situação de saúde grave. A graça é um benefício concedido, em regra, mediante solicitação da parte interessada (LEP, Art. 188) e a sua concessão é de competência privativa do Presidente da República, podendo este delegá-la a seus Ministros. Além disso, ela atinge os efeitos principais da condenação. 
- O indulto é um benefício coletivo e consiste também em um pedido de clemência, sendo concedido espontaneamente pelo Presidente da República mediante Decreto Presidencial. Ele NÃO diz respeitos a fatos e SIM a pessoas. Tal benefício atinge apenas os efeitos principais da condenação. 
OBS: Apesar de a Lei 9.455/1997 (Lei de Tortura), em seu Art. 1º, § 6º, vedar apenas a graça e a anistia, não fazendo menção alguma ao indulto, o STJ e o STF entendem que a Constituição Federal de 1988, no inciso XLIII, do Art. 5º, quando vedou a graça, também o fez em relação ao indulto, pois o termo “graça” teria sentido amplo, abrangendo também o indulto. 
1.7 Vedação de fiança. 
- Nos termos do Art. 2º, II, da Lei n. 8.072/1990 prevê que “os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de fiança.” 
- A proibição de concessão de fiança trazida pelo legislador ordinário está em perfeita compatibilidade com a vedação feita pelo Art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal de 1988. 
- Além disso, o Art. 323, II, do Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei 12.403/2011, prevê que NÃO será concedida fiança nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos. 
1.8 Concessão de liberdade provisória sem fiança. 
- A partir da nova Lei n. 11.464/2007, alterando a redação original da Lei dos Crimes Hediondos, passou a ser possível a concessão de liberdade provisória sem fiança para os crimes hediondos e assemelhados. 
- A retirada da vedação da liberdade provisória do texto legal corrigiu grave distorção, que tornava a Lei, neste aspecto, inconstitucional, ferindo princípios constitucionais da presunção da inocência e da dignidade da pessoa humana. 
- O inciso LVII, do Art. 5º, da Constituição Federal de 1988, proclama o princípio da presunção da inocência nos seguintes termos: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Decorre deste princípio o direito à liberdade provisória, consagrada no inciso LXVI, do Art. 5º, da Constituição Federal de 1988, firmando o preceito segundo o qual: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. 
- A vedação de liberdade provisória significava a inversão dessa ordem, antecipando indevidamente a pena do acusado, presumindo-o culpado até o transito em julgado da sentença penal condenatória. Não é à toa que a Lei n. 8.072/1990 passou a ser taxada de “Lei Hedionda dos Crimes Hediondos”, pois ofendia conquistas caras do Estado Democrático de Direito.
- Pois bem, vale lembrar que a liberdade provisória é a regra e a prisão é a exceção. Em havendo necessidade, existem as chamadas prisões cautelares que podem fazer com que o acusado venha a ficar preso durante a investigação criminal ou durante o processo penal. Como espécies de prisão cautelar, temos a prisão em flagrante, a prisão temporária e a prisão preventiva, todas elas são decretadas pelo juiz antes da sentença penal condenatória definitiva e necessitam ser devidamente fundamentadas. 
- Vale ressaltar que atualmente, após a redação dada pela Lei 12.403/2011, o Art. 321 do Código de Processo Penal, passou a prever que “ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código”.
- Ou seja, mesmo em matéria de crimes hediondos e assemelhados a hediondos, a REGRA é a concessão de liberdade provisória, salvo se for um caso autorizativo de prisões preventivas expressamente previstas em Lei. Logicamente, como a própria lei de crimes hediondos veda a concessão de fiança, será possível a concessão de liberdade provisória SEM fiança aos crimes hediondos e assemelhados. 
1.9 Progressão de regime. 
- Antes da edição da Lei n. 11.464, de 28 de março de 2007, que deu nova redação ao § 1o , do Art. 2º da Lei de Crimes Hediondos, esta lei previa que o regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos deveria ser integralmente fechado. Tal regime sempre teve sua constitucionalidade contestada por parte da doutrina e jurisprudência, à luz do princípio constitucional da individualização da pena, previsto no Art. 5º, XLVI, da Constituição Federal de 1988. 	
- O princípio da individualização da pena preconiza, como o próprio nome está a sugerir, que a pena criminal deve ser individualizada de acordo com as condições pessoais de cada delinquente. Ao aplicar a pena criminal, o juiz deve sempre encontrar a pena justa, que seja a pena necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do delito praticado. E é por meio do mencionado princípio que o julgador vai encontrar a pena justa. 
- Vale ressaltar que o princípio da individualização da pena possui três fases. A 1ª fase é a fase legislativa. Num primeiro momento, cabe ao legislador determinar as penas aplicáveis, proporcionalmente à lesividade de cada delito, considerando-se a relevância do bem jurídico tutelado. A 2ª fase é a fase judicial, neste segundo momento, a tarefa compete ao juiz, devendo fixar a pena em concreto de acordo com o que determina o princípio trifásico de aplicação da pena previsto no Art. 69 do Código Penal, nessa ordem: primeiro fixa-se a pena base, nos termos do Art. 59 do Código Penal, segundo fixa-se as agravantes e atenuantes previstas nos Art. 61 a 66 do Código Penal e terceiro fixa-se as causa de aumento e diminuição da pena. Por último, a 3ª fase é a fase executória, que é elaborada pelo juiz da execução penal, este ultimo momento consiste na execução da pena, devendo atender às exigências de prevenção, reeducação e recuperação do delinquente, e, nesta fase, a progressão por mérito do condenado é fundamental para a individualização da pena. 
- Pois bem, em 23/02/2006, na ordem de habeas corpus n. 82.959/SP, o STF declarou a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, que era previsto no § 1o , do Art. 2º da lei de crimes hediondos, pelo fundamento da violação ao princípio da individualização da pena, tendo em vista que impedia o juízo da condenação de estabelecer o regime de cumprimento de pena que achasse necessário e adequado ao réu. Ademais, impedia o juízo da execução penal de conceder a progressão de regimes. Em outras palavras, o regime integralmente fechado, ao invés de permitir a individualização da pena, trazia exatamente o oposto, a generalização do regime para todos os condenados por crime hediondos e equiparados. 
- Ao declarar a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, o STF acabou por permitir a progressão de regime de cumprimento de pena privativa de liberdade nos crimes hediondos e equiparados.
- Em 28/03/2007 a Lei 11.464/2007 deu NOVA redação ao § 1o, do Art. 2º da lei de crimes hediondos, passando a prever que a pena por crimes hediondos ou equiparados será cumprida inicialmente em regime fechado, positivando a jurisprudência do STF. Tal modificação reforçou a jurisprudência do STF, no sentido de não mais se exigir que o apenado cumpra todo o período de pena privativa de liberdade em regime fechado, possibilitando, dessa forma, a progressão de regime.
- Atualmente é plenamente possível haver a progressão de regime nos crimes hediondos e assemelhados, prevendo expressamente o Art.2º, § 2o, da Lei de Crimes Hediondos, com redação dada pela Lei 11.464/2007, que “no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente”.
OBS: Em termos práticos o marco inicial da possibilidade de progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados se deu a partir do julgamento da ordem de habeas corpus n. 82.959/SP em 23/02/2006, na qual o STF declarou a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, e NÃO da edição da Lei 11.464/2007. Diante disso podem-se fazer as seguintes considerações:
1º) Aos crimes hediondos e equiparados praticados ANTES da Lei 11.464/2007 a progressão de regime se dará com base no Art.112 da Lei de Execução Penal (LEP – Lei n. 7.210/1984), que exige que o preso tenha cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento. Isso se dá porque entre o julgamento do STF e a edição da lei 11.464/2007 que passou a prever critérios mais rigorosos de progressão de regime NÃO existia um critério de progressão de pena definido pela lei de Crimes Hediondos, devendo ser utilizado então o critério da LEP, que inclusive é mais benéfico para o réu. Neste sentido, inclusive, existe a Sumula 471 do STJ – “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no Art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional”, bem como a Súmula Vinculante 26 do STF – “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”. 
2º) Aos crimes hediondos e equiparados praticados DEPOIS da Lei 11.464/2007 a progressão de regime se dará com base no Art. 2º, § 2o, da Lei de Crimes Hediondos e a progressão de regime ocorrerá após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente
1.10. Possibilidade de apelação em liberdade. 
- O Art. 2º, § 3o, da Lei n. 8.072/1990 prevê que “Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.” Trata-se de permissivo legal para o condenado recorrer da sentença penal condenatória em liberdade, desde que o juiz, fundamente a sua decisão, em conformidade com o princípio da fundamentação das decisões judiciais, previsto no Art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988. 
- O direito de recorrer é fundamental para o aprimoramento da Justiça, porque possibilita o reexame das decisões judiciais passíveis de erro. Constitui-se num efeito natural do princípio da ampla defesa, compondo o denominado devido processo legal. 
- Vale ressaltar, inclusive, que o recolhimento à prisão para apelar NÃO existe mais, tendo sido banido do ordenamento penal por meio da reforma do Processo Penal que editou a Lei n. 11.719/2008 e revogou o Art. 594 do Código de Processo Penal. Este dispositivo dispunha que o acusado não poderia apelar sem recolher-se à prisão, salvo se fosse primário e possuísse bons antecedentes, numa clara afronta ao princípio da presunção da inocência previsto no Art. 5º, inciso, LVII, da CF/88. 
1.11 Prisão temporária. 
- O Art. 2º § 4o, da Lei n. 8.072/1990 prevê que a prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n��HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm".��HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm" 7.960, de 21 de dezembro de 1989, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, nos caso de cometimento de crimes hediondos ou equiparados. Essa elasticidade do prazo de duração decorre da maior gravidade desses delitos. 
- Vale lembrar que, genericamente, nos exatos termos do Art. 2º, da Lei n��HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm".��HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm" 7.960/1989, o prazo da prisão temporária é de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Entretanto, a lei de crimes hediondos, como já foi mencionado acima, aumentou o prazo da prisão temporária para 30 dias, também prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, em se tratando de crimes hediondos e equiparados. 
- Desta forma, atualmente, existem dois prazos distintos para prisão temporária, nos crimes comuns o prazo é de 5 dias e em se tratando de crimes hediondos ou equiparados o prazo é de 30 dias. Tanto em uma, quanto em outra hipótese o prazo poderá ser prorrogável por igual período, desde que haja extrema e comprovada necessidade, demonstrada pelo juiz na decisão que decretar a prisão. 
- Cumpre ressaltar, entretanto, que não basta ser o delito praticado hediondo ou equiparado, devendo também haver a presença dos requisitos descritos no Art. 1º, I(Caberá prisão temporária quando imprescindível para as investigações do inquérito policial) ou do Art. 1º, II (Caberá prisão temporária quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade), todos da Lei n��HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm".��HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm" 7.960/1989.
1.12 Quadrilha ou bando para a prática de crimes hediondos ou equiparados. 
- A lei de Crimes Hediondos trouxe NOVA PENA para o delito de bando ou quadrilha, mas tão somente quando se destinar à prática de crimes hediondos, tráfico, tortura ou terrorismo.
- Neste sentido é a previsão expressa do Art. 8º, caput, da Lei n. 8.072/1990: “será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
- Como o legislador fez menção expressa ao Art. 288 do Código Penal, conclui-se que, para que haja o delito de quadrilha ou bando, devem ser exigidos todos os elementos típicos necessários à configuração deste crime, ou seja, deve haver a associação permanente de mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, com a finalidade de cometer crimes indeterminados. 
 1.13 Delação Premiada. 
- O Art. 8º, Parágrafo único, da Lei n. 8.072/1990, prevê que “o participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.”
- Trata-se do instituto da delação premiada, que é uma causa de diminuição de pena criada pelo legislador para o membro de quadrilha ou bando que prestar informações relevantes contras seus companheiros, delatando-os à autoridade.
- Referido instituto possui natureza de norma penal, e constitui circunstância legal de natureza objetiva e de caráter obrigatório, devendo o juiz aplicar a redução da pena de acordo com a maior ou menor contribuição do delator, ou seja, sendo mais importante a contribuição, maior será a redução.
- Ressalta-se que a delação premiada prevista na Lei de Crimes Hediondos aplica-se somente à quadrilha ou bando com o fim específico de praticar crimes hediondos ou equiparados. 
- Por fim, a doutrina em geral, enumera os seguintes requisitos para a concessão da delação premiada:
a)Configuração de quadrilha ou bando (mínimo, portanto, de quatro associados)
b) Finalidade de cometer crimes hediondos ou equiparados.
c)contribuição(informação relevante)
d)efetivo desmantelamento da quadrilha ou bando.
e)voluntariedade. 
1.14 Derrogação da Causa de aumento de pena prevista no Art. 9º. 
- A lei de Crimes Hediondos, em seu Art. 9º, prevê que “as penasfixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
- A partir da nova Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009, o dispositivo legal acima foi derrogado, isto é, sofreu revogação parcial.
- Como é sabido, o Art. 224 do Código Penal foi revogado e suas antigas hipóteses configuram atualmente circunstância elementar do crime de estupro de vulnerável. Não podem, portanto, configurar o crime e ao mesmo tempo constituir causa de aumento de pena para os crimes hediondos ou assemelhados, pois haveria clara e afrontosa lesão ao princípio do non bis in idem (proibição de dupla punição pelo mesmo fato).
- Desta forma, o aumento de pena previsto no Art. 9º da Lei de Crimes Hediondos NÃO pode incidir sobre o crime de estupro do Art. 213 do Código Penal, justamente porque se a vítima for menor de 14 anos, de pronto, já estará caracterizado o crime de estupro de vulnerável do novo Art. 217-A.
- Conclui-se, então, que o Art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos SOMENTE continua a ser aplicado em relação aos demais crimes nele enunciados, quais sejam, o crime de latrocínio (Art. 157, § 3º, do CP), extorsão qualificada pela morte (Art.158, § 2º,do CP) e extorsão mediante sequestro e nas formas qualificadas (Art.159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, do CP), estes crimes serão acrescidos acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
1. 15 Possibilidade de concessão de Sursis e de conversão das penas em penas restritivas de direitos nos crimes hediondos e equiparados.
- Após o julgamento da ordem de habeas corpus n. 82.959/SP pelo STF, a jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, passou a admitir a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos nos crimes hediondos e assemelhados, bem como a concessão da suspensão condicional da pena – sursis se estiverem presentes os seus requisitos, tendo em vista que o óbice que existia (regime integralmente fechado) não existe mais, em razão da declaração de sua inconstitucionalidade. 
- Desta forma, como o regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos e assemelhados não é mais obrigatoriamente o regime fechado, será possível a concessão dos benefícios acima mencionados ao réu que cometeu crimes hediondos ou assemelhados. 
1.16 Livramento condicional nos crimes hediondos e equiparados. 
- O livramento condicional constitui benefício de antecipação, sob condições, da liberdade do condenado, em razão de política criminal, concedido desde que preenchidos certos requisitos legais. 
- Sua finalidade é a adaptação do encarcerado, possibilitando gradualmente o seu retorno ao convívio em sociedade. A ideia principal do instituto é acompanhar o condenado nesta fase de readaptação, assistindo-o no retorno ao convívio social e familiar, e ainda fiscalizando-o no cumprimento das obrigações assumidas como condições para a antecipação da liberdade.
- O Art. 5º da Lei 8.072/1990, alterou as regras do Código Penal sobre a concessão de livramento condicional, acrescentando o inciso V à redação do Art. 83, ampliando o prazo de cumprimento da pena exigido para alcançar o beneficio, no caso de crimes hediondos e equiparados. 
- Com a nova redação, o juiz poderá conceder o livramento condicional ao condenado por crime hediondo ou equiparado, desde que este:
1º) Possua comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto (Art. 83, III, do Código Penal);
2º) Cumpra mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza (Art. 83, V, do Código Penal);
OBS: O livramento condicional NÃO será concedido, em hipótese alguma, quando o condenado for reincidente específico em crimes da mesma natureza. Majoritariamente, a doutrina vem compreendendo o significado da expressão “mesma natureza” como natureza de crime hediondo ou equiparado a hediondo, somente. Assim, por exemplo,se o sujeito comete um crime de tráfico de drogas e após o transito em julgado deste crime comete um crime de homicídio qualificado, haverá a vedação para a concessão do benefício. Em outras palavras, a expressão “mesma natureza”não significa o mesmo tipo penal. 
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