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Crimes Hediondos Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 06-10-2022 INTTRODUÇÃO Nasceu na constituição, no art. 5, inciso XLIII. “Hediondez” significa aquilo que causa algum tipo de sensação de horror, repulsivo. Esses crimes são abomináveis, bárbaros, repugnantes. Até 2019 não era uma tarefa muito difícil, pois se tinha pouco crimes hediondos. Em 2019 teve a edição do pacote anticrime (Lei 14.964/19), trazendo muitos crimes como hediondos. A Alteração promovida pela 8930/94 advém do caso da Daniella Perez, transformando o homicídio qualificado em crime hediondo. A alteração promovida pela Lei 14.344/22 advém do caso Henry Borel. A alteração pela lei 8930 de 1994, advém do caso Daniela Peres. Já a última modificação (lei 14,344 de 2022), tratou-se do caso do menina que foi espancado pelo padrasto A lei dos crimes hediondos nasceu da influência da mídia. Além disso, temos o mandamento constitucional: Artigo 5º, XLIII, CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; O constituinte definiu três crimes hediondos (tortura, tráfico de drogas e terrorismo). Mas, além disso, existem outros que o legislador criou. CONCEITO DE CRIMES HEDIONDOS “Consiste no conjunto de crimes eleitos taxativamente pelo legislador, onde a conduta delituosa é revestida de excepcional gravidade, seja na execução do delito, quando o agente revela desprezo pela vítima (insensível ao sofrimento físico e moral) seja quanto à natureza do bem jurídico ofendido pelo comportamento criminoso” CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DE HEDIONDEZ • Critério Legal (formal – Enumerativo - taxativo): não há a criação de tipos penais novos, o legislador seleciona crimes já existentes na legislação vigente e os determina como “hediondos” através de uma Lei; Este é o critério adotado no Brasil. • Critério Judicial (sistema jurisdicional da hediondez):é aquele em que fica a critério do juiz da causa decidir se o crime é hediondo ou não; No inicio, os legisladores desejavam o acolhimento desse critério. • Critério Misto: Tanto a Lei, como o juiz definem os delitos que poderão ser considerados hediondos. CRIMES HEDIONDOS ASSEMELHADOS Crimes hediondos equiparados, originários ou constitucionais. Existe uma corrente que diz que o nome equiparados o assemelhados, e errada, leva a falsa ideia de eu não são crimes hediondos, apenas são equiparados. Na verdade, são originários (nasceram como hediondos). Há também os crimes hediondos comuns(ordinários ou infraconstitucionais). • BASE LEGAL: .Art. 5º XLIII da CF/88 “TERRORISMO”(Lei 13.260/16 – até 2016 havia um debate se o terrorismo existia tipificado no Brasil) “TORTURA” (Lei 9.455/97) “TRÁFICO DE DROGAS”(Lei 11.343/06) 13-10-2022 Crimes Hediondos Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente CRIMES HEDIONDOS COMUNS (ORDDINÁRIOS, INFRACONSTITUCIONAIS). Todos os crimes previstos na lei 8.072/90 mais as alterações concedidas ao longo dos anos, sendo eles: Artigo 1º, Lei nº 8.072/90: São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); →Homicídio simples não é hediondo. o prof. Damásio diz que apenas será hediondo quando for praticado em atividade típica de grupo de extermínio. mas, há uma contradição enorme, pois nunca haverá homicídio simples nessa hipótese, já que incidirá qualificadora →homicídio qualificado é hediondo. →o inciso viii é interessante, pois o pacote anticrime previa crime de homicídio qualificado em caso de arma de fogo de uso restrito, foi vetado isso, mas o veto caiu. hoje, há essa figura de homicídio com uso de armas de fogo restritas I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; II - roubo: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); → Latrocínio será crime hediondo mesmo quando o resultado mais grave é desejado ou não pelo agente. Então, o latrocínio pode ser preterdoloso (dolo+culpa). Em todas suas modalidades é hediondo. III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); → Famoso sequestro relâmpago. Qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte. IV - extorsão (simples) mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§lo, 2o e 3o); → A extorsão mediante sequestro tanto na modalidade simples quanto na modalidade qualificada é hediondo. Ex. praticada contra idoso ou menor ou por mais de 24h. V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); VII - epidemia com resultado morte- mesmo que não desejado (art. 267, § 1o). →Epidemia simples não é hedionda, é necessário o resultado morte (mesmo não desejado) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998) →Foi transformado em hediondo em decorrência de influência da mídia, pois remédios estavam sendo falsificados com farinha. Se o cosmético trazer um dano muito grave está dentro deste inciso, caso contrário afasta a tipificação hedionda, em razão de que se tem uma pena muito grave, com mínima de 10 anos, violando até mesmo o princípio da proporcionalidade das penas. Crimes Hediondos Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). →Explosão de caixa de banco Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; →Genocídio também ocorre quando se tem a finalidade de exterminar uma raça II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; →Armas de fogo de uso proibido são aquelas que pertencem ao exército. III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 →Este inciso tratasse do comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição. IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; V - o crime de organização criminosa,quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado (artigo 2º, Lei 12.850/13). OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Impasse da jurisprudência quando se tem figura hibrida do homicídio qualificado privilegiado. Na prática eles podem se misturar, como a eutanásia que é um homicídio privilegiado, mas se matar a vítima asfixiada, será além de privilegiado, também qualificado. Essa situação é crime hediondo? Por ser homicídio qualificado seria hediondo, só que jurisprudência entende que a causa privilegiada subjetiva sempre irá preponderar, portanto não será crime hediondo, aplicando a técnica prevista no artigo 67, CP. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DOS CRIMES HEDIONDOS Serão tratados de uma maneira muito mais rigorosa. Assim, quanto as consequências, temos: 1– Vedação da ANISTIA (poder público que declara impuníveis delitos praticados); da GRAÇA (é o induto pessoal, direcionado a uma única pessoa) e do INDULTO (vem de um decreto federal para todos os presos podendo ser total ou parcial, sendo este último denominado de comutação de pena. Trata-se de uma indigência). Em resumo, são formas de perdão público por causa de extinção de punibilidade. Assim não se aplica aos crimes hediondos em qualquer tipo conforme o art. 2º, I da Lei nº 8.072/90: Mas, há um debate a respeito da inconstitucionalidade da vedação. Assim, temos duas correntes: 1ª Corrente: é inconstitucional, pois o art. 5º XLIII da CF fala apenas de Graça e Anistia, não prevendo o Indulto; 2ª Corrente: é constitucional, pois Graça e indulto são institutos idênticos, sendo Clemência estatal. PREVALECE. 2 – Vedação de FIANÇA: art. 2º II da Lei nº 8072/90Lei 12.403/11 regulamenta a fiança e a liberdade provisória (art. 322 e seguintes do CPP) Em alguns crimes hediondos seria possível o pagamento de fiança e a soltura do preso, todavia, a lei veda isso. Mas, não impede a liberdade provisória em crimes hediondos. Portanto, uma pessoa pode responder o processo em liberdade, Crimes Hediondos Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente caso o Juiz entenda que estão preenchido os requisitos. Ademais, será o juiz que irá verificar se é caso de medidas cautelares diversa da prisão. São cláusulas de jurisdicionalidade (só juiz poderá avaliar se a pessoa que praticou crime hediondo poderá responder o processo em liberdade provisória). Não é porque o crime é hediondo que o indivíduo deve cumprir uma prisão provisória de forma automática. Ele pode responder em liberdade desde que preencha os requisitos. 3 – Fixação do REGIME PENAL INICIAL FECHADO Previsto no art. 2º § 1º da Lei nº 8.072/90: Na redação originária previa o: “regime integral fechado” nos casos de crimes hediondos. Isso foi um dos temas mais divergentes de todos os temas no âmbito penal brasileiro, surgindo teses de inconstitucionalidade. A partir do HC 82.959-STF-2006, o supremo passou a entender que cabia a progressão de pena, em razão do Princípio da Individualização da Pena: art. 5º XLVI da CF/88. Os brasileiros tem o direito de progressão de regimes. Com a Lei nº 11.464/07 passou a ser Regime “inicial” fechado. Contudo, caso o juiz verificar que cabe regime aberto ou semiaberto, poderá fixar, pois ele tem autonomia para isso. A lei não pode prever uma fixação de regime obrigatório. EM RESUMO- Temática na atualidade: Imposição de regime fechado para os condenados por crimes hediondos fere o princípio da individualização da pena (posição pacifica no STF): O juiz da causa poderá estabelecer o regime penal adequado à dosimetria da pena, nos critérios previstos no CP (art. 33 § 2º), circunstâncias judiciais, e Súmula 719 do STF. REGRAS PARA PROGRESSÃO DE REGIMES É importante salientar um tema debatido em relação dos dois tipos de reincidência, quais sejam: reincidência genérica, como cometer um crime simples e um crime hediondo (furto + homicídio) e a reincidência específica como condenação por dois crimes hediondos. Para fins de livramento condicional que é a liberdade antecipada o legislador explica as duas reincidências, porém aqui na progressão de regime ele não explica. Por isso, o STJ decidiu que como não há aplicação de reincidência genérica previsto na Lei em se tratado da progressão de regime, o agente terá que ser tratado como primário, pois deverá ter uma condenação in bonam partem. O pacote anticrime não trouxe a explicação a respeito do conceito de ‘Reincidência Genérica” no artigo 112, LEP. Assim para fins de progressão de regime o STJ decidiu em julgamentos de RESP 1910240 e RESP 1918338- TEMA 1084, que os reincidentes genéricos Crimes Hediondos Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente terão o mesmo tratamento que primários para fins de progressão de regime. 1-DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE: Na sentença condenatória o juiz irá verificar se o réu tem direito de apelar em liberdade ou não (art. 594 do CPP foi revogado pela Lei 11.719/08 determinando que não há mais obrigação de se recolher à prisão para apelar). 2 – PRISÃO TEMPORÁRIA: art. 2º § 4º da LCH- terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade (Lei nº 7960/89 - Lei nº 11.464/07) 3- ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS: art. 3º LCH- A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública (Lei 13.167/15 – Lei 11.671/08 – Lei 10.792/03). Isso no Brasil é inaplicável. REQUISITOS PARA CONCESSÃO DE LIVRAMENTO CONDICIONAL OBS: Esta vedado esse livramento condicional se for reincidente específico, além disso, nos crimes hediondos com evento morte está vedado o livramento condicional independente da primariedade ou reincidência (art. 112 VI “a” e VIII da LEP- Lei 7210/84 com redação determinada pelo pacote anticrime (Leis 13.964/19)). CORRENTES SOBRE A REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA Existe um debate sobre a natureza da reincidência especifica (quando comete dois crimes hediondos, ou dois crimes equipados a hediondos), em relação se deve estar no mesmo tipo penal ou não, como latrocínio e estupro, ou teria que ser 2 latrocínios? CORRENTE AMPLIATIVA: é reincidente específico quem pratica crime hediondo ou equiparado, depois de transitar em julgado a condenação, por qualquer outro crime hediondo ou equiparado, independentemente do tipo penal em que foi incurso, importando a natureza do crime hediondo e não a identidade do tipo penal. Em resumo o que importa é a essência do crime hediondo, não importando o tipo penal (Ex: tráfico de drogas + estupro); PREVALECE. CORRENTE RESTRITIVA: só é reincidente específico quem pratica o mesmo crime hediondo ou equiparado, previsto no mesmo tipo penal. (Ex: tráfico de drogas + tráfico de drogas). CONSIDERAÇÕES FINAIS Modificação de penas em vários crimes: art 6º da LCH. Por exemplo, crime de extorsão mediante evento morte (pena mais grave). Delação eficaz na extorsão mediante sequestro: acrescentou o § 4º no art. 159 do CP; Associação Criminosa para fins de prática de crimes hediondos: art. 8 da LCH; Causa de aumento de pena nas hipóteses do art. 224 do CP para alguns tipos de crimes hediondos: art. 9º da LCH - Revogado; Identificação do perfil genético: criminosos condenados por crimes hediondos serão obrigados a passar pelo procedimento de identificação do perfil genético (art. 9-A da Lei n° 7210/84 – Lei 12.037/09); Críticas finais: não aplicação na legislação penal militar, apenas se aplica a legislação de crimes comuns.
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