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ECA_Perda e suspensão poder familiar

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UNIDADE 4
AULA 12
DOS PROCEDIMENTOS DE PERDA/SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR, DESTITUIÇÃO DE TUTELA ECOLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
- O legislador cuidou de regulamentar os procedimentos não previstos em lei e adequá-los à sua nova concepção, no sentido de que a prestação jurisdicional deve ser ágil, eficaz e adequada aos jurisdicionados. São eles:
I. DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR (art. 155 ao art. 163)
- Apresentam-se as seguintes etapas: 
1) Concessão de liminar ou incidental da suspensão do poder familiar (art.157);
2) Fixação de prazo de 10 dias para a contestação e de 5 dias para a prolação da sentença e determinação para que as partes forneçam, desde logo, o rol de testemunhas em suas peças processuais (art. 156, IV, e 158).
Observe:
- As hipóteses previstas para a propositura desse tipo de ação estão contidas no art. 1.638, CC e no art. 22 e 24 do ECA, e é TAXATIVA a enumeração legal. 
- A competência será da Vara da Infância e da Juventude somente no caso de OMISSÃO OU ABUSO DOS PAIS, sempre visando à colocação da criança em família substituta.
- Legitimação ativa - indica todos aqueles que detenham legítimo interesse, e o interesse para este tipo de ação pode ser jurídico, moral ou econômico.
- Legitimação passiva - indica somente os pais biológicos ou adotivos que estejam em pleno exercício do poder familiar.
I.I. DO PEDIDO CUMULATIVO DE ADOÇÃO OU DE TUTELA
- Havendo pedido de colocação em família substituta, sob a modalidade de adoção ou de tutela, há necessidade de se cumular ao pedido a solicitação de destituição do poder familiar, na forma do art. 169 do ECA.
- Com relação a esta hipótese, discute-se se é cabível esse tipo de cumulação de pedido na mesma ação. Contudo, por tratar-se de (1) RITOS ESPECIAIS e (2) com FUNDAMENTO NO ART. 152, tem-SE ADMITIDO ESSE TIPO DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS SOB O RITO ORDINÁRIO, e não especial.
I.II. DA RESPOSTA DO RÉU
- Como a lei garante o princípio do contraditório e da ampla defesa, faz-se necessário que se esgotem todos os meios necessários para a citação do réu, inclusive citação por edital e por hora certa, com todas as suas conseqüências (art. 158).
- Se os pais não possuírem condições para arcar com as despesas de advogado, poderão requerer a nomeação de um advogado dativo (art. 159).
- Neste tipo de ação, A FALTA DE CONTESTAÇÃO NÃO INDUZ OS EFEITOS DA REVELIA, porque a autoridade parental constitui-se num DIREITO INDISPONÍVEL DOS PAIS. Por conta disso, deverão ser colhidas provas para justificar a medida.
I.III. DA FASE INSTRUTÓRIA
- Visando a compor o real quadro familiar, o legislador possibilita ao magistrado requisitar, de qualquer órgão ou repartição pública, a apresentação de documento de interesse à causa (art. 160).
- A lei prevê a possibilidade de elaboração de laudo psicossocial por equipe interdisciplinar do juízo (art. 161 e 162), bem como a oitiva da criança ou o adolescente alvo do poder familiar questionado.
I.IV. DA FASE DECISÓRIA
- Proferida, a sentença deve ser averbada no livro de nascimento da circunscrição onde nasceu o filho, mesmo que a ação esteja pendente de recurso, já que esse recurso é recebido somente no efeito devolutivo (art. 198, VI, do ECA).
Observe:
Deve ser também ressaltado que a perda ou a suspensão do poder familiar não afeta o laço de parentesco existente entre pais e filhos e que permanecem as obrigações dele decorrentes.
II. DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA
- Como existe procedimento especial, o legislador limitou-se a remeter o aplicador da lei ao procedimento previsto na lei processual civil.
III. DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
- De forma genérica, o legislador tratou das normas processuais referentes às 3 modalidades de colocação em família substituta - guarda, tutela ou adoção -, preocupando-se em ressaltar os seus requisitos indispensáveis. Assim, a petição inicial de colocação de família substituta deve conter os requisitos exigidos no art. 282 do CPC, acrescidos dos requisitos constantes no art. 165 e seu parágrafo do ECA.
- Como o pedido de colocação em família substituta não possui caráter econômico, dada a sua natureza, o valor da causa possui um valor meramente simbólico, em obediência ao disposto no art. 282, V, do CPC, c/c art. 158 do ECA.
- Ainda no pedido inaugural, o autor deve:
1. Relacionar as provas que pretende produzir, para demonstrar a veracidade dos fatos alegados (art. 282, VI, CPC).
2. Declarar, desde logo, acerca da existência de bens, direitos ou rendimentos da criança ou do adolescente (art. 165, V).
3. Acostar os seguintes documentos:
a) identidade do requerente e sua certidão de casamento;
b) certidão de nascimento da criança ou do adolescente;
c) comprovante de residência;
d) atestado de idoneidade dos requerentes;
e) atestado de saúde física e mental;
f) prova de escolaridade do menor;
g) comprovação de rendimentos do requerente;
h) outras provas que fundamentem a causa de pedir.
III.I. DO PEDIDO FORMULADO DIRETAMENTE EM CARTÓRIO
- Como não há lide, a lei permite que o pedido seja formulado diretamente no cartório, SEM A FIGURA DO ADVOGADO (art. 166), nas seguintes situações:
1) Havendo concordância dos pais da criança ou do adolescente com a colocação em família substituta.
2) Sendo os pais desconhecidos ou falecidos.
3) Tendo sido os pais destituídos ou suspensos do poder familiar.
* Não obstante a clareza da lei, a grande maioria da doutrina entende que esse dispositivo afronta não só o art. 133 da CF, como também o art. 2º da Lei nº 8.906/96, motivo pelo qual ele praticamente não é usado.
III.II. OITIVA DA CRIANÇA
- Segundo o disposto nos art. 28, § 1º, e 168 do ECA, o menor tem sempre de ser ouvido informalmente pelo juiz e promotor de Justiça, não importando se o procedimento seguiu o rito de jurisdição voluntária ou o rito de jurisdição contenciosa. Findos os trabalhos, a lei prevê que a sentença seja proferida em audiência ou no prazo de cinco dias.
IV. DAS AÇÕES
Como a lei não trata das ações de forma individual, para a compreensão do tema, serão enfocadas, separadamente, algumas questões práticas vinculadas a elas:
1. Da ação de guarda
2. Da ação de tutela
3. Da ação de adoção
4. Da adoção internacional
QUESTÕES PRÁTICAS VINCULADAS ÀS AÇÕES DE GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO
Tendo em vista que a lei não trata destas ações de forma individual, para uma melhor compreensão do assunto, serão enfocadas algumas questões práticas vinculadas a elas:
DA AÇÃO DE GUARDA
- Discute-se se o instituto da guarda é unipessoal. 
1) Aqueles que entendem ser unipessoal alegam que a guarda concedida a mais de uma pessoa pode gerar indefinição quanto à responsabilidade dos atos praticados e quanto à administração dos direitos que digam respeito ao menor. 
2) Já a corrente contrária alega que, sendo a guarda uma modalidade de família substituta, que tem por fim copiar a família natural, não há motivos para impedir que a guarda seja concedida a um casal.
- Da concordância dos pais ao pedido de guarda: Como o ato citatório é imprescindível no pedido de guarda, os juízes, objetivando acelerar a prestação jurisdicional, no lugar da citação, têm designado audiência de ratificação de concordância dos pais.
- Da concessão da guarda provisória e definitiva - como a guarda transfere ao guardião alguns dos atributos do poder familiar, o art. 167 permite, desde logo, a concessão da guarda provisória de modo a regularizar a situação fática existente.
- Julgada procedente a ação, o juiz expede o termo definitivo, no qual não constará prazo, estando condicionada a aquisição da maioridade do menor.
- DA PERDA E REVOGAÇÃO DA GUARDA: Decorrem do mau exercício do encargo, podem ser examinadas nos próprios autos (art. 169), por medida de economia processual, ou por meio de ação autônoma.
DA AÇÃO DE TUTELA
- O procedimento desta ação decorre da conjugação dos art. 155 a 163, 164, 165 a 170 do E.C.A. e art. 1.187 a 1.193 do CPC.
- Competência: 
a) Se o infante estiver na situação do art. 98: A competência será da Vara da Infância e da Juventude. 
b) Se o pedido for formulado por um parentedo menor: A competência será da vara designada pelo código de organização judiciária local (geralmente, a Vara de Família). 
c) Se o órfão possuir bens a serem administrados e os pais tiverem nomeado tutor testamentário ou, na falta de indicados, se existirem pretensos tutores legítimos, a competência será da Vara de Órfãos e Sucessões.
- Da fase postulatória: Os requisitos da petição inicial estão contidos no art. 165 do ECA e art. 282 do CPC. 
- Havendo ainda PAIS VIVOS, estando estes ou não em local incerto e não sabido, O PEDIDO DE TUTELA DEVERÁ SER CUMULADO COM A AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR (art. 169), que segue o RITO ORDINÁRIO.
- Termo de tutela: É o marco inicial da assunção da responsabilidade do tutor perante o tutelado, por isso, a assinatura do termo é um ato personalíssimo, ou seja, não pode ser delegado via procuração.
- Da prestação de contas: A competência para apreciar a prestação de contas do tutor é do juízo que deferiu a tutela (art. 919, CPC). 
- Em caso de tutela, em que o menor estiver na situação do art. 98, se houver bens, mesmo sendo parcos, deverá o tutor prestar contas de eventual administração de rendimentos de dois em dois anos (art. 1737 e 1755, CC).
DA AÇÃO DE ADOÇÃO
- Como se trata de uma AÇÃO DE ESTADO, que visa à constituição de relação de parentesco entre adotante e adotado, O RITO A SER SEGUIDO é o ordinário, segundo o disposto no art. 275 do CPC. 
- A competência será sempre do juiz da Vara da Infância e da Juventude.
- Petição inicial: Além dos requisitos do art. 282 do CPC e 165 do ECA, o requerente deverá demonstrar: possuir mais de 18 anos de idade, ter diferença etária de mais de 16 anos com relação ao adotando, o consentimento dos genitores ou responsáveis. Se o requerente da ação for tutor ou curador do adotando, deverá demonstrar a aprovação de suas contas. Deverá informar também o nome que passará a ter o adotando, bem como a indicação dos avós adotivos (art. 47). 
- NÃO HAVENDO CONCORDÂNCIA DOS PAIS BIOLÓGICOS, será necessária a CUMULAÇÃO DA AÇÃO COM A DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR, por se tratar de um pressuposto lógico da adoção (art. 169), e, nesta hipótese, a inicial deverá indicar também os requisitos do art. 156.
- Situações que podem se apresentar no curso da ação de adoção:
1ª) Existência de concordância dos pais biológicos com a adoção - não há necessidade de pedido de destituição do poder familiar.
2ª) Pais biológicos desconhecidos - também é desnecessário o pedido de destituição de poder familiar, já que, sendo desconhecidos, os pais não terão seus nomes no registro de nascimento e, como conseqüência, não há vínculo jurídico de parentesco a ser rompido.
3ª) Pais biológicos destituídos do poder familiar - como eles não têm mais nenhum direito sobre a pessoa de seu filho, não figurarão no pólo passivo da relação processual.
4ª) Pais biológicos suspensos do poder familiar - apesar de o legislador do art. 166 ter-se reportado a esta situação, grande parte da doutrina entende ter havido um equívoco por parte dele, porque a suspensão é uma medida temporária, e não definitiva, e, portanto, não aceita que não haja contraditório neste tipo de adoção.
5ª) Pais biológicos em local incerto e não sabido ou discordantes do pedido – nestas duas situações, a destituição do poder familiar é pressuposto lógico do pedido de adoção. Sendo a destituição de poder familiar pressuposto lógico da ação de adoção, esta somente será deferida nas hipóteses legais.
- Pedido de estágio de convivência - este será requerido na petição inicial, e a sua concessão se dará por meio da GUARDA PROVISÓRIA (§ 1º do art. 33 do ECA).
- Oitiva dos pais biológicos - será necessária sempre que tiverem aderido ao pedido, a fim de serem alertados pelo juiz acerca das conseqüências da adoção, em audiência prévia.
- Sentença - tem NATUREZA CONSTITUTIVA, por criar um estado de filiação socioafetivo. Assim, com o seu trânsito em julgado, será expedido mandado para cancelar o registro original e realizar um novo registro (art. 47).
- ADOÇÃO INTERNACIONAL - em nada difere da adoção nacional, ou seja, os requisitos da petição inicial são os mesmos, assim como todo o seu trâmite processual. Apesar da similitude entre os processos, o mesmo não pode ser afirmado em relação à fase pré-processual, senão vejamos:
1. Como o Brasil aderiu à Convenção Internacional de Haia (1993), não cabe procedimento litigioso para adoção internacional contanto que o menor esteja liberado do poder familiar.
2. Apesar de o estágio de convivência ser deferido no início do processo, não poderá resultar em guarda provisória (art. 31), e sim num termo de responsabilidade.
3. A habilitação para a adoção internacional se processa perante a CEJA (Comissão Estadual Judiciária de Adoção) e não perante o juiz da Infância, como ocorre na adoção nacional. Outro aspecto importante ligado a este tema é relativo ao conceito de “estrangeiro”: segundo o legislador estatutário, estrangeiro é todo aquele que reside fora do território nacional, e não aquele que nasceu fora do Brasil. Assim, se uma brasileira residente em Portugal desejar adotar um menor no Brasil, essa adoção será considerada internacional.

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