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2015 06 13 Paper jornalistas boletins Soja Versao Final AO

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ENTENDENDO O MERCADO 
DA SOJA 
17/06/2015 
 
2 
 
ÍNDICE 
 
1. Introdução ...................................................................................................................... 
1.1 O agronegócio da soja e suas utilidades ........................................................................ 
1.1.1 Definição e características ........................................................................................... 
1.2 O mercado mundial da soja ............................................................................................ 
1.2.1 Produção .................................................................................................................... 
1.2.2 Importação ................................................................................................................. 
1.2.3 Exportação ................................................................................................................. 
1.2.4 Calendário agrícola .................................................................................................... 
1.3 O mercado da soja em Mato Grosso ............................................................................. 
1.3.1 Oferta e demanda ....................................................................................................... 
1.3.2 Exportação do complexo soja .................................................................................... 
1.4 Os mercados externo e brasileiro .................................................................................. 
1.4.1 Tipos de mercados ..................................................................................................... 
1.4.2 Bolsa de Chicago (CBOT) .......................................................................................... 
1.4.3 Especificações da Bolsa de Chicago ......................................................................... 
1.4.4 Cotação internacional no mercado interno ................................................................. 
1.4.5 Especificações da BM&F ............................................................................................ 
1.5 Como se formam os preços no mercado interno .......................................................... 
1.5.1 Prêmio de exportação ................................................................................................ 
1.5.2 Custos portuários ....................................................................................................... 
1.5.3 Frete ao porto ............................................................................................................. 
1.5.4 Cotação interna .......................................................................................................... 
1.6 Principais rotas de escoamento da soja no Estado ...................................................... 
1.6.1 Hidroviário .................................................................................................................. 
1.6.2 Ferroviário .................................................................................................................. 
1.6.3 Rodoviário .................................................................................................................. 
1.7 Paridade de exportação e sua importância ................................................................... 
1.7.1 O que é e para que serve a paridade de exportação ................................................. 
1.7.2 Como se calcula a paridade de exportação ............................................................... 
1.8 Gastos produtivos com a cultura da soja ...................................................................... 
1.8.1 Custo de produção da soja ........................................................................................ 
1.8.2 Custos fixos e custos variáveis .................................................................................. 
1.9 O ponto de equilíbrio ..................................................................................................... 
1.9.1 Determinantes do ponto de equilíbrio (PE) ................................................................ 
1.10 Preço de base e relação frete/soja .............................................................................. 
1.10.1 Formação do preço de base ..................................................................................... 
1.10.2 Preço do frete X cotação da soja ............................................................................. 
1.11 Glossário ..................................................................................................................... 
1.12 Conclusão .................................................................................................................... 
1.13 Referências ................................................................................................................. 
03 
03 
03 
05 
05 
07 
08 
10 
12 
12 
14 
15 
15 
17 
19 
19 
20 
22 
22 
23 
24 
25 
26 
28 
29 
30 
32 
32 
33 
36 
36 
39 
39 
40 
41 
41 
43 
45 
47 
48 
 
 
3 
 
1. Introdução 
 
No contexto mundial e nacional, a soja está inserida economicamente como uma das principais 
culturas produzidas. No Brasil, a oleaginosa é a principal cultura agrícola atualmente. Segundo 
dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, maio/15), na safra 2013/14 cerca de 
86,12 milhões de toneladas de soja foram produzidas no país, representando 44,5% de toda a 
produção brasileira de grãos na mesma safra. Para a safra 2014/15, a expectativa de 
participação da soja aumenta ainda mais. Os dados de maio de 2015 do relatório de safra da 
Conab apontam um volume produzido de soja pelo Brasil de 95,07 milhões de toneladas, 
representando 47% dos 202,23 milhões de toneladas de grãos produzidos pelo país. 
Amplamente difundida devido às suas variadas formas de utilização em diferentes segmentos, 
a oleaginosa apresenta papel importante para a economia agropecuária brasileira. Em Mato 
Grosso, o principal Estado produtor, a oleaginosa representou em 2014 aproximadamente 50% 
do valor bruto da produção (VBP) agropecuária mato-grossense, com representatividade bem 
acima da segunda atividade de maior projeção, a bovinocultura de corte, com 20%. 
Em relação à comercialização, a produção brasileira da soja representa cerca de 41% do que 
foi exportado mundialmente na safra 2013/14. Diante desta grande representatividade mundial, 
o preço da soja no mercado interno sofre grande influência do mercado externo. 
Os principais fatores que influenciam a paridade de exportação brasileira são: cotação da soja 
na Bolsa de Chicago (CBOT), prêmio de exportação, despesas portuárias, frete, câmbio, 
impostos e outras taxas e comissões. 
Diante da grande importância da soja no cenário mundial, este trabalho irá analisar e discutir o 
mercado da soja, desde a oferta e demanda da cultura, sua importância no mercado mundial, 
até o entendimento de formação de preços da commodity. 
Esperamos que você, leitor, tenha prazer em descobrir, nas páginas a seguir, de maneira geral 
como funciona o mercado da soja e suas particularidades. 
 
 
1.1 O agronegócio da soja e suas utilidades 
 
Nesta seção, serão analisadas, de maneira geral, a definição e características da soja, bem 
como as principais utilidades dos seus subprodutos. 
 
1.1.1 Definição e características 
 
Pode-se considerar como commodities as mercadorias primárias não manufaturadas, ou 
parcialmente manufaturadas, de grande exposição no mercado internacional. No mercado 
financeiro, uma commoditypode ser usada para sugerir um tipo de produto, normalmente 
agrícola ou mineral, de grande relevância econômica internacional, por ser amplamente 
negociado entre importadores e exportadores. Existem bolsas de valores de mercados abertos 
específicas para negociar tais commodities. Geralmente sua produção é realizada em grandes 
escalas e sua comercialização, dentro de um padrão de qualidade conhecido mundialmente. 
 
4 
 
Por isso, pode-se considerar o complexo soja como uma commodity agrícola (MACHADO, 
2010). 
A soja é uma das principais commodities produzidas mundialmente, e faz parte do conjunto de 
atividades agrícolas com maior destaque no mercado mundial. Por ter uma importância 
considerável globalmente, a sua demanda é de grande relevância no mercado internacional. A 
dinâmica do mercado da soja é dividida em países produtores-exportadores e países 
consumidores-importadores. 
Normalmente, as commodities são cíclicas por definição. Isso significa que a produção é 
estimulada ou desestimulada de acordo com o preço. Se o preço de algum produto estiver alto, 
diversos produtores se sentirão “estimulados” a produzi-lo. Se a produção for grande, os 
estoques aumentam, o preço cai e, consequentemente, diversos produtores perdem o 
interesse por produzir grandes volumes, fazendo com que a safra diminua. Consequentemente, 
os estoques reduzem-se e o preço volta a subir. Não há uma tendência de alta nem baixa 
eterna, mas sim ciclos, por isso, as commodities como a soja são consideradas cíclicas 
(NEHMI, 2012). 
Por ser um grão rico em proteínas, a soja é cultivada como alimento tanto para os seres 
humanos quanto para os animais. Além disso, sendo caracterizada principalmente por uma 
produção agroindustrial, sua cadeia pode ser denominada como uma cadeia agroindustrial, na 
qual, antes mesmo da produção, é essencial a existência de um setor de insumos, máquinas e 
implementos agrícolas para trazer viabilidade para o setor. 
Para que a soja possa ser utilizada, é preciso que ela passe por um processo de 
industrialização. Após esse processo são gerados vários produtos, porém dois são os mais 
conhecidos, o farelo e o óleo de soja. O farelo de soja, com teor proteico de 44% a 48% (se o 
grão for descascado antes da extração do óleo), é utilizado na maioria das vezes como 
suplemento rico em proteínas para a criação de animais. O farelo de soja pode ser utilizado 
ainda como alimento de peixe na aquicultura, na produção de ração de animais domésticos e 
como substituto do leite para bezerros. Para se obter o farelo de soja, é necessário fazer a 
torrefação e a moagem da torta da soja, sendo esta torta o que permanece após a extração do 
óleo com solventes (MISSÃO, 2006). 
Já o óleo de soja é rico em ácidos graxos poli-insaturados. Pode ser usado domesticamente 
como óleo de cozinha e nas indústrias, como tinta de caneta, biodiesel, tintas de pintura em 
geral, xampus, sabões e detergentes (MISSÃO, 2006). 
Na indústria alimentar, nos importantes ingredientes da produção de cereais, pães, biscoitos, 
massas, produtos finos de carne, etc, usa-se a proteína texturizada de soja como substituto da 
carne. Os isolados de soja (pelo menos 90% de proteína) são ingredientes funcionais 
empregados em produtos finos de carne e leite. Os usos técnicos dos ingredientes proteicos e 
da farinha de soja incluem revestimentos de papel e auxiliares de processos de fermentação. 
A casca da soja é retirada durante o descascamento inicial dos grãos e contém material 
fibroso. É usada como forragem grossa e também como fonte de fibras dietéticas de cereais 
matinais e de certos lanches prontos (MISSÃO, 2006). 
Assim como muitas outras plantas, a soja também contém alguns fatores antinutricionais. Os 
inibidores, por exemplo, que impedem a ação de enzimas digestivas, como a tripsina, tornando 
 
5 
 
Antes das fazendas Nas fazendas Após as fazendas
Cooperativas
Revendas
Defensivos
Fertilizantes
Sementes
Máquinas
Outras 
Indústrias
Produção 
Agrícola Originadores
Armazenadores
Cooperativas
Tradings
MERCADO EXTERNO
Esmagadoras
e refinadoras
Outras Indústrias
Indústrias de 
derivados de 
óleo
Indústria
de rações
Indústria
de carnes
Distribuição
CONSUMIDOR 
INTERNO OU 
EXTERNO
a digestão da soja crua extremamente difícil. O cozimento e o aquecimento dos grãos ou do 
farelo de soja inativam os inibidores de tripsina. Na prática, o farelo de soja e os ingredientes 
proteicos originados da soja são sempre cozidos antes do consumo. 
Organograma 1 - Cadeia agroindustrial da soja 
Fonte: Imea 
 
 
1.2 O mercado mundial da soja 
Nesta seção, será analisado o mercado mundial da soja. Os aspectos discutidos estão 
relacionados com quatro variáveis principais: produção, importação, exportação e calendário 
agrícola mundial. 
 
1.2.1 Produção 
A soja, além de ser a principal oleaginosa cultivada no mundo, faz parte do conjunto de 
atividades agrícolas com maior destaque no mercado mundial. Nos dados do mapa 1, percebe-
se que 82% da produção mundial concentra-se em apenas três países: Estados Unidos, Brasil 
e Argentina. Adicionalmente, os outros quatro países que se destacam na produção mundial 
são: China, Índia, Paraguai e Canadá que, juntos, esses sete países representam cerca de 
95% da produção mundial da oleaginosa, segundo dados do Departamento de Agricultura dos 
Estados Unidos (USDA, maio/15). 
 
6 
 
País
0,0
108,0
Prod. Mundial: 317,3 milhões t
12,4
94,5
9,8
108,0
58,5
9,8
8,5
6,1
Mapa 1 - Principais países produtores de soja na safra 2014/15 
 
Fonte: 
USDA 
maio/15 
 
 
 
Ao se analisar o cenário de oferta mundial da soja, deve-se avaliar os estoques finais da 
oleaginosa. Isso porque, verificando esta variável, pode-se obter parâmetro com relação de 
equilíbrio ou de desequilíbrio entre a oferta e demanda do produto, que poderá afetar não só os 
preços mundiais da commodity, como também a decisão da quantidade produzida na próxima 
safra. 
 
Gráfico
 
1 - Oferta e demanda no mundo – últimas dez safras 
Fonte: USDA maio/15 
 
85,5
317,3
291,8
0,0
30,0
60,0
90,0
120,0
150,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
Estoques Produção Consumo
Milhões de toneladas
Esto
q
u
es
 
7 
 
0,0
73,5
Imp Mundial: 114,1 milhões t
73,5
12,8
2,4
2,9
2,1
4,0
Diante de tal relevância, verifica-se a concentração dos estoques finais mundiais em 
quatro principais países: Argentina, Brasil, China e Estados Unidos, que juntos representaram 
94% do total na safra 2014/15, segundo dados do USDA. Os estoques vêm crescendo desde a 
safra 2011/12, principalmente pelo aumento da produção em proporções maiores que o volume 
mundial de consumo. 
 
1.2.2 Importação 
A soja é uma das culturas mais difundidas no mundo. Apesar da sua grande importância 
econômica no mercado mundial, a importação da soja em grão limita-se a poucos países. A 
China e a União Europeia respondem juntas com cerca de 75,6%, segundo dados do USDA, 
na safra 2014/15. Apenas a China representa quase 65% das importações mundiais da soja 
em grão, segundo o departamento norte-americano, demonstrando a tamanha relevância que 
este país representa no mercado mundial da oleaginosa. Assim, qualquer oscilação na 
economia chinesa que comprometa o fluxo da sua demanda por soja pode, portanto, 
comprometer o quadro de oferta e demanda mundial da commodity. 
 
Mapa 2 - Principais países importadores de soja em grão na safra 2014/15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: USDA, maio/15 
 
A importação mundial de soja em grãoteve uma trajetória crescente na última década. 
Na safra 2014/15 ocorreu o maior fluxo de importações da história, com um aumento anual de 
2,6%. 
Apesar da grande relevância que a China apresenta sobre o mercado da soja em grão, o 
país asiático não se destaca atualmente como o principal player importador dos subprodutos 
da oleaginosa como farelo e óleo. Isso ocorre, pois a China compra a soja justamente para 
 
8 
 
produzir estes subprodutos e possui uma grande capacidade de industrialização da soja em 
grão. 
No mercado de óleo de soja, o país que lidera suas importações é a Índia, que 
representa 21,3% na safra 2014/15, segundo o USDA, com a China aparecendo logo atrás, 
com 14% de participação. Já para o mercado de farelo de soja, a China não se destaca entre 
os cinco principais países importadores. O principal player importador é a União Europeia, 
representando cerca de 35% do total nas últimas cinco safras. Com representatividade menor, 
aparecem Indonésia, Vietnã, Tailândia e Irã, que juntos representaram nos últimos cinco anos 
cerca de 20% das importações mundiais do farelo de soja. 
Percebe-se que o mercado dos subprodutos da soja (óleo e farelo) é menos concentrado 
que o mercado da soja em grão, apresentando uma dependência muito maior de um único 
país, a China. Mesmo assim, oscilações econômicas ocorridas nos principais países 
importadores de soja e farelo podem impactar o mercado da soja como um todo. 
 
1.2.3 Exportação 
As exportações mundiais de soja vêm crescendo nos últimos anos, acompanhando o 
ritmo crescente da oferta e do consumo mundial da oleaginosa. Em torno de 40% da produção 
mundial da safra 2013/14 foi exportada segundo dados do Departamento da Agricultura dos 
Estados Unidos (USDA, maio/15). Para a safra 2014/15 da oleaginosa, apesar de o volume 
exportado ser o maior da história, de 117,5 milhões de toneladas, segundo o USDA, a 
participação sobre a produção mundial será reduzida para 37%. 
 
Mapa 3 - Principais países exportadores de soja em grão na safra 2014/15 
Fonte: USDA, maio/15 
 
Os Estados Unidos e o Brasil, principais players produtores de soja, são também os 
protagonistas no cenário exportador da oleaginosa, participando juntos com 81% do que foi 
0,0
49,0
Exp Mundial: 117,5 milhões t
45,7
8,0
4,8
3,7
49,0
2,0
3,3
 
9 
 
exportado na safra passada. Para a safra 2014/15, os Estados Unidos devem aumentar em 
9,3% o seu volume exportado ante a safra passada, atingindo cerca de 49 milhões de 
toneladas exportadas. Já o Brasil tem a expectativa de reduzir em 2,5% o volume escoado na 
nova temporada, registrando exportação de 45,6 milhões de toneladas. Apesar disso, percebe-
se a grande importância que esses dois países têm sobre o cenário exportador da soja. E, 
assim, qualquer alteração no tamanho da safra de soja nestes dois países impacta sobre a 
oferta mundial. 
Apesar de apresentar uma representatividade mundial bem aquém a dos Estados Unidos 
e do Brasil, a Argentina aparece como o terceiro principal player exportador da soja. Na safra 
2014/15 o volume exportado pelos argentinos deve atingir oito milhões de toneladas, 
apresentando elevação de 2% em relação ao que foi escoado na temporada 2013/14. 
Analisando-se apenas esses três principais países exportadores, percebem-se diferenças 
consideráveis no que tange à questão logística de escoamento da commodity em cada um 
deles. Para se ter uma ideia, quando se analisam as matrizes de transportes da soja da 
Argentina e Estados Unidos (maiores concorrentes do Brasil na produção e exportação do 
produto), observa-se que no primeiro, embora 80% do escoamento da soja seja realizado 
através do transporte rodoviário, as distâncias médias entre as regiões produtoras e os portos 
são próximas a 300 km, tornando, assim, os custos com transporte reduzidos, devido às 
distâncias percorridas serem relativamente pequenas. Já nos EUA, que possui, como o Brasil, 
distâncias elevadas entre as regiões produtoras e os portos, a média da distância no país 
norte-americano está entre 1.000 e 2.000 km, dos quais, cerca de 60% da matriz é formada por 
hidrovias. Segundo Rippol (2012), o custo de transporte por tonelada por km percorrido do 
modal hidroviário é 61% inferior que o rodoviário e 37% inferior que o ferroviário, assim, torna 
os custos com transporte do grão nos Estados Unidos mais reduzidos se comparado ao Brasil, 
conforme pode ser analisado no organograma 2. 
 
Organograma 2 - Logística e custo com transporte da soja dos principais países 
exportadores 
 
Fonte: Centrogrãos, Caramuru and Soy Transport Coalition, BCR Rosário, USDA 
 
 
10 
 
Os gargalos dos portos brasileiros também apresentam parcela de contribuição para 
reduzir a competitividade da soja brasileira. Os fatores portuários que mais prejudicam a 
competitividade das exportações brasileiras são: elevado custo das tarifas portuárias; demanda 
superior à capacidade instalada dos terminais e armazéns; falta de investimentos na ampliação 
de instalações portuárias, ocasionando filas de caminhões e navios no período da safra; e a 
limitação de profundidade, impedindo a atracação de navios de maior porte em alguns portos. 
Os custos elevados de transporte da soja acabam refletindo negativamente sobre os 
preços recebidos pelos produtores, especialmente àqueles localizados em regiões mais 
distantes dos principais portos, como os do Sul e Sudeste do país. Para se ter uma ideia dessa 
realidade, os sojicultores de Sorriso, por exemplo, distantes cerca de 2.000 km dos principais 
portos de exportação, pagam de frete valores próximos a 30% do preço recebido pelo produto 
em 2015. 
Apesar de tais gargalos, pode-se dizer que houve uma melhora nas condições dos portos 
brasileiros desde 2014, sobretudo, no porto de Santos-SP, principal porto de escoamento 
atualmente no país. Além disso, há atualmente uma nova rota de escoamento de grãos, pelo 
Norte do país. O porto de Barcarena, localizado no Pará, que começou as suas atividades em 
2014, exportou cerca de 625 mil toneladas de soja mato-grossense, representando cerca de 
5% do volume escoado pelo Estado na safra 2013/14. Apesar de a representatividade sobre o 
volume total escoado ser baixa, a expectativa é que a participação deste porto sobre as 
exportações mato-grossenses aumente nos próximos anos. 
 
1.2.4 Calendário Agrícola 
A balança comercial da soja é bem definida, ou seja, os maiores produtores ocupam os 
primeiros lugares do lado positivo (oferta), que no caso são os Estados Unidos, Brasil e 
Argentina. E do lado negativo (demanda) encontram-se a China e a União Europeia. 
Com isso, fica evidenciado quem são os maiores players do mercado de soja e também 
para onde se deve voltar as atenções ao analisar informações do mercado. 
Voltando-se as atenções para os principais players ofertantes de soja do mundo, 
percebe-se que o calendário agrícola é dividido em hemisférios sul e norte. No hemisfério sul, 
onde está Brasil e Argentina, a semeadura ocorre entre setembro e dezembro e a colheita 
entre janeiro e maio. Já no hemisfério norte ocorre o inverso, com a semeadura de abril a junho 
e a colheita de setembro a novembro. 
A principal justificativa é devida às condições climáticas. Os Estados Unidos, situados no 
hemisfério norte, realiza sua semeadura durante o período citado acima, pois são primavera e 
verão, respectivamente, quando as condições climáticas são ótimas para o cultivo da 
oleaginosa. Há uma diferença de algumas semanas em algumas regiões entre as semeaduras 
da soja e do milho nos Estados Unidos por causa do clima, pois o milho é mais resistente à 
geada no início do seu desenvolvimento e possui um ciclo mais longoque o da soja, 
necessitando-se, assim, ser semeado antes. 
Já no hemisfério sul, a semeadura ocorre em período distinto ao do hemisfério norte, 
como já mencionado. No Brasil, as duas principais regiões produtoras, Centro-Oeste 
 
11 
 
(destacando-se Mato Grosso), e o Sul (Paraná e Rio Grande do Sul), percebe-se uma 
diferença no período de semeadura. Em Mato Grosso, alguns produtores dão início aos 
trabalhos de semeadura logo após o fim do vazio sanitário, que se encerra no dia 15 de 
setembro, mesmo que as condições climáticas não estejam tão favoráveis. Em setembro, 
muitas regiões de Mato Grosso ainda não apresentam grande quantidade de chuvas e, por 
isso, os trabalhos a campo se intensificam em meados de outubro, quando os volumes 
pluviométricos são maiores. 
Em condições normais é recomendável que o produtor espere a chuva alcançar o 
acumulado de 80-100 milímetros para que o solo tenha um estoque razoável de água para 
permitir a germinação das sementes, com menos risco de perda de semeadura, no caso de as 
chuvas não se estabilizarem. No entanto, algumas lavouras de soja mato-grossenses não são 
semeadas na época ideal para alcançar o máximo potencial produtivo da cultura. A causa 
principal para que os agricultores não consigam semear na data ideal está na necessidade de 
antecipar a colheita do grão para dar início o mais rápido possível à segunda safra, geralmente 
com milho ou algodão. 
Na região Sul do Brasil, a semeadura da soja inicia-se em outubro com a sua 
intensificação a partir de novembro, quando as condições climáticas já estão mais favoráveis. 
Antes disso, o frio ainda é bastante considerável nas regiões produtoras. Assim, quanto mais 
ao sul, mais tarde começa-se a semeadura da oleaginosa devido às temperaturas mais 
amenas antes desse período. 
Já na Argentina, o período de semeadura e colheita é bastante parecido com o do Brasil, 
principalmente com o calendário agrícola dos estados da região Sul, devido às semelhanças 
climáticas. Assim, a entrada das safras brasileira e Argentina ocorre em períodos bastante 
semelhantes, afetando tanto as cotações internacionais da oleaginosa como também o foco da 
demanda internacional. 
 
Figura 1 - Calendário agrícola da soja nos principais países produtores, e no Brasil, nas 
principais regiões 
 
 
Fonte: USDA, ODS 
 
 
12 
 
Percebe-se que o clima tem fundamental importância no calendário agrícola da soja nos 
principais players ofertantes, apontando a época de início da semeadura e as variedades mais 
aptas para determinada região e/ou país. Os principais fatores climáticos que interferem no 
rendimento do grão, segundo a Embrapa, são os volumes pluviométricos, em que durante todo 
o seu ciclo a necessidade hídrica ideal deve variar entre 450 milímetros a 800 milímetros, 
dependendo da variedade cultivada. Além disso, outro fator de grande importância, a 
temperatura, atua diretamente em todas as fases da cultura. As condições ótimas para a soja 
estão entre 20ºC e 30ºC, sendo 30ºC a temperatura ideal para o seu desenvolvimento. Ainda 
segundo a Embrapa, a faixa de temperatura do solo adequada para a semeadura varia de 20ºC 
a 30ºC, sendo 25ºC a temperatura ideal para a rápida e uniforme emergência das plântulas, 
além do comprimento do dia (foto período) que também é um fator limitante para o 
desenvolvimento da planta. 
 
1.3 O mercado da soja em Mato Grosso 
Nesta seção, será analisado o quadro de oferta e demanda da soja mato-grossense, 
examinando os principais destinos da produção estadual. Além disso, sabendo-se da 
importância que as exportações representam para o destino da soja produzida em Mato 
Grosso, serão verificados os principais destinos dos produtos do complexo soja. 
 
1.3.1 Oferta e demanda 
Segundo dados da Conab, Mato Grosso lidera a produção nacional de soja há 15 safras, 
com boas perspectivas de consolidar-se nessa posição. Atualmente, o Estado representa cerca 
de 9% da produção mundial e 30% da produção nacional da oleaginosa, segundo dados do 
Imea. Na safra 2014/15, a expectativa é que Mato Grosso produza cerca de 27,9 milhões de 
toneladas, batendo todos os recordes produtivos anteriores. 
Dentro do Estado, a principal região produtora é o médio-norte, onde se encontram 
municípios como Sorriso, Sinop, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, e outros. A crescente 
conversão de área de pastagem em agricultura nas regiões nordeste, norte e noroeste do 
Estado, vem proporcionando novos ganhos produtivos em Mato Grosso através também 
destas regiões. 
 
 
 
13 
 
Tabela 1 - Oferta e demanda da soja em grão mato-grossense na safra 2014/15 
 Soja em 
grão 
2012/13 2013/14 
2014/15 
(dez-14) 
2014/15 
(abr-15)* 
Variação 
13/14 e 
14/15 
Variação 
14/15 (dez-
14/abr-15) 
Oferta 23,93 26,5 28,13 28,08 6% 0% 
Estoque 
Inicial 
0,27 0,21 0,23 0,2 -2% -13% 
Importação 0 0 0 0 - - 
Produção 23,66 26,29 27,89 27,87 6% 0% 
Demanda 23,72 26,3 27,82 27,86 6% 0% 
Consumo MT 7,37 8,08 8,5 8,85 9% 4% 
Consumo 
Interestadual 
4,05 4 4 4 0% 0% 
Exportação 12,3 14,21 15,32 15,01 6% -2% 
Estoque 
Final 
0,21 0,2 0,3 0,22 7% -27% 
 
Fonte: Imea 
 
O principal destino da produção de soja mato-grossense é a exportação, representando 
mais de 50% do que é produzido. Mato Grosso escoa a produção de soja principalmente pelos 
portos de Santos e Paranaguá. Apesar da grande distância entre origem e destino, a 
infraestrutura logística das regiões sul e sudeste é mais desenvolvida em relação às novas 
alternativas de escoamento que o arco norte vem proporcionando desde 2014 para algumas 
commodities. Apesar do maior suporte oferecido pelas rodovias e portos das regiões sul e 
sudeste, elas não estão sendo suficientes para conter toda a demanda por descarga em picos 
de safra, que, apesar de terem sido beneficiadas pelas novas rotas de escoamento pelo Norte 
do país, ainda causam problemas com filas, lentidão no descarregamento, causando 
pagamento de “demurrage” (situação em que o navio fica atracado mais dias no porto do que o 
estabelecido) e estadia, gerando custos que poderiam ser evitados, além de reduzir a 
competitividade do país frente a outros players exportadores. 
Outro grande destino da produção estadual de soja é o mercado interno, que tem 
projeção de esmagar cerca de 8,9 milhões de toneladas na safra 2014/15, representando 
pouco mais de 30% do que é produzido pelo Estado. Os subprodutos oriundos do 
esmagamento, como o óleo e o farelo de soja, apresentam destinos e participação variados 
entre o consumo estadual e interestadual. O farelo de soja, por exemplo, tem como principal 
destino as exportações, com representatividade de mais de 60%. Já o óleo de soja tem 
destinos bastante variados. As exportações representam cerca de 18% e o consumo dos 
demais estados brasileiros tem representatividade próxima a 28% da produção de óleo. Já o 
consumo interno (dentro de Mato Grosso) representa mais de 34%, segundo dados do Imea, 
permanecendo o resto da produção como estoque no Estado. 
Além das exportações e do mercado interno, outro destino da soja em grão são os outros 
estados brasileiros, que representam cerca de 15% da produção estadual. 
 
 
14 
 
1.3.2 Exportação do complexo soja 
Sabendo-se da grande relevância que Mato Grosso tem sobre as exportações brasileiras 
de soja, é importante conhecer o destino dos principais países importadores do complexo de 
soja mato-grossense, no intuito de entender a importância que cada país representa para cada 
subproduto da soja. 
No caso da soja em grão, o principal país importador é a China, que em 2014 participou 
com cerca de 64% do total escoado por Mato Grosso, já na médiados últimos cinco anos a 
participação é de 66%. Além da China, a Espanha e a Holanda também são outros dois players 
importadores do grão da soja mato-grossense. Os dois representaram juntos nos últimos cinco 
anos cerca de 12% da soja em grão escoada pelo Estado. 
Já para o farelo de soja, a China não aparece como principal importador, mas sim a 
Holanda e a Indonésia, que juntas representaram cerca de 48% das exportações de Mato 
Grosso nos últimos cinco anos, em 2014 essa participação foi ainda maior, de 62%. Já para o 
óleo de soja, os principais países para os quais Mato Grosso exporta são a Argélia, China e 
Índia. Esses três países juntos abocanharam uma parcela de pouco mais de 70% do total 
escoado pelo Estado na média dos últimos cinco anos. 
Além de cada produto do complexo soja mato-grossense ter diferentes players 
importadores, o volume e os principais portos de escoamento dentro do país variam também. 
No caso da soja em grão, o principal ponto de escoamento é o porto de Santos, que 
sozinho representa pouco mais da metade do que é embarcado pela soja do Estado. Além do 
porto de Santos, os portos de Paranaguá e Manaus também são rotas de escoamento da soja 
mato-grossense. Já nas exportações do farelo de soja, o porto de Santos tem uma 
representatividade ainda maior, de mais de 70% em média dos últimos anos. 
Nas exportações do óleo de soja, os dois principais portos são Paranaguá e Manaus, que 
apresentam representatividade mais balanceada em comparação às exportações de farelo. 
Paranaguá representa na média dos últimos anos cerca de 50% do total escoado de óleo pelo 
Estado. Já para o porto de Manaus a representatividade média é próxima de 35%. 
Mapa 4 - Destino dos produtos do complexo soja de Mato Grosso 
 
Fonte: Secex (2015) 
 
15 
 
Com novas rotas pelos portos do Norte do país, como é o caso de Barcarena, no Pará, a 
tendência é que os portos do Sudeste e Sul do país tendem a ser mais desafogados, sobretudo 
na época de safra, quando os portos como o de Santos e de Paranaguá apresentam 
superlotação, dificultando o escoamento no país. 
 
1.4 Os mercados externo e brasileiro 
Nesta seção, serão trabalhados os conceitos de diferentes tipos de mercado e a 
importância do mercado futuro para a soja,bem como os detalhes da principal bolsa de 
mercado internacional da soja, levando em consideração as especificações dos contratos e 
importância das cotações externas sobre o mercado interno da commodity. 
 
1.4.1 Tipos de mercado 
A atividade agrícola está longe de ser uma linha de produção industrial, em que o 
empresário pode mais bem controlar o tempo, a quantidade e a qualidade da produção. 
Conciliar uma demanda relativamente estável com uma oferta agrícola que flutua sazonal e 
aleatoriamente é o principal desafio da comercialização da soja. 
A escolha do mecanismo de comercialização depende das características gerais dos 
produtos e, principalmente, das características das transações. Por exemplo, commodities 
apresentam boa eficiência na comercialização por meio de mecanismos de mercado spot ou de 
futuros, já produtos sensíveis a variações qualitativas e sujeitos a compras regulares são 
eficientemente comercializados por meio de contratos de fornecimento de médio e longo 
prazos. 
As negociações da soja podem ocorrer em quatro grandes mercados. O mercado físico 
(spot, cash ou à vista), a termo, mercado futuro e mercado de opções. Essencialmente são 
esses quatro grupos de operações praticadas em todo o mundo e que são utilizadas, também, 
no mercado interno. 
Em suma, o mercado físico é basicamente a troca de produto físico por dinheiro, uma vez 
que se trata de uma troca imediata. É também chamado de mercado disponível, cash ou spot 
(este último termo normalmente utilizado em bolsas de mercadorias). No mercado à vista os 
negócios realizados têm como objetivo efetuar uma compra e/ou venda imediata. Assim, a 
entrega do produto e seu pagamento acontecem no mesmo instante. É característico desse 
mercado ser tipicamente esporádico e apresentar alto grau de incertezas no que se refere ao 
comportamento dos preços, regularidade de suprimentos e qualidade de produtos. Assim, uma 
empresa que adota esse mecanismo assume um grande risco, o que pode levá-la ao 
insucesso nas suas operações, em consequência das incertezas dos aspectos relacionados à 
demanda e à oferta. 
O mercado físico, isoladamente, não se mostra um mecanismo adequado para diversos 
tipos de transações, particularmente quando a estabilidade do suprimento e de preços é 
necessária, ou a qualidade dos insumos é de difícil observação. Para isso, existem outros 
mecanismos mais apropriados, permitindo transações que reduzem esses riscos, como o 
mercado a termo. 
 
16 
 
O diferencial do mercado a termo em relação ao mercado físico é que as transações 
ocorrem em dois ou mais instantes no tempo. São contratos em que as partes acordam alguns 
elementos da transação que irão ocorrer no futuro, especificando no contrato: a mercadoria, a 
data de entrega, o local, o meio de transporte, o meio de pagamento e/ou qualquer outro 
elemento que comprador e vendedor desejem incorporar a ele. 
Os contratos no mercado a termo apresentam grande flexibilidade de modelos de 
transação. Um exemplo muito comum é a compra de soja antecipada por indústrias desse 
segmento, em que, um pouco antes da semeadura ou mesmo durante o ciclo da cultura, o 
agricultor pode vender sua safra para a indústria processadora por preços fixos e com 
pagamento em data futura. O agricultor garante a venda de seu produto e trava o preço, já a 
agroindústria consegue planejar compras e recebimentos, a fim de fazer a ocupação racional 
da capacidade de processamento da sua planta industrial. 
O grande problema desse mecanismo é o risco de não cumprimento do contrato por uma 
ou ambas as partes. Mesmo o contrato tratando de obrigações entre as partes, isso não as 
impede de agirem com atitudes oportunistas, por outro lado, nesse mercado o produtor não 
precisa retirar dinheiro do seu caixa para fechar contrato. 
Da evolução dos contratos a termo resultou a formação dos mercados de futuros, que é 
um pouco mais complexo que o mercado a termo. O que os diferencia são os contratos 
padronizados e negociados em bolsas organizadas, não permitindo a inclusão de cláusulas por 
parte de compradores e vendedores. Os contratos futuros especificam apenas o período para 
entrega, o lugar, lotes padrão, e o objeto transacionado, sendo este mercado restrito somente a 
commodities com contratos padronizados registrados nas respectivas bolsas de mercadoria e 
futuro, como é o caso da soja. 
 Ao se comprar ou vender um contrato, não é necessária a inspeção do produto ou 
avaliação da possibilidade de cumprimento do contrato, uma vez que este é assegurado pela 
instituição responsável pela transação, que no caso brasileiro é a BM&F. 
Outra característica importante do mercado futuro é o fato de uma minoria dos contratos 
(menos de 2%) resultarem em entrega efetiva da mercadoria. Na maior parte dos contratos 
ocorre liquidação financeira (a posição é revertida) antes da data de entrega, não necessitando 
assim realizar a entrega física no local acordado. O objetivo de um contrato futuro é apenas a 
redução de riscos, característicos das transações no mercado físico. O mercado futuro permite 
essa redução de risco que é conhecida como hedge, que é uma operação de “travamento” de 
preço para uma data futura. 
Intimamente relacionado ao mercado futuro existe o mercado de opções, que são 
contratos que asseguram o direito de exercício de uma compra ou de uma venda de algum 
ativo. Pode ser um ativo físico (como mil toneladas de soja) ou um contrato futuro.No caso 
das principais bolsas, as opções negociadas são direitos de compra ou de venda de contratos 
futuros. 
Na medida em que há uma separação de direito e obrigação de compra e venda, há dois 
tipos de opções: opções de compra (Call), e opções de venda (Put). No primeiro caso, o 
comprador da opção tem o direito de compra de um determinado contrato futuro a um preço 
preestabelecido, enquanto o vendedor tem a obrigação de venda, se este for o desejo do 
 
17 
 
comprador. O inverso ocorre no caso de uma opção de venda, em que o comprador tem o 
direito de venda e o emitente da opção, a obrigação de compra. 
A ligação entre mercado de opções e uma estratégia de hedge é bastante evidente. Por 
exemplo, um agricultor, que está sujeito ao risco de queda do preço de seu produto, pode 
comprar uma Put (direito de venda) daquela mercadoria a um preço de exercício que remunere 
seus custos. Assim, se houver uma queda dos preços, o agricultor pode exercer o direito de 
vender seu produto pelo preço predeterminado, garantindo a cobertura de seus custos de 
produção. Do mesmo modo, uma agroindústria, sujeita ao risco de uma elevação do preço de 
seus insumos, pode comprar uma Call (direito de compra) a um preço de exercício 
preestabelecido. O valor desse direito, tanto da Call quanto da Put, possui variações de preço 
relacionadas ao tempo de vencimento do ativo e riscos do mercado. 
 
1.4.2 Bolsa de Chicago (CBOT) 
A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CME, sigla em inglês) aparece como a principal 
referência para os preços internacionais da soja. Isso porque, na Bolsa de Chicago, há uma 
alta concentração de ofertantes e demandantes dos principais países produtores e 
importadores da oleaginosa. Assim, os preços internos da soja possuem uma relação muito 
próxima com o referencial do mercado futuro (Bolsa de Chicago). 
Pode-se entender mercado futuro como um mercado no qual são realizados negócios de 
compra e venda por meio de contratos uniformes, podendo ser tanto agrícolas quanto 
financeiros, e sua entrega ou liquidação se dá em data futura já estabelecida no contrato 
firmado pelas partes. 
Os contratos futuros têm como características: 
 Vendedor tem a obrigação de entregar a mercadoria dentro dos padrões do contrato, 
ou fazer liquidação financeira (grande maioria dos casos). 
 Comprador tem a obrigação de pagar o valor negociado. 
 Padronização acentuada. 
 Liquidez. 
 Risco de crédito baixo e homogêneo, isto é, risco da “clearing” ou compensação. 
 Negociação transparente em bolsa mediante pregão. 
 Bolsa e instituições envolvidas garantem a execução e liquidação dos contratos. 
 Possibilidade de encerramento da posição com qualquer participante em qualquer 
momento, graças ao ajuste diário do valor dos contratos. 
A escolha da Bolsa de Chicago como referência mundial se dá pela alta concentração da 
oferta e da demanda dos principais países produtores e importadores neste mercado. Além 
disso, é a bolsa mais antiga do mundo, fundada em 1848, sendo uma referência consolidada 
no mercado. 
Quando se está negociando no mercado futuro, compra-se ou vende-se por um preço à 
vista, mas para uma data futura expressa no contrato. Com isso surge o preço futuro, que é o 
preço à vista mais as expectativas dos agentes em relação aos fatores que afetam o preço 
futuro, como: custo, demanda e oferta, exportações, preço dos bens substitutos, câmbio, clima, 
 
18 
 
sazonalidade (safra e entressafra), poder aquisitivo, atitudes dos compradores internacionais e 
também os juros. 
O objetivo de operar no mercado futuro é fixar um preço futuro, essa forma de operar é 
chamada de hedge, livrando-se das oscilações do preço e com isso protegendo o resultado do 
seu negócio. Além disso, torna-se possível realizar outros tipos de operações neste mercado, 
como é o caso dos especuladores que visam ganhar com a oscilação do mercado e os 
arbitradores que ganham com as diferenças de preços que ocorrem entre mercados. Estes três 
tipos de operações vão ser detalhados no decorrer do capítulo. 
Para realizar uma operação no mercado futuro deve-se abrir uma conta numa corretora 
afiliada à Bolsa de Mercadorias pretendida (BM&F ou CBOT). Nos sites das bolsas existem 
listas de corretoras afiliadas, as quais podem ser procuradas para a abertura da conta. 
Este processo inicial, geralmente, não possui nenhum custo. Após a abertura da conta o 
cliente poderá acessar o Home Broker ou uma plataforma de negociação. Através destas 
ferramentas, o cliente poderá acompanhar momentaneamente as negociações nas Bolsas de 
Mercadorias. Porém, para realizar alguma operação através destas ferramentas, o cliente 
deverá depositar uma margem de garantia na sua conta na corretora escolhida. Mais detalhes 
sobre a margem de garantia serão abordados adiante. 
No caso da Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros da soja são patronizados, 
possuindo uma estrutura previamente definida por regulamentação da bolsa. Nesta 
padronização, há características predefinidas do produto negociado, no caso, a soja, como a 
cotação, data de vencimento, tipo de liquidação, dentre outras especificações. 
As especificações dos contratos da soja na CBOT estão listadas no quadro abaixo: 
Quadro 1 - Especificações dos contratos da soja na CBOT 
 
Fonte: CME Group 
 
19 
 
O site da CME Group (http://www.cmegroup.com) traz informações mais detalhadas 
sobre a padronização dos contratos futuros. 
 
1.4.3 Especificações da Bolsa de Chicago 
 
Antes de realizar uma negociação na CBOT é necessário conhecer os códigos dos 
produtos listados na bolsa. Esses códigos deverão ser inseridos no Home Broker ou na 
plataforma de negociação. 
 
Figura 2 - Composição dos códigos da soja na CBOT 
 
 
Fonte: CME Group - Elaboração: Imea 
 
Por exemplo: 
Quem for fazer uma negociação de soja na CME Group para vencimento em março de 
2016, qual é o código que deverá ser utilizado no Home Broker ou na plataforma? 
ZS, que identifica um contrato de soja; 
H, o mês de vencimento, que é março; 
6, o ano de vencimento do contrato (2016); 
Portanto o código do produto fica ZSH6. 
 
1.4.4 Cotação internacional no mercado interno 
 Nesta seção será realizado um exemplo básico de conversão dos preços da Bolsa de 
Chicago para o mercado interno, considerando o preço interno no porto. 
Apesar de a soja ser colhida, transportada e armazenada a granel, o seu preço de 
referência no mercado interno é a saca de 60 kg. 
Mês Código
Janeiro F
Março H
Maio K
Julho N
Agosto Q
Setembro U
Novembro X
ZS X 5
Código na 
CBOT
Mês de 
Vencimento
Ano
Código na Bolsa de Chicago
Unidade: Cents de US$ por Bushel
 
20 
 
Já no mercado internacional (Bolsa de Chicago) a soja é baseada em bushel não em 
sacas, ou quilos, ou toneladas. O bushel é uma unidade de medida de volume equivalente a 
um cesto utilizado pelos indígenas nas trocas de produtos. O seu peso específico varia para 
cada tipo de grão, assim, o peso de um bushel é variável. No caso da soja, um bushel pesa 
27,215 kg. 
Neste sentido, temos que converter o preço de bushel de soja em quilo para sabermos o 
preço de uma saca ou de uma tonelada do produto, e depois ainda converter o preço de dólar 
para reais. 
Como as cotações da soja em grão na CBOT possuem a unidade de centavos de dólar 
por bushel (¢US$/bushel), deve-se primeiramente dividir o valor cotado na bolsa por 100 para 
verificar o valor da cotação em dólar por bushel (US$/bushel). Posteriormente, converter de 
dólar para reais, para então se ter o preço em reais por bushel, e então se converte para saca. 
Sabendo-se que 1 bushel corresponde a 27,216 kg, parasaber quanto que uma saca de 
soja de 60 kg corresponde em bushel, basta dividir-se o valor de bushel em kg, que 
correspondente a 27,216, pelo valor de uma saca, que corresponde a 60, assim, dividindo-se 
27,216 por 60, tem-se que um bushel de soja corresponde a 2,2046 sacas. 
Com isso, basta multiplicar o valor da cotação a ser considerada na Bolsa de Chicago 
(bushel) por 2,2046 para se ter o valor em saca (de 60 kg). 
Para que fique mais claro o entendimento, realizamos uma equação simples de 
conversão do preço da soja cotado na Bolsa de Chicago para o mercado brasileiro. 
 
Por exemplo: 
US$¢ 984,50/bushel ÷ 100 (para tirar de cents)  US$ 9,8450/bushel 
US$ 9,8450/bushel  × 2,2046 (para transformar de bushel para saca de 60 kg)  US$ 
21,70/sc 
US$ 21,70/sc  × 3,15 (para transformar de dólar para saca)  R$ 68,47/sc 
Cabe salientar que os preços da soja e do dólar considerados no exemplo acima são 
hipotéticos, sendo utilizados apenas para o entendimento do cálculo de conversão. 
 
1.4.5 Especificações da BM&F 
 
A Bolsa de Mercadorias e Futuros surgiu pela união de bolsas paulistas: a Bolsa de 
Mercadorias de São Paulo e a Bolsa Mercantil de Futuros. 
A Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP) foi criada por empresários paulistas, 
ligados à exportação, ao comércio e à agricultura, em 1917. Foi a primeira no Brasil a trabalhar 
com operações a termo (compra e venda sob condição de entrega e pagamento futuro). 
Alcançou, com o tempo, grande experiência na negociação de contratos agropecuários, 
particularmente café, boi gordo e algodão. A liquidez para contrato de soja, entretanto, 
apresenta-se menor que para os contratos agropecuários elencados anteriormente. 
 
21 
 
Para realizar uma operação no Mercado Futuro da BM&F deve-se abrir uma conta em 
uma corretora afiliada à bolsa, assim como na CBOT. Nos sites das bolsas existem listas de 
corretoras afiliadas, as quais podem ser procuradas para a abertura da conta. 
Este processo inicial, geralmente, não possui nenhum custo. Após a abertura da conta o 
cliente poderá acessar o Home Broker ou uma plataforma de negociação. Através destas 
ferramentas, o cliente poderá acompanhar momentaneamente as negociações nas Bolsas de 
Mercadorias. Porém, para realizar alguma operação através destas ferramentas, o cliente 
deverá depositar uma margem de garantia na sua conta na corretora escolhida. 
Antes de realizar uma negociação na BM&F é necessário conhecer os códigos dos 
produtos listados nas bolsas. Esses códigos deverão ser inseridos no Home Broker ou na 
plataforma de negociação que você possuir. Os códigos da soja na BM&F estão contidos na 
figura abaixo: 
Figura 3 - Composição dos códigos da soja na BM&F 
 
Fonte: BM&FBOVESTA - Elaboração: Imea 
 
Assim como na Bolsa de Chicago, os contratos da soja na BM&F também são 
padronizados, ou seja, possuem estrutura previamente definida por regulamentação de bolsa, 
estabelecendo todas as características do produto negociado, como cotação, data de 
vencimento, tipo de liquidação e outras. 
 
As especificações dos contratos de soja na BM&F estão listadas no quadro abaixo: 
 
 
 
Mês Código
Março H
Abril J
Maio K
Junho M
Julho N
Agosto Q
Setembro U
Novembro X
SFI K 15
Código na BM&F 
Mês de 
Vencimento
Ano
Código na BM&FBOVESPA
 
22 
 
Quadro 2 - Especificações dos contratos da soja na BM&F 
 
 
 
Fonte: BM&FBOVESPA 
 
O site da BM&FBovespa (http://www.bmfbovespa.com.br) traz informações mais 
detalhadas sobre a padronização dos contratos futuros. 
Além das taxas de corretagem também são cobradas outras taxas pela bolsa, como os 
emolumentos, taxa de registro, taxa de liquidação, taxa de permanência, dentre outros. Porém, 
o custo mais expressivo fica por conta da taxa de corretagem. 
 
1.5 Como se formam os preços no mercado interno 
 
Há vários tipos de mercado onde podem ocorrer as negociações da soja. A formação do 
preço interno da oleaginosa possui uma estreita relação com o referencial da Bolsa de Chicago 
(CBOT). O preço doméstico depende também de descontos, ou acréscimos, do prêmio de 
exportação e dos custos de movimentação do produto na área produtora para o porto. 
Somando-se a isso o dólar comercial, frete e outras variáveis impactam também 
consideravelmente no mercado doméstico. Neste sentido, esta seção tem como objetivo 
analisar os tipos de mercados da soja, bem como variáveis que apresentam grande relevância 
para a formação do preço da soja no mercado interno, mais precisamente, em Mato Grosso. 
 
1.5.1 Prêmio de exportação 
Definida a cotação da soja no mercado externo, a qual é tomada na Bolsa de 
Mercadorias de Chicago (CBOT), este valor deve ser comparado com o preço dentro do navio, 
no porto onde será feita a exportação, ou seja, preço FOB (free on board) da soja. A diferença 
entre estes valores é definida como prêmio de exportação. 
Os prêmios de exportação sobre as cotações da soja nos portos correspondem também 
às leis de oferta e demanda e são formados a partir dos preços nos portos, pelos exportadores 
e importadores, segundo a origem e o destino da mercadoria, fretes marítimos, dentre outros 
fatores. Com uma oferta de soja muito elevada após a colheita, os preços do frete tendem a se 
Código SFI
Cotação Dólares por saca de 60 kg.
Unidade de Negociação 450 sacas
Meses de Vencimento Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. e Nov.
Data de Vencimento Segundo dia útil anterior ao mês de vencimento.
Corretagem Normal 0,30%.
Corretagem Day Trade 0,07%.
Liquidez 1 em 1 contrato.
Cálculo de Volume Cotação x Dólar x 450 x Número de contratos.
Horários Pregão 9 às 15:00 – After 15:35 às 18:00.
 
23 
 
elevar, enquanto os prêmios de exportação podem realizar o caminho inverso e ficarem mais 
baixos, em algumas vezes até negativos. 
O prêmio leva em consideração a origem e o destino do produto exportado, a qualidade, 
a oportunidade, o frete marítimo, a demanda, o câmbio e a eficiência do porto exportador. O 
mercado monitora esses fatores e aplica esse prêmio à cotação da Bolsa de Chicago (CBOT). 
Se as condições são favoráveis no porto exportador o prêmio recebe ágio. Já se forem 
desfavoráveis o prêmio será negativo, ou seja, com deságio. 
Assim, o valor do prêmio varia de acordo com o porto a ser escoado o produto. Com isso, 
o prêmio pago no porto de Paranaguá-PR, por exemplo, é diferente do prêmio pago no porto 
de Santos-SP. Além desta variação portuária, a sazonalidade do prêmio nos portos, as 
negociações do prêmio são contínuas ao longo do ano e estão vinculadas à realização de 
contratos de exportação, nos quais é estabelecido somente o volume exportado. Como os 
principais agentes envolvidos na negociação do prêmio estão as cooperativas exportadoras de 
grãos, indústrias, tradings, corretoras de prêmio e empresas importadoras finais. 
Usualmente, no período de entressafra brasileira os prêmios tendem a ser positivos e 
elevados. Já no período de colheita, os prêmios se tornam reduzidos, chegando a ficar 
negativos em portos de maior movimentação. Esta sazonalidade se dá devido à quantidade de 
produto ofertado no porto, a qual reduz consideravelmente no período de entressafra. Logo, 
geralmente quanto maior o volume de transação (exportação) no porto, menor será o prêmio 
de exportação, e vice-versa. 
Assim, o prêmio de exportação pode ser considerado como uma variável de ajuste na 
negociação internacional que leva em conta a origem e o destino do produto exportado, a 
qualidade e a oportunidade do produto e do porto. A inclusão desta variável de ajuste na 
negociação internacional procura ajustar o preçopago ao produtor com o valor internacional do 
produto. Com isso, a tendência de preços do produto no mercado interno segue a mesma 
verificada no mercado internacional. 
 
1.5.2 Custos portuários 
Os custos portuários são aqueles incorridos, de forma direta ou indireta, nos portos, com 
o intuito de iniciar as exportações ou concluir as operações de importação de produtos e 
mercadorias (AMARAL et al., 2013). 
Os custos diretos são aqueles relacionados à utilização dos equipamentos e instalações 
portuárias terrestres ou marítimas, embarques e desembarques de cargas, despachos 
aduaneiros, taxas e impostos, e a “demurrage”, que leva em consideração o tempo de espera 
da carga no porto. 
Já os custos indiretos incorridos nos portos compreendem as despesas relacionadas à 
contratação dos serviços de praticagem, rebocadores, agências marítimas, atracação e 
desatracação, faróis, vigias, transporte de tripulação, dentre outros. 
Ainda segundo Amaral et al., 2013, nem todos os portos possuem as mesmas despesas 
portuárias, pois variam dependendo das dificuldades operacionais, bem como capacidade 
logística, infraestrutura do porto. Para a utilização dos portos há três principais tipos de gastos: 
 
24 
 
 As taxas portuárias, referentes à utilização da infraestrutura portuária e utilização de 
infraestrutura terrestre do porto. 
 O custo de oportunidade de estoques no caminhão em virtude das filas e demora no 
momento do descarregamento da mercadoria. 
 A remuneração por estadia, que leva em consideração a utilização do armazém no porto. 
 
1.5.3 Frete ao porto 
No Brasil, algumas regiões produtoras se desenvolveram distantes dos principais portos 
utilizados no processo de exportação, como é o caso de Mato Grosso. Com isso, o custo do 
transporte da carga da região produtora até o porto é significativo no processo de formação de 
preço da soja no mercado interno, pesando sobre o bolso do produtor. Este custo varia 
conforme a distância e tipo de modal utilizado, se tornando maior à medida que aumenta a 
distância percorrida. 
A formação do preço do frete é bastante complexa e incorpora também fatores locais e 
conjunturais, além dos custos da atividade, podendo ser influenciada por fatores diretos e 
indiretos (CYPRIANO, 2005). 
Fatores Diretos: são influenciados através de eventos que fazem variar a demanda pelo 
serviço. 
Por exemplo: 
 A performance da economia. 
 Algumas estratégias empresariais, como localização, gestão da produção, política de 
estoques e centralização de armazéns. 
 Acordos internacionais de comércio, como o Mercosul, por exemplo. 
 Materiais para embalagens. 
 Fluxos reversos (por exemplo, com a finalidade de reciclagem). 
 As estruturas de mercado da oferta e da demanda do bem transportado. 
 
Fatores Indiretos: fatores que afetam os custos da prestação dos serviços (CYPRIANO, 
2005). Por exemplo: 
 A regulação/desregulação. 
 Variação nos preços dos combustíveis. 
 Inovações nos veículos e compartimentos de carga. 
 Congestionamentos. 
 Limites de peso para a circulação. 
Além disso, há sazonalidade no valor deste frete, pois se torna maior no período da safra 
brasileira de soja. Nas regiões produtoras de Mato Grosso há um déficit na armazenagem, 
assim há a necessidade do escoamento rápido da produção para os portos de exportação e 
para as indústrias esmagadoras de soja. Este escoamento eleva a demanda por serviços de 
transporte e gera um aumento nos preços relativos a estes serviços. Além disso, a 
necessidade de caminhões fica maior, devido ao frete da fazenda até os armazéns. 
 
25 
 
No Brasil, assim como em Mato Grosso, o modal de transporte mais utilizado é o 
rodoviário, o que torna o custo do frete da soja bastante elevado, sobretudo nas regiões mais 
afastadas dos principais portos. 
Em Mato Grosso, o aumento do fluxo de escoamento pelos portos do Norte, a exemplo 
do porto de Barcarena, no Pará, que começou suas atividades em 2014, está sendo capaz de 
reduzir a superlotação dos portos do Sudeste e Sul do país, a exemplo do de Santos e de 
Paranaguá. Além deste fator, a ferrovia até Rondonópolis também foi um fator muito importante 
para diminuição do gargalo logístico, pois reduziu o tempo que o caminhão percorre até a 
chegada ao terminal, o que refletiu já nos custos dos fretes rodoviários, que atingiram valor 
menor em 2015 durante o pico de safra da soja em março se comparado ao da safra 2013/14. 
 
1.5.4 Cotação interna 
O cálculo do preço da soja é realizado no ato da negociação com o vendedor, de acordo 
com as cotações de Chicago e a taxa de câmbio daquele momento, mas não necessariamente 
no momento da entrega e por outros fatores, como demanda interna para esmagamento. 
O preço da soja a ser pago ao produtor envolve as seguintes variáveis: 
 Cotação da soja na CBOT com vencimento do dia da negociação, cotado em cents de dólar 
por bushel. 
 Prêmio praticado no porto no dia da negociação, valor este influenciado pela força da oferta 
e demanda no mercado interno, pelo frete marítimo e diferencial de porto. 
 Custos portuários. 
 Custo com o frete rodoviário. 
Para exemplificar consideremos os seguintes dados para o cálculo do preço da soja 
disponível em Sorriso: 
Cotação da soja em Chicago: US$ 978,50 cents/bushel 
Prêmio no porto de Santos: + US$ 43,00 cents/bushel 
Custo portuário (base, porto de Santos) para Sorriso: US$ 15,00/tonelada 
Dólar comercial no disponível: R$ 3,15/US$ 
Frete rodoviário de Sorriso a Santos: R$ 295/tonelada 
 
CONVERSÕES 
Lembrando que: 1 bushel = 27,214 kg 
1 saca (sc) = 60 kg 
1 saca (sc de 60 kg) = 2,2046 bushel 
1 tonelada = 16,666 sacas (60 kg) 
 
 
26 
 
Antes de realizar o cálculo para a obtenção da cotação interna, devem-se fazer as 
conversões das variáveis para facilitar o cálculo, assim, as variáveis mencionadas devem 
apresentar os seguintes valores já convertidos para a unidade adequada: 
(1) Cotação da soja na CBOT: US$ 21,57/sc 
(÷ 100 para tirar de cents de bushel e passar para bushel, e, × 2,2046 para converter de 
bushel para saca) 
(2) Prêmio do porto: + US$ 0,90/sc 
(÷ 100 para tirar de cents de bushel e passar para bushel, e, × 2,2046 para converter de 
bushel para saca) 
(3) Custo portuário em Santos: US$ 0,90/sc 
(÷ 16,666 para transformar de toneladas para saca) 
(4) Dólar comercial: R$ 3,15/US$ 
(5) Frete rodoviário de Sorriso a Santos: R$ 17,70/sc 
(÷ 16,666 para transformar de toneladas para saca) 
Depois de fazer as conversões necessárias, pode-se realizar o cálculo, conforme a 
equação abaixo, em que cada variável está sendo simplificada pela numeração dada acima: 
((((1 + 2) − 3) ∗ 4) − 5) 
Desta forma, conforme a equação acima, deve-se somar o preço da soja da CBOT com o 
prêmio no porto, o resultado deve ser reduzido pelo custo portuário. Logo após, deve-se 
multiplicar o valor obtido pelo dólar para converter as variáveis de dólar para reais e, em 
seguida, o resultado deve ser reduzido do frete rodoviário. Assim, no exemplo dado, a cotação 
interna em Sorriso teria um valor de R$ 50,37/sc. 
 
1.6 Principais rotas de escoamento da soja no Estado 
 
O Brasil atualmente é o segundo maior produtor mundial de soja, com um grande 
potencial de expansão e crescimento da cultura no país. No entanto, o desenvolvimento 
produtivo deve estar acompanhado com a melhoria da infraestrutura logística das grandes 
regiões produtoras, a fim de permitir o processo adequado de escoamento da produção 
agrícola, uma vez que as condições logísticas de escoamento do produto ao mercado externo 
é fator determinante para a competitividade do Brasil no cenário internacional. 
MatoGrosso, o principal Estado produtor de soja do país, enfrenta há muito tempo 
gargalos logísticos no que tange à armazenagem, rotas e modais utilizados para o transporte 
do produto. Atualmente, segundo dados de maio de 2015 da Conab, o Estado possui 
capacidade estática de armazenagem próxima a 31 milhões de toneladas. Com este volume, o 
déficit logístico, de acordo com o espaço adequado de armazenamento recomendado pela 
FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), estaria próximo a 24 
milhões de toneladas, levando em consideração a produção de soja e milho na safra 2014/15. 
 
27 
 
Além da falta de estrutura para a armazenagem, o Estado enfrenta ainda dificuldade 
logística para transporte da safra para a exportação. O mercado externo representa mais da 
metade do destino da produção da soja do Estado, as dificuldades logísticas de escoamento da 
safra acabam, portanto, não só elevando os custos de transporte, como também reduzindo a 
competitividade do Estado frente a outros polos exportadores da oleaginosa, a exemplo dos 
Estados Unidos e a Argentina. 
Apesar da utilização de três modais de transporte para escoamento da soja no Estado, o 
principal deles é o rodoviário, que seria mais indicado para transporte de pequenas distâncias, 
visto que apresenta um alto custo variável, fato este que não é observado em Mato Grosso, 
que possui distâncias de Sorriso ao porto de Santos próximas a 2.000 km, por exemplo, com 
outras regiões podendo apresentar distâncias ainda maiores. Assim, este modal não é o mais 
indicado para o transporte de grãos não só em Mato Grosso como em outros estados 
brasileiros, já que a soja tem um baixo valor agregado, e principalmente em Mato Grosso, que 
possui longas distâncias a serem vencidas até que o produto chegue aos portos, onerando 
assim o bolso do produtor rural. 
 
Mapa 5 - Principais vias de escoamento no Brasil 
 
 
Fonte: Imea 
 
Diante da grande importância das rotas de escoamento sobre a competitividade do 
Estado no cenário mundial de comercialização da soja, esta seção analisará as diferentes 
formas de escoamento da soja mato-grossense. 
Rodovias
Ferrovias
Hidrovias
 
28 
 
1.6.1 Hidroviário 
Mato Grosso, por estar localizado longe do litoral e consequentemente dos portos, 
apresenta alternativa reduzida de escoamento via hidrovia. O único utilizado atualmente é o 
transporte rodo-hidroviário para escoar a produção do norte do Estado, utilizando a BR-364 até 
Porto Velho-RO e posteriormente a hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara-AM. 
Em termos de estrutura de transporte da soja, os três principais países exportadores 
(EUA, Brasil e Argentina) apresentam uma grande heterogeneidade. A participação do 
transporte hidroviário é muito pequena no Brasil e na Argentina, enquanto que nos EUA cerca 
de 61% do escoamento dos grãos é realizado através de hidrovias, segundo dados da 
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de 2013. Dessa forma, a 
competitividade brasileira no mercado externo é prejudicada, em virtude de o modal hidroviário 
apresentar um menor custo relativo para o transporte de grãos a longas distâncias. 
O transporte hidroviário é o ideal para o transporte de cargas volumosas de baixo valor 
agregado, e é o mais indicado para movimentações em longas distâncias, visto que consome 
menos combustível em condições semelhantes de carga e distância, pois um conjunto de 
barcaças consome menos da metade do combustível requerido por um comboio ferroviário. A 
redução do preço do frete resultaria no aumento da receita líquida do produtor. 
O investimento em hidrovias como forma de escoamento da safra não só mato-
grossense, como também brasileira, possibilitaria a redução do custo e maior competitividade 
do mercado e do produto brasileiro. A exemplo disso está a hidrovia Paraguai-Paraná, com 
início no município de Cáceres, a 204 km de Cuiabá. A hidrovia, que ainda possui etapas a 
serem realizadas para o pleno funcionamento do escoamento de cargas, ligaria Mato Grosso 
até os portos de Rosário, na Argentina, e Nueva Palmira, no Uruguai, em um trajeto próximo a 
3.400 km, levando produtos com um custo bem mais barato rumo ao Oceano Atlântico. 
Além deste há ainda em Mato Grosso outro projeto para a construção de um outro 
corredor hidroviário, o da Araguaia-Tocantins, com 2.115 km, o maior em extensão. Na parte 
mato-grossense, a hidrovia sairia da cidade de Nova Xavantina, a 651 km da capital. 
 
 
29 
 
Mapa 6 - Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia em Mato Grosso
 
Fonte: Imea 
Os custos do transporte hidroviário correspondem aproximadamente à metade dos 
custos associados ao transporte ferroviário e a menos de um terço dos custos incorridos para o 
transporte através do modal rodoviário. Para se ter uma ideia, dados de 2014 do USDA 
apontam que o custo com o frete por hidrovias em Illinois até o porto de Nova Orleans, nos 
EUA, é próximo a US$ 18,00/tonelada, contra o custo próximo a US$ 100,00/tonelada de 
Sorriso a Santos, através do modal rodoferroviário. 
Além das inúmeras vantagens ambientais e econômicas, com o modal hidroviário mais 
eficiente, seria possível viabilizar o crescimento e o surgimento de parques agroindustriais em 
regiões hoje pouco exploradas. Diante da existência de demanda reprimida pelo uso do modal 
hidroviário, se fazem necessários investimentos em infraestrutura logística em várias hidrovias 
brasileiras que carecem de maiores recursos. 
 
1.6.2 Ferroviário 
O modal ferroviário também é uma boa opção de escoamento, visto que permite o 
transporte de grandes volumes. Por possuir altos custos fixos e custos variáveis relativamente 
baixos, é adequado a Mato Grosso por possuir longas distâncias entre o Estado e portos como 
o de Santos e Paranaguá, podendo, assim, reduzir os custos de frente de grãos. No entanto, 
possui entraves relacionados à concessão da ferrovia e pelas longas filas de espera dos 
caminhões nos pátios de transbordo. 
Atualmente, o principal trecho por ferrovia em Mato Grosso que leva a soja até o porto de 
Santos, acompanhado por intermodalidade rodoferroviário, é através da ferrovia Ferronorte, 
que possui uma extensão de 1507 km de Rondonópolis-MT até Santos-SP. 
 
30 
 
Mapa 7 - Principais vias de escoamento via ferrovia de Mato Grosso 
 
Fonte: Imea 
Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o custo por tonelada de 
soja transportada entre Mato Grosso e o porto de Itaqui, no Maranhão, utilizando apenas o 
modal ferroviário, é próximo a R$ 150,00. Enquanto isso, a utilização do sistema rodoviário, até 
o porto de Paranaguá, custa em média R$ 240,00/t. 
Percebe-se que o país necessita de rotas alternativas para o escoamento da safra 
destinada à exportação. As ferrovias são eficientes porque movimentam grandes tonelagens 
por longas distâncias a um custo menor. Esse ganho de eficiência depende necessariamente 
de investimentos em infraestrutura de transporte e da construção de novos trechos. 
 
1.6.3 Rodoviário 
Apesar de ser o Estado com maior produção de soja do país, Mato Grosso possui um dos 
piores sistemas de transportes do grão do Brasil. A maior parte da soja mato-grossense é 
escoada ainda através de um modal rodoviário, por estradas federais e estaduais. As principais 
rodovias utilizadas para o escoamento da soja são a BR-163 e a BR-364. 
As condições das rodovias utilizadas para o escoamento de grande parte da commodity 
não são suficientemente adequadas, levando em consideração a importância da exportação de 
soja mato-grossense. Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) de 2014, 
apontam que a grande maioria das estradas mato-grossenses é consideradaregular. Do total 
de 14.745 km de malha rodoviária federal em Mato Grosso, apenas 642 km estão classificados 
OBRAS CONCLUÍDAS
OBRAS IMCOMPLETAS
 
31 
 
como ótimos, 3.881 km em boas condições, 6.685 km em condições regulares, 2.818 km em 
condições ruins e 719 km em péssimo estado, o que prejudica ainda mais a etapa de 
comercialização da soja, e competitividade não só do Estado como do Brasil. 
O custo de transporte da soja no norte de Mato Grosso até os portos é três vezes 
superior ao frete pago pelos produtores do Estado americano de Iowa, por exemplo. Os 
produtores que estão em Sorriso-MT, que fica a 2.282 km do porto de Paranaguá-PR, têm um 
custo de US$ 97 por tonelada de soja transportada por rodovia. Já os produtores de Iowa, que 
estão a 1.576 km do porto, gastam US$ 33,98 por tonelada, dos quais US$ 10,09 são 
despesas com o frete do caminhão até os terminais no Rio Mississippi e mais US$ 23,89 com o 
da barcaça que transporta a mercadoria até o Golfo do México. 
Além disso, ao se compararem as formas de transporte utilizadas no Brasil e na 
Argentina, percebe-se que as participações das rodovias são mais elevadas no país vizinho. 
Cerca de 80% dos transportes da Argentina são realizados por rodovias, contra 60% no Brasil. 
No entanto esta diferença deve ser relativizada, pois as áreas produtoras de soja na Argentina 
encontram-se mais próximas dos portos, cerca de 250 a 300 km de distância. Sendo assim, o 
país vizinho pode ser comparado ao Paraná, com logística de transporte e distância dos portos 
similares, no entanto, Mato Grosso apresenta realidade bastante diferente, com uma distância 
média próxima a 2.000 km dos portos do Sul e Sudeste do país. 
Além da grande distância para chegar até os portos, o cenário logístico de Mato Grosso é 
agravado pelo mau estado de conservação das suas rodovias e pelo congestionamento nas 
rotas para os portos no período de safra, mesmo que a infraestrutura dos portos, como Santos-
SP, venha apresentando melhora nos dois últimos anos, ainda não é completamente 
estruturado. 
Em época de safra, os custos com o frete rodoviário, de Sorriso-MT até o porto de 
Santos-SP, por exemplo, chegam a representar mais de 30% do valor da oleaginosa, 
impactando significativamente sobre o bolso do produtor mato-grossense. 
Não se pode deixar de considerar outras possibilidades de escoamento da soja que não 
foram objeto de nossa análise, pois a soja plantada no norte de Mato Grosso pode ser 
transportada pelo Rio Madeira até o Rio Amazonas e do porto de Manaus ser embarcada para 
o exterior, e que atualmente, mesmo com o escoamento pelo porto de Barcarena-PA, o volume 
ainda é bastante reduzido, possuindo custos ainda muito elevados, pois as rodovias que 
atravessam o Estado até chegar em Miritituba e/ou Santarém-PA apresentam ainda condições 
ruins, pois existem trechos a serem pavimentados, pontes a serem finalizadas, além de os 
trechos rodoviários que não estão pavimentados não apresentarem sequer condições de 
trafegabilidade, principalmente no período chuvoso. 
 
 
 
32 
 
Mapa 8 - Principais vias de escoamento via rodovia de Mato Grosso 
 
 
 
Fonte: Imea 
 
1.7 Paridade de exportação e sua importância 
Com já foi visto, por a soja mato-grossense ser um produto de grande comercialização 
externa, é esperado que a formação do seu preço doméstico resguarde uma estreita relação 
com a bolsa de mercadoria e futuros que reflete a demanda e oferta mundial, que no caso da 
soja corresponde à CBOT (Chicago Board of Trade). 
Assim sendo, esta seção irá analisar o que é a paridade de exportação da soja, bem 
como a sua importância e a forma de ser calculada. 
1.7.1 O que é e para que serve a paridade de exportação 
O preço da paridade de exportação da soja pode ser considerado uma espécie de 
internalização dos preços, pois equipara as cotações internacionais às regiões produtoras do 
Estado. Assim, é calculado o custo de exportação da soja mato-grossense com base nos 
preços a partir do mercado externo e os custos de escoamento interno, visando identificar se, 
eventualmente, as condições estão mais ou menos benéficas para a exportação da oleaginosa 
estadual. 
A paridade de exportação da soja depende de vários fatores dentro do processo de saída 
da oleaginosa da região produtora até a colocação dela no navio. Todo este processo de 
 
33 
 
obtenção do preço na região produtora é chamado de internalização do preço, ou como é mais 
conhecido, como a paridade de exportação. 
Os preços em Mato Grosso guardam relação direta com os internacionais e são 
praticados em estreita sintonia com a Bolsa de Chicago, o que reflete a grande importância das 
exportações como destino da produção. Esta paridade influi diretamente no preço recebido 
pelo produtor mato-grossense, pois as trades se utilizam desta ferramenta para o cálculo e a 
definição do limite de preço que pode ser pago ao produtor. 
Assim, compreende-se que, ao efetuar o procedimento de internalização do preço, o 
produtor ou a empresa compara o preço da sua commodity ao estabelecido no mercado 
externo. A razão pela qual um país exporta ou importa um dado produto pode ser explicada 
parcialmente por meio da paridade de preço, ou seja, a relação entre a cotação externa 
internalizada e o preço doméstico do produto. Nesse sentido, a paridade de preço passa a 
influir diretamente no preço que o produtor da commodity agrícola recebe, pois, os agentes 
internalizam a cotação internacional para estabelecer o limite de preço que podem pagar pelo 
produto no mercado interno. 
O cálculo do preço de paridade de exportação é bastante semelhante ao cálculo 
realizado no item 1.5.5, que visava encontrar o preço da cotação interna com base na cotação 
da soja na Bolsa de Chicago. A principal diferença entre o preço da cotação interna para o 
preço de paridade de exportação são os contratos utilizados. Enquanto que na cotação interna, 
se a negociação é realizada no disponível, o contrato a ser considerado para todas as variáveis 
(soja na CBOT, dólar, prêmio, despesas portuárias, frete) devem ser o disponível. 
Já para a paridade de exportação, geralmente se faz para uma data futura, assim, o 
contrato considerado para as variáveis deve ser futuro. 
No caso da paridade de exportação realizada pelo Imea, considera-se o contrato futuro 
de março, pois, sabendo-se que em março grande parte da soja mato-grossense já está 
colhida, esse contrato que expressa a safra de soja do Estado. 
De tal modo, a partir de março de cada ano, observam-se as variáveis de março do ano 
seguinte. Por exemplo: em janeiro de 2015, a paridade de exportação realizada pelo Imea era 
para março de 2015, assim as variáveis analisadas (soja na CBOT, dólar, prêmio, despesas 
portuárias, frete) eram todas para março de 2015. Já em maio de 2015 a paridade a ser 
analisada é a de março de 2016, uma vez que março de 2015 já ocorreu. Assim, todas as 
variáveis devem apresentar cotações para o contrato futuro, de março de 2016. 
 
 
1.7.2 Como se calcula a paridade de exportação 
 
 A formação do preço de paridade da soja depende da cotação internacional da 
oleaginosa, tendo como base os preços na CBOT. Além disso, entram no cálculo os descontos 
ou acréscimos, do prêmio de exportação e dos custos de movimentação do produto da área 
produtora para o porto, assim como dos custos de intermediação dos agentes envolvidos neste 
processo. Não se pode esquecer também da questão cambial, já que a soja é um produto 
negociado internacionalmente, onde seu preço é cotado em dólar e por isso necessita ser 
convertido para a moeda local, que é o real. 
 
34 
 
Para o cálculo do preço de paridade de exportação são