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CCJ0053-WL-A-AMMA-04-Espécies de Jurisdição e Relação Entre a Jurisdição Penal e Não Penal

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TEORIA GERAL DO PROCESSO.
Aula 4 – ESPÉCIES DE
 JURISDIÇÃO E RELAÇÃO
 ENTRE A JURISDIÇÃO PENAL
 E NÃO PENAL.
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Conteúdo Programático desta aula
1. Espécies de jurisdição:
1.1. de equidade e de direito,
1.2. superior e inferior,
1.3. contenciosa e voluntária,
1.4. penal em ao penal.
2. Relação entre a jurisdição penal e não
 penal.
2.1. Abordagem dos efeitos civis da
 sentença penal condenatória e seu
 paralelo com o transporte in utilibus
 da sentença coletiva para os
pedidos individuais de liquidação e
 execução dos danos pessoalmente
 sofridos.
2.2. A liquidação dos efeitos civis na
 própria sentença penal condenatória.
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO E RELAÇÃO ENTRE A JURISDIÇÃO PENAL E NÃO PENAL – AULA1
TEORIA GERAL DO PROCESSO
1. Espécies de jurisdição:
1.1. de equidade e de direito.
Quanto ao critério “obediência ou não as fontes normativas
primárias”, a jurisdição pode ser classificada em de “direito” ou de
“equidade”. Na primeira delas, o magistrado que presta a jurisdição
deve necessariamente observar os preceitos normativos, modelo
este que é o adotado entre nós na maior parte das vezes.
1.2. superior e inferior.
Quanto ao critério “órgão que aplica a jurisdição”, a jurisdição pode
ser classificada em “superior” ou “inferior”. A distinção é singela,
posto que a jurisdição “inferior” é aquela prestada por órgãos
integrantes do Poder Judiciário em primeira instância, ao passo em
que a jurisdição “superior” é prestada pelos Tribunais, estejam ele
no exercício de competência originária ou mesmo recursal.
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1.3. contenciosa e voluntária,
Em linhas gerais, a jurisdição denominada “contenciosa” é aquela que
apresenta os sinais mais visíveis da jurisdição. Em breve síntese, na
jurisdição contenciosa: a) a parte interessada exerce direito de ação,
pois o magistrado tem que ser provocado para prestar a jurisdição
(coincide com a característica da “inércia”); b) é aplicada em um
processo judicial em que foi deduzida uma pretensão; c) nela há a
presença de partes com interesses contrapostos, ou seja, em litígio;
d) a decisão que o magistrado vier a proferir será acobertada pelo
manto da coisa julgada no aspecto formal e até mesmo material,
conforme o caso (coincide com a característica da definitividade);
dentre outras mais.
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TEORIA GERAL DO PROCESSO
Na jurisdição “voluntária”, ao revés, estas características se encontram
ausentes, o que até mesmo leva ao questionamento se a mesma
realmente decorre do exercício da atividade jurisdicional ou se a
mesma se consubstancia em atividade meramente administrativa
desempenhada eventualmente pelo magistrado. Com efeito, há quem
defenda que, também na jurisdição “voluntária”, há o exercício de
jurisdição, eis que se trata de atividade desempenhada por um membro
do Poder Judiciário e, também, porque mesmo nos casos típicos de
jurisdição “contenciosa” nem sempre todas as características acima
estarão presentes
1.4. penal em ao penal.
Quanto ao critério “matéria”, a jurisdição pode ser classificada em
“penal” ou “não penal”, diferenciando se a demanda deduzida pelo
interessado pretende obter uma sanção punitiva, ou seja, se o
demandante pretende que no processo seja discutida e julgada a prática
ou não de um ilícito penal.
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TEORIA GERAL DO PROCESSO
2. Relação entre a jurisdição penal e não penal.
2.1. Abordagem dos efeitos civis da sentença penal condenatória e
seu paralelo com o transporte in utilibus da sentença coletiva para
os pedidos individuais de liquidação e execução dos danos
pessoalmente sofridos.
A sentença penal, proferida por um juízo que exerce competência
criminal, pode gerar tanto efeitos penais (v.g. restrição ao direito de
liberdade do acusado) como civis (v.g. condenação a reparar os danos
causados). A vítima pode, portanto, optar entre dois caminhos: o
primeiro, que seria promover uma demanda perante o juízo cível e
aguardar a sentença para então executá-la e, o segundo, que seria
aguardar o início e desenvolvimento do processo criminal (usualmente
iniciado pelo Ministério Público), a prolação da sentença penal
condenatória e, também, a preclusão das vias impugnativas (o inciso
é bem objetivo ao não admitir a “execução provisória” neste caso)
para que somente, então, possa ser liquidada a sentença penal e,
posteriormente, dado o início à sua execução.
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É o que consta no art. 64 do CPP: “Sem prejuízo do disposto no artigo
anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no
juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável
civil”.
No entanto, esta possibilidade de apreciação, concomitante, dos
mesmos fatos em dois instrumentos processuais distintos pode gerar
algumas situações extremamente complexas, que demandarão maior
cuidado por parte do aplicador do direito. Por exemplo, a via penal e a
civil são absolutamente distintas entre si, mas, por vezes, a segunda se
curva ao que foi decidido na primeira. É o que ocorre quando no juízo
criminal for reconhecida a inexistência material do fato, nos termos do
art. 66 do CPP: “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal,
a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato”.
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Da mesma forma, se o juízo criminal definir a existência do fato e da
autoria, isso não mais poderá ser discutido no juízo cível, conforme
indica o art. 935 do CC: “A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato,
ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal”.
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2.2. A liquidação dos efeitos civis na própria sentença penal
condenatória.
A Lei no 11.729/2008, alterou a redação do parágrafo único, do art. 63
do CPP, passando a admitir que o magistrado lotado em juízo criminal já
possa, na sua própria sentença penal condenatória, liquidar os prejuízos
sofridos pela vítima, o que dispensaria uma nova liquidação perante o
juízo de competência cível. A constitucionalidade deste dispositivo,
contudo, é extremamente duvidosa por alargar a pretensão inicial do
demandante (violação ao princípio da inércia), conferir legitimidade ao
Ministério Público para a defesa de interesses individuais disponíveis
(patrimônio), ampliar os limites objetivos da coisa julgada (ao incluir a
obrigação de indenizar, ainda que seja por valor mínimo), dente outros
motivos mais. Sobre o assunto, recomenda-se: CÂMARA, Alexandre
Freitas. “Efeitos civis e processuais da sentença condenatória criminal.
Reflexões sobre a Lei no 11.719/2008”. Revista da EMERJ – Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, v. 12, no 46. 2009, p. 111.
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1ª Questão. O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em
face de Alan Cunha, em virtude do mesmo ter supostamente
praticado o crime previsto no art. 171, parágrafo 3º do CP, já
que vinha recebendo benefício previdenciário manifestamente
indevido. O processo criminal tramitou perante uma das Varas
Federais Criminais da Seção Judiciário do Rio de Janeiro,
culminando pela prolação de uma sentença penal condenatória.
Neste mesmo ato decisório, o magistrado determinou que o
denunciado deveria ressarcir o INSS (autarquia federal) da
importância de R$ 122.820,00, que seria o montante
indevidamenterecebido em virtude da sua conduta criminosa.
Indagase: pode o magistrado, lotado em juízo especializado em
matéria criminal, efetuar a liquidação dos
prejuízos cíveis sofridos?
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TEORIA GERAL DO PROCESSO
2ª Questão. Assinale a alternativa correta:
a) A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal;
b) Se tiver sido proferida sentença absolutória no
juízo criminal, por qualquer que seja o seu
fundamento, não se afigura possível o ajuizamento
de qualquer ação civil objetivando a reparação do
dano;
c) A sentença penal condenatória não é título
executivo hábil a permitir a instauração de uma
execução perante o juízo de competência cível;
d) A responsabilidade civil é independente da
criminal e por este motivo é possível questionar
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu
autor, ainda que estas questões já tenham sido
decididas no juízo criminal.
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TEORIA GERAL DO PROCESSO
E chegamos ao fim da aula...
 Texto extraído do livro: HARTMANN, Rodolfo
Kronemberg. Teoria Geral do Processo. Impetus, 2012.
S.A.C: www.rodolfohartmann.com.br
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