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DIR106 Resenha de Artigo nº 1 Valor Juros e conservadorismo intelectual

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RESENHA DE ARTIGO 
RESENDE, André Lara. Juros e Conservadorismo intelectual. Valor 
Econômico (Portal Internet). 13/01/2017. 
Aluno: Helson Nunes da Silva 
DIR106 – Fundamentos de Economia 
Faculdade Baiana de Direito – 2017.1 – Turma 1B 
 
André Lara Resende é PhD em economia e foi um dos responsáveis pelo Plano Real 
que levou à estabilização da inflação brasileira. Hoje está no mercado com uma companhia 
de investimentos e atua como conselheiro econômico, além de ser articulista do portal Valor 
Econômico. 
O artigo em epígrafe é uma crítica à política de juros altos praticada pelo governo, 
na medida em que considera que ela não só agrava o desequilíbrio fiscal, como no longo 
prazo mantém a inflação elevada. Segundo o articulista, as autoridades monetárias têm 
feito uso de teorias conservadoras equivocadas, e isso tem gerado reflexos na política 
monetária, que segue o mesmo destino: uma condução incorreta. 
Ao longo do artigo, André Lara apresenta diversos argumentos que contrapõem os 
modelos teóricos tradicionais adotados no Brasil, levando ao entendimento de que a 
solução seria o Banco Central do Brasil reduzir drasticamente a taxa Selic para que o país 
tivesse suas contas públicas controladas e, por conseguinte, obtivesse a redução da inflação 
para patamares mais baixos. 
Embora reconheça que as explicações para os juros altos no Brasil façam sentido e 
possam, no seu conjunto, ajudar a entender as razões disso, assevera que nenhuma delas é 
capaz de dar respostas convincentes e definitivas para a questão. 
Apresenta, inclusive, a essência do mecanismo de funcionamento da política 
monetária criticada por ele, atribuindo-a basicamente à Teoria Geral de Keynes: juros mais 
altos reduzem a demanda agregada, desaquecem a economia e moderam a inflação; juros 
mais baixos elevam a demanda agregada, aquecem a economia e pressionam a alta da 
inflação. 
Após isso, apresenta duas vertentes acerca da Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) 
- teoria monetária convencional, com base nas origens de discussão sobre moeda e crédito 
na Inglaterra: a) bullionistas – defensores da conversibilidade da moeda, para quem a 
quantidade de moeda determina o nível de preços; b) anti-bullionistas – deixam a moeda de 
lado e focam exclusivamente na taxa de juros como instrumento de controle da inflação. 
Afirma que qualquer modelo que adote a TQM está equivocado e deve ser definitivamente 
aposentado. 
Em seguida, defende seu ponto de vista ao apresentar as ideias do renomado 
professor John H. Cochrame, principal opositor das teorias denominadas por ele de 
ortodoxias. Segundo Cochrame, taxas de juros nominais mais altas, no longo prazo, resultam 
em inflação mais alta. E prossegue explicando que a única hipótese capaz de explicar a 
relação inversa entre os juros e a inflação, no curto prazo, é a chamada Teoria Fiscal do Nível 
de Preços (TFNP). 
Retoma a discussão teórica no contexto da economia brasileira, criticando quem 
defende que a necessidade de financiamento público prescinde necessariamente dos juros 
altos, argumentando que existe evidência empírica que juros nominais altos geram inflação 
alta – hipótese neo-fisheriana, além de agravar o desequilíbrio fiscal, variável historicamente 
bem instável na economia do país. 
Por fim, combina a tese da dominância fiscal com a hipótese neo-fisheriana, para 
concluir que o Brasil está pagando um preço alto demais por manter o conservadorismo 
intelectual nas questões monetárias durante quatro décadas de inflação crônica. 
Evidente que os contrapontos apresentados pelo articulista não são intocáveis, 
entretanto, os argumentos foram sustentados por evidências científicas bem 
fundamentadas, o que sugere ao menos que a tese não seja descartada pelas autoridades 
monetárias do país. Assim, a abertura de uma discussão aprofundada entre as diversas 
correntes de economistas pode implicar um modelo mais aprimorado de política econômica 
para a realidade brasileira.

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