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Gustavo Menezes de Sirqueira RA: 11202022042 Macroeconomia Keynesiana e a Política Econômica Brasileira Durante o Governo Lula – Paulo Daniel e Silva (2014) Sobre o Autor: Paulo Daniel e Silva é um Doutorando em Economia pela Unicamp (Universidade de Campinas). Possui em seu histórico uma razoável produção bibliográfica, iniciada em 2003 com o artigo “Economia e Sociedade na região central de Campinas” (Silva, P.D. 2003). Talvez por ser um estudante, apresenta uma linguagem pouco elitizada na apresentação do artigo ao qual será analisado no presente trabalho, o que lhe conferiu um certo grau de “democratização” com relação a acessibilidade ao mesmo, mas que também limitou até certo ponto a profundidade da qual o artigo se propunha a atingir. O artigo inicia-se com um breve resumo e introdução, voltados a esclarecer qual a pergunta ser respondida (se houveram ou não influências da teoria keynesiana nas políticas econômicas durante o governo Lula, e se sim, até que ponto?). O mesmo apresenta algumas das ideias de Keynes de maneira simplificada e resumida, mas simples e clara, o que facilita o entendimento e permite traçar um paralelo com o que foi visto em aula. É visível na teoria Keynesiana, em especial na Teoria do emprego, do juro e da moeda[1], as críticas realizadas por Keynes à teoria Neoclássica e, em especial, a ideia de um mercado autorregulado sem interferência estatal. E são exatamente esses os pontos levantados pelo autor do artigo no inicio do texto. Por fim, o mesmo apresenta a estrutura que irá se seguir dali adiante, sendo 3 tópicos voltados a análise das politicas apresentadas pelo governo Lula e apresentação de tópicos da teoria Keynesiana, e 1 com o apanhado geral, servindo como conclusão por parte do autor. Sendo assim, também efetuarei a segmentação de cada tópico para trata-los de maneira mais concisa. O primeiro tópico foca-se na explicitação de alguns conceitos adotados por Keynes, em especial acerca da “Economia Monetária”. O autor afirma que para Keynes, o papel da moeda na economia é diferente do apontado pelos clássicos, adotando uma função mais sofisticada. Para entender essa colocação, é necessário analisar a economia da mesma forma que Keynes o fez. A economia capitalista teria então, uma semelhança com o funcionamento de uma empresa, onde o empresário buscaria sempre mais dinheiro, mais lucro, e não necessariamente maior volume de mercadorias produzidas. Dessa forma, o que faria com que o empresário ou capitalista inicia-se a produção seria o prospecto de trocar dinheiro no presente por mais dinheiro no futuro. Sendo assim, troca-se o fluxo habitual M – D – M’ por D – M – D’. Além disso, a moeda adquire uma característica diferente, capaz de influenciar decisões e motivações, sendo então uma representação da riqueza e não somente um meio para um fim. Isso é essencial para fundamentar as possiblidades de políticas econômicas. Outro ponto levantado pelo autor do texto e também visto em aula é a caracterização da incerteza fundamental, que respalda a motivação para a preferência pela liquidez justamente na incerteza perante o futuro. Isso por fim caracteriza também a taxa de juros, que, como afirmado pelo autor do artigo utilizando-se da teoria Keynesiana, seria o prêmio pela troca da liquidez por algum outro bem. Devido a esse fator de incerteza, a expectativa que o empresário possui com relação ao período futuro dita sua decisão de investir ou não. Como vimos em aula, para que haja crescimento sustentável do produto e da geração de empregos, é necessário que haja paralelamente um aumento de investimento e de gastos autônomos, uma vez que um aumento dos salários não será refletido de maneira exata no aumento do consumo. Dessa forma, o que o autor está dizendo, e, principalmente, o que Keynes está dizendo, é que esse caráter de expectativa tem uma gigantesca influência no fator de investimento, que por sua vez tem uma gigante influência na renda total e salários, que influenciam também no consumo e na demanda agregada. Em sua teoria, Keynes volta seus esforços para descrever a função de demanda agregada, uma vez que assume que existe muito mais trabalhos acerca da oferta agregada e a mesma está melhor definida. Já no segundo tópico, o autor decide-se por decorrer sobre o capítulo 24 da obra de Keynes, “A Teoria do emprego, do juro e da moeda”, abordando novamente assuntos presentes na teoria de Keynes e vistos em aula. É perceptível o esforço do autor para tentar expor as ideias de Keynes da maneira mais didática e entendível possível. Tratamos então, aqui, da relação entre poupança e investimento, que novamente contrasta com o que era consenso entre os clássicos. Para Keynes, a diminuição de investimento também impacta na diminuição da poupança em um cenário mais realista, onde não haja pleno emprego. Keynes também argumenta, no capitulo discutido, a favor da taxação de heranças afim de diminuir a desigualdade econômica na sociedade. Isso é importante porque, os ricos usam em consumo apenas uma pequena parte de sua renda total, enquanto os indivíduos mais pobres da sociedade são limitados por suas rendas. Na seção, também é apresentado o argumento de Keynes acerca da taxa de juros. Para os clássicos, uma elevada taxa de juros era propícia a formação de poupança, porém, uma vez apresentado o argumento de Keynes, onde a poupança é influenciada pelo investimento, é preferível que a taxa de juros seja a mais baixa possível, buscando um nível que propicie o pleno emprego. O autor indica que o objetivo de Keynes é maximizar a utilidade do empresário para a sociedade. Por fim, ainda discorrendo sobre o capítulo 24, o autor entra nos tópicos referentes a interferência estatal para que o que foi discutido anteriormente acerca de investimentos se concretize de maneira satisfatória. O estado deve, então, utilizar-se de ferramentas como tributação, gasto público e fixação de juros para determinar o melhor cenário de crescimento e estabilidade econômica. Isso acaba por retirar certa independência por parte dos bancos e órgãos privados, que Keynes e o autor afirmam não ser necessariamente excludente, mas que propiciaria organização e coordenação o suficiente para determinar um ambiente de pleno emprego. A grosso modo, a proposta é de socialização do investimento afim de assegurar esse pleno emprego. Keynes ainda fala sobre o mercado internacional e a influência do mesmo sob a economia de uma nação. Em última instancia, sua visão acerca da conjuntura é imprescindível a favor da abertura econômica entre as nações, sendo contrária ao ideal de que um país deveria extinguir a miséria apenas com políticas econômicas visando seu mercado interno, o que acabava por “terceirizar” diversos problemas as nações vizinhas. Até aqui o autor tratou, de maneira majoritária, dos conceitos propostos por Keynes e da lógica proposta nos mesmos, enquanto que eu. Sendo assim, por enquanto foram apresentadas pelo escritor dessa presente resenha apenas adendos acerca da teoria tratada, vista em aulas. A partir de agora, iremos tratar de fato das políticas monetária e fiscal sugerida por Keynes e sua aplicação no governo Lula. Paulo Daniel e Silva discorre brevemente sobre as possibilidades de políticas monetárias e políticas fiscais, em especial, dentro da política fiscal, acerca da separação orçamentária entre gastos correntes e gastos de capital, para que o estado seja capaz de prover bens e serviços públicos a população e praticar políticas fiscais sem que uma interfira na outra. Essa separação evitaria também pressão inflacionária. A partir desse ponto, o autor decide finalmente adentrar a pauta principal de seu artigo, o governo Lula. Primeiro, inicia a seção com uma contextualização acerca do ambiente macroeconômico brasileiro. Partindo de 1999 com a estruturação de uma política econômica baseadaem 3 pilares: superávit primário, para que fosse possível pagar as dívidas do setor público, câmbio flutuante com mobilidade de capitais, e elevadas taxas de juros com foco em manutenção da inflação. Essa postura visava trazer estabilidade ao real, controlar as contas públicas e a inflação. Os juros continuaram altos ainda em meados da década de 2000 e compuseram uma política contracionista, que essencialmente dificultava o aumento de gastos em investimentos e atraia investidores externos. Além disso, existia também um interesse em corte de gastos públicos, para atingir a meta de superávit primário que eventualmente chegou a 4,25% do PIB. É possível notar nesse momento que essas medidas adotadas pelo governo Lula tendiam a direção inversa das ideias Keynesianas, uma vez que baseando-se em sua teoria, é possível especular que uma postura dessas acarretaria em diminuição do PIB e dos níveis de emprego, e adotando uma postura mais próxima da ortodoxa para combater a inflação e regularizar gastos públicos. É notável também, nesse momento do texto, os pontos levantados pelo autor acerca de questões políticas do governo Lula, que se apoiaram principalmente em uma histórica proveniente do governo de FHC e Fernando Collor, de base predominantemente ortodoxa. Posteriormente, o autor começa a discorrer acerca dos modelos econômicos adotados até a década de 1990 e o modelo formado a partir da mesma, trazendo em seu discurso uma certa dúvida acerca da eficiência de seu funcionamento, onde apesar de não o categorizar como ineficiente, aponta algumas crises que são tratadas como pontuais ou influenciadas por outras incertezas econômicas. Essa discussão acaba por adentrar então a postura adotada no segundo governo Lula. Com maior flexibilização das políticas econômicas e com uma maior adoção de medidas comuns ao keynesianismo, baseadas em gasto público e investimento autônomo, como aumento de salários, aumento de conceção de crédito, programas de transferência de renda a população, criação de programas de aceleração de crescimento e desenvolvimento e afins. A estabilização proporcionada pelo primeiro mandato de Lula e suas políticas econômicas contracionistas conseguiram por fim propiciar a adoção das políticas heterodoxas citadas no parágrafo anterior, que propiciaram aumentos significativos no PIB e renda brasileiros, além de expansão do consumo e do investimento, como ditado nas ideias de Keynes. Por fim, o autor inicia suas considerações finais afirmando que em seu ponto de vista, devido à ausência da adoção completa dos ideais Keynesianos no segundo governo Lula, essas posturas econômicas não representariam estabilidade ao longo prazo, sendo elencados pontos como a não ancoragem da politica fiscal na administração dos gastos públicos e política de tributação como deveria ser feita, havendo a separação dos orçamentos corrente e de capital, além das políticas voltadas a distribuição de renda. Também há críticas acerca da política monetária, que apresentou certa inflexibilidade e necessitava de uma poupança externa que não poderia se prolongar a longo prazo. Acerca das minas considerações, como autor do presente artigo, acredito que foi perfeitamente visível a implementação de diversos dos ideais Keynesianos principalmente no segundo mandato do ex-presidente Lula, em especial pelo aprendizado dessa teoria visto em aulas e textos. Também concordo que não houve total implementação da política Keynesiana durante o mandato, mas, partindo do inicio do governo, com políticas ortodoxas, acredito que uma sustentabilidade a longo prazo do sistema econômico possa ser alcançada com o Keynesianismo, mas não é estritamente necessário para se estabelecer uma estabilidade a curto prazo. Acredito também que o artigo apresentou uma aproximação amigável ante ao leitor, sendo apresentados de maneira sucinta todos os pontos da teoria Keynesianas que eram necessárias para se entender os argumentos do autor. Por isso, em minhas falas durante o presente artigo, tentei me forcar nessa argumentação da teoria Keynesiana, apresentando-a o mais claramente possível e discorrendo sobre suas colocações ante as situações propostas. Além disso, o período discutido (governo Lula) é de extensa pesquisa no âmbito acadêmico, onde é possível se encontrar um certo consenso acerca da postura do ex- presidente (inicialmente mais próximo dos ideais ortodoxos, partindo então, em seu segundo mandato, para uma abordagem um pouco mais heterodoxa e com diversos pontos presentes na teoria keynesiana). Por fim, gostaria também de elencar também o artigo de Fábio Terra e Fernando Ferrari Filho acerca das políticas fiscais e monetário em Keynes sobre a economia brasileira pós plano real, que, apesar de não citadas diretamente durante o texto, serviram de maneira excepcional para o entendimento prático das mesmas. Referências: TERRA, F. H. B.; FILHO, F.F. As políticas econômicas em Keynes: reflexões para a economia brasileira no período 1995-2011. Disponível em: https://www.anpec.org.br/encontro/2012/inscricao/files_I/i1- d438465bfaa8b2ce2f08060bb4eaa4ae.pdf . Acessado em: 18/04/2021 SILVA, P.D. Macroeconomia Keynesiana e a política econômica brasileira durante o governo Lula. São Paulo. 2014 Disponível em: http://periodicos.unesc.net/seminariocsa/article/view/1524 . Acessado em: 18/04/2021 KEYNES, J.M. The General Theory of Emplyment, Interest and Money. Londres, Macmillan. 1936. Disponível em: http://www.hetwebsite.net/het/texts/keynes/gt/gtcont.htm Acessado em: 18/04/2021 [1] https://www.anpec.org.br/encontro/2012/inscricao/files_I/i1-d438465bfaa8b2ce2f08060bb4eaa4ae.pdf https://www.anpec.org.br/encontro/2012/inscricao/files_I/i1-d438465bfaa8b2ce2f08060bb4eaa4ae.pdf http://periodicos.unesc.net/seminariocsa/article/view/1524 http://www.hetwebsite.net/het/texts/keynes/gt/gtcont.htm
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