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Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Departamento de Engenharia Mecânica Laboratório de Materiais e Metalografia Prof. Gilmar Tonietto Ensaio de Tração com Extensômetro Material SAE 4340 – 17 HRC Victória Rafaela Ritzel Marcon Caxias do Sul, 23 de setembro de 2016 2 Sumário 1. Introdução e Objetivos .............................................................................3 2. Revisão Bibliográfica ..............................................................................4 2.1. Propriedades SAE 4340 ...................................................................4 2.1.1. Fabricação, tratamento térmico e usinabilidade ....................4 2.1.2. Soldagem .............................................................................5 2.1.3. Tratamento ...........................................................................5 2.1.4. Forjamento ...........................................................................5 2.1.5. Recozimento ..........................................................................5 2.1.6. Endurecimento.......................................................................5 2.1.7. Principais aplicações ............................................................5 2.1.8. Principais propriedades ........................................................5 3. Normas .....................................................................................................5 3.1. Propriedades SAE 4340 – 17 HRC pela AISI ...................................5 4. Acervo de fórmulas .................................................................................7 5. Ensaio .......................................................................................................8 5.1. Materiais ..........................................................................................8 5.2. Metodologia ......................................................................................8 5.3. Corpo de Prova ...............................................................................8 5.4. Dados para ensaio ..........................................................................9 6. Resultados e Discussões ..................................................................... 10 6.1. Tabela utilizada para construção de gráficos ................................. 10 6.2. Gráfico Tensão x Deformação ...................................................... 12 6.3. Valores calculados ........................................................................ 13 7. Conclusão ............................................................................................... 14 8. Referências .............................................................................................. 16 3 1. Introdução e objetivos “A extensometria é uma técnica utilizada para a análise experimental de tensões e deformações em estruturas mecânicas e de alvenaria. Estas estruturas apresentam deformações sob carregamento ou sob efeito da temperatura. É importante conhecer a extensão destas deformações e muitas vezes precisam ser monitoradas constantemente, o que pode ser feito de diversas formas. Algumas são o relógio comparador, o detector eletrônico de deslocamento, por camada frágil, por fotoelasticidade e por strain-gauge. Dentre todas, o strain-gauge, do inglês medidor de deformação, é um dos mais versáteis métodos. Os extensômetros elétricos são largamente utilizados para medir deformações em estruturas como pontes, máquinas, locomotivas, navios e ainda associados a transdutores para medir pressão, tensão, força e aceleração. São ainda associados a outros instrumentos de medidas para uso desde análise experimental de tensão até investigação e práticas médicas e cirúrgicas. ” (Marcos Portnoi, 2001) [1] Ao realizar a extensometria, também conhecida como ensaio de extensão ou tração, poderemos determinar o módulo de elasticidade e a tensão de escoamento do material SAE 4340 com 17 HRC para posterior comparação com normas já conhecidas, como a AISI. O ensaio de tração possibilitou a avaliação de dados provenientes de um gráfico que relaciona tenção e deformação, quais foram utilizados para cálculos posteriores como área inicial, área final, tensão máxima, alongamento, estricção, redução de área, limite de escoamento e limite de resistência a tração. 4 2. Revisão bibliográfica Sobre o material utilizado no ensaio, o aço SAE 4340, vale ressaltar que é um aço para beneficiamento que possui alta temperabilidade e tenacidade, com composição química constituinte de ferro, carbono, cromo, níquel e molibdênio. É utilizado na fabricação de importantes componentes mecânicos e também em seções espessas quando deseja-se uma combinação de resistência mecânica média e resistência à fratura. Outra característica interessante deste material é sua durabilidade após o recozimento, por ser alta. Não é um bom condutor de calor e mantém sua forma inicial quando exposto a temperaturas medianas. Essas características explicam sua ampla aplicação e aceitação no mercado, como: na indústria automobilística, aeroespacial, petrolífera e outros, em peças como virabrequins, rolamentos, munições, engrenagens, embreagens, vasos de pressão e até componentes do trem de pouso de aeronaves. Sua composição química fica compreendida em C(0,38 – 0,43), Si(0,15 – 0,30), Mn(0,60-0,80), Cr(0,80 – 1,10), Ni(1,65-2,00), Mo(0,20-0,30). [2] 2.1. Propriedade SAE 4340 Dureza (HRC) Resistência a Tração Tensão de Escoamento Módulo de Elasticidade Alongamento na Ruptura (Estricção) 17 745 MPa 470 MPa 192.000 MPa 22% Fonte: http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=fd1b43a97a8a44129 b32b9de0d7d6c1a 2.1.1. Fabricação, tratamento térmico e usinabilidade: Aço AISI 4340 liga pode ser produzido usando todas as técnicas convencionais. O processo de usinagem só pode ser realizado nas condições de recozido, temperado ou normalizados. 5 2.1.2. Soldagem: AISI aço 4340 liga pode ser soldada usando métodos de fusão ou soldadura de resistência. Pré-aqueça e pós procedimentos de soldagem de calor são seguidas durante a soldagem deste aço por métodos estabelecidos. 2.1.3. Tratamento: AISI 4340 ligas de aço é tratado termicamente a 830 °C (1525 °F) seguido por têmpera em óleo. 2.1.4. Forjamento: AISI 4340 ligas de aço é forjado a 427-1233 °C (1800-2250 °F). 2.1.5. Recozimento: AISI 4340 liga de aço é recozida a 844 °C (1550 °F) seguido por arrefecimento da fornalha. 2.1.6. Endurecimento: AISI aço 4340 da liga pode ser endurecido por trabalho a frio ou tratamento térmico. 2.1.7. Principais Aplicações: AISI 4340 ligas de aço é usado principalmente em engrenagens de transmissão de energia e eixos, trem de pouso da aeronave e outras partes estruturais. 2.1.8. Propriedades Principais: Possui um módulo de elasticidade entre 190 a 210 (GPa), com tensão de escoamento próxima a 470 (MPa), com tensão máxima próxima a 745 (MPa). 3. Normas Os padrões estabelecidos para o aço em experimento são provenientes da AISI (Instituto Americano de Ferro e Aço), mesma classificação adotada pela SAE Internacional (Sociedade dos Engenheiros Automotivos) e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Os ensaios de tração seguem os padrões estabelecidos na NBR ISO 6892 - 2013. 3.1. Propriedades do SAE 4340 pela norma AISI Abaixo tabela que servirá utilizada para comparação dos resultados calculados obtidos no trabalho com a norma (AISI) Propriedades Métricas ImperialTensão Máxima 745 MPa 108000 psi 6 Tensão De Escoamento 470 MPa 68200 psi Módulo de Volume 140 GPa 20300 ksi Módulo de Cisalhamento 80 GPa 11600 ksi Módulos de Elasticidade 190-210 GPa 27557-30458 ksi O Coeficiente de Poisson 0.27-0.30 0.27-0.30 Estricção 22% 22% Redução de Área 50% 50% Dureza, Brinell 217 217 Dureza, Knoop (convertido da dureza Brinell) 240 240 Dureza, Rockwell B (convertido da dureza Brinell) 95 95 Dureza, Rockwell C (convertido da dureza Brinell . Valor abaixo do alcance normal do HRC, único objetivo para comparação) 17 17 Dureza, Vickers (convertido da dureza Brinell) 228 228 Usinabilidade (recozido e frio desenhado. Com base em 100% de usinabilidade para AISI 1212 aço.) 50 50 7 4. Acervo de fórmulas Á𝑟𝑒𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝜋𝑑2 𝐿𝑜 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 𝐹𝑚á𝑥𝑔 𝐴𝑜 𝐴𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = ∆𝐿 𝐿𝑜 ×100 𝐸𝑠𝑡𝑟𝑖𝑐çã𝑜 = 𝐴𝑜 − 𝐴𝑓 𝐴𝑜 ×100 𝐷𝑒𝑓. 𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 (0%) = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 (𝑀𝑃𝑎) 𝑀ó𝑑. 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 . 100 𝐷𝑒𝑓. 𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 (0,2%) = ( 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 (𝑀𝑃𝑎) 𝑀ó𝑑. 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 . 100) + 0,2 8 5. Ensaio 5.1. Materiais: SAE 4340 - 17 HRC; Paquímetro; Tinta Demarcadora; Pincel; Máquina de Ensaio de Tração (extensômetro). 5.2. Metodologia Para realização do ensaio de tração o corpo de prova com 40 mm realizou- se a medição do diâmetro em três regiões diferentes – na parte superior, no meio e na parte inferior do comprimento útil do corpo de prova (CP) – para maior precisão mediu-se seção em dois pontos, um ponto aleatório da seção e 90° do ponto aleatório, obtendo, assim, seis medidas de diâmetro, a média para estas medidas foi de 8 mm. Para visualização dos resultados o CP foi pintado com tinta para demarcação com marcas ao longo do corpo útil do corpo de 5 mm em 5 mm. Após medições e marcação, fixou-se o CP no extensômetro e o mesmo foi submetido ao ensaio de tração. A máquina utilizada informa o alongamento (∆L = variação de comprimento) sofrido pelo material, que possibilita a construção do gráfico tensão x deformação. Ensaio é finalizado após ruptura do CP. 5.3. Corpo de prova: Dados Pré Teste: Material: SAE 4340 - 17HRC Diâmetro Inicial (mm): 8 Comp. Inicial Lo (mm): 40 Área (mm²): 50,3 9 Dados Pós Teste: Comp. Final (mm): 51,08 Diâmetro Final (mm): 5,7 Área Final (mm²): 36,36 5.4. Dados para ensaio: Força máxima (Kgf) 3348 Gravidade (m/s²) 9,81 Pré-carga (kg) 255 10 6. Resultados e Discussões 6.1. Tabela utilizada para construção de gráficos Força Aplicada (Kgf) Deslocam ento (10-³ mm) Deslocam ento (mm) (Y) TENSÃO (MPa) (X1) Deformaç ão (mm/mm) (X2) Deformaç ão Corrigida (mm/mm) (X3) Deformaç ão Calculada (%) (X4) Deformaç ão Calculada + 0,2% - - - 0 - 0,00006 319487 0 - 0,20000 000000 0 0 0 19,5029 8211 0 0,00625 6293 0,00000 314882 0,20000 314882 100 1 0,001 39,0059 6421 0,00002 5 0,00252 5 0,00000 127084 0,20000 127084 200 3 0,003 58,5089 4632 0,00007 5 0,00757 5 0,00000 381253 0,20000 381253 300 6 0,006 78,0119 2843 0,00015 0,01515 0,00000 762506 0,20000 762506 400 9 0,009 97,5149 1054 0,00022 5 0,02272 5 0,00001 143759 0,20001 143759 500 12 0,012 117,017 8926 0,0003 0,0303 0,00001 525012 0,20001 525012 600 15 0,015 136,520 8748 0,00037 5 0,03787 5 0,00001 906265 0,20001 906265 700 19 0,019 156,023 8569 0,00047 5 0,04797 5 0,00002 414602 0,20002 414602 800 23 0,023 175,526 839 0,00057 5 0,05807 5 0,00002 922939 0,20002 922939 900 28 0,028 195,029 8211 0,0007 0,0707 0,00003 558361 0,20003 558361 1000 32 0,032 214,532 8032 0,0008 0,0808 0,00004 066698 0,20004 066698 1100 37 0,037 234,035 0,00092 0,09342 0,00004 0,20004 11 7853 5 5 702119 702119 1200 41 0,041 253,538 7674 0,00102 5 0,10352 5 0,00005 210457 0,20005 210457 1300 47 0,047 273,041 7495 0,00117 5 0,11867 5 0,00005 972962 0,20005 972962 1400 50 0,05 292,544 7316 0,00125 0,12625 0,00006 354215 0,20006 354215 1500 54 0,054 312,047 7137 0,00135 0,13635 0,00006 862553 0,20006 862553 1600 60 0,06 331,550 6958 0,0015 0,1515 0,00007 625059 0,20007 625059 1700 65 0,065 351,053 6779 0,00162 5 0,16412 5 0,00008 260480 0,20008 260480 1800 69 0,069 370,556 66 0,00172 5 0,17422 5 0,00008 768817 0,20008 768817 1900 72 0,072 390,059 6421 0,0018 0,1818 0,00009 150070 0,20009 150070 2000 75 0,075 409,562 6243 0,00187 5 0,18937 5 0,00009 5313231 0,20009 531323 2100 80 0,08 429,065 6064 0,002 0,202 0,00010 1667447 0,20010 166745 2200 85 0,085 448,568 5885 0,00212 5 0,21462 5 0,00010 8021662 0,20010 802166 2300 97 0,097 468,071 5706 0,00242 5 0,24492 5 0,00012 3271779 0,20012 327178 2400 130 0,13 487,574 5527 0,00325 0,32825 0,00016 5209601 0,20016 520960 2500 267 0,267 19,5029 8211 0,00667 5 0,67417 5 0,00033 9315104 0,20033 931510 2600 413 0,413 39,0059 6421 0,01032 5 1,04282 5 0,00052 4858194 0,20052 485819 (X2) = Deformação corrigida: correção da origem de deformação. 12 (X3) = Deformação calculada: deformação teórica aplicada sobre X2. (X4) = Deformação Calculada + 0,2%: X3 + 0,2%. 6.2. Gráfico da Tensão X Deformação A partir do gráfico Tensão x Deformação foi possível obter a equação da reta utilizando o segmento representado no gráfico a baixo: 13 Equação da Reta: Y=177245x + 50,47 A equação da reta foi feita para obtenção do módulo de elasticidade e correção da origem no gráfico. 6.3. Valores calculados: Tensão de Escoamento 485,39 (MPa) Módulo de Elasticidade 177245 (MPa) Estricção 27,7% 14 7. Conclusão O ensaio de tração permitiu que fossem determinados o módulo de elasticidade, tensão de escoamento e percentual de estricção do material analisado. Após análise de dados via comparação com norma AISI para o SAE 4340 foi possível perceber que a tensão máxima calculada coincide com o parâmetro determinado pela norma. O valor de estricção ficou próximo ao estipulado pela norma, porém cerca de 5,7% acima. Para tensão de escoamento obteve-se um valor 15 MPa acima do determinado pela norma para o metal SAE 4340 - 17 HRC, o que é um bom número, pois a norma prevê ao menos 470 MPa e foi obtido 485 MPa. No entanto, estas diferenças percebidas podem ser acarretadas devido a erros na leitura dos dados ou erro em algum cálculo realizado pelo autor. O módulo de elasticidade, ou módulo de Young, especificado pela norma AISI para o SAE 4340 – 17 HRC é entre 190000 MPa e 210000 MPa, no entanto, no cálculo realizado obteve-se como módulo de elasticidade 177245 MPa,o que é cerca de 6,7% a baixo do limite inferior da faixa prevista para o módulo de elasticidade do material estudado. Este resultado pode ser justificado por alguns fatores de erro, como: erro de cálculo por parte do autor, ou falhas no material como homogeneidade reduzida, poros ou trincas internas. Outro fator de erro a ser pensado é a possibilidade de haver tensões internas relativamente elevadas no material, tornando-o mais frágil e reduzindo seu módulo de elasticidade. Com a revisão bibliográfica e análise dos dados pode-se concluir que as o conjunto de propriedades mecânicas determinam características de grande importância, possibilitando que o profissional tenha ferramentas que o permitem determinar qual o material mais adequado para aplicação desejada. Os resultados obtidos mostram que, quando calculados e analisados de forma correta, pode-se obter a ficha técnica do material mesmo que a empresa fabricante não forneça, ou identificar um material desconhecido, pois, se for um 15 material relativamente tradicional, deverá haver uma tabela com todas as suas características. 16 8. Referências CALLISTER, William D, Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução. 9.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. Fontes de informações sobre aço SAE 4340 – 17 HRC (acessadas em 23/10/2016): http://www.ggdmetals.com.br/produto/sae-4340/ https://www.eecis.udel.edu/~portnoi/academic/academic-files/extensometria.html Tabelas da norma AISI (para comparação) retiradas dos sites abaixo: http://www.azom.com/article.aspx?ArticleID=6772 http://www.matweb.com/
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