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Universidade Federal Rural do Semi-Árido Campus Pau dos Ferros Ética e Legislação – I UNIDADE Prof. Dr. Wildoberto B Gurgel (Ayala Gurgel) A resolução da prova é responsabilidade individual de cada aluno(a) e será convertida em nota. A prova deverá ser respondida com caneta azul ou preta, de tinta permanente, sem rasuras, com um X sobre a letra da alternativa correta. Questões rasuradas ou respostas fora das especificações anteriores não serão consideradas. Só serão aceitas provas devolvidas dentro do horário delimitado. Será permitida a consulta. Provas e folha de resposta sem a devida assinatura do(a) aluno(a) não serão computadas. aluno(a) nota A Objetividade da Ética O pensamento moral não diz respeito à descrição e explicação do que acontece, mas a decisões e à sua justificação. É sobretudo porque não temos métodos para pensar sobre a moralidade que sejam por comparação incontroversos e bem estruturados que uma posição subjetivista é aqui mais credível do que em relação à ciência. Mas tal como não havia garantia, nos princípios da especulação cosmológica e científica, de que nós, seres humanos, tínhamos a capacidade para chegar à verdade objetiva para além do que a percepção sensorial nos fornecia — não havia garantia de que essa demanda era mais do que o tecer de fantasias coletivas -, também não pode haver uma decisão prévia quanto à questão de saber se estamos ou não a falar de um assunto real quando refletimos e discutimos sobre a moralidade. A resposta tem de vir dos próprios resultados. Só o esforço de raciocinar sobre a moralidade nos pode mostrar se isso é possível — só esse esforço nos pode mostrar se, ao pensar sobre o que fazer e como viver, poderemos encontrar métodos, razões e princípios cuja validade não tenha de ser subjetiva ou relativisticamente restringida. Thomas Nagel A Linguagem da Moral [...] todos os juízos morais são veladamente de caráter universal, o que é o mesmo que dizer que se referem e exprimem a aceitação de um padrão aplicável a outras ocasiões similares. Se censuro alguém por ter feito algo, considero a possibilidade de ele, outra pessoa ou mesmo eu, ter de fazer uma escolha semelhante novamente; do contrário não faria sentido censurá-lo. […] Quando aprovamos um objeto, nosso juízo não é unicamente sobre aquele objeto particular, mas, inevitavelmente, sobre objetos semelhantes a ele. Dizer algo, sobre algum objeto particular, não seria aprovar. Aprovar é orientar escolhas. Sempre que aprovamos, temos em mente algo sobre o objeto aprovado que é a razão da nossa aprovação. […] (1) Todas as ações para as quais existem motivos (reasons), envolvem máximas. (2) Estas máximas podem ser do tipo E (particular) ou tipo U (universais). (3) Certos argumentos os quais estão sendo usados para mostrar que todas as valorações atualmente são do tipo E estão baseados em confusão. Eu agora desejo argumentar que todos os valores morais são do tipo U. Richard Hare Leia atentamente os textos a seguir e depois responda o que se pede: Alguma(s) assertiva(s) a seguir pode(m) ser considerada(s) verdadeira(s), considerando os textos citados. Leia-as e responda o que se pede. 01010101 1 Ética e moral são duas realidades distintas. Ética é uma ciência universal, ao passo que a moral é o objeto dessa ciência, portanto, particular. 2 De acordo com Hare, só podemos falar de uma linguagem moral em primeira pessoa, como uma narrativa autobiográfica, um testemunho, uma aprovação. 3 Na ótica de Nagel, a ética é uma ciência porque os seus resultados comprovam isso, cuja validade é além da subjetividade e do relativismo restrito. 4 A aprovação de um objeto qualquer é semelhante à aceitação de que existe um padrão aplicável, essa tese de Hare é uma defesa de que a linguagem moral recorre a fórmulas ou argumentos universais. 5 Descrever ou explicar algo que acontece no mundo ou na linguagem moral, sem se posicionar, deixando para que cada um decida seu ponto de vista moral, é a verdadeira tarefa da ética como ciência para esses autores Assinale a alternativa abaixo que contenha o número de assertivas verdadeiras relativas aos textos anteriores: a b c d e f 00 01 02 03 04 05 Carecemos de uma ciência da moral, segundo Nietzsche, porque… (marque a alternativa correta)0202 a foi diante de bem e de mal que pior se filosofou, e, consequentemente, diante da moral a filosofia tem-se calado, obedecido e, no máximo, pregado. b bem e mal sempre foram do interesse da filosofia, assim, transformá-los em um objeto da ciência é algo que a filosofia já faz desde sua origem. c a moral tem se tornado na Circe dos filósofos, na sua grande paixão, no seu verdadeiro motivo para filosofar. d a ciência da moral ainda não se tornou o estímulo discriminativo para o programa de pesquisa da moral contemporânea, daí a razão que necessitamos de novos pregadores de uma nova moral. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Campus Pau dos Ferros Ética e Legislação – I UNIDADE Prof. Dr. Wildoberto B Gurgel (Ayala Gurgel) Conferência Sobre Ética Permitam-me explicar: suponham que alguém de vocês fosse uma pessoa onisciente e, por conseguinte, conhecesse todos os movimentos de todos os corpos animados ou inanimados do mundo e conhecesse também os estados mentais de todos os seres que tenham vivido. Suponham, além disso, que este homem escrevesse tudo o que sabe num grande livro. Então tal livro conteria a descrição total do mundo. O que quero dizer é que este livro não incluiria nada do que pudéssemos chamar juízo ético nem nada que pudesse implicar logicamente tal juízo. Conteria, certamente, todos os juízos de valor relativo e todas as proposições científicas verdadeiras que se pode formar. Mas, tanto todos os fatos descritos como todas as proposições estariam, digamos, no mesmo nível. Não há proposições que, em qualquer sentido absoluto, sejam sublimes, importantes ou triviais. Talvez agora alguém de vocês esteja de acordo e invoque as palavras de Hamlet: "Nada é bom ou mau, mas é o pensamento que o faz assim". Mas isto poderia levar novamente a um mal-entendido. O que Hamlet diz parece implicar que o bom ou o mau, embora não sejam qualidades do mundo externo a nós, são atributos de nossos estados mentais. Mas o que quero dizer é que um estado mental entendido como um fato descritível não é bom ou mau no sentido ético. Por exemplo, em nosso livro do mundo lemos a descrição de um assassinato com todos os detalhes físicos e psicológicos e a mera descrição nada conterá que possamos chamar uma proposição ética. O assassinato estará exatamente no mesmo nível que qualquer outro acontecimento como, por exemplo, a queda de uma pedra. Certamente, a leitura desta descrição pode causar-nos dor ou raiva ou qualquer outra emoção ou poderíamos ler acerca da dor ou da raiva que este assassinato suscitou em outras pessoas que tiveram conhecimento dele, mas seriam simplesmente fatos, fatos e fatos e não Ética. Devo dizer agora que, se considerasse o que a Ética deveria ser realmente - se existisse uma tal ciência -, este resultado parece-me bastante óbvio. Ludwig Wittgenstein 0202 Nem todas as sentenças que buscam regulamentar o comportamento são morais. Algumas são jurídicas, outras religiosas, outras estéticas, outras científicas etc. Cada uma utiliza seus próprios marcadores (adjetivos, advérbios, substantivos e verbos próprios). Associe as sentenças abaixo com M para as frases morais, R para as frases religiosas e J para as frases jurídicas, de acordo com os marcadores utilizados: 0404 1 A corrupção é um mau contra a sociedade justa. 2 Não se deve desejar a mulher do próximo. 3 Abortar é um crime contra a sacralidade da vida. 4 Não é permitido matar, salvo em legítima defesacomprovada. 5 Matar é pecado. Assinale a alternativa correta para a sequência que corresponda à associação anterior: a b c d e JRRJR MRRJJ MRJJR JRJMR MRJMR O texto ao lado (Conferência Sobre Ética) faz algumas afirmações sobre a relação narrativa moral/narrativa factual. Analise as sentenças abaixo e responda o que se pede 0303 Assinale a alternativa cuja numeração corresponde ao número de assertivas verdadeiras: a b c d e f 00 01 02 03 04 05 1 A tese de Wittgenstein é a de que sobre fatos do mundo não é possível implicar fatos morais, embora frases morais possam ser ditas sobre fatos do mundo. 2 Os fatos morais não podem ser descritos porque a sua razão é obedecê-los. Eles não são verdadeiros ou falsos, mas bem ou mal sucedidos. 3 Os proferimentos relativos, como são os proferimentos da física, fazem referências a condições de possibilidades, ao passo que os proferimentos absolutos, como os proferimentos morais, não. 4 Apesar de que se possa mostrar que todos os juízos de valor relativos são meros enunciados de fatos, nenhum enunciado de fato pode ser nem implicar um juízo de valor absoluto. 5 Proferimentos morais não estão baseados em fatos nem sobre estados mentais, são meros enunciados linguísticos, porém, nos jogos de linguagem, esses proferimentos qualificam os fatos, de forma a dar- lhes novas significações. 0505 a Enunciados factuais morais b Enunciados judicativos morais c Enunciados assertóricos morais d Enunciados adjetivos extra-morais e Enunciados sobrepujativos morais Considerando o modelo das ciências modernas, cujo positon é um estado de coisas que existe no mundo, se a ética for considerada uma ciência da moral, qual deve ser o seu objeto? Assinale X na letra da coluna ao lado da alternativa correta: Universidade Federal Rural do Semi-Árido Campus Pau dos Ferros Ética e Legislação – I UNIDADE Prof. Dr. Wildoberto B Gurgel (Ayala Gurgel) As sentenças abaixo estão relacionadas com os textos apresentados. Leia-as atentamente, em seguida responda o que se pede: 0707 Assinale a alternativa cuja numeração corresponde ao número de assertivas verdadeiras: a b c d e f 00 01 02 03 04 05 1 A tese de Nagel é a de que em qualquer situação moral sempre existirá uma decisão certa e outra errada, de modo que o juízo moral correto nos obrigaria a fazer a escolha pela decisão certa e evitar a errada, mesmo que não procedamos sempre assim. 2 De acordo com Wittgenstein, se a ética existir, ela será um evento sobrenatural. 3 A objetividade da ética, de acordo com Nagel, não pode ser pensada como a objetividade das ciências modernas, em que se exigem fatos do mundo que a comprovem. Ao contrário, o que garante a objetividade da ética, segundo esse pensador, é o tipo de raciocínio que a justifica: o raciocínio prático. 4 Apesar das discordâncias, Hare concordaria com Wittgenstein e Nagel sobre a inexistência de discursos morais absolutos: existem apenas discursos que se pretendem absolutos e não discursos absolutos, de fato. 5 Na ótica de Nagel e Wittgenstein, bem e mal são relativos aos estados mentais de cada um, assim, a ética é subjetiva, pertence a uma moral privada. 1 A defesa irrevogável da vida está explícita na atitude da agente, como uma ética baseada em princípios, do tipo princípios de ação. 2 A atitude da agente é justificada como uma ética baseada em princípios, motivada por um ato superrogatório, mesmo que forçada. 3 A ação, motivada pela armadilha do Coringa, ainda assim pode ser julgada e valorada como uma ação moral, desde que se tome como base a ética baseada em consequências. 4 O egoísmo ético explica a ação da agente: ela não iria conseguir ficar bem consigo mesmo caso deixasse a criança sofrer algum dano. 5 O cálculo de magnitudes, de Scheffler, explica a ação da agente e a considera como uma ação nobre, correta. Na História em Quadrinhos intitulada “Terra de Ninguém”, lançada em 1999, pela DC Comics, o Coringa (Joker) sequestra dezenas de bebês e os mantém no porão da delegacia. A esposa do Comissário Gordon, Essen Gordon, segue os passos dele e acaba confrontando o vilão. O resultado? A imagem abaixo explica. Considerando a narrativa do desenho acima e tomando-a como uma possível situação moral, na qual a atitude de Essen Gordon corresponde a de um agente moral, leia atentamente cada assertiva e depois responda o que se pede: 0808 Devemos dar até atingirmos o nível da utilidade marginal – isto é, o nível em que, ao darmos mais, provocaríamos tanto sofrimento em nós próprios ou aos nossos dependentes como aquele que preveniríamos com o nosso donativo. Isto implicaria, obviamente, passarmos a viver em circunstâncias materiais parecidas com as de um refugiado bengali. Peter Singer, Famine, Affluence, and Morality, 1972. a Ética baseada em princípios de ação b Utilitarismo negativo c Ética baseada em ações d Ética baseada em princípios do sujeito e Egoísmo ético f Altruísmo ético 0606 Essa frase, examinada dentro das tradições éticas contemporâneas, se refere a uma argumentação bem específica. Assinale-a dentre as opções ofertadas a seguir aquela que se aplica ao caso: Assinale a alternativa cuja numeração corresponde ao número de assertivas verdadeiras: a b c d e f 00 01 02 03 04 05 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Campus Pau dos Ferros Ética e Legislação – I UNIDADE Prof. Dr. Wildoberto B Gurgel (Ayala Gurgel) 0909 Acerca do método na ética, como ciência da moral, Richard Hare escreveu a seguinte argumentação: 1 A proposta de Hare, pelo menos no texto acima, o aproxima do consequencialismo (ética baseada em consequências), pois a argumentação sugere que os juízos morais sejam compreendidos em função das consequências ou implicações lógicas que eles produzem. 2 A propriedade lógica de um ato de fala moral (um juízo moral) está descrita como uma apropriação empírica dos fatos do mundo que fundamentam esse ato, de tal e qual modo. 3 A tese de que atos de fala morais condicionam a argumentação a ser feita a respeito dos fatos do mundo não faz de Hare (pelo menos nesse trecho) um objetivista (cuja crença é a de que existem fatos morais no mundo). 4 A força ilocucionária de um juízo moral não pode ser destacada na análise desse mesmo juízo. 5 A análise lógica dos juízos morais implica a análise das propriedades semânticas desse mesmo juízo. Assinale a alternativa cuja numeração corresponde ao número de assertivas verdadeiras: a b c d e f 00 01 02 03 04 05 1010 Leia o texto abaixo, as sentenças que o seguem e depois responda o que se pede: 1 A posição amplamente igualitária é a tese ética, tal como proposta pelos estóicos, Hare e Rawls, de que os interesses de todos devem ser considerados de forma igual. 2 A tese de insucesso de uma aceitação geral mostra não só o fracasso das teorias éticas universais, como o posicionamento de Singer contra esse desiderato. 3 A universalidade da ética acaba se confundindo, não por necessidade lógica, mas por tipicidade histórica, com a universalidade de uma teoria ética em particular. 4 Não se deve fazer ética recorrendo aos aspectos formais das teorias éticas. 5 O conflito de interesses (pensar a ética universal e atribuir a essa ética as características de determinada teoria ética) pode ser superado com a adesão à eliminação da prerrogativa de interesses. Assinale a alternativa cuja numeração corresponde ao número de assertivas verdadeiras: a b c d e f 00 01 02 03 04 05 […] quando estamos discutindo a respeito de problemas morais, estamos discutindo se aceitamos ou rejeitamos certos juízos morais. Obviamente, um argumento ser um bom argumentopara a aceitação ou rejeição de um determinado juízo dependerá de qual seja esse juízo. Mas qual é o juízo depende do que se entende que significam as palavras usadas para expressá-lo. Caso se entendesse que elas significam algo diferente, seria um juízo diferente. Entretanto, uma vez que estejamos empenhados em discutir se vamos aceitar ou rejeitar esse juízo (isto é, o juízo que essas palavras expressam quando são entendidas dessa maneira), estamos comprometidos a seguir as regras de raciocínio que essa maneira de entendê-las determina. Tomar as palavras dessa maneira é aceitar que o juízo (com ou sem premissas adicionais) implica logicamente tais e tais outros juízos, é inconsistente com tais e tais outros juízos, e assim por diante. De modo que o sentido das palavras, como antes, determina quais argumentos a respeito das perguntas que estamos fazendo são corretos. Portanto, a fim de determinar se são corretos, temos de examinar os sentidos das palavras, isto é, as regras para seu uso em argumentos. Hare (Ética: problemas e propostas. Leia atentamente as sentenças abaixo, compare-as com o texto acima, depois responda o que se pede: Seria possível usarmos esse aspecto universal da ética para derivar uma teoria ética que nos forneça orientação quanto ao certo e ao errado? Os filósofos, desde os estóicos, passando por Hare e Rawls, vêm tentando chegar a isso. Nenhuma tentativa alcançou a aceitação geral. O problema é que, se descrevermos os aspectos universais da ética em simples termos formais, um largo espectro de teorias éticas, inclusive algumas bastante irreconciliáveis, mostra-se compatível com essa noção de universalidade; se, por outro lado, construirmos nossa descrição do aspecto universal da ética de forma que nos leve inelutavelmente a uma teoria ética específica, seremos acusados de infiltrar nossas próprias convicções éticas em nossa definição do ético – e supunha-se que essa definição fosse suficientemente ampla e neutra para abranger todas as possíveis candidatas ao status de “teoria ética”. Já que, na tarefa de deduzir uma teoria ética do aspecto universal da ética, foram tantos os que não conseguiram superar esses obstáculos, seria temeridade de nossa parte tentar lográ-lo numa breve introdução a uma obra que visa a algo bastante distinto. Contudo, proponho algo um pouco menos ambicioso. Minha sugestão é que o aspecto universal da ética oferece uma razão realmente convincente, ainda que não conclusiva, para a adoção de uma posição amplamente utilitária. Peter Singer. Vida Ética. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4
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