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CCJ0052-WL-B-RA-04-TP Redação Jurídica-Parecer Técnico-Jurídico - Ementa-01

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
1 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Título 
Teoria e Prática da Redação Jurídica. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
4. 
Tema 
Parecer técnico-jurídico: ementa. 
Objetivos 
 
●- Conhecer a estrutura de um parecer técnico-formal; 
●- Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; 
●- Reconhecer as características da ementa do Parecer. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Estrutura do Parecer. 
2. Características da Ementa. 
3. Estrutura da Ementa. 
4. Conteúdo da Ementa. 
Aplicação Prática Teórica 
 
O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite 
uma opinião sobre o assunto consultado, devidamente fundamentada, que lhe dê credibilidade para seu 
convencimento. 
 
A forma de um parecer jurídico: 
 
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], 
portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla 
LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos 
jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter 
fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.). 
 
Elementos do Parecer: 
 
1 - Ementa: Apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato 
antijurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista 
defendido pelo parecerista. 
 
2 - Relatório: É a narração da história processual, marcada pela isenção, que apresenta a narração dos fatos 
importantes e as circunstâncias em que ocorreram, o que possibilita uma transição lógica e coerente para a 
fundamentação. 
 
3 - Fundamentação: Argumentação baseada em sustentação principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, 
bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas 
argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto 
ao assunto da consulta. 
 
4 - Conclusão: Fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta ou sugestão para a solução do caso 
concreto analisado. 
 
5 - Parte Autenticativa: Tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e 
apresentar o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite. 
 
Informações sobre a EMENTA: 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
2 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
Em um parecer técnico-formal, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do caso 
concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de 
referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto. 
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a construção da fundamentação; são 
um verdadeiro fio condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa do documento. 
A ementa não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no 
máximo, oito linhas. A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-
formal deve conter frases nominais e palavras-chaves. Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de 
realização de aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a 
defendê-lo: 
 
Ementa 
 
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - direito fundamental à vida - preservação de valores morais - 
observância estrita da norma jurídica - segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de 
aborto. 
 
Ementa 
 
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - dignidade da pessoa humana - ponderação de interesses - 
razoabilidade - prejuízos psicológicos para a mãe - desatualização da norma jurídica - Parecer favorável à 
autorização do aborto. 
 
Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas por seu professor. 
 
Responsabilidade civil de hospital. Ato de enfermagem praticado por empregado (enfermeiro). Doente 
internado no estabelecimento, ocasionando perda parcial de membro superior esquerdo. Troca de prontuários. O 
médico não percebeu que amputava membro sadio. Perda dos dois membros superiores. 
 
Questão 
 
Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, rescreva-a de acordo com as 
orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua 
ementa os princípios do Direito aplicáveis. 
 
RESPOSTA: 
Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL HOSPITALAR - Desatenção de funcionário - Negligência Médica - 
Amputação de membros superiores – Integridade física da pessoa humana – Prejuízos físicos e psicológicos - 
Parecer favorável a indenização por danos estéticos e morais. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
4ª AULA – Regras e Princípios 
 
Regras e Princípios 
 
PRINCÍPIO DA MUTUALIDADE - É o suporte econômico essencial em toda operação de seguro, haverá sempre 
um grupo de pessoas expostas aos mesmos riscos que contribuem, reciprocamente, para reparar as 
consequências dos sinistros que possam atingir qualquer delas. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
3 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
 
PRINCÍPIO DA GARANTIA E DA CONFIANÇA - Art. 757, CC - O objeto imediato do seguro é garantir o interesse 
legítimo do segurado. E esse é o princípio da garantia, que gera a confiança no segurado, a legítima expectativa 
de que se o sinistro ocorrer, terá recursos econômicos necessários para recompor o seu patrimônio. 
 
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO ENTRE RISCO E PRÊMIO - O valor da contribuição de cada 
integrante dessa comunidade em risco para a formação do fundo comum dependerá do conhecimento antecipado 
do número de sinistros que poderá ocorrer num determinado período. Aqui entram os cálculos de probabilidades e 
a lei dos grandes números. Através da estatística. Qualquer risco não previsto no contrato desequilibra o seguro 
economicamente. 
 
PRINCÍPIO DA BOA FÉ - Risco e mutualismo jamais andarão juntos sem a boa fé. Se o seguro é uma operação 
de massa, sempre realizada em escala comercial e fundada no estrito equilíbrio da mutualidade, se não é possível 
discutir previamente as suas cláusulas, uniformemente estabelecidas nas condições gerais da apólice. 
 
Súmula 302, STJ à ''É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar 
do segurado.'' 
 
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE - As pessoas só fazem seguro por estarem expostas aos mesmos riscos, e o 
seguro é a única forma de que cada um tem de enfrentar uma vida cheia de riscos. O seguro tem por meta, se 
não a superação, a minimização dos riscos através da sua socialização. 
 
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO DE SEGURO - Os contratos devem ser interpretados de 
acordo com a concepçãodo meio social onde estão inseridos. 
 
Art. 763 do CC - Caio Mário, Orlando Gomes, Maria Helena Diniz defendem uma interpretação literal de tal 
dispositivo. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
4ª AULA – Parecer técnico - jurídico: ementa 
 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Professora Alda da Graça Marques Valverde 
Aula 04 
 
Parecer técnico - jurídico: ementa 
 
Objetivos 
● Conhecer a estrutura de um parecer técnico-jurídico; 
● Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; 
● Reconhecer as características da ementa do Parecer. 
 
Estrutura do conteúdo: 
• Estrutura do parecer; 
• Características da ementa; 
• Estrutura da ementa; 
• Conteúdo da ementa. 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
4 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
1- Retomada do conteúdo da aula anterior, a fim de esclarecer dúvida de uma aluna sobre as razões de as 
Testemunhas de Jeová recusarem-se a receber sangue. Para tal, iremos assistir a um vídeo do youtube que nos 
apresenta esse motivo. 
http://www.youtube.com/watch?v=C9-Qa1qkLH8 
 
2- Sugiro, após terem assistido ao vídeo, que produzam breve texto, em defesa do direito de recusa à transfusão 
das Testemunhas de Jeová. 
 
Apresento-lhes uma possibilidade de escritura de breve texto argumentativo: 
 
Estudos científicos demonstram que há fórmulas de o organismo produzir sangue desde que adotados os 
procedimentos necessários. Essa prática pode substituir a transfusão, evitando-se, ainda, a possibilidade de se 
adquirir doenças transmitidas pelo sangue transfundido. 
Tal constatação fragiliza a tese de a transfusão ser o único processo de se alimentar o organismo carente 
de sangue. Esclarecida a questão terapêutica, resta analisar a questão jurídica, em que se confrontam dois 
princípios: o direito à liberdade de religião e o direito à vida. 
Observe-se que, conforme o doutrinador SCHREIBER (2011, p.52): 
[...] a Constituição da República coloca a liberdade de religião e o direito à vida no mesmíssimo 
patamar. Aqui, como em outros campos, não pode o intérprete correr o risco de se agarrar à regra mais 
específica, esquecendo os princípios que lhe servem de fundamento de validade e que podem ser 
diretamente aplicados ao caso concreto. A vontade do paciente deve ser respeitada, porque assim 
determina a tutela da dignidade humana, valor fundamental do ordenamento jurídico brasileiro. 
De fato, o art. 5º da Constituição de 1988, expressa o direito à vida, juntamente com outros direitos, como a 
igualdade, a segurança, a propriedade, etc. Portanto, estabelecer que o direito à vida seja superior a outro direito 
não deriva de uma norma jurídica, mas de uma crença com base em convicções filosóficas ou médicas, como 
assegura SCHREIBER (2011, p.52). 
Certamente, em um país laico como o nosso, não pode o julgador decidir se determinado preceito bíblico é 
válido e se pode ser desobedecido. Para aquele que tem fé, ir de encontro às suas crenças e viver com a mácula 
de ter transgredido os dogmas da sua religião pode significar a morte em vida. 
Assim, deve-se respeitar o direito à vida, mas à vida digna, sem impor a qualquer pessoa que abdique de 
suas crenças e se submeta a práticas que violentam suas concepções religiosas. 
 
Leitura de um Parecer Jurídico 
 
5ª Câmara Cível 
Ação: Inventário 
Agravo de Instrumento nº 1.948/94 
Agravante: ERCS 
Agravado: Juízo da 9ª Vara de Órfãos e Sucessões 
 
EMENTA 
 
Testamento. Herdeiro universal. Existência de um único bem a inventariar, sendo imóvel gravado com cláusula de 
inalienabilidade, impenhorabilidade (até 50 anos) e incomunicabilidade (vitalícia). Herdeiro instituído portador do 
vírus da AIDS, com doença em estágio avançado. Possibilidade de autorização para alienação do bem, 
depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança, liberando-se os valores gradativamente para 
custeio do tratamento. Inteligência do art. 1.676 do Código Civil. Atendimento à real vontade da testadora. 
Interpretação sistemática dos dispositivos aplicáveis à espécie. Provimento do recurso. 
 
I - Fatos 
 
1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por testamento, de ICC, tomando parte do 
inventário tão-somente um bem imóvel, gravado com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade 
temporária (até que o herdeiro atingisse 50 anos), assim como incomunicabilidade vitalícia. 
2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e estando, já a esta altura,' comprovadamente em 
precário estado de saúde, ocasionado pelo reduzido nível de resistência do seu sistema imunológico, 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
5 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
postulou autorização para venda do bem inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a continuidade 
do seu tratamento. 
3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão do agravante, ao argumento de que o art. 1676 
do Código Civil eiva de nulidade qualquer ato judicial que intente dispensar a cláusula de 
inalienabilidade, conquanto lamentasse, a ilustre julgadora, o estado de saúde do herdeiro. 
4-O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a se pronunciar no feito opinou pelo deferimento 
do pedido formulado pela ora agravante. Já o segundo membro do “parquet” a manifestar-se nos autos, 
após juízo de retratação, alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática. 
5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara para reapreciação da matéria em comento. 
 
FUNDAMENTAÇÃO 
 
6- Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do Código Civil, importa, para se determinar o 
verdadeiro alcance de uma norma Jurídica, encetar interpretações sistemáticas do texto legislativo sob 
exame. 
7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de primeiro grau, membro do Ministério Público que 
oficiou nos autos, pecam por concentrar a análise da questão em um único dispositivo legal. 
8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso concreto, o aplicador do Direito deve mais do que 
se ater à literalidade do texto em análise, atender à procura da mens legis, situar os dispositivos em uma 
estrutura de significações e, enfim, adequar sua compreensão às novas valorações sociais exsurgidas. 
9- Mais que tudo isso, é a própria Lei de Introdução ao Código Civil, no seu artigo 5º, que fornece a diretriz 
a ser aplicada pelo julgador na interpretação da norma legal, 
''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem 
comum." 
10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende investigar, precipuamente, a vontade do testador, 
buscando a sua essência, de forma a condicionar a interpretação das disposições testamentárias e 
adequar os preceitos legais incidentes à hipótese. 
11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros necessários, nomeou seu sobrinho, o ora agravante, 
então com apenas 13 anos, seu herdeiro universal, gravando os bens imóveis com já mencionadas 
cláusulas. Visava ela, concomitantemente; beneficiar o herdeiro instituído e protegê-lo, intentando 
garantir-lhe teto seguro até idade madura de (50 anos), isolando-o das vicissitudes da vida moderna. 
12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, que este terrível mal chamado AIDS iria 
apossar-se do herdeiro que, certamente com muito carinho, acabara de instituir, relegando-o a umagradual e sofrida morte prematura. 
13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com a atual situação do agravante: este, embora 
possua o domínio de um bem imóvel, não pode usá-lo e nem fruí-lo, eis que se encontra em constante 
tratamento de saúde, e, pior, não pode empregar o valor do patrimônio transmitido em prol da tentativa 
de prolongar sua existência. Ora, onde está a prevalência da vontade do testador, essencial no 
cumprimento das disposições testamentárias, diante destas circunstâncias? A interpretação da norma 
estaria levando em conta os fins sociais e as exigências do bem comum, a que ela se destina? 
14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador permaneceram estancados no tempo, 
logrando a evolução interpretativa adequar o dispositivo contido no art. 1.676 do Código Civil às novas 
facetas da vida, abrandando o seu rigor. 
15- De fato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777, permitiu-se a alienação de imóveis gravados, 
substituindo-os por outros imóveis ou títulos da dívida pública, permanecendo sobre estes os gravames. 
16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais, passaram a admitir a alienação do bem 
gravado, com autorização judicial, por necessidade ou conveniência manifesta do titular, ocorrendo a 
sub-rogação em outro bem. 
17- No caso em tela, nada impede que o produto da venda seja depositado em caderneta de poupança à 
disposição do juízo, utilizando-se o seu saldo no custeio do tratamento do agravante. 
18- Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário, que o bem substituto (valor depositado em 
poupança) iria, pouco a pouco, se esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder de disposição 
sobre o imóvel herdado, justamente o que pretendeu vedar a testadora e assegurar o preceito do Código 
Civil. 
19- O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à morte, enquanto o bem recebido permanece 
absolutamente inóxio, pois sequer rende frutos, isso sim significa afrontar a vontade da testadora e o 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
6 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
próprio alcance teleológico da lei, desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade. 
20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão unânime proferido pela 6ª Câmara Cível do Tribunal 
de Justiça do Rio de Janeiro no agravo em que foi relator o Desembargador Laerson Mauro: 
"-Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade 
vitalícia sobre bens de herança, da legítima como da disponível, abrangendo não só o principal 
como os frutos e rendimentos, a liberalidade perder toda a sua utilidade, chegando mesmo a 
descaracteriza-se jurídica e economicamente, é imperioso que se apliquem tantas regras 
exegéticas quantas caibam na espécie, para evitar-se a inocuidade da deixa, preservando, assim, 
à herdeira algum beneficio em vida. Agravo provido." 
21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto gravado com as cláusulas de, inalienabilidade 
e incomunicabilidade, ser alienado, conforme requerido, depositando-se o produto da venda em 
caderneta de poupança à disposição do juízo, a fim de que libere gradativamente as quantias 
necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro universal, posição esta que se afina com o mais atual 
entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, ainda, alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos 
aplicáveis à espécie (atender à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender aos fins sociais 
compreendidos no caso em exame), interpretando-os sistematicamente. 
 
II- Conclusão 
 
Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a quo, permitindo-se a alienação do bem 
gravado, atendidas as exigências contidas no item 20 supra. 
 
É o parecer. 
 
Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995 
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro 
Procurador de Justiça 
 
CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro, A atuação do Ministério Público na Área Cível: Temas diversos. 2. ed.Rio de 
Janeiro: Lumen Juris LTDA. 2001, pp. 245,246,247,248. 
 
Parecer técnico-jurídico 
 
O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite 
uma opinião sobre o assunto consultado. Deve estar devidamente fundamentada, a fim de produzir credibilidade 
e, consequentemente, o convencimento sobre a pertinência da opinião expressa. 
 
A forma de um parecer técnico- jurídico: 
 
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], 
portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla 
LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos 
jurídicos em seus pronunciamentos processuais. 
Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a 
palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.). 
 
Elementos do parecer técnico- jurídico: 
 
1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato 
jurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista 
defendido pelo parecerista. 
2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada pela isenção. Apresenta a narração dos fatos 
importantes e as circunstâncias em que estes ocorreram Isso possibilita uma transição lógica e coerente para a 
fundamentação. 
3- Fundamentação: argumentação baseada em sustentação principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, 
bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
7 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto 
ao assunto da consulta. 
4 - Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta ou sugestão para a solução do caso 
concreto analisado. 
5 - Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar 
o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite. 
 
Identificação e análise das partes de um Parecer técnico-formal em peça produzida por um aluno da 
disciplina de Teoria e Prática da Redação jurídica. 
 
Ementa: 
 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -- Dançarino e modelo intitulado como gay em programa de TV -- 
Fotos mostradas em rede nacional. Violação de intimidade e privacidade -- Alegação do réu de prevalência do 
Direito à informação -- Confronto de princípios Constitucionais. Preponderância e inteligência no Art. 5°, inciso X, 
CRFB/88 -- Parecer favorável à indenização. 
 
Relatório: 
 
Trata-se de ação de indenização por dano moral proposta por Carlos Alberto Prata, modelo e dançarino; 
contra a emissora de televisão Rede LM, por considerar ter havido violação de sua intimidade e privacidade. O 
fato ocorreu no programa da emissora, “Superbom”, que apresentou uma matéria sobre o clube das mulheres, em 
fevereiro de 2006. 
Segundo Carlos Alberto, sua privacidade e intimidade foram violadas a partir do momento em que, ao ter 
exposta a matéria no programa apresentado por Carla Couto, fora chamado de gay. 
Ainda de acordo com o modelo, durante o quadro, foram entrevistados o apresentador, o diretor e outros 
convidadosdo “clube” e o tema homossexualidade entre os dançarinos foi abordado, de forma a afirmar que o 
dançarino teria abandonado o clube por ser gay. Alega, também, que teve suas fotos mostradas para o público e 
em rede nacional. 
De acordo com os autos, a emissora, em defesa, alegou que foi esclarecido, ainda no programa, que os 
dançarinos não seriam homossexuais, pois dançavam para mulheres e que o nome completo do autor não foi 
divulgado, bem como que não houve ofensas a ele. E ainda, o direito de informação, constitucionalmente 
garantido, não pode sofrer restrições, sob pena de se impor censura ao trabalho dos jornalistas e apresentadores. 
 
É o relatório. 
 
Fundamentação: 
 
À luz do Direito Constitucional, é sabido que nenhum princípio é absoluto, todos são dotados de 
relatividade, ou seja, toda vez em que há um confronto principiológico, analisa-se o caso concreto, e os princípios 
envolvidos são cotejados para ver qual irá prevalecer naquela situação. De fato, é assim que deve ocorrer no que 
tange à violação de intimidade sofrida por Carlos Alberto Prata em confronto com o direito à informação. 
Não há dúvida de o Autor ter sofrido tal violação, porque sua imagem foi exposta em rede nacional e 
também a ela associada sua suposta opção sexual como causadora da exclusão de sua participação no “clube das 
mulheres”. Além disso, em momento algum, Carlos autorizou tal exibição e afirmou ter-se sentido constrangido em 
razão da exposição de que foi vítima: foi intitulado gay perante toda sociedade. Acrescente-se que o fato alegado 
pela emissora de não haver revelado o seu nome e apenas a sua imagem em nada ameniza ou descaracteriza o 
desrespeito à pessoa de Carlos, já que esta bastou para identificá-lo e expô-lo à execração pública. 
Apesar de o confronto principiológico ser um tema bem controverso, é pacificada a prática de se adotar a 
ponderação de tais princípios constitucionais e avaliar qual prevalecerá de acordo com cada caso. Nesse sentido, 
a Senhora Ministra Ellen Grace no RE 389.096-AgR /SP votou: 
“Enquanto o artigo 5º, X da Constituição Federal, garante a inviolabilidade da vida privada, da honra 
e imagem das pessoas, o artigo 220 veda qualquer restrição à manifestação de pensamento, à criação, à 
expressão e à informação, sob qualquer forma. Regra completada pelo artigo 1º da Lei nº 5.250/67, que diz 
ser “livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, 
por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo, cada um, nos termos da lei, pelos 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
8 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
abusos que cometem”. 
“Para saber onde começa o direito de um e termina o do outro, buscando o equilíbrio, impõe-se a 
análise dos fatos e da prova, que permitirá concluir-se pela existência ou não do abuso a que se refere o 
legislador, tendo-se presentes os efeitos deletérios de uma notícia equivocada, sobretudo se publicada em 
jornal ou revista de grande circulação.” (Fls. 974-980). 
Assim sendo, diante do confronto entre a inviolabilidade de imagem, honra, privacidade e intimidade, 
prevista no Art. 5ª, X da Carta Magna e o Direito à informação, contido no mesmo artigo, inciso IX, ambos deverão 
ser postos em uma “balança” e ponderados. Em que pese o direito à informação prevalecer com base no interesse 
público, o que se vê é um interesse do público a que se destina o programa, em simplesmente saber da vida 
alheia. 
Em contrapartida, não se pode negar que a Lei da Imprensa, respaldada no Art. 5°, IX prima pela 
preponderância da informação perante a sociedade e tem como escopo a busca do interesse público. Irrefutável, 
porém, é a prova de que, ao ser questionada a sexualidade do autor, o interesse público à informação 
descaracterizou-se, passando a ser mera fofoca, não devendo ter relevância no que tange à sua ponderação e 
prevalência. 
Assim, mostra-se evidente a decisão a ser tomada em 1º grau, no sentido de acolher o pedido do autor 
quanto à indenização por danos morais sofridos pela divulgação e questionamento de sua sexualidade, não só 
como forma de ter alcançada a justiça, mas também no sentido de impedir que ações como essas se repitam e 
reforcem o preconceito e constrangimento. 
 
Conclusão: 
 
Em face do exposto, opina-se que deva ser acolhido o pedido do autor em ser indenizado por danos morais 
decorrentes de violação de privacidade e intimidade. 
 
É o parecer. 
 
XXXXXXXXXXXXXX 
12/11/2009 
 
Informações sobre a EMENTA: 
 
Em um parecer técnico-jurídico, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do 
caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os 
nexos de referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto. 
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a elaboração da fundamentação; 
são um verdadeiro fio condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa do documento. 
A ementa deste tipo de parecer não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem 
direita e conter, no máximo, oito linhas. 
A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-jurídico deve 
conter frases nominais e palavras-chave. Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de realização de 
aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-lo: 
 
Ementa 
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito fundamental à vida – preservação de valores 
morais – observância estrita da norma jurídica – segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao 
procedimento de aborto. 
 
Ementa 
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – dignidade da pessoa humana – ponderação de 
interesses – razoabilidade – prejuízos psicológicos para a mãe – desatualização da norma jurídica – Parecer 
favorável à autorização do aborto. 
 
Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas: 
Separação de corpos. A autora afastou-se do lar. Fumus boni juris. Periculum in mora. Impossibilidade de 
convivência. Liminar. Alcoolismo. Art. 888, VI do CPC. Art. 223 do CC. 
 
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Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
004 
Assunto: 
Parecer Técnico-jurídico: Ementa 
Folha: 
9 de 9 
Data: 
13/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP 
 
Questão 
 
Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, reescreva-a de acordo com 
as orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em 
sua ementa os princípios do Direito aplicáveis. 
 
RESPOSTA: 
MEDIDA CAUTELAR DE SEPARAÇÃO DE CORPOS – Alcoolismo – Impossibilidade de convivência –
Afastamento da autora do lar -- Fumus boni juris, Periculum in mora-- Art. 888, VI CPC – Parecer favorável ao 
deferimento da liminar. 
 
 
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