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CCJ0052-WL-B-RA-10-TP Redação Jurídica-Fundamentação do Parecer-01

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
1 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Título 
Teoria e Prática da Redação Jurídica. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
10. 
Tema 
Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas. 
Objetivos 
●- Identificar as características do texto argumentativo e diferenciar essa produção textual da narração; 
●- Reconhecer os principais tipos de argumento; 
●- Compreender a organização lógica e o encadeamento dos argumentos. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Tipos de argumento 
1.1. Argumento pró-tese. 
1.2. Argumento de autoridade. 
1.3. Argumento de senso comum. 
1.4. Argumento de oposição. 
1.5. Argumento de analogia. 
1.6. Argumento de causa e efeito. 
 
2. Seleção e organização dos tipos de argumento 
 
3. Coesão seqüencial e coerência argumentativa 
Aplicação Prática Teórica 
 
Os argumentos são recursos linguísticos que visam à persuasão, ao convencimento. O argumento não é 
uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas 
ciências exatas. O argumento implica juízo do quanto é provável ou razoável. 
A variedade de tipos de argumentos dinamiza o texto e aumenta a possibilidade de convencimento, uma 
vez que explora estruturas lógicas diferenciadas. 
 
ARGUMENTO PRÓ-TESE 
 
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro 
argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + 
porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à 
tese escolhida. 
 
Exemplo: Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, 
porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu 
covardemente contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava 
desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos. 
 
ARGUMENTO DE AUTORIDADE 
 
Argumento constituído com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas científicas 
comprovadas. 
 
Exemplo: A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade 
democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre 
preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em 
questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao 
menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
2 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro. 
 
ARGUMENTO DE SENSO COMUM 
 
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está amplamente 
difundida na sociedade. 
 
Exemplo: A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais 
essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. 
Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates 
violentos. Não foi essa a opção de Anísio. Preferiu pegar uma faca e, como um bárbaro, assassinar a 
mulher, evitando todas as outras soluções pacíficas existentes, como a imediata separação que o 
afastaria definitivamente de quem o traiu. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de 
morte para a traição amorosa. 
 
ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO 
 
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia 
permite antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte 
durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais 
fortes da parte oposta. 
Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo 
argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, apresentar, como 
argumento decisório, a perspectiva contrária. 
 
Exemplo: Embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro 
homem em sua própria casa, uma pessoa de bem, diante de situações adversas, reflete, pondera, o 
que a impede de agir contra os valores sociais. Eis o que nos separa dos criminosos. É certo que o 
flagrante de uma traição provoca uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a 
companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito 
amoroso. 
 
ARGUMENTO DE ANALOGIA 
 
É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de semelhança entre elementos 
presentes tanto no caso concreto analisado quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após 
apresentar as provas do caso concreto, desenvolve-se um raciocínio que consiste em aplicar o 
tratamento dado em outro caso ou hipótese ao caso ora avaliado. 
O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a partir de casos concretos 
distintos, mas semelhantes. A analogia é também procedimento previsto no Direito como gerador de 
norma nos casos de omissão do legislador. 
 
Exemplo: Qualquer pessoa tem dificuldade de negar que utilizaria qualquer meio para defender 
alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a 
matar o assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de 
um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos 
caronas que conduz. O que há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é 
que existe um sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione 
racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de alguém. 
 
ARGUMENTO DE CAUSA E EFEITO 
 
Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de evidenciar as consequências 
imediatas de determinado ato (retirado das provas) praticado pelas partes. 
Excelente opção para estabelecer nexo causal entre condutas e resultados, quando se trata de 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
3 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
Responsabilidade Civil e de Direito Penal. 
 
Exemplo: Por fim, registre-se que, a necropsia concluiu que as três facadas que atingiram de forma 
brutal a vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o coração; consequentemente, provocaram 
sua morte em poucos segundos. O laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar 
a pessoa que o preteriu, mas principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da mulher que 
insanamente dissera amar. 
 
Caso Concreto 
 
Ivan faleceu em 13.01.2003. Seu inventário foi aberto por seus filhos Gustavo e Flávio, herdeiros 
necessários do de cujus, oportunidade em que foi declarado que o mesmo era casado com Paula pelo regime da 
separação convencional de bens. 
Citada, na forma do art. 999 do CPC, Paula postula sua habilitação no processo de inventário, como 
herdeira necessária, bem como pleiteia a concorrência napartilha dos bens do de cujus, com fulcro nos art. 1.829, 
I e 1.845, ambos do CC/02, já que o legislador não excluiu da participação na sucessão o cônjuge casado pelo 
regime da separação convencional de bens. 
Os herdeiros apresentam impugnação ao pleito de Paula, ao argumento de que o regime adotado pelo 
casal fora lavrado por escritura pública de pacto antenupcial, com todas as cláusulas de incomunicabilidade, razão 
pela qual a impugnada deveria ficar excluída da sucessão. 
 
Material de apoio: 
 
Sucessão do Cônjuge Sob a Égide do Atual Código: 
 
Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, em 11.1.2003, o cônjuge passou a ser considerado 
herdeiro necessário, e não apenas facultativo, juntamente com os descendentes e com os ascendentes, com 
fulcro no Art. 1.845 do CC. 
Além disso, passou a concorrer na sucessão do de cujus juntamente com a classe dos descendentes e com 
a classe dos ascendentes, conforme se coaduna da leitura do artigo 1.829, I e II do CC/02. 
O Art. 1.829, I do CC estabelece que a sucessão legítima será deferida ao cônjuge em concorrência com os 
descendentes, exceto se casado pelo regime da comunhão universal, da separação obrigatória ou da comunhão 
parcial, se o autor da herança não houver deixado bens particulares. 
Em razão de o regime da separação consensual ou convencional não se encontrar expresso na exceção do 
artigo supramencionado, controvérsia doutrinária e jurisprudencial surge sobre o tema. 
 
Explanação da Controvérsia: 
 
Uma primeira posição, que é defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria 
Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação 
convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que esse regime não se 
encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir onde a legislador não o fez. Sustenta 
que caso fosse a pretensão do legislador excluir o direito sucessório cônjuge casado pelo regime da separação 
convencional de bens, teria o feito expressamente, da mesma forma que foi feito com o regime da comunhão 
universal e da separação obrigatória. 
Uma segunda posição, que é a que vem predominando no STJ, sustenta que o cônjuge casado pelo regime 
da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que, 
antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, que se espraia, no 
plano da livre manifestação de vontade humana, por meio da autonomia da vontade, autonomia privada e da 
consequente autorresponsabilidade, bem como da confiança legítima que brota da boa-fé. Preconiza que se deve 
ter no Direito das Sucessões uma transmutação o regime que fora escolhido em vida, de forma que prevaleça a 
interpretação que prima pela valorização da vontade das partes na escolha do regime, mantendo essa escolha 
intacta tanto na vida quanto na morte. 
 
QUESTÃO 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
4 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e secundárias que auxiliam a solução da 
lide, desenvolva uma ementa e uma fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá 
apresentar, pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente entre as opções listadas na 
aula de hoje. 
 
RESPOSTA-01: 
 
PARECER 
 
EMENTA: VIOLAÇÃO AO DIREITO DE 
SUCESSÃO. Regime de separação 
convencional dos bens - Princípio da 
dignidade da pessoa humana – Princípio da 
livre manifestação da vontade – Princípio da 
autonomia privada - Princípio da boa fé. 
Parecer favorável à impugnação do pleito a 
sucessão. 
 
Cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os 
descendentes do autor da herança porque deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa 
humana, que se espraia, no plano da livre manifestação de vontade humana e também da autonomia 
privada, além de ferir a confiança legítima que brota do princípio da boa-fé. 
A Constituição Federal garante a livre manifestação da vontade e da autonomia privada, bem 
como o Código Civil de 2002 admite o regime da separação convencional de bens. Já que este foi o 
regime escolhido pela Demandante e seu falecido cônjuge, deve o mesmo ser respeitado. 
Embora a tese defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria 
Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da 
separação convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez 
que esse regime não se encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir 
onde a legislador não o fez. É certo que deve ser seguida a opinião do STJ, onde o cônjuge casado 
pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor 
da herança, uma vez que, antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princípio da dignidade da 
pessoa humana, o da livre manifestação da vontade e o da boa-fé. 
 
Parecer favorável à impugnação do pleito da demandante. 
 
Deve a Demandante, respeitar o que foi anteriormente acordado com o seu já falecido 
cônjuge, e não pleitear o que não é cabível na herança do mesmo. 
 
Ante o exposto, opino se em vida os cônjuges escolheram um regime de comunhão, na falta 
de um deles o outro deve respeitar o que foi acordado. É o parecer, salvo melhor juízo. 
 
Recife, 27 de agosto de 2013. 
 
____________________________________ 
Advogado 
OAB 
 
RESPOSTA-02: Andrea Barros 
 
VIOLAÇÃO DO DIREITO DE SUCESSÃO – Família e 
sucessões -deveres indisponíveis - princípio da 
dignidade da pessoa humana - direito de herança – 
sucessão legítima. Parecer favorável ao direito de 
concorrência hereditária. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
5 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
 
A Constituição Federal é muito clara quando em seu art. 226, §5º coloca que os direitos e 
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, no 
mais o caput do referido artigo determina a premissa: “A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado”, ratificando o valor da família independentemente de como ela se forme. 
Apesar do regime de bens entre os cônjuges ter sido o de separação convencional com 
cláusulas de incomunicabilidade, o que é perfeitamente admitido pelo Código Civil em seu artigo 
1.639 caput cc 1.687 e 1.688, não poderão tais cláusulas contrariar a lei, a ordem pública, os bons 
costumes e a boa fé, garantia ofertada pelo artigo 1.655 do Código Civil que assim textualiza: “É nula 
a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei” de igual modo refere o art. 
1.640 o qual determina que sendo a convenção nula ou ineficaz, vigorará quanto aos bens entre os 
cônjuges, o regime de comunhão parcial. 
Destarte, não se pode negar que a requerente teve seu direito de herdeira necessária violado 
porque as cláusulas atinentes ao pacto antenupcial violaram deveres indisponíveis como o da 
dignidade e o da personalidade, ambos formados durante a união conjugal e também instituiu a 
exclusão de direitos legalmente garantidos como o da mútua assistência violando dispositivo legal 
cogente, alem disso os deveres conjugais apontados pela legislação civil não podem ser modificados 
por intermédioda pactuação prévia ao casamento sob pena do instrumento burlar o próprio sistema 
de regime patrimonial instituído pelo ordenamento jurídico pátrio e, assim prejudicar um dos 
envolvidos em um momento de dificuldade. 
 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
10ª AULA – Narrativa Jurídica 
 
Relatório 
 
Só é permitida Valoração Normativa. 
Relatório de Parecer => Narrativa Simples e Valorada para a Norma. 
 
Narrativa Jurídica => Fontes do Direito 
-Simples 
-Valorada 
 
Exemplo: Art. 186 
Ação 
Omissão => Não deu baixa no pagamento 
Violação => Direito de Crédito 
Dano => Moral e Material 
 
1. Trata-se de situação de dano moral em que Bruna mantinha Contrato de Crédito com a Empresa “X”, por 
meio do qual a referida outorga R$ 10.000,00, com vencimento para o dia 05 de cada mês. 
2. Bruna pagou a fatura, no dia 02 do corrente mês, mesmo assim teve seu nome negativado pela 
Empresa “X” conforme se vê nos documentos em anexo. 
 
QUESTÃO 
 
Leia o caso concreto: 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
6 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
Marcelo e Camila são casados há 10 anos. Em 01 de novembro de 2008, quando Camila digitava um 
trabalho da faculdade no computador utilizado pelo casal, ficou estarrecida: encontrou uma série de e-mails 
comprometedores, armazenados pelo marido, na máquina da família. 
Descobriu que, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008, seu marido, usando o 
apelido ”homem carente de meia idade”, trocava quase diariamente mensagens de natureza erótica com uma 
mulher que assinava “cheia de amor pra dar”. 
Ao ler as mensagens, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem 
construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. A situação ficou ainda mais grave, porque, nessas ocasiões, 
Marcelo fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual de Camila e afirmava que ela seria uma pessoa 
"fria" na cama. 
Por conta de todos esses fatos, Camila se separou de Marcelo. Cerca de quatro meses após a separação, 
ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor de 20 mil 
reais. Em síntese, alegou na Petição Inicial que: a) o ex-marido manteve relacionamento com outra mulher na 
constância do casamento; b) a traição foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e sua 
amante; c) a traição foi demonstrada pela troca de fantasias eróticas (sexo virtual) entre os dois; d) precisou 
passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria; e) foram violados sua honra subjetiva e seu 
direito à privacidade no casamento. 
Em sua defesa, o ex-marido alegou a improcedência do pedido sustentando o seguinte: a) sexo virtual não 
caracteriza traição; b) houve invasão de privacidade e violação do sigilo das correspondências; c) os e-mails 
devem ser desconsiderados como prova da infidelidade; d) não difamou a ex-esposa, ao contrário, ela mesma 
denegria sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas. 
Em entrevista à imprensa, a autora afirmou que não houve violação de sigilo das correspondências. Para 
ela, não está caracterizada a invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso 
da família e os cônjuges compartilhavam a mesma senha de acesso. "Simples arquivos não estão resguardados 
pelo sigilo conferido às correspondências", concluiu. 
Agora que você já conhece o conflito, produza, com base nessa leitura, esquema idêntico ao que segue. A 
primeira linha da tabela já foi preenchida para que sirva de exemplo para você colher as demais informações no 
caso concreto. Identifique quantos elementos entender adequado. 
 
COMPLETAR 
 
Elemento da 
narrativa jurídica 
Informação retirada do texto 
(contextualização do real) 
Parágrafo argumentativo que tome por 
base a informação selecionada 
Característica moral 
do marido 
Marcelo compartilhava com 
uma desconhecida detalhes de 
sua vida sexual com a esposa. 
Se a traição, por si só, já causa abalo 
psicológico ao cônjuge traído, a honra 
subjetiva da autora foi muito mais agredida, 
ao saber que seu marido, além de traí-la? 
inobservância do dever conjugal de 
fidelidade? violou a confiança da esposa 
quando teceu comentários difamatórios com 
sua amante quanto à sua vida íntima. 
 
 
 
 
==XXX== 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
7 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
10ª AULA – Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas 
 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Professora Alda da Graça Marques Valverde 
Aula 10 
 
Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas 
 
Correção da aula 9- Possibilidade de escritura da narrativa da Inicial: 
 
Dos Fatos 
 
A autora, praticante de atividades esportivas, correspondente de um jornal de grande circulação, 
aproveitando-se de um dia de folga do trabalho, decidiu realizar suas compras mensais, a fim de abastecer sua 
casa. Assim, no nefasto dia 14 de junho de 2003, adentrou no estabelecimento da ré, confiante de que lhe seriam 
prestados serviços de qualidade, isto é, encontraria os produtos de que necessitava em ambiente limpo e seguro. 
Não esperava, jamais, ser vítima da negligência da ré. 
Caminhava, entre uma seção e outra, guiada pela lista de compras feita no dia anterior. Seguia, buscando 
as marcas de sua preferência, examinando datas de validade: procurava unir preço e qualidade. Infelizmente, 
suas compras foram abruptamente interrompidas: na seção de material de limpeza, o piso estava completamente 
encharcado, e mais; cheio de sabão! Não havia nem um funcionário que impedisse o acesso à perigosa área ou 
qualquer obstáculo que cumprisse essa função. A ré se deu, apenas, ao trabalho de deixar um cavalete no local, 
com uma insignificante placa de aviso: “Piso escorregadio”. Enfim, não adotou os cuidados necessários a fim de 
isolar o local, embora tivesse consciência de o piso oferecer sérios riscos à integridade física dos seus clientes, 
haja vista a placa ali exposta. Como poderia a autora enxergar tal placa, se sua preocupação estava voltada para 
as gôndolas com os produtos de que precisava? 
Assim, ocorreu o inevitável: escorregou, caiu, lesionou o pé direito. Levada ao Centro de Reumatologia e 
Ortopedia, foi diagnosticada tendinite na face dorsal de seu pé direito o que ensejou sua imobilização por exatos 
21 (vinte e um) dias. Isso mesmo: vinte e um dias sem poder praticar suas atividades físicas; sem poder 
comparecer ao trabalho. Em razão desse forçoso afastamento de suas atividades laborais, perdeu a oportunidade 
de fazer a cobertura de um importante evento esportivo em Londres. 
A autora assumiu, portanto, despesas com as quais não contava, a fim de custear seu tratamento, 
conforme documento em anexo. Além disso, sofreu a frustração de não poder praticar suas atividades esportivas 
e de ter perdido uma rara oportunidade de ampliar sua experiência profissional e, assim, ascensão no trabalho. 
Procurou a autora, de forma amistosa, que a ré assumisse os prejuízos materiais e morais que a ela foram 
impostos pela evidente negligência da ré, mas não logrou êxito. 
Por essa razão, viu-se forçada a buscar judicialmente a reparação pelos danos a ela causados pela ré. 
 
Objetivos da aula 10 
 
- Identificar as característicasdo texto argumentativo e diferenciar essa produção textual da narração; 
- Reconhecer os principais tipos de argumento; 
- Compreender a organização lógica e o encadeamento dos argumentos. 
 
Estrutura do conteúdo: 
 
1. Tipos de argumento: 
1.1. Argumento pró-tese; 
1.2. Argumento de autoridade; 
1.3. Argumento de senso comum; 
1.4. Argumento de oposição; 
1.5. Argumento de analogia; 
1.6. Argumento de causa e efeito. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
8 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
2. Seleção e organização dos tipos de argumento 
 
3. Coesão sequencial e coerência argumentativa 
 
TIPOS DE ARGUMENTO 
 
1.1 - Argumento Pró-tese 
 
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a 
compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além 
disso. Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese escolhida. 
 
Exemplo: 
“Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque desferiu 
três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa 
desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o 
que afastaria a hipótese de privação de sentidos”. 
 
1.2 - Argumento de Autoridade 
 
Argumento constituído com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas científicas comprovadas. 
 
Exemplo: 
“A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática 
defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que 
qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira 
covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu 
desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do 
Código Penal Brasileiro”. 
 
1.3 - Argumento de Senso Comum 
 
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está amplamente difundida na 
sociedade. 
 
Exemplo: 
A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. 
Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, 
dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio: deu 
vazão a sua ira e matou sua mulher. 
 
1.4 - Argumento de Oposição 
 
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite 
antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de 
solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta. 
Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, 
admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, apresentar, como argumento decisório, a 
perspectiva contrária. 
 
Exemplo: 
Por outro lado, embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro 
homem em sua própria casa, havia formas razoáveis de resolver o conflito. Eis o que nos separa dos 
criminosos. Ademais, não se nega o fato de que o flagrante de uma traição provocar uma intensa dor, porém o 
ato extremo de assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
9 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
cabível ao conflito amoroso. 
 
1.5 - Argumento de Analogia 
 
É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de semelhança entre elementos presentes 
tanto no caso concreto analisado quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após apresentar as provas do caso 
concreto, desenvolve-se um raciocínio que consiste em aplicar o tratamento dado em outro caso ou hipótese ao 
caso ora avaliado. 
O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a partir de casos concretos distintos, 
mas semelhantes. A analogia é também procedimento previsto no Direito como gerador de norma nos casos de 
omissão do legislador. 
 
Exemplo: 
Não resta dúvida de que, dificilmente, alguém negaria ser incapaz de utilizar qualquer meio para defender 
alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o 
assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é 
plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que 
há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um sentimento de amor ou bem 
querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da 
proteção de alguém. Como, então, Anísio pode dizer que matou por amor? Amava, sim, a si mesmo, já que não 
suportou o amor próprio ferido. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição 
amorosa. 
 
1.6 - Argumento de Causa e Efeito 
 
Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de evidenciar as consequências imediatas de 
determinado ato (retirado das provas) praticado pelas partes. 
Excelente opção para estabelecer nexo causal entre condutas e resultados, quando se trata de 
Responsabilidade Civil e de Direito Penal. 
 
Exemplo: 
Por fim, registre-se que, a necropsia concluiu que as três facadas que atingiram de forma brutal a vítima, 
foram profundas, perfuraram artérias e o coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos 
segundos. O laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa que o preteriu, mas 
principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da mulher que insanamente dissera amar. 
 
SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS TIPOS DE ARGUMENTO 
 
COESÃO SEQUENCIAL E COERÊNCIA ARGUMENTATIVA 
 
A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. 
Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, 
dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio: deu 
vazão a sua ira e matou sua mulher. 
Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque desferiu 
três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa 
desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o 
que afastaria a hipótese de privação de sentidos. 
A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática 
defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que 
qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira 
covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu 
desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código 
Penal Brasileiro. 
Por outro lado, embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o comoutro homem 
em sua própria casa, havia formas razoáveis de resolver o conflito. Eis o que nos separa dos criminosos. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
10 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
Ademais, não se nega o fato de que o flagrante de uma traição provocar uma intensa dor, porém o ato extremo de 
assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito 
amoroso. 
Importantíssimo registrar que a necropsia concluiu que as três facadas que atingiram de forma brutal a 
vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos 
segundos. O laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa que o preteriu, mas 
principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da mulher que insanamente dissera amar. 
Não resta dúvida que, dificilmente, alguém negaria ser incapaz de utilizar qualquer meio para defender 
alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o 
assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é 
plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que 
há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um sentimento de amor ou bem 
querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da 
proteção de alguém. Como, então, Anísio pode dizer que matou por amor? Amava, sim, a si mesmo, já que não 
suportou o amor próprio ferido. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição 
amorosa. 
 
Questão de casa: 
 
Caso concreto 
 
Será examinado pelo Supremo Tribunal Federal o pedido do Estado de Mato Grosso do Sul para que seja 
suspensa a liminar que obriga o Estado a fornecer três doses diárias de 200 mg do medicamento miglustat 
(Zavesca) a uma criança de sete anos, portadora da doença de Niemann-Pick tipo C. 
Os pais da criança, em mandado de segurança contra ato do secretário de Saúde e do diretor da Casa de 
Saúde do Estado, alegaram a gravidade da doença neurodegenerativa, que pode causar a paralisia dos nervos 
motores oculares, "incoordenação" progressiva, envolvimento cognitivo e até mesmo a morte prematura da filha. 
Segundo o advogado, com base na opinião de especialista em neurologia infantil, o remédio importado seria a 
única possibilidade para interromper o avanço da doença. 
No pedido, a defesa observou que a renda dos pais é limitada. Afirmou, ainda, que apesar de não se 
encontrar licenciado no Brasil, o medicamento já está sendo utilizado com sucesso no Canadá, não havendo, na 
opinião do médico, qualquer efeito colateral que pudesse ser mais grave do que a própria evolução da doença. 
Após examinar o pedido, o desembargador Josué de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado, concedeu a 
medida urgente. 
O Estado veio, então, ao STJ, requerendo a suspensão da liminar. "Entes públicos devem observar a 
proibição da circulação dos medicamentos não registrados no Brasil, sob pena de ofensa à competência 
administrativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para regulamentar, controlar e fiscalizar os 
produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública", alegou. 
Ainda segundo o Estado, o fornecimento do medicamento sem licença põe em risco a saúde da 
coletividade, pois o registro só é concedido após análise científica do remédio, quando também é levado em conta 
o custo-benefício em face da efetiva possibilidade de cura. Destacou que o custo mensal elevado do remédio, de 
RS 52.143,05, servirá apenas de experimento para a garota, já que os estudos quanto a sua aplicação não estão 
concluídos. 
Para o Estado, é imprescindível que, nas políticas públicas de saúde, bem como nas ações judiciais dela 
decorrentes, "sejam feitas ponderações, que reconheçam os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, 
minimizando o interesse individual para que seja atendida a cobertura universal de forma igualitária e sem riscos à 
própria saúde". 
Após examinar o caso, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, negou seguimento ao pedido, por não 
ser de sua competência a decisão de suspender a liminar, já que o mandado de segurança impetrado pela menor 
encontra-se alicerçado em fundamento constitucional. "Diante, pois, da índole eminentemente constitucional que 
anima a controvérsia, fica evidenciada a incompetência desta presidência para o exame da suspensão pleiteada", 
considerou. Quem teria tal competência é o STF. 
O ministro explicou, também, ser irrelevante, no caso, que o acórdão contenha fundamentação 
constitucional e infraconstitucional. "Havendo competência concorrente para o pedido de suspensão, há vis 
atrativa da competência do ministro presidente do Supremo Tribunal Federal", concluiu o ministro Edson Vidigal. 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
11 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP 
QUESTÃO 
 
Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e secundárias que auxiliam a solução da 
lide, desenvolva uma ementa e uma fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá 
apresentar, pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente entre as opções listadas na 
aula de hoje. 
 
RESPOSTA: 
 
Ementa 
 
PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR — 
Fornecimento do medicamento Zavesca à criança de 
sete anos com doença neurodegenerativa – 
Impossibilidade dos pais de aquisição do medicamento – 
Alegação de ausência de registro do medicamento do 
medicamento no Brasil – Comprovação de sucesso no 
Canadá – Princípio da Dignidade Humana – Art. 6º e Art. 
196 CRFB – Parecer favorável ao fornecimento do 
medicamento 
 
Fundamentação 
 
Segundo Madre Teresa de Calcutá, o lugar do homem é onde os homens precisam dele. Não se pode viver 
sem o estabelecimento de um vínculo entre os seres que compartilham do mesmo planeta. Essa partilha vai além 
do espaço físico, expande-se para a esfera social e cria responsabilidades recíprocas. Não se pode negar a vida a 
uma criança, quando há expectativa de preservação dessa vida. 
No caso em análise, observa-se que a necessidade do fornecimento do medicamento à criança é 
inquestionável, porque foi acometida por uma doença neurodegenerativa - Niemann-Pick tipo C – cujas 
consequências são gravíssimas: paralisia dos nervos motores oculares, “incorreção” progressiva, envolvimento 
cognitivo e até mesmo a morte prematura. Além disso, conforme especialista em neurologia infantil, somente o 
remédio Zavesca, importado do Canadá, poderia interromper o avanço da doença. Por fim, em razão do alto custo 
do medicamento e da comprovada insuficiente renda dos pais, impõe-se ao Estado a obrigação de fazer. 
Tal obrigação está expressa de forma objetiva na Constituição da República Federativa do Brasil, em seu 
art. 196, ao garantir que a administração pública forneça medicamento ao necessitado. Ademais, também revela 
a Magna Carta, como um de seus fundamentos, a dignidade da pessoa humana. Observe-se que, conforme 
(SCHREIBER (2011, p. 8), “[...] a espécie humana possui uma qualidade própria, que a torna merecedora de uma 
estima (dignus) única e diferenciada.” Assim, tal qualidade, inerente a todo ser humano, nos identifica como tal. 
Ora, se os requisitos fáticos comprovam a urgência do fornecimento do remédioe a impossibilidade de os 
pais o adquirirem, o Estado deve tratar de forma digna seus cidadãos e curvar-se perante o que determina nossa 
Constituição. 
Infelizmente, o Estado procura postergar sua obrigação recorrendo ao argumento de que o elevado custo 
do medicamento e a incerteza de produzir a cura da doença não justifica direcionar recursos que atenderiam à 
coletividade para uma só pessoa. Não reconhece, entretanto, que este vem sendo utilizado no Canadá com 
sucesso, o que afasta o indigitado temor de ausência de registro do medicamento na ANVISA. Também não 
considera que o indivíduo seja parte integrante da coletividade e que, ao conceder-lhe um direito a ele garantido, 
estará zelando pelo bem comum. 
Esse direito, tem sido objeto de muitas demandas. No entanto, a Súmula Nº 65 do TJRJ buscou garantir ao 
cidadão o direito à saúde, ao fixar a responsabilidade solidária da União, Estados e Municípios, conforme dispõem 
os artigos 6º e 196 da CFRB. Dessa forma, é pacífico o entendimento de que o Estado não pode se eximir da 
responsabilidade moral e legal que lhe é atribuída. 
 
 
==XXX== 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
010 
Assunto: 
Fundamentação do Parecer 
Folha: 
12 de 12 
Data: 
22/10/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP

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