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CCJ0052-WL-B-RA-06-TP Redação Jurídica-Características da Narrativa Jurídica

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
1 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Título 
Teoria e Prática da Redação Jurídica. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
6. 
Tema 
Características da narrativa jurídica. 
Objetivos 
●- Recuperar as principais características da narrativa jurídica; 
●- Compreender que a narrativa jurídica pode ser simples ou valorada; 
●- Relacionar o Relatório do Parecer às características da narrativa simples. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Tipos de narrativa jurídica 
1.1. Narrativa simples. 
1.2. Narrativa valorada. 
 
2. Características da narrativa 
2.1. Seleção de fatos. 
2.2. Organização cronológica das informações. 
2.3. Tempo e pessoa verbais. 
2.4. Polifonia. 
2.5. Modalização. 
Aplicação Prática Teórica 
 
Ao parecerista cabe compreender a totalidade dos eventos relevantes ocorridos e selecionar tudo quanto 
possa orientar uma opinião técnica, justa, fundamentada. 
Em outras palavras, é função de um parecerista apreciar com cautela todas as informações recebidas e 
conjugá-las em uma narrativa imparcial que auxiliará na compreensão do conflito jurídico. 
 
Questão 
 
Leia o caso concreto que segue e produza um relatório jurídico adequado a um parecer em grau de recurso, 
ou seja, um parecer que instrua o pedido de reforma da sentença. 
 
Juiz manda soltar grávida que tentou furtar xampu 
 
Um juiz de Goiás aplicou o princípio da insignificância (não positivado no ordenamento jurídico) e mandou 
soltar mulher que furtou xampu de supermercado. "Tanto no aspecto jurídico quando no social não se depreende 
que a prisão da indiciada seja recomendada", afirmou em seu despacho o juiz Wilson Safatle, que considerou 
tratar-se de crime de bagatela e mandou expedir o alvará de soltura da mulher. 
A doméstica Regina Rocha de Carvalho foi presa em flagrante no sábado (21/1), quando tentava furtar um 
xampu do supermercado Bom Preço, de Goiânia. A tentativa de furto foi notada pelo proprietário do 
estabelecimento. Segundo ele, Regina pegou alguns produtos, pelos quais pagou devidamente, mas guardou na 
blusa um xampu, que custa R$ 3,75. Surpreendida, Regina foi detida e encaminhada à delegacia, onde foi presa. 
O juiz observou que, ao depor, a mulher confessou o crime e se disse arrependida. Também levou em 
consideração o fato de tratar-se de pessoa que possui apenas o primeiro ano primário, estar desempregada, 
grávida e ser responsável pela mãe, que é cega. Além disso não tinha antecedentes criminais. Ele acrescentou 
que o supermercado não sofreu maiores prejuízos já que recuperou o xampu. 
Processo 2006.002.610.20 
Revista Consultor Jurídico, 24 de janeiro de 2006 
 
 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
2 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
RESPOSTA: 
 
PARECER 
 
EMENTA: FURTO. Princípio da Insignificância – 
Impunidade – Furto Privilegiado – Coercividade Estatal - 
Manutenção da Ordem Social. Parecer favorável à 
condenação por crime tipificado no Art. 155, §2º do Código 
Penal. 
 
Conforme estabelecido nos autos, no dia 21 de janeiro, a Ré, de forma consciente e voluntária, tentou 
subtrair, em proveito próprio, um xampu no valor de R$ 3,75 (três reais e setenta e cinco centavos) do 
supermercado Bom Preço, de Goiânia. Surpreendida pelo proprietário do estabelecimento foi detida e 
encaminhada à delegacia, onde foi presa. 
Em primeira instância, a Ré foi absolvida com base no princípio da insignificância – o qual tem o 
sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um 
crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou 
não sua não aplicação. No caso em questão foram observados os requisitos necessários que justificaram a 
aplicação pelo magistrado do princípio da insignificância, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do 
agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (baixo valor). 
Entretanto, devemos ressaltar que tal princípio não está positivado no ordenamento jurídico, além do 
fato que o seu reconhecimento “vulgariza” a prática de delitos contra o patrimônio alheio, e também causa 
insegurança na sociedade em relação à capacidade do Estado em manter a ordem social. 
Cabe ao Estado, evitar que as condutas que agridem o direito alheio não devam passar despercebidas. O 
fato das alegações da Ré possuir baixa escolaridade, estar desempregada, grávida, ser responsável pela mãe, 
que é cega, e não ter antecedentes criminais, não justificam a prática de atos ilícitos e tipificados pelo 
ordenamento jurídico, nem são causas que permitam lesionar o direito do próximo, causando à vitima 
insegurança jurídica e não acreditar na capacidade punitiva do sistema judicial. 
Têm-se observado que pequenos furtos tornaram-se prática diária em estabelecimentos comerciais de todo 
porte. E delitos dessa natureza não devem ficar impunes. É de suma importância ressaltar, que para as 
hipóteses de subtração de bem de pequeno valor, o legislador criou a figura do furto privilegiado, prevista no 
parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal, que não se confunde com a conduta atípica, penalmente irrelevante. 
 
Parecer desfavorável à tese da defesa. 
 
Deve a Ré, então, responder penalmente pelo crime, vez que o fato é típico e ilícito, e, assim sendo, 
dotado de culpabilidade. Elementos estes que alcançam o dever de punir do Estado, além da manutenção da 
credibilidade do Poder judiciário e também da Ordem Social. 
 
Ante o exposto, opino pela Culpabilidade da Ré, com reforma da sentença, baseado no delito tipificado no 
parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal. É o parecer, salvo melhor juízo. 
 
Recife, 27 de agosto de 2013. 
 
____________________________________ 
Advogado 
OAB 
 
 
==XXX== 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
3 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
6ª AULA – Tipos de Argumentos 
 
Tipos de Argumentos 
 
Matéria da Web-aula 10 e 11 
 
Pró-tese = Tese (aquilo que você busca no processo => Pedido) + 03 argumentos => Porque + Também + Além 
disso. 
 
Autoridade = É aquele baseado em algo inquestionável. No Direito, Normas e Súmulas, ou Perícias incontestes. 
 
Senso Comum = “Verdade” aceita por uma sociedade. 
 
Oposição = É aquele que se antecipa aos argumentos da parte contrária. 
 
Analogia = Utiliza-se de julgados de casos parecidos com o caso em questão. 
 
Causa e Efeito = Demonstra o Nexo de Causalidade (ligação entre a ação e o dano). 
 
Ad Hominem: 
Direto => Ataque a pessoa (deve ser usado com muita cautela), só em casos em que houver prova do 
alegado. 
Indireto ou Circunstancial => ataque a circunstância. 
 
Fuga = Fugir do assunto. 
 
A Fortiori = Também conhecido quem pode mais pode menos. 
 
PRÓXIMA AULA WEB 10 e 11. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
6ª AULA – Característicasda narrativa jurídica 
 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Professora Alda da Graça Marques Valverde 
Aula 06 
 
Características da narrativa jurídica 
 
Correção da tarefa da semana 5 
 
Possibilidade de escritura da ementa 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
4 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
DANO AO ECOSSISTEMA POR VAZAMENTO EM 
OLEODUTO DA PETROBRAS NA BAÍA DE 
GUANABARA – Falhas operacionais e de manutenção 
do duto – Aplicação de multa de 50 mil reais à empresa 
– Adoção do plano de proteção ao meio ambiente – 
Sugestão da participação da empresa na recuperação da 
área atingida – Parecer favorável à reformulação da 
política ambiental. 
 
Objetivos 
 
- Recuperar as principais características da narrativa jurídica; 
- Compreender que a narrativa jurídica pode ser simples ou valorada; 
- Relacionar o Relatório do Parecer às características da narrativa simples. 
 
Estrutura do conteúdo: 
 
● Tipos de narrativa jurídica; 
● Narrativa simples; 
● Narrativa valorada; 
● Características da narrativa; 
● Seleção de fatos; 
● Organização cronológica das informações; 
● Tempo e pessoa verbais; 
● Polifonia; 
● Modalização. 
 
ELEMENTOS DA NARRATIVA FORENSE 
 
O quê? – fato jurídico central ou questão jurídica central. 
Quem? – as partes devidamente nomeadas e qualificadas: nacionalidade, estado civil, profissão, 
residência, etc. 
Quando? - localização temporal do momento em que ocorreu o fato jurídico central. 
Onde? – localização espacial do fato jurídico. 
Como? – registro das principais ocorrências da forma como o fato jurídico aconteceu. 
Por quê? – registro da(s) razão(ões) que deu(deram) origem ao fato jurídico. 
Por isso... – registro da(s) consequência(s) advinda(s) do fato jurídico. 
 
Leia as duas narrativas do mesmo caso concreto: 
 
Narrativa 1 
 
João da Silva, brasileiro, solteiro, técnico em informática, portador do RG de nº X SSP/PE, inscrito no CPF-
MF sob o nº X, residente e domiciliado na Rua X, nº X, apto. X, bairro do X, nesta cidade de Recife – PE ajuizou 
ação de danos morais c/c rescisão contratual com pedido de antecipação de tutela contra X 
TELECOMUNICAÇÕES S/A. 
No dia 06 de junho de 2004, o autor tornou-se cliente dos serviços de telefonia móvel prestados pela da ré, 
conforme o contrato de prestação de serviço móvel pessoal de nº XXXXXX, relativo aos números (081) 9987XXXX 
e (081) 9966XXXX (doc. 02). 
Na mesma data, houve também entre o autor e a ré a celebração de dois contratos de comodato, referentes 
aos telefones celulares supramencionados, que seriam usados nos serviços de telefonia (doc. 03 e 04). 
Passado o prazo de carência, no dia 13 de junho de 2005, o autor, bastante insatisfeito com os serviços 
prestados pela ré, resolveu denunciar o contrato, referente ao telefone de nº (081) 9987XXXX, nos termos da 
CLÁUSULA SETE, nº 7.1, alínea a, do referido instrumento, recebendo da ré o protocolo de cancelamento sob 
o nº 70811232. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
5 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
Pois bem: tudo se encontrava em conformidade, na medida em que havia sido paga a conta do mês de 
junho de 2005 (doc. 07) e havia sido devolvido o celular comodato com todos os seus indumentários (doc. 05). 
Todavia, para a surpresa do autor, no final do mês de julho de 2005, chegou a sua residência a fatura 
emitida pela ré (doc. 08), correspondente ao serviço do mês de julho/05. Abismado com a situação, o autor tentou 
contatar a ré, no sentido de saber o que estava acontecendo, pois como poderia ela cobrar por um serviço que 
nem mais estava à disposição do autor, haja vista não existir mais vínculo contratual entre as partes? 
Não bastasse isso, a empresa ré numa tentativa malsinada de se locupletar ilicitamente continuou 
importunando o autor para que ele procedesse ao pagamento da fatura de julho/05. Só que desta vez com envios 
de correspondências em tons ameaçadores datadas de 14 de novembro, 28 de outubro e 23 de dezembro todas 
de 2005 (docs. 13, 14 e 15). 
Diante dessa situação, agora definitivamente tendo a certeza de que a empresa ré não merece, nem nunca 
mereceu, qualquer tipo de credibilidade, resolveu o autor cortar o último vínculo que o prendia a esta, o contrato 
referente ao celular de nº (081) 9966XXXX. Assim, no dia 24 de agosto de 2005, o autor solicitou a rescisão do 
referido contrato, recebendo da ré o protocolo de nº 51765612. Em menos de uma semana, ou seja, no dia 1º 
de setembro de 2005, a empresa ré dirigiu-se à casa do autor para recolher o telefone que havia sido entregue em 
comodato (doc. 06). 
Como não poderia ser diferente, a ré, da mesma forma, desconsiderou a exigência de rescisão do contrato, 
continuando a cobrar por um serviço quem nem mais está à disposição do autor, emitindo faturas até a presente 
data (docs. 09, 10, 11 e 12) e importunando o autor com suas correspondências irritantes datadas de 1º, 22 e 29 
de novembro; 23 e 26 de dezembro (docs. 16, 17, 18, 19 e 20). 
Por fim, no último dia 10 de janeiro de 2006, chegou à residência do autor uma correspondência enviada 
pelo SERASA (doc. 21), afirmando que constava nos seus registros a pedido da instituição credora (no caso a ré) 
a inclusão do nome do autor em seus cadastros de inadimplentes, em razão de uma dívida de R$ 62,50, de 15 de 
agosto de 2005, referente à fatura indevidamente emitida (doc. 08). 
Assim, saturado de tentar resolver administrativamente o presente litígio e ultrajado por ter seu direito 
desrespeitado, não restou outra alternativa ao autor senão propor a presente ação no intuito de ser ressarcido 
pelos danos sofridos que vem sofrendo, consoante a base legal, doutrinária e jurisprudencial a seguir esposada 
sopesadamente. 
 
Narrativa 2 
 
Trata-se de ação de danos morais c/c rescisão contratual com pedido de antecipação de tutela proposta por 
José da Silva, brasileiro, solteiro, técnico em informática, portador do RG de nº X SSP/PE, inscrito no CPF-MF sob 
o nº X, residente e domiciliado na Rua X, nº X, apto. X, bairro do X, nesta cidade de Recife – PE, contra X 
TELECOMUNICAÇÕES S/A. 
Conforme o autor, no dia 06 de junho de 2004, tornou-se cliente dos serviços de telefonia móvel prestados 
pela ré, conforme o contrato de prestação de serviço móvel pessoal de nº XXXXXX, relativo aos números (081) 
9987XXXX e (081) 9966XXXX (doc. 02). 
Na mesma data, houve também entre o autor e a ré a celebração de dois contratos de comodato, referentes 
aos telefones celulares supramencionados, que seriam usados nos serviços de telefonia (doc. 03 e 04). 
Passado o prazo de carência, no dia 13 de junho de 2005, segundo o autor, decidiu cancelar o instrumento 
de contrato, por estar insatisfeito com o serviço prestado. Acrescentou que recebeu da ré o protocolo de 
cancelamento, sob o nº 70811232. Afirmou que pagou a conta do mês de junho de 2005 (doc. 07) e devolveu o 
celular comodato com todos os seus indumentários (doc. 05). 
De acordo com o autor, no final do mês de julho de 2005, chegou a sua residência a fatura emitida pela ré 
(doc. 08), correspondente ao serviço do mês de julho/05. Entrou em contato com a ré, a fim de esclarecer que não 
havia mais vínculo contratual. Afirmou que a ré continuou a enviar-lhe correspondências em tons ameaçadores, 
datadas de 14 de novembro, 28 de outubro e 23 de dezembro todas de 2005 (docs. 13, 14 e 15). 
O autor informou que decidiu cortaro último vínculo que o prendia à ré: cancelou o contrato referente ao 
celular de nº (081) 9966XXXX, no dia 24 de agosto de 2005. Recebeu da ré o protocolo de nº 51765612. No dia 
1º de setembro de 2005, a empresa ré dirigiu-se à casa do autor para recolher o telefone que havia sido entregue 
em comodato (doc. 06). 
O autor revelou que a ré continuou a cobrar pelo serviço, emitindo faturas até a presente data (docs. 09, 
10, 11 e 12) e a enviar correspondências datadas de 1º, 22 e 29 de novembro; 23 e 26 de dezembro (docs. 16, 
17, 18, 19 e 20). 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
6 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
Por fim, acrescentou que, no dia 10 de janeiro de 2006, chegou à sua residência uma correspondência 
enviada pelo SERASA (doc. 21), afirmando que constava nos seus registros, a pedido da ré, a inclusão do seu 
nome em seus cadastros de inadimplentes, em razão de uma dívida de R$ 62,50, de 15 de agosto de 2005, 
referente à fatura, que, segundo ele, foi indevidamente emitida (doc. 08). 
 
NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS NARRATIVA VALORADA DOS FATOS 
É uma narrativa que visa, apenas, informar os 
fatos juridicamente relevantes para a 
compreensão da questão jurídica em análise. É 
imparcial. Dessa forma, observa-se o uso 
constante da polifonia. Além disso, é comum a 
utilização do futuro do pretérito. 
É uma narrativa marcada pelo compromisso de 
expor os fatos de acordo com a versão da parte 
que se representa em juízo. Por essa razão 
recorre a modalizadores. 
 
SELEÇÃO DOS FATOS 
 
Os fatos determinam as normas aplicáveis. Devem ser expostos antes da argumentação que abordará 
questões jurídicas. 
 
Postura ética: não registrar informações falsas. 
[1] RODRÍGUEZ, Victor Gabriel. Manual de redação forense. 2. ed. São Paulo: Minuzo, 2005. 
 
Seleção dos fatos na narrativa simples Seleção dos fatos na narrativa valorada 
Registram-se todos os fatos relevantes para a 
compreensão do fato central. 
Registram-se os fatos relevantes para a 
compreensão do fato central. 
Acrescentam-se todos os detalhes que colaboram 
para a compreensão dos fatos relevantes. 
Acrescentam-se detalhes que colaboram para a 
compreensão dos fatos relevantes. 
Importante: A seleção é imparcial; assim, 
registram-se informações relevantes para as 
duas partes. 
Importante: A seleção é parcial; assim, 
registram-se informações relevantes, apenas, 
para a parte que se representa. 
 
SEQUÊNCIA CRONOLÓGICA DOS FATOS 
 
Narrativa simples => Segue a cronologia linear, com o objetivo de informar os fatos de maneira clara e objetiva. 
 
Narrativa valorada => Adota ou não a cronologia linear, já que o objetivo é destacar os fatos que favoreçam à 
parte que se representa. 
 
TEMPO E PESSOA VERBAL 
 
Narrativa simples Narrativa valorada 
Tempo verbal Pessoa do discurso Tempo verbal Pessoa do discurso 
Pretérito Terceira pessoa Predomínio do pretérito, 
mas também se utiliza o 
presente. 
Terceira pessoa 
 
RECURSOS POLIFÔNICOS 
 
TRANSCRIÇÃO LITERAL => DISCURSO DIRETO 
PARÁFRASE - DISCURSO INDIRETO - Uso dos verbos de elocução: afirmar, acrescentar, alegar, 
dizer, revelar, etc. 
- REPRODUÇÃO LIVRE – Uso de expressões referentes ao dizer: segundo...; 
conforme..., de acordo com... etc. 
 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
006 
Assunto: 
Características da narrativa jurídica 
Folha: 
7 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-006/WLAJ/DP 
MODALIZAÇÃO 
 
MARCAS 
LINGUÍSTICAS 
Seleção lexical, uso de adjetivos, advérbios, palavras denotativas, posição 
dos termos na oração, combinação entre os termos, etc. 
MARCAS 
EXTRALINGUÍSTICAS 
FALA: ENTONAÇÃO, ALTURA, RITMO. 
ESCRITA: NEGRITO, CAIXA-ALTA, ITÁLICO. 
 
NARRATIVA CONFORME O TIPO DE PEÇA PROCESSUAL 
 
NARRATIVA SIMPLES: Sentença, Parecer, Acórdão, etc. 
NARRATIVA VALORADA: Petição Inicial, Contestação, Reconvenção, etc. 
 
NARRATIVA DA PETIÇÃO INICIAL: 
 
Exmo Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de São Gonçalo 
 
Fulano, brasileiro, solteiro, Juiz de Direito, titular da 6ª Vara Cível desta Comarca vem, diante de V. 
Exª, propor Ação para cumprimento de obrigação de fazer (com requerimento de tutela antecipada) e de 
indenização por danos morais contra condomínio do WWWWWWe e Maria BBBBBB, com domicílio na rua 
XXXX Ingá, Niterói, pelos seguintes motivos: 
 
Dos fatos. Omissão dos réus. 
 
I – o autor reside no edifício do réu cuja síndica é a ré; 
 
II – em 26-08-03, a cerca de 20h, numa noite chuvosa, o autor notou infiltrações no teto do segundo andar 
de seu apartamento. O autor solicitou, pelo interfone, a presença do zelador. Pelo empregado que 
trabalhava na portaria foi dito ao autor que o zelador não estava porque não mora no Condomínio. O autor 
solicitou qualquer outra providência e pelo empregado foi dito que nada podia fazer até a chegada da 
síndica ou do porteiro. Sem outra opção, o autor foi obrigado a pedir auxílio de um profissional de seu 
conhecimento que, por sorte e mediante remuneração, prestou auxílio ao autor. 
Após pegarem a chave (com o empregado que estava trabalhando na portaria) e abrirem o cadeado 
da porta que dá para a laje sobre o segundo andar do apartamento do autor, o profissional e o autor 
verificaram que o local (pertencente ao réu) estava alagado pela chuva e que o ralo estava entupido por 
uma cueca velha. Retirada esta, a água escoou. Em razão disso, os móveis do autor ficaram molhados, e o 
teto de seu apartamento danificado. Naquela noite o autor, por culpa dos réus (que não mantiveram limpo o 
local que ficou alagado e não prestaram nenhum auxílio ao autor), passou por maus momentos pois, por 
cerca de 5 horas, ficou enxugando a água que jorrava em sua sala, fazendo ligações para pedir ajuda e 
ouvindo do empregado, que estava na portaria, que ele nada podia fazer para resolver o problema. 
Feita a reclamação, no livro próprio (cópia anexa), o autor foi formalmente ignorado pelos réus, 
embora o zelador tivesse comparecido no apartamento do autor e visto os danos; 
 
III - meses antes, aquele mesmo empregado, que trabalhava na portaria do réu, interfonou para o 
apartamento do autor para cobrar-lhe o pagamento de sua cota condominial que sequer estava vencida; 
 
IV – após os episódios acima narrados, o autor notou que o referido empregado tratava-o (o autor) com 
intimidade, chamando-o de “você” e “Fulano”. O autor, então, pediu-lhe para ser tratado como “senhor”. Por 
duas vezes, essa solicitação foi feita pelo interfone e esse empregado, após perguntar agressivamente “á 
só isso?”, desligou o aparelho repentinamente e sem dar atenção ao autor. No dia 14-08-04, num sábado à 
tarde, o autor foi na portaria do prédio e pediu o livro de reclamações ao referido empregado, bem como a 
presença do síndico ou do subsíndico. Por ele foi dito que o livro não estava na portaria, pois a “Dona Maria 
BBBB” (ré) havia saído e levado o livro consigo. Pelo empregado também foi dito que o subsíndico também 
não estava, mas que o zelador estava presente. 
O autor, diante do zelador, perguntou ao empregado porque a síndica era chamada de “Dona Maria 
BBBB” e o autor era por ele tratado como “você” e “Fulano”, embora, por mais de uma vez, tenha lhe 
solicitado o tratamento formal (“senhor”). O empregado então disse, de maneira agressiva, que não iria 
 
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Características da narrativa jurídica 
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chamar o autor de senhor, muito embora o autor insistisse e deixasse claro que não consentia com aquela 
intimidade. Após uma discussão sobre se o empregado devia, ou não, tratar o autor como senhor, o 
empregado virou as costas para o autor e foi embora para o interior do prédio. Durante a discussão, o 
empregado, apesar dos protestos do autor, continuou a tratar o autor como “você” e “cara”. Ao dar as costas 
ao autor e se retirar para o interior do prédio, o empregado ficou dizendo de modo debochado: “Fala sério, 
fala sério...”; 
 
V – no dia seguinte, o autor escreveu, no livro de reclamações, uma solicitação para que a síndica (ré) 
orientasse os empregados, que trabalhavam no Condomínio, para darem ao autor (e demais moradores que 
assim queiram) o tratamento formal (“senhor”), pois essa deferência não é devida somente a ela. Sobre 
essa solicitação, a síndica (a ré) desconversou e escreveu, no livro, ordem para que os empregados do 
Condomínio tomassem ciência da solicitação e se manifestassem sobre o assunto. Diante da evasiva da ré, 
o autor reiterou sua solicitação e até o presente não foi atendido por ela (ver cópia do livro de reclamações, 
anexa). 
Os réus estão omitindo, dolosamente, o cumprimento de seu dever de orientar os empregados do 
Condomínio a respeitar os condôminos, cuja manifestação mínima é o tratamento formal. Como 
consequência, os réus (o réu por intermédio da ré) estão incentivando os empregados do Condomínio a 
desrespeitar o autor, o que, como visto, vem ocorrendo; 
 
VI – não é a primeira vez que a ré usa sua condição de síndica do Condomínio réu como pretexto para 
agredir o autor. De outra vez, porque o autor propôs uma ação de consignação em pagamento contra o 
Condomínio (onde o autor foi vencedor), a ré disse, e fez constar numa ata de assembléia de condomínios, 
que o autor não cumpriu sua palavra e teria decidido fazer, por conta própria, um desconto no valor do 
Condomínio; posteriormente, em contestação judicial, a ré, a Administradora do Condomínio e sua 
advogada, puseram-se a chamar o autor de juiz que age de má-fé e sem bom senso. 
Por esses motivos, o autor propôs uma ação de indenização por danos morais contra a ré. 
Infelizmente (como demonstram essas novas investidas da ré contra o autor) e apesar daquele evidente 
comportamento ilícito da ré causador de dano do autor, este não obteve êxito e foi vencido no processo de 
indenização (segue, em anexo, cópia da inicial do autor e da sentença que julgou improcedente o seu 
pedido de indenização, onde o então juiz, Dr. Edmundo RRRRR, fundamentou sua decisão afirmando, em 
evidente excesso de linguagem, que o autor é um “cidadão comum”, alguém que se recusa a pagar suas 
contas condominiais, criador do impasse, envolvido em questiúnculas e atritos condominiais, proponente de 
uma “famigerada consignatória” etc.) E o óbvio vem ocorrendo e continuará acontecendo enquanto não 
houver uma decisão judicial que declare o desacerto do comportamento dos réus (especialmente da ré) 
com uma punição didática; 
 
VII – em 07-09-04, no período da tarde, no estacionamento do réu, o pneu dianteiro esquerdo do carro do 
autor foi furado na lateral (doc. Anexo). O autor registrou o fato no livro do condomínio, ressaltando que 
menos de dois meses antes, no estacionamento do condomínio, outro pneu de seu veículo foi furado na 
lateral. 
 
Dos danos sofridos pelo autor 
 
O autor é condômino do réu e reside naquele local onde espera encontrar refúgio para todos os 
problemas enfrentados em seu cotidiano. Por outro lado, diante das constantes agressões que os réus 
insistem em dirigir à pessoa e ao patrimônio do autor, impõe-se o registro de que o autor sempre esteve 
quite com todas as suas obrigações condominiais, tanto as de ordem econômica quanto as de cunho 
pessoal, pois jamais tratou a ré, outro condômino ou qualquer empregado do Condomínio com desrespeito, 
pois vive de maneira discreta, transitando bem pouco pelas partes comuns do edifício, sequer participando 
de reuniões de condôminos com os quais não mantém nenhum contato, não havendo nenhuma reclamação 
de quem quer que seja contra o autor ou sua conduta. Não há nenhuma explicação lógica para que as 
agressões dirigidas contra o autor (como também não havia ao tempo em que a ré ofendeu o autor, por 
escrito e oralmente, numa assembléia de condôminos e numa contestação judicial). 
E o que causa espécie e é até aterrorizante é que os réus usam, como pretexto para agredir o autor, 
o fato de este exercer o seu direito, como a propositura de uma ação judicial, a reclamação e solicitação de 
providências, quanto a danos causados pelo Condomínio ao seu patrimônio (do autor) ou (o que é 
 
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extremamente espantoso) o direito de ser chamado de senhor (e pelos empregados que trabalham no 
prédio onde o autor reside e cujos salários são pagos com a sua colaboração. Ou seja, o autor está 
pagando para ser insultado!). Assim, o autor está sendo ofendido em sua dignidade e tranquilidade 
espiritual. 
Ressalte-se que o autor é um Juiz de Direito e, como tal (assim como Dr. Edmundo RRRR afirmou, 
sobre si mesmo, num processo de indenização contra a Credidoor S.A. e no mesmo ano em que disse que 
o autor é um “cidadão comum”) é “um homem público cuja respeitoridade é notória” (cópia anexa). E assim 
como foi dito sobre o Dr. Edmundo RRRR, na sentença que julgou procedente o seu pedido de indenização 
contra o Credidoor S.A., deve-se levar em consideração, para liquidar o dano, “as condições pessoais do 
autor, que como homem público, tem sua honra valorada especialmente em relação aos particulares” (cópia 
anexa). Vê-se que, para o Dr. Edmundo RRRR, “cidadão comum” é expressão que a ele não se aplica 
(talvez porque era um magistrado). 
 
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
COMARCA DE NITERÓI - XXXX VARA CÍVEL 
Processo n° XXXXXXXXXXX 
 
S E N T E N Ç A 
 
Cuidam-se os autos de ação de obrigação de fazer manejada por FULANO contra o CONDOMÍNIO 
WWWWW e Maria BBBBB, alegando o autor fatos precedentes ocorridos no interior do prédio que o levaram a 
pedir que fosse tratado formalmente de “senhor”. 
Disse o requerente que sofreu danos, e que esperava a procedência do pedido inicial para dar a ele autor e 
suas visitas o tratamento de “Doutor”, “senhor”, “Doutora”, “senhora”, sob pena de multa diária a ser fixada 
judicialmente, bem como requereu a condenação dos réus em dano moral não inferior a 100 salários mínimos. 
Instruem a inicial os documentos de fls. 8/28. 
O pedido de tutela antecipada foi indeferido às fls. 33. Interposto Agravo de Instrumento, foram prestadas 
as informações de fls.52. 
Às fls. 57 requereu o autor que emanasse ordem judicial para que os réus se abstenham de fazer referência 
acerca do processo, sobrevindo a decisão de fls. 63 que acolheu tal pretensão. 
O condomínio se manifestou às fls. 69/98, e ofertou cópia do recurso de agravo de instrumento às fls. 100, 
cujo acórdão encontra-se às fls.125. 
Contestação do condomínio às fls. 146 e da segunda ré às fls. 247, ambos requerendo a improcedência do 
pedido inicial. Seguiu-se a réplica às fls. 275. 
Por força de decisão proferida no incidente de exceção de incompetência, verificou-se a declinação de 
competência, com remessa dos autos da Comarca de São Gonçalo para esta Comarca de Niterói. 
Em decorrência do despacho de fls. 303v, as partes ofertaram seus respectivos memoriais,no aguardo 
desta sentença. 
 
É O RELATÓRIO. 
 
Questão 
 
Partindo do raciocínio anteriormente exposto, pede-se a leitura de cinco versões sobre um fato e, em 
seguida, a produção de uma narrativa imparcial. Esse procedimento auxiliará, posteriormente, na produção dos 
relatórios jurídicos. 
 
Quem é Jorge? 
 
Relato das pessoas sobre o ocorrido no dia X. 
 
Relato do garçom: Eu conheço Jorge. Todas as noites está aqui caladão, olhos de conquistador, cigarro e 
uísque... Não é de hoje que ele vem seguindo uma lourinha que vem algumas vezes aqui. Ele olha a moça como 
quem quer devorá-la viva, mas não diz nada... Parece ter medo! Ontem, no entanto, saiu atrás dela, bateu a porta 
e não pagou a despesa. Esse Jorge é um “BOA VIDA”, um sabidão. Deve tomar dinheiro das garotas com aquela 
cara de anjo... 
 
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Características da narrativa jurídica 
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Relato da vizinha: Ai! Meu Deus, não sei se telefono à polícia ou se chamo D. Sofia no plantão. Aconteceu um 
crime no apartamento do Jorge. Eu nunca me enganei com esse cara! 
Jorge é tarado, um criminoso. Eu vi, ninguém me contou. A moça deitada, toda nua num sofá, com a 
cabeça caída, e sob ela uma poça de sangue. Jorge com uma faca na mão ao me ver correu atrás de mim e eu 
apavorada tranquei-me no apartamento da madame e ele ainda esmurrou a porta. Ele queria me matar! Deus me 
livre! Cruzes! 
 
Relato da mãe de Lúcia: Lúcia nunca fez isso... São cinco e quinze da madrugada e ela não chegou! O que terá 
acontecido com minha filha? Lúcia não tem namorado. Sai do escritório, faz um lanche no barzinho e volta cedo 
para pintar seus quadros. Às vezes vai à casa de um coleguinha, mas nunca o faz sem me avisar. Dormir fora de 
casa? Não! Nunca dormiu! 
E se o pai dela acorda e sabe que ela não voltou... Lúcia é uma menina ingênua, gosta de um rapaz, mas 
não deixa que ele saiba. Tem medo de demonstrar que simpatiza com o moço e que ele possa considerá-la 
frívola. Acha-o simpático, triste, tão sozinho... Lúcia poderia conseguir um namorado, pois lhe serviria de 
companhia, ao menos. Que terá acontecido com minha filha! Se ela não chegar até as seis horas, terei de tomar 
uma providência... 
 
Relato do pai de Jorge: A situação de Jorge me preocupa. Largou os estudos; vive trancado naquele quarto, não 
trabalha... Se eu morrer de uma hora para outra, que será de Jorge? Dou-lhe tudo, mas não consigo a sua 
amizade, nem ao menos a sua companhia... Nunca o vi com namorada e ele encontrasse uma moça de boa 
família, poderia normalizar sua vida... 
Depois da morte de sua mãe, Jorge sumiu de casa, apareceu um dia pedindo-me uma mesada e 
solicitando-me que deixasse viver a sua vida... 
Paulo, seu irmão, é mais novo, mas está formado, trabalha numa companhia de mineração onde é o 
Engenheiro Chefe. Paulo sempre foi mais estudioso, inteligente; aliás, o melhor aluno do colégio. Jorge nunca deu 
para os estudos... Anda, agora, às voltas com mulheres, bebendo... Vi-o, ontem, com uma loura... Esse rapaz vai 
liquidar a sua mocidade e a sua saúde. 
Preciso falar com meu filho! 
 
Relato do Jorge: Eis, a seguir, como Jorge relata o que ocorreu no dia X. 
Quando mamãe morreu eu tinha 16 anos; Paulo, meu irmão, 14. Fiquei só porque papai sempre gostou 
mais de Paulo. Paulo é que sabia tudo, Paulo é que seria o orgulho da família... 
A morte de mamãe foi um golpe para mim. Só para mim, pois papai não necessitava de mamãe: tinha 
outra companhia. Paulo foi levado para o Rio, onde estudou Engenharia. Foi entregue ao tio Celino, homem de 
recursos e posição. Sempre gostei de arte. Nunca fui bom aluno, bem sei, mas tinha desde menino, uma 
inclinação acentuada para o desenho no colégio. Mamãe ficou muito satisfeita, mas papai disse-me apenas que 
aquilo não significava muita coisa, que eu deveria imitar Paulo estudando mais... 
Minha vocação era aquela. Resolvi estudar pintura e hoje tenho um atelier no pequeno apartamento onde 
moro, que aluguei com os recursos que meu pai me dá. Dou aulas em casas de família e ganho para as minhas 
telas, os meus pincéis, as minhas tintas e o meu uísque, que não chega a ser um vício, mas um meio de abafar a 
solidão. 
Conheci há alguns meses uma moça, sei agora que se chama Lúcia. Apaixonei-me por ela sem nunca 
haver dito. Queria consagrar a minha melhor obra a essa moça e martirizei-me com a ideia de pintar o seu 
retrato... Pintá-la toda na perfeição de seu corpo e na beleza de seu rosto... 
Ontem à noite não resisti. Ao vê-la sair do bar, onde habitualmente nos encontramos, corri atrás dela e 
quase em desespero, disse-lhe quem era e o que queria. Disse-lhe mais: que a amava. 
Recebi um sorriso fraterno. Só minha mãe sorria assim para mim... Parecia que já nos conhecíamos há 
muito. Lúcia não se opôs a ideia de acompanhar-me ao apartamento. Disse-me apenas que era uma moça pobre, 
que gostava de seus pais e não queria voltar levando tristezas para eles, nem amargura para sua vida. 
Lúcia mostrou-se confiante. Assim, caminhamos os dois, a pé, até o meu apartamento. 
Lúcia ficou encantada com os meus quadros. E eu, com o seu talento. Dei-lhe tinta e pincel e ela passou a 
noite a fabricar uma tela que eu chamei de “infância”, porque era pura e ingênua... 
Depois Lúcia pousou para mim e eu trabalhei até as cinco horas da madrugada, diante do melhor modelo, 
do mais perfeito modelo que já tive. Pintei-a com amor e ela com amor deixou-se pintar... 
Lúcia dormiu depois de três horas em que esteve imóvel diante de mim, deitou-se no sofá, cabelos caídos e 
 
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Folha: 
11 de 11 
Data: 
27/08/2013 
 
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dormiu. Tinha, no entanto, derramado no chão um vidro de guache vermelho e eu, mesmo cansado, fui remover 
com uma faca de limpar telas, a tinta derramada no chão. 
Quando Raimundinha, a moça que mora no apartamento ao lado, passou no corredor, quis falar-lhe para 
que trouxesse alguma fruta, leite e ovos. Raimundinha parecia estar apavorada e correu. Fui atrás dela para 
explicar-lhe o meu desejo. Ela trancou-se por dentro, assustada!... 
Lúcia acordou às sete horas. Fui levá-la em casa e, pessoalmente, expliquei a sua mãe o que ocorreu. 
Lúcia e eu ficamos noivos e casaremos brevemente. Iremos, juntos, participar de uma Exposição Nacional de 
Pintura. Sei que o retrato de Lúcia vai levantar o primeiro prêmio. 
Eu serei feliz com Lúcia... 
 
RESPOSTA: VER. VER. 
 
 
==XXX==

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