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12 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA EDUARDO HENRIQUE CORRÊA FERREIRA AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL UTILIZANDO PROTOCOLO CAN CURITIBA, 2009 13 EDUARDO HENRIQUE CORRÊA FERREIRA AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL UTILIZANDO PROTOCOLO CAN Trabalho de Conclusão de Curso elaborado por Eduardo Henrique Corrêa Ferreira, sob a orientação do Professor Eduardo Parente Ribeiro, para obtenção de grau no Curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná, UFPR. CURITIBA, 2009 14 EDUARDO HENRIQUE CORRÊA FERREIRA AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL UTILIZANDO PROTOCOLO CAN Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Eduardo Henrique Corrêa Ferreira, no Curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná, com Linha de Pesquisa em Automação Residencial. Curitiba, 15 de Novembro de 2009. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Professor Dr. Eduardo Parente Ribeiro – Orientador _________________________________________________ Professor M.Sc Ademar Luiz Pastro _________________________________________________ Professor Dr. Gideon Villar Leandro 15 À minha noiva, Marciany, meus pais, Haroldo e Solange, e minha avó Maria José por terem me apoiado não só na elaboração deste trabalho como em tudo na minha vida. 16 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado esta oportunidade; Agradeço também à Universidade Federal do Paraná; Ao orientador, professor Dr. Eduardo Parente Ribeiro, por ter ajudado na criação deste trabalho; Aos demais professores e colaboradores do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná; A todos que de uma maneira ou outra contribuíram para a realização deste trabalho. 17 RESUMO Este trabalho tem por objetivo a aplicação do protocolo CAN em aplicações de automação residenciais. Primeiramente é analisada a estrutura do protocolo de comunicação CAN. Em seguida é feito um pequeno resumo sobre outros protocolos utilizados em automação residencial. E por fim é mostrado como um sistema automatizado pode ser criado utilizando um computador pessoal como integrador da rede de dados CAN, os componentes usados para este sistema e um exemplo de software desenvolvido para esta finalidade. Palavras-chave: CAN, Automação Residencial, protocolo. 18 ABSTRACT This paper analyzes the application of CAN protocol for Home Automation. First, the structure of the CAN communication protocol is reviewed. Next comes a short summary on other protocols used in residential automation. And finally is showed how can an automation system be created using a personal computer as an integrator for the CAN network, the components used to make this system and an example of a software built to control this data flow. 19 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - TOPOLOGIAS PERMITIDAS PELO PADRÃO ZIGBEE .................................. 25 FIGURA 2 - EXEMPLO DE TOPOLOGIA DE REDE CEBUS ........................................... 27 FIGURA 3 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO CEBUS ......................................................... 28 FIGURA 4 - CAMADAS ISO E CAN ........................................................................ 30 FIGURA 5 - TOPOLOGIA DE BARRAMENTO CAN ...................................................... 31 FIGURA 6 - NÍVEL DE BARRAMENTO, SEGUNDO ISO 11898 ..................................... 32 FIGURA 7 - GRÁFICO DE TAXA DE TRANSMISSÃO DE BITS PELA DISTÂNCIA DOS NÓS .. 32 FIGURA 8 - MODELOS DE CONECTORES DB 9 ........................................................ 33 FIGURA 9 - ESTRUTURA DE UM QUADRO DE DADOS ................................................ 34 FIGURA 10 - CAMPOS DE ARBITRAGEM E CONTROLE DE MENSAGEM NO FORMATO CAN 2.0 A........................................................................................................... 35 FIGURA 11 - CAMPOS DE ARBITRAGEM E CONTROLE DE MENSAGEM NO FORMATO CAN 2.0 B........................................................................................................... 36 FIGURA 12 - ESTRUTURA DO PACOTE REMOTO ...................................................... 37 FIGURA 13 - ESTRUTURA DO PACOTE DE ERROS/SOBRECARGA ............................... 37 FIGURA 14 - EXEMPLO DE ARBITRAGEM ................................................................ 38 FIGURA 15 - ESTADOS DE ERRO DE NÓS CAN ....................................................... 40 FIGURA 16 - ESQUEMA DE FILTRAGEM .................................................................. 41 FIGURA 17 - EXEMPLO DE DICIONÁRIO DE PARÂMETROS ......................................... 42 FIGURA 18 - TRÊS PARTES DO PROTOCOLO CANOPEN .......................................... 42 FIGURA 19 - HEARTBEAT DO PROTOCOLO CANOPEN ............................................ 42 FIGURA 20 - REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL .......... 43 FIGURA 21 – PLACA PISO-CAN200E-D .............................................................. 46 FIGURA 22 – PLACA PC276 ................................................................................ 47 FIGURA 23 - PIC18F2455 .................................................................................. 48 FIGURA 24 - DSPIC33FJ256GP710 ................................................................... 49 FIGURA 25 - FLUXOGRAMA DA FUNÇÃO SENDUSBCAN ......................................... 51 FIGURA 26 - FLUXOGRAMA DA FUNÇÃO GETUSBCAN ........................................... 52 20 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - QUADRO COMPARATIVO DE TECNOLOGIAS SEM-FIO ............................... 26 TABELA 2 - PINAGEM DOS CONECTORES DB9 SEGUINDO PADRÃO CAN................... 33 TABELA 3 - TABELA DE PLACAS DE COMUNICAÇÃO CAN ......................................... 45 TABELA 4 - COMPARATIVO DE FRAMES POR SEGUNDO ........................................... 46 TABELA 5 - NÍVEIS DE PRIORIDADE DOS EQUIPAMENTOS ......................................... 54 TABELA 6 - EXEMPLO DE IDENTIFICADORES DE MENSAGEM ..................................... 55 21 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACK – Acknowledge CAN – Controller Area Network CEBus – Consumer Electronic Bus CSMA/CR - Carrier Sense Multiple Access / Colision Resolution DLC – Data Length Code DSP – Digital Signal Processor EOF – End Of Frame FFD - Full-Function Devices IDE - Identifier Extension IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers ISO - International Organization for Standardization MAC - Medium Access Control PAN – Personal Area Network PCI - Peripheral Component Interconnect RFD – Reduced-Function Devices RTR – Remote Transmission Request SAE – Society of Automotive Engineers SOF – Start of Frame SRR – Subistitute Remote Request USB – Universal Serial Bus 22 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 23 2 PROTOCOLOS UTILIZADOS EM APLICAÇÕES RESIDENCIAIS 24 2.1 ZIGBEE24 2.1.1 Camada Física .................................................................................. 25 2.1.2 Camada MAC ................................................................................... 26 2.1.3 Aplicações ........................................................................................ 26 2.2 CEBUS 26 2.2.1 Comunicação via rede elétrica .......................................................... 27 2.2.2 Aplicações ........................................................................................ 28 2.3 CONTROLLER AREA NETWORK (CAN) 29 2.3.1 Histórico ............................................................................................ 29 2.3.2 Camada Física .................................................................................. 30 2.3.3 Camada de Enlace ........................................................................... 34 2.3.3.1 Mensagens ................................................................................. 34 Quadros de Dados ........................................................................... 34 Quadros Remotos ............................................................................ 36 Quadros de Erros e Sobrecarga ...................................................... 37 2.3.3.2 Arbitragem .................................................................................. 38 2.3.3.3 Confinamento de Falhas ............................................................. 39 2.3.3.4 Filtragem ..................................................................................... 40 2.3.3.5 CANOpen ................................................................................... 41 3 AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL E REDES CAN 43 3.1 PROPOSTAS 43 3.2 ESTRUTURA DA REDE 44 3.2.1 Hardware .......................................................................................... 44 3.2.1.1 Comunicação via Placa PCI ....................................................... 44 3.2.1.2 Comunicação via Controlador USB ............................................ 47 3.2.1.3 Topologia da Placa ..................................................................... 48 3.2.2 Software ............................................................................................ 50 3.2.2.1 Sistema de controle de residências ............................................ 50 3.2.3 Exemplos de Mensagens .................................................................. 52 3.2.3.1 Equipamentos de uma residência .............................................. 53 4 CONCLUSÕES 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58 ANEXOS 60 1. FUNÇÕES DELPHI 60 1.1 FindUSBCANTarget ............................................................................. 60 1.2 getUSBCAN ......................................................................................... 61 1.3 sendUSBCAN ...................................................................................... 63 23 1 INTRODUÇÃO A automação, ou domótica, é o termo utilizado para descrever o conjunto de tecnologias voltado para a otimização de lares, escritórios e indústrias visando um aumento no conforto, melhorias na comunicação e segurança e uma diminuição no consumo de energia. As residências estão se tornando ambientes cada vez mais automatizados, conseqüentemente, a necessidade de sistemas mais seguros e confiáveis aumentou. Com essa necessidade desenvolveram-se sistemas descentralizados de controle, ou seja, diversos dispositivos presentes na residência desempenham funções de verificação e checagem, como por exemplo, sensores, atuadores e controles remotos. Com o crescimento destes sistemas e suas diferenças fez-se necessário a padronização de protocolos de comunicação. Na década de 80, década de início da popularização dos sistemas automatizados, surgiram diversos protocolos e com eles diversos grupos de pesquisa e desenvolvimento. Destes protocolos criados, o protocolo CAN foi desenvolvido para a comunicação de dados entre equipamentos eletrônicos. Este padrão surgiu da indústria automobilística, mas logo se popularizou e atualmente é um dos protocolos mais utilizados em indústrias e escritórios onde uma rede de comunicação simples e de baixo custo é necessária para interligar diversos dispositivos. Este trabalho tem por objetivo principal utilizar o protocolo CAN para interligar componentes de controle, visando automatizar uma residência e através de um software desenvolvido para computadores pessoais ter acesso a todos os dispositivos presentes na rede. 24 2 PROTOCOLOS UTILIZADOS EM APLICAÇÕES RESIDENCIAIS Para este projeto foram pesquisados alguns protocolos utilizados em automação residencial a fim de comparar suas características principais. Dentre os protocolos mais utilizados atualmente se destacam o protocolo ZigBee (comunicação sem fios), o protocolo CEBus (utilizando a rede elétrica), e também o protocolo CAN, muito utilizado em automação automobilística, mas com ótimas aplicações residenciais. A seguir é apresentado um breve resumo sobre cada protocolo bem como suas principais características. 2.1 ZIGBEE ZigBee é uma tecnologia wireless utilizada para comunicação de baixo custo e baixo consumo de potência. Baseada no padrão IEEE 802.15.4, o protocolo ZigBee é voltado para a transmissão de dados em radio freqüência com baixa taxa de transmissão de bits. As freqüências de operação são as não licenciadas nas faixas de 868.0 a 868.6 MHz, 902 a 928 MHz e 2.400 a 2.484 GHz. O protocolo ZigBee só é definido para suas camadas mais baixas (Camada de Rede, de Enlace e Física), as camadas mais altas são desenvolvidas dependendo da aplicação. A topologia da rede é baseada em nós, e podem ser configuradas tanto como peer-to-peer, como em estrela. Por definição, existem dois tipos de nós: os FFD (Full-Function Devices), ou dispositivos de funcionamento completo, e os RFD (Reduced-Function Devices), ou dispositivos de funcionamento reduzido. Os FFD são responsáveis por controlar o envio de mensagens para qualquer dispositivo presente na rede. Eles podem ser configurados como os coordenadores da rede PAN (Persona-Area Network). Já os RFD são nós extremamente simples que podem apenas se comunicar com os nós FFD, por isso seu consumo de energia é extremamente pequeno. 25 As redes ZigBee por definição devem possuir pelo menos um dispositivo FFD como mostra a figura a seguir. Figura 1 - Topologias permitidas pelo padrão ZigBee 2.1.1 Camada Física Por adotar o padrão IEEE 802.15.4, o protocolo ZigBee incorporou a estrutura de camada física deste padrão, sendo que por definição, a camada física (PHY - Physical Layer) é responsável por gerenciar as funções de seleção de canal e de energia de sinal. Como citado anteriormente, o enlace utilizando protocolo ZigBee pode operar numa destas três faixas de freqüências: 868.0-868.6 MHz, com taxa de transmissão de até 20kbps em apenas um canal; 902-928 MHz, com taxa de transmissão de até 40 kbps em 10 canais; 2400-2483.5 MHz, com taxa de transmissão de até 250 kbps em 16 canais. A transmissão do sinal utiliza técnicas de espalhamento espectral para melhorar a eficiência do sinal e diminuir as interferências. 26 2.1.2 Camada MAC A camada MAC (Medium Access Control) é responsável pelo controle e transmissão dos pacotes. Esta camada é utilizada também para validação dos pacotes e configuração e associação dos nós presentes na rede. Nesta camada o pacote é dividido em timeslots e enviado para a camada física parasua transmissão. 2.1.3 Aplicações O protocolo ZigBee foi desenvolvido para atender a demanda por um controle melhor e uma melhor segurança nas redes domésticas sem fios e também foi criado para ser de baixo custo e possuir baixo consumo de energia. ZigBee é voltado para aplicações de baixa complexidade e de curto alcance (em média 100m), podendo substituir soluções de maior custo como, por exemplo, Bluetooth e WiFi. Padrão ZigBee® 802.15.4 Wi-Fi™ 802.11b Bluetooth™ 802.15.1 Alcance (metros) 1 – 100* 1 - 100 1 – 10 Vida útil da bateria (dias) 100 – 1,000 0.5 – 5.0 1 - 7 Tamanho da rede (nós) > 64,000 32 7 Taxa de transmissão (kbps) 20 – 250 11,000 720 Tabela 1 - Quadro comparativo de tecnologias sem-fio 2.2 CEBus CEBus (Consumer Elctronics Bus) é um protocolo de código aberto, totalmente baseado no modelo de camadas OSI, desenvolvido pela Associação das Industrias de Eletrônicos dos Estados Unidos (EIA - Electronic Industries Association) primeiramente para padronizar os sinais de infra-vermelho emitido pelos controles remotos dos aparelhos eletrônicos tentando evitar 27 interferências e incompatibilidades. Atualmente o padrão CEBus se extende dos circuitos RF até as comunicações utilizando a rede elétrica. Por ser de código aberto o protocolo CEBus permite que a rede opere ponto-a-ponto sem a necessidade de um nó controlador. E outra grande característica do protocolo aberto é a capacidade de comunicação em diversos meios de transmissão, como ilustrado a seguir. Figura 2 - Exemplo de topologia de rede CEBus 2.2.1 Comunicação via rede elétrica A comunicação via rede elétrica utilizando o padrão CEBus é realizada através de modulação por espalhamento espectral, modulando a partir da freqüência de 100 MHZ incrementando linearmente até 400MHz em um intervalo de 100 milissegundos. Por definição do protocolo, o bit 1 corresponde a um pulso de 100 milissegundos e o bit 0 corresponde a um pulso de 200 milissegundos. Devido ao fato de possuir pulsos assimétricos a taxa de transmissão de bits varia dependendo da quantidade de bits transmitidos. Para evitar colisões, é utilizado um método de "escuta" de barramento, neste caso usa-se o padrão CSMA-CDR (Carrier Sense Multiple Access - Colision Detection and Resolution), forcando ao dispositivo que quer transmitir verificar se o barramento está livre antes de começar a comunicação. 28 O protocolo CEBus define que o endereço de destino e o endereço de origem estejam em cada pacote enviado, assim como no protocolo TCP/IP. Os endereços de cada componente são definidos pela empresa fabricante seguindo as recomendações do EIA e possuem 32 bits. Sendo assim o pacote mínimo transmitido pela rede possui 64bits. 2.2.2 Aplicações Assim como o padrão ZigBee, as aplicações utilizando a tecnologia CEBus são voltadas para a automação, seja ela residencial ou industrial. Empresas como Microsoft, IBM, Compaq, AT&T, Panasonic e Sony vem desenvolvendo equipamentos capazes de se comunicar utilizando o protocolo CEBus. Em 2006, em uma feira de eletrônica em Las Vegas, EUA, foi apresentado um aparelho de televisão com um roteador CEBus interno. Através deste roteador é possível acender as luzes apenas utilizando o controle remoto do televisor. Figura 3 - Exemplo de aplicação CEBus 29 2.3 CONTROLLER AREA NETWORK (CAN) Para a aplicação proposta neste projeto o protocolo utilizado foi o protocolo CAN. Dentre os protocolos analisados este se mostrou o mais flexível em relação à aplicação e com uma ótima detecção de erros. A seguir é apresentado um histórico sobre este protocolo e em seguida é feita uma explicação teórica da estrutura de rede deste padrão. 2.3.1 Histórico O formato de rede e o protocolo CAN foram desenvolvidos em 1983 por Robert Bosch Gmb para melhorar a comunicação entre os diversos componentes presentes em um veículo. Com o aumento do número de dispositivos de controle e sensores nos veículos a espessura dos chicotes (grupo de cabos de conexão) cresceu o que tornava a manutenção e detecção de falhas muito complexas. Por este motivo, em 1986, a empresa Bosch apresentou a solução CAN para a Sociedade de Engenheiros Automotivos (Society of Automotive Engineers - SAE), e esta foi amplamente aceita e se tornando um dos padrões mais utilizados em automóveis atualmente. A regulamentação geral da rede CAN está presente na resolução ISO 11898 da International Organization for Standardization e sua regulamentação específica para as diversas aplicações em automóveis foi padronizada pela SAE. A rede CAN possui diversas vantagens, o que acabou espalhando sua utilização para as áreas industriais, como por exemplo, a indústria aeroespacial, marítima, militar e também em aplicações rurais. Dentre as principais características da rede CAN podem-se citar: Faixa de Operação de até 1Mbps para curtas distâncias; Possui uma excelente detecção de erros; 30 Usa mensagens curtas de até 8 bytes por mensagem; Configuração altamente flexível; Controle da rede por prioridades nas mensagens. Atualmente existem dois padrões de protocolo CAN. O CAN versão 2.0 A, com identificador de mensagens de 11bits e a versão 2.0B com identificador de 29bits. O modelo do protocolo CAN segue o padrão de camadas OSI/ISO. Um das vantagens da rede CAN é que tanto a camada de enlace como a camada física são implementadas diretamente no microchip de controle, deixando apenas a camada de aplicação a ser desenvolvida. Figura 4 - Camadas ISO e CAN 2.3.2 Camada Física O barramento CAN é formado por um par de fios trançados com impedância característica de 150 ohms. O Sinal é transmitido neste barramento de forma diferencial, ou seja, a diferença de tensão entre os terminais do 31 barramento é que carrega a informação, os fios deste barramento são denominados CAN_H (High) e CAN_L (Low). O conceito envolvido na transmissão de mensagens CAN é baseado na técnica CSMA/CR (do inglês, Carrier Sense Multiple Access/ Colission Resolution) onde, em caso de colisão a mensagem que apresentar o primeiro bit dominante, ou seja, o bit que causar uma diferença de tensão entre CAN_H e CAN_L, levará vantagem e continuará a ser enviado sem destruição ou interferência. Este processo será visto mais profundamente no tópico sobre mensagens CAN. Figura 5 - Topologia de barramento CAN Por convenção, o bit 1 é considerado o bit recessivo e o bit 0 o bit dominante. Para gerar um bit dominante é necessário que a tensão em CAN_H seja cerca de 3,5V e a tensão em CAN_L seja de 1,5V (padrão ISO 11898), como mostra a figura a seguir: 32 Figura 6 - Nível de barramento, segundo ISO 11898 A rede CAN apresenta a capacidade de monitoramento de bits para verificação de utilização do barramento e devido a este fato a capacidade de transmissão de bits diminui com a distância dos nós presentes na rede. Figura 7 - Gráfico de Taxa de Transmissão de bits pela distância dos nós 33 A conexão dos nós ao barramento CAN geralmente é realizada através de conectores DB 9, a configuração dos pinos do conector está apresentada na tabela abaixo: Pinos Nome do Sinal Descrição 1 Reservado A ser definido 2 CAN_L Dominante nível baixo 3 CAN_GND Terra 4 Reservado A ser definido 5 CAN_SHLD Blindagem (Opcional) 6 GND Terra 7 CAN_H Dominante nível alto 8Reservado A ser definido 9 CAN_V+ Fonte Tabela 2 - Pinagem dos conectores DB9 seguindo padrão CAN Figura 8 - Modelos de conectores DB 9 34 2.3.3 Camada de Enlace 2.3.3.1 Mensagens As mensagens transmitidas pela rede CAN, conforme apresentado anteriormente, possuem duas versões bastante utilizadas pela indústria atualmente. A versão 2.0 A onde o campo destinado para o identificador da mensagem possui 11 bits, e a versão 2.0 B onde o campo de identificação de mensagem possui 29 bits. Uma mensagem CAN pode ser encapsulada em quatro tipos básico de datagramas, são eles: Data Frames, ou quadros de dados; Remote Frames, ou quadros remotos; Erro Frames, ou, quadros de erros; Overload frames, ou, quadros de sobrecargas. Cada um destes quadros possui uma função diferente na rede CAN. A seguir é apresentado um resumo de cada quadro e suas características: Quadros de Dados A seguir é apresentada a estrutura de um quadro de dados: Figura 9 - Estrutura de um quadro de dados 35 O campo de início de quadro (Start of Frame – SOF) é composto por apenas um bit dominante, este bit é responsável por informar o barramento que uma mensagem irá começar a ser transmitida. O campo de arbitragem (Arbitration Field) na versão 2.0 A possui um campo de 11 bits chamado de Identificador da mensagem, e um campo de requisição de retransmissão de dados (RTR – Remote Transmission Request). O campo Identificador de Mensagens é responsável por informar ao barramento a prioridade da mensagem. E o campo RTR é composto por apenas um bit, se este bit for dominante, é responsável por informar aos componentes que um quadro remoto deve ser enviado após o recebimento desta mensagem. Figura 10 - Campos de arbitragem e controle de mensagem no formato CAN 2.0 A Na versão 2.0 B, o campo de arbitragem é um pouco maior, possuindo 29 bits no campo de identificação dividido em um campo de 11 bits, e um de 18 bits. Os campos que dividem o campo de identificação são um campo RTR recessivo denominado de SRR (Subistitute Remote Request), e o campo IDE (Identifier Extension), presente também no campo de controle, este bit, se recessivo, informa se o próximo campo é a extensão do identificador ou apenas o campo de controle. 36 Figura 11 - Campos de arbitragem e controle de mensagem no formato CAN 2.0 B O campo de controle é composto por um (versão 2.0 A) ou dois (versão 2.0 B) bits reservados e um campo de 4 bits informando o comprimento da mensagem (DLC – Data Lenght Code). Em seguida, é apresentada a mensagem propriamente dita. O campo da mensagem pode ser composto de 0 a 8 bytes. Após o campo da mensagem é transmitido um campo de verificação de redundância cíclica, ou checksum, de 2 bytes. Este campo é usado para verificar a integridade da mensagem. Se o CRC enviado não for idêntico ao calculado, a aplicação definirá o que deve ser feito. Em seguida, o campo de confirmação de recebimento (ACK) é dominante somente se a mensagem enviada foi recebida corretamente pelo receptor. E finalmente o campo de fim de transmissão (EOF – End Of Frame) é enviado. Este campo de 7 bits informa o fim do pacote e caso tenha apresentado algum erro seta bits para informar estes erros. O campo de entre quadros (Interframe Space) é compostos por 3 bits recessivos e é somente um espaço definido entre dois pacote de mensagem. O IFS só é enviado após pacotes de dados e pacotes remotos. Quadros Remotos A estrutura dos pacotes remotos é semelhante a dos pacotes de dados e é apresentada a seguir: 37 Figura 12 - Estrutura do pacote remoto Como mostra a figura acima, o pacote remoto é composto pelos mesmos campos do pacote de dados exceto que o pacote remoto não apresenta mensagens. O quadro remoto é usado, por exemplo, para solicitar dados de um componente da rede. Ou somente para informar o recebimento de uma mensagem. Quadros de Erros e Sobrecarga O pacote de erros é enviado por qualquer nó da rede que detecte um erro. Figura 13 - Estrutura do pacote de erros/sobrecarga Os seis primeiros bits do pacote são flags definidas pela aplicação. O Delimitador do quadro é composto por 8 bits recessivos. O pacote de sobrecarga apresenta a mesma estrutura do pacote de erro e é utilizado quando se necessita um atraso maior na transmissão de pacotes. 38 2.3.3.2 Arbitragem A arbitragem utiliza o processo de dominância de bits para garantir que a prioridade entre as mensagens venha a ser mantida. A dominância previne que a mensagem com maior prioridade seja sobreposta ou destruída por outra mensagem de menor prioridade. A rede CAN utiliza o principio de detecção de portadora para verificar se a mensagem transmitida corresponde de fato à mensagem que o transmissor enviou. E este principio é utilizado também para verificar se o canal está liberado para o inicio de transmissão. A seguir é apresentado um exemplo de quatro nós e o canal CAN: Figura 14 - Exemplo de arbitragem Neste exemplo, os nós A, B e C começam a transmitir a mensagem no mesmo instante, o nó D detecta o inicio de transmissão e entra no modo de recepção. O identificador das mensagens possui os mesmos últimos dígitos (bits 6,7,8,9 e 10). Até este ponto nenhum dos nós detectou a superposição do canal. 39 Quando o bit 5 (recessivo) é enviado o nó B detecta um erro e entra no modo de recepção. O que será feito com a mensagem B é definido pela aplicação. O nó A só percebe a sobreposição ao enviar o bit 3, neste momento ele entra em modo de escuta de canal e o nó C envia o restante da mensagem sem perceber que ouve a sobreposição. Percebe-se então que a prioridade sobre a rede não é do nó e sim da mensagem, e mensagens com o primeiro bit dominante enviado terá prioridade. 2.3.3.3 Confinamento de Falhas O CAN apresenta o confinamento de falhas que consiste no isolamento de nós defeituosos ou no total desligamento do barramento dependendo da gravidade do erro detectado na rede. Fisicamente consiste em dois contadores presentes nos nós e no barramento, um contador é responsável por detectar erros de transmissão e outro para detectar erros de recepção. Por definição, cada contagem equivale a um ponto. Inicialmente os nós se encontram no estado denominado de “error active”. Ao detectar um erro é enviado um flag de erro ativo e o contador aumenta a pontuação para este nó. Se a próxima mensagem enviada por este nó não apresentar a flag de erro os pontos dados anteriormente são descontados. Se um nó apresentar contagem maior do que 127 pontos consecutivos o nó entra no estado “error passive”, no qual continua enviando mensagens com um tempo entre mensagens um pouco maior. Se o nó no modo “error passive” continuar a enviar flags de erro passivo, e sua pontuação aumentar até 255 pontos ele é desligado do barramento entrando no modo “bus off” até ser resetado manualmente ou até que sejam detectados 128 pacotes de 11bits recessivos e volte para o estado de “error passive”. 40 Figura 15 - Estados de erro de nós CAN 2.3.3.4 Filtragem Por ser uma rede que não utiliza endereçamento no envio e recebimento de mensagens, a identificação de nós é feita através de um processo simples de filtragem de mensagens. Todas as mensagens são transmitidas em broadcast, ou seja, a mensagem transmitida é recebida por todos os nós da rede. Ao receber umamensagem o equipamento faz a filtragem analisando o campo de identificação e verifica se deve ou não completar o pedido enviado. O exemplo a seguir mostra como a mensagem enviada pelo nó A é filtrada por todos os outros nós presentes na rede. Somente o nó D possui o filtro capaz de receber as mensagens de A. 41 Figura 16 - Esquema de Filtragem 2.3.3.5 CANOpen CANOpen é o nome dado ao padrão de protocolo desenvolvido pelo grupo de fabricantes denominado CAN in Automation (CIA). Este protocolo foi desenvolvido para suprir a falta de padronização do protocolo CAN nas camadas maiores (baseando-se no modelo OSI). O CANOpen foi inicialmente criado para aplicações com máquinas motoras, mas atualmente domina grande parte dos sistemas de automação, inclusive o ramo residencial. O protocolo CANOpen pode ser resumido em três partes: A aplicação, o dicionário de objetos e o protocolo propriamente dito. A aplicação faz apenas a tradução dos dados recebidos e enviados para que o usuário interaja. O dicionário de objetos contem diversos parâmetros comuns a todos os equipamentos. Esses parâmetros contém informações sobre o estado do equipamento, estado da rede e ainda possui valores específicos para os fabricantes. E por fim o protocolo que é o responsável pela padronização dos dados enviados na rede, lembrando que os dados a serem enviados são encapsulados no protocolo CANOpen e em seguida no protocolo CAN e são transmitidos na rede. 42 Figura 17 - Exemplo de dicionário de parâmetros Figura 18 - Três partes do protocolo CANOpen O controle de erros do protocolo CANOpen é atravez de um método chamado Heartbeat (Batida do coração) que é um pacote de mensagem enviado ciclicamente para todos os equipamentos do barramento contendo o identificador do equipamento e seu estado. O heartbeat também é usado como timer de sincronismo de rede. Figura 19 - Heartbeat do protocolo CANOpen 43 3 AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL E REDES CAN 3.1 Propostas O projeto visa teoricamente criar um integrador para automatizar uma residência utilizando como meio de comunicação entre seus componentes o protocolo CAN. Devido ao baixo custo dos microcontroladores CAN e as ótimas características já citadas no capitulo anterior (prioridade de mensagens, flexibilidade de configuração, vários nós mestres), a rede CAN é uma rede extremamente confiável e de fácil aplicação. O sistema de automação consiste em um ou mais nós mestres e nós atuadores ou sensores. Neste caso, os nós mestres seriam computadores pessoais conectados ao barramento CAN através de conectores RS-232C ou através de conectores USB dependendo da configuração dos mesmos. Os nós Figura 20 - Representação de um sistema de automação residencial 44 escravos seriam sensores e atuadores que possuem microcontroladores capazes de interpretar mensagens CAN. Para a aplicação de controle do sistema pode se usar qualquer linguagem de programação que tenha acesso às portas seriais do computador, como por exemplo, C#, Java ou Delphi. Este sistema teórico também pode ser estendido para uma aplicação de WebService, onde a casa estaria conectada remotamente na internet. 3.2 Estrutura da rede A estrutura do sistema é composta de componentes de controle (alarmes, sensor de temperatura, dimmers, ares-condicionados, etc.) espalhados por diversos pontos da residência e um sistema de controle central composto por um computador rodando um software de gerenciamento e controle. 3.2.1 Hardware Como explicado anteriormente a estrutura física do sistema consiste em um (ou mais) computador principal e diversos sensores espalhados pela residência conforme necessidade do nível de automação. A interligação do computador com o barramento principal é feita através de uma placa de comunicação CAN, ou através de um dispositivo que faça esta conexão através de um controlador USB. 3.2.1.1 Comunicação via Placa PCI Para elaboração deste trabalho foram pesquisadas algumas placas PCI capazes de realizarem a comunicação CAN de forma simplificada. As placas encontradas são dos seguintes fabricantes: 45 Modelo Fabricante Preço Kvaser PCIcanx HS/HS Kvaser US$ 650,00 PISO-CAN200E-D ICP DAS Não fornecido PC276 PLS Não fornecido Tabela 3 - Tabela de placas de comunicação CAN A placa Kvaser PCIcanx HS é uma placa PCI que se adapta tanto ao padrão PCI-X como ao PCI comum. Possui duas saídas D-sub 9 (RS232) capazes de trabalhar independentes graças aos dois microcontroladores SJA1000 da empresa Philips. Esta placa é compatível com os protocolos CAN 2.0 A e 2.0 B. Possui um oscilador de 16MHz para a comunicação com o barramento. E é compatível com os sistemas operacionais: Windows Vista, Windows 2000/XP/Server 2003, Windows 95/98/ME, Windows NT4.0 e Linux. A placa PISO-CAN200E-D também possui dois canais CAN compatíveis com os padrões 2.0 A e 2.0 B. Suporta taxas de transmissão de 10 Kbps a 1Mbps. Seu controlador CAN é o controlador NXP SJA1000 CAN Controller with 16MHz da Philips, assim como o da placa da empresa Kvaser. Seus drivers são suportados pelos sistemas operacionais: Windows 2000/XP/Server 2003, Windows 95/98/ME, Windows NT4.0. A seguir é mostrada uma tabela de desempenho desta placa rodando em um computador com sistema operacional Windows XP Service Pack 3, com processador Intel Core 2 Duo de 2GHz e com 512 MB de memória: Baud Rate(bps) CAN 2.0 A CAN 2.0 B Frame per sec. Frame per sec. 1000 k 7498 6187 800 k 5625 5154 500 k 4091 3465 250 k 2135 1809 46 125 k 1096 925 50 k 439 370 20 k 175 148 10 k 88 74 Tabela 4 - Comparativo de Frames por segundo Figura 21 – Placa PISO-CAN200E-D A terceira placa, PC276, é uma placa com maior complexidade do que as demais, pois permite ser reconfigurada através de uma memória Flash- EPRON de 1MB. Seu processador é um ST10F276 da empresa STMicroelectronics. Assim como as placas citadas acima, está também possui duas saídas para barramentos CAN (2.0 A e 2.0 B) com taxa de transferência de até 1Mbps. Esta placa possui a capacidade de expandir sua memória em até 2MB através de módulos de memória vendidos separadamente. Seus Drivers são compatíveis com os sistemas operacionais Windows Vista, Windows XP and Windows 2000. 47 Figura 22 – Placa PC276 3.2.1.2 Comunicação via Controlador USB Outra maneira de interligar o computador principal ao barramento CAN seria através de um dispositivo controlador USB. Este dispositivo consiste em uma entrada USB, um ou mais microcontroladores e uma saída CAN, a vantagem sobre os demais circuitos apresentados e seu baixo custo e sua fácil implementação. Existem vários equipamentos com esta função, mas este projeto irá tratar apenas de um componente desenvolvido pela empresa InTRACK - Industria e Comercio de Equipamentos Eletrônicos, uma empresa totalmente brasileira que produz equipamentos de rastreamento e controle de veículos. A placa desenvolvida por esta empresa tem o intuito de se comunicar com veículos que possuem barramento CAN, como por exemplo, veículos das montadoras Volvo, Scania, Mercedez Bens e Opel/Chevrolet. Mas por ser apenas um componente que encapsula os pacotes CAN em pacotes USB e os envia para o computador nada impede que esta placa seja usada em automação residencial. 483.2.1.3 Topologia da Placa A placa possui um microcontrolador PIC18F2455 responsável por montar os pacotes USB e um DSP DSPIC33FJ256GP710 que analisa e gerencia os dados enviados do barramento e do microcontrolador. O controlador PIC18F2455 é um voltado para conexão e comunicação USB, possui 24KB de memória Flash e 2KB de memória RAM. É responsável por 12 milhões de instruções por segundo a 48MHz. Este microcontrolador tem a capacidade de realizar operações do padrão RS-232, o mesmo usado em controladores CAN, o que o torna uma ótima escolha para o projeto. Figura 23 - PIC18F2455 O segundo controlador, DSPIC33FJ256GP71, é um processador digital de sinais baseado na arquitetura Harvard de 16 bits, com 256 KB de memória de programa e 32 KB de memória RAM. Este DSP é capaz de realizar 40 49 milhões de instruções por segundo e possui duas saídas Tx e Rx para comunicação CAN. Este processador possui ainda dois acumuladores com 40 bits cada, cinco tipos de interrupção externa e sete níveis de prioridade totalmente programáveis. Figura 24 - DSPIC33FJ256GP710 Resumidamente estes dois microcontroladores operam simultaneamente, ao receber um pacote, o controlador PIC18F2455 verificar o identificador da mensagem para confirmar se a mensagem está no formato 50 CAN, em caso afirmativo o pacote é enviado para o DSP que se encarrega de processar e enviar a mensagem ao barramento. O caminho inverso ocorre da mesma forma, ao receber um pacote do barramento CAN o processador filtra as mensagens CAN, se alguma mensagem for destinada ao computador, o DSP envia o pacote para o PIC que encapsula a mensagem no pacote USB e envia ao computador. 3.2.2 Software Conforme visto anteriormente, o protocolo CAN não possui qualquer especificação para as camadas de aplicação, o que o torna um padrão extremamente flexível em relação à linguagem de programação. Para este projeto foi escolhida a linguagem Object Pascal através do ambiente de desenvolvimento Borland Delphi versão sete. A escolha desta linguagem levou em conta sua grande biblioteca voltada a objetos e o grande número de componentes desenvolvidos para este ambiente de programação. 3.2.2.1 Sistema de controle de residências A principal função do sistema é informar ao usuário o estado de toda a residência bem como permitir que o mesmo possa interagir com os diversos componentes presentes na rede, como por exemplo, acender luzes ou verificar os sensores de presença. Para o projeto foram usados vários componentes comuns de desenvolvimento Delphi e um componente especifico, chamado COMport (gratuito até a versão 1.3), para realizar a comunicação com a porta serial virtual criada pelo microcontrolador. Com este componente é possível ler e escrever na porta serial utilizando simplesmente as respectivas funções read() e write() do componente, passando como parâmetros o pacote a ser escrito e seu tamanho. Devido a essa facilidade na comunicação a interpretação das mensagens se torna dinâmica fazendo com que o programa consiga interpretar de três a quatro mensagens por segundo, que para automação residencial é um ótimo valor, levando em consideração que para acionar um alarme ou 51 iniciar a gravação de uma câmera demora-se em média 200 a 500 milissegundos. O sistema desenvolvido possui três funções principais: a função findUSBCANTarget, a função getUSBCAN e a função sendUSBCAN. O código destas funções se encontra anexo a este trabalho. A função findUSBCANTarget tem por objetivo localizar um componente CAN através de mensagens definidas. Por exemplo, o sistema enviaria um Remote Frame com o identificador da mensagem e em seu campo RTR um bit dominante para informar que o componente que receber esta mensagem e possuir o mesmo identificador deverá enviar outro Remote Frame para o barramento. Esta função então é responsável por enviar um remote frame e escutar a porta até que outro quadro com a mesma identificação seja recebido, se for recebido corretamente o componente está presente no barramento. As funções getUSBCAN e sendUSBCAN são responsáveis por ler e escrever respectivamente pacotes CAN no barramento. Estas funções são usadas para a interação com toda a rede. Através de procedimentos definidos basta utilizarmos as funções descritas acima para interpretar os dados recebidos e mostrar na tela o estado dos componentes. A seguir são apresentados os fluxogramas de funcionamento das funções getUSBCAN e sendUSBCAN: Figura 25 - Fluxograma da função sendUSBCAN 52 Figura 26 - Fluxograma da função getUSBCAN Como em automação residencial os dados enviados por equipamentos pode ser maior do que 8 bytes, é necessário que haja uma função que verifique o tamanho dos dados e os fracione em pacotes menores. Para isso é necessário utilizar alguns bytes da área de dados para indicar qual fração do pacote está sendo encaminhado. Esta função seria muito útil no caso de câmeras de vigilância, ou então em um sistema distribuído de áudio, onde os pacotes multimídia possuem tamanhos de alguns quilobytes. 3.2.3 Exemplos de Mensagens Como em uma residência o número de nós presentes na rede é pequeno, optou-se por desenvolver uma aplicação simples e que se comunique de forma direta utilizando o protocolo CAN 2.0A com 11 bits de identificação. A seguir é analisado um exemplo de rede residencial CAN, mostrando como a identificação do nó atua como forma de priorização de mensagens. 53 3.2.3.1 Equipamentos de uma residência Uma residência comum no Brasil possui pelo menos quatro cômodos, sendo estes: uma sala, um quarto, uma cozinha e um banheiro. Para exemplificar a utilização dos identificadores a distribuição de eletrodomésticos nesta residência se dará da seguinte forma: Na sala existem um aparelho de som, uma televisão, um computador pessoal, cinco tomadas de 110V e uma lâmpada. Na cozinha estão presentes a geladeira, um fogão elétrico, um forno micro-ondas, cinco tomadas e uma lâmpada. No quarto existem uma televisão, quatro tomadas e uma lâmpada. E no banheiro apenas duas tomadas. A residência também possui um sistema de alarme (juntamente com o integrador CAN) e controle eletrônico de portas. A partir do perfil de cada equipamento é possível dividir os equipamentos em grupos de controle. Neste caso optou-se por dividir os eletrodomésticos por cômodos e funcionalidade. Deste modo obteve-se a seguinte configuração: 54 Cômodo Equipamento Nível de Prioridade Sala Televisão Médio Aparelho de Som Médio Computador Pessoal Médio Tomadas Baixo Lâmpada Alto Cozinha Geladeira Médio Fogão Elétrico Médio Forno Microondas Médio Tomadas Baixo Lâmpada Alto Quarto Televisão Médio Tomadas Baixo Lâmpada Alto Banheiro Tomadas Baixo Lâmpada Alto Controle de Portas Alto Sistema de Alarme Alto Tabela 5 - Níveis de prioridade dos equipamentos 55 Seguindo a lógica de arbitragem foram escolhidos os identificadores de cada equipamento como mostra a tabela a seguir: Identificador (bits) Equipamento b0 b1 b2 b3 b4 b5 b6 b7 b8 b9 b10 b11 Nível Alarme 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 Alto Controle de Portas12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 Lâmpada Sala 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 Lâmpada Cozinha 0 0 0 0 0 0 0 1 1 00 0 Lâmpada Quarto 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 Lâmpada Banheiro 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 Computador Pessoal 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 Médio Televisão da Sala 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 Aparelho de Som 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 Geladeira 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 Fogão elétrico 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 Microondas 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0 Televisão do Quarto 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 Tomada 1 da Sala (TS1) 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Baixo TS2 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 TS3 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 TS4 1 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 TS5 1 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 Tomada 1 da Cozinha (TC1) 1 0 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 TC2 1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 TC3 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 TC4 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 TC5 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 Tomada 1 do Quarto (TQ1) 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 TQ2 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 TQ3 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 TQ4 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 TQ5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 Tomada 1 do Banheiro (TB1) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 TB2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 Tabela 6 - Exemplo de identificadores de mensagem 12 Para o controle de portas cada porta possui um identificador passado juntamente com os dados do pacote. 56 Este exemplo serve para mostrar o método de priorização de mensagens, e detecção de erros a partir de seu identificador. Seguindo o princípio de dominância de bits, as mensagens com baixo nível de prioridade possuem um bit recessivo logo no começo do seu identificador, e conforme aumenta o nível de prioridade o código binário do identificador diminui. Cada equipamento ira filtrar somente as mensagens contendo seu próprio identificador, mostrando que a comunicação utilizando o protocolo CAN é uma comunicação totalmente segura, pois cada equipamento só opera se seu identificador foi reconhecido. O protocolo CAN permite muitas outras configurações, o exemplo acima poderia ser refeito de modo que cada nível de prioridade possuísse um identificador fixo e cada equipamento possuiria um identificador passado como um dado no pacote. A escolha do padrão de mensagens é feita de modo singular levando em conta as prioridades desejadas, a freqüência de uso de cada equipamento e a função deste na rede. 57 4 CONCLUSÕES Os sistemas de automação residencial necessitam ser seguros, confiáveis e principalmente possuírem um baixo custo de instalação. Assim sendo, cada projeto deve realizar a melhor combinação destas características, para que haja maior conforto e economia para o usuário. Para a realização deste trabalho foi escolhido uso do protocolo CAN para a comunicação de dados entre os diversos componentes do sistema. Esta escolha levou em consideração a flexibilidade na camada de aplicação do protocolo, a possibilidade da rede CAN ser controlada por diversos nós, e seu excelente código de detecção e correção de erros. A rede CAN também se mostrou econômica no quesito cabeamento por necessitar apenas de pares de fio trançados, que possuem baixo custo no mercado. A implementação do integrador também foi realizada visando às características principais de um sistema de automação. Para isto, foi utilizado um computador pessoal rodando uma aplicação desenvolvida em linguagem Object Pascal. A interface entre o computador e o barramento foi desenvolvida através de uma placa desenvolvida pela empresa InTRACK, para utilizar portas de comunicação USB do computador. Esta placa utiliza componentes de baixo custo comparado com placas desenvolvidas para se comunicarem diretamente com a rede CAN. Através deste trabalho foi possível perceber que aplicações residenciais de controle podem ser realizadas utilizando-se componentes de baixo custo e protocolos flexíveis. Isso aumenta a popularização de casas inteligentes. Mas para que esta popularização se dê de forma correta, é necessário investimento na criação de componentes simples e seguros e na padronização de estruturas de rede de alto desempenho. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VOSS, Winfred, 2002. Comprehensible Guide To Controller Area Network. Copperhill Technologies Corporation. PINHEIRO, José Maurício Santos, 2006. ZigBee em Home Area Network. Projeto de Redes. Disponível em: http://www.projetoderedes.com.br. Acesso em 25/02/2006. INTILLE, S., Designing a Home of the Future. Massachusetts Institute of Technology. Pervasive Computing. MESSIAS, A. R. Porta Paralela. Disponível em: <http://www.rogercom.com/index.htm>. Acesso em 07/09/2009. ZigBee® Wireless Standard. Disponível em: <http://www.digi.com/technology/rf- articles/wireless-zigbee.jsp Acesso em 15/09/2009>. ZigBee Tutorials. Disponível em: <http://www.tutorial- reports.com/wireless/zigbee/zigbee-architecture.php> Acesso em 15/09/2009. CEBus. Disponível em: <http://www.hometoys.com/htinews/aug97/articles/kwacks/kwacks.htm> Acesso em: 17/09/2009 ICP DAS, Placa PISO-CAN 200-E. Disponível em: <http://www.icpdas.com/products/Remote_IO/can_bus/piso-can200e.htm> Acesso em: 20/09/2009 PLS, Placa PC276, Disponível em: <http://www.pls- mc.com/content/view/32/47/> Acesso em: 20/09/2009 59 Kvaser, Placa PCIcanx HS/HS. Disponível em: <https://secure.assurebuy.com/98057/98057.htm> Acesso em 25/09/2009 Microchip, Datasheet PIC18F2455. Disponível em: <http://www.microchip.com/stellent/idcplg?IdcService=SS_GET_PAGE&nodeId =1480>. Acesso em: 28/09/2009 Microchip, Datasheet DSPIC33FJ256GP710. Disponível em: <http://www.microchip.com/wwwproducts/Devices.aspx?dDocName=en024679 > Acesso em: 28/09/2009 Leão, Marcelo, 2003. Curso Completo Borland Delphi 7. Axcel Books do Brasil. Aureside. Disponível em: <http://www.aureside.org.br/> Acesso em: 07/09/2009 Saber Eletrônica, Rede CAN: a troca de dados em aparelhos eletrônicos. Disponível em: <http://www.sabereletronica.com.br/secoes/leitura/1301> Acesso em: 04/10/2009 CAN in Automation. Disponível em: <http://www.can-cia.org> Acesso em: 09/11/2009 60 ANEXOS 1. Funções Delphi 1.1 FindUSBCANTarget procedure TfrmPrincipal.findUSBCANTarget; var i,j: Integer; serverResponse, porta: LongWord; begin if not Port.Connected then begin Port.Timeouts.ReadInterval := 50; porta:= $FEAD1234; txdata[0] := $40; // START txdata[1] := Make8($FEAD1234,3); // MID01 txdata[2] := Make8($FEAD1234,2); // MID02 txdata[3] := Make8($FEAD1234,1); // MID03 txdata[4] := Make8($FEAD1234,0); // MID04 txdata[5] := $1; // EXTENDED IDENTIFIER txdata[6] := $0; // RETURN REQUEST txdata[7] := $0; // NUMBER OF DATA BYTES txdata[8] := $0; // DB00 txdata[9] := $0; // DB01 txdata[10] := $0; // DB02 txdata[11] := $0; // DB03 txdata[12] := $0; // DB04 txdata[13] := $0; // DB05 txdata[14] := $0; // DB06 txdata[15] := $0; // DB07 txdata[16] := CheckSum; // CHECKSUM 61 txdata[17] := $0D; // STOP <CR> Port.Open; for i:=0 to 17 do Port.Write(txdata[i],1); sleep(60); for i:=0 to 17 do Port.Read(rxdata[i],1); serverResponse := Make32(rxdata[8],rxdata[9], rxdata[10], rxdata[11]); if (serverResponse = porta) then begin mmCAN.Lines.Add('Dispositivo CAN Encontrado e Conectado.'); mmCAN.Lines.Add(''); SendUSB($FEAD1000, 1, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0); btCal.Enabled := True; btnDesconectar.Enabled := True; btnConectar.Enabled := False; Exit; end; Port.ClearBuffer(True,True); end; end; 1.2 getUSBCAN function TfrmPrincipal.getUSBCAN(mensagem: LongWord; EXT, RTR, NB, DB0, DB1, DB2, DB3, DB4, DB5, DB6, DB7: Byte):Boolean; var i: Integer; begin 62 try for i:=0 to 17 do rxdata[i] := $0 Port.Timeouts.ReadInterval := 250; txdata[0] := $40; // START txdata[1] := Make8(mensagem,3); // MID01 txdata[2] := Make8(mensagem,2); // MID02 txdata[3] := Make8(mensagem,1); // MID03 txdata[4] := Make8(mensagem,0); // MID04 txdata[5] := EXT; // EXTENDED IDENTIFIER txdata[6] := RTR; // RETURN REQUEST txdata[7] := NB; // NUMBER OF DATA BYTES txdata[8] := DB0; // I2C DB00 txdata[9] := DB1; // I2C DB01 txdata[10] := DB2; // I2C DB02 txdata[11] := DB3; // I2C DB03 txdata[12] := DB4; // I2C DB04 txdata[13] := DB5; // I2C DB05 txdata[14] := DB6; // I2C DB06 txdata[15] := DB7; // I2C DB07 txdata[16] := CheckSum(); // CHECKSUM txdata[17] := $0D; // STOP <CR> if Port.Connected then begin for i:=0 to 17 do Port.Write(txdata[i],1); sleep(60); for i:=0 to 17 do Port.Read(rxdata[i],1); if (rxdata[1] = $0) and (rxdata[2] = $0) and (rxdata[3] = $0) and (rxdata[4] = 63 $0) then begin Result := False; Port.ClearBuffer(True,True); Exit; end; if ((rxdata[1] = 0) and (rxdata[2] = 0) and (rxdata[3] = 0))then Result:= False; Result:= True; end else begin TimerRun.Enabled := False; btRun.Caption := 'Run'; ShowMessage('Dispositivo Não Conectado!'); Result:= False; end; Port.ClearBuffer(True,True); except on E : Exception do begin Result:= False; Port.ClearBuffer(True,True); Log.AdicionarErroCritico(E, 'Erro ao ler dados USB.'); end; end; end; 1.3 sendUSBCAN procedure TfrmPrincipal.sendUSB(mensagem: LongWord; EXT,RTR, NB, DB0, DB1, DB2, DB3, DB4, DB5, DB6, DB7: Byte); 64 var i:Integer; begin Sleep(25); txdata[0] := $40; // START txdata[1] := Make8(mensagem,3); // MID01 txdata[2] := Make8(mensagem,2); // MID02 txdata[3] := Make8(mensagem,1); // MID03 txdata[4] := Make8(mensagem,0); // MID04 txdata[5] := EXT; // EXTENDED IDENTIFIER txdata[6] := RTR; // RETURN REQUEST txdata[7] := NB; // NUMBER OF DATA BYTES txdata[8] := DB0; // I2C DB00 txdata[9] := DB1; // I2C DB01 txdata[10] := DB2; // I2C DB02 txdata[11] := DB3; // I2C DB03 txdata[12] := DB4; // I2C DB04 txdata[13] := DB5; // I2C DB05 txdata[14] := DB6; // I2C DB06 txdata[15] := DB7; // I2C DB07 txdata[16] := CheckSum(); // CHECKSUM txdata[17] := $0D; // STOP <CR> if Port.Connected then begin for i:=0 to 17 do Port.Write(txdata[i],1); end else ShowMessage('Dispositivo Não Conectado!'); Port.ClearBuffer(True,True); end; 65
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