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Aquecimento global e sustentabilidade-coleção CIEE-114

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Coleção CIEE 114
Aquecimento global e 
sustentabilidade
Antonio Carlos de Mendes Thame
Sede
Rua Tabapuã, 540 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-001
Espaço Sociocultural – Teatro CIEE
Rua Tabapuã, 445 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-011
Prédio-Escola CIEE
Rua Genebra, 65/57 - centro - São Paulo/SP - ceP 01316-010
Telefone do estudante: (11) 3046-8211
Atendimento às empresas: (11) 3046-8222
Atendimento às Instituições de ensino: (11) 3040-4533
Fax: (11) 3040-9955
www.ciee.org.br
Aquecimento global e 
sustentabilidade
Coleção CIEE 114
Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE
São Paulo
2010
C389a CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA - CIEE
 Aquecimento global e sustentabilidade / Centro de Integração 
 Empresa-Escola – São Paulo : CIEE, 2010.
 49 p. (Coleção CIEE ; 114)
 
 Palestra proferida por Antonio Carlos de Mendes Thame durante 
 o Fórum Permanente de Debates do CIEE sobre a Realidade Brasilei- 
 ra, realizada no auditório Ernesto Igel e Mario Amato do CIEE em 24 
 de setembro de 2009.
 ISBN: 978-85-63704-01-6
 1. C. c. da Terra - Aquecimento Global 2. Sustentabilidade 
 3. Silva, Ruy Martins Altenfelder 4. Bertelli, Luiz Gonzaga 
 5. Souza, Paulo Nathanael Pereira de 6. Thame, Antonio Carlos de 
 Mendes I. Título II. Série
CDU : 550
SUMÁRIO
A importância da conscientização 
ambiental ...................................................
Ruy Martins Altenfelder Silva
Questão ambiental: uma temática atual......
Luiz Gonzaga Bertelli
Conduta ética em defesa do 
meio ambiente ...........................................
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Aquecimento global e 
sustentabilidade .........................................
Antonio Carlos de Mendes Thame
Debates ...................................................... 
Homenagem de encerramento ....................
7
11
13
23
53
61
A importância da 
conscientização 
ambiental
A importância da 
conscientização 
ambiental
Ruy MaRtins altenfeldeR silva
Advogado, presidente voluntário do Conselho de 
Administração do Centro de Integração Empre-
sa-Escola – CIEE, vice-presidente da Academia 
Paulista de História – APH, presidente da Acade-
mia Paulista de Letras Jurídicas – APLJ e do Con-
selho Superior de Estudos Avançados da FIESP.
8
Coleção CIee 114
A
a presente 
obra chama a 
atenção para 
uma temática 
de discussão 
fundamental 
na atualidade e 
que só começou 
a ser discutida 
nos últimos 50 
anos: a questão 
ambiental.
Além do reconhecido papel de agente integrador, comprovado pelo encaminhamento de milhares de jovens estudantes para estágio e programas de 
aprendizagem, o Centro de Integração Empresa-Escola 
- CIEE desenvolve inúmeras atividades, com o intuito de 
ampliar o conhecimento sobre temas em alta no país. O Fó-
rum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira 
é uma dessas iniciativas, uma vez que visa à compreensão 
aprofundada de assuntos relevantes, tanto no cenário na-
cional, quanto internacional.
A presente obra, fruto de uma 
palestra extremamente provei-
tosa ministrada pelo deputado 
Antonio Carlos de Mendes Tha-
me durante este fórum, chama 
a atenção para uma temática de 
discussão fundamental na atua-
lidade e que só começou a ser 
discutida nos últimos 50 anos: a 
questão ambiental.
É evidente que o assunto apre-
ciado por Mendes Thame tem 
fundamental importância no ce-
nário mundial da atualidade. 
Afinal, os últimos dados apresen-
tados por organismos internacio-
nais revelam que o planeta dá 
sinais claros de exaustão, devido 
9AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
ao uso inadequado dos recursos naturais e da destruição de 
ecossistemas, tornando-se urgente a união global em torno 
de soluções que amenizem os efeitos negativos desse des-
respeito histórico do homem com o meio ambiente.
Espera-se que este livro resulte em novos debates e re-
flexões aprofundadas sobre a questão ambiental, bem como 
na conscientização das pessoas quanto à necessidade de fa-
zer uso responsável dos recursos naturais.
Questão 
ambiental: uma 
temática atual
Questão ambiental: 
uma temática atual
luiz GonzaGa BeRtelli
Presidente executivo do Centro de Integração 
Empresa-Escola – CIEE, presidente da Academia 
Paulista de História – APH, diretor e conselheiro 
da Federação das Indústrias do Estado de São 
Paulo – FIESP.
12
Coleção CIee 114
HHá 10 anos, o Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE realiza o Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira, um evento de fun-
damental importância para o entendimento de temáticas 
relevantes no âmbito nacional. 
Esta obra, que resulta de um desses encontros, traz ex-
celente aula sobre aquecimento global e sustentabilidade, 
uma temática em voga na atualidade, dada a situação ur-
gente de se encontrar soluções para os problemas ambien-
tais enfrentados por todos os países do mundo.
A abordagem do deputado Antonio Carlos de Mendes 
Thame que, além de desempenhar de forma ética sua ati-
vidade política, possui conhecimento e experiência no as-
sunto tratado neste livro, é extremamente enriquecedora 
no que tange à ampliação da reflexão sobre o papel e a res-
ponsabilidade de cada cidadão na preservação ambiental. 
Espero que esta obra seja muito proveitosa a todos os 
leitores interessados neste tema que, como o próprio Men-
des Thame ressalta, é paradoxalmente recente na história 
da humanidade, já que o homem está há tanto tempo no 
planeta, fazendo uso indevido dos recursos naturais.
Boa leitura!
Conduta ética em 
defesa do meio 
ambiente
Paulo nathanael PeReiRa de souza
Acadêmico, educador, presidente emérito do 
Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE e 
presidente da Academia Paulista de Educação.
Conduta ética em 
defesa do meio 
ambiente
14
Coleção CIee 114
EEsta é mais uma obra resultante do Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira, realizado pelo Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE. Nesses 
encontros periódicos, reúnem-se grandes conferencistas para 
discutir e esclarecer problemas gravíssimos e intrincados que 
estão na base das dificuldades que este país atravessa em seu 
impulso para um futuro maior e melhor.
Antes de abordar a experiência profissional e a atuação de 
Antonio Carlos de Mendes Thame, palestrante que apresen-
tou o tema “Aquecimento Global e Sustentabilidade”, assunto 
originador do presente livro, é relevante destacar o importante 
papel desempenhado pelo CIEE no campo educacional e no en-
caminhamento de jovens ao mercado de trabalho.
O CIEE não é escola, mas tem um compromisso inarre-
dável com a educação dos brasileiros, que busca cumprir 
da forma que lhe é apropriada. A entidade mantém o mo-
vimento de estagiários, o preparo de aprendizes, cursos es-
peciais para o público jovem em geral, discussões e semi-
nários, e tem um prédio-escola no centro da cidade de São 
Paulo para facilitar o acesso do jovem que mora na extrema 
periferia e precisa ter atendimento e treinamento na sua 
preparação para o trabalho.
Desde o seu nascimento, o CIEE não pára de crescer, e os 
seus diversos filhotes nos outros estados do Brasil mantêm 
a tradição da matriz em São Paulo, cumprindo seu papel de 
forma magnífica, estendendo a todos os cantos do país os 
benefícios e serviços que a entidade oferece e pratica.
15AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
a educação 
técnica no Brasil 
nunca teve muito 
prestígio, pois, 
infelizmente, 
este foi um 
país que nasceu 
escravocrata.
É necessário ressaltar o papel de 
educador e historiador da educa-
ção brasileira desempenhado pelo 
CIEE. Afinal, coube à entidade con-
solidar a primeira solução para um 
problema histórico do Brasil. Trata-
se da separaçãoabsoluta da educa-
ção, ao longo dos séculos, entre ge-
ral e técnica. 
A educação técnica no Brasil 
nunca teve muito prestígio, pois, 
infelizmente, este foi um país que 
nasceu escravocrata. E não presti-
giar o trabalho manual é próprio da psicologia das coletivi-
dades que tiveram escravos, já que esse tipo de atividade 
não cabia ao homem livre. Assim, ao longo do período da 
Colônia e do Império, verifica-se, no Brasil, a ausência da 
educação técnica.
Em primeiro lugar, não havia mercado para a educação 
técnica, já que o escravo assumia todos os postos de traba-
lho. Em segundo lugar, não havendo mercado, é evidente 
que não havia emprego e, assim, ninguém estudaria espe-
rando ser empregado. 
Essa situação só se alterou após a proclamação da Re-
pública, quando se deu o início de uma nova era através 
da urbanização e da industrialização, que exigiam do tra-
balhador uma formação mais complexa e ampla. Uma vez 
que os processos de trabalho e produção estavam profun-
16
Coleção CIee 114
essa educação 
geral estava 
condicionada 
aos interesses 
estreitos das 
famílias que 
a utilizavam. 
o resto da 
população não 
tinha acesso a 
escolas.
damente ligados à tecnologia, era 
necessária a formação técnica para 
o trabalhador ou a economia brasi-
leira não teria a mão de obra de que 
necessitava.
A educação brasileira era apenas 
para a elite. Era destinada às famí-
lias de alto nível econômico e social. 
Somente os filhos dos grandes fa-
zendeiros, dos grandes latifundiá-
rios, dos altos funcionários da coroa 
portuguesa e da corte imperial po-
diam estudar. Somente essas famí-
lias dispunham de recursos econô-
micos suficientes para financiar o 
estudo. 
Para esses cidadãos, as escolas não eram necessárias. As 
famílias tinham seus próprios professores e tutores dentro 
de casa. Tratava-se de uma educação elitista, só disponível 
a quem tivesse um tio padre, por exemplo, que lhe desse 
uma formação suficiente para que, quando atingisse a idade 
apropriada, tomasse um navio para a Europa para buscar 
a formação superior. Era assim que funcionava a educação 
brasileira. Ela não era técnica, mas sim geral.
Todavia, essa educação geral estava condicionada aos inte-
resses estreitos das famílias que a utilizavam. O resto da po-
pulação, ainda que livre em seu status social, não tinha acesso 
a escolas. Quando tinha, tratava-se de escolas que somente 
17AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
havia, então, um 
nó na educação 
a ser desfeito. 
necessitava-se 
unir educação 
geral e técnica.
preparavam para um curso superior. Assim, quem não conse-
guisse chegar a um curso superior havia perdido todo o tempo 
que gastou na educação geral, na chamada paideia. 
Havia, então, um nó na educação a ser desfeito. Necessi-
tava-se unir educação geral e técnica. A educação completa, 
chamada de integral pelas leis brasileiras, só teria sentido se 
fosse possível juntar a paideia com o tecnicismo da escola.
Quem desempenhou esse papel de forma marcante no 
Brasil foi o CIEE. Empresários e educadores de São Paulo 
se uniram e tiveram a ideia de criar estágios de forma ma-
ciça para todos aqueles que estudavam na escola secundá-
ria da época, equivalente hoje ao ensino médio, e na escola 
superior. Era preciso propiciar a esses estudantes alguma 
familiaridade com o “fazer”, e não somente a sabedoria dos 
conceitos, ligada ao “saber”. 
Foi assim que nasceu essa contribuição imensa na figura do 
estagiário nos postos de trabalho de 
empresas e órgãos governamentais. É 
o indivíduo que sai da sala de aula e 
convive, por um ou dois anos, com a 
cultura empresarial. Assim, ele perce-
be como tudo acontece no âmbito da 
produção econômica e como toda a or-
ganização é articulada para que essa 
produção exista. E isso funciona. Daí 
a importância do estagiário.
Essa ideia cresceu e, hoje, o Bra-
18
Coleção CIee 114
sil tem mais de dez milhões de estudantes colocados no 
mercado de trabalho. É preciso ressaltar que 65% deles 
conseguem ser empregados na mesma organização onde fi-
zeram o estágio. O restante muda de local de trabalho ou 
trabalha por conta própria, mas todos aprovam o estágio. 
Pesquisas realizadas pela InterScience demonstram que 
99% aprovam o estágio como o caminho certo de entrada no 
mercado de trabalho.
Resumidamente, o CIEE conseguiu estabelecer essa im-
portante ponte entre um universo e outro e, a partir daí, 
a educação foi objetivando resultados cada vez mais qua-
lificados, uma vez que essa formação que junta o fazer e o 
conhecer é uma verdadeira qualificação. 
Ao criticar os resultados da educação no Brasil de hoje, 
que são negativos, sempre questiono qual é seu principal 
problema. Quase sempre se conclui 
que há falta de aplicação prática da 
teoria ensinada. O professor deveria 
ser formado no sentido de, ao ensi-
nar um conceito, ser capaz de, ime-
diatamente, aplicá-lo na vida práti-
ca de seus alunos.
Este exemplo é adequado para es-
clarecer o conceito. Certa vez, em um 
congresso de matemática, participei 
de uma grande reunião com brasilei-
ros e pessoas de outros países. Pergun-
tei àquele auditório se os professores 
essa ideia cresceu 
e, hoje, o Brasil 
tem mais de 
dez milhões 
de estudantes 
colocados no 
mercado de 
trabalho.
19AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
presentes ensinavam o Teorema de 
Pitágoras a seus alunos. Foi um le-
vantamento de braços unânime: cla-
ramente todos o ensinavam. 
Em seguida, perguntei quais de-
les haviam conseguido ensinar a 
seus alunos para que serve o Teore-
ma de Pitágoras. Ninguém levantou 
a mão. Nenhum deles havia sido 
preparado para isso. Os cursos de 
pedagogia no Brasil são uma piada. 
Os resultados dessa situação apa-
recem hoje, quando estão sendo feitas 
as avaliações do PISA. Nessas avaliações, participam mais de 
60 países. Elas são organizadas pela OCDE da Europa, para 
verificar os resultados da educação no mundo. No ano passado, 
o Brasil ficou em 52º lugar. Podem estar certos de que neste 
ano o resultado será pior.
Mas há um lado positivo: o CIEE fez o seu dever. Ele 
abriu essa possibilidade no Brasil, de o aluno ter um pouco 
de praticidade em seus conhecimentos, vendo aquela teoria 
da sala de aula sendo aplicada nos processos de produção e 
de distribuição da vida econômica. 
Não se pode perder a oportunidade de destacar a contri-
buição do CIEE, não só o de São Paulo, mas, como foi visto, 
também os vários CIEEs autônomos presentes nos diversos 
Estados do Brasil.
o professor deveria 
ser formado no 
sentido de, ao 
ensinar um conceito, 
ser capaz de, 
imediatamente, 
aplicá-lo na vida 
prática de seus 
alunos.
20
Coleção CIee 114
Após apreciar o importante pa-
pel desempenhado pelo CIEE no 
campo educacional, parte-se para 
a apresentação do conferencista, 
deputado Antonio Carlos de Men-
des Thame, que abordou o conteúdo 
deste livro. Hoje, ele é presidente 
da Executiva Estadual do PSDB de 
São Paulo e também deputado fede-
ral por esse partido, já em seu quin-
to mandato. É professor licenciado 
do Departamento de Economia da 
ESALQ, a Escola Superior de Agri-
cultura Luiz de Queiroz, de Piraci-
caba, onde se formou. É advogado 
pela PUC de Campinas.
Na Câmara Federal, é membro das Comissões de Rela-
ções Exteriores e Defesa Nacional, da Comissão de Agri-
cultura e Pecuária e da Comissão de Abastecimento e De-
senvolvimento Rural. Participa ainda da Comissão Mista 
Permanente sobre Mudanças Climáticas e do Conselho de 
Ética e Decoro Parlamentar. 
Deve-se a ele o primeiro projeto de lei obrigando a im-
plantação do biodiesel no país. Representou o Brasil em 
vários congressos internacionais ligados à energia e a mu-
danças climáticas e também no Fórum Mundial de Água, 
na Bélgica, Turquia, Polônia ediversos outros países. 
Além disso, preside a Frente Parlamentar Pró-Biocom-
Mas há um lado 
positivo: o Ciee 
fez o seu dever. 
ele abriu essa 
possibilidade no 
Brasil de o aluno 
ter um pouco de 
praticidade em seus 
conhecimentos.
21AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
bustíveis e presidiu a CPI da Biopirataria, que tratou do 
tráfico de animais e plantas silvestres, bem como do desvio 
de material genético e da exploração e do comércio ilegal de 
madeiras nobres, assuntos estes que caracterizam a pirata-
ria dos tempos modernos. 
Foi o primeiro presidente do Comitê de Bacias Hidro-
gráficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, e também 
fundador e presidente da Associação dos Municípios Cana-
vieiros do Estado de São Paulo. Ocupou a Prefeitura de Pi-
racicaba de 1993 a 1996, onde foi responsável por uma ad-
ministração que ainda hoje deixa saudades. Foi secretário 
de Estado de Recursos Hídricos, 
Saneamento e Obras em São Paulo 
em 1999.
Este deputado merece dois des-
taques: primeiro, mercê de sua 
formação científica, é uma das 
maiores autoridades do Brasil em 
sustentabilidade climática e econô-
mica, e coloca essa cultura a servi-
ço de seus mandatos, o que signifi-
ca a serviço de seus eleitores. É um 
deputado sério, por mais que estes 
dois termos, hoje, não se encaixem 
muito na opinião dos brasileiros. 
Mas é exceção, e é por isso que me-
rece respeito e saudações.
Além de sua formação e atuação 
Representou o 
Brasil em vários 
congressos 
internacionais 
ligados à energia 
e a mudanças 
climáticas e também 
no fórum Mundial 
de Água, na Bélgica, 
turquia, Polônia 
e diversos outros 
países. 
22
Coleção CIee 114
científica, o deputado é um exemplo de ética no exercício 
de seu mandato. Hoje, essa é uma palavra que está muito 
desmoralizada, para a qual não existe respeito. 
Quem não se importa com a ética diz que se trata de um 
termo do tempo de Aristóteles e que, naquele tempo, era 
normal haver ética. Mas, atualmente, não há mais lugar 
para ela, porque o mundo mudou. Bem, mudou, mas não 
seria necessário mudar para pior. Porém, infelizmente, foi 
o que aconteceu.
No Brasil, já houve muita ética no Parlamento. Mas, de 
algum tempo para cá, houve mudanças e parece que será 
necessário um bom tempo para que as coisas voltem aos 
trilhos. Mas há aqueles que são teimosamente otimistas e 
têm a ética como uma das suas re-
ferências na ação parlamentar. Um 
deles é o Thame. 
Nunca houve notícia de alguma 
ação inconveniente, de alguma pos-
tura duvidosa ou de algum negócio 
escuso que se ligue a seu nome. São 
duas coisas que o distinguem: sua 
capacidade científica e sua ética na 
ação parlamentar. Neste livro, essa 
é a personalidade que vai falar sobre 
as políticas públicas e mudanças cli-
máticas e a crise de alimentos.
 É uma das maiores 
autoridades 
do Brasil em 
sustentabilidade 
climática e 
econômica, e 
coloca essa cultura 
a serviço de seus 
mandatos.
Aquecimento 
Global e 
Sustentabilidade
Aquecimento Global e 
Sustentabilidade
antonio CaRlos de Mendes thaMe
Deputado estadual e presidente do Diretório 
Estadual do Partido da Social Democracia 
Brasileira - PSDB.
24
Coleção CIee 114
EEste livro trata de um tema paradoxalmente recente na história da humanidade: as questões ambien-tais.
É paradoxalmente recente porque é verdadeiramente 
um paradoxo. Nas últimas décadas, a ciência tem demons-
trado que o ser humano está no planeta há centenas de 
milhares de anos, e os hominídeos há mais de um milhão de 
anos. No entanto, só nos últimos 50 anos é que se começou 
a discutir questões ambientais. 
Foi necessário que a Terra desse sinais de exaustão, mos-
trasse que os ecossistemas e serviços ambientais estavam 
sofrendo, que o homem está utilizando os recursos além da 
capacidade de autorrecuperação, para que as pessoas co-
meçassem a se preocupar com 
questões ambientais. Durante 
todo o período anterior, nunca 
havia existido essa preocupação, 
porque aparentemente tudo es-
tava indo muito bem.
Nos últimos 50 anos, a situ-
ação se inverteu. Começou-se a 
perceber que havia uma série de 
problemas relacionados à capa-
cidade da Terra em continuar 
oferecendo os serviços ambien-
tais de suporte, de fornecimento 
de alimentos e fibras e, atual-
mente, de energia. Serviços de 
nas últimas 
décadas, a ciência 
tem demonstrado 
que o ser humano 
está no planeta 
há centenas de 
milhares de anos, e 
os hominídeos há 
mais de um milhão 
de anos. 
25AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
a primeira vez 
que a humanidade 
se reuniu para 
discutir questões 
ambientais de uma 
forma organizada 
foi em 1972, em 
estocolmo.
regular o clima, de oferecer 
remédios através de fárma-
cos, em suma, todos aqueles 
controles que a natureza rea-
liza estavam começando a de-
monstrar sinais de exaustão. 
A primeira vez que a huma-
nidade se reuniu para discutir 
questões ambientais de uma 
forma organizada foi em 1972, 
em Estocolmo. Lá, a ONU 
aprovou a Declaração de Esto-
colmo e o plano de mudanças 
climáticas, o PINUMA, que existe até hoje. Naquela épo-
ca, foram detectados os seguintes problemas ambientais: 
destruição acelerada de florestas, perda de solos agricul-
táveis, diminuição da capacidade pesqueira, notadamente 
em áreas costeiras, desaparecimento de espécies animais e 
vegetais e escassez localizada de água.
Desde então, muito pouco mudou. Atualmente, além 
desses, há outros dois problema ambientais. Primeiro, a es-
cassez generalizada de água. Praticamente todos os países 
do mundo passam por dificuldades com o abastecimento de 
água. Também apareceu um novo problema, o aquecimento 
global, que não foi detectado em 1972.
A escassez de água é notória. Todos estão vendo os gran-
des rios se transformando em rios, os rios se transformando 
em riachos, os riachos se transformando em filetes de água 
26
Coleção CIee 114
a partir de 
então, a situação 
se complicou 
ainda mais: além 
da lenha e do 
carvão, passou-
se a queimar 
petróleo e gás.
e os filetes desaparecendo. A água está faltando não só em 
lugares com o Oriente Médio, mas em países como os EUA. 
Hoje, o rio Colorado já não chega mais até o mar. 
No Brasil, há problemas de abastecimento de água em 
nove das regiões metropolitanas. Uma delas é São Paulo. 
Quando falta chuva já há preocupação com o sistema Can-
tareira, temendo que ocorra de novo o que aconteceu em 
2001, quando foi feito racionamento para evitar o rodízio.
O problema do aquecimento global surgiu com a primei-
ra revolução industrial, depois de uma das grandes inven-
ções da humanidade, o motor a vapor, que exigiu a queima 
de lenha ou carvão. 
Noventa anos depois, veio a 2ª revolução industrial, 
quando foi descoberto o uso da energia elétrica e foram in-
ventados os motores a combustão 
interna. São motores desse tipo que 
movem os veículos até hoje. Con-
tam com vários aperfeiçoamentos, 
evidentemente, mas foram criados 
em meados do século XIX. 
A partir de então, a situação se 
complicou ainda mais: além da le-
nha e do carvão, passou-se a quei-
mar petróleo e gás. Inicia-se, então, 
a construção de uma sociedade car-
bonária, em que é necessário emitir 
gás carbônico para produzir toda 
27AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
essa energia. A queima destes 
quatro combustíveis produz 
uma emissão contínua de gás 
carbônico que vai sendo acu-
mulada na atmosfera.
Assim, a concentração de 
gás carbônico na atmosfera 
começa a crescer. Passa de 
280 ppm, na época da 1ª re-
volução industrial, para 310 
ppm em 1960. A partir de en-
tão, a curva empina. Depois 
da 2ª Guerra Mundial houve 
um processo de conurbação, 
ou seja, a concentração da po-
pulação nas grandes cidades,uma migração rural-urbana 
muito grande. Vivendo nas cidades, a população precisa de 
energia para transportes e o seu consumo aumenta muito.
Na era pré-industrial, a concentração era de 280 ppm, 
e, em 2000, chegou a 380 ppm. Ou seja, está se chegando a 
quase 400 ppm de concentração de gás carbônico (CO2) na 
atmosfera.
Um gráfico do IPCC, Painel Intergovernamental de Mu-
danças Climáticas, que faz a correlação entre o aquecimen-
to da Terra e a concentração de CO2 na atmosfera, eviden-
cia que, a partir do momento em que a concentração de CO2 
empina, a temperatura da Terra também sobe. Ela subiu 
na era pré-
industrial, a 
concentração era 
de 280 ppm, e, 
em 2000, chega a 
380 ppm. ou seja, 
está se chegando 
a quase 400 ppm 
de concentração 
de gás carbônico 
(Co2) na atmosfera.
28
Coleção CIee 114
estes valores de 
25% até 2020 e 
50% até 2050 
correspondem ao 
limite de emissão 
de gás carbônico 
em um nível que 
será naturalmente 
absorvido pelos 
ecossistemas.
quase 0,8 graus centígrados nos últimos 100 anos.
É preciso enfrentar essa situação e o IPCC apresenta vários 
cenários para isso. O otimista supõe que seja feito tudo o que 
é necessário para reduzir a emissão de gases do efeito estufa 
para que a temperatura da Terra não continue subindo. Para 
que o aumento da temperatura não ultrapasse 1,8 ºC nos pró-
ximos 100 anos, é necessário reduzir as emissões de gases do 
efeito estufa em no mínimo 25% até 2020, ou 50% até 2050, em 
relação à emissão observada em 1990.
Essa é uma tarefa imensa, uma verdadeira revolução 
ambiental. Fala-se em um aumento de 1,8ºC, porque se tem 
um aumento da temperatura já acumulado de 0,8 graus 
centígrados e, mesmo com toda essa redução hipotética, no 
futuro a concentração acumu-
lada de gás carbônico ainda 
fará a temperatura subir em 
mais um grau nos próximos 
100 anos. 
Na melhor das hipóteses, 
estes valores de 25% até 2020 
e 50% até 2050 correspondem 
ao limite de emissão de gás car-
bônico em um nível que será 
naturalmente absorvido pelos 
ecossistemas, pelos sumidouros, 
que são os oceanos e as florestas. 
Acima desses limites, acumula-
se mais gás carbônico na atmos-
29AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
deve ser feita uma 
terceira revolução: 
a descarbonização 
da atmosfera. 
será preciso 
mudar a forma de 
viver, consumir e, 
consequentemente, 
produzir.
fera e aumenta-se o efeito estufa 
e o aquecimento global.
É necessária uma nova re-
volução energética. Como vis-
to, a primeira revolução foi a 
descoberta do motor a vapor. A 
segunda revolução energética, 
90 anos depois, foi a da eletri-
cidade e do motor de combus-
tão interna. 
Deve ser feita uma terceira 
revolução: a descarbonização 
da atmosfera. Será preciso 
mudar a forma de viver, consumir e, consequentemente, 
produzir. 
É importante examinar a matriz energética atual. A pro-
duzida pela biomassa inclui a lenha, a biomassa tradicio-
nal, presente ainda principalmente em alguns lugares da 
África e outros países. É uma energia obtida da queima de 
pedaços de madeira.
Há uma pequena parte que é biomassa moderna, repre-
sentada pelo etanol, e o Brasil é um dos pioneiros nesse 
campo. Também tem um pouco de energia solar, ainda co-
meçando. Ainda tem a energia nuclear em alguns países, 
inclusive no Brasil, como a usina em Angra dos Reis.
No setor hidrelétrico, o Brasil é um dos países mais 
30
Coleção CIee 114
adiantados. O país ainda tem o gás natural, do qual boa 
parte é importada da Bolívia, embora se tenha também 
uma disponibilidade própria desse combustível. 
O petróleo é o maior setor, o grande fornecedor atual de 
energia. A civilização mundial tem como base a energia ob-
tida a partir do petróleo.
Existe uma utilização pequena de outros tipos de ener-
gia, como a geodésica e a eólica e, finalmente, o carvão, que 
é ainda baratíssimo em termos relativos e tem uma produ-
ção muito grande, com uma participação ainda muito ex-
pressiva na matriz energética. 
O que é preciso fazer nos 
próximos cem anos? Atuar 
em diversas frentes. Ampliar 
a produção de biomassa, de 
biocombustíveis, bem como 
aumentar tremendamente a 
produção de energia solar. A 
partir da metade desse perío-
do, por volta de 2050, será 
preciso acabar com o uso de 
energia nuclear pelos motivos 
que serão vistos adiante. 
A energia hidrelétrica tem 
limitações naturais, e não 
é possível aumentar muito 
sua utilização. Ela depende 
o petróleo é 
o maior setor, 
o grande 
fornecedor atual 
de energia. 
a civilização 
mundial tem 
como base a 
energia obtida a 
partir do petróleo.
31AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
a biomassa é 
matriz limpa, a 
energia solar é 
totalmente limpa 
e a hidrelétrica 
é absolutamente 
limpa.
da capacidade das quedas 
d’água. A energia obtida do 
gás natural deve ser man-
tida ou diminuída. Já a do 
petróleo tem que ser muito 
reduzida, porque as jazidas 
irão se reduzir muito. E, 
finalmente, diminuir bas-
tante, de uma forma muito 
expressiva, a utilização do 
carvão.
Essa matriz energética 
pretendida é totalmente diferente da atual. É limpa. A bio-
massa é matriz limpa, a energia solar é totalmente limpa e 
a hidrelétrica é absolutamente limpa. Há, ainda, um resí-
duo de problema com o petróleo e o carvão.
Aqui, vale ressaltar uma afirmação de Nicholas Stern, 
um economista inglês. Ele não é um ambientalista, mas um 
economista, que foi diretor do Fundo Monetário Internacio-
nal. A pedido do Tony Blair, ele elaborou um documento que 
ficou conhecido como “Relatório Stern”. 
Nesse relatório, ele concluiu que “as mudanças climá-
ticas advêm da mais grave falha de mercado da história 
do capitalismo”. Essa afirmação não parece estranha? Será 
que o capitalismo falha? As forças de mercado falham?
Aprende-se que existe uma mão invisível que, em função 
da demanda e da oferta, faz com que o mercado chegue ao 
32
Coleção CIee 114
ponto ótimo. Existe até o ótimo dos ótimos, que é o ótimo 
de Pareto, em que todos ganham! Como pode o mercado 
falhar?
Acontece que o mercado não leva em conta as externa-
lidades, que são os efeitos colaterais. Se a emissão de gás 
carbônico não é cobrada, ninguém cobra do industrial o es-
trago que ele está gerando. Portanto, ele não coloca esse 
custo na sua planilha de produção, ou seja, não computa 
esse malefício no custo de produção.
A teoria econômica tradicional afirma que, no sistema 
capitalista, as forças de mercado, de uma forma sempre in-
teligente, procuram os insumos mais baratos para produzir 
da melhor forma possível e vender os melhores produtos 
pelo menor preço de merca-
do e, dessa forma, ganhar a 
concorrência e maximizar o 
lucro.
Na prática, o carvão é o in-
sumo mais barato para pro-
dução de energia. Então, ele 
é o escolhido. Por que se esco-
lheria uma energia eólica ou 
uma energia solar fotovoltaica, 
que são caras, se existe o car-
vão que é mais barato para a 
produção de energia elétrica? 
Utiliza-se o mais barato, já que 
ninguém está cobrando pelos 
Por que se 
escolheria uma 
energia eólica ou 
uma energia solar 
fotovoltaica, que 
são caras, se existe 
o carvão que é 
mais barato para 
a produção de 
energia elétrica?
33AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
malefícios da emissão de CO2. 
Dessa forma, foi criada a civili-
zação carbonária.
A única forma de corrigir 
distorções do mercado é atra-
vés de uma atuação do Estado. 
Os últimos leilões da ANEEL, 
a Agência Nacional de Energia 
Elétrica, feitos recentemente 
para o fornecimento de energia 
a partir de 2012, foram ganhos 
por empresas que vão fornecer 
energia elétrica a partir de usi-
nas termoelétricas, uma boa 
parte delas movidas a carvão 
ou agás.
Elas colocaram o preço mais baixo, porque pretendem 
utilizar o insumo mais barato. Não havia no edital uma 
vantagem, alguma condição que desse vantagens para 
quem oferecesse uma energia nova. Assim, ganhou a ener-
gia mais barata.
Só se enfrenta o mercado se for colocado nesses leilões 
algum dispositivo, alguma exigência que seja uma condicio-
nante para que esse tipo de energia ganhe a concorrência.
O Estado atua em duas vertentes: na legislação e nos in-
vestimentos públicos. Ele pode fazer leis que induzam uma 
mudança comportamental. E também pode fazer investi-
o estado atua em 
duas vertentes: 
na legislação e 
nos investimentos 
públicos. ele 
pode fazer leis 
que induzam 
uma mudança 
comportamental.
34
Coleção CIee 114
mentos para transformar proble-
mas em soluções, para criar tec-
nologias novas, para conseguir 
avançar nessa substituição da 
energia suja pela limpa.
Observe um exemplo de atua-
ção do governo na parte das leis. 
No Brasil, tem-se o exemplo do 
Proálcool. Em meados da década 
de 1970, o governo fez uma brutal 
intervenção no mercado, em duas 
famílias de leis: leis de incentivo 
e leis mandatórias.
Entre as leis mandatórias, obrigatórias, estava a mistu-
ra de 20% de álcool à gasolina. Hoje, o percentual obrigató-
rio de mistura é de 25%. 
As leis de incentivos previam o financiamento subsidiado 
das destilarias e os subsídios à produção do álcool. Naquela 
época, o custo da produção de um litro de álcool era o dobro 
do custo da produção de um litro de gasolina, e o governo 
bancava a diferença para que o álcool ficasse 20% mais ba-
rato na bomba, para o consumidor. Foi previsto, também, 
um imposto menor para o carro a álcool para estimular o 
consumo. Foi assim que começou o Proálcool.
As leis de incentivo vigoraram entre 10 e 13 anos. E a lei 
mandatória perdurou ininterruptamente até hoje, obrigan-
do a mistura do álcool à gasolina, e garantiu um mercado 
naquela época, o 
custo da produção 
de um litro de 
álcool era o 
dobro do custo da 
produção de um 
litro de gasolina.
35AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
cativo para o álcool. Assim, essa legislação induziu a im-
plantação de uma curva de aprendizagem.
Foi isso que garantiu que o Brasil, hoje, pudesse ser um 
grande produtor de biocombustíveis, no caso, etanol. Na-
quela época e até poucos anos depois, em 1980, um barril de 
álcool custava 105 dólares. O custo de produção foi caindo 
até que, no finalzinho do século passado, antes do ano 2000, 
estava em 30 dólares o barril. 
Ocorreu uma incorporação imensa de tecnologia na área 
industrial e na área agrícola, permitindo produzir muito 
mais cana-de-açúcar por hectare, bem como uma produção 
muito maior de álcool por batelada.
Hoje, há 7 milhões de veículos flex, 26 bilhões de litros 
de etanol produzidos por ano, 25% 
de mistura do etanol na gasolina e 
mais de 50% do consumo de gasoli-
na no país substituídos por etanol 
produzido em apenas 1% das terras 
agricultáveis do Brasil, em 3,4 mi-
lhões de hectares. Isso foi consegui-
do com uma intervenção do governo 
no mercado. 
É preciso dar ênfase a essa ques-
tão porque em muitas palestras 
sobre aquecimento global, no final, 
jogam em cima dos consumidores a 
responsabilidade por tomar medi-
ocorreu uma 
incorporação 
imensa de 
tecnologia na área 
industrial e na área 
agrícola, permitindo 
produzir muito mais 
cana-de-açúcar por 
hectare.
36
Coleção CIee 114
das, como economizar água, mudar as formas de consumo, 
deixar os aparelhos em stand by etc. Uma somatória de me-
didas que supõem sempre que toda a culpa é do cidadão.
É correto que todos passem a incorporar preocupações am-
bientais na estratégia de vida, no comportamento. Mas, se 
tudo isso for feito, se todas as empresas do país passassem a 
ser sustentáveis, mesmo assim o resultado seria insuficiente 
se não houvesse uma decisiva atuação do governo.
O Estado tem o poder, através das leis, de induzir com-
portamentos. Cansa ouvir pessoas falarem que é necessário 
substituir todas as lâmpadas incandescentes por lâmpadas 
fluorescentes ou leds. Ótimo! Se todos fizerem isso, real-
mente a economia de energia será brutal.
Mas como impor isso a uma pessoa carente? Como exigir 
que ela vá ao supermercado e deixe de comprar uma lâmpada 
incandescente, que custa R$ 3,00, para comprar uma fluores-
cente, que custa R$ 9,00? Ela não fará isso. Ela teria que trocar 
20 lâmpadas da sua casa, que custam, 
cada uma, R$ 9,00. Não será possível.
Na Alemanha, por exemplo, foi fei-
ta uma reforma tributária ecológica. 
Assim, a energia suja foi sobretaxada 
e foram dados vigorosos subsídios para 
aqueles que utilizam energia limpa. 
Foi sobretaxado o que era considera-
do perdulário em energia e isentou-se 
de tributos aquilo que era considerado 
É correto que todos 
passem a incorporar 
preocupações 
ambientais na 
estratégia de vida, 
no comportamento.
37AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
ecologicamente conveniente em de-
terminado momento da história do 
país. Os resultados foram fantásticos. 
O Brasil tem que seguir esse ca-
minho e fazer leis de incentivo em 
uma reforma tributária ecológica.
Agora, é necessário analisar os 
pontos positivos do etanol para o 
país. Ele apresenta uma vantagem 
em saúde pública, porque sua mistura à gasolina elimina a 
necessidade do uso do chumbo tetraetila, que ainda é usado 
em alguns países e é altamente cancerígeno.
Existe também uma redução na produção de gases do 
efeito estufa, já que o etanol não produz CO2. Por outro 
lado, ele ajuda a balança comercial brasileira, já que cada 
barril de álcool produzido é um barril de petróleo importa-
do a menos, ou um barril que sobra para exportar, se o país 
for autossuficiente.
Existe, ainda, a possibilidade de cogeração de energia 
elétrica. É possível queimar o bagaço para produzir energia 
elétrica e, com isso, afastar o risco de um “apagão” como 
ocorreu em 2001. Sem contar o aspecto da segurança geopolí-
tica, uma vez que o Brasil fica menos dependente do petróleo 
que vem dos países árabes, regiões sempre conturbadas.
Finalmente, o fato mais importante: um milhão de em-
pregos são criados no país.
o Brasil tem que 
seguir esse caminho 
e fazer leis de 
incentivo em uma 
reforma tributária 
ecológica.
38
Coleção CIee 114
Os países tropicais podem, teori-
camente, transformar-se em plata-
formas de exportação de biocombus-
tíveis. Se forem misturados apenas 
5% de álcool à gasolina em todo o 
mundo, tem-se um consumo fantás-
tico, um total de 60 bilhões de litros 
por ano. Para toda essa produção, 
seria necessária uma área de ape-
nas 8,6 milhões de hectares. 
Se for adicionado o dobro, che-
gando a uma mistura de 10% à ga-
solina, ter-se-ia um consumo de 120 bilhões de litros por 
ano. Portanto, existe um mercado potencial fantástico no 
mundo para os países pobres produzirem biocombustíveis e 
venderem para os países ricos. 
É importante ressaltar que, hoje, os países tropicais pas-
sam por inúmeras dificuldades no mercado internacional. 
Os países africanos, por exemplo, não conseguem exportar 
algodão para os Estados Unidos, em virtude de todas as 
barreiras impostas para impedir a importação desses pro-
dutos naquele país. 
Na prática, o mercado internacional é paradoxal. Os paí-
ses ricos dão subsídios para seus agricultores não produzi-
rem. Por exemplo, eles pagam para que seus agricultores 
utilizem apenas 70% da área disponível e deixem 30% sem 
cultivar, para evitar excesso de produção e queda de preço 
do produto. 
se forem misturados 
apenas 5% de álcool 
à gasolina em todo 
o mundo, tem-se um 
consumo fantástico, 
um total de 60 
bilhões de litros 
por ano.
39AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
Enquantoisso, países pobres desejam o contrário. Que-
rem produzir o máximo para pagar suas dívidas externas, 
suas importações. Mas não conseguem vender seus produ-
tos no mercado internacional, tamanhas são as barreiras 
que as nações ricas impõem para proteger seus mercados 
internos em virtude de seus fortes lobbies.
No entanto, os biocombustíveis podem representar uma 
oportunidade para esses países pobres tropicais, porque os 
países ricos vão precisar desse produto. O petróleo irá se 
tornar cada vez mais escasso. Vejam que essa crise trouxe 
uma diminuição do preço do petróleo, que caiu de 140 dóla-
res por barril para 40. Mas o valor do barril já está subindo 
novamente e está em 60 dólares. 
A tendência é que o petróleo vá se tornando cada vez 
mais escasso e seja destinado à produção de substâncias 
em que não tem substituto, como 
é o caso da petroquímica. Por ou-
tro lado, a energia que movimen-
ta os veículos pode ser substituída 
pela advinda da biomassa e dos 
biocombustíveis líquidos. 
É preciso lembrar que os car-
ros existentes atualmente pos-
suem um tanque para combustí-
vel líquido, que também pode ser 
usado para combustível em forma 
de gás, mas há uma preocupação 
muito grande quanto ao uso do 
enquanto isso, 
países pobres 
desejam o contrário. 
Querem produzir 
o máximo para 
pagar suas dívidas 
externas, suas 
importações. 
40
Coleção CIee 114
gás em carros. Há um certo receio 
intrínseco de que se está andando 
em um equipamento perigoso, por 
melhor que ele seja projetado no 
sentido de evitar qualquer acidente.
Em suma, esse é um imenso 
mercado para os países que conse-
guirem produzir biocombustíveis. 
Porém, para que isso aconteça, exis-
te um grande desafio. O mundo está 
de olho nessa produção de biocom-
bustíveis porque deseja que ela seja 
feita de uma forma sustentável. 
O que significa produzir biocombustíveis de forma sus-
tentável? Em 1987, foi elaborado o relatório Brundtland, 
coordenado por uma ministra da Noruega, denominado 
“Nosso Futuro em Comum”. Nele, foi definido o conceito de 
“desenvolvimento sustentável” como aquele que permite 
produzir no presente, sem prejudicar a capacidade das fu-
turas gerações de usufruírem os mesmos serviços ambien-
tais disponíveis atualmente.
Isso quer dizer que desenvolvimento sustentável é aque-
le no qual as demandas do presente são atendidas sem 
comprometer a capacidade das futuras gerações de tam-
bém proverem suas próprias necessidades.
Essa condição é obtida com o tripé composto por uma 
produção que considere aspectos econômicos, sociais e am-
os carros existentes 
atualmente possuem 
um tanque para 
combustível líquido, 
que também pode 
ser usado para 
combustível em 
forma de gás.
41AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
bientais. Não adianta atender apenas um ou dois deles. É 
necessário atender a todos para que a produção seja consi-
derada sustentável.
No caso dos biocombustíveis, é preciso considerar ques-
tões sociais como, por exemplo, a dignidade do trabalho. 
Não se pode admitir usineiros que utilizem trabalho escra-
vo, infantil ou trabalhadores sem carteira assinada. Esse é 
o primeiro quesito que deve ser atendido.
Depois, há aspectos econômicos. Quando se produz ál-
cool de milho, o recurso utilizado 
deixa de ser empregado na produ-
ção de alimentos. Assim, o preço do 
milho sobe. Nessa situação, o pro-
blema ambiental está sendo substi-
tuído por um problema de seguran-
ça alimentar.
Por último, é fundamental ter um 
balanço energético favorável. Para 
se produzir um litro de biocombus-
tível, não se pode gastar um litro de 
petróleo. Além disso, também é ne-
cessário comprovar que não se está 
desmatando para aumentar a área 
de plantio do biocombustível. 
Analisando o caso brasileiro quan-
to ao balanço energético, a produção 
de álcool de cana apresenta um resul-
 desenvolvimento 
sustentável é 
aquele no qual 
as demandas 
do presente são 
atendidas sem 
comprometer a 
capacidade das 
futuras gerações de 
também proverem 
suas próprias 
necessidades.
42
Coleção CIee 114
tado fantástico, de 9 para 1. Com um 
litro de gasolina ou diesel, são produ-
zidos 9,3 litros de álcool de cana. O tri-
go apresenta um balanço de 2 para 1. 
Um litro de petróleo produz 2 litros de 
etanol de trigo. O caso da beterraba é 
praticamente idêntico. 
No caso do milho dos Estados 
Unidos, o balanço é de 1,4 para 1. 
O volume de combustível produzido 
é pouco superior ao de combustível 
consumido. É quase um empate. 
Mesmo assim, defende-se essa pos-
sibilidade, porque o processo vai passando por uma curva 
de aprendizagem e, no futuro, a produção tende a ficar mais 
eficiente.
No caso das florestas, a produção brasileira de cana se 
concentra em São Paulo e no Nordeste. A distância de São 
Paulo até a região amazônica é de 2.500 km. Do Nordeste 
até a Amazônia são 2.000 km. São distâncias equivalentes 
à de Moscou a Paris. Não há nenhuma razão para preocu-
pações com desmatamento.
Porém, pode haver uma questão indireta, uma vez que a 
cana cresce na área de pastagem e esta última muda-se para a 
Amazônia. Isso realmente pode ocorrer em alguns casos, mas 
não é o que está sendo registrado nos últimos anos. 
O Estado de São Paulo já promoveu um zoneamento 
 analisando o 
caso brasileiro 
quanto ao balanço 
energético, a 
produção de álcool 
de cana apresenta 
um resultado 
fantástico, de 9 
para 1.
43AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
agrícola. É o primeiro Estado do país a fazer isso. Existem 
regiões onde se pode plantar cana, que são adequadas para 
essa atividade. Por outro lado, há regiões onde é possível o 
plantio de cana com limitações ambientais. São necessários 
cuidados com água e outros aspectos.
Em outras regiões, é muito difícil conseguir uma aprovação 
ambiental, porque existem graves restrições, e ainda outras 
onde é proibido o plantio de cana. 
Por outro lado, há a questão das pastagens. O Brasil tem 
um rebanho de 200 milhões de cabeças. Pouco mais de uma 
cabeça por habitante. São 190 mi-
lhões de brasileiros e 207 milhões 
de cabeças de gado. 
Isso acontece em uma área de 200 
milhões de hectares, resultando em 
praticamente um animal por hecta-
re. Em São Paulo, há 14 milhões de 
cabeças em uma área de 10 milhões 
de hectares, ou seja, uma produtivi-
dade de 1,4 cabeça por hectare. É um 
pouco mais alta que a do Brasil, em-
bora não seja tão elevada. 
Porém, esse pouco significa uma diferença de 40%: de 1,0 
para 1,4. Se a média brasileira fosse 1,4, seriam liberados de 
50 a 70 milhões de hectares para a agricultura em geral. Essa 
área poderia ser destinada ao plantio de cana, arroz, feijão, 
soja, amendoim etc.
no caso das 
florestas, a 
produção 
brasileira de cana 
se concentra em 
são Paulo e no 
nordeste. 
44
Coleção CIee 114
Portanto, a tendência nos Es-
tados mais avançados é de que a 
agricultura avance nas áreas 
degradadas, ou de pastagens 
destruídas, ou de pastagens com 
produtividade muito baixa. A taxa 
nacional de 1,0 é média, e portan-
to, existem lugares onde a taxa é 
menor que 1,0.
Quanto à sustentabilidade do 
ponto de vista social, o país tem 
um milhão de novas vagas de 
empregos criadas pelo setor ca-
navieiro. Observa-se um maior 
número de contratos de trabalho 
formais no setor agrário, há tribunais do trabalho muito 
ativos, um Ministério Público do Trabalho extremamente 
atuante, além de uma legislação trabalhista e uma fiscali-
zação permanente.
Os europeus são muito criteriosos em relação a esses aspec-
tos para fornecer certificações. Eles procuram confirmar que 
há uma legislação efetiva. Se houver casos de abusos detecta-
dos que forem realmente punidos, é sinal de que há uma legis-
lação proibindo as transgressões na áreasocial e trabalhista. 
Existem países que não possuem essa legislação. 
Quanto à produtividade econômica, a produção de grãos 
no Brasil vem crescendo. Portanto, a cana não está impe-
dindo que ocorra expansão. Ela passou de menos de 60 mi-
o Brasil tem um 
rebanho de 200 
milhões de cabeças. 
Pouco mais de 
uma cabeça por 
habitante. são 
190 milhões de 
brasileiros e 207 
milhões de cabeças 
de gado. 
45AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
lhões de toneladas em 1970, para 130 milhões de toneladas 
em 1997. Além disso, ocorreu um aumento brutal na pro-
dutividade, que passou de 1.500 kg por hectare para 2.800 
kg por hectare. O aumento da produtividade foi muito mais 
significativo do que a ampliação da área plantada.
Nos Estados Unidos, foi proibida a expansão da produção 
do etanol de milho porque concluíram que ela está afetando 
o preço da tortilla, ou seja, da comida, que é prioritária em 
relação à produção de energia. O que estiver sendo produzido 
continua assim, porém não será mais possível ampliar a área 
de produção do etanol de milho.
Voltando à questão da matriz energética, o Brasil tem 
que sair dessa situação em que está. 
Sabe-se que a implantação da 
energia eólica no Nordeste é antie-
conômica. Isso porque ela é mais 
cara que outras formas de energia. 
Portanto, o mercado a abomina. 
É preciso um subsídio do governo 
como, por exemplo, isentar a pro-
dução das hélices de IPI. É preciso 
intervir no mercado durante alguns 
anos. Porém, a cada ano, com cer-
teza, será inventada uma forma de 
tornar a produção mais barata.
O mesmo ocorre com a produção 
dos dois tipos de energia solar. Tem-
os europeus são 
muito criteriosos 
em relação a 
esses aspectos 
para fornecer 
certificações. eles 
procuram confirmar 
que há uma 
legislação efetiva. 
46
Coleção CIee 114
se energia solar para esquentar água do banho nas residên-
cias, recolhida por um painel que fica no telhado da casa. Um 
outro tipo é a fotovoltaica, que acumula a energia solar em 
uma bateria. Essa energia acumulada fornece corrente elétri-
ca para a rede de eletricidade da residência.
A cada dia ocorrem novas descobertas. Na edição de 
abril de 2009 da revista da Fapesp, foi publicado um ar-
tigo informando que pesquisadores paulistas descobriram 
a possibilidade de substituir o silício das placas utilizadas 
na produção de energia fotovoltaica por um pigmento de 
uma planta da família do mamão. Isso representa uma eco-
nomia de 80% no custo do silício, que é um dos elementos 
mais caros na produção daquele material. 
A cada ano, vai sendo incorporado 
mais conhecimento e, de repente, atin-
ge-se um ponto-limite a partir do qual 
não é mais necessário o subsídio. En-
tão, torna-se possível competir com o 
carvão ou petróleo. A partir desse pon-
to, a atividade passa a ser economica-
mente viável.
Porém, a energia nuclear não tem 
essa característica. Depois que a usina 
é montada, não há curva de aprendi-
zagem. Só após 30 anos, quando for 
o momento de atualizar a tecnologia, 
será possível falar em ganho de produ-
tividade. Não se consegue melhorar o 
sabe-se que a 
implantação da 
energia eólica 
no nordeste é 
antieconômica. isso 
porque ela é mais 
cara que outras 
formas de energia. 
Portanto, o mercado 
a abomina.
47AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
processo gradualmente para se produ-
zir cada vez mais barato.
Finalmente, têm-se os trópicos de 
Câncer e de Capricórnio. Entre eles 
estão os países tropicais, de clima 
quente. São os mais pobres do pla-
neta, que incluem países da América 
Central, América do Sul, toda a Áfri-
ca e outros na Ásia. 
Esses países têm uma oportuni-
dade excepcional de produzir bio-
combustíveis e vender para os paí-
ses do norte, mais frios. São 100 
países da região tropical que pode-
riam abastecer com biocombustíveis 
200 nações, enquanto hoje são apenas 20 países petrolífe-
ros que fornecem combustíveis para o mundo inteiro.
Desse modo, estar-se-ia cooperando, ajudando a promover 
a paz mundial, porque é nesses países mais pobres que se en-
contram a maior taxa de crescimento demográfico, os maiores 
índices de pobreza, as maiores incidências de doenças, o maior 
número de pessoas com problemas de saneamento básico e 
passando fome.
É também nesses países mais pobres que são recrutados os 
jovens que não têm nenhuma esperança de futuro e, por isso, 
aceitam ser terroristas suicidas. Eles não têm nenhuma opor-
tunidade e enxergam os países ricos como aqueles que lhes 
a energia nuclear 
não tem essa 
característica. 
depois que a 
usina é montada, 
não há curva de 
aprendizagem. 
só após 30 anos 
será possível falar 
em ganho de 
produtividade. 
48
Coleção CIee 114
tiram todas as chances de ter uma vida melhor.
Se for encontrada nos biocombustíveis uma forma de 
produzir de maneira sustentável, sem agredir o meio am-
biente, sem criar problemas trabalhistas, sem substituir os 
alimentos, que são os três grandes desafios, esses países 
pobres podem ter uma oportunidade revolucionária. 
Na primeira revolução energética, quando foi criado o mo-
tor a vapor, quais países se saíram bem? Os que tinham carvão 
e lenha.
Na segunda revolução industrial, com a utilização da 
energia elétrica e do motor a combustão interna, saíram 
ganhando os países que tinham 
petróleo, gás e carvão. Até hoje, 
a Inglaterra e a Austrália vivem 
muito bem com as imensas jazi-
das de carvão que possuem.
Agora, na terceira revolução in-
dustrial, acabou o petróleo. Será 
necessário reduzir seu uso, porque 
não será mais possível continuar 
envenenando a atmosfera. O car-
vão, mesmo que ainda exista em 
grande quantidade, não será mais 
usado. Mesmo havendo muito pe-
tróleo e carvão, não será mais pos-
sível continuar produzindo desse 
jeito.
 são 100 países 
da região tropical 
que poderiam 
abastecer com 
biocombustíveis 200 
nações, enquanto 
hoje são apenas 20 
países petrolíferos 
que fornecem 
combustíveis para o 
mundo inteiro.
49AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
Os países pobres poderão emer-
gir como potências tropicais se ti-
verem o discernimento de produ-
zir de forma sustentável. Se for 
para destruir floresta ou substi-
tuir alimentos, ter trabalho escra-
vo ou infantil, será inútil porque 
não será possível exportar.
Os países ricos irão exigir cer-
tificados de que a produção está 
sendo conduzida de forma susten-
tável. Mas não podem ser, na verdade, barreiras disfarça-
das para impedir a importação. Elas devem ser baseadas 
em evidências científicas e ser medidas com clareza para 
evitar subjetividades.
Concluindo, pode-se dizer que os biocombustíveis podem 
se expandir em todo o mundo. O mercado ainda é muito 
pequeno. As medidas obrigatórias, mandatórias, como essa 
da mistura de álcool à gasolina, podem criar um mercado 
cativo mundial para estimular o desenvolvimento tecnoló-
gico e a produção em larga escala de biocombustíveis nos 
países pobres emergentes. 
Além disso, os biocombustíveis representam uma oportu-
nidade para os países tropicais, que possuem terra, água, sol, 
temperatura, mão de obra, potencial para melhorias genéticas 
e incorporação de novas tecnologias. O seu livre comércio pode 
ser um vigoroso estímulo para a paz mundial.
na primeira 
revolução 
energética, quando 
foi criado o motor a 
vapor, quais países 
se saíram bem? 
os que tinham 
carvão e lenha.
50
Coleção CIee 114
Ainda é tempo de evitar a tragédia do aquecimento glo-
bal. Recentemente, um cientista de Harvard afirmou, em 
uma pesquisa, que se os dinossauros tivessem sido avisa-
dos a tempo sobre um fenômeno meteorológico que poderia 
colocar em risco a continuidade da espécie, não teria adian-
tado, porque eles não conseguiriam fazer nada.Mas se os seres humanos, dotados de raciocínio e inteli-
gência, com conhecimento científico disponível - mesmo que 
algumas soluções sejam antieconômicas do ponto de vista de 
mercado, mas que estejam à disposição dos melhores centros 
de pesquisa do mundo -, estivessem sendo alertados de algum 
fenômeno ambiental que pudes-
se colocar em risco a qualidade de 
vida das futuras gerações e nada 
fizessem, estariam agindo de uma 
forma mais irracional que os pró-
prios animais. 
O cientista continua dizendo 
que os seres humanos não estão 
sendo alertados. As pessoas estão 
sendo bombardeadas pela im-
prensa todos os dias em relação a 
dois fenômenos ambientais sérios 
e letais: a escassez de água doce e 
o aquecimento global.
Assim, ou se tomam esses pro-
blemas como uma responsabili-
dade atual e incorporam-se essas 
os biocombustíveis 
representam uma 
oportunidade para 
os países tropicais, 
que possuem 
terra, água, sol, 
temperatura, mão 
de obra, potencial 
para melhorias 
genéticas e 
incorporação de 
novas tecnologias.
51AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
preocupações ao comportamento, ou 
corre-se o risco de perder a oportuni-
dade de continuar vivendo na Terra. 
Arrisca-se a não dar continuidade a 
essas condições que propiciam o fu-
turo de descendentes. É preciso in-
corporar essas preocupações ao coti-
diano.
Só que o comportamento não se 
pauta por preocupações, mas sim 
por princípios e valores, sendo es-
tes últimos fatos valorizados por 
uma sociedade em determinado 
momento da sua história. E esses 
valores são incorporados à consci-
ência. Se as preocupações ambientais forem transformadas 
em valores, consegue-se mudar o comportamento.
Mudando o comportamento cotidiano, automaticamente 
se começa a ter preocupação com os vizinhos. Passa-se a 
cobrar dos vizinhos o mesmo tipo de responsabilidade, por 
exemplo, com o desperdício de água. 
As pessoas começarão a se preocupar com empresas, 
forçando-as a serem sustentáveis. Vão pressionar os go-
vernantes, aqueles que ocupam cargos públicos, cargos ele-
tivos, a terem posições consistentes, para que incluam na 
agenda política as questões ambientais.
Vontade política não nasce por geração espontânea. Ela 
as pessoas 
estão sendo 
bombardeadas pela 
imprensa todos os 
dias em relação a 
dois fenômenos 
ambientais sérios 
e letais: a escassez 
de água doce e o 
aquecimento global.
52
Coleção CIee 114
é decorrente da pressão da sociedade organizada. E para 
existir essa pressão da sociedade organizada é necessário 
um processo contínuo de conscientização ambiental.
Prestem atenção a essa frase de James Lovelock:
“Não sei se ainda é tempo de ficar buscando desenvol-
vimento sustentável ou se só nos cabe tentar encontrar 
uma ´saída sustentável´ para essa imensa encrenca em 
que nos metemos”.
Para finalizar, uma frase de Leonardo Boff:
“Desta vez não haverá uma Arca de Noé que salvará al-
guns e deixará os demais morrerem. Ou nos salvamos 
todos ou ninguém sobreviverá”.
É importante que as pessoas se lembrem que a Bíblia diz 
que, na primeira vez, foi com água e, na segunda, será com 
fogo. Então, não tem jeito. Mais cedo ou mais tarde vai acabar 
tudo. Mas a Bíblia também diz: “virá o tempo em que os huma-
nos não farão dano e nem causarão ruína à Terra”.
Depende de cada um, da responsabilidade, do respeito 
intergerações, da solidariedade com pessoas que ainda nem 
nasceram. São filhos dos netos que dependem do comporta-
mento atual para terem condições de usufruir de um lugar 
para viver como se tem hoje.
53AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
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antonio CaRlos
Trevisan Consultoria
Primeiramente, gostaria de fazer uma provocação: a substituição do pe-
tróleo pela agroenergia do etanol ou do biodiesel é importante mas, se 
utilizarmos uma matemática simples, algo não bate. 
Calculamos, na Trevisan, que o Brasil irá produzir, neste ano, 26 bilhões 
de litros de etanol, que significam aproximadamente 50 horas de con-
sumo de petróleo no mundo. Ou seja, para substituirmos esses quase 86 
milhões de barris de petróleo consumidos por dia, será necessária uma 
área de cultivo muito grande. Como isso poderia ser conseguido? 
Além disso, existe o aspecto de que não aproveitamos esse resíduo, o 
CO2, para geração de energia e nem mesmo procuramos realizar uma 
captação dele em algum sumidouro. Ele é simplesmente desperdiçado. 
A Petrobrás tem um projeto interessante para injetar o CO2 em campos 
esgotados ou mesmo em campos em produção, o que permite aumentar 
a produção do petróleo. Essa não poderia ser uma saída?
A segunda pergunta: sabemos que essa produção de agroenergia, sobretudo 
do etanol, mas mesmo de outras plantas, demanda muita água. Temos um 
problema sério de água, como o senhor mesmo colocou. 
Ora, sabemos que a China importa muita soja do Brasil porque lá há 
muita falta de água. Dessa forma, estamos, na verdade, exportando 
água dentro da soja. Como iremos conseguir água para fazer a produção 
dessa agroenergia? Como conciliar esses dois números?
antonio CaRlos de Mendes thaMe
Não é possível contestar essa análise aritmética. Realmente, se tiver-
mos um aumento extraordinário na produção de biocombustíveis vamos 
conseguir substituir apenas 5% do petróleo. 
Porém, o que se deseja é tentar substituir os aditivos. O aditivo é algo 
que se mistura na gasolina para aumentar a octanagem, ou seja, a po-
tência de explosão. Antigamente, utilizava-se o chumbo tetraetila, que é 
altamente cancerígeno. 
Ele foi substituído na maioria dos países pelo MTBE ou pelo ETBE. O 
MTBE é um éster que quando percola as partículas do solo, vai para o 
subsolo, onde atinge os lençóis freáticos. Às vezes, chega até abaixo do 
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55AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde
basalto, alcançando os aquíferos. 
Nos Estados Unidos, a produção de etanol foi iniciada porque se perdeu 
um aquífero inteiro no estado de Iowa devido ao MTBE. O governador 
Tommy Thompson formou, então, uma coalizão de governadores para 
produzir etanol com a matéria prima que estava disponível, no caso, 
o milho, mesmo que a produção fosse extremamente antieconômica, 
como é até hoje.
Agora, eles estão chegando à conclusão de que assim não pode continuar. 
Eles precisam encontrar uma outra solução, porque o dano ambiental do 
MTBE é muito grande. Mesmo assim, o mundo ainda utiliza amplamente 
o MTBE hoje. 
Em alguns lugares, como em Caracas ou em Taipé, ainda se usa o chum-
bo tetraetila, porque a produção de MTBE não é suficiente. Assim, utili-
zam o pior aditivo que existe, o chumbo. 
Portanto, aumentar a produção do biocombustível não significa imaginar 
que será possível substituir todo o petróleo por ele. Espera-se que ocorra 
uma corrida para uma produção mais econômica, no mínimo com carros 
mais eficientes, como é o objetivo dessa nova resolução do Obama. 
Nos Estados Unidos, a partir de 2012, somente será possível produzir veículos 
que façam, no mínimo, 15 km por litro. Portanto, esse costume tipicamente 
americano de utilizar carros grandes, que fazem 5 km por litro, como era o 
caso do Galaxie e do Landau, aqui no Brasil, terá que mudar.
Se somarmos a eficiência com o aumento da produção, acredito que os 
países tropicais possam produzir biocombustível para exportar para os 
países ricos. 
Em terceiro lugar, teremos, um dia, o etanol ou o biodiesel produzidos a 
partir da celulose obtida de gravetos, do bagaço etc. É o chamado etanol 
celulósico. 
Rompendo-se a camada de lignina, que fica por cima da molécula de 
celulose, é possível se obter esse etanol. O problema é como quebrar 
essa crosta, mas as pesquisas estão bastante avançadas.
Para demonstrar que se trata de uma luta de Davi contra Golias, vejamque em São Paulo há um programa da Codistil, uma empresa particular, 
com a Fapesp. Somando o que as duas estão investindo, temos 180 mi-
lhões de reais, que equivalem a 90 milhões de dólares. 
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Coleção CIee 114
Nos Estados Unidos, houve um jantar reunindo os formandos de uma 
universidade. De uma forma geral, esses formandos são, hoje em dia, 
empresários bem sucedidos que continuam muito ligados à universida-
de. Após o jantar, passaram o livro de doações e foi obtido um bilhão de 
dólares para financiar pesquisa de etanol celulósico.
Eles têm consciência de que, se conseguirem atingir esse objetivo con-
quistarão um avanço mundial. Nesse caso, não se está falando em um 
barril de 30 dólares, mas de 10 dólares, de combustível obtido com gra-
vetos, com lixo. Será possível produzir biocombustível a partir de qual-
quer material. Essa será a grande revolução que se espera. 
Há um artigo muito interessante na Folha de S. Paulo, de um articulista 
científico, que apresentou cálculos de quanto será necessário das ener-
gias alternativas para substituir o petróleo. 
No caso dos painéis solares, ele calculou que seria necessário cobrir a 
Terra inteira de painéis. No caso da energia eólica, seria necessário colo-
car as hélices em todos os lugares.
Ele conclui que é necessário investir em tecnologias novas. As atuais não 
serão de forma alguma suficientes, exceto se recorrermos de uma forma de-
sesperada à energia nuclear, o que ninguém quer, pelos riscos que ela traz e 
pelo fato de até hoje nenhum país ter conseguido resolver definitivamente a 
questão dos depósitos de rejeitos e precisamos escapar disso.
GleuBeR MaRtino
O senhor disse que São Paulo é um Estado pioneiro em várias atividades, 
em vários incentivos à política ambiental. Temos uma grande frota de 
carro flex no Brasil e São Paulo possui uma grande parte dela. 
Não seria possível começarmos a trabalhar no Estado pela diminuição 
do IPVA para os carros flex, para revigorar a frota e existir um maior 
incentivo à produção e consumo de carro a álcool? Isso está ao alcance 
dos governos estaduais. Na minha opinião, São Paulo também poderia 
ser pioneiro nisso.
antonio CaRlos de Mendes thaMe
Sou plenamente favorável ao incentivo via desconto no IPVA. Eu mesmo 
já apresentei um projeto de lei para considerar o carro flex como um 
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57AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde
carro a álcool. 
Na verdade, o carro flex é um carro a gasolina que usa álcool. Quando foi in-
ventada a tecnologia dos veículos flex, os engenheiros automotivos ficaram 
com medo de fazer um carro a álcool que pudesse utilizar gasolina porque 
haveria o risco de que o motor explodisse. A área de explosão do álcool é 
menor que a da gasolina e, por isso, haveria esse risco. 
Assim, fizeram um carro a gasolina que pode ser movido a álcool, porém 
gastando proporcionalmente mais combustível. Por exemplo, o Astra movido 
a álcool gastava menos combustível que um Astra flex com álcool. 
O carro flex é um veículo a gasolina que tem um seguro para a falta de 
combustível, como aconteceu em 1978. Em uma situação dessas, ele 
pode também funcionar com álcool.
Portanto, sou favorável a que o carro flex tenha o mesmo IPVA que o 
antigo carro a álcool, com um valor menor, para estimular suas vendas.
nelson alves
Conselheiro do CIEE
Inicialmente, gostaria de dizer que se pudermos participar desse movi-
mento em prol da continuidade da Terra, certamente tudo vingará ao 
longo do tempo. 
Não sei até onde os órgãos internacionais estão preocupados como al-
guns de nós, brasileiros, já que a China tem apresentado um programa 
de desenvolvimento baseado na força motriz oriunda de materiais onde 
o CO2 ainda está presente.
Por outro lado, perguntaria se não existe nos institutos internacionais 
preocupação em procurar saber o porquê disso e conduzir o assunto. Por 
que não se incentivar, no caso específico do biodiesel, também outras li-
nhas, embora algumas sejam até mesmo antieconômicas, como no caso 
da força eólica?
Temos os exemplos dos países europeus. A Holanda está, até hoje, viva 
devido à força eólica, em um nível abaixo do mar.
Portanto, acho que algo deve ser feito no sentido de que as comunida-
des europeias e mundiais possam realmente realizar mudanças.
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58
Coleção CIee 114
antonio CaRlos de Mendes thaMe
Eu sou favorável ao Carbon Tax, o imposto sobre a produção de CO2. 
No final do século passado, defendíamos a cobrança pelo uso da água. 
Era um sofrimento porque as pessoas não entendiam a ideia e a viam 
apenas como mais um custo, mais um imposto. Conseguimos, finalmen-
te, convencer o Horácio Piva da Fiesp e o Fábio Meireles da Faesp. 
Mostramos para ambos que a cobrança pelo uso da água não era um 
incremento arrecadatório, mas sim um elemento de gestão. Não iríamos 
cobrar praticamente nada de quem devolvesse a água limpa, apenas o 
custo da fiscalização. 
Mas cobraríamos caro de quem usa a água para nela jogar seus efluen-
tes. Essa pessoa estaria fazendo um ato deletério e, portanto, caberia a 
ela pagar pelo estrago feito, pela DBO da recomposição.
Dez anos depois, a cobrança pelo uso da água já está implantada em 
dois comitês de bacias: o Comitê do Piracicaba, Capivari e Jundiaí e o 
Comitê do Paraíba do Sul. Certamente, isso será visto com naturalidade. 
Quem polui paga. 
Mesmo que polua pouco, dentro dos limites legais, se houve um malefí-
cio à sociedade, não há porque socializar o estrago e o poluidor privati-
zar os lucros. Quem causa malefício arca com isso.
Hoje, há uma situação semelhante em relação ao Carbon Tax nessa linha 
que o senhor colocou. Quem emite CO2 tem que pagar. Se fizermos isso, 
teremos um grande avanço. 
Diversos países já estão implantando essa sistemática, ainda de uma 
forma tímida. Em alguns países, só no caso da aviação; em outros, no 
caso da marinha mercante. Mas estão iniciando essas cobranças. Quem 
emite CO2 paga. Se não emite, tem subsídio. 
O dinheiro arrecadado com a cobrança do Carbon Tax não fica no caixa 
do governo. Ele é colocado para desenvolver novas energias ou subsi-
diar a implantação de energias limpas. Dessa forma, damos um brutal 
avanço na construção da sociedade nova. 
JoRGe luis dos santos
Lamentavelmente, o ser humano, a bordo da espaçonave Terra, não tem 
a característica de ter ações preventivas. Colocamos o cadeado na porta 
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59AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde
depois que fomos assaltados e a espaçonave está perdendo a condição 
de nos transportar pelo Universo em torno do sol. Isso aconteceu real-
mente nos últimos cem anos, quando apareceu toda essa tecnologia e 
sua evolução. 
Pergunto o que pode ser feito para melhorar esse aspecto preventivo? 
Os Estados Unidos não assinaram o acordo em Kioto. Será que essa 
atitude do presidente Obama, que representa uma postura mais proa-
tiva por parte dos americanos em relação a esse problema, trará algum 
benefício para a humanidade? 
Essa decisão tem que ser realmente tomada agora, porque a mídia infor-
ma que o gelo está derretendo nos polos, o nível do mar está subindo, 
enfim, estão acontecendo coisas que não são muito visíveis, mas que 
com o passar do tempo resultarão em problemas sérios, de forma muito 
mais acelerada.
O vice-presidente Gore também apresentou um filme que é muito inte-
ressante e importante, porém pouco divulgado.
Temos que trabalhar muito rápido nessa questão e quero publicamente 
convidá-lo para fazer essa palestra no Conselho Regional de Administra-
ção para que possamos, também, divulgar tudo isso junto aos adminis-
tradores, nossos companheiros que são formadores de opinião. 
antonio CaRlos de Mendes thaMe
Eu também acho que é preciso ser rápido. Estávamos imaginando que 
nos Estados Unidos aconteceria como na Austrália. 
A Austrália nãoassinou o Protocolo de Kioto. Quando chegaram as 
eleições, os candidatos dos dois partidos, o trabalhista e o conservador, 
prometeram que iriam assinar o Protocolo se ganhassem. O trabalhista 
ganhou e assinou no dia seguinte. 
Imaginávamos que Obama também iria assinar, embora na campanha 
nenhum dos dois houvesse prometido isso. Mas o Obama está tomando 
medidas concretas como, por exemplo, quando aceitou que cada Estado 
tomasse suas próprias medidas sobre o tema, ao contrário do Bush, que 
as contestava.
Os republicanos diziam que assumir metas de redução da emissão de 
gases do efeito estufa era competência privativa da União. O Obama 
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60
Coleção CIee 114
mudou essa postura, e o Schwarzenegger colocou metas ousadas para a 
Califórnia, que estão em vigor. Já é um grande avanço. Se mais estados 
fizerem isso, será um grande passo.
De qualquer forma, se eles não assinarem o novo protocolo, de Cope-
nhague, em dezembro, será uma grande decepção. O mundo inteiro es-
pera uma mudança de 180 graus na política dos Estados Unidos.
A China, o Brasil e os outros países emergentes ficaram de fora do Pro-
tocolo de Kioto. Isso, segundo o Goldemberg, foi um grande equívoco. 
Mesmo que fosse uma meta pequena, eles deveriam também ser cobra-
dos para que todos mostrassem que estavam solidários. Agora, é mais 
difícil incluí-los.
Plateia
Comente a inclusão de disciplinas de educação ambiental nas escolas. 
antonio CaRlos de Mendes thaMe
A inclusão das disciplinas de educação ambiental em geral, não só essa 
parte de sustentabilidade, já está aprovada, por um projeto do Fábio 
Feldmann, de 1990. 
Porém, elas não são obrigatórias. A escola pode, se quiser, colocá-las na 
grade. Inúmeras instituições de ensino já incluíram essas matérias no 
currículo.
À medida que questões relacionadas à sustentabilidade passarem a fa-
zer parte dos vestibulares, as escolas preparatórias, inclusive os cursi-
nhos, passam a ensinar os jovens de uma forma muito mais responsável 
em relação ao assunto. 
61AqueCImento globAl e sustentAbIlIdAde 
Durante a cerimônia de encerramento deste Fórum 
de Debates sobre a Realidade Brasileira, o conselheiro 
do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, Nelson 
Alves, entregou ao ilustre palestrante, Antonio Carlos de 
Mendes Thame, o Troféu Integração, concedido pelo CIEE, 
que expressa a filosofia e os objetivos da instituição, não-
governamental e filantrópica, mantida pelo empresariado 
brasileiro.
Homenagem de 
encerramento
Nelson Alves, conselheiro do CIEE, entrega o Troféu Integração a 
Antonio Carlos de Mendes Thame.
C
o
l
e
Ç
Ã
o
 
C
ie
e
C
o
l
e
Ç
Ã
o
 
C
ie
e
Coleção CIEE-01 (esgotado)
estágio - investimento produtivo
Publicação Institucional do CIEE
Coleção CIEE-02 (esgotado)
A globalização da economia e 
suas repercussões no Brasil
Ives Gandra da Silva Martins
Coleção CIEE-03 (esgotado)
A desestatização e seus reflexos 
na economia
Antoninho Marmo Trevisan
Coleção CIEE-04 (esgotado)
Rumos da educação brasileira
Arnaldo Niskier
Coleção CIEE-05 (esgotado)
As perspectivas da economia 
brasileira
Maílson da Nóbrega
Coleção CIEE-06 (esgotado)
Plano Real: situação atual 
e perspectivas
Marcel Solimeo e Roberto Luís 
Troster
Coleção CIEE-07 (esgotado)
Os desafios da educação 
brasileira no século XXI
Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo
Coleção CIEE-08 (esgotado)
Os cenários possíveis para 
a economia em 98
Luís Nassif
Coleção CIEE-09 (esgotado)
O fim da escola
Gilberto Dimenstein
Coleção CIEE-10 (esgotado)
O peso dos encargos sociais 
no Brasil
José Pastore
Coleção CIEE-11 (esgotado)
O que esperar do Brasil em 1998
Marcílio Marques Moreira
Coleção CIEE-12 (esgotado)
As alternativas de emprego para 
o mercado de trabalho
Walter Barelli
Coleção CIEE-13 (esgotado)
Redução tributária - urgência nacional
Renato Ferrari, Alcides Jorge Costa e 
Ives Gandra da Silva Martins
Coleção CIEE-14 (esgotado)
A contribuição do 3º Setor para o 
desenvolvimento sustentado do País
Seminário do 3º Setor
Coleção CIEE-15 (esgotado)
Os rumos do Brasil até o ano 2020
Ronaldo Mota Sardenberg
Coleção CIEE-16 (esgotado)
As perspectivas da indústria brasileira 
e a atual conjuntura nacional
Carlos Eduardo Moreira Ferreira
Coleção CIEE-17 (esgotado)
As novas diretrizes para o ensino médio
Guiomar Namo de Mello
Coleção CIEE-18 (esgotado)
Formação de especialistas para 
o mercado globalizado
Luiz Gonzaga Bertelli
Coleção CIEE-19 (esgotado)
A educação brasileira no limiar 
do novo século
Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo
Coleção CIEE-20 (esgotado)
A formação da nacionalidade brasileira
João de Scantimburgo
Coleção CIEE-21 (esgotado)
A educação ontem, hoje e amanhã
Jarbas Passarinho
Coleção CIEE-22 (esgotado)
A universidade brasileira e 
os desafios da modernidade
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Coleção CIEE-23 (esgotado)
Os novos rumos do real: previsões 
para a economia brasileira após a 
mudança da política cambial
Juarez Rizzeri
Coleção CIEE-24 (esgotado)
Brasil: saídas para a crise
Alcides de Souza Amaral
Coleção CIEE-25 (esgotado)
A educação e o 
desenvolvimento nacional
José Goldemberg
Coleção CIEE-26 (esgotado)
A crise dos 500 anos: o Brasil e 
a globalização da economia
Rubens Ricupero
Coleção CIEE-27 (esgotado)
A língua portuguesa: desafios 
e soluções
Arnaldo Niskier, Antonio Olinto, 
João de Scantimburgo, Ledo Ivo 
e Lygia Fagundes Telles
Simpósio CIEE/ABL
Coleção CIEE-28 (esgotado)
Propostas para a retomada do 
desenvolvimento sustentável 
nacional
João Sayad
Coleção CIEE-29 (esgotado)
O novo conceito de filantropia
II Seminário do 3º Setor
Coleção CIEE-30 (esgotado)
As medidas governamentais 
de controle de preços
Gesner de Oliveira
Coleção CIEE-31 (esgotado)
A crise brasileira: perspectivas
Antônio Barros de Castro
Coleção CIEE-32 (esgotado)
O futuro da justiça do trabalho
Ney Prado
Coleção CIEE-33 (2ª ed./esgotado)
Perspectivas da economia e do 
desenvolvimento brasileiro
Hermann Wever
Coleção CIEE-34 (esgotado)
O que esperar do Brasil na 
virada do século
Eduardo Giannetti
Coleção CIEE-35 (esgotado)
O ensino médio e o estágio 
de estudantes
Rose Neubauer
Coleção CIEE-36 (esgotado)
Perspectivas da cultura brasileira
Miguel Reale
Coleção CIEE-37 (esgotado)
Política pública de qualificação 
profissional
Nassim Gabriel Mehedff
Coleção CIEE-38 (esgotado)
Perspectivas da economia brasileira 
para além da conjuntura
Gustavo Franco
Coleção CIEE-39 (esgotado)
As empresas e a capacidade 
competitiva brasileira
Emerson de Almeida
Coleção CIEE-40 (esgotado)
A globalização e a economia brasileira
Antônio Carlos de Lacerda
Coleção CIEE-41 (esgotado)
A dignidade humana e 
a exclusão social
III Seminário do 3º Setor
Coleção CIEE-42 (esgotado)
Recomendações para a retomada 
do desenvolvimento
Aloizio Mercadante
Coleção CIEE - Especial (esgotado)
Guia prático do cADe
A defesa da concorrência no Brasil
Coleção CIEE-43 (esgotado)
O cADe e a livre concorrência 
no Brasil
Seminário CIEE/Correio Braziliense
Coleção CIEE-44 (esgotado)
Profissões em alta no mercado 
de trabalho
Luiz Gonzaga Bertelli
Coleção CIEE-45 (esgotado)
Democracia no Brasil: pensamento 
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para o século XXI
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