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Coleção CIEE 107 O mercado de trabalho paulista e a capacitação profissional Guilherme Afif Domingos Sede Rua Tabapuã, 540 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-001 Espaço Sociocultural – Teatro CIEE Rua Tabapuã, 445 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-011 Prédio-Escola CIEE Rua Genebra, 65/57 - centro - São Paulo/SP - ceP 01316-010 Telefone do estudante: (11) 3046-8211 Atendimento às empresas: (11) 3046-8222 Atendimento às Instituições de ensino: (11) 3040-4533 Fax: (11) 3040-9955 www.ciee.org.br O mercado de trabalho paulista e a capacitação profissional Coleção CIEE 107 Guilherme Afif Domingos C389m CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA - CIEE O mercado de trabalho paulista e a capacitação profissional / Centro de Integração Empresa-Escola – São Paulo : CIEE, 2008. 41 p. (Coleção CIEE ; 107) Palestra proferida por Guilherme Afif Domingos durante o Fórum Permanente de Debates do CIEE sobre a Realidade Brasileira, realizado no auditório Ernesto Igel e Mario Amato do CIEE em 26 de junho de 2008. 1. Economia 2. Silva, Ruy Martins Altenfelder 3. Bertelli, Luiz Gonzaga 3. Domingos, Guilherme Afif I. Título II. Série CDU : 37(81) SUMÁRIO Qualidade é uma questão de educação ....... Ruy Martins Altenfelder Silva Educação, o capital mais valioso ................. Luiz Gonzaga Bertelli Programa Estadual de Qualificação Profissional ................................................ Guilherme Afif Domingos Debates ...................................................... 7 11 19 41 Qualidade é uma questão de educação Qualidade é uma questão de educação Ruy MaRtins altenfeldeR silva Advogado, consultor, presidente voluntário do Conselho de Administração do Centro de Inte- gração Empresa-Escola – CIEE, vice-presidente da Academia Paulista de História – APH, presi- dente da Academia Paulista de Letras Jurídicas – APLJ e do Conselho Superior de Estudos Avan- çados da FIESP. 8 Coleção CIee 107 ÉÉ interessante como a evolução das teorias administrativas e produtivas dentro do cenário empresarial é cíclica. De tempos em tempos, surgem métodos e instrumentos aplicados em uma determinada realidade, que ganham o noticiá rio em função dos excelentes resultados obtidos. Neste sentido, já vivemos a época da Reengenharia, do Down- sizing, Just In Time, Kaizen, Kanban, Six Sigma, Balanced Scorecard, entre muitas outras, todas com suas virtudes e ví cios, que trouxeram ou trazem retornos efetivos às organizações que as aplicam. Mas um fato é comum a todas: a dificuldade de sua implementação na rotina da empresa. E qual a razão para essa complexidade? A resposta é que todas as inovações dependem da mudança de comportamento e postura das pessoas diante da novidade, da renovação. Podemos analisar este aspecto sob diversos ângulos, mas o que nos interessa no momento e se mostra mais relevante está na capacitação dos funcionários. Tudo dentro das organizações depende das pessoas. Felizmente, há algum tempo, a maioria dos executivos chegou à conclusão de que o patrimônio mais valioso do seu negócio são as pessoas e não a tecnologia ou os equipamentos produtivos. É claro que esses são necessários, mas serão sempre altamente dependentes da capacidade dos profissionais que os operam. É exatamente aí que entra a importância do trabalho do Cen tro de Integração EmpresaEscola – CIEE e o conteúdo da ex posição de Guilherme Afif Domingos, reproduzido neste livro: a capacitação por meio da educação é a alternativa mais viável para o desenvolvimento das organizações e, consequentemente, da economia nacional. Não há como pensar em modernidade, sem investir em esco laridade. Não existe inovação, sem pesquisa acadêmica. Não se 9o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal conquista evolução, sem treinamen to e capacitação dos atuais e dos futuros profissionais. Essa fórmula é básica, simples, mas resolve. Os jovens precisam de oportunidades de estágio para praticar nas empre sas os conhecimentos que recebem nos bancos escolares, enquanto os funcionários necessitam de treina mento para reciclarem tudo aquilo que já sabem. De um lado, os programas de es tágio elaborados pelo CIEE suprem a falta de experiência das novas gera ções; de outro, o Programa Aprendiz do CIEE agrega conhecimentos técnicos específicos para que os jovens possam contribuir com os resultados positivos que todas as organizações buscam no mercado. Essa é uma das alternati vas, oferecida pela instituição CIEE, dentro da sua característica social, nãogovernamental, filantrópica e sem intuito lucrativo. Outras iniciativas também se fazem necessárias. E muitas delas estão descritas a seguir, nesta síntese da palestra realiza da por Guilherme Afif Domingos, a partir de toda a sua experiên cia na vida pública e à frente de empreendimentos empresariais de sucesso. A experiência prática se incumbiu de me convencer de que a educação é a única alternativa para alavancar a qualidade produtiva das nossas empresas. Espero que essa leitura ajude a despertar em cada um essa mesma percepção e que todos, indistintamente, apostem na educação e na capacitação das pessoas para construirmos um país melhor. não existe inovação, sem pesquisa acadêmica. não se conquista evolução, sem treinamento e capacitação dos atuais e dos futuros profissionais. Educação, o capital mais valiso Educação, o capital mais valioso luiz GonzaGa BeRtelli Presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, presidente da Academia Paulista de História – APH e diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP. 12 Coleção CIee 107 O trata-se de um tema de magna importância para todos, especialmente para os jovens, uma vez que envolve a questão do mercado de trabalho e a capacitação de pessoal para as profissões. O Centro de Integração EmpresaEscola – CIEE tem a honra de receber um grande estadista brasileiro, o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para proferir pales tra sobre o Programa Estadual de Qualificação Profissional. Tratase de um tema de magna importância para todos, es pecialmente para os jovens, uma vez que envolve a questão do mercado de trabalho e a capacitação de pessoal para as profissões. Todos sabem que a população brasileira cresceu muito nos últimos anos. O país está perto de ultrapas sar os 190 milhões de habitantes e deve chegar a 200 milhões até o ano de 2010. Hoje, mais de 2 milhões de pessoas se apresentam anualmen te para ingressar no mercado de trabalho. Segundo alguns estudio sos, haveria atualmente mais de 8 milhões de desempregados, contin gente denominado “estoque de de sempregados”, que não conseguem encontrar colocação durante anos a fio. Entretanto, o Brasil é um país de privilegiados, que tem tudo para dar certo e tornarse uma fantásti ca usina de oportunidades e bons empregos. O CIEE, um laboratório da educação e do emprego no Bra sil, verifica que a juventude ainda 13o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal acredita no futuro deste país. Basta ver o esforço que rapazes e moças fazem todos os dias, com obstina ção, para cursar escolas noturnas depois de seus estágios ou jornadas de trabalho. Os estudos recentes divulgados pelo Banco Mundial sobre a educa ção brasileira demonstram que o problema está no fato de o governo gastar pouco com a educação e, so bretudo, gastar mal. Por outro lado, como bem publicou recentemente a conceituada revista inglesa The Economist, em manchete de capa, a educação é a riqueza das nações. A tese é simples:a capacitação de um povo constitui o capital mais valioso de uma sociedade. Outra análise também divulgada pelo Banco Mundial mos tra que de cada R$ 100,00 que o governo brasileiro destina para a educação, apenas R$ 40,00 chegam às escolas. O res tante está se perdendo na burocracia, em reuniões infindáveis nos gabinetes, que lamentavelmente tiram os professores da sala de aula. Dessa forma, o rendimento do investimento é bai xo e tal processo tem resultados calamitosos. Basta ver, por exemplo, o que está acontecendo com a criança brasileira. Das que iniciam a escola, apenas 57% chegam à 8ª série. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 73 milhões dos brasileiros que votaram no pleito de 2006 não completaram o ensino fundamental. Além disso, segundo relatório recente do IPEA – Instituto de Pesqui a tese é simples: a capacitação de um povo constitui o capital mais valioso de uma sociedade. 14 Coleção CIee 107 em 2006, o Brasil formou apenas 750 mil alunos, número bastante inferior ao 1,5 milhão de jovens que ingressaram nas faculdades desde 2002. sa Econômica Aplicada, hoje mais de 50% dos brasileiros são analfabetos funcionais, assim como mais da metade dos estudantes universitários não termina o curso das fa culdades que escolheram. Em 2006, o Brasil formou apenas 750 mil alunos, número bas tante inferior ao 1,5 milhão de jovens que ingressaram nas faculdades desde 2002. Por tanto, metade dos universitá rios brasileiros não se formou. No final de 2005, a UNESCO – Organização das Nações Uni das para a Educação, a Ciên cia e a Cultura divulgou pesquisa demonstrando que o Brasil ocupava o 72° lugar em desempenho escolar nas disciplinas de português e matemática, entre 127 países estudados. Somente nos testes de matemática, o país ocupou o último e triste lugar. No topo da lista, o que já não é mais novidade para aqueles que acompanham a educação, estavam os alunos de Hong Kong, da Finlândia e da Coréia. Quando observados a educação e o mercado de trabalho, fica evidente que o Brasil está absolutamente travado. Faltam empregos e sobram vagas. Recentemente um grande indus trial comunicou, em uma reunião solene na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que estava importan do da China engenheiros com MBA e falando inglês. Segundo 15o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal ele, não existem, no país, engenheiros na especialidade busca da e por isso a necessidade de “importálos” da China. Cada vez mais as empresas encontram dificuldades para contratar profissionais capacitados, seja no agronegócio, na área do pe tróleo e da petroquímica ou na siderurgia. É lugarcomum dizer que o Brasil depende dos jovens. Os dados referentes ao primeiro semestre de 2007 do Sistema Nacional de Avaliação, do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), revelaram que os estudantes brasileiros de todas as séries tiveram o pior desempenho dos últimos anos. Uma premissa básica é a absoluta intimidade com a tecnolo gia. Saber usar computadores e lousas eletrônicas é hoje como conhecer o alfabeto. É preciso alcançar a oferta de excelência do ensino regular, do infantil ao médio, passando pelo funda mental, para as crianças e adolescentes em todo o país, independentemente da faixa de renda. Como conta Alvin Toffler (escritor norteamericano co nhecido pelos seus escritos sobre a revolução digital), a presente civilização encon trase na chamada terceira onda, ou seja, uma era na qual os setores produtivos dependem cada vez mais do conhecimento. O saber tor nouse um elemento explíci to no progresso dos povos. O a presente civilização encontra-se na chamada terceira onda, ou seja, uma era na qual os setores produtivos dependem cada vez mais do conhecimento. 16 Coleção CIee 107 pretendido alinhamento do Brasil ao chamado Primeiro Mun do e a solução efetiva de seu déficit social estão condicionados à nossa capacidade de prover a educação com qualidade de modo universal. Hoje, mais de 9 milhões de jovens brasileiros estudam em escolas de nível intermediário. E as maiores opor tunidades convergem para essas escolas. Também o ensino médio está sofrendo abandono no Brasil. Aní sio Teixeira, conhecido educador baiano e inquestionavelmente um dos maiores educadores brasileiros, dizia que o ensino médio brasileiro era um ensino órfão. Nossas autoridades, lamentavel mente, têm uma nítida preferência social pelos cursos superiores, que proliferam em alto grau por todo o país. Portanto, nada mais apropriado que ouvir um especialista do porte de Guilherme Afif Domingos. Ele não apenas conhece, como vivencia há anos, no diaadia, os caminhos do mercado de trabalho paulista e da qualificação profissional no Estado. Formado em Administração de Empresas, o secretário esta dual do Emprego e Relações de Trabalho já desde muito jovem dedicouse à política universi tária. Foi presidente do diretó rio acadêmico da Faculdade de Economia do Colégio São Luís, onde se graduou e foi orador da sua turma. Empresário de des taque, é diretor da Associação Comercial de São Paulo desde 1976, tendo estado à frente da entidade por três vezes. É su nossas autoridades, lamentavelmente, têm uma nítida preferência social pelos cursos superiores, que proliferam em alto grau por todo o País. 17o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal perintendente do Diário do Comércio e da revista Diges- to Econômico do Instituto de Economia Gastão Vidigal. Foi, ainda, presidente do Badesp, o Banco do Desenvolvimento do Estado de São Paulo e re alizou o Primeiro Congresso Brasileiro de Pequena Empre sa. É um homem que desde os tempos acadêmicos já se preo cupava com a questão do pe queno e do médio empresário, que constituem quase 90% das empresas brasileiras. Como secretário de Estado em 1980, na Secretaria de Agri cultura e Abastecimento, criou varejões e sacolões, que ainda abastecem o Estado paulista. Colaborou decisivamente para o desenvolvimento do Proálcool desde sua criação, em 1975. Sou testemunha desta jornada. Inúmeras vezes fomos juntos pedir ajuda. O Proálcool é hoje um programa consagrado e reconhe cido internacionalmente. Com a iniciativa, o Brasil tornouse o único caso de um país que encontrou um combustível renová vel e limpo, substituto para o petróleo fóssil. Hoje o álcool colo ca nosso país em uma posição privilegiada, quando o petróleo já se alinha para chegar perto de 200 dólares por barril. É, pois, mais do que um privilégio compartilhar com Gui lherme Afif Domingos um pouco de tão rica e vasta vivência. É uma oportunidade ímpar! É mais do que um privilégio compartilhar com Guilherme afif domingos um pouco de tão rica e vasta vivência. O Programa Estadual de Qualificação Profissional GuilheRMe afif doMinGos Secretário Estadual do Emprego e Relações de Trabalho de São Paulo, ex-presidente da Associa- ção Comercial de São Paulo – ACSP, empresário e ex-deputado constituinte. O Programa Estadual de Qualificação Profissional 20 Coleção CIee 107 CComo servidor público acredito que devemos sempre prestar esclarecimentos à sociedade sobre o que o governo está fazendo, especialmente o governo José Ser ra, ao qual pertenço e no qual represento o setor do emprego e do trabalho. Muita gente, inclusive, estranha o fato de eu ter agora enveredado para esta área. Na verdade, era o que fal tava para completar uma visão global dos dois lados. Sempre militei no campo empresarial, especialmente no da micro e da pequena empresa, ao qual sempre dediquei minha vida até a conquistada legislação como constituinte e ao qual continuo me dedicando até hoje. Parte dessa dedicação está em discussões recentes, como a ocorrida no Congresso Nacional, que abor da a regulamentação do MEI Microempreendedor Individual. Tratase de um projeto que pretende trazer à formalidade mais de 3 milhões e 200 mil empreendedores informais somente no Estado de São Paulo. O número de pessoas na informalidade já equivale à população do Uruguai. Uma legislação simplificada é a ferramenta que poderá trazer essas pessoas à luz. Após a campanha eleitoral, o governador Serra me convi dou para participar de seu governo e me perguntou em que área eu gostaria de atuar. Quando falei em emprego e relações de trabalho, ele estranhou profundamente. Ele estava pensan do em outra coisa – talvez em uma Secretaria mais robusta – e quis saber o motivo. Eu havia passado toda a campanha ao seu lado e ele sempre dizia que não existe política social que pro duza efeito se não resultar em geração de emprego, trabalho e renda. Assim, se essa era a prioridade de seu governo, seria necessário fazer da Secretaria de Emprego e Relações do Tra balho uma secretaria importante. E eu gostaria de contribuir com essa visão e com essa posição. 21o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal sempre militei no campo empresarial, ao qual dediquei minha vida até a conquista da legislação como constituinte e ao qual continuo me dedicando. Diante dessa cena, o gover nador impôs uma condição: eu somente iria para a Secretaria se assumisse também a presi dência do Programa Estadual de Desburocratização. Aceitei de bom grado, porque sempre participamos da luta pela des burocratização, pela micro e pequena empresa. Em um dos congressos que presidi, levamos ao então ministro Hélio Beltrão (do Plano Nacional de Desburo cratização) a primeira idéia do Estatuto da Microempresa. A desburocratização está na raiz da descomplicação e a partir daí são gerados os empregos de que a nação necessita. Seguindo essa linha, colocamos a Secretaria dentro de uma diretriz, focada em três conceitos (como evidencia o quadro na página seguinte): qualificação, empreendedorismo e des burocratização. Os dois últimos se conectam ao trabalho que está sendo desenvolvido: o incremento do Banco do Povo, uma espécie de BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Eco nômico e Social) dos pequeninos. O Banco do Povo destina cré dito para o desenvolvimento a empresários que estão na infor malidade, com o objetivo de leválos à formalidade. A grande luta é fazer com que a formalização custe mais barato que a informalidade. Do contrário, essa não será escolhida. Outra parte importante desse projeto é criar o carnê da cida dania. O interessado paga uma importância fixa mensal corres 22 Coleção CIee 107 pondente a todos os impostos – federais, estaduais e municipais – e à contribuição para a previdência. Dessa forma, ele se torna um cidadão. O carnê representa, ainda, o holerite de seu usu ário e sua carteira de trabalho. É preciso realizar um enorme mutirão pela formalização no campo do empreendedorismo. Na geração de empregos, porém, a qualificação profissional é a prioridade básica da Secretaria. A qualificação resumese à educação voltada ao trabalho. No Brasil os cursos superiores são enfatizados em demasia. A preocupação com o academi cismo é grande e a aproximação entre educação e mercado não recebe a devida atenção, em função de pessoas que afir mam que o mercado é algo exclusivo do mundo dos negócios. Homens de negócios gostam dos negócios e lutam por eles. A origem da palavra negócio é a negação do ócio. O preconceito com os que negam o ócio vem da época da corte e sempre per meou nossa cultura. foco da secRetaRia do eMPReGo Empreendedorismo ProPosta dE trabalho Qualificação desburocratização Gráfico 1 23o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal a preocupação com o academicismo é grande e a aproximação entre educação e mercado não recebe a devida atenção. O mundo acadêmico é muito importante, mas é necessário orientar a educação para uma visão da autossustentação do indivíduo, com um enfoque bastante prático. Qualificação, atual mente, significa a conversão da educação voltada para uma visão do mercado como um todo. A Secretaria do Trabalho e do Emprego passou, então, a ser o agente conversor, junto com instituições de ensino, para concretizar o vínculo entre qualificação e mercado de traba lho. Para que essa orientação se desse de forma completa, verificamos ser imprescindível saber que tipo de qualificação se fazia necessária. Contudo, ao procurarmos pesquisas que demonstrassem as reais necessidades de qualificação dentro do mercado de trabalho no Estado de São Paulo, só obtivemos respostas negativas. Milhões de reais de recur sos do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador são destina dos anualmente para tal qua lificação. Tratase de um item genérico: “dinheiro para qua lificação”. Muitas ONGs foram criadas para a qualificação, que se tornou palavra de or dem para receber recursos do Estado sem a posterior obriga ção de prestar contas do retor no. Tudo isso se deu de forma generalizada no Brasil. Não há, atualmente, um diagnóstico sobre o repasse das verbas de qualificação do governo federal 24 Coleção CIee 107 para São Paulo. Por isso, o primeiro passo definido foi realizar, no primeiro ano de trabalho, um diagnóstico, cujo instrumento foi a caravana do trabalho, que rodou por todo o Estado. Três perguntas simples, mas elementares, compuseram o estudo: quais as ocupações mais demandadas? Em que quan tidades? E em quais municípios? Muito dinheiro de repasse era investido, mas sem que ninguém soubesse direito o des tino. Dessas questões veio o próximo passo, o da mobilização e dois grandes parceiros foram fundamentais. A Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados fez todas as análises acadêmicas com muita competência, como se tocasse por partitura. Porém, também foi necessária a ajuda da ex periência de quem toca de ouvido, para cruzar os dois dados. Foram, então, acionadas as prefeituras. Como parâmetro, das 645 prefeituras do Estado de São Paulo, 623 participaram do diagnóstico, o que envolveu prefeitos, Comissões Municipais de Emprego e a comunidade. Além desse levantamento, foram ainda realizadas, nos mu nicípios com mais de 100 mil habitantes, oficinas para poder detectar a realidade. O grau de detalhamento obtido na linha de frente de tais oficinas transformou uma simples radiografia em uma tomografia computadorizada sobre o assunto. O resul tado foi o envolvimento da Secretaria como um todo para gerar um estudo em 460 páginas, com versão em CD, com os dados de cada município, de todas as regiões do Estado, mostrando o que está sendo feito e o que é preciso fazer. Dentro desse foco, são colocadas as diretrizes fundamen tais, dispostas na figura ao lado. A primeira é definir o público alvo. Esse enfoque está também no planejamento de qualquer empresa, quando se deseja colocar um produto no mercado. No caso, o produto qualificação deve se identificar com o mer 25o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal cado e exige conhecimento do mesmo para satisfazer sua real necessidade, sem a criação de outras, o que significaria des perdício. A segunda diretriz é concentrar os esforços nos municípios com maior capacidade de desenvolvimento. Para não disper sar recursos é preciso ter escala para poder ter retorno. A ter ceira consiste em localizar os segmentos com maior demanda, ou seja, as ocupações e as empresas ou setores que mais ne cessitam de mãodeobra qualificada. Ao tratar da definição do públicoalvo,a questão do crescimento populacional no Estado de São Paulo tornase relevante. Há uma espécie de bônus de mográfico no Estado: menos nascimentos e uma expectativa de vida mais longa. A queda vertiginosa dos nascimentos de monstra que, até 2020, a população de zero a 14 anos não irá crescer. Em outras palavras, significa dizer que o crescimento populacional entre os mais jovens está estabilizado. Diante de tal constatação, é possível afirmar que prova velmente cairá o número de escolas de primeiro grau, visto que não haverá mais alunos para todas. O mesmo vale para o planejamento da escola pública, com o cuidado de não fazer Definir Público Alvo Segmentos com maior demanda Concentrar nos municípios com maior possibilidade de alavancagem O que é preciso fazer Gráfico 2 26 Coleção CIee 107 a mais do que o mercado precisa. Ter uma população jovem mais estável já é um indicador de primeiro mundo. É comum dizer, principalmente entre os demógrafos, que a base da pi râmide etária paulista está se estreitando, o que a faz parecer com uma cebola ou uma pera. No meio dessa pirâmide (15 a 64 anos) ocorre um crescimento muito grande. De 25 milhões de pessoas no ano 2000, serão 33 milhões na população economi camente ativa, ou seja, no mercado de trabalho. Na faixa etária que parte de 65 anos, de acordo com o qua dro acima, de 2000 até 2020 o número de indivíduos dobrará. Embora o número não seja tão expressivo, o crescimento o é. A idade média cresceu de 61 para 71 anos em 30 anos. Portanto, 2000 2010 2020 9,7 9,9 9,7 25,0 29,7 32,9 2,3 3,1 4,6 Estabilizada Crescendo Crescendo Fonte: Fundação Seade (Mi) 0 a 14 anos 15 a 64 anos 15 a 64 anos definição do PúBlico-alvo Gráfico 3 27o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal justificase o resumo: menor número de nascimentos repre senta vida maior. Em suma, com a faixa jovem estabilizada, ocorre um crescimento da população economicamente ativa e verificase crescimento também na população de 65 anos ou mais. Logo, a atuação da Secretaria está na faixa da popula ção economicamente ativa. Mas o foco deve ser determinado de acordo com os dados apresentados no próximo abaixo. Da população economicamente ativa, acima de 15 anos, 42% 42% População acima de 15 anos sem ensino fundamental Falta do ensino fundamental (deficiência do básico) Matemática Português definição do PúBlico-alvo 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fundamental incompleto Fundamental completo ou Médio incompleto Médio completo ou superior incompleto superior completo Fonte: PCV 2006 - Fundação Seade 75 anos ou mais 60 a 74 anos 45 a 59 anos 30 a 44 anos 15 a 29 anos total Quanto maior a faixa etária, maior o passivo educacional Gráfico 5 28 Coleção CIee 107 dos indivíduos não têm ensino fundamental completo. Todos apresentam deficiências graves em matemática e português. O gráfico anterior mostra um dado ainda mais preocupante: em verde escuro está a porcentagem, por faixa etária, de pes soas que não completaram o ensino fundamental. Na faixa de 15 a 29 anos são 20%. A população mais jovem é muito mais escolarizada do que a madura: entre 30 e 59 anos, são 50% os que não têm o ensino fundamental completo. É exatamente essa faixa que apresenta desemprego endêmico. Isto significa que essas pessoas não conseguem emprego porque não têm qualificação. A falta de qualificação vem da escolaridade de Gráfico 6 83% do PIb estadual 78% da população paulista 75% do PIb estadual 50% do PIb estadual Municípios de SP Estado de SP Estado de SP Estado de SP 36% do PIb estadual 5 maiores municípios 38 maiores municípios 89 pólos regionais Área geográfica-alvo MunicíPios coM MaioR PossiBilidades 29o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal ficiente, de compreensão do que é ensinado. O desperdício de dinheiro ocorreria com a criação de cursos de qualificação ou de habilidade específica sem antes fornecer um reforço do en sino fundamental. Por essas razões, o foco determinado foi a faixa de 30 a 59 anos. Também porque nela as pessoas estão no auge de sua capacidade produtiva e sua inserção e perma nência no mercado de trabalho são de fundamental relevância econômica e social. Essa conclusão se baseia em alguns fatos. Em primeiro lu gar, essas pessoas têm grandes responsabilidades familiares. Se perderem o emprego, a família fica sem arrimo. Elas preci sam ser sustentadas dentro da pirâmide de emprego. O segun do fato é a redução da chance de retorno à escola quando o indivíduo está nessa faixa. Assim, a qualificação profissional é a oportunidade de promover o retorno à escola, especialmente para a população desempregada. Essas bases sustentam a es colha de nosso público. Com todos os detalhes dessa tomogra fia vamos fazer a cirurgia muito bem fundamentada em cima desse campo. Depois de definido o públicoalvo, foi preciso definir o local de atuação. O quadro ao lado apresenta a concentração de ren da estarrecedora que ocorre no Estado. Somente o município de São Paulo representa 36% do PIB estadual. 89 municípios, dos chamados “polos regionais”, representam 83% do PIB e 78% da população. Em um Estado com 645 municípios, que apresenta tal quadro de concentração, destinar os recursos sem um critério adotado não produziria a escala almejada. Foi preciso trabalhar com os polos regionais. As cidades menores não foram excluídas, desde que tenha sido ou seja criado pelas prefeituras um sistema de transporte para poder levar os participantes. Além disso, em tais 30 Coleção CIee 107 municípios estão as estruturas de ensino que permitem, em curto prazo, dar resposta à questão do local de atuação ideal. Por isso a decisão de atuar nos 89 municípios que concentram a maior parte do PIB do Estado e de sua população. É uma boa situação para mostrar aos prefeitos que procuram a Secretaria. Esses dados mostram que não houve um critério político de distribuição. Há um diagnóstico e o trabalho está sendo feito a partir da realidade por ele mostrada. A distribuição das vagas por região administrativa, cuja base está na participação sobre o PIB, é representada pelo PErCEntuAl DE vAGAS POr rEGiãO ADMiniStrAtivA região Administrativa nº de vagas (%) araçatuba 3,7 região Metropolitana da baixada santista 5,2 barretos 0,6 bauru 4,3 Campinas 14,6 Central 2,1 Franca 2,5 Marília 2,8 Presidente Prudente 2,9 registro 0,5 ribeirão Preto 4,6 são José do rio Preto 4,9 são José dos Campos 10,4 região Metropolitana de são Paulo 34,0 sorocaba 7,9 total 100,0 Gráfico 7 31o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal quadro na página anterior. A próxima diretriz é determinar os segmentos com maior demanda. O diagnóstico mostrou a resposta sobre os segmentos com maior crescimento de de manda: são exatamente aqueles que apresentam funções com menor complexidade de execução. Estão em falta serventes, pedreiros, faxineiros e eletricistas, ao passo que sobram ad vogados. Observando o gráfico abaixo da taxa média anual de crescimento do emprego formal do Estado de São Paulo, é Gráfico 8 4,6% 5,9% 5,3% 18,3% 6,8% 7,1% 5,8% 6,1% 3,4% 4,9% 3,1% 0,6% agropecuária, extrativa vegetal 2002 a 2006 2007 Taxa de crescimento média anual do emprego formal Fonte: Ministério do Trabalho e emprego - MTE. Rais; Fundação Seade total Construção civil Comércio Indústria serviços caça e pesca SEGMEntOS COM MAiOr CrESCiMEntO DE DEMAnDA Trabalhos com menor complexidade de execução 32 Coleção CIee 107 possível notar que a taxa foi de 5,9% em 2007 e de 4,6% no pe ríodo 2002/2006. O setorde construção cresceu 5,3% nos anos anteriores e 18,3% em 2007. Também fica evidente a maior de manda por profissionais das áreas ligadas à construção civil, como a função de pedreiro. Das profissões com menor complexidade de execução dentro do universo da população economicamente ativa, 10% são em pregos domésticos, que atualmente incluem também homens. Nelas também é necessário um mínimo de qualificação, visto Fonte: Fundação Seade; Cepam. Oficinas sobre Qualificação Profissional - 2007 CurSOS MAiS DEMAnDAS nAS OfiCinAS Pedreiro recepcionista em geral Vendedor de comércio varejista Garçom soldador Costureiro a máquina na confecção em série operador de computador (inclusive microcomputador) Empregado doméstico faxineiro Eletricista de instalações (edifícios) técnico de vendas assistente administrativo Cozinheiro geral Encanador Eletricista de manutenção eletroeletrônica Porteiro de edifícios Gráfico 9 33o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal que a mulher está adotando uma nova posição social e, por isso, passa mais tempo fora de casa. Nesse cenário é preciso que haja alguém que execute as tarefas do mésticas. Hoje a empregada que sabe ler receitas, bulas e instruções, bem como anotar recados, é mais bem remune rada. Portanto, até a domésti ca tem que ter um mínimo de qualificação. O servente e o pedreiro, por exemplo, preci sam saber fazer o cálculo de quantos azulejos são necessários em um metro quadrado. Sem qualificação ou escolaridade não será possível assimilar isso. Está nesses exemplos o grande desafio. No quadro ao lado são apresentadas as profissões que o mer cado demanda atualmente. Referemse ao Estado de São Paulo como um todo, mas há uma ênfase maior por regiões. São as vinte maiores demandas, que envolvem as funções de pedreiro, recepcionista em geral, vendedor de comércio varejista, garçom, além de outras, como cozinheiro geral, encanador, eletricista de manutenção eletroeletrônica e porteiro de edifícios. Há ainda demanda por outras muitas profissões. A comparação entre esses dados com o que está sendo ofe recido é curiosa. É possível analisar o que significa o desper dício de recursos, já citado: entre 2005 e 2007, no Estado de São Paulo, por iniciativa das prefeituras e instituições, foram ministrados cursos oferecendo 811 mil vagas. Entre os cursos a qualificação profissional é a oportunidade de promover o retorno à escola, especialmente para a população desempregada. 34 Coleção CIee 107 com maior quantidade de vagas estão, por exemplo, as opções para artistas visuais e desenhistas industriais, para padeiros e outros mais. Também há cursos para técnico de operação e manutenção de computadores, que são oferecidos pelas pró prias empresas de informática. Os de computação tiveram suas vagas rapidamente preenchidas, já que nos dias presen tes este é um tipo de curso necessário. Essa oferta, entretanto, não guarda relação com a realidade do mercado. Os recursos públicos são utilizados dessa forma, através do trabalho realizado pelas ONGs. A real necessidade se resu me em profissionalizar a qualificação com objetivos. O resumo do que é preciso fazer definir o público alvo, concentrar as ações nos municípios com mais possibilidades e atender aos segmentos com maior demanda – traduzse em uma missão maior: reduzir o passivo educacional. O passo que foi dado no sentido desta missão exigiu um grande investimento. Foram desenvolvidos cursos com duração de 200 horas. Este número parece exagerado quando o as sunto é formação de faxineiros ou outros. Contudo, dessas 200 horas, 80 são destinadas às ha bilidades específicas; o que é su ficiente. As 120 horas restantes são obrigatórias e destinadas a lições de português, aritmética, matemática e conhecimentos gerais, constituindo um reforço do ensino fundamental. O investimento também deve ser destinado à melhoria da metodologia de ensino, prin o investimento também deve ser destinado à metodologia de ensino, principalmente pelo fato de o ensino apresentar atraso. 35o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal cipalmente pelo fato de o ensino apresentar atraso quanto à aplicação da metodologia. Atualmente, o benefício do uso de diferentes mídias, com o objetivo de melhora nas condições de didática, é inegável. Para que seja pleno, é preciso inovar e utili zar as novidades no ensino presencial em diferentes momentos, mas durante todo o curso. O alvo é conseguir a transmissão do conhecimento de forma mais eficaz. Foi grande o investimento do Estado em novas mídias, tanto para cursos presenciais quanto para os cursos a distância, via web. Nossa parceira nesse desenvolvimento foi a Fundação Pa dre Anchieta, que tem o conhecimento necessário para esse tipo de projeto, já que criou e desenvolveu a cultura de telecurso. Na verdade, a fama da Fundação Roberto Marinho vinda dos tele cursos se deu graças ao esforço da Fundação Padre Anchieta. Tal investimento resultou no desenvolvimento de um amplo material didático, que, inclusive, já está sendo implementado. São quatro cadernos relativos às 120 horas de ensino funda mental e cada um deles aborda diferentes temas. O primeiro trata da história do trabalho e de como se preparar para o mercado de trabalho. O segundo traz os tópicos “Aprender a aprender”, “O uso da informação no Diaadia” e “Cidadania, igualdade e inclusão”. No terceiro caderno é apresentada a ne cessidade de comunicação e no módulo de matemática existe um complemento: o “ABC da informática”. O quarto tem três tópicos: “Qual é o problema?”, “Cooperação e competição – é possível escolher?” e “Trabalhar por conta própria um cami nho possível”, assunto que representa parte dos investimentos da Secretaria. Além dos cadernos escolares, com os quais os alunos vão tra balhar, foram desenvolvidos ainda livros de anotações e uma co leção com 4 DVDs. A opção por complementar o material com os 36 Coleção CIee 107 DVDs está no fato de que a televisão promove a leitura do caderno, já que a memória visual é mais desenvolvida. Essa tese é compro vada por Max Gehringer, formidável palestrante e dono de inteli gência e humor apurados. Em certa reunião com presidentes de empresas, ele distribuiu a cada participante um manual de como amarrar o sapato e solicitou que executassem a tarefa seguindo o manual. O resultado esperado não foi alcançado. O exemplo e a demonstração visual tornam a execução mais fácil. Por essa razão introduzimos o método de complemento à leitura: ele induz o alu no a mergulhar no processo através do uso da cultura visual, uma atual realidade brasileira. Além desse material, outra ferramenta foi criada. Muito eficaz com jovens, é também complementar ao trabalho feito pelo CIEE com aprendizes e estagiários. Tratase de um vi deojogo, baseado na vida real de muitos trabalhadores bra sileiros. Nele são apresentadas quarenta e quatro situações. Assistindo a essa telenovela, o participante decide o caminho a seguir de acordo com o cenário encontrado no mercado de tra balho. Os trabalhadores que as sistem ao vídeo são convidados a decidir quais as ações a serem realizadas pela personagem. Em determinada situação, o coman dante do jogo deparase com dú vidas como: “Atividade imediata no mercado informal ou tentati va de ingresso em uma grande empresa?”. São apenas opções, não havendo escolhas certas ou Muito eficaz com jovens, é também complementar ao trabalho feito pelo ciee com aprendizes e estagiários. 37o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal erradas. Há necessidades pes soais que precisamser pesadas para que a decisão ocorra cons cientemente. Isto se dá dentro da sala de aula, em grupo. Esse processo de vivência é muito importante e essas ferramentas funcionam como estímulo a ele. Outra iniciativa, nesse sen tido, é a gincana realizada via internet. Ela estimula o uso do computador e seu alcance é apoiado nos pontos de acesso e nas lan houses criados pelo governo (como o Acessa São Paulo). As camadas menos favorecidas da população não têm acesso sequer a computador, mas ações como o Acessa São Paulo foram criadas justamente para reduzir este índice. Mo nitores e professores dos parceiros em todo o programa estão recebendo treinamento no uso dessas ferramentas para a in trodução dos alunos nos cursos e reforço da aprendizagem. De acordo com o cronograma, o lançamento do programa, a assinatura dos contratos e a capacitação dos formadores ocor rem em junho de 2008 e o início dos cursos de qualificação no dia 15 de julho. Após o lançamento do programa no Palácio do Governo, o CIEE é o primeiro lugar em que o programa é apre sentado. O período de julho a novembro está destinado à etapa de monitoramento e supervisão. A partir daí, até dezembro, ocorre a avaliação dos egressos, que irá mostrar a qualidade e validade do curso ministrado e também se o aluno ingressou no mercado de trabalho na profissão escolhida. Caso contrá as camadas menos favorecidas da população não têm acesso sequer a computador. 38 Coleção CIee 107 rio, os erros serão analisados e corrigidos de forma rápida. O acompanhamento é fato raro. Grande parte dos recursos públicos é aplicada em educação, mas a avaliação de egressos dos cursos de qualificação praticamente inexiste, o que facilita o desvio das verbas destinadas a esse fim. Hoje estão em an damento muitos processos em que é solicitada a devolução do investimento, devido à inadequação na prestação de contas por parte das instituições. O resultado desse cenário é o desperdício de dinheiro e o aumento de determinados impostos. Por isso, o processo de avaliação de egressos é fundamental. Todo o projeto envolve grande esforço e exige que sejam feitas parcerias que garantam a qualidade e o andamento do processo. Entre nossos parceiros está a Fundap – Fundação do Desenvolvimento Administrativo, um órgão estadual. Seu apoio se dá nas etapas de planejamento, na habilitação das instituições de qualificação, na capacitação de formadores e na supervisão da avaliação do programa. A Fundação Padre Anchieta participa com o desenvolvimento do material didático e apoio à formação em habilidades gerais. As específicas também serão trabalhadas com o mesmo tipo de material. O suporte à implantação e o monitoramento para a qualifi cação profissional recebe o apoio da Prodesp Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo. Por fim, o alicerce no ensino são as instituições Centro Paula Souza, SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica e as instituições de qualificação de pessoas com necessidades especiais. A necessidade de reforço no ensino fundamental exige que o projeto seja executado com escolas com ampla experiência 39o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal nesse campo. Evitouse, com a aposta em instituições sé rias, o desperdício de recur sos. O investimento é alto: para que a qualidade dese jada seja obtida, o custo da horaaula por aluno é entre R$ 5,00 e R$ 6,00. A qualidade também é característica permanente de instituições como o SE NAC e o Centro Paula Souza, uma imensa rede, muito bem avaliada. O governador José Serra investiu pesado no ensino técnico. Para se ter uma idéia do volume, o Cen tro Paula Souza está atualmente passando por uma expansão para assimilar mais de 100.000 alunos no ensino técnico. O posterior aproveitamento desses alunos é um tema que dará continuidade ao programa aqui apresentado. O conjunto que faz a diferença é levar o aluno da sala de aula para ser apren diz ou estagiário, já que jovens como os do segundo grau (na faixa dos 14 anos) têm um respaldo na Lei 10.097 para serem aprendizes. Aprender cedo, desde que isso não influencie ne gativamente no rendimento escolar, é uma excelente alternati va. O jovem deve compreender o mundo real, para que quando chegue à universidade não se decepcione com suas escolhas. Quanto antes o aluno tem a visão da realidade, maior será o objetivo da escolha e a absorção do ensinamento. Aí está a grande importância desse trabalho. o jovem deve compreender o mundo real, para que quando chegue à universidade não se decepcione com suas escolhas. 40 Coleção CIee 107 Ao fim de todo esse grandioso projeto, todas as variáveis têm de ser unidas e traduzidas em um conceito chamado empregabili dade. O programa Emprega São Paulo, com lançamento previsto no mês de julho, desempenha o papel do portal google no campo do emprego. Tratase da maior ferramenta de intermediação de mãodeobra do país. Nesse programa, as inscrições são gratuitas para as pessoas que já têm ou querem uma posição no mercado de trabalho. Universidades são convidadas a inserir currículos e médias escolares de seus formandos. Trainees, aprendizes e es tagiários terão suas áreas exclusivas dentro da página. O intuito do Emprega São Paulo é criar um mercado de trabalho real na Internet e valorizar o profissional. Inserir o currículo em determinadas páginas na Internet em que essa ação é paga tem um custo elevado, algo como R$ 50 mensais. Nossa proposta é garantir a gratuidade dessa in formação e fazer com que ela seja tão ampla quanto possível. Dessa forma, a busca de profissionais por parte das empre sas tornase mais exata, com economia de tempo e recursos. O programa ajuda a organizar a oferta e a procura. Assim como todo o projeto de empregabilidade, o Emprega São Paulo con tou com o trabalho da Associação Brasileira de Recursos Hu manos, para que todas as entradas do programa pudessem ser utilizadas por todas as empresas, começando pelas de maior porte, usualmente as mais exigentes na contratação. Essas iniciativas tendem a ser passos vigorosos para melhorar as condições do mercado do emprego e do mundo dos negócios, porque todos nós negamos e devemos negar vivamente o ócio. 41o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal D E B A T E S D E B A T E S 42 Coleção CIee 107 PRofessoR nunes Da empresa Rever Ensino e Cultura Entendi muito bem sua palestra, porém, além do grave problema da péssima qualidade do ensino no Brasil, temos o problema da formação de professores. Sou formado em Física pela USP e do curso que fiz apro- veitei, no máximo, 5%. Consegui salvar-me porque comecei a dar aula cedo, antes de me for- mar. Fui professor de cursinho e, na minha opinião, eles são os melhores professores, que possuem melhor didática. Minha pergunta é como co- locar um projeto desse porte para se tornar um programa de melhoria do ensino na qualificação e capacitação dos professores se não temos professores, instrutores e monitores? Além disso, o senhor falou em hora-aula no valor de R$ 5,00 ou R$ 6,00. Eu acho isso muito pouco. Quanto ganha por mês um professor assim? GuilheRMe afif doMinGos Na verdade, são R$ 5,00 ou R$ 6,00 a hora-aula por aluno. Os profis- sionais são professores do SENAI e do SENAC e estamos pagando pela tabela deles. O SENAI e o SENAC não pagam mal e a Paula Souza acaba de fazer um grande programa de reformulação para poder melhorar as condições de remuneração e colocar o professor na CLT, o que permite inclusive uma flexibilidade de trabalho. Não há dúvida que temos,no caso da educação, uma situação um tanto quanto precária, mas estamos trabalhando com um time que está um pouco fora dessa situação. PRofessoR nunes Gostaria, então, de reformular a questão. O Governo do Estado de São Paulo paga muito mal os professores. Desse modo, para se ter professo- res qualificados, seria necessário um salário melhor. GuilheRMe afif doMinGos Todos nós sabemos que o problema do pagamento baixo para os pro- fessores é devido a um aspecto da legislação. Temos um grande núme- ro de aposentados e qualquer reajuste que se der para os da ativa é D E B A T E S 43o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal necessário também dar para os aposentados. Isso não quer dizer que os aposentados não mereçam, mas não existe caixa que aguente um processo de ajustes. Isso acontece na área da educação e também na área da saúde. Não é possí- vel atacar o núcleo do problema, por isso o uso de alternativas para contorná- lo. O caso da Paula Souza é diferente. Ela é uma instituição técnica, com uma área muito menos corporativa, especialmente a sindical, no campo do Estado. Quando se joga para a CLT, mesmo com professores de carreira, a flexibilidade é muito maior porque a aposentadoria está dentro dos planos de aposentadoria da CLT e não do caixa do Estado. Uma das grandes difi- culdades hoje para se equacionar a questão dos ajustes é que, quando se altera em um ponto, ocorrem repercussões em todos os outros setores e a alternativa acaba caminhando para “gambiarras”. O grande problema que temos são as pessoas aposentadas que, pela legislação, possuem o mesmo direito ao ajuste que as pessoas que estão na ativa. celso dutRa Superintendente de Atendimento às Empresas do CIEE Quero fazer apenas um comentário. Acho sua proposta extremamente im- portante, que vem ao encontro daquilo que praticamos no CIEE. Ao ter co- nhecimento desse google do emprego, eu fiquei muito curioso e ansioso por ver seu funcionamento. A isso chamamos de democratização da capacitação ou democratização da oferta e da possibilidade da melhoria de emprego. Vou falar um pouco olhando o próprio umbigo: talvez os quase 50 anos de atividade do CIEE tenham, de alguma forma, inspirado o governo do Estado de São Paulo para desenvolver esse projeto. Entendo que o CIEE tem feito isso permanentemente, com muita competência e estamos muito felizes ao ver essa proposta. Eu acredito que ela vai ao encontro daquilo que nossa instituição está fazendo há quase meio século. GuilheRMe afif doMinGos Vou fazer um comentário em cima de seu comentário, a respeito da im- portância do trabalho do CIEE, com essa visão muito objetiva em termos de colocação no mercado e dessa integração da empresa com a escola. Temos também que lembrar o quanto a instituição foi perseguida, porque D E B A T E S 44 Coleção CIee 107 há pessoas que não gostam do que fazemos. Dizem que é coisa do merca- do e a crítica tem até um ranço ideológico contra o trabalho do CIEE. Quero dizer que conheço a luta e a importância desse trabalho. Dessa forma, faremos tudo que pudermos para poder ampliar aquilo que a instituição já faz e o faremos com muita objetividade. Quero também dizer que estou en- trando em um programa de estágio, que na verdade já existe. Nós o estamos apenas ampliando. Mas trata-se de um estágio que não se confronta com o trabalho do CIEE. O programa Jovem Cidadão trabalha com alunos da escola pública na área de vulnerabilidade social, ou seja, da periferia. Aquele jovem que está no segundo grau e que está pronto para o desvio. Ou vai para o ca- minho do trabalho ou vai para o quarto setor, que é o crime organizado, que hoje oferece grandes oportunidades. Temos que trabalhar com esse objetivo porque a escola pública é sinônimo de pobreza. Quem tem alguma condição de renda coloca os filhos na escola particular. Nesse trabalho com a escola pública, é fundamental criar uma forma de “es- timular”, assim, entre aspas, as empresas a assimilar esse quadro de esta- giários. O incentivo para as empresas foi oferecido através da Secretaria da Fazenda. Há, a todo momento, naquela Secretaria, setores que querem apre- sentar programas de redução de carga tributária, de facilidades, de acordos, como, por exemplo, diminuir o ICM de 18% para 12% para um determinado setor. Tivemos, então, a idéia de criar um programa de reciprocidade solidária, aplicando a regra do “é dando que se recebe”. Assim, para a empresa ter um incentivo, ela terá que entrar no programa para assimilar o jovem. Acabamos de fechar um grande incentivo com a indústria automobilística, representado pelos créditos de ICM que retornam para o investimento no emprego em São Paulo. Só neste caso foram acordadas 5.000 vagas de estágio nos setores automobilístico e de autopeças, que incluem os revendedores também. Exa- tamente para promover a integração empresa-escola. Na semana passada foi o setor de acetona, que incluiu a Rhodia, que já está em fase final de acerto. O próximo será a indústria têxtil. Com isso, estamos promovendo, com a reciprocidade solidária, o que o CIEE faz com competência há muito tempo. Estamos seguindo a trilha de quem faz e faz bem feito. D E B A T E S 45o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal sÉRGio RicaRdo Sinto-me orgulhoso com sua palestra porque minha iniciação profissio- nal começou com o SENAI. Meu pai tinha uma visão muito boa, que me valeu muito. Comecei com 14 anos no SENAI e tenho um grande orgulho disso. Lá as atividades ocorriam das 7 às 17 horas. Eu vejo o seguinte cenário: o governo faz as pessoas irem à escola para se alimentar e tam- bém temos a situação de não existir mais repetência para os alunos no 2ª grau. Qual é sua opinião sobre esse panorama? GuilheRMe afif doMinGos Além das pessoas que vão à escola para se alimentar, há também aque- las que vão para o exército para se alimentar. Hoje, muita gente não quer ser dispensada do serviço militar para, pelo menos, poder comer. Esta questão da dispensa é um reconhecimento da falência do sistema de ensino. O correto é exigir com rigor. Não adianta carimbar o boletim para dizer que passou na escola. Nós abrimos mão da qualidade para dizer que o aluno foi aprovado na escola só para ter um aumento no indicador de escolaridade. Isso está errado. A hora da verdade, que irá dizer quem aprendeu e quem não aprendeu, chegará mais cedo ou mais tarde. É na competição do mercado de trabalho que aqueles que apren- deram vão em frente e os que não aprenderam ficam para trás. Portanto, entendo que é a hora e a vez de se abolir o problema de quan- tidade e se investir pesado no aspecto qualidade, em professores e na mudança dos conceitos atuais. Além disso, sou contra excesso de estabi- lidade. Acho que quanto maior a instabilidade, mais procuramos melho- rar. Não podemos ter cartórios educacionais. Temos que ter escolas que efetivamente ensinem, onde, inclusive, os professores tenham remune- ração por critério de qualidade e não pela quantidade. O estímulo para a qualidade é uma revolução. Será necessário enfrentar muitas resistên- cias corporativas, que infelizmente existem na nossa estrutura de ensino com uma visão antiquada, burocrática e corporativa. D E B A T E S 46 Coleção CIee 107 sheila vieiRa Mendes de oliveiRa Estudante do ensino médio Por que só agora se percebeu que 50% das pessoas de 30 a 59 anos são analfabetas ou semianalfabetas? Entendo que esse dado já deveria ser conhecido antes. Hoje percebo que o maior índice de desemprego está entre as pessoas dessa faixa etária. Que fazer? GuilheRMe afif doMinGos É isso que procuramos responder. Em primeiro lugar, quando se percebe que as novas gerações possuem maior escolaridade é porque em algum momento foram tomadas providências a respeitode se evitar a evasão escolar e vários programas foram implantados. Não estamos falando da qualidade, mas sim da escolaridade, ou seja, de se completar o ensino fundamental. Ao focar a faixa dos 30 aos 59 anos, com a qual estamos trabalhando e que tem a menor escolaridade, percebemos que há 10 anos vivemos um “apagão” educacional, ao qual estamos reagindo. Isso já aconteceu e não há muito a fazer. O que estamos procurando é reme- diar para poder reciclar essas pessoas e recolocá-las no mercado de trabalho. Ninguém perguntou o número de vagas, mas o programa, em 3 anos, prevê 180 mil vagas, sendo 30 mil em 2008, 60 mil em 2009 e 90 mil em 2010. Mas isso não é o suficiente. Muito pelo contrário, é até muito pouco. Mas elaboramos um foco e passamos a trabalhar com esse diagnóstico em todas as áreas. Então, será vergonhoso para alguém aplicar recurso em qualificação sem levar em conta tanto o diagnóstico quanto a avaliação. Acredito que haverá um pouco mais de vergonha na cara ao se aplicar recur- sos públicos, porque no Estado de São Paulo existe uma direção. Estamos fa- zendo o possível com os recursos próprios. Gostaríamos de ampliar, e muito, esse foco de atuação de todos. Essa é a importância de se estar trabalhando junto com o SENAI e o SENAC. A crítica que se faz a ambos é sobre a gra- tuidade. Eles reclamam que os cursos são caros e a gratuidade passará a ser demonstrada com mais transparência. Nosso papel é investir junto com eles e não destruir o trabalho que estão fazendo. Nosso objetivo é investir para poder ampliar a gratuidade, para não ficarmos só nas 180 mil vagas. Que- remos passar para 360 mil, para 720 mil, com todos os agentes atirando na mesma direção. Dessa forma, iremos ajudar a diminuir o problema. D E B A T E S 47o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal PRofessoR nelson alves Conselheiro Decano do CIEE Tenho certeza de que o programa surtirá efeito. Falo, não em nome pes- soal, mas também em nome dos conselheiros, do presidente do Conse- lho de Administração e dos fundadores do CIEE. Antigamente procurava-se alguma coisa no teste vocacional e o progra- ma faz algo similar ao procurar a identificação do jovem ou de quem está procurando uma atividade pela qualificação. Além dos parceiros escolhidos, como a Paula Souza, o SENAI e o SENAC, quero fazer uma sugestão. A experiência de tempos passados mostrou uma instituição que trouxe grandes profissionais que, sem procurar o teste vocacional, mas pelo trabalho e pela educação, atingiram as melhores profissões. Falo do Liceu de Artes e Ofícios. Minha sugestão é conjugar, não só o Liceu em si, mas também a sua experiência. GuilheRMe afif doMinGos O Liceu de Artes e Ofícios é um marco na educação para o trabalho. Es- tamos conversando muito seriamente para fazer uma parceria do Liceu com a Paula Souza, de modo a recuperar esse acervo e aproveitar sua experiência. Essa seria uma ótima fusão, unindo uma estrutura pública que funciona e uma estrutura da iniciativa privada que sofreu no tempo. O Liceu é uma bela escola. Para finalizar o pensamento, quero comentar sua referência ao teste vo- cacional. Quero ser testemunha da importância do programa Aprendiz. A Associação Comercial de São Paulo, juntamente com o Rogério Amato, conselheiro do CIEE, foi pioneira na difusão da Lei 10.097 a partir de 2000, através do Movimento Degrau. Sempre acreditamos que a escola com o trabalho constitui uma ótima combinação e que quanto mais cedo começar melhor. Ninguém fica prejudicado por começar a traba- lhar cedo, desde que não seja mais criança. O binômio escola-trabalho é muito bom, até para ocupar. O errado é começar a trabalhar e largar a escola. Infelizmente, houve uma cultura que, comprando modas interna- cionais, trouxe a história do combate ao trabalho infantil. É evidente que todo mundo quer combater esse tipo de trabalho. A questão não é esta e sim considerar trabalho infantil até a idade de 18 anos. D E B A T E S 48 Coleção CIee 107 Na verdade, o foco dessa corrente contra o trabalho infantil sempre foi o protecionismo comercial, para evitar a concorrência e elevar o custo da mão-de-obra. São safadezas que, de vez em quando, aparecem com uma ideia e todo mundo embarca nela sem perceber o alcance nefasto. Quando fui constituinte, coloquei na Constituição uma proibição de todo e qualquer trabalho para menores de 14 anos, com exceção do menor aprendiz. Depois, com a desculpa de adaptação às leis internacionais, passaram para 16 anos e o aprendiz, apenas a partir dos 14 anos. Isso, entretanto, não foi regulamentado. Portanto, proibiu-se o trabalho para menores de 16 anos, que passou a ser a idade de entrada no mercado e a multidão de 14 a 16 anos ficou sem alternativa. Com isso, houve au- mento da criminalidade e foi iniciado um processo recessivo. As pessoas davam preferência para contratar um profissional mais experiente do que um novato inexperiente para começar a ensinar, já que os custos eram os mesmos. Finalmente, veio a Lei do Aprendiz, que é de 2000, com a regulamen- tação em 2001 e começamos a fazer um enorme trabalho. Na minha empresa, tive que enfrentar o Conselho da Criança e do Adolescente do Município de São Paulo, que trabalhava contra. Disse que iria fazer o que a lei obrigava e que, se eles não estavam me permitindo cumprir a lei, isso era um problema deles. Assim conseguimos fazer o primeiro programa na Associação e abrimos o campo, eu na minha empresa e a própria associação em suas atividades. Temos agora a experiência vivida com o programa de aprendizado e ve- mos que é muito importante a convivência. Dentro da empresa, o apren- diz começa a ter novos parâmetros de vida. Tudo acontece em função do teste vocacional, o qual, por sua vez, muitas vezes tem muito de motiva- cional. O aprendiz vai conhecer pessoas que o motivam. Com o exemplo do chefe, ele passa a ter um parâmetro. Dessa forma, vai descobrindo a realidade a partir da visão prática do dia-a-dia. Ninguém ficou torto porque começou a trabalhar com 13 ou 14 anos de idade. Pelo contrário, foi ali que se revelaram os grandes talentos. Portanto, o trabalho do aprendiz resgata, na história, um processo que era praticamente o do aprendizado natural, convivendo no trabalho. Isso não é exploração de mão-de-obra, mas convivência e aprendizado. D E B A T E S 49o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal Por isso, acreditamos muito nesse trabalho e vamos investir nele. Atual- mente, no Estado de São Paulo, estamos desenvolvendo um programa com os alunos da Paula Souza, que são do 2° grau, para ser possível fazer o trabalho nas empresas, evitando a situação de “treina, treina e nunca joga”. Queremos que esses garotos treinem e joguem para que se possa cumprir as cotas de aprendizado e voltar a ser como no passado. Trabalho não faz mal a ninguém, desde que os estudos não sejam aban- donados, porque o ensino é fundamental para o aprendizado da vida. c o l e ç ã o c ie e c o l e ç ã o c ie e Coleção CiEE-01 (esgotado) Estágio - Investimento Produtivo Publicação Institucional do CIEE Coleção CiEE-02 (esgotado) a Globalização da Economia e suas repercussões no brasil Ives Gandra da Silva Martins Coleção CiEE-03 (esgotado) a desestatização e seus reflexos na Economia Antoninho Marmo Trevisan Coleção CiEE-04 (esgotado) rumos da Educação brasileira Arnaldo Niskier Coleção CiEE-05 (esgotado) as Perspectivas da Economia brasileira Maílson da Nóbrega Coleção CiEE-06 (esgotado) Plano real: situação atual e Perspectivas Marcel Solimeo e Roberto Luís Troster Coleção CiEE-07 (esgotado) os desafios da Educação brasileira no século XXI Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CiEE-08 (esgotado)os Cenários Possíveis para a Economia em 98 Luís Nassif Coleção CiEE-09 (esgotado) o Fim da Escola Gilberto Dimenstein Coleção CiEE-10 (esgotado) o Peso dos Encargos sociais no brasil José Pastore Coleção CiEE-11 (esgotado) o que esperar do brasil em 1998 Marcílio Marques Moreira Coleção CiEE-12 (esgotado) as alternativas de Emprego para o Mercado de trabalho Walter Barelli Coleção CiEE-13 (esgotado) redução tributária - Urgência Nacional Renato Ferrari, Alcides Jorge Costa e Ives Gandra da Silva Martins Coleção CiEE-14 (esgotado) a Contribuição do 3º setor para o desenvolvimento sustentado do País Seminário do 3º Setor Coleção CiEE-15 (esgotado) os rumos do brasil até o ano 2020 Ronaldo Mota Sardenberg Coleção CiEE-16 (esgotado) as Perspectivas da Indústria brasileira e a atual Conjuntura Nacional Carlos Eduardo Moreira Ferreira Coleção CiEE-17 (esgotado) as Novas diretrizes para o Ensino Médio Guiomar Namo de Mello Coleção CiEE-18 (esgotado) Formação de Especialistas para o Mercado Globalizado Luiz Gonzaga Bertelli Coleção CiEE-19 (esgotado) a Educação brasileira no limiar do Novo século Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CiEE-20 (esgotado) a Formação da Nacionalidade brasileira João de Scantimburgo Coleção CiEE-21 (esgotado) a Educação ontem, hoje e amanhã Jarbas Passarinho Coleção CiEE-22 (esgotado) a Universidade brasileira e os desafios da Modernidade Paulo Nathanael Pereira de Souza Coleção CiEE-23 (esgotado) os Novos rumos do real: Previsões para a Economia brasileira após a Mudança da Política Cambial Juarez Rizzeri Coleção CiEE-24 (esgotado) brasil: saídas para a Crise Alcides de Souza Amaral Coleção CiEE-25 (esgotado) a Educação e o desenvolvimento Nacional José Goldemberg Coleção CiEE-26 (esgotado) a Crise dos 500 anos: o brasil e a Globalização da Economia Rubens Ricupero Coleção CiEE-27 (esgotado) a língua Portuguesa: desafios e soluções Arnaldo Niskier, Antonio Olinto, João de Scantimburgo, Ledo Ivo e Lygia Fagundes Telles Simpósio CIEE/ABL Coleção CiEE-28 (esgotado) Propostas para a retomada do de- senvolvimento sustentável Nacional João Sayad Coleção CiEE-29 (esgotado) o Novo Conceito de Filantropia II Seminário do 3º Setor Coleção CiEE-30 (esgotado) as Medidas Governamentais de Controle de Preços Gesner de Oliveira Coleção CiEE-31 (esgotado) a Crise brasileira: Perspectivas Antônio Barros de Castro Coleção CiEE-32 (esgotado) o Futuro da Justiça do trabalho Ney Prado Coleção CiEE-33 (2ª ed./esgotado) Perspectivas da Economia e do desenvolvimento brasileiro Hermann Wever Coleção CiEE-34 (esgotado) o que esperar do brasil na Virada do século Eduardo Giannetti Coleção CiEE-35 (esgotado) o Ensino Médio e o Estágio de Estudantes Rose Neubauer Coleção CiEE-36 (esgotado) Perspectivas da Cultura brasileira Miguel Reale Coleção CiEE-37 (esgotado) Política Pública de Qualificação Profissional Nassim Gabriel Mehedff Coleção CiEE-38 (esgotado) Perspectivas da Economia brasileira para além da Conjuntura Gustavo Franco Coleção CiEE-39 (esgotado) as empresas e a Capacidade Competitiva brasileira Emerson de Almeida Coleção CiEE-40 (esgotado) a Globalização e a Economia brasileira Antônio Carlos de Lacerda Coleção CiEE-41 (esgotado) a dignidade humana e a Exclusão social III Seminário do 3º Setor Coleção CiEE-42 (esgotado) recomendações para a retomada do desenvolvimento Aloizio Mercadante Coleção CiEE - Especial (esgotado) Guia Prático do CadE A Defesa da Concorrência no Brasil Coleção CiEE-43 (esgotado) o CadE e a livre Concorrência no brasil Seminário CIEE/Correio Braziliense Coleção CiEE-44 (esgotado) Profissões em alta no Mercado de trabalho Luiz Gonzaga Bertelli Coleção CiEE-45 (esgotado) democracia no brasil: Pensamento social, Cenários e Perfis Políticos Gaudêncio Torquato Coleção CiEE-46 (esgotado) Necessidades Profissionais para o século XXI Norberto Odebrecht Coleção CiEE-47 (esgotado) o trabalho no brasil: Novas relações X leis obsoletas Almir Pazzianotto Pinto Coleção CiEE-48 (esgotado) o Futuro da aviação Comercial no brasil Ozires Silva Coleção CiEE-49 (esgotado) desafios da Economia brasileira e suas Perspectivas para 2001 Clarice Messer Coleção CiEE-50 (esgotado) o brasil no terceiro Mundo Cristovam Buarque Coleção CiEE-51 (esgotado) o Mercado de Capitais no brasil desafios e Entraves para seu desenvolvimento Humberto Casagrande Neto Coleção CiEE-52 (esgotado) o Voluntariado no brasil IV Seminário do 3º Setor Coleção CiEE-53 (esgotado) revolução de 32: Um Painel histórico Simpósio CIEE/APH/IRS Coleção CiEE-54 (esgotado) os reflexos da Economia Global no desenvolvimento brasileiro Luciano Coutinho Coleção CiEE-55 (esgotado) as Condições Necessárias para o brasil Crescer Delfim Netto Coleção CiEE-56 (esgotado) Globalização e hipercompetição: a sociedade das organizações e o desafio da Mudança Thomaz Wood Jr. Coleção CiEE-57 (esgotado) desenvolvimento social, Previdência e Pobreza no brasil Roberto Brant Coleção CiEE-58 (esgotado) a Paixão pela Poesia Arnaldo Niskier, Carlos Nejar, Ledo Ivo, Lygia Fagundes Telles e Mário Chamie Coleção CiEE-59 (esgotado) rumos da Educação no brasil Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CiEE-60 (esgotado) reforma tributária: solução ou Panacéia? Osíris de Azevedo Lopes Filho Coleção CiEE-61 (esgotado) os atentados em Nova York e os Interesses Internacionais do brasil Flávio Miragaia Perri Coleção CiEE-62 (esgotado) lei de responsabilidade Fiscal: Esperanças e decepções Diogo de Figueiredo Moreira Neto Coleção CiEE-63 (esgotado) a saúde no Novo Conceito de Filantropia Antônio Jacinto Caleiro Palma Coleção CiEE-64 (esgotado) Fundamentos da Política Econômica do Governo lula Guido Mantega Coleção CiEE-65 (esgotado) o banco Central e a defesa da Concorrência no Mercado Financeiro Gustavo Loyola Coleção CiEE-66 (esgotado) Enxergando o amanhã com os olhos de hoje Gaudêncio Torquato Coleção CiEE-67 (esgotado) Juventude, Escola e Empregabilidade V Seminário do 3º Setor Coleção CiEE-68 (2ª Edição) Educação: Velhos Problemas, Novas (?) soluções Paulo Nathanael Pereira de Souza Coleção CiEE-69 (esgotado) Cobrança de Impostos ameaça o Futuro da Filantropia VI Seminário do 3º Setor Coleção CiEE - Especial (esgotado) 2ª Ed. revista e ampliada Guia Prático do CadE A Defesa da Concorrência no Brasil Coleção CiEE-70 (esgotado) a Importância do Estágio na Formação do aluno do Ensino Médio Antônio Ruiz Ibañez Coleção CiEE-71 (esgotado) antônio Cândido, Guerreiro da Educação - Prêmio Professor Emérito 2003 CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CiEE-72 (2ª edição) Educação e saber Paulo Nathanael Pereira de Souza Coleção CiEE-73 (2ª edição) o Pressuposto da Ética na Economia, nas Empresas, na Política e na sociedade Ruy Martins Altenfelder Silva Coleção CiEE-74 (esgotado) Empregabilidade VII Seminário CIEE - Gazeta Mercantil do 3º Setor Coleção CiEE-75 (esgotado) analfabetismo Proposta para a sua Erradicação Jorge Werthein Coleção CiEE-76 Educação, Estágio e responsabili- dade Fiscal das Prefeituras Ives Gandra da Silva Martins, Mar- cos Nóbrega, Luiz Gonzaga Bertelli e Paulo Nathanael Pereira de Souza Coleção CiEE-77 (esgotado) Valorização Imobiliária Nelson Baeta Neves c o l e ç ã o c ie e Coleção CiEE-78 (esgotado) as metas inflacionárias no brasil Paulo Picchetti Coleção CiEE-79 (esgotado) a qualidade dos estágios e sua importância socioprofissional Seminário CIEE-SEMESP Coleção CiEE-80 (esgotado) desafios da administração de uma grande metrópole (são Paulo) Walter Feldman Coleção CiEE-81 (esgotado) a realidadeeducacional brasileira e o desenvolvimento do País Roberto Cláudio Frota Bezerra Coleção CiEE-82 (esgotado) os entraves para o desenvolvimento nacional e as recomendações para sua superação Abram Szajman Coleção CiEE-83 (esgotado) o cenário econômico latino-americano e seus reflexos no mercado acionário Alfried Karl Plöger Coleção CiEE-84 (esgotado) Jornalismo político: uma visão do brasil Murilo Melo Filho Coleção CiEE-85 (esgotado) a política monetária brasileira e seus reflexos no desenvolvimento do país Josué Christiano Gomes da Silva Coleção CiEE-86 (esgotado) tecnologia, Economia e direito: visão integrada e multissetorial José Dion de Melo Teles Coleção CiEE-87 (esgotado) brasil: competitividade e mercado global Marcos Prado Troyjo Coleção CiEE-88 (esgotado) a arte de empreender: o respeito aos limites do ser humano Eduardo Bom Angelo Coleção CiEE-89 (esgotado) a educação brasileira e a contribui- ção das entidades de filantropia Roberto Teixeira da Costa Coleção CiEE-90 (esgotado) a situação atual da educação brasileira Paulo Tafner Coleção CiEE-91 (esgotado) o desenvolvimento das economias japonesa e asiática Yuji Watanabe Coleção CiEE-92 (esgotado) a contribuição da Embraer no desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira Luís Carlos Affonso Coleção CiEE-93 (esgotado) a nova fase da crise brasileira Oliveiros da Silva Ferreira Coleção CiEE-94 (esgotado) Inventário da educação brasileira e recomendações para seu aperfeiçoamento Seminário Coleção CiEE-95 (esgotado) Negociações agrícolas internacionais Marcos Sawaya Jank Coleção CiEE-96 (esgotado) Um século de sindicalismo no brasil Almir Pazzianotto Coleção CiEE-97 (esgotado) a atual situação da educação brasileira - medidas para o seu aperfeiçoamento Samuel de Abreu Pessôa Coleção CiEE-98 (esgotado) o futuro do abastecimento energético no brasil e no mundo Carlos Alberto de Almeida Silva e Loureiro Coleção CiEE-99 (esgotado) reflexões sobre a conjuntura nacional Geraldo Alckmin Coleção CiEE-100 (esgotado) Presença da universidade no desenvolvimento brasileiro: uma perspectiva hitórica Simpósio Coleção CiEE-101 (esgotado) o estabelicimento de um modelo de sustentabilidade ambiental no Estado de são Paulo Xico Graziano Coleção CiEE-102 (esgotado) o papel dos tribunais de Contas na Educação brasileira Antônio Roque Citadini Coleção CiEE-103 (esgotado) os desafios da administração de uma metrópole Gilberto Kassab Coleção CiEE-104 (esgotado) a Caixa Econômica Federal e suas atividades no país Carlos Gomes Sampaio de Freitas Coleção CiEE-105 a ética no brasil: a cabeça dos brasileiros Alberto Carlos Almeida Coleção CiEE-106 a necessidade dos seguros para o desenvolvimento sustentável brasileiro Luiz Carlos Trabuco Cappi Coleção CiEE-107 o mercado de trabalho paulista e a capacitação profissional Guilherme Afif Domingos O Mercado de trabalho Paulista e a Capacitação Profissional Guilherme afif domingos textos e debates extraídos da palestra proferida em 26/06/2008, no auditório Ernesto Igel e Mario amato do CIEE, em são Paulo/sP. Planejamento e produção editorial PIC - Marketing Editorial e Comunicação Coordenação Editorial renato avanzi Capa Cynthia akemi toma Foto Capa banco PIC diagramação e arte Edith M. schmidt taquigrafia oswaldo Chiquetto Impressão First Fotolitos e editora Gráfica Editado por Centro de integração Empresa-Escola - CiEE rua tabapuã, 540 - Itaim bibi são Paulo/sP - CEP 04533-001 telefone do Estudante: (11) 3046-8211 atendimento às Empresas: (11) 3046-8222 atendimento às Instituições de Ensino: (11) 3040-4533 Fax: (11) 3040-9955 www.ciee.org.br Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. c o l e ç ã o c ie e 1 0 7 COnSElHO DE ADMiniStrAÇãO (Mandato de 16/4/2009 a 15/4/2012) Presidente ruy Martins altenfelder silva vice-Presidentes antonio Penteado Mendonça antonio Jacinto Caleiro Palma Wálter Fanganiello Maierovitch Conselheiros hermann heinemann Wever José augusto Minarelli orlando de almeida Filho funDADOrES aloysio Gonçalves Martins Clóvis dutra Geraldo Francisco Ziviani José Franklin Veras Viégas Mario amato Paulo Egydio Martins térbio de Mattos PrESiDEntE EXECutivO luiz Gonzaga bertelli adhemar César ribeiro ana Maria Vilela Igel antoninho Marmo trevisan antonio Garbelini Júnior Carlos Eduardo Moreira Ferreira Élcio aníbal de lucca Flávio Fava de Moraes Gaudêncio torquato Gesner de oliveira Ivette senise Ferreira João Guilherme sabino ometto João Monteiro de barros Neto COnSElHO COnSultivO COnSElHO fiSCAl titulares César Gomes de Mello humberto Casagrande Neto Norton Glabes labes PrESiDEntES EMÉritOS alex Periscinoto antonio Jacinto Caleiro Palma herbert Victor levy Filho João baptista Figueiredo Júnior MEMBrOS HOnOrÁriOS amauri Mascaro Nascimento antonio Candido de Mello e souza antônio hélio Guerra Vieira Clarice Messer dorival antônio bianchi Edevaldo alves da silva Evanildo bechara Guilherme Quintanilha de almeida Ives Gandra da silva Martins Jarbas Miguel de albuquerque Maranhão João Geraldo Giraldes Zocchio João Monteiro de barros Filho Joaquim Pedro Villaça de souza Campos liz Coli Cabral Nogueira Marcos troyjo Ney Prado ozires silva ricardo Melantonio rogério amato sebastião Misiara tácito barbosa Coelho Monteiro Filho Wander soares Wilson João Zampieri Yvonne Capuano Suplentes luiz Eduardo reis de Magalhães roberto Cintra leite sidney storch dutra José Feliciano de Carvalho José Pastore laudo Natel leonardo Placucci luiz augusto Garaldi de almeida Nelson alves Nelson Vieira barreira Paulo Emílio Vanzolini Paulo Nogueira Neto Pedro salomão José Kassab ruy Mesquita Júlio César de Mesquita laerte setúbal Filho Paulo Nathanael Pereira de souza Pedro luiz de toledo Piza MEMBrOS BEnEMÉritOS antonio Ermírio de Moraes lázaro de Mello brandão A experiência pública de Guilherme Afif Domingos e sua vi- vência no mundo empresarial estão, agora, colocadas a serviço da educação e do desenvolvimento do País. O ensino adquire um sentido prático, quando se integra ao mundo do trabalho e produz resultados positivos para a socie- dade e para o cidadão. Esta é a visão do autor, que discorre so- bre aspectos relevantes da formação e qualificação profissional, embasando suas premissas e soluções em seu conhecimento da realidade brasileira. Com base no empreendedorismo e na desburocratização da máquina pública, a proposta de Afif é transformar o homem por meio de uma educação profissionalizante e, principalmen- te, auto-sustentável, capaz de proporcionar com o conhe- cimento adquirido, uma forma de garantir seu sustento, seu crescimento como cidadão e, acima de tudo, sua auto-estima como indivíduo. Em um país que pouco investe no processo educacional de seu povo, essa tarefa torna-se muito difícil. Mas as propostas deste livro produzem a certeza de que é possível começar por cami- nhos que se cruzam com o apoio da sociedade civil, formada pela população e pelas organizações não-governamentais, em conjunto com o poder público.
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