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O mercado de trabalho paulista e a capacitação profissional-coleção CIEE-107

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Coleção CIEE 107
O mercado de trabalho paulista e 
a capacitação profissional
Guilherme Afif Domingos
Sede
Rua Tabapuã, 540 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-001
Espaço Sociocultural – Teatro CIEE
Rua Tabapuã, 445 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-011
Prédio-Escola CIEE
Rua Genebra, 65/57 - centro - São Paulo/SP - ceP 01316-010
Telefone do estudante: (11) 3046-8211
Atendimento às empresas: (11) 3046-8222
Atendimento às Instituições de ensino: (11) 3040-4533
Fax: (11) 3040-9955
www.ciee.org.br
O mercado de trabalho paulista 
e a capacitação profissional
Coleção CIEE 107
Guilherme Afif Domingos
C389m CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA - CIEE
 O mercado de trabalho paulista e a capacitação profissional / 
 Centro de Integração Empresa-Escola – São Paulo : CIEE, 2008.
 41 p. (Coleção CIEE ; 107)
 
 Palestra proferida por Guilherme Afif Domingos durante o 
 Fórum Permanente de Debates do CIEE sobre a Realidade Brasileira, 
 realizado no auditório Ernesto Igel e Mario Amato do CIEE em 26 de 
 junho de 2008.
 1. Economia 2. Silva, Ruy Martins Altenfelder 3. Bertelli, Luiz 
 Gonzaga 3. Domingos, Guilherme Afif I. Título II. Série
CDU : 37(81)
SUMÁRIO
Qualidade é uma questão de educação .......
Ruy Martins Altenfelder Silva
Educação, o capital mais valioso .................
Luiz Gonzaga Bertelli
Programa Estadual de Qualificação 
Profissional ................................................
Guilherme Afif Domingos
Debates ...................................................... 
7
11
19
41
Qualidade é 
uma questão de 
educação
Qualidade é uma 
questão de educação
Ruy MaRtins altenfeldeR silva
Advogado, consultor, presidente voluntário do 
Conselho de Administração do Centro de Inte-
gração Empresa-Escola – CIEE, vice-presidente 
da Academia Paulista de História – APH, presi-
dente da Academia Paulista de Letras Jurídicas 
– APLJ e do Conselho Superior de Estudos Avan-
çados da FIESP.
8
Coleção CIee 107
ÉÉ interessante como a evolução das teorias administrati­vas e produtivas dentro do cenário empresarial é cíclica. De tempos em tempos, surgem métodos e instrumentos 
aplicados em uma determinada realidade, que ganham o noticiá­
rio em função dos excelentes resultados obtidos.
Neste sentido, já vivemos a época da Reengenharia, do Down-
sizing, Just In Time, Kaizen, Kanban, Six Sigma, Balanced 
Scorecard, entre muitas outras, todas com suas virtudes e ví­
cios, que trouxeram ou trazem retornos efetivos às organizações 
que as aplicam. Mas um fato é comum a todas: a dificuldade de 
sua implementação na rotina da empresa.
E qual a razão para essa complexidade? A resposta é que 
todas as inovações dependem da mudança de comportamento e 
postura das pessoas diante da novidade, da renovação.
Podemos analisar este aspecto sob diversos ângulos, mas o 
que nos interessa no momento e se mostra mais relevante está 
na capacitação dos funcionários. Tudo dentro das organizações 
depende das pessoas. Felizmente, há algum tempo, a maioria 
dos executivos chegou à conclusão de que o patrimônio mais 
valioso do seu negócio são as pessoas e não a tecnologia ou os 
equipamentos produtivos. É claro que esses são necessários, 
mas serão sempre altamente dependentes da capacidade dos 
profissionais que os operam.
É exatamente aí que entra a importância do trabalho do Cen­
tro de Integração Empresa­Escola – CIEE e o conteúdo da ex­
posição de Guilherme Afif Domingos, reproduzido neste livro: a 
capacitação por meio da educação é a alternativa mais viável 
para o desenvolvimento das organizações e, consequentemente, 
da economia nacional.
Não há como pensar em modernidade, sem investir em esco­
laridade. Não existe inovação, sem pesquisa acadêmica. Não se 
9o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
conquista evolução, sem treinamen­
to e capacitação dos atuais e dos 
futuros profissionais. Essa fórmula 
é básica, simples, mas resolve. Os 
jovens precisam de oportunidades 
de estágio para praticar nas empre­
sas os conhecimentos que recebem 
nos bancos escolares, enquanto os 
funcionários necessitam de treina­
mento para reciclarem tudo aquilo 
que já sabem.
De um lado, os programas de es­
tágio elaborados pelo CIEE suprem a 
falta de experiência das novas gera­
ções; de outro, o Programa Aprendiz 
do CIEE agrega conhecimentos técnicos específicos para que os 
jovens possam contribuir com os resultados positivos que todas 
as organizações buscam no mercado. Essa é uma das alternati­
vas, oferecida pela instituição CIEE, dentro da sua característica 
social, não­governamental, filantrópica e sem intuito lucrativo.
Outras iniciativas também se fazem necessárias. E muitas 
delas estão descritas a seguir, nesta síntese da palestra realiza­
da por Guilherme Afif Domingos, a partir de toda a sua experiên­
cia na vida pública e à frente de empreendimentos empresariais 
de sucesso.
A experiência prática se incumbiu de me convencer de que 
a educação é a única alternativa para alavancar a qualidade 
produtiva das nossas empresas. Espero que essa leitura ajude 
a despertar em cada um essa mesma percepção e que todos, 
indistintamente, apostem na educação e na capacitação das 
pessoas para construirmos um país melhor.
não existe 
inovação, 
sem pesquisa 
acadêmica. não se 
conquista evolução, 
sem treinamento 
e capacitação dos 
atuais e dos futuros 
profissionais. 
Educação, o capital 
mais valiso
Educação, o capital 
mais valioso
luiz GonzaGa BeRtelli
Presidente Executivo do Centro de Integração 
Empresa-Escola – CIEE, presidente da Academia 
Paulista de História – APH e diretor da Federação 
das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP.
12
Coleção CIee 107
O
trata-se de um 
tema de magna 
importância 
para todos, 
especialmente 
para os jovens, 
uma vez que 
envolve a questão 
do mercado de 
trabalho e a 
capacitação de 
pessoal para as 
profissões.
O Centro de Integração Empresa­Escola – CIEE tem a honra de receber um grande estadista brasileiro, o se­cretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho 
de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para proferir pales­
tra sobre o Programa Estadual de Qualificação Profissional. 
Trata­se de um tema de magna importância para todos, es­
pecialmente para os jovens, uma vez que envolve a questão 
do mercado de trabalho e a capacitação de pessoal para as 
profissões.
Todos sabem que a população 
brasileira cresceu muito nos últimos 
anos. O país está perto de ultrapas­
sar os 190 milhões de habitantes e 
deve chegar a 200 milhões até o ano 
de 2010. Hoje, mais de 2 milhões de 
pessoas se apresentam anualmen­
te para ingressar no mercado de 
trabalho. Segundo alguns estudio­
sos, haveria atualmente mais de 8 
milhões de desempregados, contin­
gente denominado “estoque de de­
sempregados”, que não conseguem 
encontrar colocação durante anos 
a fio. Entretanto, o Brasil é um país 
de privilegiados, que tem tudo para 
dar certo e tornar­se uma fantásti­
ca usina de oportunidades e bons 
empregos. O CIEE, um laboratório 
da educação e do emprego no Bra­
sil, verifica que a juventude ainda 
13o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
acredita no futuro deste país. Basta 
ver o esforço que rapazes e moças 
fazem todos os dias, com obstina­
ção, para cursar escolas noturnas 
depois de seus estágios ou jornadas 
de trabalho.
Os estudos recentes divulgados 
pelo Banco Mundial sobre a educa­
ção brasileira demonstram que o 
problema está no fato de o governo 
gastar pouco com a educação e, so­
bretudo, gastar mal. Por outro lado, 
como bem publicou recentemente 
a conceituada revista inglesa The 
Economist, em manchete de capa, a educação é a riqueza das 
nações. A tese é simples:a capacitação de um povo constitui o 
capital mais valioso de uma sociedade. 
Outra análise também divulgada pelo Banco Mundial mos­
tra que de cada R$ 100,00 que o governo brasileiro destina 
para a educação, apenas R$ 40,00 chegam às escolas. O res­
tante está se perdendo na burocracia, em reuniões infindáveis 
nos gabinetes, que lamentavelmente tiram os professores da 
sala de aula. Dessa forma, o rendimento do investimento é bai­
xo e tal processo tem resultados calamitosos. Basta ver, por 
exemplo, o que está acontecendo com a criança brasileira. Das 
que iniciam a escola, apenas 57% chegam à 8ª série. 
Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística, cerca de 73 milhões dos brasileiros que votaram 
no pleito de 2006 não completaram o ensino fundamental. Além 
disso, segundo relatório recente do IPEA – Instituto de Pesqui­
a tese 
é simples: 
a capacitação de 
um povo constitui 
o capital mais 
valioso de uma 
sociedade.
14
Coleção CIee 107
em 2006, 
o Brasil formou 
apenas 750 mil 
alunos, número 
bastante inferior 
ao 1,5 milhão 
de jovens que 
ingressaram 
nas faculdades 
desde 2002.
sa Econômica Aplicada, hoje 
mais de 50% dos brasileiros 
são analfabetos funcionais, 
assim como mais da metade 
dos estudantes universitários 
não termina o curso das fa­
culdades que escolheram. Em 
2006, o Brasil formou apenas 
750 mil alunos, número bas­
tante inferior ao 1,5 milhão de 
jovens que ingressaram nas 
faculdades desde 2002. Por­
tanto, metade dos universitá­
rios brasileiros não se formou. 
No final de 2005, a UNESCO – 
Organização das Nações Uni­
das para a Educação, a Ciên­
cia e a Cultura ­ divulgou pesquisa demonstrando que o Brasil 
ocupava o 72° lugar em desempenho escolar nas disciplinas de 
português e matemática, entre 127 países estudados. Somente 
nos testes de matemática, o país ocupou o último e triste lugar. 
No topo da lista, o que já não é mais novidade para aqueles que 
acompanham a educação, estavam os alunos de Hong Kong, da 
Finlândia e da Coréia.
Quando observados a educação e o mercado de trabalho, 
fica evidente que o Brasil está absolutamente travado. Faltam 
empregos e sobram vagas. Recentemente um grande indus­
trial comunicou, em uma reunião solene na Fiesp (Federação 
das Indústrias do Estado de São Paulo), que estava importan­
do da China engenheiros com MBA e falando inglês. Segundo 
15o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
ele, não existem, no país, engenheiros na especialidade busca­
da e por isso a necessidade de “importá­los” da China. Cada 
vez mais as empresas encontram dificuldades para contratar 
profissionais capacitados, seja no agronegócio, na área do pe­
tróleo e da petroquímica ou na siderurgia. 
É lugar­comum dizer que o Brasil depende dos jovens. Os 
dados referentes ao primeiro semestre de 2007 do Sistema 
Nacional de Avaliação, do Sistema de Avaliação da Educação 
Básica (SAEB), revelaram que os estudantes brasileiros de 
todas as séries tiveram o pior desempenho dos últimos anos. 
Uma premissa básica é a absoluta intimidade com a tecnolo­
gia. Saber usar computadores e lousas eletrônicas é hoje como 
conhecer o alfabeto. É preciso alcançar a oferta de excelência 
do ensino regular, do infantil ao médio, passando pelo funda­
mental, para as crianças e 
adolescentes em todo o país, 
independentemente da faixa 
de renda. 
Como conta Alvin Toffler 
(escritor norte­americano co­
nhecido pelos seus escritos 
sobre a revolução digital), a 
presente civilização encon­
tra­se na chamada terceira 
onda, ou seja, uma era na 
qual os setores produtivos 
dependem cada vez mais do 
conhecimento. O saber tor­
nou­se um elemento explíci­
to no progresso dos povos. O 
a presente 
civilização 
encontra-se na 
chamada terceira 
onda, ou seja, uma 
era na qual os 
setores produtivos 
dependem cada 
vez mais do 
conhecimento.
16
Coleção CIee 107
pretendido alinhamento do Brasil ao chamado Primeiro Mun­
do e a solução efetiva de seu déficit social estão condicionados 
à nossa capacidade de prover a educação com qualidade de 
modo universal. Hoje, mais de 9 milhões de jovens brasileiros 
estudam em escolas de nível intermediário. E as maiores opor­
tunidades convergem para essas escolas.
Também o ensino médio está sofrendo abandono no Brasil. Aní­
sio Teixeira, conhecido educador baiano e inquestionavelmente 
um dos maiores educadores brasileiros, dizia que o ensino médio 
brasileiro era um ensino órfão. Nossas autoridades, lamentavel­
mente, têm uma nítida preferência social pelos cursos superiores, 
que proliferam em alto grau por todo o país.
Portanto, nada mais apropriado que ouvir um especialista 
do porte de Guilherme Afif Domingos. Ele não apenas conhece, 
como vivencia há anos, no dia­a­dia, os caminhos do mercado 
de trabalho paulista e da qualificação profissional no Estado. 
Formado em Administração de 
Empresas, o secretário esta­
dual do Emprego e Relações de 
Trabalho já desde muito jovem 
dedicou­se à política universi­
tária. Foi presidente do diretó­
rio acadêmico da Faculdade de 
Economia do Colégio São Luís, 
onde se graduou e foi orador da 
sua turma. Empresário de des­
taque, é diretor da Associação 
Comercial de São Paulo desde 
1976, tendo estado à frente da 
entidade por três vezes. É su­
nossas autoridades, 
lamentavelmente, 
têm uma nítida 
preferência social 
pelos cursos 
superiores, que 
proliferam em 
alto grau por todo 
o País.
17o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
perintendente do Diário do 
Comércio e da revista Diges-
to Econômico do Instituto de 
Economia Gastão Vidigal. Foi, 
ainda, presidente do Badesp, 
o Banco do Desenvolvimento 
do Estado de São Paulo e re­
alizou o Primeiro Congresso 
Brasileiro de Pequena Empre­
sa. É um homem que desde os 
tempos acadêmicos já se preo­
cupava com a questão do pe­
queno e do médio empresário, 
que constituem quase 90% das empresas brasileiras. 
Como secretário de Estado em 1980, na Secretaria de Agri­
cultura e Abastecimento, criou varejões e sacolões, que ainda 
abastecem o Estado paulista. Colaborou decisivamente para o 
desenvolvimento do Proálcool desde sua criação, em 1975. Sou 
testemunha desta jornada. Inúmeras vezes fomos juntos pedir 
ajuda. O Proálcool é hoje um programa consagrado e reconhe­
cido internacionalmente. Com a iniciativa, o Brasil tornou­se o 
único caso de um país que encontrou um combustível renová­
vel e limpo, substituto para o petróleo fóssil. Hoje o álcool colo­
ca nosso país em uma posição privilegiada, quando o petróleo 
já se alinha para chegar perto de 200 dólares por barril.
É, pois, mais do que um privilégio compartilhar com Gui­
lherme Afif Domingos um pouco de tão rica e vasta vivência. É 
uma oportunidade ímpar!
É mais do que 
um privilégio 
compartilhar com 
Guilherme afif 
domingos um 
pouco de tão rica e 
vasta vivência.
O Programa 
Estadual de 
Qualificação 
Profissional
GuilheRMe afif doMinGos
Secretário Estadual do Emprego e Relações de 
Trabalho de São Paulo, ex-presidente da Associa-
ção Comercial de São Paulo – ACSP, empresário 
e ex-deputado constituinte.
O Programa Estadual 
de Qualificação 
Profissional
20
Coleção CIee 107
CComo servidor público acredito que devemos sempre prestar esclarecimentos à sociedade sobre o que o go­verno está fazendo, especialmente o governo José Ser­
ra, ao qual pertenço e no qual represento o setor do emprego 
e do trabalho. Muita gente, inclusive, estranha o fato de eu ter 
agora enveredado para esta área. Na verdade, era o que fal­
tava para completar uma visão global dos dois lados. Sempre 
militei no campo empresarial, especialmente no da micro e da 
pequena empresa, ao qual sempre dediquei minha vida até a 
conquistada legislação como constituinte e ao qual continuo me 
dedicando até hoje. Parte dessa dedicação está em discussões 
recentes, como a ocorrida no Congresso Nacional, que abor­
da a regulamentação do MEI ­ Microempreendedor Individual. 
Trata­se de um projeto que pretende trazer à formalidade mais 
de 3 milhões e 200 mil empreendedores informais somente no 
Estado de São Paulo. O número de pessoas na informalidade já 
equivale à população do Uruguai. Uma legislação simplificada é 
a ferramenta que poderá trazer essas pessoas à luz.
Após a campanha eleitoral, o governador Serra me convi­
dou para participar de seu governo e me perguntou em que 
área eu gostaria de atuar. Quando falei em emprego e relações 
de trabalho, ele estranhou profundamente. Ele estava pensan­
do em outra coisa – talvez em uma Secretaria mais robusta – e 
quis saber o motivo. Eu havia passado toda a campanha ao seu 
lado e ele sempre dizia que não existe política social que pro­
duza efeito se não resultar em geração de emprego, trabalho 
e renda. Assim, se essa era a prioridade de seu governo, seria 
necessário fazer da Secretaria de Emprego e Relações do Tra­
balho uma secretaria importante. E eu gostaria de contribuir 
com essa visão e com essa posição.
21o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
sempre militei 
no campo 
empresarial, ao 
qual dediquei 
minha vida até 
a conquista da 
legislação como 
constituinte e ao 
qual continuo me 
dedicando.
Diante dessa cena, o gover­
nador impôs uma condição: eu 
somente iria para a Secretaria 
se assumisse também a presi­
dência do Programa Estadual 
de Desburocratização. Aceitei 
de bom grado, porque sempre 
participamos da luta pela des­
burocratização, pela micro e 
pequena empresa. Em um dos 
congressos que presidi, levamos 
ao então ministro Hélio Beltrão 
(do Plano Nacional de Desburo­
cratização) a primeira idéia do 
Estatuto da Microempresa. A 
desburocratização está na raiz 
da descomplicação e a partir daí 
são gerados os empregos de que a nação necessita.
Seguindo essa linha, colocamos a Secretaria dentro de uma 
diretriz, focada em três conceitos (como evidencia o quadro 
na página seguinte): qualificação, empreendedorismo e des­
burocratização. Os dois últimos se conectam ao trabalho que 
está sendo desenvolvido: o incremento do Banco do Povo, uma 
espécie de BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Eco­
nômico e Social) dos pequeninos. O Banco do Povo destina cré­
dito para o desenvolvimento a empresários que estão na infor­
malidade, com o objetivo de levá­los à formalidade. A grande 
luta é fazer com que a formalização custe mais barato que a 
informalidade. Do contrário, essa não será escolhida.
Outra parte importante desse projeto é criar o carnê da cida­
dania. O interessado paga uma importância fixa mensal corres­
22
Coleção CIee 107
pondente a todos os impostos – federais, estaduais e municipais 
– e à contribuição para a previdência. Dessa forma, ele se torna 
um cidadão. O carnê representa, ainda, o holerite de seu usu­
ário e sua carteira de trabalho. É preciso realizar um enorme 
mutirão pela formalização no campo do empreendedorismo. 
Na geração de empregos, porém, a qualificação profissional 
é a prioridade básica da Secretaria. A qualificação resume­se 
à educação voltada ao trabalho. No Brasil os cursos superiores 
são enfatizados em demasia. A preocupação com o academi­
cismo é grande e a aproximação entre educação e mercado 
não recebe a devida atenção, em função de pessoas que afir­
mam que o mercado é algo exclusivo do mundo dos negócios. 
Homens de negócios gostam dos negócios e lutam por eles. A 
origem da palavra negócio é a negação do ócio. O preconceito 
com os que negam o ócio vem da época da corte e sempre per­
meou nossa cultura.
foco da secRetaRia do eMPReGo
Empreendedorismo
ProPosta 
dE trabalho
Qualificação desburocratização
Gráfico 1
23o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
a preocupação 
com o 
academicismo 
é grande e a 
aproximação 
entre educação 
e mercado 
não recebe 
a devida 
atenção.
O mundo acadêmico é muito importante, mas é necessário 
orientar a educação para uma visão da autossustentação do 
indivíduo, com um enfoque bastante prático. Qualificação, atual­
mente, significa a conversão da educação voltada para uma 
visão do mercado como um todo. 
A Secretaria do Trabalho e do Emprego passou, então, a 
ser o agente conversor, junto com instituições de ensino, para 
concretizar o vínculo entre qualificação e mercado de traba­
lho. Para que essa orientação se desse de forma completa, 
verificamos ser imprescindível saber que tipo de qualificação 
se fazia necessária. Contudo, ao procurarmos pesquisas que 
demonstrassem as reais necessidades de qualificação dentro 
do mercado de trabalho no Estado de São Paulo, só obtivemos 
respostas negativas.
Milhões de reais de recur­
sos do FAT – Fundo de Amparo 
ao Trabalhador são destina­
dos anualmente para tal qua­
lificação. Trata­se de um item 
genérico: “dinheiro para qua­
lificação”. Muitas ONGs foram 
criadas para a qualificação, 
que se tornou palavra de or­
dem para receber recursos do 
Estado sem a posterior obriga­
ção de prestar contas do retor­
no. Tudo isso se deu de forma 
generalizada no Brasil. Não 
há, atualmente, um diagnóstico 
sobre o repasse das verbas de 
qualificação do governo federal 
24
Coleção CIee 107
para São Paulo. Por isso, o primeiro passo definido foi realizar, 
no primeiro ano de trabalho, um diagnóstico, cujo instrumento 
foi a caravana do trabalho, que rodou por todo o Estado.
Três perguntas simples, mas elementares, compuseram o 
estudo: quais as ocupações mais demandadas? Em que quan­
tidades? E em quais municípios? Muito dinheiro de repasse 
era investido, mas sem que ninguém soubesse direito o des­
tino. Dessas questões veio o próximo passo, o da mobilização 
e dois grandes parceiros foram fundamentais. A Fundação 
SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados fez todas as 
análises acadêmicas com muita competência, como se tocasse 
por partitura. Porém, também foi necessária a ajuda da ex­
periência de quem toca de ouvido, para cruzar os dois dados. 
Foram, então, acionadas as prefeituras. Como parâmetro, das 
645 prefeituras do Estado de São Paulo, 623 participaram do 
diagnóstico, o que envolveu prefeitos, Comissões Municipais 
de Emprego e a comunidade. 
Além desse levantamento, foram ainda realizadas, nos mu­
nicípios com mais de 100 mil habitantes, oficinas para poder 
detectar a realidade. O grau de detalhamento obtido na linha 
de frente de tais oficinas transformou uma simples radiografia 
em uma tomografia computadorizada sobre o assunto. O resul­
tado foi o envolvimento da Secretaria como um todo para gerar 
um estudo em 460 páginas, com versão em CD, com os dados 
de cada município, de todas as regiões do Estado, mostrando o 
que está sendo feito e o que é preciso fazer. 
Dentro desse foco, são colocadas as diretrizes fundamen­
tais, dispostas na figura ao lado. A primeira é definir o público­ 
alvo. Esse enfoque está também no planejamento de qualquer 
empresa, quando se deseja colocar um produto no mercado. 
No caso, o produto qualificação deve se identificar com o mer­
25o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
cado e exige conhecimento do mesmo para satisfazer sua real 
necessidade, sem a criação de outras, o que significaria des­
perdício.
A segunda diretriz é concentrar os esforços nos municípios 
com maior capacidade de desenvolvimento. Para não disper­
sar recursos é preciso ter escala para poder ter retorno. A ter­
ceira consiste em localizar os segmentos com maior demanda, 
ou seja, as ocupações e as empresas ou setores que mais ne­
cessitam de mão­de­obra qualificada. Ao tratar da definição do 
público­alvo,a questão do crescimento populacional no Estado 
de São Paulo torna­se relevante. Há uma espécie de bônus de­
mográfico no Estado: menos nascimentos e uma expectativa 
de vida mais longa. A queda vertiginosa dos nascimentos de­
monstra que, até 2020, a população de zero a 14 anos não irá 
crescer. Em outras palavras, significa dizer que o crescimento 
populacional entre os mais jovens está estabilizado.
Diante de tal constatação, é possível afirmar que prova­
velmente cairá o número de escolas de primeiro grau, visto 
que não haverá mais alunos para todas. O mesmo vale para o 
planejamento da escola pública, com o cuidado de não fazer 
Definir
Público Alvo
Segmentos com 
maior demanda
Concentrar nos municípios 
com maior possibilidade 
de alavancagem
O que é 
preciso fazer
Gráfico 2
26
Coleção CIee 107
a mais do que o mercado precisa. Ter uma população jovem 
mais estável já é um indicador de primeiro mundo. É comum 
dizer, principalmente entre os demógrafos, que a base da pi­
râmide etária paulista está se estreitando, o que a faz parecer 
com uma cebola ou uma pera. No meio dessa pirâmide (15 a 64 
anos) ocorre um crescimento muito grande. De 25 milhões de 
pessoas no ano 2000, serão 33 milhões na população economi­
camente ativa, ou seja, no mercado de trabalho.
Na faixa etária que parte de 65 anos, de acordo com o qua­
dro acima, de 2000 até 2020 o número de indivíduos dobrará. 
Embora o número não seja tão expressivo, o crescimento o é. A 
idade média cresceu de 61 para 71 anos em 30 anos. Portanto, 
2000
2010
2020
9,7 9,9 9,7
25,0
29,7
32,9
2,3 3,1
4,6
Estabilizada Crescendo Crescendo
Fonte: Fundação Seade
(Mi)
0 a 14 anos 15 a 64 anos 15 a 64 anos
definição do PúBlico-alvo
Gráfico 3
27o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
justifica­se o resumo: menor número de nascimentos repre­
senta vida maior. Em suma, com a faixa jovem estabilizada, 
ocorre um crescimento da população economicamente ativa e 
verifica­se crescimento também na população de 65 anos ou 
mais. Logo, a atuação da Secretaria está na faixa da popula­
ção economicamente ativa. Mas o foco deve ser determinado 
de acordo com os dados apresentados no próximo abaixo.
Da população economicamente ativa, acima de 15 anos, 42% 
42%
População acima de 15 anos
sem ensino fundamental
Falta do ensino fundamental
(deficiência do básico)
Matemática Português
definição do PúBlico-alvo
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Fundamental incompleto
Fundamental completo 
ou Médio incompleto
Médio completo ou 
superior incompleto
superior completo
Fonte: PCV 2006 - Fundação Seade
75 anos ou 
mais
60 a 74 anos
45 a 59 anos
30 a 44 anos
15 a 29 anos
total
Quanto maior a faixa etária, maior o passivo educacional
Gráfico 5
28
Coleção CIee 107
dos indivíduos não têm ensino fundamental completo. Todos 
apresentam deficiências graves em matemática e português. 
O gráfico anterior mostra um dado ainda mais preocupante: 
em verde escuro está a porcentagem, por faixa etária, de pes­
soas que não completaram o ensino fundamental. Na faixa de 
15 a 29 anos são 20%. A população mais jovem é muito mais 
escolarizada do que a madura: entre 30 e 59 anos, são 50% 
os que não têm o ensino fundamental completo. É exatamente 
essa faixa que apresenta desemprego endêmico. Isto significa 
que essas pessoas não conseguem emprego porque não têm 
qualificação. A falta de qualificação vem da escolaridade de­
Gráfico 6
83% 
do PIb 
estadual
78% da 
população 
paulista
75% 
do PIb 
estadual
50% 
do PIb 
estadual
Municípios de SP Estado de SP
Estado de SP Estado de SP
36% 
do PIb 
estadual
5 maiores
municípios
38 maiores
municípios
89 pólos 
regionais
Área geográfica-alvo
MunicíPios coM MaioR PossiBilidades
29o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
ficiente, de compreensão do que é ensinado. O desperdício de 
dinheiro ocorreria com a criação de cursos de qualificação ou 
de habilidade específica sem antes fornecer um reforço do en­
sino fundamental. Por essas razões, o foco determinado foi a 
faixa de 30 a 59 anos. Também porque nela as pessoas estão 
no auge de sua capacidade produtiva e sua inserção e perma­
nência no mercado de trabalho são de fundamental relevância 
econômica e social.
Essa conclusão se baseia em alguns fatos. Em primeiro lu­
gar, essas pessoas têm grandes responsabilidades familiares. 
Se perderem o emprego, a família fica sem arrimo. Elas preci­
sam ser sustentadas dentro da pirâmide de emprego. O segun­
do fato é a redução da chance de retorno à escola quando o 
indivíduo está nessa faixa. Assim, a qualificação profissional é 
a oportunidade de promover o retorno à escola, especialmente 
para a população desempregada. Essas bases sustentam a es­
colha de nosso público. Com todos os detalhes dessa tomogra­
fia vamos fazer a cirurgia muito bem fundamentada em cima 
desse campo.
Depois de definido o público­alvo, foi preciso definir o local 
de atuação. O quadro ao lado apresenta a concentração de ren­
da estarrecedora que ocorre no Estado. Somente o município 
de São Paulo representa 36% do PIB estadual. 89 municípios, 
dos chamados “polos regionais”, representam 83% do PIB e 
78% da população.
Em um Estado com 645 municípios, que apresenta tal quadro 
de concentração, destinar os recursos sem um critério adotado 
não produziria a escala almejada. Foi preciso trabalhar com os 
polos regionais. As cidades menores não foram excluídas, desde 
que tenha sido ou seja criado pelas prefeituras um sistema de 
transporte para poder levar os participantes. Além disso, em tais 
30
Coleção CIee 107
municípios estão as estruturas de ensino que permitem, em curto 
prazo, dar resposta à questão do local de atuação ideal. Por isso a 
decisão de atuar nos 89 municípios que concentram a maior parte 
do PIB do Estado e de sua população. É uma boa situação para 
mostrar aos prefeitos que procuram a Secretaria. Esses dados 
mostram que não houve um critério político de distribuição. Há 
um diagnóstico e o trabalho está sendo feito a partir da realidade 
por ele mostrada.
A distribuição das vagas por região administrativa, cuja 
base está na participação sobre o PIB, é representada pelo 
PErCEntuAl DE vAGAS POr rEGiãO ADMiniStrAtivA
região Administrativa nº de vagas (%)
araçatuba 3,7
região Metropolitana da baixada santista 5,2
barretos 0,6
bauru 4,3
Campinas 14,6
Central 2,1
Franca 2,5
Marília 2,8
Presidente Prudente 2,9
registro 0,5
ribeirão Preto 4,6
são José do rio Preto 4,9
são José dos Campos 10,4
região Metropolitana de são Paulo 34,0
sorocaba 7,9
 total 100,0
Gráfico 7
31o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
quadro na página anterior. A próxima diretriz é determinar 
os segmentos com maior demanda. O diagnóstico mostrou a 
resposta sobre os segmentos com maior crescimento de de­
manda: são exatamente aqueles que apresentam funções com 
menor complexidade de execução. Estão em falta serventes, 
pedreiros, faxineiros e eletricistas, ao passo que sobram ad­
vogados. Observando o gráfico abaixo da taxa média anual 
de crescimento do emprego formal do Estado de São Paulo, é 
Gráfico 8
4,6%
5,9%
5,3%
18,3%
6,8%
7,1%
5,8%
6,1%
3,4%
4,9%
3,1%
0,6%
agropecuária,
extrativa vegetal 2002 a 2006
2007
Taxa de crescimento média anual do emprego formal
Fonte: Ministério do Trabalho e emprego - MTE. Rais; Fundação Seade
total
Construção civil
Comércio
Indústria
serviços
caça e pesca
SEGMEntOS COM MAiOr CrESCiMEntO DE DEMAnDA
Trabalhos com menor complexidade de execução
32
Coleção CIee 107
possível notar que a taxa foi de 5,9% em 2007 e de 4,6% no pe­
ríodo 2002/2006. O setorde construção cresceu 5,3% nos anos 
anteriores e 18,3% em 2007. Também fica evidente a maior de­
manda por profissionais das áreas ligadas à construção civil, 
como a função de pedreiro. 
Das profissões com menor complexidade de execução dentro 
do universo da população economicamente ativa, 10% são em­
pregos domésticos, que atualmente incluem também homens. 
Nelas também é necessário um mínimo de qualificação, visto 
Fonte: Fundação Seade; Cepam. Oficinas sobre Qualificação Profissional - 2007
CurSOS MAiS DEMAnDAS nAS OfiCinAS
	 Pedreiro
	 recepcionista em geral
	 Vendedor de comércio varejista
	 Garçom
	 soldador
	 Costureiro a máquina na confecção em série
	 operador de computador (inclusive microcomputador)
	 Empregado doméstico faxineiro
	 Eletricista de instalações (edifícios)
	 técnico de vendas
	 assistente administrativo
	 Cozinheiro geral
	 Encanador
	 Eletricista de manutenção eletroeletrônica
	 Porteiro de edifícios
Gráfico 9
33o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
que a mulher está adotando 
uma nova posição social e, 
por isso, passa mais tempo 
fora de casa. Nesse cenário 
é preciso que haja alguém 
que execute as tarefas do­
mésticas. Hoje a empregada 
que sabe ler receitas, bulas e 
instruções, bem como anotar 
recados, é mais bem remune­
rada. Portanto, até a domésti­
ca tem que ter um mínimo de 
qualificação. O servente e o 
pedreiro, por exemplo, preci­
sam saber fazer o cálculo de 
quantos azulejos são necessários em um metro quadrado. Sem 
qualificação ou escolaridade não será possível assimilar isso. 
Está nesses exemplos o grande desafio.
No quadro ao lado são apresentadas as profissões que o mer­
cado demanda atualmente. Referem­se ao Estado de São Paulo 
como um todo, mas há uma ênfase maior por regiões. São as 
vinte maiores demandas, que envolvem as funções de pedreiro, 
recepcionista em geral, vendedor de comércio varejista, garçom, 
além de outras, como cozinheiro geral, encanador, eletricista de 
manutenção eletroeletrônica e porteiro de edifícios. Há ainda 
demanda por outras muitas profissões.
A comparação entre esses dados com o que está sendo ofe­
recido é curiosa. É possível analisar o que significa o desper­
dício de recursos, já citado: entre 2005 e 2007, no Estado de 
São Paulo, por iniciativa das prefeituras e instituições, foram 
ministrados cursos oferecendo 811 mil vagas. Entre os cursos 
a qualificação 
profissional é a 
oportunidade 
de promover o 
retorno à escola, 
especialmente 
para a população 
desempregada.
34
Coleção CIee 107
com maior quantidade de vagas estão, por exemplo, as opções 
para artistas visuais e desenhistas industriais, para padeiros 
e outros mais. Também há cursos para técnico de operação e 
manutenção de computadores, que são oferecidos pelas pró­
prias empresas de informática. Os de computação tiveram 
suas vagas rapidamente preenchidas, já que nos dias presen­
tes este é um tipo de curso necessário. Essa oferta, entretanto, 
não guarda relação com a realidade do mercado.
Os recursos públicos são utilizados dessa forma, através 
do trabalho realizado pelas ONGs. A real necessidade se resu­
me em profissionalizar a qualificação com objetivos. O resumo 
do que é preciso fazer ­ definir o público alvo, concentrar as 
ações nos municípios com mais possibilidades e atender aos 
segmentos com maior demanda – traduz­se em uma missão 
maior: reduzir o passivo educacional. O passo que foi dado no 
sentido desta missão exigiu um grande investimento. Foram 
desenvolvidos cursos com duração de 200 horas. Este número 
parece exagerado quando o as­
sunto é formação de faxineiros 
ou outros. Contudo, dessas 200 
horas, 80 são destinadas às ha­
bilidades específicas; o que é su­
ficiente. As 120 horas restantes 
são obrigatórias e destinadas a 
lições de português, aritmética, 
matemática e conhecimentos 
gerais, constituindo um reforço 
do ensino fundamental. 
O investimento também deve 
ser destinado à melhoria da 
metodologia de ensino, prin­
o investimento 
também deve 
ser destinado 
à metodologia 
de ensino, 
principalmente 
pelo fato de o 
ensino apresentar 
atraso. 
35o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
cipalmente pelo fato de o ensino apresentar atraso quanto à 
aplicação da metodologia. Atualmente, o benefício do uso de 
diferentes mídias, com o objetivo de melhora nas condições de 
didática, é inegável. Para que seja pleno, é preciso inovar e utili­
zar as novidades no ensino presencial em diferentes momentos, 
mas durante todo o curso. O alvo é conseguir a transmissão do 
conhecimento de forma mais eficaz.
Foi grande o investimento do Estado em novas mídias, tanto 
para cursos presenciais quanto para os cursos a distância, via 
web. Nossa parceira nesse desenvolvimento foi a Fundação Pa­
dre Anchieta, que tem o conhecimento necessário para esse tipo 
de projeto, já que criou e desenvolveu a cultura de telecurso. Na 
verdade, a fama da Fundação Roberto Marinho vinda dos tele­
cursos se deu graças ao esforço da Fundação Padre Anchieta.
Tal investimento resultou no desenvolvimento de um amplo 
material didático, que, inclusive, já está sendo implementado. 
São quatro cadernos relativos às 120 horas de ensino funda­
mental e cada um deles aborda diferentes temas. O primeiro 
trata da história do trabalho e de como se preparar para o 
mercado de trabalho. O segundo traz os tópicos “Aprender a 
aprender”, “O uso da informação no Dia­a­dia” e “Cidadania, 
igualdade e inclusão”. No terceiro caderno é apresentada a ne­
cessidade de comunicação e no módulo de matemática existe 
um complemento: o “ABC da informática”. O quarto tem três 
tópicos: “Qual é o problema?”, “Cooperação e competição – é 
possível escolher?” e “Trabalhar por conta própria ­ um cami­
nho possível”, assunto que representa parte dos investimentos 
da Secretaria. 
Além dos cadernos escolares, com os quais os alunos vão tra­
balhar, foram desenvolvidos ainda livros de anotações e uma co­
leção com 4 DVDs. A opção por complementar o material com os 
36
Coleção CIee 107
DVDs está no fato de que a televisão promove a leitura do caderno, 
já que a memória visual é mais desenvolvida. Essa tese é compro­
vada por Max Gehringer, formidável palestrante e dono de inteli­
gência e humor apurados. Em certa reunião com presidentes de 
empresas, ele distribuiu a cada participante um manual de como 
amarrar o sapato e solicitou que executassem a tarefa seguindo 
o manual. O resultado esperado não foi alcançado. O exemplo e a 
demonstração visual tornam a execução mais fácil. Por essa razão 
introduzimos o método de complemento à leitura: ele induz o alu­
no a mergulhar no processo através do uso da cultura visual, uma 
atual realidade brasileira.
Além desse material, outra ferramenta foi criada. Muito 
eficaz com jovens, é também complementar ao trabalho feito 
pelo CIEE com aprendizes e estagiários. Trata­se de um vi­
deojogo, baseado na vida real de muitos trabalhadores bra­
sileiros. Nele são apresentadas quarenta e quatro situações. 
Assistindo a essa telenovela, o 
participante decide o caminho a 
seguir de acordo com o cenário 
encontrado no mercado de tra­
balho. Os trabalhadores que as­
sistem ao vídeo são convidados 
a decidir quais as ações a serem 
realizadas pela personagem. Em 
determinada situação, o coman­
dante do jogo depara­se com dú­
vidas como: “Atividade imediata 
no mercado informal ou tentati­
va de ingresso em uma grande 
empresa?”. São apenas opções, 
não havendo escolhas certas ou 
Muito eficaz 
com jovens, 
é também 
complementar 
ao trabalho feito 
pelo ciee com 
aprendizes e 
estagiários.
37o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
erradas. Há necessidades pes­
soais que precisamser pesadas 
para que a decisão ocorra cons­
cientemente. Isto se dá dentro 
da sala de aula, em grupo. Esse 
processo de vivência é muito 
importante e essas ferramentas 
funcionam como estímulo a ele.
Outra iniciativa, nesse sen­
tido, é a gincana realizada via 
internet. Ela estimula o uso do 
computador e seu alcance é 
apoiado nos pontos de acesso 
e nas lan houses criados pelo 
governo (como o Acessa São 
Paulo). As camadas menos favorecidas da população não têm 
acesso sequer a computador, mas ações como o Acessa São 
Paulo foram criadas justamente para reduzir este índice. Mo­
nitores e professores dos parceiros em todo o programa estão 
recebendo treinamento no uso dessas ferramentas para a in­
trodução dos alunos nos cursos e reforço da aprendizagem. 
De acordo com o cronograma, o lançamento do programa, a 
assinatura dos contratos e a capacitação dos formadores ocor­
rem em junho de 2008 e o início dos cursos de qualificação no 
dia 15 de julho. Após o lançamento do programa no Palácio do 
Governo, o CIEE é o primeiro lugar em que o programa é apre­
sentado. O período de julho a novembro está destinado à etapa 
de monitoramento e supervisão. A partir daí, até dezembro, 
ocorre a avaliação dos egressos, que irá mostrar a qualidade 
e validade do curso ministrado e também se o aluno ingressou 
no mercado de trabalho na profissão escolhida. Caso contrá­
as camadas 
menos 
favorecidas 
da população 
não têm 
acesso sequer 
a computador.
38
Coleção CIee 107
rio, os erros serão analisados e corrigidos de forma rápida. 
O acompanhamento é fato raro. Grande parte dos recursos 
públicos é aplicada em educação, mas a avaliação de egressos 
dos cursos de qualificação praticamente inexiste, o que facilita 
o desvio das verbas destinadas a esse fim. Hoje estão em an­
damento muitos processos em que é solicitada a devolução do 
investimento, devido à inadequação na prestação de contas por 
parte das instituições. O resultado desse cenário é o desperdício 
de dinheiro e o aumento de determinados impostos. Por isso, o 
processo de avaliação de egressos é fundamental.
Todo o projeto envolve grande esforço e exige que sejam 
feitas parcerias que garantam a qualidade e o andamento do 
processo. Entre nossos parceiros está a Fundap – Fundação 
do Desenvolvimento Administrativo, um órgão estadual. Seu 
apoio se dá nas etapas de planejamento, na habilitação das 
instituições de qualificação, na capacitação de formadores e 
na supervisão da avaliação do programa. 
A Fundação Padre Anchieta participa com o desenvolvimento 
do material didático e apoio à formação em habilidades gerais. 
As específicas também serão trabalhadas com o mesmo tipo de 
material.
O suporte à implantação e o monitoramento para a qualifi­
cação profissional recebe o apoio da Prodesp ­ Companhia de 
Processamento de Dados do Estado de São Paulo. 
Por fim, o alicerce no ensino são as instituições Centro Paula 
Souza, SENAI ­ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, 
SENAC ­ Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, CEFET 
– Centro Federal de Educação Tecnológica e as instituições de 
qualificação de pessoas com necessidades especiais.
A necessidade de reforço no ensino fundamental exige que 
o projeto seja executado com escolas com ampla experiência 
39o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
nesse campo. Evitou­se, com 
a aposta em instituições sé­
rias, o desperdício de recur­
sos. O investimento é alto: 
para que a qualidade dese­
jada seja obtida, o custo da 
hora­aula por aluno é entre 
R$ 5,00 e R$ 6,00. 
A qualidade também é 
característica permanente 
de instituições como o SE­
NAC e o Centro Paula Souza, 
uma imensa rede, muito bem 
avaliada. O governador José 
Serra investiu pesado no 
ensino técnico. Para se ter 
uma idéia do volume, o Cen­
tro Paula Souza está atualmente passando por uma expansão 
para assimilar mais de 100.000 alunos no ensino técnico. O 
posterior aproveitamento desses alunos é um tema que dará 
continuidade ao programa aqui apresentado. O conjunto que 
faz a diferença é levar o aluno da sala de aula para ser apren­
diz ou estagiário, já que jovens como os do segundo grau (na 
faixa dos 14 anos) têm um respaldo na Lei 10.097 para serem 
aprendizes. Aprender cedo, desde que isso não influencie ne­
gativamente no rendimento escolar, é uma excelente alternati­
va. O jovem deve compreender o mundo real, para que quando 
chegue à universidade não se decepcione com suas escolhas. 
Quanto antes o aluno tem a visão da realidade, maior será o 
objetivo da escolha e a absorção do ensinamento. Aí está a 
grande importância desse trabalho. 
o jovem deve 
compreender o 
mundo real, 
para que 
quando chegue 
à universidade 
não se 
decepcione com 
suas escolhas.
40
Coleção CIee 107
Ao fim de todo esse grandioso projeto, todas as variáveis têm 
de ser unidas e traduzidas em um conceito chamado empregabili­
dade. O programa Emprega São Paulo, com lançamento previsto 
no mês de julho, desempenha o papel do portal google no campo 
do emprego. Trata­se da maior ferramenta de intermediação de 
mão­de­obra do país. Nesse programa, as inscrições são gratuitas 
para as pessoas que já têm ou querem uma posição no mercado 
de trabalho. Universidades são convidadas a inserir currículos e 
médias escolares de seus formandos. Trainees, aprendizes e es­
tagiários terão suas áreas exclusivas dentro da página. O intuito 
do Emprega São Paulo é criar um mercado de trabalho real na 
Internet e valorizar o profissional. 
Inserir o currículo em determinadas páginas na Internet 
em que essa ação é paga tem um custo elevado, algo como R$ 
50 mensais. Nossa proposta é garantir a gratuidade dessa in­
formação e fazer com que ela seja tão ampla quanto possível. 
Dessa forma, a busca de profissionais por parte das empre­
sas torna­se mais exata, com economia de tempo e recursos. O 
programa ajuda a organizar a oferta e a procura. Assim como 
todo o projeto de empregabilidade, o Emprega São Paulo con­
tou com o trabalho da Associação Brasileira de Recursos Hu­
manos, para que todas as entradas do programa pudessem ser 
utilizadas por todas as empresas, começando pelas de maior 
porte, usualmente as mais exigentes na contratação. Essas 
iniciativas tendem a ser passos vigorosos para melhorar as 
condições do mercado do emprego e do mundo dos negócios, 
porque todos nós negamos e devemos negar vivamente o ócio. 
41o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
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42
Coleção CIee 107
PRofessoR nunes
Da empresa Rever Ensino e Cultura
Entendi muito bem sua palestra, porém, além do grave problema da 
péssima qualidade do ensino no Brasil, temos o problema da formação 
de professores. Sou formado em Física pela USP e do curso que fiz apro-
veitei, no máximo, 5%. 
Consegui salvar-me porque comecei a dar aula cedo, antes de me for-
mar. Fui professor de cursinho e, na minha opinião, eles são os melhores 
professores, que possuem melhor didática. Minha pergunta é como co-
locar um projeto desse porte para se tornar um programa de melhoria 
do ensino na qualificação e capacitação dos professores se não temos 
professores, instrutores e monitores? Além disso, o senhor falou em 
hora-aula no valor de R$ 5,00 ou R$ 6,00. Eu acho isso muito pouco. 
Quanto ganha por mês um professor assim?
GuilheRMe afif doMinGos
Na verdade, são R$ 5,00 ou R$ 6,00 a hora-aula por aluno. Os profis-
sionais são professores do SENAI e do SENAC e estamos pagando pela 
tabela deles. O SENAI e o SENAC não pagam mal e a Paula Souza acaba 
de fazer um grande programa de reformulação para poder melhorar as 
condições de remuneração e colocar o professor na CLT, o que permite 
inclusive uma flexibilidade de trabalho.
Não há dúvida que temos,no caso da educação, uma situação um tanto 
quanto precária, mas estamos trabalhando com um time que está um 
pouco fora dessa situação. 
PRofessoR nunes
Gostaria, então, de reformular a questão. O Governo do Estado de São 
Paulo paga muito mal os professores. Desse modo, para se ter professo-
res qualificados, seria necessário um salário melhor.
GuilheRMe afif doMinGos
Todos nós sabemos que o problema do pagamento baixo para os pro-
fessores é devido a um aspecto da legislação. Temos um grande núme-
ro de aposentados e qualquer reajuste que se der para os da ativa é 
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43o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
necessário também dar para os aposentados. Isso não quer dizer que 
os aposentados não mereçam, mas não existe caixa que aguente um 
processo de ajustes.
Isso acontece na área da educação e também na área da saúde. Não é possí-
vel atacar o núcleo do problema, por isso o uso de alternativas para contorná-
lo. O caso da Paula Souza é diferente. Ela é uma instituição técnica, com 
uma área muito menos corporativa, especialmente a sindical, no campo do 
Estado. Quando se joga para a CLT, mesmo com professores de carreira, a 
flexibilidade é muito maior porque a aposentadoria está dentro dos planos 
de aposentadoria da CLT e não do caixa do Estado. Uma das grandes difi-
culdades hoje para se equacionar a questão dos ajustes é que, quando se 
altera em um ponto, ocorrem repercussões em todos os outros setores e a 
alternativa acaba caminhando para “gambiarras”. O grande problema que 
temos são as pessoas aposentadas que, pela legislação, possuem o mesmo 
direito ao ajuste que as pessoas que estão na ativa. 
celso dutRa
Superintendente de Atendimento às Empresas do CIEE
Quero fazer apenas um comentário. Acho sua proposta extremamente im-
portante, que vem ao encontro daquilo que praticamos no CIEE. Ao ter co-
nhecimento desse google do emprego, eu fiquei muito curioso e ansioso por 
ver seu funcionamento. A isso chamamos de democratização da capacitação 
ou democratização da oferta e da possibilidade da melhoria de emprego. 
Vou falar um pouco olhando o próprio umbigo: talvez os quase 50 anos de 
atividade do CIEE tenham, de alguma forma, inspirado o governo do Estado 
de São Paulo para desenvolver esse projeto. Entendo que o CIEE tem feito 
isso permanentemente, com muita competência e estamos muito felizes ao 
ver essa proposta. Eu acredito que ela vai ao encontro daquilo que nossa 
instituição está fazendo há quase meio século. 
GuilheRMe afif doMinGos
Vou fazer um comentário em cima de seu comentário, a respeito da im-
portância do trabalho do CIEE, com essa visão muito objetiva em termos 
de colocação no mercado e dessa integração da empresa com a escola. 
Temos também que lembrar o quanto a instituição foi perseguida, porque 
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44
Coleção CIee 107
há pessoas que não gostam do que fazemos. Dizem que é coisa do merca-
do e a crítica tem até um ranço ideológico contra o trabalho do CIEE. 
Quero dizer que conheço a luta e a importância desse trabalho. Dessa forma, 
faremos tudo que pudermos para poder ampliar aquilo que a instituição já 
faz e o faremos com muita objetividade. Quero também dizer que estou en-
trando em um programa de estágio, que na verdade já existe. Nós o estamos 
apenas ampliando. Mas trata-se de um estágio que não se confronta com o 
trabalho do CIEE. O programa Jovem Cidadão trabalha com alunos da escola 
pública na área de vulnerabilidade social, ou seja, da periferia. Aquele jovem 
que está no segundo grau e que está pronto para o desvio. Ou vai para o ca-
minho do trabalho ou vai para o quarto setor, que é o crime organizado, que 
hoje oferece grandes oportunidades. Temos que trabalhar com esse objetivo 
porque a escola pública é sinônimo de pobreza. Quem tem alguma condição 
de renda coloca os filhos na escola particular. 
Nesse trabalho com a escola pública, é fundamental criar uma forma de “es-
timular”, assim, entre aspas, as empresas a assimilar esse quadro de esta-
giários. O incentivo para as empresas foi oferecido através da Secretaria da 
Fazenda. Há, a todo momento, naquela Secretaria, setores que querem apre-
sentar programas de redução de carga tributária, de facilidades, de acordos, 
como, por exemplo, diminuir o ICM de 18% para 12% para um determinado 
setor. Tivemos, então, a idéia de criar um programa de reciprocidade solidária, 
aplicando a regra do “é dando que se recebe”. Assim, para a empresa ter um 
incentivo, ela terá que entrar no programa para assimilar o jovem. Acabamos 
de fechar um grande incentivo com a indústria automobilística, representado 
pelos créditos de ICM que retornam para o investimento no emprego em São 
Paulo. Só neste caso foram acordadas 5.000 vagas de estágio nos setores 
automobilístico e de autopeças, que incluem os revendedores também. Exa-
tamente para promover a integração empresa-escola. Na semana passada 
foi o setor de acetona, que incluiu a Rhodia, que já está em fase final de 
acerto. O próximo será a indústria têxtil. Com isso, estamos promovendo, com 
a reciprocidade solidária, o que o CIEE faz com competência há muito tempo. 
Estamos seguindo a trilha de quem faz e faz bem feito. 
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45o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
sÉRGio RicaRdo
Sinto-me orgulhoso com sua palestra porque minha iniciação profissio-
nal começou com o SENAI. Meu pai tinha uma visão muito boa, que me 
valeu muito. Comecei com 14 anos no SENAI e tenho um grande orgulho 
disso. Lá as atividades ocorriam das 7 às 17 horas. Eu vejo o seguinte 
cenário: o governo faz as pessoas irem à escola para se alimentar e tam-
bém temos a situação de não existir mais repetência para os alunos no 
2ª grau. Qual é sua opinião sobre esse panorama?
GuilheRMe afif doMinGos
Além das pessoas que vão à escola para se alimentar, há também aque-
las que vão para o exército para se alimentar. Hoje, muita gente não 
quer ser dispensada do serviço militar para, pelo menos, poder comer. 
Esta questão da dispensa é um reconhecimento da falência do sistema 
de ensino. O correto é exigir com rigor. Não adianta carimbar o boletim 
para dizer que passou na escola. Nós abrimos mão da qualidade para 
dizer que o aluno foi aprovado na escola só para ter um aumento no 
indicador de escolaridade. Isso está errado. A hora da verdade, que irá 
dizer quem aprendeu e quem não aprendeu, chegará mais cedo ou mais 
tarde. É na competição do mercado de trabalho que aqueles que apren-
deram vão em frente e os que não aprenderam ficam para trás. 
Portanto, entendo que é a hora e a vez de se abolir o problema de quan-
tidade e se investir pesado no aspecto qualidade, em professores e na 
mudança dos conceitos atuais. Além disso, sou contra excesso de estabi-
lidade. Acho que quanto maior a instabilidade, mais procuramos melho-
rar. Não podemos ter cartórios educacionais. Temos que ter escolas que 
efetivamente ensinem, onde, inclusive, os professores tenham remune-
ração por critério de qualidade e não pela quantidade. O estímulo para 
a qualidade é uma revolução. Será necessário enfrentar muitas resistên-
cias corporativas, que infelizmente existem na nossa estrutura de ensino 
com uma visão antiquada, burocrática e corporativa. 
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Coleção CIee 107
sheila vieiRa Mendes de oliveiRa
Estudante do ensino médio
Por que só agora se percebeu que 50% das pessoas de 30 a 59 anos são 
analfabetas ou semianalfabetas? Entendo que esse dado já deveria ser 
conhecido antes. Hoje percebo que o maior índice de desemprego está 
entre as pessoas dessa faixa etária. Que fazer?
GuilheRMe afif doMinGos
É isso que procuramos responder. Em primeiro lugar, quando se percebe 
que as novas gerações possuem maior escolaridade é porque em algum 
momento foram tomadas providências a respeitode se evitar a evasão 
escolar e vários programas foram implantados. Não estamos falando da 
qualidade, mas sim da escolaridade, ou seja, de se completar o ensino 
fundamental. Ao focar a faixa dos 30 aos 59 anos, com a qual estamos 
trabalhando e que tem a menor escolaridade, percebemos que há 10 
anos vivemos um “apagão” educacional, ao qual estamos reagindo. 
Isso já aconteceu e não há muito a fazer. O que estamos procurando é reme-
diar para poder reciclar essas pessoas e recolocá-las no mercado de trabalho. 
Ninguém perguntou o número de vagas, mas o programa, em 3 anos, prevê 
180 mil vagas, sendo 30 mil em 2008, 60 mil em 2009 e 90 mil em 2010. 
Mas isso não é o suficiente. Muito pelo contrário, é até muito pouco. Mas 
elaboramos um foco e passamos a trabalhar com esse diagnóstico em todas 
as áreas. Então, será vergonhoso para alguém aplicar recurso em qualificação 
sem levar em conta tanto o diagnóstico quanto a avaliação.
Acredito que haverá um pouco mais de vergonha na cara ao se aplicar recur-
sos públicos, porque no Estado de São Paulo existe uma direção. Estamos fa-
zendo o possível com os recursos próprios. Gostaríamos de ampliar, e muito, 
esse foco de atuação de todos. Essa é a importância de se estar trabalhando 
junto com o SENAI e o SENAC. A crítica que se faz a ambos é sobre a gra-
tuidade. Eles reclamam que os cursos são caros e a gratuidade passará a ser 
demonstrada com mais transparência. Nosso papel é investir junto com eles 
e não destruir o trabalho que estão fazendo. Nosso objetivo é investir para 
poder ampliar a gratuidade, para não ficarmos só nas 180 mil vagas. Que-
remos passar para 360 mil, para 720 mil, com todos os agentes atirando na 
mesma direção. Dessa forma, iremos ajudar a diminuir o problema. 
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47o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
PRofessoR nelson alves
Conselheiro Decano do CIEE
Tenho certeza de que o programa surtirá efeito. Falo, não em nome pes-
soal, mas também em nome dos conselheiros, do presidente do Conse-
lho de Administração e dos fundadores do CIEE.
Antigamente procurava-se alguma coisa no teste vocacional e o progra-
ma faz algo similar ao procurar a identificação do jovem ou de quem 
está procurando uma atividade pela qualificação. Além dos parceiros 
escolhidos, como a Paula Souza, o SENAI e o SENAC, quero fazer uma 
sugestão. A experiência de tempos passados mostrou uma instituição 
que trouxe grandes profissionais que, sem procurar o teste vocacional, 
mas pelo trabalho e pela educação, atingiram as melhores profissões. 
Falo do Liceu de Artes e Ofícios. Minha sugestão é conjugar, não só o 
Liceu em si, mas também a sua experiência. 
GuilheRMe afif doMinGos
O Liceu de Artes e Ofícios é um marco na educação para o trabalho. Es-
tamos conversando muito seriamente para fazer uma parceria do Liceu 
com a Paula Souza, de modo a recuperar esse acervo e aproveitar sua 
experiência. Essa seria uma ótima fusão, unindo uma estrutura pública 
que funciona e uma estrutura da iniciativa privada que sofreu no tempo. 
O Liceu é uma bela escola. 
Para finalizar o pensamento, quero comentar sua referência ao teste vo-
cacional. Quero ser testemunha da importância do programa Aprendiz. 
A Associação Comercial de São Paulo, juntamente com o Rogério Amato, 
conselheiro do CIEE, foi pioneira na difusão da Lei 10.097 a partir de 
2000, através do Movimento Degrau. Sempre acreditamos que a escola 
com o trabalho constitui uma ótima combinação e que quanto mais 
cedo começar melhor. Ninguém fica prejudicado por começar a traba-
lhar cedo, desde que não seja mais criança. O binômio escola-trabalho 
é muito bom, até para ocupar. O errado é começar a trabalhar e largar a 
escola. Infelizmente, houve uma cultura que, comprando modas interna-
cionais, trouxe a história do combate ao trabalho infantil. É evidente que 
todo mundo quer combater esse tipo de trabalho. A questão não é esta 
e sim considerar trabalho infantil até a idade de 18 anos. 
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Coleção CIee 107
Na verdade, o foco dessa corrente contra o trabalho infantil sempre foi 
o protecionismo comercial, para evitar a concorrência e elevar o custo 
da mão-de-obra. São safadezas que, de vez em quando, aparecem com 
uma ideia e todo mundo embarca nela sem perceber o alcance nefasto. 
Quando fui constituinte, coloquei na Constituição uma proibição de todo 
e qualquer trabalho para menores de 14 anos, com exceção do menor 
aprendiz. Depois, com a desculpa de adaptação às leis internacionais, 
passaram para 16 anos e o aprendiz, apenas a partir dos 14 anos. Isso, 
entretanto, não foi regulamentado. Portanto, proibiu-se o trabalho para 
menores de 16 anos, que passou a ser a idade de entrada no mercado e 
a multidão de 14 a 16 anos ficou sem alternativa. Com isso, houve au-
mento da criminalidade e foi iniciado um processo recessivo. As pessoas 
davam preferência para contratar um profissional mais experiente do 
que um novato inexperiente para começar a ensinar, já que os custos 
eram os mesmos. 
Finalmente, veio a Lei do Aprendiz, que é de 2000, com a regulamen-
tação em 2001 e começamos a fazer um enorme trabalho. Na minha 
empresa, tive que enfrentar o Conselho da Criança e do Adolescente 
do Município de São Paulo, que trabalhava contra. Disse que iria fazer 
o que a lei obrigava e que, se eles não estavam me permitindo cumprir 
a lei, isso era um problema deles. Assim conseguimos fazer o primeiro 
programa na Associação e abrimos o campo, eu na minha empresa e a 
própria associação em suas atividades. 
Temos agora a experiência vivida com o programa de aprendizado e ve-
mos que é muito importante a convivência. Dentro da empresa, o apren-
diz começa a ter novos parâmetros de vida. Tudo acontece em função do 
teste vocacional, o qual, por sua vez, muitas vezes tem muito de motiva-
cional. O aprendiz vai conhecer pessoas que o motivam. Com o exemplo 
do chefe, ele passa a ter um parâmetro. Dessa forma, vai descobrindo 
a realidade a partir da visão prática do dia-a-dia. Ninguém ficou torto 
porque começou a trabalhar com 13 ou 14 anos de idade. Pelo contrário, 
foi ali que se revelaram os grandes talentos. Portanto, o trabalho do 
aprendiz resgata, na história, um processo que era praticamente o do 
aprendizado natural, convivendo no trabalho. Isso não é exploração de 
mão-de-obra, mas convivência e aprendizado. 
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49o merCado de trabalho paulIsta e a CapaCItação profIssIonal
Por isso, acreditamos muito nesse trabalho e vamos investir nele. Atual-
mente, no Estado de São Paulo, estamos desenvolvendo um programa 
com os alunos da Paula Souza, que são do 2° grau, para ser possível 
fazer o trabalho nas empresas, evitando a situação de “treina, treina e 
nunca joga”. Queremos que esses garotos treinem e joguem para que se 
possa cumprir as cotas de aprendizado e voltar a ser como no passado. 
Trabalho não faz mal a ninguém, desde que os estudos não sejam aban-
donados, porque o ensino é fundamental para o aprendizado da vida. 
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Coleção CiEE-01 (esgotado)
Estágio - Investimento Produtivo
Publicação Institucional do CIEE
Coleção CiEE-02 (esgotado)
a Globalização da Economia e 
suas repercussões no brasil
Ives Gandra da Silva Martins
Coleção CiEE-03 (esgotado)
a desestatização e seus reflexos 
na Economia
Antoninho Marmo Trevisan
Coleção CiEE-04 (esgotado)
rumos da Educação brasileira
Arnaldo Niskier
Coleção CiEE-05 (esgotado)
as Perspectivas da Economia 
brasileira
Maílson da Nóbrega
Coleção CiEE-06 (esgotado)
Plano real: situação atual e 
Perspectivas
Marcel Solimeo e Roberto Luís 
Troster
Coleção CiEE-07 (esgotado)
os desafios da Educação brasileira 
no século XXI
Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo
Coleção CiEE-08 (esgotado)os Cenários Possíveis para a 
Economia em 98
Luís Nassif
Coleção CiEE-09 (esgotado)
o Fim da Escola
Gilberto Dimenstein
Coleção CiEE-10 (esgotado)
o Peso dos Encargos sociais 
no brasil
José Pastore
Coleção CiEE-11 (esgotado)
o que esperar do brasil em 1998
Marcílio Marques Moreira
Coleção CiEE-12 (esgotado)
as alternativas de Emprego para 
o Mercado de trabalho
Walter Barelli
Coleção CiEE-13 (esgotado)
redução tributária - Urgência Nacional
Renato Ferrari, Alcides Jorge Costa e 
Ives Gandra da Silva Martins
Coleção CiEE-14 (esgotado)
a Contribuição do 3º setor para o 
desenvolvimento sustentado do País
Seminário do 3º Setor
Coleção CiEE-15 (esgotado)
os rumos do brasil até o ano 2020
Ronaldo Mota Sardenberg
Coleção CiEE-16 (esgotado)
as Perspectivas da Indústria brasileira 
e a atual Conjuntura Nacional
Carlos Eduardo Moreira Ferreira
Coleção CiEE-17 (esgotado)
as Novas diretrizes para o Ensino Médio
Guiomar Namo de Mello
Coleção CiEE-18 (esgotado)
Formação de Especialistas para o 
Mercado Globalizado
Luiz Gonzaga Bertelli
Coleção CiEE-19 (esgotado)
a Educação brasileira no limiar 
do Novo século
Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo
Coleção CiEE-20 (esgotado)
a Formação da Nacionalidade brasileira
João de Scantimburgo
Coleção CiEE-21 (esgotado)
a Educação ontem, hoje e amanhã
Jarbas Passarinho
Coleção CiEE-22 (esgotado)
a Universidade brasileira e os desafios 
da Modernidade
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Coleção CiEE-23 (esgotado)
os Novos rumos do real: Previsões 
para a Economia brasileira após a 
Mudança da Política Cambial
Juarez Rizzeri
Coleção CiEE-24 (esgotado)
brasil: saídas para a Crise
Alcides de Souza Amaral
Coleção CiEE-25 (esgotado)
a Educação e o desenvolvimento 
Nacional
José Goldemberg
Coleção CiEE-26 (esgotado)
a Crise dos 500 anos: o brasil e 
a Globalização da Economia
Rubens Ricupero
Coleção CiEE-27 (esgotado)
a língua Portuguesa: desafios 
e soluções
Arnaldo Niskier, Antonio Olinto, João 
de Scantimburgo, Ledo Ivo e Lygia 
Fagundes Telles
Simpósio CIEE/ABL
Coleção CiEE-28 (esgotado)
Propostas para a retomada do de-
senvolvimento sustentável Nacional
João Sayad
Coleção CiEE-29 (esgotado)
o Novo Conceito de Filantropia
II Seminário do 3º Setor
Coleção CiEE-30 (esgotado)
as Medidas Governamentais 
de Controle de Preços
Gesner de Oliveira
Coleção CiEE-31 (esgotado)
a Crise brasileira: Perspectivas
Antônio Barros de Castro
Coleção CiEE-32 (esgotado)
o Futuro da Justiça do trabalho
Ney Prado
Coleção CiEE-33 (2ª ed./esgotado)
Perspectivas da Economia e do 
desenvolvimento brasileiro
Hermann Wever
Coleção CiEE-34 (esgotado)
o que esperar do brasil na 
Virada do século
Eduardo Giannetti
Coleção CiEE-35 (esgotado)
o Ensino Médio e o Estágio de 
Estudantes
Rose Neubauer
Coleção CiEE-36 (esgotado)
Perspectivas da Cultura brasileira
Miguel Reale
Coleção CiEE-37 (esgotado)
Política Pública de Qualificação 
Profissional
Nassim Gabriel Mehedff
Coleção CiEE-38 (esgotado)
Perspectivas da Economia brasileira 
para além da Conjuntura
Gustavo Franco
Coleção CiEE-39 (esgotado)
as empresas e a Capacidade 
Competitiva brasileira
Emerson de Almeida
Coleção CiEE-40 (esgotado)
a Globalização e a Economia brasileira
Antônio Carlos de Lacerda
Coleção CiEE-41 (esgotado)
a dignidade humana e a 
Exclusão social
III Seminário do 3º Setor
Coleção CiEE-42 (esgotado)
recomendações para a retomada 
do desenvolvimento
Aloizio Mercadante
Coleção CiEE - Especial (esgotado)
Guia Prático do CadE
A Defesa da Concorrência no Brasil
Coleção CiEE-43 (esgotado)
o CadE e a livre Concorrência 
no brasil
Seminário CIEE/Correio Braziliense
Coleção CiEE-44 (esgotado)
Profissões em alta no Mercado 
de trabalho
Luiz Gonzaga Bertelli
Coleção CiEE-45 (esgotado)
democracia no brasil: Pensamento 
social, Cenários e Perfis Políticos
Gaudêncio Torquato
Coleção CiEE-46 (esgotado)
Necessidades Profissionais 
para o século XXI
Norberto Odebrecht
Coleção CiEE-47 (esgotado)
o trabalho no brasil: Novas 
relações X leis obsoletas
Almir Pazzianotto Pinto
Coleção CiEE-48 (esgotado)
o Futuro da aviação Comercial 
no brasil
Ozires Silva
Coleção CiEE-49 (esgotado)
desafios da Economia brasileira e 
suas Perspectivas para 2001
Clarice Messer
Coleção CiEE-50 (esgotado)
o brasil no terceiro Mundo
Cristovam Buarque
Coleção CiEE-51 (esgotado)
o Mercado de Capitais no brasil
desafios e Entraves para seu 
desenvolvimento
Humberto Casagrande Neto
Coleção CiEE-52 (esgotado)
o Voluntariado no brasil
IV Seminário do 3º Setor
Coleção CiEE-53 (esgotado)
revolução de 32: Um Painel histórico
Simpósio CIEE/APH/IRS
Coleção CiEE-54 (esgotado)
os reflexos da Economia Global 
no desenvolvimento brasileiro
Luciano Coutinho
Coleção CiEE-55 (esgotado)
as Condições Necessárias 
para o brasil Crescer
Delfim Netto
Coleção CiEE-56 (esgotado)
Globalização e hipercompetição: 
a sociedade das organizações 
e o desafio da Mudança
Thomaz Wood Jr.
Coleção CiEE-57 (esgotado)
desenvolvimento social, 
Previdência e Pobreza no brasil
Roberto Brant
Coleção CiEE-58 (esgotado)
a Paixão pela Poesia
Arnaldo Niskier, Carlos Nejar, 
 Ledo Ivo, Lygia Fagundes Telles 
e Mário Chamie
Coleção CiEE-59 (esgotado)
rumos da Educação no brasil
Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo
Coleção CiEE-60 (esgotado)
reforma tributária: solução 
ou Panacéia?
Osíris de Azevedo Lopes Filho
Coleção CiEE-61 (esgotado)
os atentados em Nova York e os 
Interesses Internacionais do brasil
Flávio Miragaia Perri
Coleção CiEE-62 (esgotado)
lei de responsabilidade Fiscal: 
Esperanças e decepções
Diogo de Figueiredo Moreira Neto
Coleção CiEE-63 (esgotado)
a saúde no Novo Conceito 
de Filantropia
Antônio Jacinto Caleiro Palma
Coleção CiEE-64 (esgotado)
Fundamentos da Política Econômica 
do Governo lula
Guido Mantega
Coleção CiEE-65 (esgotado)
o banco Central e a defesa da 
Concorrência no Mercado Financeiro
Gustavo Loyola
Coleção CiEE-66 (esgotado)
Enxergando o amanhã com 
os olhos de hoje
Gaudêncio Torquato
Coleção CiEE-67 (esgotado)
Juventude, Escola e Empregabilidade
V Seminário do 3º Setor
Coleção CiEE-68 (2ª Edição)
Educação: Velhos Problemas, 
Novas (?) soluções
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Coleção CiEE-69 (esgotado)
Cobrança de Impostos ameaça o 
Futuro da Filantropia
VI Seminário do 3º Setor
Coleção CiEE - Especial (esgotado)
2ª Ed. revista e ampliada 
Guia Prático do CadE
A Defesa da Concorrência no Brasil
Coleção CiEE-70 (esgotado)
a Importância do Estágio na 
Formação do aluno do Ensino Médio
Antônio Ruiz Ibañez
Coleção CiEE-71 (esgotado)
antônio Cândido, Guerreiro da 
Educação - Prêmio Professor 
Emérito 2003
CIEE/O Estado de S. Paulo
Coleção CiEE-72 (2ª edição)
Educação e saber
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Coleção CiEE-73 (2ª edição) 
o Pressuposto da Ética na 
Economia, nas Empresas, 
na Política e na sociedade
Ruy Martins Altenfelder Silva
Coleção CiEE-74 (esgotado)
Empregabilidade
VII Seminário CIEE - Gazeta 
Mercantil do 3º Setor
Coleção CiEE-75 (esgotado)
analfabetismo
Proposta para a sua Erradicação
Jorge Werthein
Coleção CiEE-76
Educação, Estágio e responsabili-
dade Fiscal das Prefeituras
Ives Gandra da Silva Martins, Mar-
cos Nóbrega, Luiz Gonzaga Bertelli 
e Paulo Nathanael Pereira de Souza
Coleção CiEE-77 (esgotado)
Valorização Imobiliária
Nelson Baeta Neves
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Coleção CiEE-78 (esgotado)
as metas inflacionárias no brasil
Paulo Picchetti
Coleção CiEE-79 (esgotado)
a qualidade dos estágios e sua 
importância socioprofissional
Seminário CIEE-SEMESP
Coleção CiEE-80 (esgotado)
desafios da administração de uma 
grande metrópole (são Paulo)
Walter Feldman
Coleção CiEE-81 (esgotado)
a realidadeeducacional brasileira 
e o desenvolvimento do País
Roberto Cláudio Frota Bezerra
Coleção CiEE-82 (esgotado)
os entraves para o desenvolvimento 
nacional e as recomendações para 
sua superação
Abram Szajman
Coleção CiEE-83 (esgotado)
o cenário econômico 
latino-americano e seus reflexos 
no mercado acionário
Alfried Karl Plöger
Coleção CiEE-84 (esgotado)
Jornalismo político: 
uma visão do brasil
Murilo Melo Filho
Coleção CiEE-85 (esgotado)
a política monetária brasileira e seus 
reflexos no desenvolvimento do país
Josué Christiano Gomes da Silva
Coleção CiEE-86 (esgotado)
tecnologia, Economia e direito: 
visão integrada e multissetorial
José Dion de Melo Teles
Coleção CiEE-87 (esgotado)
brasil: competitividade e 
mercado global
Marcos Prado Troyjo
Coleção CiEE-88 (esgotado)
a arte de empreender: o respeito 
aos limites do ser humano 
Eduardo Bom Angelo
Coleção CiEE-89 (esgotado)
a educação brasileira e a contribui-
ção das entidades de filantropia 
Roberto Teixeira da Costa
Coleção CiEE-90 (esgotado)
a situação atual da educação 
brasileira 
Paulo Tafner
Coleção CiEE-91 (esgotado)
o desenvolvimento das economias 
japonesa e asiática 
Yuji Watanabe
Coleção CiEE-92 (esgotado)
a contribuição da Embraer no 
desenvolvimento da indústria 
aeronáutica brasileira 
Luís Carlos Affonso
Coleção CiEE-93 (esgotado)
a nova fase da crise brasileira
Oliveiros da Silva Ferreira
Coleção CiEE-94 (esgotado)
Inventário da educação brasileira 
e recomendações para seu 
aperfeiçoamento
Seminário
Coleção CiEE-95 (esgotado)
Negociações agrícolas internacionais
Marcos Sawaya Jank
Coleção CiEE-96 (esgotado)
Um século de sindicalismo no brasil
Almir Pazzianotto
Coleção CiEE-97 (esgotado)
a atual situação da educação 
brasileira - medidas para o seu 
aperfeiçoamento
Samuel de Abreu Pessôa
Coleção CiEE-98 (esgotado)
o futuro do abastecimento 
energético no brasil e no mundo
Carlos Alberto de Almeida Silva 
e Loureiro
Coleção CiEE-99 (esgotado)
reflexões sobre a conjuntura 
nacional
Geraldo Alckmin
Coleção CiEE-100 (esgotado)
Presença da universidade no 
desenvolvimento brasileiro: uma 
perspectiva hitórica
Simpósio
Coleção CiEE-101 (esgotado)
o estabelicimento de um modelo 
de sustentabilidade ambiental no 
Estado de são Paulo
Xico Graziano
Coleção CiEE-102 (esgotado)
o papel dos tribunais de Contas 
na Educação brasileira
Antônio Roque Citadini
Coleção CiEE-103 (esgotado)
os desafios da administração 
de uma metrópole
Gilberto Kassab
Coleção CiEE-104 (esgotado)
a Caixa Econômica Federal e 
suas atividades no país
Carlos Gomes Sampaio de Freitas
Coleção CiEE-105
a ética no brasil: a cabeça 
dos brasileiros
Alberto Carlos Almeida
Coleção CiEE-106
a necessidade dos seguros 
para o desenvolvimento 
sustentável brasileiro
Luiz Carlos Trabuco Cappi 
Coleção CiEE-107
o mercado de trabalho paulista
e a capacitação profissional
Guilherme Afif Domingos
O Mercado de trabalho Paulista e 
a Capacitação Profissional 
Guilherme afif domingos
textos e debates extraídos da palestra proferida 
em 26/06/2008, no auditório Ernesto Igel e 
Mario amato do CIEE, em são Paulo/sP.
Planejamento e produção editorial
PIC - Marketing Editorial e Comunicação
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renato avanzi
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desde que citada a fonte.
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COnSElHO DE ADMiniStrAÇãO
(Mandato de 16/4/2009 a 15/4/2012)
Presidente
ruy Martins altenfelder silva
vice-Presidentes
antonio Penteado Mendonça
antonio Jacinto Caleiro Palma
Wálter Fanganiello Maierovitch
Conselheiros
hermann heinemann Wever
José augusto Minarelli
orlando de almeida Filho
funDADOrES
aloysio Gonçalves Martins
Clóvis dutra
Geraldo Francisco Ziviani
José Franklin Veras Viégas
Mario amato
Paulo Egydio Martins
térbio de Mattos
PrESiDEntE EXECutivO
luiz Gonzaga bertelli
adhemar César ribeiro
ana Maria Vilela Igel
antoninho Marmo trevisan
antonio Garbelini Júnior
Carlos Eduardo Moreira Ferreira
Élcio aníbal de lucca
Flávio Fava de Moraes
Gaudêncio torquato
Gesner de oliveira
Ivette senise Ferreira
João Guilherme sabino ometto
João Monteiro de barros Neto
COnSElHO COnSultivO
COnSElHO fiSCAl
titulares
César Gomes de Mello
humberto Casagrande Neto
Norton Glabes labes
PrESiDEntES EMÉritOS
alex Periscinoto
antonio Jacinto Caleiro Palma
herbert Victor levy Filho
João baptista Figueiredo Júnior
MEMBrOS HOnOrÁriOS
amauri Mascaro Nascimento
antonio Candido de Mello e souza
antônio hélio Guerra Vieira
Clarice Messer
dorival antônio bianchi
Edevaldo alves da silva
Evanildo bechara
Guilherme Quintanilha de almeida
Ives Gandra da silva Martins
Jarbas Miguel de albuquerque Maranhão
João Geraldo Giraldes Zocchio
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Joaquim Pedro Villaça de souza Campos
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roberto Cintra leite
sidney storch dutra
José Feliciano de Carvalho
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Nelson alves
Nelson Vieira barreira
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Paulo Nogueira Neto
Pedro salomão José Kassab
ruy Mesquita
Júlio César de Mesquita
laerte setúbal Filho
Paulo Nathanael Pereira de souza
Pedro luiz de toledo Piza
MEMBrOS BEnEMÉritOS
antonio Ermírio de Moraes lázaro de Mello brandão
A experiência pública de Guilherme Afif Domingos e sua vi-
vência no mundo empresarial estão, agora, colocadas a serviço 
da educação e do desenvolvimento do País.
O ensino adquire um sentido prático, quando se integra ao 
mundo do trabalho e produz resultados positivos para a socie-
dade e para o cidadão. Esta é a visão do autor, que discorre so-
bre aspectos relevantes da formação e qualificação profissional, 
embasando suas premissas e soluções em seu conhecimento 
da realidade brasileira.
Com base no empreendedorismo e na desburocratização da 
máquina pública, a proposta de Afif é transformar o homem 
por meio de uma educação profissionalizante e, principalmen-
te, auto-sustentável, capaz de proporcionar com o conhe-
cimento adquirido, uma forma de garantir seu sustento, seu 
crescimento como cidadão e, acima de tudo, sua auto-estima 
como indivíduo.
Em um país que pouco investe no processo educacional de seu 
povo, essa tarefa torna-se muito difícil. Mas as propostas deste 
livro produzem a certeza de que é possível começar por cami-
nhos que se cruzam com o apoio da sociedade civil, formada 
pela população e pelas organizações não-governamentais, em 
conjunto com o poder público.

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