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Estudo Dirigido de Arquitetura da Segurança

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1 
 
 
 
ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA 
 
Arquitetura da Segurança 
 
REFERÊNCIA: KARPINSKI, Marcelo Trevisan. Arquitetura contra o crime: 
prevenção, segurança e sustentabilidade. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
 
Neste roteiro destacamos a importância para seus estudos de alguns temas 
diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina. Os temas 
sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase, e lhe 
proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo 
para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material 
complementar, que juntamente com os vídeos e os slides das aulas compõem o 
referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor 
maneira possível. 
 
Bons estudos! 
Capítulo 1: A cidade e o crime. 
 
Para que as pessoas estejam nas ruas, é necessário que se sintam seguras, sem 
medo. Quando o cidadão diz que uma cidade é segura, ele quer dizer que as ruas 
das cidades estão livres de violência e de medo. 
 E quando o cidadão deixa de frequentar as ruas, qual o perigo? 
Há então a possibilidade de um ciclo vicioso se estabelecer. As pessoas inseguras 
não vão as ruas; as ruas ficam vazias; a cidade começa a adoecer como um 
organismo que não é irrigado por “sangue bom”. 
 
Ambientes abandonados, depredados e com irrigação de “sangue contaminado”. 
Com isso, as pessoas que necessitam dos ambientes públicos para seus afazeres 
cotidianos, como trabalho ou lazer, evitam ir às ruas, pois se sentem ameaçados. 
E o medo se espalha. 
 
2 
 
Temos que distinguir os espaços públicos do privado, de modo que possamos 
estabelecer as áreas que necessitam de vigilância, assegurando que haja olhos 
atentos voltados para esses espaços o maior tempo possível. 
Contudo, podemos no questionar: como fazer as pessoas vigiarem as ruas que 
eles não querem vigiar? 
 
Não podemos forçá-los, pois isso deve ser um “trabalho” espontâneo. A vigilância 
é mais bem desenvolvida quando as pessoas participam do processo de maneira 
espontânea, sem saber, conscientemente, que estão fazendo o policiamento das 
ruas. 
 
Essa meta de manter as pessoas nas ruas pode ser atingida mais facilmente 
quando estas contam com uma maior oferta de comércio e serviços. Quanto mais 
serviços puderem ser buscados pelas pessoas numa determinada rua, maior ser 
atingida mais facilmente quando estas contam com uma maior oferta de comércio 
e serviços. Quanto mais serviços puderem ser buscados pelas pessoas numa 
determinada rua, maior será o deslocamento pelas calçadas do bairro, propiciando 
que a vigilância seja aumentada, bem como haverá o interesse dos próprios 
comerciantes em manter a localidade segura, o que fará diferença nos resultados. 
 
A grande praga da monotonia é entendida quando pensamos na falta de atrativos 
para que os pedestres caminhem pelas ruas da cidade. Ruas com comércio, casas 
com jardins bem cuidados, prédios com arquiteturas diversas são atrativos para 
que as pessoas estejam nas ruas, desloquem-se de um ponto a outro com maior 
frequência e encontrem-se em bares e praças para conversar. Ao contrário disso, 
ruas que não proporcionam atrativos são ruas sem pessoas, ruas vazias, o que 
pode propiciar o aumento da criminalidade pela não ocupação do espaço. 
Jacobs utiliza a expressão “praga da monotonia” quando se refere às ruas 
abandonadas e à atmosfera vazia que se estabelece numa região pela falta de 
atividades nas suas ruas, o que inclusive pode contaminar toda a cidade. Para que 
isso não ocorra, a autora sugere novamente a presença maciça de pessoas nas 
ruas. 
 
Ruas bem iluminadas têm seu valor, pois oferecem conforto e trazem mais 
confiança às pessoas que necessitam ou que querem andar por elas. Contudo, a 
escuridão ou a falta de luz não é a maior responsável pela grande praga da 
monotonia. 
 
A definição de ruas corredores, que não é a expressão que autora usou, mas se 
refere a uma espécie típica de ruas: os corredores dos condomínios habitacionais. 
 
Ao contrário do que pode supor o nosso senso comum, foi comprovada, naquele 
condomínio, a correlação direta entre a vigilância informal e a segurança urbana. 
 
Naquele edifício, especificamente, o projeto previu que os corredores não seriam 
apenas para a simples circulação, e sim ganhariam outros significados, passando 
a funcionar como pequenos pátios. Dessa forma, saguões tornaram-se locais de 
encontro e inclusive piqueniques foram organizados nas áreas comuns do prédio. 
 
A circulação por todos os espaços e a permanência de pessoas atraídas pela 
possibilidade de convivência agradável propiciariam a interação entre os 
3 
 
moradores, inibindo a presença de delinquentes e ajudando na conservação do 
ambiente. 
Para que uma cidade se mantenha viva, é necessário que suas ruas e calçadas 
estejam repletas de pessoas (...) para que isso aconteça, as ruas têm de ser 
atraentes, convidativas e oferecer benefícios claros às pessoas. 
 
Mas como gerar esse ambiente positivo? 
 
Construindo um ambiente plural em relação aos atrativos que as ruas, que 
compõem o bairro ou “distrito”, oferecem às pessoas. 
 
Quanto mais serviços puderem ser buscados pelas pessoas numa determinada 
rua, maior ser atingida mais facilmente quando estas contam com uma maior 
oferta de comércio e serviços. Quanto mais serviços puderem ser buscados pelas 
pessoas numa determinada rua, maior será o deslocamento pelas calçadas do 
bairro, propiciando que a vigilância seja aumentada, bem como haverá o interesse 
dos próprios comerciantes em manter a localidade segura, o que fará diferença 
nos resultados. 
 
O cenário que pode se instalar posteriormente, quando ocorre o processo de 
decadência de um bairro, é ameaçador. As palavras de Bondaruk (2015 p. 41) são 
as que melhor desenham esse possível cenário: As pessoas de bem se retraem 
cada vez mais dentro de suas casas. Crescem os muros e grades, o valor dos 
imóveis cai. Reduzem-se os investimentos da iniciativa privada naquela área. As 
pessoas começam a limitar a utilização do bairro apenas à condição de 
dormitórios. Os grupos de garotos, outrora apenas travessos, se transformam em 
gangues de vândalos e pichadores. Aumenta o número de roubos e furtos nas 
residências. Finalmente vêm os traficantes, estabelecem sua rede de “controle 
social” pelo crime e o medo do crime. 
 
As praças outrora cheias de vida, passam a ser um ponto de tráfico de drogas e 
reunião de gangues. Reduz-se drasticamente o investimento em pinturas de 
fachadas, ajardinamento e reformas: a imagem é de total decadência. As pessoas 
começam a se mudar. 
 
Há um mito nostálgico de que bastaria termos dinheiro suficiente (...) para erradicar 
todos os nossos cortiços em dez anos, reverter a decadência dos grandes bolsões 
apagados e monótonos(...). 
 
Skolnick e Bayley (2006) buscavam ideias e estratégias que, dentro dos 
departamentos de polícia norte-americanos, tiveram tido algum êxito na luta contra 
o crime urbano. De interessante para o nosso estudo, as pesquisas dos autores 
revelaram que o aumento do investimento financeiro não reduz necessariamente o 
índice de criminalidade. 
 
Os estudos indicam claramente que a proteção dever ser fornecida pelos próprios 
cidadãos, e que a ajuda destes é fundamental. 
 
Muitas vezes, a mídia exagera e a notícia acaba deturpando a realidade dos fatos, 
tais matérias sensacionalistas destroem o sentimento de segurança, pois alteram o 
comportamento diário das pessoas, principalmente de idosos. Com tais notícias, a 
4 
 
mídia acaba potencializando o estresse, levando o comércio a perder clientes. Isso 
acarreta a deterioração dos bairros e a sujeição das pessoas ao medo dos 
criminosos. 
 
A divulgação equivocada de notícias pela mídia e o atual conhecimento dos fatoresque influenciam a ocorrência de crimes em todos os locais do mundo pode causar 
no psique de muitas pessoas um temor excessivo. Mesmo que distantes do fato 
ocorrido, tais pessoas sentem receio de serem vítimas de algo semelhante. A 
expressão síndrome da violência urbana é utilizada para descrever o medo do 
crime, que surge como uma reação emocional relativa à exploração inadequada, 
principalmente pela televisão, dos atentados contra as pessoas, sejam eles de 
menor ou de maior repercussão e estejam perto ou não das pessoas. 
 
O medo difuso é o que mais determina o nível de insegurança da população. O 
medo difuso trata-se de ‘“achismos’” baseados em informações difusas, as quais 
não estão necessariamente ligadas aquela localidade ou comunidade. 
Medo concreto é o medo que é desenvolvido pelos cidadãos com base em dados 
factíveis. Há dois exemplos de medo concreto: 
1. Uma pessoa sabe que em determinada rua ocorre o tráfico de drogas e, por 
isso, há a frequência de delinquentes naquela redondeza e é grande a 
probabilidade de um cidadão ser vítima de ação criminosa ao passar por ali. 
2. Quando uma pessoa recebe ameaça real e iminente de um ladrão com a 
arma apontada para ela, o medo concreto fica confirmado. 
 
Capítulo 2: Criminalidade no território e no tempo. 
 
O meio urbano foi criado para atender às expectativas humanas de ajuda mútua e 
de negócios. Também não pode ser descartada a intenção de que servisse para a 
criação de certa civilidade. 
 
Com o avanço das civilizações, ocorreu a prevalência dos interesses econômicos 
aos interesses sociais, pois em alguns pontos das cidades, surgiram espaços de 
intolerância e incivilidade – também devido ao acelerado processo de urbanização, 
que, quando não planejado, vem acompanhado pelas carências sociais. Somam-
se a esses problemas a criminalidade e a violência, que, no espaço urbano, 
tomaram relevância. 
 
Os fatores descritos acima estabelecem importantes mudanças de hábitos e 
costumes na rotina das cidades e cidadãos. 
Para compreendermos o crime, antes de qualquer coisa, é necessário que 
conheçamos algumas das suas causas, inclusive para podermos desarticula-las, 
pois, a prevenção é o melhor combate. (...) Sampaio (2007, p. 24) leciona que é 
possível “dividir as abordagens causais do crime em biológicas, psicológicas, 
sociológicas e situacionais”. 
 
Segundo Sampaio (2007), tivemos, na década de 1930, o surgimento das 
primeiras referências da explicação psicológica do crime, com os estudos voltados 
para quem o pratica, ou seja, o criminoso. 
 
Após as explicações psicológicas baseadas na figura do criminoso, Sampaio 
(2007, p. 24) relata que “as teorias sociológicas do crime surgem para romper com 
5 
 
a ideia de que o crime ‘nasce’ com a pessoa, marcando claramente a passagem 
do individualismo às causas sociais do crime”. 
 
Questões até então não esclarecidas pelas teorias biopsicológicas tornaram-se a 
sustentação da abordagem sociológica do crime, entre as quais estavam, 
conforme esclarece Gonçalves (2000, citado por Sampaio, 2007, p.24): como 
explicar as intensas variações nas taxas de crime, quer ao longo do tempo, quer 
entre os vários países, como explicar a sobre representação dos grupos 
desfavorecidos entre os criminosos detidos, como explicar o crime corporativo e 
dos poderosos, que políticas criminais podem ser prosseguidas se considerarmos 
que o crime é determinado biologicamente ou por uma estrutura de personalidade 
imutável. 
 
Ao falarmos em ecologia do crime, estamos nos referindo ao estudo de áreas nas 
quais ocorrem mais crimes. Essas áreas acentuam-se em meio urbano. (...) Entre 
as teorias que tentam explicar o fenômeno da ecologia do crime, uma das mais 
importantes é a teoria da desorganização social: A desorganização social refere-se 
à incapacidade das comunidades locais de fazer com que os seus moradores 
assumam valores comuns ou equacionem problemas comuns. 
 
A organização social de uma determinada comunidade depende do envolvimento 
da maior parte dos membros que a compõem em relação aos problemas públicos 
ali identificados. 
 
Na década de 1960, surgiram críticas à Escola de Chicago e à teoria da 
desorganização social. A única conclusão, segundo pesquisadores, que pode ser 
apontada, ainda com certa ressalva, é a de que a delinquência tende a aglomerar-
se em áreas comuns, com características semelhantes, em que geralmente 
habitam as populações mais desprotegidas. 
 
Além da questão estética, conforto e adequação às necessidades das pessoas, o 
desenho dos espaços, ruas, praças, prédios e tudo o que compõe os espaços 
públicos e privados das cidades deve atender a um critério tão ou mais importante 
quanto aqueles: a segurança. 
 
A teoria da prevenção do crime através da arquitetura ambiental (PCAAA) e 
originalmente em inglês crime prevention through environmental design (Cpted), foi 
criada por Ray Jeffery em 1971, em seu livro Crime Prevention Through 
Environmental Design. O pesquisador deixou dois elementos importantes para a 
prevenção criminal: o lugar onde ocorre o delito e a pessoa que o pratica. 
 
Os elevados índices de criminalidade nos Estados Unidos levaram Newman a 
desenvolver estudos para buscar uma solução para esse problema (...), criando o 
“Defensible space”, espaço defensável. 
 
Para esclarecer o conceito de espaço defensável, Newman (1972, citado por 
Sampaio, 2007, p.30), expõe que se trata de um termo alternativo para a utilização 
de mecanismos – barreiras simbólicas e reais, definição de áreas de influência e 
melhoramento das oportunidades para a vigilância – que associados resultam num 
espaço controlado pelos residentes. 
6 
 
Um meio para reconstruir o espaço habitacional das nossas cidades, para que este 
espaço volta a ser seguro, e controlado não apenas pela polícia, mas também pela 
própria comunidade que partilha um espaço comum. Essa alternativa implica que o 
desenho urbano seja um importante fator causal em termos de criminalidade. 
São quatro os elementos do espaço defensável que atuam na criação de um 
espaço seguro: 
1. Espaço físico: que pode determinar zonas de influência territorial, que 
transmitem uma noção de posse e, por isso, uma preocupação de 
propriedade entre os residentes. 
2. Desenho urbano: que pode ser utilizado para desenvolver oportunidades de 
vigilância para os residentes e os seus agentes. 
3. Design: que pode influenciar a percepção de um projeto, melhorando a 
imagem global em termos de isolamento e estigma. 
4. Espaço envolvente: que pode ser severamente influente e afetar a 
segurança das iniciativas locais. 
 
Na teoria do espaço defensável, Newman deixa clara a intenção do controle do 
espaço, inclusive dividindo-o de maneira a escalonar sua utilização. 
 
Newman abordou a graduação tipológica do espaço: espaço público, semipúblico e 
privado. Rejeita a ideia de “fortaleza urbana”, pois obriga os residentes a 
refugiarem-se dentro das suas casas, impedindo o uso e o controle do espaço e, 
consequentemente, afastando por completo o sentimento de responsabilidade 
sobre a área que habitam. 
 
Para que as pessoas estejam nas ruas, é necessário que se sintam seguras, sem 
medo. Até mesmo quando se trata de pessoas estranhas à cidade, ao bairro ou à 
rua, temos que ter em mente que três características devem ser consideradas 
como principais: 
1. Que haja a separação entre o público e o privado. 
2. Que os olhos dos proprietários naturais do espaço estejam atentos. 
3. Que as calçadas tenham número suficiente de pessoas transitando por elas. 
 
O livro Environmental Criminology, de Brantingham e Brantingham (1981), 
contribuiu para o surgimento do que hoje conhecemos como criminologia 
ambiental. Os autores deram início a uma nova abordagem para a criminologia 
ambiental, procurando novos padrões, afirmavam que o crime não dependeapenas da motivação dos delinquentes, pois estes são influenciados pelo meio 
urbano em que estão inseridos e também pelas oportunidades, como mobilidade, 
mapas mentais do local e, claro, pela distribuição das vítimas em potencial. 
 
Brantingham e Brantingham esclarecem que “para a criminologia ambiental, o 
evento criminal é definido como tendo cinco dimensões: espaço, tempo, lei, 
ofensor, alvo ou vítima. Sendo estes cinco componentes uma condição necessária 
e suficiente, a existência de apenas quatro componentes não constitui um 
incidente criminoso. 
 
A segunda geração Cpted acrescenta à abordagem inicial a coesão social, 
mobilidade e acessibilidade, características culturais, bem como o potencial social. 
Essa segunda geração torna a abordagem mais sustentável, alargando a sua 
intervenção ao contexto social específico de uma comunidade e às potencialidades 
7 
 
de um determinado território, Esse território deve ser concebido, não simplesmente 
para reduzir oportunidades para comportamentos indesejados, mas 
compreendendo as limitações e potencialidades de um território, aproveitando-as e 
promovendo os comportamentos desejados. 
 
A segunda geração da Cpted trouxe não só a determinação em diminuir as 
oportunidades para que os delinquentes cometam crimes, mas também a 
adequação do espaço para servir à comunidade de maneira que as pessoas 
possam frequentar os ambientes públicos. Para tanto, a Cpted é utilizada para 
melhorar as ruas, os parques, os edifícios, enfim, as cidades para o uso dos 
cidadãos. 
 
Capítulo 3 – Prevenção situacional do crime 
 
Fernandes e Fernandes (2002) orientam que a prevenção é sempre melhor do que 
a cura de uma doença: isso é um dogma para a medicina. Essa ideia pode ser 
aplicada ao crime. 
 
A palavra prevenção é usualmente utilizada para se referir ao ato de se antecipar 
as consequências de uma ação com o objetivo de evitar seu resultado. 
 
Estudos sobre hot spots devem receber especial atenção, pois, segundo Sherman 
(1995), devemos dar importância a questões como “Onde aconteceu o crime? ” da 
mesma maneira com que nos preocupamos com “Quem cometeu o crime? Sendo 
o conceito de hot spots, tendo em vista que os lugares em que ocorrem os crimes 
são determinantes para a prevenção destes, traçar estratégias adequadas é de 
especial relevância. “Nas estratégias de prevenção (...), deve-se dar uma especial 
atenção aos lugares onde o crime se concentra – o que os ingleses chamam de 
`pontos quentes´ (hot spots). 
 
Todo crime ocorre em determinado ambiente físico. Sabendo disso, estudiosos 
perceberam a necessidade de projetos de gestão dos ambientes onde há 
propensão de ocorrerem crimes. 
 
De maneira diversa aos teóricos da criminologia tradicional, a criminologia 
ambiental aborda outro foco: foca na prevenção ao crime, e não mais no 
criminoso. 
 
Podemos depreender que a teoria da escolha racional é composta por 
pressupostos que indicam os fatores que conduzem o delinquente a tomar uma 
decisão de cometer ou não o ato ilícito, são quatro os pressupostos apresentados 
na Teoria da Escolha Racional: O criminoso procura o seu benefício através do 
crime; Para o fazer, tem que tomar decisões e fazer opções, por mais 
rudimentares que estas sejam; 
 
Este processo de tomada de decisão é limitado pelo tempo disponível, pela 
acessibilidade da informação relevante e pelas capacidades cognitivas do 
indivíduo. Portanto, a racionalidade da decisão será quase sempre limitada, e não 
total. 
8 
 
Há grandes variações no processo de tomada de decisão (e.g., tempo, fatores 
considerados, etc.) entre diferentes momentos, diferentes crimes e diferentes 
infratores. 
 
A teoria da oportunidade é também conhecida como teoria das atividades 
cotidianas e rotineiras. Supostamente, o desenvolvimento econômico e o fato de 
as mulheres estarem a cada dia mais envolvidas com o trabalho fora de casa são 
fatores que contribuíram para o aumento da criminalidade, tendo em vista que as 
pessoas passam mais tempo com estranhos do que em suas próprias casas. 
 
Nesse panorama, há dez princípios básicos acerca da relação do crime com as 
oportunidades que são criadas e o facilitam, de forma a compreender a ligação 
entre o crime e a oportunidade, são eles: 
1. As oportunidades desempenham um papel importante nas causas de todo o 
crime. A teoria da oportunidade aplica-se geralmente a crimes contra a 
propriedade, mas crimes mais violentos também podem ter origem em uma 
oportunidade favorável. 
2. As oportunidades do crime são altamente específicas. Cada tipo de crime 
ocorre de maneira distinta: um assalto a uma loja de automóveis tem 
características distintas das demais de um assalto a uma banca de revistas. 
3. As oportunidades do crime são concentradas no tempo e no espaço. As 
incidências do crime divergem pela hora do dia e pelo dia da semana. 
Determinados locais e horas do dia são mais perigosos do que outros. 
4. As oportunidades do crime dependem dos movimentos e das atividades 
diárias. Nos deslocamentos para o trabalho ou para a escola, as pessoas 
podem fornecer oportunidades para os criminosos; inclusive a ausência das 
pessoas nas residências ou propriedades pode facilitar um delito. 
5. Um crime produz oportunidades para outros crimes: a prática de um crime 
pode conduzir a outros, como, por exemplo, em um furto a residência em 
que os proprietários chegam ao domicílio durante o crime. Assim, o furto 
pode se converter em roubo, homicídio e outros tipos de violência. 
6. Alguns produtos oferecem mais oportunidades para o crime. O acrônimo 
Viva: valor, inércia, visibilidade e acesso resume esse princípio: por meio da 
análise dessas variáveis, o criminoso sente-se mais ou menos tentado à 
ação criminosa. 
7. As mudanças sociais e tecnológicas produzem novas oportunidades para o 
crime: Os criminosos se adéquam às novas tecnologias e estas passam a 
ser alvos de delitos, como, por exemplo, os celulares e notebooks. 
8. O crime pode ser impedido reduzindo-se as oportunidades: Os métodos de 
prevenção reduzem as oportunidades para a ocorrência dos crimes. 
Inclusive, prevenir o crime é mais barato. 
9. Reduzir oportunidades nem sempre desloca o crime: O crime nem sempre 
se desloca para outra localidade. Ele simplesmente deixa de ocorrer quando 
é reduzida a oportunidade para que ocorra. 
10. O foco na redução das oportunidades pode produzir maiores declínios nos 
crimes. Focar na prevenção para que não existam oportunidades para a 
ocorrência de crimes produz um declínio considerável nos índices de 
criminalidade. 
 
A prevenção situacional deixa de lado o olhar que tradicionalmente se lançava 
sobre o infrator e a sua possível ressocialização e não se preocupa com as 
9 
 
motivações que levam o sujeito a delinquir. Segundo Karpinski, existem cinco 
técnicas principais de medidas situacionais para reduzir os crimes: 
 As que aumentam o esforço da ofensa. 
 As que aumentam o risco da ofensa; 
 As que reduzem a recompensa da ofensa. 
 As que reduzem as provocações para o crime. 
 As que removem as desculpas para o crime. 
 
Torrente comenta que: Para que possamos prevenir que um delito aconteça, 
temos de manter o equilíbrio entre os seguintes elementos: o ofensor motivado, o 
alvo apropriado e a ausência de um guardião capaz. Sobre o mesmo assunto, 
Torrente (citado por Carvalho 2005, p.9) traz outros três princípios: 
1. Incrementar o esforço necessário para cometer um delito, 
2. Minimizar as recompensas do delito 
3. Aumentar as probabilidades. 
 
Capítulo 4 – Construção e manutenção de espaços seguros. 
 
Para Bondaruk: Países como a Inglaterra têm estudos avançados em relação ao 
design contra o crime e somaram à arquitetura conceitos de produtos com design 
adequados para evitar delitos. 
 
Quanto à arquitetura contra o crime,Bondaruk faz uma definição sobre a 
prevenção do crime por meio da arquitetura ambiental, ou seja, a prevenção do 
crime através da arquitetura ambiental, pode ser definida como todas as 
providências a serem tomadas, visando reduzir a probabilidade de acontecimentos 
de delitos, através de modificações no desenho urbano, aumentando assim a 
sensação de segurança. 
 
Empregar recursos adequados para a eliminação de barreiras visuais torna-se 
fator importante para melhorar o campo de observação a partir de edifícios. 
Materiais transparentes, grades, janelas e uma boa iluminação potencializam a 
vigilância natural. 
 
A vigilância natural é tradicionalmente classificada como: 
a) Organizada (exemplo: policiais em patrulhamento, guardas, porteiros, 
vigilantes). 
b) Mecânica (exemplo: iluminação, câmera, trancas, correntes, fechaduras). 
c) Natural (exemplo: janelas, portas de vidro, definição de espaço). 
 
No controle de acesso onde há transição de espaço privado para o semiprivado, 
há a necessidade de maiores cuidados na colocação adequada de cada barreira, 
sejam entradas ou saídas, sejam cercas ou muros, sejam espaços ajardinados e 
iluminação. 
 
O motivo, pelo qual, o controle de acesso torna-se mais complicado de empregar 
em espaços públicos, ocorre, porque esses espaços acabam carecendo de 
técnicas adicionais para cada caso concreto, como, por exemplo, barreiras 
psicológicas. As barreiras psicológicas podem ser utilizadas na forma de 
sinalização, placas de advertência, pavimento de diferentes texturas e cores, 
10 
 
vegetação, ou estruturas físicas. Todas essas medidas devem ser calculadas com 
zelo, tendo em vista que, ao limitarem as manobras do delinquente, podem 
também prejudicar a vítima, dificultando a sua fuga ou mesmo um pedido de 
socorro. 
 
Bondaruk (2015, p. 79 – 80) fala a respeito dos espaços determinados pela 
psicologia e pela cultura que os autores costumam denominar de zonas de 
distância, são quatro zonas de distância: 
1. Zona Íntima: também chamada de zona imediata, vai de 14 cm a 46 cm de 
distância do nosso corpo. Nela, só pessoas com maior nível de intimidade 
podem penetrar, como cônjuges, pais, filhos, amigos íntimos e parentes. 
2. Zona pessoal: de 46 cm a 1,20 m, é a distância em que pessoas ficam em 
reuniões sociais, como festas, atividades, coquetéis e reuniões de amigos. 
3. Zona social: de 1,20 m a 3,60 m, é a distância que mantemos de estranhos, 
como um encanador que nos presta um serviço em casa, um carteiro ou o 
entregador de supermercado ou qualquer pessoa que não conhecemos 
bem. 
4. Zona pública: mais 3,60m. Quando estamos na presença de um grupo 
maior de pessoas as quais não conhecemos, é nessa distância que nos 
sentimos seguros. 
 
A abordagem 3D trata da utilização do espaço e da sua adequada gestão. 
Conceitualmente são três os princípios implementados através da abordagem dos 
3D: Designação, definição e design. 
 
Conforme orienta Carvalho (2015, p.39) apud Karpinski (2016) “é de se realçar o 
fato de terem surgido diferentes guias de boas práticas com base nos princípios 
enunciados no Cpted, e que apresentam diversas propostas de checklist a utilizar. 
 
O checklist é de uso bastante comum, o termo designa nada mais do que uma lista 
de checagem que utilizamos como garantia de que não esquecemos de algo 
importante em um determinado processo. Também pode ser utilizado para impedir 
que cometamos algum engano. 
 
A segurança de residências e condomínios segue, no tocante à arquitetura contra 
o crime, as mesmas noções que devem, como já comentamos, serem adaptadas 
para cada caso específico. Bondaruk (2015) acerca das linhas de defesa, ressalta 
que são três perímetros de proteção que estão localizados entre o que queremos 
proteger do delinquente. Sobre as linhas de defesa, os quatro elementos que a 
compõe são: 
1. Cercamento: tão importante quanto portas e janelas, pode ser feito de 
muros ou grades, mas devemos atentar sempre para adequarmos os 
procedimentos mais vantajosos para o caso concreto em que aplicaremos o 
cercamento. 
2. Concertina: feitas de metal, com aspecto de espiral, são geralmente 
colocadas sobre as cercas e muros. 
3. Cercas elétricas: com a mesma função da concertina, porém utilizando 
energia elétrica, são geralmente colocadas sobre cercas e muros. 
4. Eclusas: sistemas de portões compartilhados, em que há a abertura de um 
até o veículo ultrapassá-lo e somente após o fechamento do primeiro portão 
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o segundo é aberto, permanecendo o veículo e os seus ocupantes em uma 
espécie de “gaiola de segurança”. 
 
Outro conceito interessante ao nosso estudo, retirado do documento Capacitação 
em acessibilidade da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa 
com Deficiência, está relacionado também ao design. 
 
O Desenho Universal significa a concepção de produtos, ambientes, programas e 
serviços a serem utilizados, na maior medida possível, por todas as pessoas, sem 
necessidade de adaptação ou projeto específico. O “Desenho Universal” não 
excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas com deficiência, 
quando necessário. 
 
Capítulo 5 – O papel da segurança e da sustentabilidade urbana 
 
A conferência nas Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida 
como Rio+20, trabalhou no desenvolvimento de objetivos e metas para 
implementar os objetivos de desenvolvimento do milênio. 
 
Na época, foi decidido que o processo dever ser intergovernamental e aberto a 
todos. Nessa ideia, foi aprovado o documento “Transformando nosso mundo: a 
agenda 2030 para desenvolvimento sustentável” que trouxe os cinco “P”. Tratava-
se de um plano de ação que visava guiar as pessoas na busca da erradicação da 
Pobreza em todos os seus aspectos em direção da Prosperidade, da Paz, das 
Parcerias e da proteção do Planeta. 
 
Composto por 17 objetivos denominados objetivos de desenvolvimento sustentável 
(ODS), foram organizados em 169 metas. O autor selecionou 2 objetivos: 
 Objetivo 11 = Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, 
seguros, resilientes e sustentáveis. 
 Objetivo 16 = Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o 
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e 
construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. 
 
Capítulo 6 – Evitação do crime contra a vida 
 
Conforme o Código Penal temos no mínimo quatro crimes contra a vida: o 
homicídio, o suicídio, o infanticídio e o aborto. Ainda há de se verificar todos os 
desdobramentos e as agravantes desses delitos. 
 
Ainda em 2015, houve a inclusão do feminicídio, que é crime de homicídio 
cometido especificamente contra a mulher por razões da condição social do sexo 
feminino. 
 
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático foi criado por militares que foram 
expostos a experiência de guerra. Ao retornarem do combate, esses militares não 
conseguiram retomar suas rotinas, apresentando transtornos psíquicos. 
 
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático é um transtorno de ansiedade que 
acomete o indivíduo que tenha sofrido ou presenciado algum tipo de violência, 
gerando um trauma no mesmo. 
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Uma das causas para que este indivíduo venha desenvolver o TEPT é a violência, 
gerando traumas que podem prejudicar consequentemente a saúde mental dos 
indivíduos. 
 
Cerqueira (2016) traz uma importante análise sobre a vitimização fatal da 
juventude, pois situa a vitimização de acordo com a idade e o grau de instrução 
dos indivíduos. Os picos de homicídios ocorrem com homens de 21 anos de idade 
e demonstra que aqueles com instrução maior do que 8 anos têm menos 
probabilidade de serem vitimizados. Já as pessoas na faixa dos 21 anos de idade 
com menos de oito anos de escolaridade têm 5,4 vezes mais chance de serem 
vítimas de homicídios.

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