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Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandos Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandosa) Dennys L. A. Rocha,1, b) Gabriel Adriano de Melo,1, c) and Guilherme A. H. C. C. Lima1, d) Alunos de graduac¸a˜o do Instituto Tecnolo´gico de Aerona´utica (Dated: 04 de agosto de 2016) Neste trabalho estudou-se as func¸o˜es ba´sicas de um oscilosco´pio, identificando seus principais comandos e func¸o˜es. Realizou-se medic¸o˜es de tenso˜es em modos de pico a pico (Vpp), root mean square voltage - do portugueˆs tensa˜o quadra´tica me´dia (VRMS) e me´dia. Para isso, utilizou-se como paraˆmetros valores de frequeˆncias, amplitudes e formatos de onda (senoidal, quadrada e triangular), ale´m de ajustes realizados no oscilosco´pio para melhor entendimento dos resultados, como translac¸o˜es no eixo de tempo e ajustes de escalas. Palavras-chave: oscilosco´pio, tensa˜o, pico a pico, RMS, frequeˆncia, gerador, RMS. In this work we studied the basic functions of an oscilloscope, identifying its major commands and function. Several voltage measurements such as peak to peak voltage (Vpp), root mean squase voltage (VRMS) and average voltage were made. For that, we used frequency, amplitudes and waveforms (sinusoidal, square and triangular) as parameters of the oscilloscope. We also made adjustments to the oscilloscope for a better understanding of the results, such as translations in time axis and scale adjustments. Keywords: oscilloscope, voltage, peak to peak, frequency, generator, RMS. I. INTRODUC¸A˜O O oscilosco´pio e´ um instrumento (de medic¸a˜o) que per- mite visualizar graficamente sinais ele´tricos. Na maioria das aplicac¸o˜es, o oscilosco´pio mostra como e´ que um si- nal ele´trico varia no tempo. Neste caso, o eixo vertical (YY) representa a amplitude do sinal (tensa˜o) e o eixo horizontal (XX) representa o tempo (Figura 1).[1] Figura 1. Eixos X (tempo) e Y (voltagem) num oscilosco´pio ([Tektronics, 1997a]). a)Folha de aux´ılio: Oscilosco´pio de armazenamento digital - Ma- nual do usua´rio. Dispon´ıvel em goo.gl/dpnSfv. b)Enderec¸o eletroˆnico: dennysrocha.1994@gmail.com c)Enderec¸o eletroˆnico: gaadrime.melo@gmail.com d)Enderec¸o eletroˆnico: guilherme.ahccl@gmail.com Um gra´fico deste tipo podera´ dizer-nos diversas propri- edades acerca de um sinal, como por exemplo determinar valores de tensa˜o e temporais de um sinal, a frequeˆncia de um sinal perio´dico, a componente cont´ınua (CC) e alternada (CA) de um sinal, detectar a interfereˆncia de ru´ıdo num sinal (e, por vezes, elimina´-lo) e comparar dois sinais num dado circuito, nomeadamente a entrada e a sa´ıda, permitindo tirar as mais variadas concluso˜es, tais como se um dado componente esta´ avariado. A pra´tica do presente relato´rio teve como objetivo es- tudar as func¸o˜es principais (mais simples) de um osci- losco´pio atrave´s de uma diferenc¸a de potencial com cer- tas caracter´ısticas (formato, frequeˆncia e caracter´ıstica), provenientes de um gerador de func¸o˜es e tambe´m de uma pilha seca, comparando alguns casos com resultados ob- tidos por um mult´ımetro comum. Estudou-se o ajuste do oscilosco´pio, o engatilhamento, a aquisic¸a˜o de sinais em diferentes formatos de onda, as escalas e posicionamento das formas de onda e as medidas das formas de onda, como os diferentes tipos de tensa˜o. Figura 2. Painel frontal do oscilosco´pio TDS 1002B, disposi- tivo utilizado para a pra´tica experimental. Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandos 2 II. METODOLOGIA E RESULTADOS Como fonte de tensa˜o, utilizou-se de uma pilha seca e um gerador de sinais, que produziu ondas dos tipos senoidal, quadrada e triangular, em regime de corrente cont´ınua (DC) e alternada (AC). Para a medic¸a˜o dos si- nais, utilizou-se de um mult´ımetro da marca Minipa e um oscilosco´pio do modelo TDS 1002B, da Tektronix. A. Parte A Para a pilha seca, utilizando o oscilosco´pio em regime de corrente cont´ınua e o mult´ımetro, obtiveram-se valores ideˆnticos para cada tipo de medic¸a˜o da tensa˜o da pilha (Tabela I). Tabela I. Tensa˜o da pilha medida pelo mult´ımetro (escala de 2 V) e oscilosco´pio. Oscilosco´pio Mult´ımetro 1,56 1,553 1,56 1,553 1,56 1,553 1,56 1,553 1,56 1,553 Valor me´dio 1,56 1,553 Unidade V V As diferenc¸as entre os valores medidos sa˜o oriundos de impreciso˜es de medic¸o˜es tanto internas (resisteˆncia in- terna de um mult´ımetro, por exemplo) quanto externas (manuseio, conexa˜o imperfeita entre terminais, impure- zas, etc) do experimento. Apesar disso, considerando um experimento de precisa˜o razoa´vel (ate´ 5% de diferenc¸a en- tre os diferentes me´todos de medic¸a˜o), as diferenc¸as sa˜o bastante baixas. Em seguida, com o gerador de func¸o˜es calibrado para gerar ondas em formato senoidal, com frequeˆncia igual a 100 Hz e amplitude no valor ma´ximo permitido pelo gerador, os paraˆmetros de medic¸a˜o regulados para se ob- ter os valores de tensa˜o quadra´tica me´dia (VRMS , do ingleˆs root mean square voltage), tensa˜o de pico a pico e tensa˜o me´dia, injetou-se o sinal no canal CH1 (Figura 3, Apeˆndice A), registrou-se os valores e mediu-se a tensa˜o RMS com o mult´ımetro. Repetiu-se o procedimento para sinais de onda em formato quadrado (Figura 4, Apeˆndice A) e triangular (Figura 5, Apeˆndice A), todas de mesma frequeˆncia igual a 100 Hz e amplitude de sinal ma´xima. Os dados foram representados na Tabela II. Neste caso, os valores diferentes de tenso˜es para um mesmo formato de onda se deve ao me´todo com o qual se faz seu ca´lculo. A tensa˜o de pico a pico mede o dobro da amplitude da tensa˜o de pico da onda no eixo de tensa˜o (Eixo Y na Figura 1), enquanto que a tensa˜o RMS faz o ca´lculo da ra´ız da me´dia quadra´tica e a tensa˜o me´dia a pro´pria me´dia. Note que, pelo fato das ondas serem Tabela II. Medic¸o˜es feitas pelo oscilosco´pio para os diferentes formatos de onda na frequeˆncia de 100 Hz. Legendas: Vpp = tensa˜o pico a pico, VRMS = tensa˜o RMS, V¯ = tensa˜o me´dia e Mult´ımetro = tensa˜o RMS medida pelo mult´ımetro. Todas as tenso˜es foram medidas em V (volts). Onda Vpp VRMS V¯ Mult´ımetro Senoidal 18,2 6,5 ±15 6,40 Quadrada 20,2 9,93 ±10 11,00 Triangular 18,8 5,39 ±7 5,13 Unidade V V mV V sime´tricas (ou quase, como sera´ explicado na sequencia), a tensa˜o me´dia deveria necessariamente resultar em valor nulo, o que na˜o acontece. A explicac¸a˜o para a onda ser ”quase”sime´trica prove´m do fato de que existem alguns ru´ıdos na transmissa˜o e obtenc¸a˜o do sinal do gerador, o que acaba prejudicando (muito pouco, como se veˆ pelos pequenos valores de V¯ ) a simetria das ondas. Para pre- ciso˜es na˜o ta˜o elevadas, pode-se considerar as ondas com uma simetria boa. Os valores medidos pelo mult´ımetro sa˜o todos fei- tos atrave´s de ca´lculos para ondas de formato senoi- dal, portanto, como se veˆ (e tambe´m se espera) pelo resultado da Tabela II, a onda senoidal e´ a u´nica que tem um valor RMS semelhante (na˜o sa˜o exatamente iguais pois ainda existem outros erros inerentes ao ex- perimento, como ja´ citados no para´grafo anterior) tanto para a medic¸a˜o do oscilosco´pio quanto para a medic¸a˜o do mult´ımetro. Os outros diferentes formatos remetem a modos de ca´lculo diferentes e, portanto, justificam as diferenc¸as nas medic¸o˜es. B. Parte B Alterando a frequeˆncia do gerador para 200 Hz e retor- nando o sinal ao canal CH1, injetou-se uma onda senoi- dal com amplitude de 4 Vpp, ajustando-a para torna´-la sime´trica (Figura 6, Apeˆndice A). Com o oscilosco´pio pronto para medir as tenso˜es de pico, pico a pico e RMS, ale´m da frequeˆncia e per´ıodo de pulso da onda, obtiveram-se os resultados expressos na Tabela III. Tabela III. Medic¸o˜es feitas pelo oscilosco´pio para a onda se- noidal de 200 Hz com amplitude de 4 Vpp.Legendas: Vp = tensa˜o pico, Vpp = tensa˜o de pico a pico, VRMS = tensa˜o RMS, f = frequeˆncia do pulso da onda e T = per´ıodo do pulso da onda. Vp Vpp VRMS f T 2,00 4,00 1,44 200,6 4,984 Desvios 0,01 0,01 0,01 0,1 0,05 Unidade V V V Hz ms Apo´s a medic¸a˜o em frequeˆncia de 200 Hz, alterou-a para os valores de aproximadamente 430 e 1330 Hz, me- Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandos 3 dindo as tenso˜es de pico em cada uma delas (Figuras 7 e 8, respectivamente, Apeˆndice A). Os dados obtidos, in- cluindo para a frequeˆncia de 200 Hz, foram expostos na Tabela IV. Tabela IV. Medic¸o˜es feitas pelo oscilosco´pio para a onda se- noidal em diferentes frequeˆncias. Legenda: Vp = tensa˜o pico. 200,6 Hz 431,8 Hz 1330 Hz Tensa˜o de pico (V) 2,00 2,00 2,00 Desvios (V) 0,01 0,01 0,01 Per´ıodo (ms) 4,984 2,316 0,752 Como era de se esperar, na˜o ha´ alterac¸a˜o nos valores de pico das tenso˜es medidas em diferentes frequeˆncias. Isso se deve ao fato de que a frequeˆncia de oscilac¸a˜o das ondas interfere apenas na sua fase (tomando sempre regimes es- taciona´rios, isto e´, desconsiderando regimes transito´rios). Retornando o gerador para a onda senoidal de frequeˆncia 200 Hz, ajustou-se o ganho do gerador para obter 4 Vpp. Injetou-se, simultaneamente, o mesmo si- nal no canal CH1 e CH2, utilizando a func¸a˜o AUTO- SET para o canal CH2. Obtidas as seno´ides, utilizou- se as operac¸o˜es “+” e “-” da func¸a˜o Mathematics, que geraram, respectivamente, soma e subtrac¸a˜o das ondas dos canais CH1 e CH2 (Figuras 9 e 10, respectivamente, Apeˆndice A). Os valores das tenso˜es medidas foram ex- pressas na Tabela V. Tabela V. Medic¸o˜es feitas pelo oscilosco´pio para duas ondas senoidais iguais e de 200 Hz (uma no CH1 e outra no CH2) e a resultante matema´tica (“M+” para a soma e “M-” para a subtrac¸a˜o dos sinais) da soma e subtrac¸a˜o dessas ondas. Legenda: Vp = tensa˜o pico. CH1 CH2 M+ M- 2,24 2,32 4,56 80,0 Desvios 0,01 0,01 0,01 14,1 Unidades V V V mV Nota-se que a soma das tenso˜es de pico resultaram na mesma tensa˜o obtida pela operac¸a˜o M+, que condiz com o esperado num modelo teo´rico (superposic¸a˜o de ondas em fase). Ha´ de se levar em conta a precisa˜o do aparelho de medic¸a˜o, que provavelmente na˜o foi isento de ru´ıdos e, portanto, pode na˜o apresentar uma precisa˜o ta˜o alta dependendo da sua aplicac¸a˜o. Para a operac¸a˜o M-, o esperado era que a tensa˜o ob- tida fosse numericamente igual a zero, o que na˜o ocor- reu. A diferenc¸a notada (Tabela V) mostra a existeˆncia de ru´ıdos na transmissa˜o e/ou obtenc¸a˜o do sinal do gera- dor. Ru´ıdos podem ser provenientes de impreciso˜es inter- nas aos aparelhos (decorrentes do mal uso, por exemplo), de impurezas e ma´ operac¸a˜o por parte de quem conduzia o experimento. III. CONCLUSA˜O Os resultados apresentados corroboram um ponto im- portante a se destacar quando trabalhamos com corrente alternada, que e´ a utilizac¸a˜o de uma ferramenta que cal- cule corretamente os valores de tensa˜o em diversos for- matos de onda, como por exemplo o senoidal, quadrado ou triangular, estudados neste relato´rio. De fato, como se observou pelas diferenc¸as entre os valores obtidos com o mult´ımetro e o oscilosco´pio (que calcula de maneira correta as tenso˜es RMS), o mult´ımetro apresenta valo- res divergentes em relac¸a˜o ao esperado pelos resultados do oscilosco´pio, isto e´, o mult´ımetro na˜o calcula corre- tamente a tensa˜o RMS em func¸o˜es na˜o-senoidais, sendo portanto uma ferramenta imprecisa nestes casos (ondas na˜o-senoidais). Notou-se tambe´m a existeˆncia de ru´ıdos nos resultados gerados pelo oscilosco´pio que podem ser justificados pela falta de conhecimento pre´vio no manuseio de um osci- losco´pio por partes dos condutores do experimento, ale´m de imperfeic¸o˜es e impreciso˜es dos aparelhos, agravantes em desvios de resultados ideais. Em suma, para a proposta de aproximac¸a˜o inicial a uma ferramenta de trabalho ate´ enta˜o desconhecida pelos integrantes do experimento, o experimento foi de grande valia, introduzindo algumas das principais func¸o˜es do os- cilosco´pio e suas vantagens em relac¸a˜o a` outros me´todos de medic¸o˜es (no caso, do mult´ımetro em tenso˜es RMS para alguns formatos de onda). IV. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao ITA e especialmente ao Departamento de F´ısica do ITA por permitirem que esse experimento fosse realizado. Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandos 4 Apeˆndice A: Imagens obtidas do oscilosco´pio Figura 3. Representac¸a˜o da onda de formato senoidal com frequeˆncia 100 Hz obtida pelo gerador de func¸o˜es no osci- losco´pio. Figura 4. Representac¸a˜o da onda de formato quadrado com frequeˆncia 100 Hz obtida pelo gerador de func¸o˜es no osci- losco´pio. Figura 5. Representac¸a˜o da onda de formato triangular com frequeˆncia 100 Hz obtida pelo gerador de func¸o˜es no osci- losco´pio. Figura 6. Representac¸a˜o da onda de formato senoidal com frequeˆncia 200,6 Hz obtida pelo gerador de func¸o˜es no osci- losco´pio. Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandos 5 Figura 7. Representac¸a˜o da onda de formato senoidal com frequeˆncia 431,8 Hz obtida pelo gerador de func¸o˜es no osci- losco´pio. Figura 8. Representac¸a˜o da onda de formato senoidal com frequeˆncia 1330 Hz obtida pelo gerador de func¸o˜es no osci- losco´pio. Figura 9. Representac¸a˜o da onda resultante pela soma das ondas dos canais CH1 e CH2. Figura 10. Representac¸a˜o da onda resultante pela subtrac¸a˜o das ondas dos canais CH1 e CH2. Introduc¸a˜o ao Oscilosco´pio: operar e identificar seus principais comandos 6 REFEREˆNCIAS 1M. F. Alves, “Abc do oscilosco´pio,” sebenta publicada na editorial do Instituto Superior de Engenharia do Porto, 2a Edic¸a˜o, 1998.
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