Buscar

CCJ0019-WL-A-PP-Ponto 04 - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - Sabrina Rocha

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso completo de Direito Constitucional
Profª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha
Atualizada até a EC n° 71 de 29/11/12
Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das obras de doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. J. Gomes Canotilho, José Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, Walber de Moura Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson Nery Costa/Geraldo Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & William Douglas, Henrique Savonitti Miranda e tomou por base a apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos pessoais.
PONTO 4 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
	Iniciaremos a análise do artigo mais extenso da Constituição Federal e o mais importante para os cidadãos brasileiros. Segundo alguns doutrinadores é o verdadeiro Código do Cidadão.
	Podemos agrupar os direitos fundamentais em três grandes categorias, conforme seu objeto imediato, pois o mediato está calcado sempre na liberdade.
Direitos cujo objeto imediato é a liberdade: locomoção (LXVIII), pensamento (IV, VI, VII, VIII, IX), reunião (XVII), associação (XVII a XXI), profissional (XIII), ação (II), liberdade sindical ( 8º) e direito de greve (9º);
Direitos cujo o objeto imediato é a segurança: dos direitos subjetivos em geral (XXXVI), em matéria penal (XXXVII a LXVIII), do domicílio (XI);
Direitos cujo o objeto imediato é a propriedade: em geral (XXII), artística, literária e científica (XXVII a XXIX), hereditária (XXX e XXXI)
Art.5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
		No caputse encontra o Princípio da Igualdade formal ou princípio da isonomiaobjetiva. O que se veda (proíbe) são diferenças arbitrárias, discriminações absurdas, pois, tratamento desigual em casos desiguais, na medida em que desigualam (igualdade material), é exigência tradicional do próprio conceito de justiça. Assim, só se tem por violado este princípioquando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito. 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Traduz a igualdade entre os sexos, permitindo apenas às diferenças que a própria Constituição trouxer (de que é exemplo a licença paternidade de 5 dias para o homem e maternidade de 120 dias para a mulher).
OBS: alguns Entes Federados, como o Estado de Pernambuco e o Município do Recife, já aprovaram leis que estendem a licença maternidade para 180 dias (6 meses), o que acho um exagero. Se isto for estendido para o setor privado, com certeza será uma forma de aumentar a discriminação do mercado de trabalho para as mulheres, apesar da vedação constitucional a tal prática. E estes mesmos entes também aumentaram a licença paternidade para 15 dias.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei
O inciso traz à tona o princípio da legalidade genérico, um dos alicerces do Estado de Direito. Decreto editado pelo Presidente da República, por exemplo, ou mesmo portaria não se prestam a criar obrigações.
Diferença entre legalidade e Reserva Legal
	O Princípio da legalidade é abstrato, uma vez que todos os seres estão sujeitos a ele, pois estamos inseridos no estado de Direito, como dito.
	O da Reserva Legal ou Legalidade restrito é concreto. É o tratamento exclusivo pelo legislativo. A matéria ou o ato só pode ser feito de acordo com os ditames da lei.
Reserva legal absoluta, que requer uma lei formal, feita pelo Poder Legislativo.
Reserva legal relativa, que requer a atuação de um órgão administrativo que estabeleça as regras para o ato, conforme determinação de uma lei formal.
OBS: alguns doutrinadores alegam que a reserva legal está para a Administração, uma vez que ele (administrador) só pode agir se existir uma lei dando a autorização para cada ato. Contudo, atos há na vida civil que também requerem uma observância estanque aos ditames da lei, por exemplo:
Você pode escolher livremente qualquer profissão a seguir (Princípio da legalidade), contudo para o exercício de certas profissões, ou quase todas, você precisará se adequar aos ditames da lei que regulamenta esta profissão para poder exercê-la (Princípio da reserva legal). A diferença é que nós temos uma liberdade que a Administração Pública não possui, mas não podemos dizer que só ela está submetida a este princípio.
II - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Já estudamos que a dignidade da pessoa humana se constitui em um fundamento da República federativa do Brasil. Pois bem, este inciso é corolário daquele fundamento. Este preceito mais se aproxima de uma garantia constitucional do que um direito individual.
Tortura: constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental.
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato:
A liberdade de pensamento decorre do direito à liberdade, constante no caput deste artigo, e é própria dos Estados Democráticos de Direito. 
A proibição ao anonimato é necessária para que, sabendo-se quem seja o autor, o eventual prejudicado possa defender-se e peticionar eventual indenização pelo abuso do direito de manifestação do pensamento. Isto se dá pelo fato do Estado brasileiro não ter censura. Assim, temos apenas que assumir as nossas palavras para nos responsabilizarmos pelos nossos excessos (responsabilidade civil e penal).
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Este inciso assegura ao ofendido o direito de resposta. A proporcionalidade deve ser observada mediante a utilização do mesmo meio da ofensa (exemplo: se a ofensa foi por jornal o direito de resposta será por jornal). A indenização poderá ser obtida através de ação judicial própria. O dano material abrange os danos emergentes e os lucros cessantes. O dano moral diz respeito à intimidade, sendo desnecessário saber-se se terceira pessoa tomou conhecimento da ofensa. O dano à imagem atinge a pessoa em suas relações externas, ou seja, a maneira como ela é vista por outras pessoas. 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a sua liturgia;
	Este é o princípio da escusa de consciência, que não atinge grau absoluto, pois não se admite atos atentatórios a lei. A liberdade de consciência constitui o núcleo básico de onde derivam as demais liberdades de pensamento.
inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença => ficam constitucionalmente protegidas contra qualquer tipo de ação ou violência a consciência (= o foro íntimo, o mais reservado pensamento onde o homem se abstrai do mundo externo para vagar sobre si, sobre o mundo etc.) e a crença (= é a fé religiosa, subjetivamente considerada);
asseguração ao exercício livre dos cultos religiosos => ninguém poderá perturbar ou intervir na adoração alheia à divindade, de qualquer religião, que esse venerador acredita existir. Cultuar é a externação das homenagens solenes a algo, a alguém ou a alguma coisa;
garantia de proteção ao local de culto e às liturgias, de conformidade com a lei => a Constituição estende a proteção aos templos e demais locais físicos onde os fiéis se reúnem para exercitar a adoração à sua divindade. Do mesmo modo, está a salvo de qualquer interferência do poder público a liturgia religiosa, isto é, o ritual, a solenidade, o cerimonial etc., desde que exercido nos limites da lei ou que não seja criminoso.
	Não se pode deixar de anotar que a Constituiçãoseparou o Estado da Religião, o que revela ser o Brasil um Estado laico ou não confessional, ou seja, sem religião oficial e com liberdade de culto. O cidadão vai poder professar a sua fé desde que seja respeitado o ordenamento jurídico em quaisquer manifestação, com base no Estado de direito. Eis a razão por que não se admite sejam feitos sacrifícios humanos em ofertórios ritualísticos (prática de crime) ou que certo grupo passe em vigília toda uma noite e, com isso, perturbe o repouso da vizinhança (direito ao repouso).
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
Entidades de internação coletiva são hospitais, asilos, presídios, quartéis etc. Tendo em vista que os internos não podem ir até os locais onde é professada sua religião ou é prestada a assistência religiosa de que necessita, o Poder público está obrigado a permitir que isso aconteça nos locais em que se encontram internados. É um direito subjetivo do doente ou interno com o fim de amparo espiritual.
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicçãofilosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
A norma é notadamente de eficácia contida, ou seja, restringível. A lei dirá qual a prestação alternativa que terá que ser cumprida por aquele que se eximir, por motivo de crença religiosa (ex: um budista) ou de convicção filosófica (um pacifista) ou política (um marxista), da obrigação legal a todos imposta (ex: serviço militar). Só será privado de direitos com a perda dos direitos políticos, caso se recuse a cumprir a prestação alternativa. Calcado também no princípio da escusa de consciência.
IX -é livre a expressão da atividadeintelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Complementa este inciso o §2º, art. 220, da Constituição que “veda toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. No entanto, compete à lei federal exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão, informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada, bem como estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas de rádio e televisão que desrespeite os valores éticos e sociais (art. 21, XVI, c/c art. 220, §3º, I e II, art. 221, I e IV). 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
O direito à privacidade decorre do direito à liberdade, de que trata o caput. São válidos os comentários feitos quando discutimos o inciso V. 
Todos têm o direito a se reservar e manter inalterada sua vida íntima e de sua família, sem a afetação dos valores cultuados. A intimidade é pessoal, enquanto a vida privada se estende ao campo profissional e social.
	“A proteção à honra consiste no direito de não ser ofendido ou lesado na sua dignidade ou consideração social”, conforme professa Celso Bastos Ribeiro.
	O direito à imagem está mais perto quando dos relacionamentos externos. O Texto Maior proíbe a distorção da imagem de alguém por outrem.
	Portanto, havendo a violação de qualquer desses valores, o ofensor responde civilmente (em pecúnia ou dinheiro) pelos danos (estragos), materiais ou morais, que eventualmente cause ao ofendido.
	O regramento protege tanto as pessoas naturais (honra subjetiva e objetiva, que ficam resguardadadas em face dos crimes de injúria e difamação, respectivamente) quanto às pessoas jurídicas, pois que estas têm a chamada honra objetiva, isto é, a consideração e o respeito dos que com ela se relacionam e a conhecem (é a expressão externa da personalidade da pessoa jurídica que deve ficar a salvo da prática da difamação).
Súmula 227 STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Data 08/09/1999
RESP 214381/ MG DJ 2911/1999 Min. Sálvio de Figueiredo DJ 29/11/1999
	Ementa
	COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. PROTESTO DE DUPLICATA PAGA NO
VENCIMENTO. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. ARBITRAMENTO. PRECEDENTES.
RECURSO DESPROVIDO.
I - A evolução do pensamento jurídico, no qual convergiram jurisprudência e doutrina, veio a afirmar, inclusive nesta Corte, onde o entendimento tem sido unânime, que a pessoa jurídica pode ser vítima também de danos morais, considerados estes como violadores da sua honra objetiva (isto é, sua reputação junto a terceiros).
II - Em se tratando de duplicata paga no dia do vencimento, deve o banco responder pelo dano moral decorrente do protesto que levou a efeito.
III - A indenização por dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte empresarial das partes, às suas atividades comerciais e, ainda, ao valor do negócio. Há de orientar-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência e do bom senso, atento à realidade da vida, notadamente
à situação econômica atual e às peculiaridades de cada caso.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
De todos os incisos que comentamos, este é sem dúvida o mais solicitado pelos concursos. Temos que deixar claro: 1 – em caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro, pode-se entrar sem consentimento do morador a qualquer hora do dia ou da noite; 2 – afora essas três hipóteses, só durante o dia com autorização judicial (cuidado com as cascas de banana do tipo “autorização policial” ou autorização do promotor”). Sabendo disto você não errará a questão. Quanto à questão do dia, o art. 172 do CPC dispõe que, para fins exclusivos dos atos do processo civil, “os atos processuais realizar-se-ão das 6 às 20 horas”.
O STF já decidiu que “para os fins da proteção constitucional a que se refere o art. 5º, XI, da Carta Política, o conceito normativo de casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade (CP, art. 150, § 4º, III), compreende os consultórios profissionais dos cirurgiões-dentistas.”
Flagrante delito: o art. 302 do CPP : “ considera-se em flagrante delito quem está cometendo a infração penal (flagrante próprio), acaba de cometê-la (flagrante impróprio), é perseguido, logo após (flagrante presumido), pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser ele autor da infração; é encontrado, logo depois com instrumentos, que façam presumir ser ele autor da infração” . OBS: o flagrante preparado não autoriza a prisão.
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicaçõestelegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
 Inciso reiteradamente solicitado nos concursos, ao qual você deverá dar a máxima atenção. Em face de sua importância, vou reproduzi-lo de outra maneira: é inviolável o sigilo de correspondência e dascomunicações telegráficas, de dados e dascomunicações telefônicas, salvo,no último caso,por (1)ordem judicial, nas (2) hipóteses e na forma que a lei estabelecerpara (3) fins deinvestigação criminal ou instrução processual penal
No tocante às comunicações telefônicas existe exceção desde que satisfeitas, ao mesmo tempo, as seguintes condições : a) ordem judicial; b) lei que estabeleça as hipóteses e; c) sejapara fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Não esqueçam: trata-se de norma constitucional de eficácia contida. Assim, só poderá o juiz ordenar nas hipóteses da lei. 
A lei 9.296/96, de 24.7.1996, regulamentou este inciso da Constituição, e no art. 2º, afirmou que não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer destas hipóteses: 
Haver autorização judicial para investigação, que tanto pode se dar na fase do inquérito quanto na fase processual;
Houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
A prova não puder ser obtida por outros meios disponíveis;
O fato investigado constituir infração penal punida com pena de reclusão. 
OBS: Estabelecer a diferença entre Gravação Clandestina, Grampo telefônico e Interceptação telefônica.
Há ainda que se ter em mente a possibilidade excepcional de violação do sigilo de correspondência. O STF decidiu “pela possibilidade excepcional de interceptação de carta de presidiário pela administração penitenciária”, entendendo que a “inviolabilidade do sigilo epistolar (correspondência) não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas” (HC 70.814-5/SP, Rel: Ministro Celso de Mello). Nenhuma liberdade individual é absoluta, sendo possível a sua relatividade, respeitado certo parâmetro, sempre as liberdades públicas estejam sendo utilizadas como instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.
	Em caráter excepcionalíssimo, poderão ocorrer restrições aos direitos indicados neste inciso, (estado de defesa e estado de sítio), art. 136, § 1º, b e c, e art. 139, III, respectivamente. 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida. Enquanto não for promulgada a lei é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão. Por exemplo, qualquer um de nós pode exercer a profissão de pedreiro; o mesmo não acontece com as profissões de engenheiro, médico ou advogado, pois, nestas, só poderemos exercê-las se atendermos as qualificações e os requisitos, estabelecidos nas leis respectivas, reserva de lei absoluta. 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Se uma informação não está protegida por segredo de justiça ou sigilo oficial, todos têm o direito constitucional de tomá-la e conhecê-la.
	Por outro lado, há informações de que uma pessoa somente tem acesso a elas, em razão de sua profissão, como, p. ex., o advogado, o repórter, o ministro religioso etc.; nessas circunstâncias em que a informação fora obtida por um profissional sob sigilo da fonte de onde veio, porque não pode ou não quer vir a público, o profissional não está obrigado a revelar a fonte de onde surgiu a notícia, desde que sejam apresentadas as provas da veracidade das informações.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
	O direito de ir e vir é, em tempo de paz, assegurado a qualquer pessoa que pretenda se locomover no território do Brasil, sejam brasileiros, sejam estrangeiros. Qualquer ato atentatório (ilegal ou abusivo) da liberdade de locomoção, praticado por autoridade pública contra uma pessoa, desafia a impetração do habeas corpus (tenhas o teu corpo) como instrumento suficiente para estancar o cerceamento desse direitode livre trânsito.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Este inciso, apesar de bastante solicitado nos concursos, não tem originado interpretações complexas. Muito cuidado: esse prévio aviso não é requerimento ou pedido; é comunicação e tem por objetivo não prejudicar outra reunião já marcada para o mesmo local. Por reuniões entenda-se, entre outras, passeatas de protestos, comícios, procissões. Isto serve para que as autoridades possam facilitar o exercício do direito, como por exemplo desviar o trânsito. 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Trata-se de um direito deferido a uma coletividade de pessoas, físicas ou jurídicas, para fins os mais variados (recreativo, artístico, comercial etc.) e desde que não contrariem a lei penal posta, nem tenham objetivo paramilitar (corporações fardadas, armadas e adestradas, mas que não são organizações dos Estados).
	Segundo Celso Ribeiro Bastos, a associação seria “a reunião estável e permanente de pessoas, objetivando a defesa de interesses comuns, desde que não proibidos pela Constituição ou afrontosos da ordem e dos bons costumes”.Obs: art. 288 do Código Penal – formação de quadrilha ou bando.
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
A história tem demonstrado ao homem que a aglutinação em torno de associações para defesa de interesses comuns tem dado maior repercussão frente ao poderio político dominante e apresentado melhores e rápidos resultados práticos.
	O grupo interessado na formação desses tipos de pessoas jurídicas privadas(,) não tem necessidade de requerer prévia autorização ao poder público. Relativamente às cooperativas, a lei estabelece certas exigências a serem observadas para sua existência ou criação.
	Em ambos os casos, a Constituição não admite que o Estado interfira nos interesses privados e na gestão das associações e das cooperativas.
O direito de criar associação é regra de eficácia plena, quanto às cooperativas, regras de eficácia contida.
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Sabe-se que é livre a criação ou instituição de associações para fins lícitos e que o Estado não pode, por barreira de status constitucional, intervir na gestão de seus interesses e negócios; contudo, poderá surgir um caso, p. ex., em que a entidade associativa se desvie da finalidade lícita ou tenha sido formada por meio irregular à luz do direito.
	Em tais hipóteses, dentre outras, poderão ter suas atividades suspensas (paralisação temporária do funcionamento) por ordem de Autoridade Judicial. A dissolução (ou extinção)compulsória (ou obrigatória), como medida extrema que faz desaparecer o próprio ente associativo, exige que a ordem da Autoridade Judicial se dê por ato de sentença com o trânsito em julgado, isto é, decisão contra qual não cabe mais nenhum recurso possível ou previsto no direito.
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
	O dispositivo encerra um conteúdo de liberdade para deixar à vontade cada um a fim de decidir sobre se quer ou não participar do corpo associativo de determinado organismo. Da mesma forma, anuncia que o associado desinteressado de continuar nos quadros de uma associação não será obrigado a nele ficar, se assim não o desejar.
	Princípio da liberdade de sindicalização, que não exime os profissionais de, anualmente, recolherem um dia de salário aos respectivos sindicatos profissionais. Esta taxa é compulsória.
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Por princípio, somente o titular (“dono”) do direito tem a correspondente legitimidade para reclamá-lo e acionar o aparelho Judicial com o fim de preservá-lo, garanti-lo ou recuperá-lo. Afinal, a lei processual brasileira de há muito é firme no sentido de que ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo se autorizado por lei.
	No caso presente, é necessário anotar algumas peculiaridades:a) a associação deverá estar expressamente autorizada, seja por lei, seja pelos estatutos sociais ou seja diretamente pelo associado para um caso específico a fim de exercerem a representação;
b) a hipótese trata de representação e não de substituição, isto é, a associação não pleiteará o direito do associado em nome dela mesma, mas em nome daquele por ela apenas representado; 
c) o exercício da representação poderá se dar tanto em sede judicial (acionamento diante do Poder Judiciário), quanto extrajudicial (perante órgão e entidades públicas e privadas);
d) a representação não é universal, isto é, não é conferida para todo e qualquer assunto da vida do associado, mas, antes, deverá guardar consonância com os objetivos sociais da associação, o que tem intitulação de PERTINÊNCIA TEMÁTICA (representação pertinente ou de acordo com o tema, matéria, objeto ou razão social da entidade).
XXII - é garantido o direito de propriedade;
A propriedade que outrora era um bem absoluto tornou-se um bem suscetível de perda, em prol do social. Este inciso terá que ser entendido com o próximo. O direito de propriedadedeve ser entendido como o exercício do uso, gozo (ou fruição) e da disposição de um bem por um indivíduo que poderá mantê-lo e reclamá-lo contra as eventuais investidas de terceiros.
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Embora a exploração da propriedade seja protegida pela Constituição, ela mesma determina que esse exercício sobre os bens atendam à função social e dá, em seus artigos 182, § 2º, e 186, o tom da racionalidade e limite da exploração econômica da propriedade.
	A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Caso contrário, é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de a) parcelamento ou edificação compulsórios; b) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; c) desapropriação com pagamento JUSTO, PRÉVIOe mediante TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA, com prazo de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais (é a chamada desapropriação punitiva por inobservância da função social).
	Quanto à propriedade rural, a função social é cumprida quando ela atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
	Nos casos de desapropriação rural para fins de reforma agrária, cuja competência somente cabe à União Federal, a indenização da terra será por meio de TDA – Títulos da Dívida Agrária, resgatáveis em até 20 (vinte) anos, com carência de dois anos para início do recebimento dos referidos valores.
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Desapropriar é retirar de alguém o domínio ou a disposição sobre um bem em razão da ocorrência de um motivo que justifique a tomada de tal atitude.
	Para a Carta Política brasileira, independentemente de estar cumprindo sua função social, ou seja, sendo efetivamente observado o fim para o qual essa propriedade existe ou fora criada, são motivos que autorizam a desapropriação:
1 - a necessidade pública => é a que ocorre para atender a um reclame inadiável, como, p. ex., a desapropriação de um prédio particular para construção de um hospital, mercado público, cemitério etc.;
2 - a utilidade pública => é a que se dá para ampliar ou facilitar a prestação de serviço à sociedade, servindo-nos de exemplo a desapropriação de área contígua a uma Universidade para instalação de ginásio desportivo ou a de imóveis particulares ao longo de uma avenida que está sendo alvo de alargamento etc.;
3 - interesse social => é aquela que visa a atender a ordenação de uma cidade, segundo o seu plano diretor, como ocorre nas desapropriações para instalação de moradias populares.
É muito importante que você distinga as palavras-chaves sublinhadas. As hipótese de desapropriação, são necessidade pública, utilidade pública, ou por interesse social e requer, em regra, indenização justa, prévia e em dinheiro. No entanto, há exceções.
	A parte final do inciso XXIV ressalva os casos previstos na Constituição. E que casos são esses? Tratam-se dos casos de indenização para fins de reforma urbana,reforma agrária e cultivo de plantas psicotrópicas. Nos dois primeiros casosrequerem indenização justa e prévia. No último caso a desapropriação será sem qualquer indenização. Vejamos: 
É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica, para área incluída no plano diretor, exigir desapropriação de solo urbanonão edificado, subtilizado ou não utilizado, mediante o pagamento em títulos da dívida pública, com emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10 anos (CF, inciso III, do §4º, do art. 182)
Compete à União desapropriar por interesse social, para fins dereforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão (CF, art. 184, caput). Atenção, as benfeitorias úteis e as necessárias serão indenizadas em dinheiro (art. 184, §1º). A propriedade produtiva é insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária (art. 185). Observem a incongruência deste artigo! Como pode ser prévio se será resgatado em 20 anos?
As glebas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas (significa o mesmo que desapropriadas) sem qualquer indenização e destinadas ao assentamento de colonos (CF, art. 243). É o confisco mediante autorização constitucional. Desapropriação sanção.
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Não obstante o enorme elenco de direitos e garantias conferidos pela Constituição Federal, há situações em que, temos visto, o poder público limita a propriedade.
	O caso agora trata da limitação à propriedade privada conhecida como REQUISIÇÃO PÚBLICA.
	Perigo iminente é aquele que está prestes a acontecer. Assim, caso seja necessário ao poder constituído usar da propriedade privada para o exercício de defesa e proteção da sociedade, ele o fará, sem importar o prévio consentimento do proprietário, e, após o efetivo uso, devolverá o bem ao seu legítimo dono.
	Apenas haverá indenização, posterior, se e somente se houver dano decorrente da requisição da propriedade particular pela autoridade competente.
	Finalmente, anote-se que enquanto a situação de risco está no campo da mera possibilidade, a de perigo encontra probabilidade fática concreta de sua ocorrência. Esta é mais efetiva que a primeira.
	Como exemplo, temos a seguinte situação: suponha-se que uma frota naval se posicione em formação de ataque próximo ao litoral brasileiro. As autoridades de defesa nacional poderão, independente da vontade dos proprietários, requisitar os imóveis situados ao longo da costa para fins de instalação de tropas, aposição de peças de artilharia etc. Mas, imagine-se que a questão restou solucionada pacificamente. Desse modo, os imóveis serão devolvidos aos seus donos e, CASO TENHA HAVIDO ALGUM DANO, o proprietário será indenizado dos prejuízos sofridos.XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
A Lei n.º 4.504/64, Estatuto da Terra, diz que Imóvel Rural, é o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada.
	A mesma Lei define a Propriedade Familiar, como o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros.
	Para fins de aplicação do inciso constitucional, Pequena Propriedade é o imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos rural (esses serão determinados em razão de cada região e das atividades rurais desenvolvidas).
	Penhora é a reserva de bens (móveis e/ou imóveis), por determinação judicial em processo regular, necessários e suficientes para a satisfação de um débito. Ela não ocorrerá sobre a pequena propriedade rural trabalhada pela família, com o fim de satisfazer os pagamentos de débitos que tenham sido contraídos para financiar a atividade produtiva dessa família na pequena propriedade.
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Este inciso também não provoca controvérsias. Dedique especial atenção ao fato de o direito autoral perdurar por toda a vida do autor e ainda ser transmissível aos seus herdeiros. A lei nº 9.610, de 19.2.1998, que consolida a legislação sobre direitos autorais, no art. 41, dispõe que : “os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil”. Para a lei “autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica, seja ela escrita, filmada, fotografada etc”. No entanto, este conhecimento não tem sido solicitado nos concursos de direito constitucional. 
XXVIII – São assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e a voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
O presente dispositivo, juntamente com o passado e o próximo, enfeixam os direitos inerentes à imaterialidade e os meios de sua proteção. 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, admitindo-se, como modelo de utilidade, o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
	A regra geral é que a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo de 15 (quinze) anos, contados da data de depósito.
	Também resta assegurado o direito de registro de desenho industrial e de marcas.
	No que toca à invenção, ao modelo de utilidade e ao desenho industrial, não há vitaliciedade, salvo para as marcas cujo registro seja periodicamente renovado, como existe para os autores de obras, mas apenas o privilégio exclusivo de uso temporário. Tal se justifica em razão do interesse da coletividade para usar das facilidades do inventor com o fim de alcançar maior desenvolvimento tecnológico (acesso à praticidade e utilidade dos estudos teóricos) e econômicos (geração de riquezas) do Brasil.
Regra Constitucional de eficácia contida. A lei a que se refere o inciso já foi produzida, trata-se da lei de propriedade industrial nº 9.279, de 14.5.1996, que dispõe: “a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos” (art. 40). O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, prorrogável por períodos iguais e sucessivos (art. 133). Direito de Patente.
XXX - é garantido o direito de herança;
A herança pode ser conceituada como patrimônio do falecida, conjunto de direitos e deveres, que se transmitem aos herdeiros legítimos ou testamentários, exceto se forem personalíssimos ou inerentes à pessoa do falecido. Foi reforçado o direito de propriedade, evitando-se que, por morte, pudesse oferecer a oportunidade para o Poder Público se apropriar dos bens do falecido.
O direito de herança se estabelece conforme as leis civis, primeiro na linha de descendência e depois na de ascendência.
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
Este inciso fixa as regras de sucessão de estrangeiro com bens situados no País, que deve ser regido pelas leis brasileiras, se tiver cônjuge ou filhos brasileiros, no caso de serem mais benéficas que a lei pessoal do falecido.
XXXII- O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
O mando constitucional para que o Estado elabore as normas em que o consumidor seja respeitado nos seus direitos contra o poderio econômico dos fabricantes, comerciantes e prestadores de serviços, de modo a não serem lesados, está regulado no atual CDC – Código de Defesa do Consumidor, cartilha básica para asseguração desses direitos.
	Mas a simples confecção do CDC não encerra ou esgota a magnitude da expressão “defesa”. Portanto, cabe ao Estado, também, fiscalizar a atuação dos produtores e prestadores de serviços, determinar a retirada de circulação de produtos e serviços nocivos à sociedade, criar órgãos administrativos de repressão ao abuso do direito econômico pelos comerciantes e industriais, instituir seções judiciárias para a rápida solução dos conflitos etc.
	Nesse diapasão é que a defesa do consumidor foi erigida à categoria de princípio da ordem econômica, na esteira do art. 170, V, CF.
	Esta regra constitucional foi regulamentada para proteção da hipossuficiência do consumidor perante os fornecedores. Vale ressaltar que as regras de consumo não foram criadas pelo Estado Brasileiro, apenas o Brasil foi o primeiro Estado a compilar em um único instrumento normativo as regras de consumo. O Código de Defesa do Consumidor do Brasil foi o primeiro no mundo.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicosinformações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Trata-se de norma de eficácia contida. Na hipótese de negativa de informações relativas à pessoa do impetrante dará ensejo ao habeas data (dê uma olhada no inciso LXXII, “a”, deste mesmo artigo). Esta ação é secundário pois seu objeto é exatamente a negativa da informação, a falta da mesma ou, ainda, a sua prestação insuficiente. 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
O inciso somente registrao direito de todos pedirem algo, em defesa, aos poderes públicos, ou exercitar a denúncia, quando conhecida a prática de ilegalidade (ato contrário à lei), ou abuso de poder (ato externamente de conformidade com a lei, mas praticado com excesso ou desvio de poder).
	Por outro lado, garante o recebimento de certidão para instruir ou fazer prova do direito ou esclarecer situação relativa ao interessado. 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Trata-se do importantíssimo princípio da unidade de jurisdição ou princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional ou, ainda, princípio da inafastabilidade da jurisdição (controle, proteção). Nada poderá ser excluído do crivo do Poder Judiciário: nem a lesão, nem a ameaça de lesão a direitos. Isto se deu pelo fato do Estado ter proibido os cidadãos de fazerem justiça com as próprias mãos, bem como esgotar a via administrativa para ingressar na justiça comum.
Duas exceções a este princípio: a primeira, já analisamos, está relacionada ao direito de Informação e a segunda funda-se na justiça desportiva que consta nos § § 2º e 3º do art. 217 da CF/88. Vejamos:
O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reguladas em lei. A justiça desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final. 
Excetuada estas duas hipóteses, não há necessidade de aguardar que o autor intente a disputa administrativa, dela desista, ou aguarde o seu término para interpor ação judicial. 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
 Importantíssimo inciso, trata do princípio da irretroatividade da lei em prejuízo do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada .
 Direito adquirido – consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (Lei de Introdução ao Código Civil - LICC, §2º, art. 6º). É, em outras palavras, aquele que já se incorporou ao patrimônio individual do sujeito.
	 Ato jurídico perfeito - é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (§1º, art. 6º, da LICC). Ou seja, foram observados os requisitos : agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei.
		
	Coisa julgada ou caso julgado – é a decisão judicial de que já não caiba mais recurso (§3º, art. 6º, da LICC). 
JURISPRUDÊNCIA DO STF
		Com a superveniência do regime jurídico único, não subsiste vantagem de natureza contratual usufruída por servidores que, até o advento da Lei 8.112/90, estavam submetidos à CLT. Inexistência de direito adquirido a regime jurídico (MS 22.160-DF, Min. Sidney Sanches). 
		Lei nova ao criar direito novo para o servidor público, pode estabelecer, para o cômputo do tempo de serviço, critério diferente daquele determinado no regime anterior. Não há direito adquirido a regime jurídico(1/03/83, Min. Moreira Alves). 
		O disposto no artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal se aplica a toda equalquer lei infraconstitucional, semqualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre norma de ordem pública e norma dispositiva(STF - Plenário). 
		
		O Constituinte, ao estabelecer a inviolabilidade do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, diante da lei (art. 5º, XXXVI), obviamente, excluiu-se dessa limitação (RE 140894-4, Min. Ilmar Galvão). 
		Todavia tenha muito cuidado: não há direito adquirido em face de nova Constituição. Vejamos o teor do art. 17 do ADCT:
	Art.17 do ADCT - Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Este inciso estabelece o Princípio do juízo natural. Não implica, porém, na impossibilidade da existência de justiças especializadas, desde que autorizadas pelo Constituição, como é o caso da Justiça Militar, tratada nos seus artigos 122 a 124.
Tribunal de exceçãoé aquele criado especialmente para: 
a) julgar determinadas pessoas; 
b) julgar certas infrações após as mesmas terem ocorrido; 
c) ou se os tribunais regulares, por exemplo, não respeitarem a ampla defesa, o contraditório, ou outras regras que constituem o devido processo legal . 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;	
	O Tribunal popular, ou o Júri é o tribunal no qual os cidadãos, previamente alistados, sorteados e, depois, escolhidos, decidem de fato, de acordo com sua consciência e juramento, sobre a culpabilidade ou não dos acusados, nas ações relativas a crimes dolosos contra a vida. Também conhecido como Tribunal do Júri.
	
plenitude de defesa - todos os acusados nos termos do inciso LV, deste artigo, têm direito ao “ contraditório “ e “ampla defesa” . 
sigilo das votações – depois de composto o conselho de sentença, os sete jurados votam sigilosamente, ou seja, um jurado não conhece o voto do outro.
soberania dos veredictos - significa dizer que o Juiz-Presidente ao fixar a sentença de mérito, deverá respeitar tudo quanto decidido pelos jurados. Se por exemplo, os jurados negarem a tese da legítima defesa, o juiz não poderá reconhecê-la na sentença de mérito. 
crimes dolosos contra a vida: aborto, infanticídio, induzimento ao suicídio e homicídio (arts. 121, § 2º, 122, 123, 124, 125, 127, do Código Penal). Nestes, o julgamento do réu não é proferido por um juiz singular, mas sim pelo Tribunal Popular. 
	
OBS: De forma bem simplificada, pois o tema é da intimidade do Direito Processual Penal, teríamos : 1. inquérito policial; 2. oferecimento da denúncia pelo Ministério Público; 3. juiz singular recebe a denúncia, realiza audiências e, se houver indícios de autoria, prolata a sentença de pronúncia para remeter o réu para julgamento pelo Tribunal do Júri; 4. Início do processo noTribunal do Júri, mediante oitiva das testemunhas de acusação e defesa, interrogatório do réu, acusação pelo Ministério Público e defesa pelo Advogado do réu. 5. O Tribunal do júri é formado por um conselho de sentença, composto pelo Juiz e por sete cidadãos (jurados). O corpo de jurados declara o réu culpado ou inocente. O Juiz expede a sentença de mérito pela qual declara o réu inocente ou culpado, neste último caso fixando a pena a ser cumprida. 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
“Nullum crimen, nulla poena sine lege”. Eis aqui os importantíssimos Princípios da anterioridade e o da Legalidade penal (Reserva Legal). Há necessidade de definição em lei anterior à prática de uma conduta para que esta seja considerada crime, bem como ao agente possa ser aplicada pena. Qualquer ato que você cometa, só será crime se houver lei descrevendo-o (dá-se o nome de tipo); e você só poderá ser punido se houver lei que fixe a pena.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Aqui se enuncia o princípio da Irretroatividade da lei Penal. Gabriel Dezen Júnior afirma que há três princípios por trás deste. 1. O princípio da retroatividade da lei penal mais benigna (novatio legis in mellius). Assim se o réu cumpre pena de 20 anos por prática de determinado crime, se for aprovada lei modificando a pena para 10 anos, o réu só cumprirá 10 anos, mesmo já tendo sido condenado por sentença transitada em julgado. 2. O Princípio da irretroatividadeda lei penal mais gravosa (novatio legis in pejus); 3. O Princípio da atividade da Lei penal mais benigna (abolitio criminis). Este último princípio estabelece que a lei penal mais benéfica ao réu age mesmo após sua revogação para amparar o processo e julgamento de réu que tenha cometido ilícito durante a sua vigência.
Cuidado: esses princípios só dizem respeito à lei penal.
XLI - a lei punirá qualquer discriminaçãoatentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
	Trata-se de uma garantia suplementar ao princípio da isonomia. A tradição Constitucional brasileira foi ampliada, antes limitada ao preconceito de raça, aumentou sua abrangência, implicando em sanção para qualquer tipo de discriminação que atente contra os direitos e liberdades fundamentais.
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
	Trata-se de novidade apresentada pela Constituição de 1988, reforçando o princípio da isonomia e da vedação contra discriminação que atente contra os direitos e liberdades fundamentais. A matéria está disciplinada na Lei contra Preconceito de Raça ou de Cor, Lei nº 7.716. de 5/1/1989, e na Lei nº 9.459, de 13.5.1997. Já a Lei nº 8.801, de 21/9/90, estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza.
Vimos no estudo dos princípios das relações internacionais que o Brasil repudia o racismo em qualquer de suas formas. Nosso Ordenamento não admite a segregação ou sujeição de uma sobre outra raça humana, considerando a hipótese, a ser delineada em lei própria, como uma conduta que não comporta a prestação de fiança, para responder ao processo em liberdade, nem tampouco que o tempo influencie no direito do Estado de perseguir e processar o eventual autor da prática repudiada (contra a prática de racismo não ocorrerá a prescrição).
	O condenado pelo fato deverá cumprir pena de reclusão, ou seja, iniciará sob o regime penitenciário fechado, recluso, trancado em estabelecimento prisional de segurança máxima ou média.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
	A matéria está tratada na Lei nº 8.072, de 25/7/90, com as alterações da Lei nº 8.930, de 6/9/94 e da Lei nº 9.695, de 20/8/98, que dispõe sobre crimes hediondos. Já a Lei nº 9.455, de 7/4/97, define os crimes de tortura. Por fim, a lei que trata dos crimes de tóxicos é a Lei nº 6.368, de 21/10/76, e o Decreto nº 78.992, de 21/12/76.
crime imprescritível - é crime que não sofre prescrição, e prescrição é um prazo dentro do qual o Estado tem poder para encontrar, processar, punir e executar a pena do criminoso. Assim, sendo o crime imprescritível, a Justiça jamais perde o poder de punir o seu autor.
crime inafiançável - é crime que não admite fiança, e fiança é um pagamento que a pessoa faz ao Poder Judiciário para poder responder ao processo em liberdade provisória.
pena de reclusão – aquela que é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto (exemplo de regime fechado : penitenciária Barreto Campelo em Itamaracá). Há também a pena de detenção que é cumprida em regimes semi-aberto e aberto. Poderá haver progressão de regimes. É comum o cumprimento da pena iniciar-se com o regime fechado e dependendo do comportamento progredir para o regime semi-aberto. 
graça: trata-se de hipótese de extinção do direito de punir do Estado. A graça deve ser solicitada. Poderá ser concedida apenas após o trânsito em julgado da condenação. É concedida por decreto do Presidente da República(CF/88 art. 84, XII). Todavia não restitui a primariedade ao agente. É também conhecida por indulto individual.
anistia: trata-se também de hipótese de extinção do direito de punir do Estado. A anistia independe de solicitação. Poderá ser concedida antes ou após o trânsito em julgado da condenação. É concedida por lei aprovada pelo Congresso Nacional (CF/88, art. 48, VIII). Restitui a primariedade ao agente. 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
	Trata-se de um reforço ao princípio do Estado Democrático de Direito, previsto no caput do art. 1º do texto constitucional. Encontra-se tratado na Lei de Segurança Nacional, artigo 16 e 24.
O inciso não demanda maiores explicações, eis que os conceitos já foram assentados em linhas passadas.
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
 Eis o princípio da intrânscedência penal ou da personificação da pena. A única pessoa que pode sofrer a condenação penal é o criminoso. Trata-se de responsabilidade subjetiva. Não pode ser punido o pai, a mulher ou os filhos. 
 A responsabilidade de reparar o dano causado é de natureza civil. Esta passa para os herdeiros até o limite em que foram beneficiados pela transferência do patrimônio. William Douglas, pág. 92, acrescenta que “por princípio de justiça a extensão da responsabilidade patrimonial não atinge aqueles bens cuja origem é notoriamente lícita”.
Perdimento de bens – segundo William Douglas, não é previsto no Código Penal como pena. Figura antes como efeitos da condenação (art. 91, II do Código Penal). : perda em favor da União a) dos instrumentos do crime; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Este inciso traz o princípio da Individualização da pena. Significa que o juiz fixará a pena “atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e as conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima” (Código Penal, art. 59). 
As alíneas enumeram as penas Constitucionalmente possíveis no Direito brasileiro. A relação não é exaustiva, o inciso diz que poderá haver outras além das abaixo enumeradas: 
Privação da liberdade é a perda total da liberdade.
restrição da liberdade é apenas um cerceamento a exemplo do que ocorre nos regimes aberto e semi-aberto e no livramento condicional.
perda de bens – desde que fruto do ilícito.
multa – é a imposição de uma penalidade pecuniária.
prestação social alternativa – é colocar o condenado a serviço da comunidade a exemplo de atendimento em creches, hospitais, ministrar aulas, doação de cestas básicas etc.
suspensão de direitos – é a suspensão temporária do direito a exemplo de proibir o médico de exercer a medicina por ter incorrido em erro prejudicando alguém.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
de banimento;
e) cruéis;
de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX => assim, somente haverá a possibilidade de aplicação de PENA DE MORTE quando o Presidente da República declarar guerra em decorrência de agressão estrangeira;
de caráter perpétuo => no Brasil não é admitido o efetivo recolhimento preso de um indivíduo por período superior a 30 (trinta) anos, mesmo que a pena aplicada seja superior;
de trabalhos forçados => trabalho forçado seria o que o detento tivesse que cumprir contra a sua vontade. Não se confunde com trabalho pesado (quebrarpedra, carregar pesos etc.). Seria forçado o detento que fosse obrigado pelo Estado a cortar papel para confetes;
de banimento => é a proscrição, o desterro, o expatriamento ou a expulsão definitiva ou temporária da comunidade ou sociedade a que pertence o indivíduo condenado, devendo o mesmo ir para outro País;é a expulsão, condenando um brasileiro a viver fora do país por determinado período. Não se confunde com a extradição, a qual só pode ser concedida se tratando de brasileiro naturalizado, conforme as normas constitucionais que serão estudadas adiante.
cruéis => são as penas que causam sofrimento físico e/ou psíquico ao condenado.
Eis um inciso bastante solicitado nos concursos, principalmente, em relação à pena de morte. A relação esgota as espécies de penas proibidas, é exaustiva (numerus clausus). Atenção especial em relação à pena de morte que, para surpresa de muitos, é prevista na Constituição, desde que, em caso de guerra declarada. A pena de morte está prevista do Código Penal Militar.
XLVIII – A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
	A ideia que surge é a possibilidade de se querer recuperar o criminoso e evitar que os presídios se constituam em escolas do crime. Porém hoje, pelas condições do sistema carcerário brasileiro, só é possível a separação em relação ao sexo, as demais ainda estão por vir. Complementa o princípio da individualização da pena e tem como fim maior proceder a uma ‘seleção’ dos apenados com o objetivo de evitar a promiscuidade da comunidade carcerária, seja entre homens e mulheres, seja entre jovens e adultos, seja entre primários e contumazes etc.
XLIX – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
	Ninguém, por mais medonho, malfazejo ou inescrupuloso, merece sofrer alterações, por via de agressões, de sua constituição física ou saúde mental.
	Do mesmo modo, não há no mundo alguém que, por mais, ou pior, que persiga se trilhar na marginalidade, haja perdido total e completamente o mínimo entendimento de seus valores pessoais íntimos, de forma que identifique esse nicho como um bem moral a ser considerado e respeitado por todos.
	Nesse pé, a Constituição consagra os direitos e valores da condição de um indivíduo ser precisamente o que é: um ser humano, independente de estar em pleno exercício de seus direitos e liberdades positivados ou recolhidos, presos em estabelecimentos prisionais.
.
L – Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
	Esta foi uma inovação trazida pela Constituição de 88, não havendo precedentes anteriores. O legislador constituinte percebeu que as apenadas são as mães e não seus filhos recém-nascidos e no período de aleitamento materno. Prestigia-se o direito da criança de receber o “leite da vida”, evitando que a pena da mãe se estenda, transcendendo, aos filhos infantes.
	Cumpre ao Estado criar todas as condições no que concerne a instalações físicas (estabelecimentos prisionais especiais com trocador, berçário etc.), saúde (atendimento pediátrico), assistência (assistentes sociais, orientações higiênicas, psicólogos etc.).
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Extradição ocorre quando um País entrega um indivíduo a outro Estado, que reclamou e requisitou essa pessoa, para responder a processo e, eventualmente, ser punido, em face de crime cometido no País que pediu a extradição.
	A regra, no Brasil, é a não extradição de brasileiros, quer se trate de natos (que jamais serão alvo de extradição), quer se trate de naturalizados.
	As exceções que admitem a extradição dobrasileiro naturalizado (= o que era estrangeiro e adquiriu a naturalização brasileira) são:
extradição do estrangeiro, quando requisitada, e desde que o fato delituoso por ele praticado no estrangeiro também seja considerado crime no Brasil;
extradição do brasileiro naturalizado, para o País que o requisitou, desde que a prática da infração tenha sido ANTES DA NATURALIZAÇÃO e que o fato delituoso por ele praticado no estrangeiro também seja considerado crime no Brasil. P ex.: 1) Suponha-se que o indivíduo naturalizou-se brasileiro e, em visita ao seu País de origem, tenha matado alguém e retornado para o Brasil antes da descoberta do crime de homicídio; já de volta ao Brasil, e descoberto o fato, o Brasil é quem o processará e aplicará a pena, acaso cabível, eis que o delito somente ocorreu quando o autor já era brasileiro. 2) Se, contudo, o estrangeiro matou alguém em seu ou em outro País e apenas depois veio a residir no Brasil, onde se naturalizou brasileiro, se o Estado, onde ocorreu o fato, requisitar a extradição para processar e punir esse indivíduo, o Brasil poderá entregá-lo, haja vista que a naturalização brasileira somente se deu depois do fato criminoso comum;
extradição do brasileiro naturalizado, quando houver comprovação de envolvimento na prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins, pouco importando que a conduta tenha sido praticada antes ou depois da naturalização;
extradição do português equiparado, nas mesmas hipóteses do brasileiro naturalizado, mas apenas para Portugal
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
	O inciso ratifica o princípio fundamental da República Federativa do Brasil, respeitante ao pluralismo político, e justifica a concessão de asilo político como princípio de relacionamento internacional, conforme já estudamos anteriormente.
	O Brasil não tem força jurídica para extraditar qualquer indivíduo estrangeiro e, por maiores razões, os brasileiros natos ou naturalizados, em face da prática de crime político ou de opinião.
	Destacamos que é possível a extradição de estrangeiros, assim como a de brasileiros naturalizados, exceto se se tratar dos crimes descritos no inciso em estudo – os de natureza política ou de opinião. 
	No tocante às nomenclaturas utilizadas no estudo da extradição, faz-se necessário a explanação dos institutos da EXPULSÃO, bem como da DEPORTAÇÃO, nos seguintes termos:
Expulsão – ocorre quando o motivo foi originário no próprio Estado, em virtude de atentado à segurança nacional, nocividade aos interesses nacionais, bem como violação a ordem política ou social, não precisando de provocação ou motivo externo.
	É uma medida tomada pelo Estado, que consiste em retirar forçadamente de seu território um estrangeiro, que nele entrou ou permanece irregularmente, ou, ainda, que praticou atentados à ordem jurídica do país em que se encontra.
	Sendo a expulsão ampla, mas não absoluta, pois mesmo sendo ato discricionário do Presidente da República, fica sujeito ao poder judiciário, se provocado, para verificar a conformidade do ato com a legislação em vigor.
Deportação – é a devolução compulsória de estrangeiro para o exterior, quando não ocorrer prática de delito, mas o não cumprimento dos requisitos para entrar ou permanecer no território e desde que o estrangeiro não se retire no prazo determinado.
JURISPRUDÊNCIA DO STF: 
Há no princípio de inextraditabilidade de estrangeiro por crime político ou de opinião, uma insuperável limitação jurídica ao poder de extraditar do Estado brasileiro, que emerge como direito público subjetivo em favor do súdito estrangeiro (31/10/90, Min. Celso de Mello)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Este é o Princípio do Juiz Natural. “Juiz Natural é, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de competência estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de garantias que lhe assegurem absoluta independência e imparcialidade” (Fernando Capez, Curso de Processo Penal, 8ª edição, p.25).
LIV - ninguém será privado da liberdadeou de seus benssem o devido processo legal;
Eis o importantíssimo princípio do devido processo legal, que se originou do inglês due process of Law, como aparece em alguns concursos. 
 Este princípio, que é o mais importante de todos aqueles que tratam do processo, diz respeito aos prazos e demais regras processuais, engloba inclusive outros princípios processuais como o do contraditório, o da ampla defesa e o da proibição da utilização de provas ilícitas.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
	Litigantes, como indica o texto, são as partes que litigam ou que fazem parte ou estão em lide ou litígio. Lide é, a grosso modo, uma disputa em torno de algo (um direito), onde uma parte quer ou pretende, p. ex., exercitar um poder sobre um objeto e a outra parte resiste à pretensão da primeira porque também quer exercitar esse mesmo poder com exclusividade (conflito de interesses).
	Acusados são os indivíduos a quem se atribui a prática de alguma infração de natureza criminosa, contraventora ou transgressora da disciplina.
	O processo é o instrumento ou veículo de apuração para fins de investigação e aplicação do direito a um caso concreto posto à decisão, podendo ser judicial, quando submetido às Autoridades do Poder Judiciário em exercício de sua atividade típica, isto é, ao jurisdicionar ou dizer o direito, ou administrativo, se a tramitação se der perante as Autoridades Administrativas constituídas.
	Para o inciso em estudo, no entanto, o mais importante é saber que assegura os princípios do contraditório e da ampla defesa.
	Entende-se por contraditório a garantia que as partes têm de contradizer (dizer em sentido contrário, impugnar etc.) as produções de provas feitas pela outra parte com a qual litiga.
	Por ampla defesa tem-se que a parte pode se utilizar de todos e quaisquer meios previstos, autorizados ou não proibidos em lei, a fim de demonstrar seu melhor direito, em face da outra parte. São exemplos os pedidos de diligências, produção de provas (testemunhal, pericial, vistorias, documental etc.), recursos para as instâncias superiores etc.
Cabe, entretanto, exceção ao princípio do contraditório. É o que ocorre no inquérito policial, que é uma espécie de procedimento administrativo. Neste, “não cabe o amparo do contraditório, pois há mero levantamento de indícios, os quais poderão instruir ou não a denúncia formal ou queixa crime; é um procedimento inquisitório. 
	LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
	Litigantes, como indica o texto, são as partes que litigam ou que fazem parte ou estão em lide ou litígio. Lide é, a grosso modo, uma disputa em torno de algo (um direito), onde uma parte quer ou pretende, p. ex., exercitar um poder sobre um objeto e a outra parte resiste à pretensão da primeira porque também quer exercitar esse mesmo poder com exclusividade (conflito de interesses).
	Acusados são os indivíduos a quem se atribui a prática de alguma infração de natureza criminosa, contraventora ou transgressora da disciplina.
	O processo é o instrumento ou veículo de apuração para fins de investigação e aplicação do direito a um caso concreto posto à decisão, podendo ser judicial, quando submetido às Autoridades do Poder Judiciário em exercício de sua atividade típica, isto é, ao jurisdicionar ou dizer o direito, ou administrativo, se a tramitação se der perante as Autoridades Administrativas constituídas.
	Para o inciso em estudo, no entanto, o mais importante é saber que assegura os princípios do contraditório e da ampla defesa.
	Entende-se por contraditório a garantia que as partes têm de contradizer (dizer em sentido contrário, impugnar etc.) as produções de provas feitas pela outra parte com a qual litiga.
	Por ampla defesa tem-se que a parte pode se utilizar de todos e quaisquer meios previstos, autorizados ou não proibidos em lei, a fim de demonstrar seu melhor direito, em face da outra parte. São exemplos os pedidos de diligências, produção de provas (testemunhal, pericial, vistorias, documental etc.), recursos para as instâncias superiores etc.
JURISPRUDÊNCIA DO STF: 
é indubitável que a prova ilícita, entre nós, não se reveste da necessária idoneidade jurídica como meio de formação do convencimento do julgador,razão pela qual deve ser desprezada ainda que em prejuízo da apuração da verdade, no prol do ideal maior de um processo justo, condizente com o respeito devido a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, valor que se sobreleva, em muito, ao que é representado pelo interesse que tem a sociedade numa eficaz repressão aos delitos. É um pequeno preço que se paga por viver-se em Estado de Direito democrático. A justiça penal não se realiza a qualquer preço. Existem, na busca da verdade, limitações impostas por valores mais altos que não podem ser violados (Plenário do STF).
	 No entanto, prestem atenção: no caso de legítima defesa, oSTF tem admitido este tipo de prova, é o que passaremos a estudar: 
JURISPRUDÊNCIA DO STF: legítima defesa.
	
evidentemente, seria uma aberraçãoconsiderar como violação à privacidade a gravação pela própria vítima, ou por ela autorizada, de atos criminosos, como odiálogo com seqüestradores, estelionatários e todo tipo de achacadores. Quem se dispõe a enviar correspondência ou a telefonar para outrem, ameaçando-o ou extorquindo-o, não pode pretender abrigar-se em uma obrigação de reserva por parte do destinatário, o que significaria o absurdo de qualificar como confidencial a missiva ou conversa(Min. Moreira Alves).
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Eis o princípio constitucional penal de presunção da inocência de todos quantos sejam acusados (que é diferente de CULPADO) da prática de fato considerado delituoso, até que haja uma sentença penal, dizendo-o culpado definitivamente e contra a qual não se possa interpor qualquer recurso admitido no direito vigente.
	ACUSADO é aquele a quem se atribui (ou imputa) uma conduta tida como crime ou fato delituoso.
	INDICIADO é o acusado que está sendo investigado pela prática de um fato criminoso que se lhe atribuem.
	RÉU é o indivíduo indiciado chamado a se defender em processo penal regular no qual está sendo responsabilizado pela prática de um crime ou delito.
	CULPADO é o réu que, após regularmente processado, onde lhe restaram garantidos e assegurados os direitos de ampla defesa e contraditório, não conseguiu ou logrou demonstrar para o aparelho judiciário a sua inocência.
	APENADO é o réu culpado que, não demonstrando sua inocência, sofre ou recebe a aplicação de uma pena prevista na lei que violou (também chamado de reeducando).
Fiquem atentos! Poderá “cair” em qualquer prova de qualquer concurso que vocês fizerem. Em primeiro lugar, liguem-se no detalhe de que se trata de sentença penal, portanto, não se trata de processo civil, nem administrativo, como alguns examinadores “insensíveis” tentam nos induzir.
	 Iremos analisar que em face deste princípio constitucional ninguém será considerado culpado até o trânsito de sentença penal condenatória. Nada impede, entretanto, que possam ocorrer prisões. Ser preso é diferente de ser culpado. 
Alguns conceitos:
	
	Prisão- pena ou prisão penal – é aquela imposta em virtude de sentença condenatória transitada em julgado com a finalidade de executar decisão judicial; 
	Prisão sem pena ou prisão processual – é aquela de natureza puramente processual imposta com finalidade cautelar, destinada a assegurar o bom desempenho da investigação criminal, do processo penal ou ainda da execução da pena ou ainda a impedir que solto, o sujeito continue praticando delitos;
	Prisão temporária – é a prisão cautelar que ocorre por ordem do juiz, opera-se na fase do inquérito policial, tem duração de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, écabível quando imprescindível para as investigações do inquérito policial ou quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade, ou quando houver fundadas razões da autoria ou participação do indiciado nos crimes de homicídio doloso, seqüestro ou cárcere privado, roubo, estupro....entre outros relacionados no inciso III, do art. 1º (Lei 7.960, de 21-12-1989, art. 1º e 2º). Decorrido o prazo de 5 dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva (art. 2º, §7º); 
		Prisão preventiva - é a prisão cautelar decretada pelo juiz em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, como garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova de existência do crime e indícios suficientes da autoria (arts. 301 e 302 do Código de Processo Penal). Entre outras razões, decreta-se a prisão preventiva quando o acusado ameaça testemunhas ou, para evitar a fuga do acusado visando garantir a execução de eventual e futura sentença penal condenatória;
		Prisão em flagrante - é a prisão cautelar efetuada por qualquer pessoa quando a infração penal está ocorrendo ou acaba de ocorrer, quando o delito (crime) está flamando, queimando.
Sobre prisão em flagrante o Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689, de 3-10-1941) prevê:
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
JURISPRUDÊNCIA DO STF
A presunção de inocência do acusado (art. 5º, LVII) não impede a prisão antes do trânsito em julgado de decisão condenatória (8/6/93, Min. Néri da Silveira).
O princípio constitucional da não-culpabilidade, de que decorre do art. 5º, LVII, não impede a utilização pelo Poder Judiciário das diversas modalidades de prisão cautelar (10/12/91, Min. Celso de Mello). 
Por seis votos a cinco, o Pleno entendeu que a regra do art. 594 do CPP – “o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória” – continua em vigor não tendo sido revogada pela presunção de inocência do art. 5º LVII, da CF. (informativo STF).
O princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII) não impede a prisão do condenado por sentença ainda pendente de recurso (1/12/92, Min. Moreira Alves).
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
O inciso é explícito: se a pessoa se identificar por meio de documento bastante e suficiente para demonstrar às autoridades quem ela é (carteira profissional, carteira de habilitação, certificado de reservista militar, identidade profissional, emitida pelos Conselhos de Profissão etc.), não haverá identificação criminal. Porém, a própria Constituição diz que, em certos casos indicados na lei, independente da apresentação de documentos outros, haverá necessariamente a identificação criminal.
	Ser submetido à identificação criminal, às vezes, pode trazer algum constrangimento, mas, o mais das vezes, revela-se como meio e garantia de defesa do indivíduo, pois, não raro, as autoridades do Estado tentam responsabilizar inocentes.
	Assim, nossa lei indica que a identificação criminal, como sendo aquela realizada por processo de impressão digital (datiloscópico) e fotográfica, deverá ocorrer nos casos de:
a) acusado pela prática de homicídio doloso;
b) fundada suspeita de falsificação do documento de identidade;
c) haver registro policial do uso de outros nomes ou qualificações;
d) haver registro de extravio de documento de identidade;
e) o indiciado ou acusado não comprovar sua identidade civil em 48h;
f) o estado de conservação ou o tempo de expedição do documento apresentado não permita a identificação essencial.
g) haja envolvimento com organizações criminosas.
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
	Ação é o direito e o meio de acionar a função jurisdicional do Estado. Em outras palavras: o Poder Judiciário não age de ofício, faz-se necessário ser provocado. O Código Penal define (art. 100, §§ 1º e 2º).
Ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido;
Ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. A ação pública é promovida pelo Ministério Público, mediante denúncia. 
		
	O prazo para o Ministério Público interpor a ação penal pública é de 5 dias se o réu estiver preso e de 15 dias se estiver solto ou afiançado (o prazo é contado da data em que o Ministério Público receber os autos do inquérito policial). Quando o Promotor perde o prazo, a vítima ou seu representante legal poderá propor a ação privada subsidiária da pública, na qual deverá o órgão ministerial funcionar como assistente obrigatório.
	No sistema judiciário brasileiro o processo criminal somente pode ser deflagrado por denúncia ou queixa-crime, sendo a ação penal pública privativa do Ministério Público (art. 129, I da Constituição).
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigem;
A publicidade ampla e irrestrita dos atos processuais é, em princípio, a regra abraçada pelo Texto Maior, restando firme que, se a divulgação do ato puder ferir a intimidade das pessoas ou o interesse social, o processo correrá em segredo de justiça e os atos processuais serão praticados a portas fechadas (p. ex.: ações de separação, alimentos, divórcio, guarda de menores, quebra de sigilos telefônicos pelas CPI’s etc.).
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
 Por força deste inciso, as únicas hipóteses em que alguém poderá ser preso será:
em flagrante delito (já discutido anteriormente) 
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
	 Atenção para as “cascas de banana” tais como: ordem de autoridade policial, ordem do promotor público. A prisão efetuada por força da hierarquia e da disciplina (não pelo juiz) é permitida pela Constituição apenas para as transgressões militares e crimes propriamente militares, que não caberão habeas corpus.
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
São deveres inafastáveis da autoridade que realizar uma prisão qualquer, expedir as necessárias comunicações ao Juiz, informando-lhe quem foi capturado e preso e em que local está à disposição do Estado.
	Por outro lado, surge o direito do preso de comunicar à sua família, ou a outra pessoa que assim o desejar (amigo, patrão, padre, pastor etc.), isso com o objetivo de preservar a integridade do preso, viabilizar os atos necessários à sua defesa, evitar os abusos e excessos contra o tutelado etc.
	
 LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
A autoridade civil ou militar que efetuar a prisão de alguém DEVERÁ informá-lo de que tem direito a ficar calado, o motivo por que e por ordem de quem está sendo preso, para onde está sendo levado, que sua prisão poderá

Continue navegando