Buscar

Estrategias de melhoramento

Prévia do material em texto

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
MELHORAMENTO E CONSERVAÇÃO FLORESTAL 
 
 
 
 
 
 
 
Estratégias de melhoramento 
de espécies florestais 
 
FICHA DE APOIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caetano Serrote – 2016 
 
 
Conteúdo 
 
1 – Estrutura geral dos programas de melhoramento de espécies florestais ..... 1 
2 – Uso de Germoplasma Exótico no Melhoramento Genético .......................... 3 
2.1 – Tipos de introdução de germoplasma exótico ....................................... 3 
3 – Selecção ....................................................................................................... 4 
3.1 - Selecção fenotípica ou individual ........................................................... 5 
4 - Selecção com Teste de Progênie ................................................................. 8 
4.1 – Pomar de Sementes por Mudas - PSM ................................................. 9 
4.2 – Pomar de Sementes Clonal - PSC ...................................................... 10 
4.3 – Pomares testados ................................................................................ 11 
4.4 – Maneio de pomares ............................................................................. 13 
5 – Literatura citada .......................................................................................... 14 
 
 
1 
 
1 – Estrutura geral dos programas de melhoramento de espécies 
florestais 
 
Um programa de melhoramento florestal começa com a formação da 
população base a partir da qual ciclos de selecção e recombinação são 
realizados. Praticamente todos os programas de melhoramento florestal podem 
ser caracterizados por um esquema geral, conforme o ilustrado na Figura 1. 
A população-base deve conter variabilidade genética suficiente para o 
melhoramento a curto e longo prazos e pode ser formada utilizando-se duas 
estratégias alternativas: a) recombinação de diferentes populações, e b) 
mantendo populações isoladas. Resende (1999) recomenda um tamanho inicial 
de genitores de 300 a 400 (tamanho efectivo) ou no mínimo 75 famílias de 
meios-irmãos amostradas em grandes populações. É importante iniciar um 
programa de melhoramento com número elevado de famílias, a fim de permitir 
altas intensidades de selecção já nas primeiras gerações e, simultaneamente, 
manter o tamanho efectivo populacional compatível com o melhoramento a 
longo prazo. 
A população-base ou população experimental (Figura 1) deve ser estabelecida 
segundo um delineamento experimental adequado, obedecendo aos princípios 
fundamentais da experimentação: repetição, casualização e controle local. 
 
 
 
Figura 1: Etapas de um programa de melhoramento genético florestal (Fonte: White, 
1987). 
 
2 
 
A população de produção pode ser constituída por pomares de sementes, 
jardins clonais ou pomares biclonais, conforme o interesse do melhorista. 
Para a produção de sementes melhoradas podem ser adotadas as seguintes 
modalidades: 
 
I - Quando a população-base para selecção não é um experimento com 
estrutura de família, mas sim um povoamento ou plantação (espécies 
alógamas): 
A) Área de Colheita de Sementes (ACS), quando a selecção é baseada 
apenas nas matrizes (não havendo controle ou selecção de genitores 
masculinos); 
B) Área de Produção de Sementes (APS), quando a selecção é aplicada 
tanto sobre as matrizes quanto sobre os genitores masculinos. 
 
Observação: na modalidade ACS não são realizados desbastes, ao passo que 
na modalidade APS os desbastes são feitos antes do florescimento, de forma 
que as sementes produzidas advêm de genitores femininos e masculinos 
seleccionados. 
 
 
II – Quando a população-base é um experimento (espécies alógamas) 
 
Existem diversas opções e etapas para a produção de sementes florestais 
(Figura 2): 
A) Pomares de Sementes por Mudas (PSM), quando a recombinação e 
a produção de sementes ocorrem no próprio experimento (Teste de Progênie), 
após desbaste selectivo; 
B) Pomares de Sementes Clonais (PSC), quando os indivíduos 
seleccionados (Teste de Clonal) ou seus genitores são transferidos via 
clonagem (enxertia, estaquia, micropropagação) para um pomar de 
recombinação; O PSC pode ser obtido pelo desbaste do teste clonal; 
C) Pomares de Sementes Clonais Biclonais ou Bigenitores (PSB), 
quando apenas os dois melhores indivíduos (não aparentados) são alocados 
no pomar de forma desbalanceada, para minimizar a taxa de autofecundação. 
3 
 
 
 
Figura 2 – Opções básicas para a produção de sementes florestais melhoradas. 
 
 
2 – Uso de Germoplasma Exótico no Melhoramento Genético 
O termo exótico, no melhoramento florestal pode ser entendido como: 
germoplasma oriundo de região distinta (província, país, região geográfica, 
etc.) daquela em que esta se trabalhando. 
A capacidade reprodutiva natural de algumas espécies introduzidas é um dos 
aspectos importantes a ser considerado. Em alguns casos, a facilidade de 
regeneração natural associada à ausência de patógenos e insectos-pragas 
podem fazer incontrolável a espécie, tornando-a uma invasora. Esta 
agressividade não é apenas um problema físico, mas também biológico quando 
a espécie altera desfavoravelmente um ecossistema. 
 
2.1 – Tipos de introdução de germoplasma exótico 
Existem várias formas de “aproveitar” as características presentes no 
germoplasma exótico. Aqui convém apresentar o conceito de pre-breeding, que 
se refere a introgressão e a incorporação de germoplasma exótico em 
Desbaste 
Seleção Fenotípica de Árvores Superiores 
Teste de Progênie 
Clonagem 
Teste Clonal 
Desbaste 
APS 
ACS 
Coleta de Sementes 
PSC 
Produção de mudas 
por clonagem 
Desbaste 
PSM 
4 
 
populações base para o melhoramento. Estas populações base se 
caracterizam pela presença de genes ou blocos de genes que determinam 
características importantes (ex.: introgressão de genes ou blocos de genes que 
determinam resistência a doenças ou tolerância a estresse abiótico) e/ou pela 
ampla base genética (ex.: introdução, via recombinação, de variabilidade 
genética; não havendo interesse em genes específicos, e sim em ampliar a 
base genética, especialmente para caracteres quantitativos). 
Geralmente o material a ser introduzido consiste de sementes, mas também 
ocorre introdução de germoplasma exótico por meio de pólen, estacas e 
plantas in vitro. A introdução de citoplasma é utilizada quando o interesse é 
sobre uma característica de herança materna (citoplasmatica), como a macho-
esterilidade que ocorre em algumas espécies. Quando o interesse é a 
incorporação de genes específicos, esta pode ocorrer pela introdução de um 
fragmento de DNA que poderá ser inserido em um genótipo adaptado 
(transgenia). 
 
3 – Selecção 
 
A selecção apresenta dois atributos que devem ser considerados no 
melhoramento: 
1º) A selecção somente pode actuar, efetivamente, se recair sobre 
diferenças herdáveis, isto é, variação de natureza ambiental não é transmitida 
à descendência, apenas a de natureza genética; e 
2º) A selecção não pode criar variabilidade, apenas atua sobre a que já 
existe, sendo, portanto a selecção aplicada como método de melhoramento 
apenas nas situações em que a população apresenta boa reserva de 
variabilidade. 
 Existem várias modalidades de selecção. As principais diferenças entre 
elas são quanto: ao grau de controle parental (polinização livre, polinização 
dirigida), avaliação ou não das progênies (realização ou não de teste de 
progênie) e controle do ambiente (ensaio com repetições, em vários locais e 
vários anos). 
No melhoramento florestal, distingue-se,além da selecção de populações, 
praticada no teste de introdução de espécies, procedências ou progênies, a 
5 
 
selecção individual que resulta em áreas produtoras de sementes e em 
pomares de sementes. 
De forma geral, o resultado do processo de selecção é a síntese de uma 
população melhorada, assim denominada porque apresenta maior freqüência 
de genes favoráveis que a população original, embora a população melhorada 
ainda apresente genes desfavoráveis, porém em freqüência menor 
comparativamente a população original. 
A selecção, como método de melhoramento de populações florestais, é 
indicada para: populações com boa reserva de variabilidade genética (GS é 
função da h2 e do DS; ao passo que a h2 e o DS são dependentes da 
existência variância genética e fenotípica, respectivamente); e no 
melhoramento de características de interação gênica predominantemente 
aditiva (estas, caracteristicamente tem maior h2r (restrita)). 
 
3.1 - Selecção fenotípica ou individual 
A selecção fenotípica pode ser denominada também selecção de plantas 
individuais sem teste de progênie ou selecção massal e consiste, basicamente, 
na selecção dos indivíduos de acordo com o seu fenótipo com posterior 
recombinação dos mesmos ou de suas progênies. 
A seleccão massal é um método em que há controle da polinização (parental) 
mas não há do ambiente. O controle da polinização é efectuado através da 
selecção dos genitores de semente e de pólen. Contudo, não há controle do 
ambiente, pois as plantas não estão em experimentos delineados, de tal sorte 
que as melhores plantas podem ser aquelas que ocorrem nas partes mais 
férteis do terreno ou foram favorecidas pela menor concorrência. Obviamente, 
também não há neste caso avaliação de progênies. 
Esta modalidade de selecção pode ser aplicada a(o): 
i) Melhoramento de características de alta herdabilidade (pois a selecção é 
fenotípica e, portanto é necessário que o fenótipo reflita de forma mais acurada 
possível o genótipo, sem influências ambientais). Portanto, caracteres como a 
produtividade, taxa de crescimento, condicionados por muitos genes e que, 
portanto, sofrem grande influência do ambiente, são difíceis de serem 
avaliados com base na selecção fenotípica. Por outro lado, características 
qualitativas, condicionadas por poucos genes e que são facilmente 
6 
 
identificáveis como, por exemplo, resistência vertical a doenças ou a insetos, 
podem ser seleccionadas com base na selecção fenotípica; 
ii) Adaptação de populações a novos ambientes (introduções), em que o 
objetivo é apenas eliminar os indivíduos não adaptados. 
 
A vantagem da selecção fenotípica em relação à selecção por famílias se 
refere a: i) relativa facilidade de condução e pouco trabalho; ii) tamanho efetivo 
da população (geralmente grande). 
Entre as desvantagens cita-se: i) não há controle da descendência ou teste de 
progênie (plantas fenotipicamente superiores devido ao ambiente ou a 
interações gênicas especiais poderão produzir descendentes inferiores); ii) não 
há controle do ambiente; iii) há dificuldade de identificar os indivíduos 
superiores apenas pelo fenótipo da planta individual; e iv) é eficiente apenas 
para características de alta herdabilidade. 
Com base na selecção fenotípica se constitui populações melhoradas para a 
produção de sementes, que são denominadas de APS e ACS. 
 
3.1.1 – Áreas de Produção de Sementes (APS) e Áreas de Colheita de 
Sementes (ACS) 
Áreas produtoras de sementes são formadas a partir da selecção de árvores de 
uma plantação de boa procedência de área mínima de 3ha, preferencialmente 
em torno de 5ha. Essa plantação deve estar isolada de plantações da mesma 
espécie ou espécies afins, visando reduzir ao mínimo a possibilidade de 
ocorrerem polinizações indesejáveis. 
Nessa plantação, seleccionam-se as árvores com fenótipo superior, isto é, 
aquelas que apresentem bom desenvolvimento em diâmetro, altura superior à 
média geral da população, troncos retos não espiralados, ramos finos e bem 
implantados, bom desrame natural, ausência de pragas e doenças, copa bem 
distribuída, boa qualidade da madeira. Após a escolha das árvores, deve-se 
efectuar o desbaste selectivo na plantação, a fim de eliminar os indivíduos 
indesejados (não seleccionados) e conseqüentemente favorecer as árvores 
seleccionadas e estimular a produção de sementes. Simultaneamente, 
efetuam-se na plantação todos os tratos culturais necessários ao incremento 
7 
 
da produção de sementes, como, por exemplo, adubação, controle de pragas e 
patógenos, de acordo com as necessidades da espécie. 
Os objetivos de uma APS são: 
i) Produzir sementes melhoradas geneticamente através da selecção de 
árvores superiores, pela eliminação das árvores inferiores, pelo controle das 
polinizações indesejáveis e pelo estabelecimento de condições para uma 
produção de sementes intensa e constante; 
ii) Concentrar a colheita de sementes em áreas geralmente submetidas a tratos 
culturais específicos, visando a aumentar a produção de sementes, organizar e 
administrar a colheita e outras operações; 
iii) Melhorar a qualidade fisiológica das sementes. 
 
Áreas de Produção de Sementes de espécies nativas são geralmente 
instaladas a partir de populações naturais ou de plantações com idade e 
desenvolvimento suficiente para serem consideradas representativas do 
desempenho dos indivíduos. 
Normalmente, o ganho genético obtido através das APS é pequeno. Para a 
continuidade do programa de melhoramento, as selecções deverão ser mais 
intensas e seguidas de teste de progênie. As árvores superiores que confirmam 
a superioridade genética através dos testes de progênies são consideradas 
árvores elite. Essas árvores são a base para a instalação dos Pomares de 
Sementes. 
As Áreas de Coleta de Sementes (ACS) se diferenciam das APS, pela não 
eliminação dos indivíduos não seleccionados. Portanto, mesmo os não 
seleccionados participam na formação da geração seguinte, pois o pólen é 
oriundo de toda a população, indivíduos seleccionados e não seleccionados; há 
apenas o controle do genitor feminino, no qual é colhida a semente. 
Consequentemente, os ganhos são ainda menores aos obtidos nas APS. 
Outra vantagem de APS’s está no fato das árvores destinadas à produção de 
sementes estarem concentradas em uma área, o que facilita o 
acompanhamento da frutificação, a colheita de sementes e os tratamentos 
culturais necessários para uma boa produção de frutos, diferente das ACS’s 
onde as plantas produtoras de sementes ficam dispersas no povoamento 
(HOPPE et al, 2004). 
8 
 
 
4 - Selecção com Teste de Progênie 
Na selecção de plantas individuais com teste de progênie, após a obtenção e 
avaliação das progênies são identificados os genitores superiores (árvores 
elite) e estes são usados para a obtenção da geração seguinte melhorada. Por 
teste de progênie entende-se a avaliação do genótipo dos genitores com base 
no fenótipo da descendência. 
A selecção deve concentrar-se em um ou poucos caracteres, dependendo da 
finalidade a que a matéria-prima se destina ou mesmo da prioridade atribuída 
às características nos diferentes ciclos de selecção. 
Na fase de mudas, instaladas em laboratório, estufa ou viveiro, são realizadas 
duas avaliações. Na avaliação inicial das progênies, após o período normal de 
germinação da espécie são geralmente avaliadas as seguintes características: 
i) % de sobrevivência; ii) % de plântulas normais e anormais; iii) descrição e 
quantificação das anormalidades; iv) coloração (quando aplicável). 
Na avaliação final, efectuada quando as mudas atingem as dimensões e 
características adequadaspara o plantio no campo, as principais 
características a serem avaliadas são: i) altura total das plantas; ii) diâmetro do 
colo; iii) peso seco do sistema radicular e da parte aérea; e outras. 
Na fase de campo, são efetuadas avaliações intermediárias e uma avaliação 
final. As avaliações intermediárias deverão ser realizadas no 1o ano após o 
plantio e, posteriormente, no mínimo a cada três anos, quando a duração do 
ensaio for superior a sete anos. Eventualmente, poderão ser realizadas 
avaliações em função da ocorrência de danos causados por fatores climáticos 
e/ou pragas e doenças. Nas avaliações normais, as principais características a 
serem avaliadas são: i) sobrevivência; ii) altura; iii) diâmetro à altura do peito 
(a partir do 2 o ano); iv) forma das árvores; v) florescimento e frutificação 
(quando ocorrer); vi) anormalidades fisiológicas; vii) suscetibilidade a fatores 
bióticos e abióticos. A avaliação final dependerá do uso final da matéria-prima a 
ser obtida. Normalmente, são avaliadas a produtividade volumétrica e a 
qualidade do produto. As avaliações intermediárias são utilizadas para estudos 
de correlações, elaboração de curvas de crescimento e produtividade, que 
serão utilizadas na selecção final dos genótipos. 
9 
 
A selecção de plantas com teste de progênie deve resultar em maior eficiência 
em relação à selecção massal, que é uma selecção fenotípica, devido à 
possibilidade de avaliação mais precisa das plantas. O teste de progênie 
permite verificar se a superioridade dos genitores seleccionados é realmente 
de origem genética ou se foi devida a condições ambientais favoráveis. 
Objetivando uma avaliação mais rigorosa, as progênies devem ser avaliadas 
em ensaios uniformes e com repetições, pois a média das progênies resulta em 
maior precisão comparada com a observação individual. Além disso, a 
possibilidade de avaliação em vários locais e anos (ambientes), diminui o efeito 
da interação genótipo-ambiente no resultado da selecção. Portanto, nesta 
estratégia, há controle parental, há controle do ambiente e há avaliação das 
progênies. 
A selecção de árvores individuais com teste de progênie é especialmente 
adequada ao melhoramento de características de baixa herdabilidade, uma vez 
que os testes de progênie permitem a identificação dos genitores realmente 
superiores, aqueles que têm maiores probabilidades de produzir uma progênie 
melhorada. 
A selecção com teste de progênie permite o estabelecimento de Pomares de 
Sementes, plantações de árvores seleccionadas geneticamente, isoladas de 
outras fontes de pólen, intensivamente manejada para produzir semente de 
forma regular, de fácil colheita e em abundância. 
Há, basicamente, dois tipos de pomares de sementes, ambos visam à 
maximização de cruzamentos não aparentados entre árvores seleccionadas 
(STURION et al., 1999): pomares de sementes por mudas (PSM) e pomares de 
sementes clonais (PSC). A principal diferença entre estes dois tipos de 
pomares reside na forma de implantação. 
 
4.1 – Pomar de Sementes por Mudas - PSM 
Este tipo de pomar é recomendado para espécies que apresentam 
florescimento precoce, ciclo curto e/ou de difícil propagação vegetativa. 
Sementes de árvores seleccionadas são coletadas e individualizadas e podem 
ser implantados testes de progênie em delineamento blocos ao acaso. Com 
base no comportamento das progênies, são seleccionadas as melhores 
árvores. Outra alternativa consiste em manejar o próprio teste de progênie, 
10 
 
transformando-o em Pomar de Sementes por Mudas (PSM), por meio do 
desbaste das piores progênies e das árvores inferiores de progênies 
seleccionadas. Assim, constitui-se um PSM de primeira geração. 
O isolamento pode ser feito por meio de espécies que não se cruzam com a 
espécie de interesse. A distância de isolamento é de 200 a 500m, dependendo 
do agente polinizador envolvido, foi recomendada por muito tempo. Entretanto, 
alguns estudos tem apontado distâncias de 800m como as mais adequadas 
para a produção de sementes, devendo-se utilizar esta. O espaçamento entre 
as árvores depende da espécie e do maneio a ser empregado, mas geralmente 
varia de 5 x 5m (400 árvores/ha) a 10 x 10m (100 árvores/ha). 
 
4.2 – Pomar de Sementes Clonal - PSC 
O material genético provém da propagação vegetativa de árvores superiores, 
podendo ser estacas, enxertos ou plantas provenientes de micropropagação. O 
pomar deve ser isolado para evitar a entrada de pólen de origem 
desconhecida. Pomares clonais são especialmente recomendados para 
espécies de ciclo longo, já que a propagação vegetativa reduz o período até a 
fase reprodutiva, pois fisiologicamente as novas plantas têm a mesma “idade” 
da planta matriz. A Propagação vegetativa é portanto uma alternativa para 
adiantar a produção de sementes, especialmente quando as mudas são 
provenientes de enxertia. 
É desejável ter no pomar, no mínimo, 30 clones distintos e não aparentados, e 
as árvores de um mesmo clone não devem ser colocadas próximas evitando 
assim a ocorrência de cruzamentos entre aparentados e os conseqüentes 
efeitos negativos da endogamia. Este número mínimo de clones também 
garante a manutenção de variabilidade genética e permite a execução de 
novos ciclos de selecção na população resultante deste pomar. 
Para o novo ciclo de selecção, deve-se instalar um novo teste, e com base no 
resultado obtido eliminar, por exemplo, os 10 clones que deram origem às 
progênies de desempenho inferior, considerando que haja pelo menos 30 
clones no pomar. Se originalmente o número de clones é maior, o número de 
eliminados também pode ser maior. Mas é necessário manter no mínimo 20 
clones não aparentados, e com este número já não se recomenda novos ciclos 
de selecção no mesmo pomar (STURION et al., 1999). 
11 
 
Em relação a isolamento e espaçamento, deve se observar as mesmas 
recomendações dos PSM. Entretanto, na constituição de PSC, utilizando a 
enxertia para obtenção das futuras matrizes, pode-se, em algumas situações 
obter plantas de porte reduzido, justificando espaçamentos reduzidos. 
 
4.3 – Pomares testados 
E uma denominação geral. Consiste na coleta sementes das árvores 
seleccionadas (fenotipicamente), produção de mudas a partir destas sementes, 
e estas mudas são utilizadas para a instalação de testes de progênie. Com o 
resultado do teste de progênie desbastam-se as árvores inferiores do pomar, 
dando origem a um PSM, ou através da propagação vegetativa, transfere-se os 
indivíduos seleccionados para uma nova área, dando origem a um PSC. O 
PSC também pode ser obtido pela clonagem de plantas seleccionadas, para a 
constituição de um teste clonal (substituindo o teste de progênie a partir de 
mudas). Com base no resultado do teste clonal pode-se eliminar os indivíduos 
inferiores. Os seleccionados constituirão assim um PSC. 
Em espécies florestais vários tipos de progênies ou famílias podem ser 
utilizadas, gerando vários tipos de teste de progênie: 
 
A) Testes de progênie de polinização livre (meios-irmãos) – É o mais 
utilizado. Consiste em coletar em árvores seleccionadas sementes obtidas por 
polinização livre, mantendo as sementes separadas por árvore. Efetuar um 
teste de progênie uniparental com repetições, realizar eliminações em favor 
das melhores progênies no fim do ensaio de comparação. Alternativamente, 
pode-se seleccionar apenas os melhores indivíduos dentro das melhores 
progênies, e não só as melhores progênies. Esta é na verdade o procedimento 
mais usual. Com base na selecção, realiza-se o desbaste. Com o início do 
período reprodutivo, as sementes são coletadas para formar os plantios 
comerciais. Muitas vezes estas sementessão denominadas de F2, apesar de 
no contexto genético, esta denominação não ser a mais adequada. O processo 
de selecção, obtenção de sementes e testes de progênie e, posterior desbaste 
para formação de nova população de produção de sementes pode ser repetido 
novamente na geração dita F2. Cada ciclo completo representa a um ciclo de 
12 
 
selecção recorrente (selecção – teste – desbaste –recombinação – semente 
melhorada). 
A validade deste método baseia-se na suposição de que todas as matrizes 
contribuem da mesma maneira com pólen e que estejam igualmente receptivas 
à fecundação no mesmo período. Esta suposição garante que as diferenças 
entre progênies sejam devidas as diferenças genética entre as matrizes onde a 
semente foi coletada, já que a origem do pólen é comum. 
 
B) Testes de progênies por policross (meios-irmãos) - Mistura-se o pólen 
de genitores seleccionados, efetua-se a polinização dirigida dos genitores 
femininos seleccionados, coletam-se as sementes separando-se os lotes por 
genitor feminino. Instala-se um teste de progênies com repetições. No fim das 
comparações, eliminar árvores em favor das melhores progênies e/ou dos 
melhores indivíduos dentro das melhores progênies. 
Esta alternativa permite uma melhor avaliação da capacidade geral de 
combinação, uma vez que o número de árvores representadas pela amostra de 
pólen pode ser aumentado deliberadamente e a contribuição de cada uma 
delas pode ser controlada pela quantidade de pólen de cada árvore a ser 
incluída na mistura. Além disso, cada árvore pode ser polinizada 
individualmente, no período mais apropriado, assegurando-se, assim, a 
produção de sementes. 
 
C) Testes de progênie de polinização controlada (irmãos germanos) - Sob 
cada árvore seleccionada como genitor feminino é aplicado pólen de um 
genitor masculino seleccionado, identificando-se os ramos/flores. As sementes 
são coletadas separadamente mantendo-se o registro de genealogia (genitor 
feminino e masculinos). Instala-se um teste de progênies com repetições. No 
final dos levantamentos comparativos em “F1” (como podem ser chamadas as 
árvores do teste de progênie), eliminam-se árvores em favor das melhores 
famílias ou dos melhores indivíduos dentro das melhores famílias. Pode-se 
repetir o processo com “F2
”. 
Esta alternativa permite avaliar tanto a capacidade geral (CGC) quanto a 
capacidade específica de combinação (CEC). A primeira tem maior utilidade no 
caso de essências florestais, uma vez que, normalmente, a produção de 
13 
 
sementes em grande escala é efetuada por polinização livre, enquanto que a 
capacidade específica de combinação só teria valor no caso da utilização das 
progênies por propagação vegetativa em grande escala. A CGC estimada 
através de polinizações controladas é teoricamente mais precisa do que a 
estimada por polinizações livres ou por policross. Porém, na prática, as 
diferenças entre os resultados obtidos por esses dois métodos têm sido 
pequenas. 
Potencialmente os maiores ganhos por selecção deverão ser obtidos pelas 
estratégias “C”, “B”, e por último por “A”. Entretanto, a mais usual é a “A”. Esta 
preferência se justifica pela operacionalidade da mesma, e principalmente pelo 
fato desta estratégia estar proporcionando ganhos satisfatórios. 
 
4.4 – Maneio de pomares 
Para obter semente em quantidade e qualidade, um maneio adequado é 
necessário, incluindo a sanidade do pomar saudável e a eliminação dos 
genótipos inferiores. De acordo com MORI (1988), as práticas de maneio em 
pomares de sementes incluem aquelas aplicadas para incrementar para a 
produção de flores e sementes e as práticas para protecção do pomar. No 
primeiro grupo, a fertilização, poda, subsolagem, gradagem, irrigação, 
desbastes, anelamento e encurvamento dos ramos em direcção ao solo 
figuram entre as opções de maneio que influenciam o crescimento e 
desenvolvimento das árvores bem como na produção de flores e sementes. No 
segundo grupo, práticas para a proteccção contra incêndios, pragas e doenças 
bem como o controle de ervas daninhas são aplicadas por forma a atingir o 
objectivo geral do estabelecimento do pomar que é a produção de semente 
melhorada. 
 
14 
 
5 – Literatura citada 
 
Hoppe JM (2004) Produção de sementes e mudas florestais - Caderno 
Didático. 2 ed. Santa Maria. 
 
MORI, E.S. Pomares de Sementes Florestais. IPEF- Série Técnica, São 
Paulo,v.5, n.6, p.1-27, 1988. 
 
STURION, J. A.; RESENDE, M. D. V. de; NEIVERTH, D. D.; OLISZESKI, A.; 
BASTOS, R. Métodos de produção de sementes melhoradas de erva-mate. 
Colombo: Embrapa Florestas, 1999. 15 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 
34). 
 
WHITE, T.L. A conceptual framework for tree improvement programs. New 
Forests, n. 4, p. 325-342, 1987.

Continue navegando