Buscar

Aula 3 Das Partes e dos Procuradores

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA 
 CURSO DE DIREITO 
 DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 
 PROFESSORA: Alexsandra Gato Rodrigues 
 
Aula 3 
DAS PARTES E SEUS PROCURADORES 
 
1. Dos deveres das partes e de seus procuradores 
Em obediência ao dever geral de boa-fé, que ganhou status de norma fundamental no Novo Código de 
Processo Civil, o art. 77 impõe o dever de probidade e lealdade processual às partes e seus procuradores, 
públicos ou privados, assim como a todos aqueles que de alguma forma participam do processo, incluído o 
Ministério Público, o perito, dentre outros. Em síntese, compete àquele que praticar ato processual agir com 
lealdade e boa-fé, pautando suas ações no plano da ética e da moralidade. O litigante ímprobo, que vier 
descumprir tal dever, sofrerá às sanções previstas ao litigante de má-fé, de que tratam os artigos 79 e 80. 
Pretende-se alijar do processo atos desleais, desonestos, infundados e procrastinatórios. 
De modo específico, o Código arrola os seguintes deveres: expor os fatos conforme e verdade; não 
formular pretensão ou defesa destituída de fundamento, não praticar ato ou produzir prova inútil; cumprir com 
exatidão os provimentos judiciais ou não criar embaraços a sua efetivação; manter o juízo atualizado a respeito 
do endereço para receber intimações; não praticar inovação ilegal no estado de fato do bem ou objeto litigioso. 
Por representarem desrespeito à autoridade do Poder Judiciário, o descumprimento de decisão judicial 
e a inovação ilegal serão consideradas atos atentatórios à dignidade da justiça, e punidas como tal. 
Primeiramente, o juiz deverá advertir o responsável, para somente após desobedecida a advertência, aplicar-
lhe multa de até vinte por cento do valor atualizado da causa, variável conforme a gravidade da conduta. Caso 
não seja paga no prazo afixado e uma vez transitada em julgado a decisão que a impôs, a multa será inscrita 
como dívida ativa da União ou do Estado, conforme o caso, e executada sob o rito da execução fiscal (Lei 
8.630/80), sendo revertida ao fundo de modernização do Poder Judiciário, de que trata o art. 97. 
A multa por desacato à corte é distinta das demais sanções pecuniárias contidas no Código. Têm 
incidência, portanto, sem prejuízo da aplicação de multas que coíbem condutas diversas, a exemplo do não 
pagamento voluntário de sentença condenatória (art. 523, §1º) ou do descumprimento de decisão que imponha 
um fazer, não fazer ou a entrega de coisa (art. 538). 
O Código pretende não esvaziar a finalidade punitiva da multa quando a causa possuir valor irrisório 
ou inestimável, prevendo que poderá ser fixada em valor correspondente a até 10 vezes o salário mínimo 
nacional. 
Está positivada no Código a regra de que procuradores públicos ou privados, defensores e membros 
do Ministério Público não responderão diretamente pelo pagamento de sanção processual pecuniária, visto 
que praticam ato em nome da parte, devendo eventual responsabilidade profissional ser apurada pelo órgão 
de classe e pela corregedoria competente, respectivamente. A intenção do legislador é que o juiz não censure 
tais profissionais quando no exercício de sua função constitucional, sob pena de quebra da isonomia e risco 
de autoritarismo. É certo, no entanto, que uma vez condenada por litigância de má-fé a parte poderá mover 
ação regressiva contra seu procurador, buscando ver-se indenizada caso apurada a responsabilidade civil do 
profissional, em casos como dolo ou excesso de mandato. 
A parte que praticar inovação ilegal será coibida, por decisão, a reestabelecer o estado anterior, caso 
possível, podendo, ainda, ser proibida de manifestar-se nos autos até a purgação do atentado. Há, aqui, o 
propósito de impedir alterações clandestinas no estado de fato do objeto litigioso. 
O art. 78 veda o emprego de expressões ofensivas por qualquer pessoa que participe do processo, de 
forma escrita ou oral. Se a expressão ou conduta ofensiva ocorrer presencialmente o juiz deve advertir o 
ofensor a não repetir o ato, sob pena de lhe cassar a palavra. A ofensa escrita será riscada, de ofício ou a 
requerimento do ofendido, facultada a expedição de certidão à disposição da parte interessada. Trata-se de 
poder de polícia exercido pelo juiz a fim de preservar o bom nível das manifestações. Há interesse público na 
preservação da civilidade e do respeito mútuo no âmbito do processo, a justificar a atuação de ofício pelo 
magistrado. Consideram-se ofensivas, de modo geral, as expressões que ofendam a dignidade, não se exigindo 
sejam tipificáveis como crime de injúria (CP 140), difamação (CP 139) ou calúnia (138). 
Os artigos 79, 80 e 81 disciplinam o regime da responsabilidade das partes por dano processual. Exige-
se como pressuposto a prática de ato caracterizado como litigância de má-fé, presumindo-se o prejuízo aos 
interesses da parte adversa, merecedora de indenização por perdas e danos. A responsabilização do litigante 
ímprobo, seja ele autor ou réu, dever ser auferida e exigida nos mesmos autos, dispensando-se ação autônoma. 
O ato descrito como de má-fé pressupõe o dolo do litigante. A norma não sanciona a categoria dos advogados, 
que poderão responder regressivamente perante seu cliente em ação própria, caso constatada sua 
responsabilidade civil pelo ilícito processual. 
O art. 80 arrola os atos considerados de má-fé. Em síntese combate-se aquele que age maldosamente, 
escusamente, com o intuito de tumultuar o andamento processual. O Código vale-se de conceitos 
indeterminados, outorgando maior elasticidade na sua concretização pelo juiz. O litigante de má-fé é a antítese 
do litigante comparticipativo e cooperativo idealizado pelo Código. Responderá pelo dano processual não 
obstante possa sair vitorioso ao final da demanda. Em cumprimento ao art. 9° e obediência ao princípio do 
contraditório, exige-se a manifestação prévia do litigante aparentemente improbo antes de sua condenação, 
mesmo porque tal decisão não será controlável por agravo de instrumento, consoante art.1.015, mas apenas 
em futuro e eventual recurso de apelação. 
Nesse contexto, considera-se litigante de má-fé aquele que deduz pretensão ou defesa contra texto 
expresso de lei ou fato incontroverso; altera a verdade dos fatos; usa do processo para obter fim ilegal; opõe 
resistência injustificada ao andamento do processo; procede de modo temerário; provoca incidente 
manifestamente infundado ou recurso manifestamente protelatório. 
Uma vez praticada a conduta ilícita e assegurado o contraditório prévio, o improbus litigator deve ser 
condenado a pagar multa não inferior a um por cento e não superior a dez por cento do valor atualizado da 
causa, bem como a indenizar a parte adversa pelos prejuízos suportados, incluídos honorários advocatícios e 
despesas processuais incorridas. A condenação poderá decorrer de pedido da parte lesada ou será decretada 
de ofício. Há interesse público em prevenir e reprimir a prática de abusos no âmbito do processo. Não se trata, 
portanto, de faculdade outorgada ao juiz, mas dever de atuar. A multa será revertida em benefício da parte 
adversa, prejudicada pelo tumulto processual. 
O Código ainda esclarece que quando dois ou mais litigantes agirem de má-fé, de maneira conjunta, 
serão condenados solidariamente. 
Repete-se a regra do art. 77, §5º, de que nas causas de valor irrisório ou inestimável a multa deve ser 
arbitrada em valor determinado, limitado ao teto de 10 salários mínimos. A indenização por perdas e danos, 
que possui natureza diversa da multa, será fixada desde logo pelo juiz, sem limitação de valor. Caso 
imensurável de imediato, os prejuízos serão apurados em liquidação, por arbitramento ou procedimento 
comum.2. Da Gratuidade da Justiça 
A disciplina específica da gratuidade da justiça é novidade do CPC, isto é, não há correspondência de 
artigos a respeito da matéria na codificação anterior. Aliás, vale mencionar que a própria Lei 1.060/1950 
teve oito artigos expressamente revogados pela Lei 13.105/2015. Sendo assim, a leitura dos novos 
dispositivos é importante. 
Em suma, o artigo 98 define as situações jurídicas que autorizam a concessão da gratuidade da justiça, 
bem como delimita o alcance do benefício. Os artigos 99 e 100 tratam dos momentos processuais apropriados 
para a formulação do pedido e também da formação do contraditório. O artigo 101 elenca os recursos cabíveis 
do deferimento ou indeferimento do requerimento de justiça gratuita. E o artigo 102 prevê a possibilidade de 
revogação do benefício. 
O art. 98 afirma que “a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de 
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade 
da justiça, na forma da lei”. O § 1º dispõe que “a gratuidade da justiça compreende: as taxas ou as custas 
judiciais; os selos postais; as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em 
outros meios; a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário 
integral, como se em serviço estivesse; as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e 
de outros exames considerados essenciais; os honorários do advogado e do perito e a remuneração do 
intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua 
estrangeira; o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; 
os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros 
atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório”; e “os emolumentos devidos a 
notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial 
necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha 
sido concedido”. 
De acordo com o § 2º do art. 98, “a concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do 
beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência”. 
O § 3º determina que, “vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão 
sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos 
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a 
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse 
prazo, tais obrigações do beneficiário”. 
O § 4º prevê que “a concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as 
multas processuais que lhe sejam impostas”. 
E, segundo a redação do § 5º, “a gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os 
atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de 
adiantar no curso do procedimento”. 
O § 6º esclarece que, “conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas 
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento”. 
 O § 7º determina a aplicação do “disposto no art. 95, §§ 3º a 5º, ao custeio dos emolumentos previstos 
no § 1o, inciso IX”, do artigo 98, “observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital respectiva”. 
De acordo com o § 8º, “na hipótese do § 1º, inciso IX”, que trata dos emolumentos, “havendo dúvida 
fundada quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou 
registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou 
registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 
6º” do artigo 98, “caso em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse 
requerimento”. 
O art. 99 estabelece que “o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na 
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso”. O § 1º prevê que, “se 
superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição 
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso”. O § 2º diz que “o juiz somente poderá 
indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a 
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do 
preenchimento dos referidos pressupostos”. Na linha adotada pelo § 3º, “presume-se verdadeira a alegação de 
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”. E, em conformidade com § 4º, “a assistência do 
requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça”. O § 5o afirma que “na 
hipótese do § 4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em 
favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem 
direito à gratuidade”. O § 6º aduz que “o direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a 
litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos”. Finalmente, o § 7º 
determina que “requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de 
comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se 
indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento”. 
O art. 100 dispõe que “deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, 
na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por 
meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem 
suspensão de seu curso”. O parágrafo único estabelece que “revogado o benefício, a parte arcará com as 
despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a 
título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita 
em dívida ativa”. 
O art. 101 assevera que “contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua 
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual 
caberá apelação”. O § 1º diz que “o recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do 
relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso”. De acordo com o § 2º deste artigo 101, 
“confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao 
recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento 
do recurso”. 
Finalmente, o art. 102 afirma que “sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a 
gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, 
inclusive as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação 
das sanções previstas em lei”. E o respectivo parágrafo único dispõe que, “não efetuado o recolhimento, o 
processo será extinto sem resolução de mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser 
deferida a realização de nenhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuadoo depósito”. 
 
3. Das despesas, honorários advocatícios e das multas 
O artigo 82 estabelece: Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes 
prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde 
o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título. 
§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. 
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. 
Tudo tem um custo. Também o processo. Há o custo dos prédios onde se processam os atos judiciais; 
o dos juízes e dos servidores da justiça; o custo dos peritos e o dos advogados. 
A maior parte do custo dos processos é suportada pelo Estado e, portanto, pelos contribuintes dos 
tributos estatais. Apenas uma pequena parcela é cobrada dos usuários dos serviços forenses. A essa parcela 
refere-se o artigo 82, que descreve três situações: a do beneficiário da gratuidade da justiça, isento de 
pagamento; a das partes, que devem efetuar o pagamento das diligências que requerem; a do vencido, que 
paga ao vencedor as despesas que este haja suportado. 
Não só a pessoa física pode ser beneficiária da justiça gratuita. Nos termos da Súmula 82 do STJ, “faz 
jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua 
impossibilidade de arcar com os encargos processuais”. 
O artigo 95 excepciona a regra de que incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a atos 
determinados pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, estabelecendo que, no caso de 
perícia determinada de ofício, o adiantamento será rateado entre as partes. 
São causas “de valor inestimável” aquelas em que não se busca benefício patrimonial imediato, como 
as relativas aos direitos de personalidade: estado e capacidade das pessoas, filiação, divórcio, anulação de 
casamento, interdição, emancipação. 
O parágrafo décimo primeiro do artigo 84 possibilita a majoração, no recurso, dos honorários 
advocatícios devidos pelo vencido, observados, porém, os limites estabelecidos para a causa, o que deverá 
levar os juízes de 1º grau a não os fixarem no valor máximo permitido, exatamente para que possam ser 
majorados em grau de recurso. 
O dispositivo incide somente no caso de não ser conhecido ou de ser improvido o recurso interposto 
pelo vencido. Quem venceu no primeiro grau de jurisdição, por suposto, não foi condenado em honorários 
advocatícios e, vencido no 2º grau de jurisdição, não sofrerá majoração de inexistente condenação em 
honorários, o que não impede o Tribunal de, ao fixar o valor dessa condenação, levar em conta também o 
trabalho desenvolvido pelo vencedor com o recurso. 
 
4. Dos procuradores 
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos 
Advogados do Brasil. Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação 
legal. 
Com raras exceções, o jus postulandi, isto é, o direito de requerer e falar em juízo, constitui monopólio 
da categoria profissional dos advogados. A parte ou interessado precisa da intermediação de um advogado 
que o represente, sendo-lhe vedado requerer ou defender-se pessoalmente, ainda que de fato tenha habilitação. 
De direito, a habilitação decorre da inscrição do bacharel em Direito na Ordem dos Advogados do Brasil. 
Dentre as exceções, ressalta-se a relativa aos processos nos Juizados Especiais, julgada constitucional 
pelo Supremo Tribunal Federal (ADIs 1.539 e 3.168), não obstante a assertiva constitucional de que o 
advogado é indispensável à administração da justiça (art. 133). 
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar 
preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. 
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração 
no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. 
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, 
respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos. 
Para requerer em juízo, não basta que o advogado esteja inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. 
Ele deve exibir procuração da parte; deve, em outras palavras, comprovar por escrito a existência de um 
contrato de mandato, em virtude do qual está autorizado a praticar atos em nome do outorgante. 
A Lei abre exceção, e dispensa a exibição imediata da procuração, em casos de urgência. Não sendo 
ela apresentada no prazo de quinze dias, fica sem efeito o ato praticado, tendo-se, por exemplo, por consumada 
a decadência, no caso de ato praticado para elidi-la. 
Nesse caso, não só fica sem efeito o ato praticado, como ainda responde o advogado pelos prejuízos 
que haja causado à parte adversa. 
PROCURAÇÃO – Artigo 105 CPC -Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante 
instrumento particular, que vale desde que tenha a assinatura do outorgante (Cód. Civil, art. 654), dispensado, 
pois, reconhecimento de firma. 
O contrato entre o advogado e seu cliente é de mandato. A procuração é o instrumento do mandato e 
comprova sua existência. 
A fórmula “procuração geral para o foro”, dispensa menção a atos processuais específicos, como 
propor ação, arrolar testemunhas, requerer perícia, interpor recurso etc. A procuração para a ação inclui o 
cumprimento da sentença 
A regra é que a procuração geral para o foro habilita o advogado a praticar todo e qualquer ato 
processual, exceto os mencionados no artigo 105, para os quais se exigem poderes especiais, entre os quais se 
destacam os poderes para transigir, receber e dar quitação e, agora, desde o novo Código de Processo Civil, 
também para declarar insuficiência econômica. O artigo 99 estabelece que o pedido de gratuidade da justiça 
pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em 
recurso. 
A assinatura digital de procuração é aquela a que se refere a Lei 11.419/06, forma de identificação 
inequívoca do signatário, mediante assinatura digital baseada em certificado digital emitido por autoridade 
certificadora credenciada ou mediante cadastro no Poder Judiciário. 
O artigo 106 regula a hipótese de o advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil atuar em 
juízo em nome próprio, dispensando, portanto, a intermediação de outro profissional habilitado. Deve, 
basicamente, indicar endereço para o recebimento de intimações, valendo as enviadas por carta registrada ou 
por meio eletrônico para o endereço indicado. 
O artigo 107 outorga direitos ao advogado, alguns deles restritos às hipóteses em que se apresenta com 
procuração da parte; outros, independentes de sua condição de representante, entre os quais o de examinar os 
autos de qualquer processo e de obter cópias de tudo ou de parte do que neles se encontra. O processo, aliás, 
é público, motivo por que a condição de advogado não é sequer exigível para se ter vista dos autos. 
O direito de consultar os autos de processo e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos 
seus procuradores apenas nos processos que tramitam em segredo de justiça (art. 189, § 1º).

Continue navegando