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1 AGROMETEOROLOGIA Prof. Paulo Jorge de Oliveira Ponte de Souza Doutor em Meteorologia Agrícola paulo.jorge@ufra.edu.br 2 ELEMENTO CLIMÁTICO: Evapotranspiração G0501 – Agrometeorologia Prof. D.Sc. Paulo Jorge 1. ELEMENTO CLIMÁTICO: Evapo(transpi)ração • Definições: Evaporaçao e Transpiração • Conceitos de evapotranspiração • Fatores intervenientes • Métodos de estimativas: - DIRETO: Tanque Classe A - EMPIRICOS: Penman-Monteith • Coeficiente de Cultura – Kc • Exercícios 3 Importância da Evapotranspiração Prec . ET Q Em uma escala intermediária, a ET assume papel fundamental no balanço hídrico de micro-bacias hidrográficas, juntamente com a precipitação. O balanço entre a água que entra na micro-bacia pela chuva e que sai por ET, irá resultar na vazão (Q) do sistema de drenagem. Micro-bacia Hidrográfica Prec . ET Em uma escala local, no caso de uma cultura, a ET da cultura se restringe aos processos de evaporação da água do solo e da vegetação úmida e de transpiração das plantas. O balanço entre a água que entra na cultura pela chuva e a que sai por ET, irá resultar na variação do armazenamento de água no solo, que por sua vez condicionará o crescimento, o desenvolvimento e o rendimento da cultura. 4 Importância da Evapotranspiração A importância da ET na agricultura De toda água doce superficial do mundo (0,643% do total de água no globo), apenas 51,8% (0,333% do total) está disponível para ser usada. Da água doce que realmente é utilizada, 70% o é na prática da irrigação. Portanto, racionalizar o uso da água na agricultura, por meio da correta determinação da ET da cultura é imprescindível. Toda água Oceanos Água Doce do todo Água Doce Superfície Umidade do solo Subterrânea Aquíferos Superfície do todo Geleiras Lagos Lagos salinos Atmosfera Rios e córregos 5 Importância da Evapotranspiração A importância da ET na agricultura Com deficiência hídricaSem deficiência hídrica Daí a importância de se conhecer o consumo de água pela cultura 6 Definições Evaporação Transpiração 7 Definições: Evaporação A evaporação é um processo físico de mudança de fase , passando do estado líquido para o estado gasoso. A evaporação de água na atmosfera ocorre de oceanos, lagos, rios, do solo e da vegetação úmida (evaporação do orvalho ou da água interceptada das chuvas) Evaporação da água das superfícies de água livre, vegetação úmida ou do solo Para que ocorra evaporação da água há a necessidade de energia. Essa energia é chamada de calor latente de vaporização, que em média corresponde a: E = 2,45 MJ/kg (a 20oC) 8 Definições: Transpiração Transpiração – Teoria da Coesão Evaporação O abaixamento do potencial hídrico da atmosfera (ar) promove a evaporação das paredes celulares. Isso promove a redução do potencial hídrico nas paredes celulares e no citoplasma. Coesão (no xilema) A coluna de água no xilema é mantida por coesão das moléculas de água nos vasos. Bolhas de ar bloqueiam o movimento. Absorção de água (do solo) O menor potencial hídrico das raízes provoca a entrada de água. A área de absorção depende da quantidade de radículas. solo = - 0,1 a - 2 atm raíz = - 1 a - 10 atm folhas = - 5 a - 40 atm ar = - 100 a - 1000 atm A transpiração é um processo biofísico pelo qual a água que passou pela planta, fazendo parte de seu metabolismo, é transferida para a atmosfera preferencialmente pelos estômatos, obedecendo uma série de resistências desde o solo, passando pelos vasos condutores (xilema), mesofilo, estômatos e finalmente indo para a atmosfera. 9 Definições: Evapotranspiração Como é praticamente impossível se distinguir o vapor d’água proveniente da evaporação da água no solo e da transpiração das plantas, a evapotranspiração é definida como sendo o processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera por evaporação da água do solo e da vegetação úmida e por transpiração das plantas. 10 Conceitos: Evapotranspiração de referência Evapotranspiração Potencial (ETP) ou de referência (ETo) Clima Saldo de radiação Temperatura Umidade relativa Veloc. do vento Cultura de referência Sem restrição hídrica ETP ou ETo é a evapotranspiração de uma extensa superfície vegetada com vegetação rasteira (normalmente gramado), em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo, com altura entre 8 e 15cm (IAF 3), sem restrição hídrica e com ampla área de bordadura para evitar a advecção de calor sensível (H) de áreas adjacentes. Nesse caso a ET depende apenas das variáveis meteorológicas, sendo portanto ETP (ET0) uma variável meteorológica, que expressa o potencial de evapotranspiração para as condições meteorológicas vigentes. Condição de ETP ou ETo 11 Conceitos: Evapotranspiração real Evapotranspiração Real (ETR) Clima Saldo de radiação Temperatura Umidade relativa Velocidade do vento Cultura de referência Com ou sem restrição hídrica ETR Percentagem de redução de ET com a umidade do solo (Ks) - umidade do solo cc pmp CAD AFD ETR é a evapotranspiração nas mesmas condições de contorno de ETP (ET0), porém, com ou sem restrição hídrica. Nesse caso: ETR ≤ ETP CAD 12 Conceitos: Evapotranspiração de Oasis Evapotranspiração de Oasis (ETO) Advecção 13 Conceitos: Evapotranspiração de Cultura Evapotranspiração de Cultura (ETc), também denominada de Evapotranspiração Máxima (ETm) Coeficiente de Cultura (Kc) Cultura sem restrição hídrica e em condições ótimas de desenvolvimento ETc (= ETm) é a evapotranspiração de uma cultura em dada fase de seu desenvolvimento, sem restrição hídrica, em condições ótimas de crescimento e com ampla área de bordadura para evitar a advecção de calor sensível (H) de áreas adjacentes. Assim ETc depende das condições meteorológicas, expressas por meio da ETP (ou ETo), do tipo de cultura (maior ou menor resistência à seca) e da área foliar. Como a área foliar da cultura padrão é constante e a da cultura real varia, o valor de Kc também irá variar. 14 Conceitos: Evapotranspiração real da Cultura Evapotranspiração real da Cultura (ETr) Com ou sem restrição hídrica Kc * Ks ETr - umidade do solocc pmp CAD AFD ETr é a evapotranspiração nas mesmas condições de contorno de ETc, porém, com ou sem restrição hídrica. Nesse caso: ETr ≤ ETc ETr = ET0 * Kc * Ks Kc médio Kc final Tempo (dias) 15 Fatores determinantes da Evapotranspiração Fatores Climáticos Fatores da Planta (Kc) Fatores de Manejo e do Solo ETr Fatores do Clima: saldo de radiação, temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do vento Fatores de Manejo e do Solo: espaçamento/densidade de plantio, orientação de plantio, uso de cobertura morta (plantio direto), capacidade de armazenamento do solo, impedimentos físicos/químicos, uso de quebra-ventos, etc... Fatores da Cultura: altura, área foliar, tipo de cultura, albedo, profundidade do sistema radicular. 16 Medidas da Evapotranspiração Medindo diretamente a Evaporação: Tanques Tanque de 20m2 Parafuso micrométrico O tanque de 20m2 é utilizado para medir a evaporação (E20). Suas medidas se assemelham às obtidas em lagos. Portanto, sofre menor influência de fatores externos, dado o grande volume de água que ele contém.ELago E20 A evaporação é medida com tanques evaporimétricos, onde obtém-se a lâmina de água evaporada de uma determinada área. 17 Medidas da Evapotranspiração Tanque Classe A Tanque GGI-3000 (área de 3000 cm2) E20 = 0,76*ECA = 0,95*EGGI Existe uma proporcionalidade entre esses três tanques de medida da evaporação. Essa relação entre eles foi determinada para Piracicaba por Oliveira (1971): Área de 1,15 m2 Já Volpe e Oliveira (2003) em Jaboticabal obtiveram as seguintes relações: E20 = 0,75*ECA = 0,85*EGGI 18 Medidas da Evapotranspiração ET0 = E x q Tanque circundado de grama Tanque circundado por solo nu Velocidade o vento (Km/dia) Raio área do Tampão (m) Umidade Relativa(%) <40 40 – 70 >70 Umidade Relativa(%) <40 40 – 70 >70 Leve <175 1 10 100 1000 0.55 0.65 0.75 0.65 0.75 0.85 0.7 0.8 0.85 0.75 0.85 0.85 0.7 0.8 0.85 0.6 0.7 0.8 0.55 0.65 0.75 0.5 0.6 0.7 Moderado 175 - 425 1 10 100 1000 0.5 0.60 0.65 0.6 0.7 0.75 0.65 0.75 0.8 0.7 0.8 0.8 0.65 0.75 0.8 0.55 0.65 0.7 0.5 0.6 0.65 0.45 0.55 0.6 Forte 425 – 700 1 10 100 1000 0.45 0.5 0.6 0.55 0.6 0.65 0.6 0.65 0.7 0.65 0.7 0.75 0.6 0.65 0.7 0.5 0.55 0.65 0.45 0.5 0.6 0.4 0.45 0.55 Muito forte >700 1 10 100 1000 0.4 0.45 0.5 0.45 0.55 0.6 0.5 0.6 0.65 0.55 0.6 0.65 0.5 0.6 0.65 0.45 0.5 0.55 0.4 0.45 0.5 0.35 0.4 0.45 19 Medidas da Evapotranspiração Exemplo: 20 Medidas da Evapotranspiração Métodos empiricos: Penman-Monteith 21 Medidas da Evapotranspiração Métodos empiricos: Penman-Monteith U eeU sT GRn 2 2 .34,01. .. 273 900 ...408,0 ET0 Rn = Saldo de Radiação (MJ/m2/dia) G = Fluxo de Calor no Solo (MJ/m2/dia) U2 = Velocidade do vento tomada a 2 metros da superfície. = Coeficiente Psicrométrica (0,062 Kpa/oC) es-e = Deficit de saturação de vapor d’água. (Kpa) = Inclinação da curva de pressão de saturação do vapor d’água. 273 2 .4098 T es- es dado em “Kpa” 22 Medidas da Evapotranspiração Exemplo: Estimar a evapotranspiração de referencia (ETo) para uma localidade onde foram observadas as seguintes informações climáticas: Rnet = 10,8 MJ/m2.dia G = -0,1 MJ/m2.dia UR = 89,4% T = 25,1 oC Vento (2 m) = 0,8 m/s ETo = 3,4 mm/dia 23 Coeficiente de Cultura: Kc Variação de Kc com o desenvolvimento de culturas anuais Kc médio Kc final Estabeleci mento Desenvolvimento Vegetativo Florescimento e Frutificação Maturação Tempo (dias) Observa-se que os valores de Kc acompanham basicamente a área foliar da cultura. No caso das culturas anuais o Kc ini varia de 0,3 a 0,5, Kc médio de 0,8 a 1,2, e o Kc final de 0,4 a 0,7, dependendo do tipo de cultura. No caso de culturas perenes ou árvores, os valores de Kc também irão variar de acordo com o IAF e o tipo de cultura. Veja a seguir as diferenças nos estágios de desenvolvimento entre os diversos tipos de cultura, inclusive a de referência. 24 Coeficiente de Cultura: Kc Comparação dos estágios de desenvolvimento (e do IAF) de diferentes tipos de cultura e da cultura de referência Estação de Crescimento Anual Capins Perenes Culturas Perenes Árvores Cultura de referência (gramado) Tipo de Cultura Início Desenvolvimento Vegetativo Meia-estação Final da estação 25 Coeficiente de Cultura: Kc Cultura FASES DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA Inicial (Estabelec. ) Desenvimen to da Cultura Período Intermediário (Florescimento.) Final do Ciclo (Frutif.) Colheita (Matur.) Alfafa 0,3 1,05 Algodão 0,4 0,7 1,05 0,8 0,65 Amendoim 0,4 0,7 0,95 0,75 0,55 Arroz 1,1 1,1 1,1 0,95 0,95 Banana tropical 0,4 0,7 1,0 0,9 0,75 Banana Subtropical 0,5 0,8 1,0 1,0 1,0 Batata 0,4 0,7 1,05 0,85 0,7 Beterraba açucareira 0,4 0,75 1,05 0,9 0,6 Cana-de-Açucar 0,4 0,7 1,0 0,75 0,5 Cebola seca 0,4 0,7 0,95 0,85 0,75 Cebola verde 0,4 0,6 0,95 0,95 0,95 Café com tratos culturais 0,65 Café sem tratos culturais 0,85 Citros c/ tratos culturais 0,65 Citros s/ tratos culturais 0,85 26 Coeficiente de Cultura: Kc Ervilha 0,4 0,7 1,05 1,0 0,95 Feijão verde 0,3 0,65 0,95 0,9 0,85 Feijão seco 0,3 0,7 1,05 0,65 0,25 Girassol 0,3 0,7 1,05 0,7 0,35 Melancia 0,4 0,7 0,95 0,8 0,65 Milho doce 0,3 0,7 1,05 1,0 0,95 Milho grão 0,3 0,7 1,05 0,8 0,55 Oliveira 0,4 Pimentão verde 0,3 0,6 0,95 0,85 0,8 Repolho 0,4 0,7 0,95 0,9 0,8 Seringueira 0,7 Soja 0,3 0,7 1,15 0,7 0,4 Sorgo 0,3 0,7 1,0 0,75 0,5 Tabaco 0,3 0,7 1,0 0,9 0,75 Tomate 0,4 0,7 1,05 0,8 0,6 Trigo 0,3 0,7 1,05 0,65 0,2 Uva 0,35 0,6 0,7 0,6 0,55 Inicial Desenvolv. Florescim. Frutific. MaturaçãoCULTURA 27 Medidas da Evapotranspiração Exemplo 2 : Considerando que as informações anteriores foram medidas em uma área de cultivo de Girassol na fase de frutificação, quanto seria o consumo de água por esta cultura ? ETc = 3,4 * 0,7 = 2,38 mm/dia 28 Lista de exercício 1 Obter a ETc para o feijão seco em diferentes fases de desenvolvimento de acordo com as informações medidas durante o ciclo desta cultura. Obs: Cada aluno deverá obter o ETc individualmente para cada fase com sua respectiva informação seguindo a lista proposta. ( SEGUIR ORDEM ALFABÉTICA PARA ESCOLHER DIA) 29 Dia Juliano Ts UR vento Rnet G Fase da cultura 62 24,2 93,3 1,2 7,1 -0,4 Inicial 63 25,8 84,5 2,1 16,1 0,4 Inicial 65 24,6 87,6 1,5 11,7 0,0 Inicial 66 25,6 84,5 1,8 15,9 0,5 inicial 68 23,9 92,9 1,2 1,9 0,2 inicial 69 25,4 86,8 1,0 12,4 0,0 inicial 70 25,2 86,8 1,3 12,4 -0,2 inicial 72 25,3 83,7 2,3 14,6 -0,2 inicial 73 26,5 82,2 1,2 13,8 0,2 inicial 80 25,3 88,3 0,8 11,1 -0,1 desenvolvimento 81 24,3 91,1 0,8 8,6 -0,4 desenvolvimento 82 24,7 88,8 1,5 12,1 -0,2 desenvolvimento 85 25,2 89,9 1,2 7,1 -0,2 desenvolvimento 88 25,2 87,7 1,3 9,9 -0,2 desenvolvimento 89 25,9 86,5 1,4 15,3 0,1 desenvolvimento 90 25,5 87,9 1,3 12,5 -0,1 desenvolvimento 95 25,4 87,8 1,2 14,0 -0,2 desenvolvimento 97 25,3 91,4 0,9 7,6 -0,2 desenvolvimento 98 25,5 88,6 1,1 13,3 -0,1 desenvolvimento 99 26,2 85,0 0,8 14,0 0,0 florescimento 100 25,8 89,2 0,7 11,4 -0,1 florescimento 101 24,4 93,1 0,8 9,1 -0,3 florescimento 102 25,1 90,1 0,3 7,7 -0,2 florescimento 103 25,7 88,4 0,7 10,9 -0,1 florescimento 105 26,0 86,4 1,6 13,0 -0,1 florescimento 106 24,9 90,4 1,0 10,7 -0,2 florescimento 108 25,4 86,6 1,2 12,3 -0,1 florescimento 111 25,2 91,7 1,5 11,5 -0,1 frutificaçao 114 25,0 88,5 1,1 13,2 -0,1 frutificaçao 124 25,1 92,1 0,9 9,6 -0,1 frutificaçao 127 25,2 90,2 1,3 10,9 -0,1 frutificaçao 128 25,7 89,0 0,8 11,8 -0,1 frutificaçao 135 25,3 89,9 1,0 12,1 -0,1 frutificaçao 138 26,2 84,6 1,1 12,6 -0,1 frutificaçao 140 25,7 88,4 0,6 11,0 -0,1 frutificaçao 144 26,1 86,1 1,0 13,7 0,0 frutificaçao 146 25,6 88,5 1,4 10,5 -0,1 frutificaçao149 26,1 83,1 1,0 12,9 0,0 frutificaçao 150 25,2 88,1 0,8 9,4 -0,1 frutificaçao 152 24,1 91,6 1,3 7,8 -0,3 frutificaçao 153 25,2 83,3 1,2 12,2 -0,1 frutificaçao 156 25,8 84,6 1,4 11,8 0,1 frutificaçao 160 24,6 88,0 1,3 10,5 -0,1 frutificaçao 163 26,2 81,1 1,2 12,8 0,1 maturaçao 164 26,3 80,3 1,7 11,4 -0,1 maturaçao 165 25,5 84,0 1,4 10,7 0,0 maturaçao 167 25,7 81,4 1,2 11,8 0,0 maturaçao 168 26,1 78,7 1,3 12,6 0,0 maturaçao 169 24,8 88,5 1,4 8,1 -0,2 maturaçao 170 25,3 86,7 1,0 10,6 -0,1 maturaçao Dia Juliano Ts UR vento Rnet G Fase da cultura
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