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73416ResumoAula 8 Direito Penal

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Direito Penal 
 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo 
professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos 
Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Crimes Contra o Patrimônio .................................................................................. 2 
1.1. Retomada da Aula Passada .............................................................................................................. 2 
1.1.1 Furto x Roubo ............................................................................................................................. 2 
1.1.2 Roubo Próprio x Roubo Impróprio ............................................................................................. 2 
1.1.3 Animus Rem Sibi Habendi .......................................................................................................... 2 
1.2 Furto (art. 155, CP) ............................................................................................................................ 3 
1.2.1 Objeto ......................................................................................................................................... 3 
1.2.2 Causa de Aumento de Pena ∕ Majorante do Repouso Noturno (art. 155, §1º, CP) .................. 4 
1.2.3 Furto Privilegiado (art. 155, §2º, CP) .......................................................................................... 5 
1.2.4 Furto de Energia ......................................................................................................................... 5 
1.2.5 Furto Qualificado ........................................................................................................................ 6 
1.2.6 Furto de Veículo Automotor que ultrapassa divida estadual ou fronteira do país ................... 8 
1.3 Latrocínio (art. 157, §3º, In Fine, CP) ................................................................................................ 9 
2. Princípios Penais ................................................................................................. 10 
2.1 Princípio da Intervenção Mínima ∕ Subsidiariedade ∕ Ultima Ratio ................................................ 10 
2.2 Princípio da Ofensividade ∕ Lesividade............................................................................................ 10 
2.3 Princípio da Adequação Social da Conduta ..................................................................................... 11 
2.4 Princípio da Fragmentariedade ....................................................................................................... 11 
2.5 Princípio da Insignificância .............................................................................................................. 12 
3. Extinção da Punibilidade ..................................................................................... 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal 
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1. Crimes Contra o Patrimônio 
1.1. Retomada da Aula Passada 
1.1.1 Furto x Roubo 
 Aula passada começamos a estudar os crimes contra o patrimônio e observamos as diferenças 
entre furto e roubo. Nesse viés, em ambos ocorre subtração, para si ou para outrem, de coisa alheia 
móvel, mas o roubo tem um elemento especializante, que pode ser violência física ∕ própria, grave 
ameaça (promessa de mal iminente, injusto e grave) ou redução da vítima à impossibilidade de 
resistência, chamada de resistência imprópria. 
 
1.1.2 Roubo Próprio x Roubo Impróprio 
 No roubo próprio, emprega-se violência física, grave ameaça ou redução da vítima à 
impossibilidade de resistência, para depois subtrair. Por outro lado, no roubo impróprio, há situação 
atípica (no sentido de ser especial), ocorrendo primeiro a subtração, como se furto fosse; porém, após 
a subtração, a vítima tenta recuperar o bem e o que era para ser furto transforma-se em roubo, 
empregando o criminoso violência física ou grave ameaça, para assegurar a subtração ou a 
impunidade. 
 Fechamos a aula passada falando que não é possível o roubo impróprio com a terceira 
modalidade de violência, a impossibilidade de resistência ∕ violência imprópria. 
 
Roubo Próprio Roubo Impróprio 
(i) Violência Física ∕ Violência Própria 
(ii) Grave Ameaça 
(iii) Impossibilidade de Resistência ∕ Violência 
Imprópria 
(i) Violência Física ∕ Violência Própria 
(ii) Grave Ameaça 
 
 
1.1.3 Animus Rem Sibi Habendi 
 Para pensar em furto, roubo, ou qualquer crime contra o patrimônio, é preciso ter Animus Rem 
Sibi Habendi. Tal expressão equivale ao Animus domini do direito civil e traduz a intenção de se 
assenhorar, ou seja, de se tornar dono da coisa. Ex.: Pessoa quer passear com bicicleta de alguém e o 
dono não empresta. A pessoa, então, a agride, pega a bicicleta e devolve depois. Isso é furto ou roubo? 
Nenhum dos dois, pois não havia intenção de se tornar dono, apenas de usar a coisa. 
 Na prática, responde-se por crime contra o patrimônio se o sujeito é pego com o bem. Porém, 
demonstrando, na teoria, a ausência de intenção de se tornar dono, não há crime contra o patrimônio. 
 
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1.2 Furto (art. 155, CP) 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
 
1.2.1 Objeto 
(i) É possível subtrair coisa de ninguém (Res Nullius)? Res Nullius NÃO pode ser objeto de furto. 
 Ex¹.: um peixe no mar pode ser pescado por qualquer um, pois é coisa de ninguém. 
Diferentemente, um peixe no aquário pode ser objeto de furto, pois é propriedade de alguém. 
 Ex².: oxigênio no ar não pode ser objeto de furto, mas pode no galão. 
 
(ii) É possível subtrair coisa abandonada (Res Derelicta)? Res Derelicta NÃO pode ser objeto de furto. 
 O que é abandonado não é objeto de furto, pois se abre mão da propriedade de bem. O lixo é o 
principal exemplo. 
 
(iii) É possível subtrair coisa perdida (Res Desperdicta)? Res Desperdicta NÃO pode ser objeto de 
furto. 
 Não se pode furtar algo perdido. Porém, CUIDADO: o ditado “achado não é roubado, quem 
perdeu foi relaxado” não expressa a realidade. Embora não possa ser objeto de furto, a coisa perdida 
pode gerar crime de apropriação de coisa achada (art. 169, p.u, II, CP). 
 
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza 
 Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso 
fortuito ou força da natureza: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
 Apropriação de tesouro 
 I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota 
a que tem direito o proprietário do prédio; 
 Apropriação de coisa achada 
 II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, 
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade 
competente, dentro no prazo de quinze dias. 
 
 Ao ser encontrada coisa perdida, há obrigaçãode restituir ao proprietário ou legítimo 
possuidor. Não sendo possível a identificação, deve-se entregar a coisa à autoridade competente, em 
até 15 dias. 
 
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1.2.2 Causa de Aumento de Pena ∕ Majorante do Repouso Noturno (art. 155, §1º, CP) 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
 
OBS: Causa de Aumento de Pena ∕ Majorante X Qualificadora 
 Sempre que se falar em causa de aumento de pena ou qualificadora, há aumento de pena. 
Porém, a qualificadora muda a escala pena, ou seja, muda-se a pena mínima e a pena máxima. Na 
causa de aumento de pena, porém, mantém-se a escala penal, aumentando-se fração da pena. 
 
Causa de Aumento de Pena ∕ Majorante Qualificadora 
Muda escala da pena (pena mínima e máxima) Mantém escala da pena, aumentando fração da 
mesma 
 
 O furto tem pena mínima de 1 ano e máxima, de 4 anos. No §1º, a pena (de 1 a 4 anos) é 
aumentada da terça parte, se o crime for praticado durante o período noturno. Porém, no §4º há 
condutas mais graves, partindo de 2 anos a pena mínima, para até 8 anos. 
 É por isso que se fala em furto majorado e em furto qualificado. No furto majorado, aumenta-
se a pena sem modificar a escala de mínimo e máximo da pena; no furto qualificado, modifica-se a 
escala da pena. 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
(...) 
 Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 
 
 No §1º, fala-se em causa de aumento de pena sempre que o furto for praticado no período 
noturno. Não se entrará aqui nas discussões doutrinárias sobre o que seria considerado período 
noturno, residência, habitação. Para o STJ, tanto faz se diante de residência, comércio ou indústria, se 
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habitado ou vazio, se as pessoas estão acordadas ou dormindo. Aqui, o importante é que o furto seja 
praticado no período de repouso noturno, da forma mais extensa e ampliativa possível. 
 O período de repouso noturno é o período em que, habitualmente, as pessoas descansam, 
mudando ao longo do país, conforme a região, se campo ou cidade. Não há um horário específico. 
 E se a pessoa for vigia e trabalhar durante a noite, dormindo de dia? O furto de dia não pode 
ser considerado furto com causa de aumento de pena de repouso noturno, pois ocorreria analogia in 
malam partem. 
 Se o bem for vigiado à noite da mesma forma que o dia, ou mesmo mais, p.e. boate, não 
ocorrerá aumento de pena. Isso porque o aumento pressupõe que o bem esteja em situação de 
vulnerabilidade. Assim, se o bem é tão protegido ou mais do que durante o dia, não ocorre causa de 
aumento de pena. 
 
1.2.3 Furto Privilegiado (art. 155, §2º, CP) 
 O §2º, chamado de furto privilegiado pela doutrina, consigna que (i) o criminoso for primário e 
(ii) de pequeno valor o objeto da subtração, o juiz pode substituir a pena de reclusão por detenção, 
reduzi-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa. 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a pena de multa. 
 
(i) Criminoso Primário → ausente reincidência 
+ 
(ii) Coisa furtada de Pequeno Valor → +∕- até 1 salário mínimo 
 
 
Juiz pode: 
(i) Substituir pena de reclusão por pena de detenção; ou 
(ii) Reduzir a pena de 1∕3 a 2∕3; ou 
(iii) Aplicar somente pena de multa 
 
1.2.4 Furto de Energia 
 O §3º traz o furto de energia. 
 
Art. 155, § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
Direito Penal 
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 O caput do art. 155 fala em subtração, para si ou para outrem, de “coisa alheia móvel”. Assim, o 
§3º fala que se equipara à coisa alheia móvel energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor 
econômico. Ex.: Elétrica, Eólica, Solar, Genética. 
 O exemplo mais famoso é o “gato”, pois ocorre subtração de energia e se incorre nas mesmas 
penas do furto. 
 CUIDADO¹: A lei fala em furto de ENERGIA, não precisando ser apenas a elétrica, mas é preciso 
ser energia. Assim, subtração de sinal wifi, ou de imagem de TV à cabo não é energia, ou haveria 
analogia in malam partem. Analogia, no direito penal, só pode ser realizada se for em benefício do 
criminoso (analogia in bonam partem), ou haveria violação do Princípio da Legalidade. 
 CUIDADO²: É preciso cuidado para não confundir furto de energia (art. 155, §3º) com 
estelionato (art. 171). 
• Situação 1: É puxado cabo de poste para casa de alguém; 
• Situação 2: Pessoa mexe no relógio de casa, adulterando-o. 
 O furto é uma subtração de coisa alheia móvel, assim, é preciso pegar, arrancar. Assim, apenas 
a situação 1 configura furto, pois se puxou a energia para a casa. Porém, se já havia fio, mas foi mexido 
o relógio para alterar a marcação, a energia já vinha, utilizando-se artifício para enganar a companhia, 
o que é estelionato. 
 
Estelionato 
 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro 
meio fraudulento: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de 
réis. 
 
1.2.5 Furto Qualificado 
 O §4º trata do furto qualificado, pois ocorreu mudança de penas (de 1 a 4 anos, para 2 a 8 
anos), em razão de conduta mais reprovável. 
 
Furto qualificado 
 Art. 155, § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é 
cometido: 
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 III - com emprego de chave falsa; 
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 
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 OBS: Se o furto for qualificado e cometido durante o período noturno, não ocorre aumento de 
1∕3 sob a pena do furto qualificado, pois o §1º traz uma causa deaumento de pena apenas ao caput, 
de furto simples. 
 O furto qualificado já possui maior reprovabilidade, por sua própria natureza, sendo a pena 
mais alta. 
 
• Inciso I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 Aqui, tanto faz se a destruição ou rompimento ocorre no início ou no final (para garantir 
subtração ou impunidade). Ex¹.: Bem era protegido por cofre, mas este é destruído para o furto. Ex².: 
ao pegar jóia em cofre, descem grades e estas são arrebentadas para a fuga. Ex³.: vidro de carro é 
quebrado para furto de celular. 
 Há dois cenários que geraram discussões. Situação 1: Em carro parado, celular está no banco do 
carona e é quebrado vidro para furto do celular; Situação 2: quebra-se vidro para furto do carro. 
 O obstáculo é tudo aquilo que protege e não integra a coisa. 
 Ao arrebentar vidro do carro para pegar telefone, o vidro era um anteparo que impedia o 
acesso e protegia o bem, sem dele fazer parte. Assim, há furto qualificado do §4º. 
 Porém, a quebra do vidro do carro para furto do veículo configura furto simples, pois o vidro, 
apesar de proteger o carro, o integra, dele faz parte. Essa situação foi questionada, em razão do 
princípio da proporcionalidade. Os Tribunais, porém, mantiveram tal entendimento. 
 
• Inciso II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
(i) Abuso de Confiança 
→ A qualificadora do abuso de confiança exige prévia confiança. 
→ Ademais, a mera relação empregatícia não pressupõe confiança (Tribunais e doutrina majoritária) 
 
(ii) Fraude 
→ É artimanha ou engodo 
OBS: É preciso diferenciar furto qualificado por fraude do estelionato. 
 Para falar em furto, o agente irá subtrair; no estelionato, a vítima entrega o bem para o agente. 
Em ambos ocorre fraude, artifício, artimanha. Porém, no furto, a enganação é para subtrair; no 
estelionato, a enganação é para que ocorra entrega. 
 Ex.: em restaurante, pessoa observa pessoa vestida como vallet e acredita que é manobrista. 
Ela entrega a chave, crendo nisso, o que caracteriza estelionato. 
 
(iii) Escalada 
 Pressupõe: 
 • ingresso por via anormal CUMULATIVOS 
 • que demande esforço incomum 
 A escalada não é apenas para cima, e sim qualquer ingresso por via anormal que demande 
esforço em comum. Ex.: não é normal entrar em casa por janela ∕ chaminé ∕ túnel subterrâneo (furto 
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do Banco Central em Fortaleza). Porém, se for janela baixa, de casa, que não exige esforço, não há 
escalada, mas furto simples. 
 
(iv) Destreza 
→ Destreza = Habilidade + Dissimulação 
 Ex.: Se na subtração do bem da vítima, esta não perceber, houve destreza? Sim, pois houve 
habilidade e dissimulação. A duvida é: e quando a vítima percebe? Não se pode falar, a princípio, que 
não houve destreza. Pode ter havido destreza, uma vez que a vítima pode ter percebido por dois 
motivos: (i) acaso ou (ii) falha. 
 Ex¹.: Durante a subtração de celular em ônibus, toca o telefone da vítima e esta percebe a 
pessoa mexendo em sua bolsa. O acaso mantém a destreza. 
 Ex².: Durante a subtração, a própria pessoa se atrapalha no furto e a vítima percebe. Houve 
falha, além do acaso, logo, inexiste destreza. 
 
• Inciso III - com emprego de chave falsa; 
 O emprego de chave falsa tem um detalhe: a chave falsa não necessariamente precisa ser 
chave (tradicional), podendo ser qualquer objeto que faça as vezes de chave, ou seja, que funcione 
como chave. Ex.: grampo de cabelo, clipse. 
 CUIDADO: A chave verdadeira pega fraudulentamente nunca será chave falsa, mas pode haver 
outra qualificadora. Se a chave era verdadeira, não há chave falsa, pois por mais que não houvesse 
autorização, ela era verdadeira. 
 Se feita cópia da chave verdadeira, porém, há chave falsa. Isso não dá no mesmo, pois a chave 
verdadeira nunca pode ser falsa; aqui, utiliza-se a cópia, que não é autorizada e nem conhecida, logo, 
há chave falsa. 
 
• Inciso IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 É qualquer furto praticado com, ao menos, dois agentes. O importante, aqui, é que, ao menos, 
duas pessoas estejam no local do furto. Nem todas precisam estar no local, mas ao menos duas 
precisam, pois é isso o que gera maior reprovabilidade. 
 
1.2.6 Furto de Veículo Automotor que ultrapassa divida estadual ou fronteira do país 
 
Art. 155, § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
 O §5º traz uma qualificadora maior que a prevista no §4º, aumentando a pena-base para 3 a 8 
anos, em caso de furto de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado da 
Federação, ou para o Exterior. 
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 Ex.: havendo furto de veículo automotor transportado para outro Estado, mediante uso de 
chave falsa, ou concurso de duas ou mais pessoas, ignora-se a(s) qualificadora(s) do §4º, mantendo-se 
a pena-base do §5º, de 3 a 8 anos. Assim, a qualificadora do §4º não será utilizada, até mesmo por 
questões topográficas (o §4º não pega a causa de aumento de pena do §1º; o §5º não pega 
qualificadora do §4º). 
 Ademais, o furto do §5º não admite tentativa. Dessa forma, se a pessoa for pega antes de 
atravessar a fronteira, a 1 passo, mesmo interrompida por circunstâncias alheias à vontade, não se 
configura a qualificadora. Esta apenas incide após atravessar divisa para outro Estado ou fronteira para 
outro país. Não se responde pelo crime consumado nem pela tentativa, pois se entende que pode 
haver desistência até o último momento. 
 
1.3 Latrocínio (art. 157, §3º, In Fine, CP) 
 O latrocínio está dentro do roubo, no art. 157, §3º, parte final, quando da violência houver 
resultado morte. No latrocínio, não necessariamente há roubo seguido de morte. 
 O latrocínio é roubo seguido de morte, desde que a morte se dê para: 
(i) Subtrair 
(ii) Assegurar a subtração 
(iii) Assegurar a impunidade 
 Não tendo tal intuito, p.e., se a pessoa sofrer ataque cardíaco ao ver a arma sendo apontada no 
roubo, não há latrocínio. Responde-se apenas pelo roubo, exceto se consciente do problema de saúde, 
o que não é o caso. 
 Ademais, a morte não precisa ser da pessoa que sofre o crime patrimonial. Ex.: o agente rouba 
a vítima e chega a polícia; ele atira em policial, que morre. Mesmo não tendo a vítima morrido, e sim 
policial (ou seja, há vítimas distintas), há latrocínio consumado. 
 Há duas súmulas importantes para as provas, sobre latrocínio: 
 
Súmula 603, STF. A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do 
juiz singular, e não do Tribunal do Júri. 
 
 O processo e julgamento de latrocínio é de competência do juízo singular, e não do Júri. 
 
Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma, ainda que não 
realize o agente a subtração de bens da vítima. 
 
 É a mais cobrada. Há roubo (art. 157) e homicídio (art. 121) previstos no CP, sendo sua soma o 
crime de latrocínio (art. 157, §3º, in fine). Pode, com isso, haver roubo consumado e homicídio 
consumado; roubo tentado e homicídio tentado; roubo tentado e homicídio consumado;ou roubo 
consumado e homicídio tentado. 
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 As duas primeiras hipóteses não geram dificuldade. A dúvida é nas duas últimas hipóteses, 
resolvida pela Súmula 610, STF. Esta, contrariando a doutrina, entende que há latrocínio consumado 
quando o homicídio se consuma, ainda que não consiga o agente subtrair o bem da vítima. 
 
Roubo Homicídio Latrocínio 
Consumado Consumado Consumado 
Tentado Tentado Tentado 
Consumado Tentado Tentado 
Tentado Consumado Consumado 
2. Princípios Penais 
2.1 Princípio da Intervenção Mínima ∕ Subsidiariedade ∕ Ultima Ratio 
→ O direito penal atuar em último caso 
 Como o direito penal é o ramo mais grave, pois interfere na liberdade, deve ser a última 
medida, caso nenhuma outra mostre-se adquada. 
→ O direito penal só deve atuar na proteção dos bens jurídicos mais importantes para a vida em 
sociedade. 
 Ademais, o direito penal só deve atuar para proteger os bens imprescindíveis à sociedade, e 
não para proteger qualquer bem jurídico. Isso mostra uma visão de direito penal mínimo, ou seja, 
apenas quando não vislumbrada outra saída. 
 A mídia coloca uma visão de direito penal máximo, mas na doutrina e na jurisprudência não é 
isso o que ocorre. 
2.2 Princípio da Ofensividade ∕ Lesividade 
 Cezar Roberto Bitencourt entende que não são sinôminos, pois a ofensividade deveria ser 
analisada no campo concreto, enquanto a lesividade deveria ser analisada no campo abstrato. Porém, 
essa é a posição minoritária. A doutrina amplamente majoritária entende que os termos são 
sinônimos. 
 O princípio da Ofensividade ∕ Lesividade traz quatro proibições de punição, sendo o melhor 
jeito de estudá-lo o livro de Rogério Greco. 
 
(i) a cogitação não pode ser punida (direito à perversão) 
(ii) condutas que não excedam o âmbito pessoal não podem ser punidas 
(iii) não se pode punir estados existenciais (direito penal do fato) 
(iv) não se pode punir condutas desviadas que não afetem terceiros 
 Alguns autores chamam tal vedação à punição de atitudes internas de Princípio da Alteridade ∕ 
Princípio da Transcendentalidade, o que é cobrado pela CESPE, que entende ser tal princípio um 
subprincípio da Lesividade. 
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 Essa vedação impede que seja punido o que o agente pensa, punindo-se apenas o que ele faz. 
Assim, a cogitação não pode ser punida, o que é chamado de direito à perversão, ou seja, o direito de 
ser perverso internamente, pois o que se pensa é impunível. 
 Ex.: é possível ser racista e homofóbico, mas não se pode exeriorizar comportamento racista ou 
homofóbico. É por isso que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz exigem que se tenha 
entrado na execução, na preparação, para punição, pois a cogitação é impunível. 
 Ademais, a segunda proibição de punição é para condutas que não excedam o âmbito pessoal 
do agente. Como se fala em conduta, isso foi exteriorizado; porém, isso ainda não atingiu terceira 
pessoa. Aqui, não se está no âmbito de cogitação, pois houve exteriorização, só que não atingiu 
terceiro, não saiu da esfera particular. 
 É por isso que autolesão é impunível. Imaginando que agente pratica autolesão para obter 
seguro, porém, isso é fraude. Nesse caso, pode-se enquadrar a conduta no art. 171, §2º, V, 
estelionato, pois a autolesão ofende bem de terceiros. 
 O indivíduo que tenta se matar não é punido, pois apenas ele ficou machucado. Responde-se 
por indução ao suicídio, auxílio, mas se matar não é crime. 
 Também não se pode punir estados existenciais. Isso significa que não se pode punir o agente 
pelo que ele é, e sim pelo que ele fez. O direito penal é do fato, e não do autor. 
 Por fim, não se pode punir condutas desviadas que não afetem terceiros. Ex.: sujeito que não 
toma banho todos os dias; coloca o dedo no nariz; não passa desodorante não pode ser punido. É algo 
que foge à normalidade, mas não ofende bem jurídico de ninguém. 
2.3 Princípio da Adequação Social da Conduta 
→ É voltado ao julgador e ao legislador; 
 O legislador, com base no que entende que é adequado à sociedade, irá criminalizar e 
descriminalizar condutas. Ex¹.: cola eletrônica, que é a fraude em certames de interesse público é fruto 
da lei 12.550∕2011, com base na consideração de inadequação pelo legislador. Ex².: A lei 11.106∕2005, 
o legislador descriminalizou o adultério. O julgador, nesse viés, concede ou não eficácia à norma. 
 Como é um princípio muito subjetivo, é de difícil manuseio, aparecendo pouco em provas o que 
é ou não adequado. Ex.: jogo do bicho, no Centro do RJ, pode ser considerado adequado; em outro 
Estado, não. Não é possível tratar de forma homogênea. O que pode ter maior probabilidade de cair é 
a quem está voltado, pois é mais objetivo. 
 
2.4 Princípio da Fragmentariedade 
→ Princípio da intervenção mínima ∕subsidiariedade ∕ultima ratio + Princípio da Ofensividade 
∕Lesividade + Princípio da Adequação Social da Conduta = Atuação reduzida e fragmentada do D. Penal
 A soma dos princípios demonstra que sobra pouco ao direito penal, seu campo de atuação é 
muito pequeno e fragmentado. Ao avaliar os princípios, pode-se concluir que o direito penal não 
representa um sistema exaustivo de proteção a bens jurídicos, e sim um sistema descontínuo. Karl 
Ludwig Binding afirma o exposto. 
Direito Penal 
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professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos 
Tribunais. 
 
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2.5 Princípio da Insignificância 
 A infração penal é um todo individível, formada por um somatório de três elementos: 
tipicidade, ilicitude ∕ antijuridicidade e culpabilidade. 
 
Tipicidade 
 + Infrações Crimes = Delitos 
Ilicitude ∕ Antijuridicidade Penais Contravenções Penais 
 + (DL 3688∕41) 
Culpabilidade 
 
 Esse é conceito analítico ∕ extratificado de infração penal (mais técnico do que “de crime”). 
 
 Conduta 
Tipicidade Resultado 
 Nexo de Causalidade Tipicidade Formal 
 Tipicidade em Sentido Estrito Tipicidade Material 
 
 No âmbito de crimes materiais (exigem resultado para consumação), a tipicidade exige 
conduta, resultado e nexo de causalidade que una a conduta ao resultado, além de tipicidade em 
sentido estrito. 
 Se for o crime formal, desnecessário resultado, precisando-se, apenas, de conduta e tipicidade 
em sentido estrito. 
 A tipicidade em sentido estrito é um elemento formado por tipicidade formal e por tipicidade 
material. A tipicidade formal é a mera adequação entre a conduta do agente e a conduta proibida pela 
lei. Ex.: a subtração para si ou para outrem é vedada pelo art. 155, CP, logo, a conduta do caso 
concreto é vedada abstratamente, pela lei. 
 Não adianta apenas a tipicidade formal. A tipicidade material é a efetiva afetação do bem 
jurídico tutelado. Assim, no furto, subtraindo coisa alheia móvel para si ou para outrem, deve-se 
observar se houve ofensa ao patrimônio (tipicidade material). O que tem a ver tipicidade material com 
insignificância? 
 Se o fato for insignificante, não ofendeu bem jurídico, não possuindo tipicidade material.Se o fato não for insignificante, houve ofensa a bem jurídico, existindo tipicidade material. 
 A insignificância é estudada porque, se o fato for insignificante, não haverá ofensa ao bem 
jurídico, inexistindo tipicidade material, bem como tipicidade em sentido estrito, eliminando a própria 
tipicidade e a infração penal, pois não presente um dos elementos que a caracteriza. 
 Como saber, então, o que é insignificante? HC 84.412∕2004, STF. 
 
Direito Penal 
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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA PRESENÇA 
LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - 
CONSEQÜENTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU ASPECTO 
MATERIAL - DELITO DE FURTO - CONDENAÇÃO IMPOSTA A JOVEM DESEMPREGADO, 
COM APENAS 19 ANOS DE IDADE - "RES FURTIVA" NO VALOR DE R$ 25,00 
(EQUIVALENTE A 9,61% DO SALÁRIO MÍNIMO ATUALMENTE EM VIGOR) - DOUTRINA - 
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF - PEDIDO DEFERIDO. O 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO 
MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL. - O princípio da insignificância - que deve ser analisado 
em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado 
em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, 
examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Tal postulado - que 
considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de 
certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a 
nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu 
processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do 
sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a 
intervenção mínima do Poder Público. O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO 
DO DIREITO PENAL: "DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR". - O sistema jurídico há de 
considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de 
direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria 
proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, 
notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a 
dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal não se 
deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor - por não importar em 
lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo 
importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem 
social.(HC 84412∕SP, Rel. Min. Celso de Mello, j. 19.10.2004; DJe 19.11.2004, Segunda 
Turma). 
 
 Há inúmeros julgados, recentes, que tratam de insignificância, mas o referido HC é o leading 
case, tendo melhor apontado a visão sobre insignificância. 
 A Insignificância exige quatro vetores∕requisitos cumulativos, que são importantes para 
provas objetivas. 
 
 (i) Mínima Ofensividade da Conduta 
Insignificância (ii) Nenhuma Periculosidade Social da Ação 
 (iii) Reduzidíssimo Grau de Reprovabilidade da Conduta 
 (iv) Irrelevância da Lesão Provocada 
 
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 Ao ser observada a mínima ofensividade da conduta, não se observa o resultado, a lesão (esta é 
o último requisito observado), e sim a conduta criminosa. A conduta do agente deve ser muito 
pequena, ter mínima ofensividade. Assim, é o potencial de gerar lesão que é analisado. 
 É por isso que não se costuma observar insignificância em crime de roubo, mas sim em crimes 
de furto, pois naquele há violência, maior poder de gerar lesão, maior a ofensividade. 
 Além disso, não pode ser gerado nenhum perigo à sociedade. Ele se parece com o primeiro 
requisito e uma das críticas feitas a esse princípio é que os requisitos acabam se sobrepondo. Às vezes, 
um e outro dizem o mesmo, mas as provas objetivas exigem o conhecimento de todos. 
 O grau de reprovabilidade deve ser muito pequeno e a lesão provocada deve ser muito 
pequena, irrelevante. Aqui, não se olha para o valor, mas para a vítima. Ex.: 1 real é irrelevante? Para 
alguns, sim; para mendigo, não. 
 Uma questão jurisprudencial relevante aqui diz respeito a crimes tributários e crime de 
descaminho. Inicialmente, a lei 10.522∕2002 dizia que o Ministério da Fazenda não promoveria 
execução fiscal de dívidas de até 10 mil reais, por não compensar. Assim, no direito penal, foram 
considerados irrelevantes crimes tributários ou descaminho de até 10 mil reais. Em 2012, porém, o 
Ministério da Fazenda editou a Portaria 75∕2012, atualizando os valores de execução fiscal e 
entendendo que não haveria execução fiscal de valores até 20 mil reais. Nesse contexto, o STF 
entendeu que a insignificância, em crimes tributários e no descaminho, subiria, também, para 20 mil 
reais. O STJ, porém, permaneceu com o entendimento anterior, de 10 mil reais. 
 Isso é o que pode ser perguntado sobre jurisprudência. 
 
Insignificância STF STJ 
Crimes Tributários + Descaminho 
→ Antes da Portaria MF 75∕2012 
 
10 mil 10 mil 
Crimes Tributários + Descaminho 
→ Depois da Portaria MF 75∕2012 
20 mil 10 mil 
 
 A reincidência pode impedir a aplicação do Princípio da Insignificância? Não há uma posição 
pacífica. A corrente levemente majoritária entende que sim, mas isso é discutível. Em provas objetivas, 
posições divergentes não costumam cair. 
3. Extinção da Punibilidade 
 A infração penal é formada pelo somatório de três elementos: Tipicidade, Ilicitude ∕ 
Antijuridicidade e Culpabilidade. A conjunção dos três elementos gera a infração penal, mas nem por 
isso haverá punição. É necessário, além desses elementos, que o agente tenha punibilidade. 
 
Infração Penal = Tipicidade + Ilicitude ∕ Antijuridicidade + Culpabilidade + Punibilidade 
 
 A linha pontilhada é para não achar que a punibilidade é um quarto elemento da ação penal. 
Direito Penal 
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 Há certas situações em que o Estado abre mão ou perde o direito de punir, ou seja, hipóteses 
de extinção de punibilidade. O Estado possui um direito abstrato de punir e, a partir do momento em 
que se pratica a infração penal, surge um direito concreto de punir o indivíduo. Porém, o Estado pode 
perder tal direito, p.e., em caso de prescrição ou de morte do agente. Contudo, há casos em que o 
Estado abre mão da punição, p.e., reparação do dano no peculato culposo, anistia, graça, indulto. 
 Em provas de Tribunais, são relevantes as hipóteses de extinção da punibilidade, as quais 
podem estar dentro do art. 107, CP, ou fora dele (em parte especial, lei extravagante). O importante é 
que o rol do art. 107 não é taxativo, mas exemplificativo, uma vez que admite outras causas, além das 
previstas no artigo. 
 
 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Leinº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - pela morte do agente; 
 II - pela anistia, graça ou indulto; 
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
 IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
 V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação 
privada; 
 VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
 VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
 Ex¹.: Reparação do Dano no Peculato Culposo Antes da Sentença Irrecorrível (art. 312, §3º, 
CP). O peculato culposo foi estudado junto aos Crimes contra a Administração Pública, junto a outras 
espécies de peculato, p.e., o Peculato-Apropriação (art.312, caput, primeira parte), o Peculato-Desvio 
(art. 312, caput, segunda parte), o Peculato-Furto (art. 312, §1º), o Peculato Culposo (art. 312, §§2º e 
3º) e o Peculato-Estelionato ∕ Mediante Erro de outrem (art. 313). 
 
Peculato 
 Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, 
em proveito próprio ou alheio: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse 
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito 
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de 
funcionário. 
 Peculato culposo 
 § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
Direito Penal 
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Peculato mediante erro de outrem 
 Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, 
recebeu por erro de outrem: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 O peculato culposo ocorre não quando funcionário público se apropria, desvia ou furta, mas 
sim quando, por negligência, inobservando dever de cuidado, ele viabiliza que alguém subtraia o bem 
em poder da Administração. Assim, reparado o dano antes da sentença irrecorrível haverá extinção da 
punibilidade. Não é antes da sentença de primeira instância, mas antes da sentença irrecorrível. 
 Ex².: Emissão de cheque sem fundos, previsto na Súmula 554, STF. Se a pessoa passar cheque 
sem fundos, por si só, isso não é crime. O problema é quando essa emissão é dolosa. Nesse caso, 
pratica-se crime de estelionato. Nesse contexto, diz a Súmula 554, STF que: 
 
Súmula 554, STF. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o 
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. 
 
 Se o pagamento do cheque sem fundos após o recebimento da denúncia não obsta o 
processo penal, a contrario sensu, o pagamento anterior à denúncia obsta. 
 Ex³.: Homologação da composição civil no juizado especial criminal em crimes de ação penal 
privada ou ação penal pública condicionada à representação. O JECRIM, relacionado à lei 9.099∕95, é 
responsável pelo processo e julgamento de infrações de menor potencial ofensivo (não para todas as 
infrações penais). 
 Que infrações têm menor potencial ofensivo? Todas as contravenções penais (previstas no DL 
3688∕41) e crimes com pena máxima não superior a dois anos. Assim, praticada contravenção ou crime 
cuja pena máxima seja de até 2 anos, ganha-se como benefício a consideração de menor potencial 
ofensivo e julgamento no JECRIM. Isso é benéfico porque no Juizado há medidas despenalizadoras 
previstas em vários artigos, havendo opções mais viáveis do que a prisão. 
 
• Art. 74 → Composição civil 
 É um acordo (pois a Justiça consensual foi trazida ao processo criminal) entre o Autor do fato e 
a vítima, o que é mais vantajoso do que a prisão. 
 A questão é que há crimes de ação penal privada, de ação penal pública condicionada à 
representação, de ação penal pública incondicionada. Em crime de ação penal privada, a homologação 
do acordo resolve a questão, pois configura renúncia ao direito de queixa (ação penal privada) ou de 
representação (ação penal pública, condicionada à representação), a forma do art. 74, p.u., Lei 
9099∕95. 
 
Direito Penal 
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 Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada 
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo 
civil competente. 
 Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal 
pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao 
direito de queixa ou representação. 
 
• art. 76 → transação penal 
 
 Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na 
proposta. 
 § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la 
até a metade. 
 § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de 
liberdade, por sentença definitiva; 
 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela 
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da 
medida. 
 § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à 
apreciação do Juiz. 
 § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz 
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo 
registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 
82 desta Lei. 
 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de 
certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e 
não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. 
 
• art. 88 → representação 
 
 
 Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá 
de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões 
culposas. 
 
 
• art. 89 → supensão condicional do processo (sursis) 
Direito Penal 
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professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos 
Tribunais. 
 
www.cursoenfase.com.brArt. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, 
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá 
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja 
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais 
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, 
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período 
de prova, sob as seguintes condições: 
 I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 II - proibição de freqüentar determinados lugares; 
 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
 IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. 
 § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, 
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
 § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser 
processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do 
dano. 
 § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso 
do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. 
 § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. 
 § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
 § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo 
prosseguirá em seus ulteriores termos. 
 
Questão (FCC ∕ Analista Judiciário TRE-AP ∕ 2011) 
De acordo com o Código Penal NÃO é causa de extinção da punibilidade a 
A) reparação do dano posterior à sentença irrecorrível no crime de peculato culposo. 
 É preciso ser antes da sentença, pois aqui haveria apenas a redução da metade da pena 
imposta. 
B) morte do agente. 
C) anistia. 
D) prescrição. 
E) retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso. 
 Todas as outras hipóteses estão no art. 107, sendo importante lê-lo. 
 
Ex4.: Prescrição. Estatisticamente, a que mais se encontra caindo em provas, dentro do art. 107, é a 
prescrição. 
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 A prescrição pode incidir sobre o direito de punir (prescrição da pretensão punitiva), antes da 
condenação, ou sobre o direito de executar a pena (prescrição da prescrição executória), após a 
condenação. 
 A prescrição é um tema híbrido, dizendo o art. 61, CPP que, por ser matéria de ordem pública, 
deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, a qualquer momento do processo. 
 
CPP, Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, 
deverá declará-lo de ofício. 
 
 O art. 115, CP reduz à metade o prazo prescricional, se, no momento do crime, o agente era 
menor de 21 anos, ou, na data da sentença, ou maior de 70 anos. Aqui, porém, é importante perceber 
que o maior de 70 também terá redução se, ao tempo do crime tiver tal idade, pois quando da 
sentença, ele estará mais velho, e não mais novo. 
 
 Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao 
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 
(setenta) anos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 Outro aspecto importante é a Súmula 497, STF. 
 
Súmula 497, STF. Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela 
pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação. 
 
 Ela fala apenas de crime continuado, mas deve ser interpretada para ser aplicada sempre que 
houver concurso de crimes que possibilite exasperação. 
• Concurso Material (art. 69) → Cúmulo material das penas 
 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade 
em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de 
detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de 
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição 
de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá 
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
• Concurso Formal ∕ Normal ∕ Próprio ∕ Perfeito (art. 70, 1ª parte) → Exasperação das penas (pena 
maior, aumentada de 1∕6 a 1∕3) 
• Concurso Formal Anormal ∕ Impróprio ∕ Imperfeito (art. 70, 2ª parte) → Cúmulo material das penas 
Direito Penal 
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Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, 
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As 
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os 
crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo 
anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
• Crime Continuado (art. 71) → Simples: Exasperação das Penas (1∕6 a 2∕3) 
 Qualificado: Exasperação das Penas (aumento até o triplo) 
 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e 
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, 
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência 
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, 
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o 
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste 
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Relembrando: 
 Concurso Formal 
Próprio 
Concurso 
Formal 
Impróprio 
Concurso 
Material 
Crime Continuado 
Requisitos (i) Uma só conduta 
(ii) Pluralidade de 
Crimes 
(iii) Dolo em um 
resultado e culpa 
no(s) outro(s) ou 
Culpa em todos os 
resultados 
(i) Uma só 
conduta 
(ii) Pluralidade 
de Crimes 
(iii) Dolo em 
todos os 
resultados 
(i) Pluralidade 
de Condutas 
(ii) Pluralidade 
de Crimes 
(i) Pluralidade de Condutas 
(ii) Pluralidade de crimes da 
mesma espécie 
(iii) Mesmas condições de 
tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes 
(iv) Crimes subsequentes devem 
ser havidoscomo continuação 
do primeiro 
Cálculo da 
Pena 
Cúmulo Material das 
Penas 
Exasperação das 
Penas (de 1∕6 a 
1∕2) 
→ Multa é 
sempre 
cumulada 
Cúmulo 
Material das 
Penas 
Exasperação das Penas: 
(i) Crime Continuado Simples - de 
1∕6 a 2∕3 
(ii) Crime Continuado Qualificado 
– aumentar até o triplo 
→ Multa é sempre cumulada 
Direito Penal 
 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo 
professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos 
Tribunais. 
 
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 Apenas o crime continuado e o concurso formal próprio trabalham com exasperação de penas. 
Porém, interpreta-se a súmula de forma extensiva, aplicando-a a ambos. Sempre que é feita 
exasperação, pega-se a pena máxima dos crimes, aumentando-a, conforme a modalidade de concurso, 
para chegar à pena final. 
 A prescrição conta sobre a pena final, ou individualmente, em cada crime? É isso o que a 
súmula fala, dizendo que a prescrição regula-se pena pena imposta na sentença, não se computando o 
acréscimo da continuação. Assim, não se olha, enquanto tempo de prescrição, a exasperação, mas 
em cada crime, isoladamente. 
 A súmula 438, STJ merece também atenção, tratando de prescrição hipotética ∕ virtual ∕ 
projetada. 
 
Súmula 438, STJ. É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão 
punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou 
sorte do processo penal. 
 
 Ex.: imagine-se que, em dado momento, fosse observado, de acordo com todas as 
circunstâncias de determinado processo, que o crime está prescrito. Se fosse avaliado que o máximo 
de uma pena é X e que se o agente, hoje, pegasse a pena máxima, ela estaria prescrita. Assim, 
argumentava-se que, se isso estaria prescrito, por que seguir com um processo? Essa seria uma 
prescrição hipotética ∕ virtual ∕ projetada para frente. 
 Em 2010, veio a súmula para probir tal prática, uma vez que ela violaria o Princípio da 
presunção de inocência. Ao considerar o crime prescrito, ocorre extinção da punibilidade pela 
prescrição, mas esta pressupõe crime (fato típico, ilícito e culpável), sendo a punibilidade um efeito da 
condenação, extinto pela punição. Dessa forma, como existiu crime, permanecia a anotação, 
entendendo-se que haveria violação do princípio da presunção de inocência, existindo direito de ir até 
o fim no processo, uma vez que a absolvição elimina rastros e não haveria punição, mesmo 
considerada a existência de crime. 
 Outro detalhe é que o réu reincidente tem o prazo da prescrição executória aumentado de um 
terço, conforme art. 110, CP. 
 
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória 
 Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória 
regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais 
se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a 
acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não 
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou 
queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). 
 § 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010). 
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 O dispositivo prevê que a prescrição após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ou 
seja, trata apenas da prescrição da pretensão executória. O prazo da prescrição da pretensão punitiva 
não sofre alteração. 
 
 Obs¹.: Prescrição da Medida de Segurança. Pessoa inimputável ou louca sofre absolvição 
imprópria, em vez da condenação, sendo aplicada medida de segurança. Esta, assim como a pena, 
prescreve também. 
 
 Obs².: Causas de Suspensão (art. 116) e Interrupção da Prescrição (art. 117). 
 
Causas impeditivas da prescrição 
 Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não 
corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o 
reconhecimento da existência do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a 
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro 
motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
• Causa de INTERRUPÇÃO → INÍCIO 
 Interrompe-se a prescrição e ela zera, ou seja, volta-se a contar o prazo desde o início. 
 
 Causas interruptivas da prescrição 
 Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação 
dada pela Lei nº 11.596, de 2007). 
 V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
 VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da 
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, 
que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a 
qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o 
prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
• Causa de SUSPENSÃO → Paralisa a prescrição e esta volta a contar de onde parou. 
 
 
Obs³.: Prescrição de crime pressuposto de outro. 
 
Questão (FCC – 2007 – TRE-SE – Analista Judiciário – Área Judiciária) 
 “A” pratica crime de furto de uma bicicleta e vende-a para “B”. Ambos são processados nos mesmos 
autos. No curso do processo verifica-se a prescrição da ação penal em relação a “A”, que é menor de 21 
anos, extinguindo-se a punibilidade do furto. Essa extinção de punibilidade alcança, também, o crime 
de receptação, favorecendo “B”? 
a) Sim, por se tratar de crimes conexos, praticados em co-autoria. 
b) Não, porque o crime de furto é personalíssimo. 
c) Sim, porque desaparecendo o furto, pela prescrição, também desaparece a receptação, porque 
aquele é pressuposto desta. 
d) Sim, por se tratar de crime continuado. 
e) Não, porque a extinção da punibilidade de crime que é pressuposto de outro não se estende a este. 
 
 A era menor de 21 anos na data do fato, extinguindo-se a prescrição pela metade. A questão 
fala que o furto foi extinto, mas ATENÇÃO.Quando subtraiu a bicicleta, praticou furto; ao vender para 
B, praticou receptação. Houve, com isso, 2 crimes. A receptação pressupõe crime anterior (“produto 
de crime”). Se houve extinção da punibilidade do furto, o que acontece com a receptação? Nada 
muda, pois a extinção da punibilidade de crime que é pressuposto de outro não se estende a este. 
 A mesma coisa foi cobrada no TJPB, em 2011, destacando-se que: (i) A reincidência interfere na 
prescrição da prescrição executória, pois a aumenta de 1∕3; e (ii) Medida de segurança, pena, tudo 
está sujeito à prescrição. 
 
 Por fim, são também cobradas nas provas de analista as hipóteses de extinção da punibilidade 
do 107 que tratam de: renúncia, perdão, perempção. Isso não será abordado agora, pois será tratado 
em processo penal.

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