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PENAL 3o TEORIA DA PENA

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1 
 
TURMA 3 PERIODO NOITE 2022.1 
DISCIPLINA: TEORIA DAS PENAS 
PROFESSORA GINA SARKIS 
 
 
 
CONCURSO DE PESSOAS 
 
1. Nomenclatura 
Também conhecido como: 
Co-delinqüência; 
Concurso de agentes; 
Concurso de delinqüentes. 
 
 
2. Espécies de crimes quanto ao concurso de agentes 
 
a) Monossubjetivos: podem ser cometidos por um ou mais agentes (p. ex.: homicídio, 
furto, etc.). 
 
b) Plurissubjetivos: São os que só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes 
(p. ex.: quadrilha ou bando, rixa, etc.). São crimes de concurso necessário. Esses crimes 
subdividem-se em: 
b.1) Delito de condutas paralelas: As condutas auxiliam-se mutuamente visando à 
produção de um resultado comum. Todos os agentes se unem em prol de uma conduta 
delitiva idêntica. Ex.: crime de quadrilha ou bando (art. 288, CP). 
b.2) Delito de condutas convergentes: As condutas tendem a encontrar-se e desse 
encontro surge o resultado. Ex.: crime de adultério (art. 240, CP). 
b.3) Delito de condutas contrapostas: As condutas são praticadas umas contra as outras. 
Os agentes são, ao mesmo tempo, autores e vítimas. Ex.: crime de rixa (137, CP). 
 
 
3. Espécies de concurso de pessoas 
 
a) Concurso necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o 
concurso de pelo menos duas pessoas. Aqui, a norma incriminadora reclama, como 
conditio sine qua non do tipo, a existência de mais de um autor, de maneira que a conduta 
não pode ser praticada por uma só pessoa. 
 
b) Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados 
por um só, ou mais agentes. Quando cometidos por duas ou mias pessoas em concurso, 
haverá co-autoria ou participação, dependendo da forma como os agentes concorrem para 
a prática do delito. 
 
 
4. Autoria 
O conceito de autor tem enfrentado certa polêmica dentro da doutrina, comportando três 
posições. Passemos à análise das teorias acerca da autoria: 
 
a) Teoria restritiva: Autor é somente aquele que realiza a conduta principal descrita no 
tipo, ou seja, somente aquele que pratica o verbo ou núcleo constante no tipo legal. É, 
2 
 
portanto aquele que “mata”, aquele que “subtrai”, etc. É chamado de critério formal-
objetivo porque se atém à descrição típica para definir a autoria. Desse modo, o mandante 
de um crime não pode ser considerado seu autor, visto que não lhe competiram os atos de 
execução do núcleo do tipo, ou seja, quem manda matar, não “mata”. 
Observação 1: Nesse mesmo entendimento, se um agente segura a vítima enquanto outro 
com ela mantém conjunção carnal, ambos devem ser considerados autores do estupro, 
visto que a figura típica do art. 213 tem como núcleo a conduta de “constranger” (forçar 
a vítima a manter conjunção carnal), e não a de “manter conjunção carnal”. A mulher 
pode, dessa forma, ser autora de estupro. 
 
b) Teoria extensiva: Segue o critério material-objetivo. Dessa forma, autor não é apenas 
aquele que realiza o núcleo do tipo, mas também quem concorre de qualquer modo para 
o crime, não importando se tal cooperação é decisiva ou insignificante. Tal entendimento 
não faz qualquer distinção entre autor e partícipe, alargando sobremaneira o conceito de 
autor eliminando o de partícipe. 
 
c) Teoria do domínio do fato: Adota um critério objetivo-subjetivo, segundo o qual autor 
é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a realização delituosa, com 
plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias, não 
importando se o agente pratica ou não o verbo descrito no tipo legal. 
Observação 1: Para essa teoria, o mandante ou o autor intelectual, embora não realizem 
o núcleo da ação típica, deve ser considerado autor, uma vez que detém o controle final 
do fato até a sua consumação, determinando a prática delitiva. 
 
 
Formas de autoria segundo a teoria do domínio do fato: 
 
Autoria propriamente dita: é o executor, aquele que realiza o núcleo da ação típica. 
 
Autoria intelectual: é quem planeja a ação delituosa se, no entanto, realizá-la 
materialmente. 
 
Autoria mediata: é aquele que se serve de outra pessoa, sem condições de avaliar o que 
está fazendo, para, em seu lugar, executar o verbo do tipo. Quem pratica o crime é um 
mero instrumento nas mãos do autor mediato. 
 
 
DIVERGÊNCIA: 
Capez entende que a teoria dotada pelo nosso Código Penal é a restritiva, sendo autor 
somente aquele que realiza a conduta principal contida no núcleo do tipo. Nesse caso, o 
mandante e o denominado “autor intelectual” são partícipes, e não autores do crime. 
Para Damásio, a teoria do domínio do fato foi adotada em complementação à restritiva, 
já que sustenta que ambas são conciliáveis. 
No Brasil são partidários da teoria do domínio do fato: Alberto Silva Franco, Nilo Batista, 
Luis Régis Prado, César Roberto Bitencourt, Pierangeli e Luiz Flávio Gomes. 
 
 
5. Formas de concurso de pessoas 
 
a) Co-autoria: Todos os agentes, em colaboração recíproca e visando ao mesmo fim, 
realizam a conduta principal. Ocorre, portanto, a co-autoria, quando dois ou mais agentes, 
conjuntamente, realizam o verbo do tipo. 
3 
 
Observação 1: A contribuição dos co-autores no fato criminoso não necessita ser 
materialmente a mesma, podendo haver uma divisão dos atos. P ex.: no crime de roubo, 
um dos co-autores emprega a violência contra a vítima e outro retira dela o objeto. 
Observação 2: Não cabe co-autoria em crime omissivo próprio, de modo que, se duas 
pessoas deixarem de prestar socorro a uma pessoa ferida, podendo cada uma delas fazê-
lo sem risco pessoal, ambas cometerão crime de omissão de socorro, isoladamente, não 
se concretizando hipótese de concurso de agentes. 
 
b) Participação: partícipe é quem concorre para que o autor ou co-autores realizem a 
conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o núcleo do tipo, concorre de algum 
modo para a produção do resultado. 
Ex.: o agente que exerce a vigilância sobre o loca para que seu comparsa pratique o delito 
de furto, é considerado partícipe, pois, sem realizar a conduta principal (não subtraiu), 
colaborou para que os autores lograssem a produção do resultado. 
Observação 1: A Natureza jurídica da participação é uma conduta acessória à do autor. 
Não existe descrição típica para quem ajuda a matar ou a furtar. Para estabelecer uma 
relação entre a conduta do partícipe e o tipo, utiliza-se a norma de extensão do art. 29, 
CP. Sem essa norma de extensão, a conduta do partícipe seria atípica. 
Observação 2: A participação é uma conduta secundária e, portanto, deve o partícipe 
responder toda vez que o fato principal for típico e ilícito, ou seja, sempre que houver 
crime, sendo irrelevante se o autor é ou não imputável (teoria da conduta acessória 
limitada). 
 
 
6. Natureza jurídica do concurso de agentes 
 
Teoria unitária ou monista: todos os que contribuem para a prática do delito cometem 
o mesmo crime. Não há distinção de enquadramento típico entre o autor e o partícipe. 
Observação 1: O nosso CP adotou, como regra, a teoria unitária, de acordo com o art. 
29, caput, do CP. 
 
Teoria dualista: Há dois crimes, quais sejam, um cometi pelos autores e um outro pelo 
qual respondem os partícipes. 
 
Teoria pluralista ou pluralística: Cada um dos participantes responde por delito 
próprio, havendo uma pluralidade de fatos típicos, de modo que cada partícipe será punido 
por um crime diferente. 
Observação 1: Como exceção, o nosso CP adotou a teoria pluralista, no caso do art. 29, 
§ 2º, do CP. Ex.: Motorista que conduz três homens a uma residência a fim de cometer 
um furto. Enquanto aguarda, os executores, ao ingressarem no local e efetuarem a 
subtração sem violência, acabam por encontrar uma moradora acordada, que tenta reagir 
e, por essa razão é estuprada e morta. O delito principal foi latrocínio e estupro, mas o 
partícipe só responderá por furto. 
Observação 2: O provocador do abortoresponde pela figura do art. 126, CP, ao passo 
que a gestante que consentiu responde por crime autônomo disposto no art. 124, CP. 
Observação 3: No casamento entre pessoa já casada e outra solteira, respondem os 
agentes, respectivamente, pelas figuras tipificadas, respectivamente, no art. 235, caput e 
§ 1º, CP. 
 
 
7. Autoria mediata 
 
4 
 
Autor mediato é aquele que se serve de outra pessoa, sem condições de discernimento, 
para realizar por ele a conduta típica. A pessoa é utilizada como mero instrumento de 
atuação, como se fosse uma arma ou um animal irracional. 
Nestes casos, o executor atua sem vontade ou sem consciência e, por essa razão, 
considera-se que a conduta principal foi realizada pelo autor mediato. 
Não se confunde com a autoria intelectual, porque nesta o autor intelectual autua como 
mero partícipe, haja vista que o executor sabe perfeitamente o que está fazendo. 
A autoria mediata pode resultar de: 
Ausência de capacidade penal da qual o autor imediato se serve. Ex.: induzir um 
inimputável a praticar um crime. 
Coação moral irresistível. Se a coação for física, a autoria é imediata, desaparecendo a 
conduta do coato. 
Provocação de erro de tipo escusável. Ex.: o autor mediato induz o agente a matar um 
inocente, fazendo-o crer que estava em legítima defesa. 
Obediência hierárquica. O autor da ordem sabe que esta é ilegal, mas aproveita-se do 
desconhecimento de seu subordinado. 
 
Observação 1: Inexiste concurso de agentes entre o autor mediato e o executor usado; 
Observação 2: Não há autoria mediata nos crimes de mão própria nem nos delitos 
culposos. 
 
 
8. Requisitos do concurso de pessoas 
 
Pluralidade de condutas: sem a pluralidade de condutas nunca haverá uma principal e 
outra acessória, mínimo exigido para o concurso. 
 
Relevância causal de todas elas: Se a conduta não tem relevância causal, então o agente 
não concorreu para nada, desaparecendo o concurso. 
 
Liame subjetivo ou concurso de vontades: É a vontade de todos de contribuírem para 
a produção do resultado, sendo o crime produto de uma cooperação desejada e recíproca. 
Não se exige o prévio acordo de vontades, bastando apenas que uma vontade adira à outra. 
 
Identidade de infração para todos: Todos, em regra, devem responder pelo mesmo 
crime, salvo as exceções pluralísticas. 
 
 
9. Formas de participação 
 
Moral: É a instigação, o induzimento. 
 
Material: Corresponde à antiga cumplicidade, é o partícipe que concorre para o crime 
por meio de auxílio. Ex.: a vigilância exercida durante a execução de um crime, o 
empréstimo de uma arma, etc. 
 
 
10. Comunicabilidade e incomunicabilidade de elementares e circunstâncias (art. 30, 
CP) 
 
O art. 30 do Código Penal traça as seguintes regras: 
 
5 
 
a) As circunstâncias e condições objetivas comunicam-se aos partícipes desde que estes 
conheçam tais circunstâncias ou condições. 
Circunstâncias são todos os dados acessórios que, agregados à figura típica, têm o condão 
de influenciar na fixação da pena. Ex.: agravantes e atenuantes genéricas, causas de 
aumento e diminuição de pena, etc. 
Circunstâncias objetivas são aquelas ligadas a aspectos objetivos do delito, com, por 
exemplo, meio e modo de execução, lugar e momento do crime. Assim, se duas pessoas 
praticam um crime com emprego de fogo, será reconhecida a agravante genérica do art. 
61, II, d, do CP. 
 
b) As circunstâncias ou condições subjetivas (de caráter pessoal) não se comunicam 
aos partícipes, salvo quando forem elementares do crime, isto é, pertencentes ao próprio 
tipo penal. 
Ex.: Se duas pessoas matam uma vítima e apenas uma delas agiu sob o domínio de 
violenta emoção, somente para esta será aplicado o privilégio descrito o art. 121, §1º, CP. 
Se o filho e um amigo matam o pai, só o filho responde pela agravante genérica do art. 
61, II, e, CP. 
Circunstâncias subjetivas são aquelas que se referem ao agente e não ao fato, como a 
reincidência, os motivos que levaram o sujeito a cometer o crime, o parentesco... 
 
c) As elementares, sejam elas subjetivas ou objetivas, comunicam-se aos partícipes, 
desde que conhecidas por eles. 
Elementares são os componentes essenciais da figura típica. 
Ex.: Se um funcionário público comete um peculato juntamente com quem não é 
funcionário público, ambos respondem pelo crime de peculato, uma vez que “ser 
funcionário público” é elementar do crime. 
 
 
11. Participação impunível (art. 31, CP) 
 Ocorre quando o fato principal não chega a ingressar em sua fase executória. Como antes 
da execução o fato não pode ser punido, também não é punível a participação nele. 
 
 
12. Outros conceitos 
 
a) Autoria colateral: Duas pessoas querem praticar um crime e agem ao mesmo tempo 
sem que uma saiba da intenção da outra e o resultado decorre da ação de uma delas, que 
é identificada no caso concreto. Neste caso, identificado o autor do crime, só este 
responde pela autoria, o outro responde pela tentativa do crime. 
 
b) Autoria incerta: Ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue apurar qual dos 
envolvidos provocou o resultado. A maioria da doutrina aceita que ambos respondam pela 
tentativa. 
 
c) Autoria desconhecia ou ignorada: não há qualquer indício do autor, tendo como 
conseqüência o arquivamento do inquérito policial. 
 
d) Conivência ou participação negativa: Ocorre quando o sujeito, sem ter o dever de 
agir, omite-se durante a execução do crime, quando tinha condições de impedi-lo. A 
conivência não se insere no nexo causal como forma de participação, não sendo punida, 
salvo se constituir delito autônomo. Assim, sem a existência do dever jurídico de agir (art. 
13, §2º, CP), não configura a participação por omissão. 
6 
 
 
Observação 1: Na participação por omissão, o sujeito tinha o dever jurídico de evitar o 
resultado (art. 13, §2º, CP) mas omite-se intencionalmente, desejando que ocorra a 
consumação. 
Observação 2: Ex.: Um pipoqueiro e um policial militar presenciam um torcedor de 
futebol ser espancado por membros da torcida adversária até a morte. O vendedor de 
pipocas não responde pelo homicídio (mas pela omissão de socorro qualificada pelo 
resultado morte, art. 135, parágrafo único, CP, que é um delito autônomo), mas o policial 
será considerado partícipe do delito. 
 
 
 
CONCURSO DE CRIMES- 
 
Artigos 69 a 71 do CPB. 
 
- TIPOS DE CONCURSOS: 
 
- MATERIAL: Art. 69- Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes. 
- FORMAL: Art. 70- Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes. 
- CRIME CONTINUADO: Art. 71-Quando o agente, mediante mais crimes de uma 
mesma espécie com mesmas condições de tempo, lugar, modus operandi e outras 
semelhanças. . 
 
 
A- MATERIAL- Mais de uma ação ou omissão pratica dois ou mais crimes, somando-
se as penas(Art.69). 
 
Se os crimes forem idênticos haverá o CONCURSO MATERIAL HOMOGÊNEO. 
 
Se os crimes forem diversos haverá o CONCURSO MATERIAL HETEROGÊNEO. 
 
O CPB adotou o cúmulo material temperado, adotando um teto máximo de 30 anos 
(Art.75) ainda que condenado a tempo superior. 
 
Pode haver concurso entre crime doloso e culposo, consumado e tentado, ação ou 
omissão, crime e contravenção. 
 
No Concurso Material há vários processos, várias sentenças, havendo no entanto a 
conexão(Art.76 do CPP) 
 
Mirabetti exemplifica: Agente subtrai um automóvel (Art.155), atropela um pedestre 
(Art. 129§6º) e arrebata uma mulher com o fim de praticar conjunção carnal violenta 
(Art.213) 
 
É admissível Concurso Material entre crime e contravenção. 
 
 
B- FORMAL: Uma única ação o agente pratica dois ou mais crimes, também pode ser 
HOMOGÊNEO e HETEROGÊNEO, aplicando-se uma só pena, a mais grave, 
7 
 
aumentada de 1/6 a 1/2, motivadamente pelo juiz, levando-se em conta o n.º de 
vítimas. 
 
* Há exceção ao Art. 70 PU- caso de estupro (Art. 213) com crimede perigo de contágio 
de moléstia venérea (Art.130 caput): o primeiro é apenado com 6 anos e o segundo é 
apenado com 03 meses; menor que 6 anos + 1/6 (um ano)= 7 anos. Neste caso há o 
Concurso Material benéfico, pois as penas serão somadas 
 
Art. 70 2ª parte- Concurso Formal Impróprio(Imperfeito) sempre que o agente com uma 
só ação ou omissão dolosa, pratique 02 ou mais crimes cujos resultados ele 
intencionalmente visava. Exemplo: João quer matar Joaquim e Francisco, amarra-os em 
linha e com arma de fogo com grande poder efetua um único disparo que atravessa o 
corpo de Joaquim e mata Francisco. Maria, querendo matar a família inteira envenena a 
sopa do jantar. 
 
 
C- CRIME CONTINUADO: (Art. 71) É encarado como concurso material, é uma 
ficção jurídica, na verdade ocorrem vários crimes, mas o legislador, por questão de 
política criminal, e atendendo a critérios puramente objetivos, considera os vários 
crimes praticados pelo agente como um único projeto criminoso realizado 
paralelamente de maneira que o último crime é considerado continuação do primeiro, 
respondendo o agente por apenas um crime, aumentado de 1/6 a 2/3. 
 
Foi criado na Idade Média, sendo necessário a prática de duas ou mais condutas, com 
pluralidade de resultados de crimes da mesma espécie. 
 
Deve obedecer critérios objetivos: 
- Tempo(mesmas condições) 
- Lugar (mesmas condições, comarcas e estados diversos impedem o C.Continuado) 
- Modus operandi( mesmo modo de execução) 
- Outras semelhanças(crimes da mesma espécie- furto simples e qualificado) 
 
CRIME CONTINUADO COMUM- ART. 71 CAPUT, requisitos: 
- pluralidade de condutas 
- crimes da mesma espécie 
- circunstâncias semelhantes(tempo, lugar e modus operandi) 
 
CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO- ART. 71 PU, requisitos, além dos três 
anteriores: 
- crimes dolosos- inexiste continuidade delitiva entre delitos culposos 
- pluralidade de vítimas 
- emprego de violência ou grave ameaça à pessoa e não contra a coisa 
* devem ser concomitantes, caso contrário será o Crime Continuado Comum. 
 
* Não há Crime Continuado entre crime e contravenção pois não são da mesma espécie, 
as contravenções em si admitem continuação. 
 
* Diferença entre crime Habitual e Continuado pois o primeiro é uma conduta com vários 
atos inócuos que reunidos constituem uma infração penal, faz do crime uma profissão, a 
habitualidade é uma sucessão planejada. 
 
 
8 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
- Em crime permanente descabe a majoração da pena, a título de continuidade delitiva. 
- Não se confunde o crime permanente com o crime continuado. Aquele pressupõe uma 
ação ilícita contínua que acarreta uma consumação prolongada no tempo, por dias, 
meses ou anos. Já o crime continuado resulta de uma série descontínua e reiterada de 
crimes idênticos, reunidos num conceito único por ficção legal. 
- Se o réu pratica, mediante diversas ações, vários crimes em lugares diversos, 
executando-os de maneira diferente e com largo intervalo de tempo, ocorre concurso 
material de delitos e não crime continuado. 
- É de se reconhecer o concurso formal de delitos culposos, quando, em uma única ação 
ao volante, o agente obra com imprudência no início e imperícia ao término, 
provocando lesões corporais em uma vítima, pela primeira atitude e morte de outra 
vítima pela Segunda. 
- Injúrias e difamações proferidas em um mesmo contexto constituem concurso formal 
e não crime continuado. 
- Réu que desfere vários tiros contra 3 vítimas, que se encontram em um automóvel, 
pratica uma única ação, embora desdobrada em vários atos. A exemplo do que 
acontece na continuidade delitiva, o acréscimo decorrente vincula-se ao número de 
fatos, impondo-se seja de 1/5, porque 3 as tentativas reconhecidas. 
- A suspensão condicional do processo, prevista no art.89 da Lei 9.099/95, é inaplicável 
aos crimes cometidos em concurso material, formal ou em continuidade, se a soma 
das penas mínimas cominadas a cada crime, a consideração do aumento mínimo de 
1/6 ou o cômputo da majorante do crime continuado, conforme o caso, ultrapassar 01 
ano. 
- Evidente que o Concurso Formal implica na existência de 2 crimes, que apenas para 
efeito de política criminal são apenados de maneira menos rigorosa. Mas, não há de 
negar, muito embora haja unidade de violação da lei penal, o concurso formal importa 
em multiplicidade de eventos penalmente relevantes. Consequentemente, pelo 
respeito ao princípio do contraditório e pela necessidade de se assegurar a ampla 
defesa, pedido de admissão de concurso formal deve ser expresso na peça acusatória. 
Omissa esta, o reconhecimento do concurso formal nesta instância representaria 
surpresa para a defesa e importaria mesmo na supressão de um grau de jurisdição. 
- Para o reconhecimento da continuidade delitiva é necessário a prática sucessiva de 
ações criminosas da mesma espécie que guardem entre si conexões no tocante ao 
tempo, ao lugar, e ao modo de execução, de modo a relevar a homogeneidade de 
condutas típicas, evidenciando serem as últimas ações pura continuação da primeira. 
- É possível o reconhecimento do crime continuado na hipótese em que os delitos são 
cometidos num lapso temporal exíguo de 2 dias, sempre pelos mesmos agentes, 
visando idênticos objetivos e sem que o modus operandi tenha se alterado 
significativamente. 
- A prática de vários furtos em seqüência, contra a mesma vítima, que só vem a 
descobrir a subtração quando do último deles, configura o furto consumado em 
continuidade, incidindo a regra do art. 71 do CPB. 
- Impõe-se o reconhecimento da ficção jurídica do crime continuado- circunstância que 
afasta a incidência da regra do cúmulo material das penas- se os delitos de roubo 
qualificado, guardando entre si as necessárias conexões de caráter espacial (mesma 
localidade) e de ordem temporal (intervalo de poucas horas), foram cometidos pelo 
agente que, valendo-se de idêntico modus operandi, utilizou-se, na consumação da 
prática criminosa, do concurso de terceiros. 
- Na interpretação do Art., 71 do CPB, para conferir se os crimes subsequentes devem 
ser havidos como continuação do primeiro, é necessário que se examinem 
9 
 
circunstâncias objetivas e subjetivas, de modo a se concluir que os delitos são 
continuados, ou porque resultam de uma unidade de desígnios, fazendo parte de um 
único projeto criminoso, ou por representar para o delinqüente uma mesma 
oportunidade, ainda que fortuita, para a prática de mais de um crime, em que a 
execução do primeiro acabe facilitando ou dando ensejo à execução dos subsequentes, 
sendo certo que tal entendimento corresponde à teoria mista, que reconhece ser 
insuficiente a só presença de elementos objetivos. 
- Não há falar em crime continuado na conduta de meliante que, em um mesmo local 
na mesma ocasião, subtrai bem de mais de uma vítima. Impõe-se a solução porque 
inexiste, no caso, uma pluralidade de ações mas sim de meros atos. 
- Não configura crime continuado no estupro o fato de o réu ter mantido mais de uma 
relação sexual com a vítima na mesma ocasião. 
- Ocorre continuidade delitiva no crime de estupro praticado mais de uma vez contra a 
mesma vítima. 
- O nexo temporal exigido por lei para a continuação dos delitos tem-se constituído em 
problema de difícil solução no enfoque das unificações das penas, devendo ser 
considerado em cada caso tendo em vista as circunstâncias pessoais do condenado. 
- Tratando-se de mais de um estupro, para ser considerada a prática de crime 
continuado, relativamente ao fator tempo previsto no art. 71, deve-se observar o 
intervalo inferior a 30 dias entre a prática dos delitos, que, uma vez extrapolado, afasta 
a possibilidade de se ter o segundo crime como continuação do primeiro, devendo-se 
caracterizar o concurso material previsto no art. 69 do CPB. 
- Inadmissível o reconhecimento do crime continuado se entre os delitos medeou mais 
de 30 dias e são praticados em companhia de comparsas diferentes,máxime se uma 
das infrações não guarda nexo etiológico com a outra, indicando tratar-se de 
persistência criminosa ao invés de continuidade delitiva. 
- Não há falar em crime continuado se cometidos os delitos em localidades distintas e 
entre si geograficamente distantes. 
- A circunstância do agente praticar um delito sozinho e outro em concurso de agente 
não constitui óbice ao reconhecimento da continuidade delituosa. 
- É impossível o reconhecimento do crime continuado, ainda que inferior a 30 dias o 
lapso temporal entre os delitos, quando estes não são praticados aproveitando-se o 
agente das mesmas oportunidades e com a utilização de ocasiões nascidas da primeira 
situação, não agindo o acusado num único contexto, ou, pelo menos, em situação que 
se repetiu ao longo de uma reação que se protraiu no tempo. 
- A conduta dos agentes que, durante uma única noite, em distintos bairros da cidade, 
perpetraram 3 crimes de roubo, aliada aos maus antecedentes, leva à convicção de que 
se trata de delinqüentes habituais a quem não se concede o reconhecimento da ficção 
jurídica da continuidade delitiva. Hipótese que mais se adequa ao concurso material. 
 
 
SANÇÃO PENAL E PENA: 
 
A Pena surgiu como instrumento de controle objetivando proteger a harmonia social. 
 
PENA como caráter retributivo - Lei de Talião- olho por olho, dente por dente. 
 - Vingança Privada que com o tempo foi substituída 
pela atuação estatal, proibindo-se a justiça de mão própria. 
 
PENA como prevenção especial - ressocialização 
 prevenção geral - reprimir 
 
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CPB adotou tríplice função: retribuição, prevenção especial, prevenção geral. 
 
DAS PENAS: 
 
- PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
- RESTRITIVAS DE DIREITO 
- MULTA 
 
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE: 
 
Reclusão: Regime Fechado 
 Regime Semi-Aberto 
 Regime Aberto 
 
Detenção: Regime Semi-Aberto 
 Regime Aberto 
 
* Exame Criminológico: vê as condições pessoais do agente, gravidade do fato delituoso. 
Feito pela Comissão Técnica de Classificação dos presídios. Realizado após o TJ da SPC 
e também antes da decisão de progressão de regime. 
 
REGIMES: 
 
Fechado: -cumprido em penitenciária 
 - trabalha de dia e isolado à noite 
 - recolhido em cela individual 
 - aplicado aos réus reincidentes e com pena de reclusão superior a 8 anos 
(8 anos e 1 dia) 
 
Semi-Aberto: - cumprido em colônia agrícola, industrial ou similar 
 - trabalho ao ar livre 
 - recolhido em celas coletivas 
 - PODEM ter direito os não reincidentes com pena superior a 4 anos (4 
anos e 1 dia) até 8 anos de reclusão. 
 - DEVEM ter direito os reincidentes condenados à detenção com qualquer 
pena 
Aberto: - auto-disciplina e responsabilidade 
 - trabalha fora do estabelecimento 
 - recolhido à noite em casa de albergado 
 - aplicado aos réus não reincidentes com pena igual ou inferior a 4 anos 
 
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO: criado pela Lei 10.792/2003, Art. 52 par. 
1º. e 2º. Da LEP. 
 
PROGRESSÃO E REGRESSÃO 
 
Progressão cumprir ao menos 1/6 da pena no regime anterior. Crimes Hediondos prazo 
diferenciado: Lei 8.072/90 Art.2º. par. 2º. 2/5 primário e 3/5 reincidente. 
 
Mérito: bom comportamento comprovado pela diretoria do presídio. 
 
Regressão é a transferência de um regime para outro mais rigoroso 
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Remição: quem cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto pode remir pelo 
trabalho parte da pena, a cada 3 dias de trabalho diminui 1 dia da pena.(Art. 126§1ºLEP) 
 
Detração: diminui-se da pena o tempo de prisão provisória, preventiva, no estrangeiro, 
etc. (Art. 42 CPB) 
 
Logo, a progressão de regime deve acontecer com o cumprimento de 1/6 do restante da 
pena (2/5 ou 3/5, se crime hediondo). Além disso, devem ser respeitadas as condições 
impostas pelo juiz, no que se refere ao critério subjetivo, adiante estudado. 
 
 Requisito Subjetivo 
 A Lei n 10.792/2003 alterou o art.112 da LEP, deixando de exigir parecer da Comissão 
técnica de Classificação e exame criminológico para progressão de regime, há 
doutrinadores que sustentam a inconstitucionalidade da nova redação por ferir o princípio 
da individualização da pena. 
 
 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS: 
 
1- Prestação Pecuniária: pagamento à vítima, seus dependentes, entidades sociais de 
valores que vão de 1 a 360 salários mínimos. 
 
2- Perda de bens e valores- confisco em favor do Fundo Penitenciário Nacional que pode 
alcançar até o valor do prejuízo causado ou provento obtido. 
 
3- Prestação de serviços à comunidade: entidades assistenciais, hospitais, escolas, 
orfanatos etc. limitado até 7 horas semanais desde que não atrapalhe seu trabalho. 
(Art.149§1º. LEP) 
 
4- Interdição Temporária de Direitos: 
 4.1- Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública e mandato 
eletivo. 
 4.2- Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
autorização do Poder Público. 
4.3- Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículos 
 4.4-Proibição de freqüentar determinados lugares. 
 
5- Limitação de fim de semana- permanecer aos sábados e domingos por 5 horas em casa 
de albergado ou estabelecimento adequado podendo ouvir palestras. 
 
 
PENA DE MULTA 
 
Única pena que não acarreta despesas ao Estado. Experiência mostra que no país a pena 
de Multa se mostra inócua pois a maioria dos criminosos não possui recursos para saldar 
a Multa. 
Mirabete define Multa: “Quanto aos afortunados criminosos de colarinho branco, a pena 
pecuniária assume o aspecto de bilhete de passagem para a impunidade”. 
 
CONCEITO: Consiste no pagamento ao Fundo Penitenciário de quantia fixada na 
sentença e calculada em dias-multa, no mínimo de 10 e no máximo de 360. 
12 
 
Valor do dia-multa vai de 1/30 avos do salário mínimo a 5 vezes o salário mínimo. 
Leva-se em conta exclusivamente a situação econômica do réu, o salário mínimo é da 
data do crime acrescido da correção monetária contada a partir do trânsito em julgado da 
sentença que é devida e exigível. 
 
TIPOS: Pode ser: 
 
- Sanção Principal: comum, cominada como sanção específica, alternativa ou cumulativa 
com a pena privativa de liberdade. 
 
- Pena Substitutiva: pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1(um) ano e alguns 
requisitos. 
 
PAGAMENTO: 
 
Dentro de 10 dias após o trânsito em julgado da sentença devendo inclusive, se não for 
paga, ser inscrita na Dívida Ativa da Fazenda Pública. 
 
Pode haver pedido de pagamento mensal 
Pode haver desconto no vencimento ou salário quando foi aplicada isolada ou 
cumulativamente com pena restritiva de direitos ou concedida a suspensão condicional 
da pena, podendo comprometer de 1/10 a 1/4 da remuneração. 
 
 
 
 
 
 
DA COMINAÇÃO E DA APLICAÇÃO DA PENA 
 
1. Noções gerais 
Cominação é a imposição abstrata das penas pela lei. Tal instituto foi estudado 
juntamente com as espécies de penas. O nosso CP dispõe acerca da cominação nos arts. 
53-58. 
O Código Penal, em seu art. 68, consagrou o critério trifásico para a fixação da 
pena, adotando a teoria defendida por Nélson Hungria. 
Assim, a pena-base será fixada atendendo-se aos critérios do art. 59 do CP 
(circunstâncias judiciais); em seguida, serão consideradas as circunstâncias atenuantes e 
agravantes genéricas; por último, as causas de diminuição e de aumento de pena. 
➢ Observação: As qualificadoras não entram nas fases de fixação da pena, pois, 
com o reconhecimento de uma qualificadora, altera-se a própria pena em 
abstrato, partindo o juiz, já de início, de outros patamares. Ex: Furto simples - 
base os limites previstos no art. 155, caput, do CP (reclusão, de 1 a 4 anos, e 
multa). Com o reconhecimento de uma qualificadora, o juiz iniciará a 1ª fase 
tendo em mente a pena de reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, previstas no art. 155, 
§ 4º, do CP. 
 
2. Aplicação das circunstâncias judiciais (1ª fase) 
Circunstâncias são todos osdados acessórios, secundários e eventuais agregados à 
figura típica que têm a função de agravar ou atenuar a pena. 
As circunstâncias judiciais não estão elencadas na lei, sendo fixadas livremente 
13 
 
pelo juiz, de acordo com os critérios fornecidos pelo art. 59, CP. 
O juiz, ao julgar procedente a ação penal, deve fixar a pena, passando pelas três 
fases descritas no art. 68 do CP. 
Na 1ª fase deverão ser consideradas as circunstâncias do art. 59, chamadas de 
circunstâncias judiciais ou inominadas, uma vez que não são elencadas taxativamente na 
lei, constituindo apenas um parâmetro para o magistrado. 
O art. 59 menciona as seguintes circunstâncias: 
a) Culpabilidade: Tal expressão foi infeliz, haja vista que a culpabilidade não pode 
ser uma circunstância judicial, pois é um pressuposto da pena. Deveria ser “grau de 
culpabilidade”. Refere-se ao grau de reprovabilidade da conduta, de acordo com as 
condições pessoais do agente e das características do crime. 
b) Antecedentes: São os fatos bons ou maus da vida pregressa do autor do crime. 
Embora a reincidência deixe de gerar efeitos após 5 anos do término do cumprimento da 
pena, tal condenação, mesmo após transcorrido o prazo da reincidência, é considerada 
para fim de reconhecimento de maus antecedentes. O STF já decidiu desta forma, embora 
ainda exista polêmica na doutrina. 
➢ Observação: A doutrina vem entendendo, também, que a existência de várias 
absolvições por falta de provas ou de inúmeros inquéritos arquivados constitui 
maus antecedentes. 
c) Conduta social: Refere-se ao comportamento do agente em relação às suas 
atividades profissionais, relacionamento familiar e social etc. 
➢ Observação: Na prática, as autoridades limitam-se a elaborar um questionário, 
respondido pelo próprio acusado. Tal questionário é de pouca valia. 
d) Personalidade: O juiz deve analisar o temperamento, o caráter do acusado, sua 
índole, seu perfil psicológico e moral, levando ainda em conta a sua periculosidade. 
e) Motivos do crime: São os fatores que desencadearam o crime, que levaram o 
agente a cometê-lo. 
➢ Observação: Se o motivo do crime constituir qualificadora (p. ex. art. 121, § 
2º do CP), causa de aumento ou diminuição de pena ou agravante ou atenuante 
genérica, não poderá ser considerado como circunstância judicial, para se evitar 
o bis in iden (dupla exasperação pela mesma circunstância). 
f) Circunstâncias do crime: Refere-se à maior ou menor gravidade do delito em 
razão do modus operandi: instrumentos do crime, tempo de sua duração, forma de 
abordagem, objeto material, local da infração etc. Ex.: não se pode apenar igualmente o 
assaltante que comete o roubo de um relógio em 10 segundos e o que o comete mantendo 
os moradores por diversas horas sob a mira de suas armas. E evidente que no último caso 
a pena-base deve ser fixada em patamar bem mais elevado. 
g) Conseqüências do crime: Referem-se à maior ou menor intensidade da lesão 
produzida no bem jurídico em decorrência da infração penal. 
➢ Observação 1: no crime de lesões corporais culposas, a gravidade das lesões 
não altera a tipificação do crime, que se amolda sempre ao art. 129, § 6º do CP. 
Tal gravidade será, entretanto, considerada na fixação da pena-base: quanto 
mais graves as lesões, maiores as conseqüências do delito. 
➢ Observação 2: no crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159, CP), o 
pagamento do resgate é mero exaurimento, pois o crime já se havia consumado 
com a privação da liberdade da vítima. Entretanto, a pena-base deve ser fixada 
em patamar mais elevado na hipótese de pagamento do resgate, pois, nesse 
14 
 
caso, o crime se reveste de maior gravidade por terem sido efetivamente 
atingidos dois bens jurídicos. 
h) Comportamento da vítima: Embora inexista compensação de culpas no Direito 
Penal, se fica demonstrado que o comportamento anterior da vítima de alguma forma 
estimulou a prática do crime ou influenciou negativamente o agente, a sua pena deverá 
ser abrandada. 
 
Essas circunstâncias descritas no art. 59 do CP, além de servirem de fundamento 
para que o juiz possa fixar a pena-base, são também relevantes em outros aspectos. Assim, 
nos termos dos incisos I, III e IV desse artigo, deverão também ser consideradas para que 
o juiz escolha a pena aplicável dentre as cominadas (privativa de liberdade ou multa, p. 
ex.), para que fixe o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade e para 
que avalie a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por outra espécie 
de pena nas hipóteses legais. 
Além disso, os arts. 77, II, do CP e 89 da Lei n. 9.099/95 estabelecem, 
respectivamente, que o sursis e a suspensão condicional do processo só serão aplicados 
quando as circunstâncias do art. 59 autorizarem a concessão do benefício, ou seja, quando 
forem favoráveis ao acusado. 
➢ Observação: O art. 59, II, do CP deixa claro que, nessa 1ª fase, o juiz jamais 
poderá sair dos limites legais previstos em abstrato para a infração penal, ou 
seja, a pena não pode ser fixada acima do máximo ou abaixo do mínimo legal. 
 
3. Aplicação das agravantes e atenuantes genéricas (2ª fase) 
Fixada a pena-base com fundamento nas circunstâncias judiciais do art. 59, deve o 
juiz passar para a 2ª fase, qual seja, a aplicação de eventuais agravantes ou atenuantes 
genéricas. 
➢ Observação 1: O montante do aumento referente ao reconhecimento de 
agravante ou atenuante genérica fica a critério do juiz, não havendo, portanto, 
um índice preestabelecido. 
➢ Observação 2: Na prática, o critério mais usual é aquele no qual o magistrado 
aumenta a pena em 1/6 para cada agravante reconhecida na sentença. Da mesma 
forma que ocorre com as circunstâncias do art. 59, não pode o juiz, ao 
reconhecer agravante ou atenuante genérica, fixar a pena acima do máximo ou 
abaixo do mínimo legal (Súmula 231 do STJ). 
 
3.1. Agravantes genéricas em espécie 
São circunstâncias que sempre agravam a pena (quando não constituem elementar 
ou qualificadora do crime) – art. 61, do CP: 
 
3.1.1. A reincidência – inciso I 
Nos termos do art. 63 do CP, considera-se reincidente aquele que comete novo 
crime depois do trânsito em julgado de sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha 
condenado por crime anterior. 
Não se pode esquecer, entretanto, da regra descrita no art. 7º da Lei das 
Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41) que ampliou o conceito de reincidência, 
antes adstrito somente ao crime. 
Assim, pela legislação vigente, resultante da combinação dos dois dispositivos, 
temos as seguintes situações: 
✓ Condenação por contravenção no Brasil + contravenção = Reincidente (art. 7º, da 
LCP); 
15 
 
✓ Condenação por contravenção no exterior + contravenção = Não Reincidente (o 
art. 7º, da LCP é omisso); 
✓ Condenação por contravenção + crime = Não Reincidente (o art. 63, do CP é 
omisso); 
✓ Condenação por crime no Brasil ou exterior + crime = Reincidente (art. 63, do 
CP); 
✓ Condenação por crime no Brasil ou exterior + contravenção = Reincidente (art. 
7º, da LCP). 
 
O art. 64, I, do CP, prevê que a condenação anterior não prevalecerá, para fim de 
reincidência, após o decurso de 5 anos a partir da data do cumprimento da pena, 
computando-se nesse prazo, se for o caso, o período de prova do sursis ou do livramento 
condicional, se não tiver ocorrido revogação do benefício. 
Assim, se o agente foi condenado e recebeu sursis, o prazo de 5 anos será contado 
a partir do início do período de prova, desde que o benefício não tenha sido revogado. Se 
o condenado já havia cumprido parte da pena e obteve o livramento condicional, os efeitos 
da reincidência cessam após 5 anos, a contar da data em que ele obteve a liberdade, desde 
que não tenha sido revogado o benefício. 
➢ Observação: Havendo revogação do benefício, o prazo de 5 anos será contado 
da data em que o agente terminar de cumprir a pena. 
➢ Observação: Para fim de reincidêncianão se consideram os crimes militares 
próprios e políticos (art. 64, II, CP). Crimes militares próprios são aqueles 
descritos no Código Penal Militar, que não encontram descrição semelhante na 
legislação comum (deserção, insubordinação etc.). 
O fato de o agente ter sido condenado por um crime apenas a pena de multa não 
exclui a reincidência O condenado poderá, entretanto, obter o sursis (art. 77, § 1º, CP). 
A reincidência só se prova através de certidão judicial da sentença condenatória 
transitada em julgado. 
Além de agravar a pena, o reconhecimento da reincidência tem também outros 
efeitos: 
a) impede a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de 
direitos (art. 44, II) ou por multa (art. 44, § 2º); 
b) impede a concessão de sursis, caso se refira a reincidência por crime doloso; 
c) aumenta o prazo de cumprimento da pena para a obtenção do livramento 
condicional (art. 83, II); 
d) impede a concessão do livramento condicional quando se trata de reincidência 
específica em crimes hediondos, tráfico de entorpecentes, terrorismo ou tortura (art. 83, 
V); 
e) constitui causa obrigatória de revogação do sursis, caso a condenação seja por 
crime doloso (art 81, I), e causa facultativa na hipótese de condenação por crime culposo 
ou contravenção pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos (art 81, § 1º) por 
outra infração praticada durante o período de prova; 
f) constitui causa obrigatória de revogação do livramento condicional se o agente 
em a sei condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido durante o período 
de prova; 
g) interrompe a prescrição da pretensão executória (art. 117); 
h) aumenta em 1/3 o prazo da prescrição da pretensão executória (art 110); 
i) revoga a reabilitação quando o agente for condenado a pena que não seja de multa 
(art. 95); 
j) impede o reconhecimento do privilégio nos crimes de furto apropriação indébita, 
estelionato e receptação (arts 155, § 2º; 170; 171, § 1º e 180, § 5º); 
k) obriga o condenado a iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, caso o 
16 
 
crime seja apenado com reclusão ou no regime semi-aberto se o crime e apenado com 
detenção (art. 33, § 2º); 
1) impossibilita a transação penal nas infrações de menor potencial ofensivo (art 
76, § 2º, I, da Lei n 9.099/95); 
m) impede a suspensão condicional do processo (art 89, caput da Lei n 9 099/95); 
➢ Observação 1: a sentença que concede o perdão judicial não induz à 
reincidência, ou seja, se, após a concessão do perdão o agente comete novo 
crime, será considerado primário - art. 120 do CP. 
➢ Observação 2: Nos termos da Súmula 241 do STJ, “a reincidência penal não 
pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como 
circunstância judicial” (pois tal atitude caracterizaria bis in idem). 
 
3.1.2. Ter o agente cometido o crime – inciso II (somente se aplicam aos crimes 
dolosos). 
a) Por motivo fútil ou torpe: fútil é o motivo de pouca importância, há grande 
desproporção entre o crime e a causa que o originou. 
➢ Observação: A jurisprudência tem entendido que a ausência de prova quanto 
ao motivo não permite o reconhecimento dessa agravante. O ciúme não é 
considerado motivo fútil. Já embriaguez impossibilita o reconhecimento deste 
pela perturbação que provoca na mente humana. 
Torpe é o motivo repugnante, vil, que demonstra depravação moral por parte do 
agente. Ex: egoísmo, maldade, etc A vingança somente pode ser considerada torpe se 
originada por motivo dessa natureza. 
b) Para facilitar, ou assegurar a execução, a ocultação a impunidade ou a 
vantagem de outro crime: Nessas agravantes existe conexão entre os dois crimes. A 
conexão pode ser teleológica (ideológica, que se relaciona com o fim), quando um crime 
e cometido para facilitar ou assegurar a execução de outro crime (posterior ao primeiro), 
ou conseqüencial, quando um crime é praticado para garantir a ocultação, a impunidade 
ou a vantagem de outro crime (anterior), ex.: ocultação de cadáver. 
 
c) À traição, emboscada, dissimulação ou qualquer outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido: Nesse dispositivo, o legislador enumera 
agravantes genéricas referentes ao modo de execução. 
Na traição, o agente aproveita-se da confiança que a vítima nele deposita para 
cometer o crime. Ocorre, portanto, uma deslealdade. 
Emboscada (tocaia) ocorre quando o agente aguarda escondido a passagem da 
vítima por determinado local para contra ela cometer o crime. 
Dissimulação é a utilização de artifícios para se aproximar da vítima (falsa prova 
de amizade, uso de disfarces etc.). 
Qualquer outro recurso que dificulte ou tome impossível a defesa da vítima: 
surpresa. 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que podia resultar perigo comum: Referentes ao meio empregado. 
Significado evidente: veneno, fogo, explosivo. 
Na tortura e no meio cruel: grave sofrimento físico ou moral à vítima. 
Meio insidioso é o uso de fraude ou armadilha para que o crime seja cometido de 
tal forma que a vítima não perceba que está sendo atingida. Ex.: veneno. 
Perigo comum é aquele resultante de conduta que expõe a risco a vida/patrimônio 
de número indeterminado de pessoas. 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: A necessidade do aumento 
17 
 
surge em razão da insensibilidade moral do agente que pratica crime contra alguns dos 
parentes. Abrange qualquer forma de parentesco (legítimo ou ilegítimo, consangüíneo ou 
civil). 
➢ Observação: A agravante não se aplica nos crimes em que o parentesco seja 
elementar, qualificadora ou causa de aumento de pena, como, por exemplo, no 
infanticídio, nos crimes contra a dignidade sexual, etc. 
➢ Observação: O aumento não pode ser aplicado no caso de crime praticado 
contra concubino, já que a enumeração legal é taxativa não podendo ser 
interpretada em desfavor do réu. Existe divergência quanto à esse 
posicionamento. Fernando Capez acredita que pode. 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo se de relações domésticas de 
coabitação ou hospitalidade: A ratio do aumento é a quebra da confiança que a vítima 
depositava no agente. Fundamenta-se na traição onde deveria ter apoio, assistência. 
O abuso de autoridade (ex. abuso na qualidade de tutor) se refere às relações 
privadas e não públicas. Relações domésticas se referem à ligação entre membros de uma 
mesma família (fora das hipóteses da alínea anterior), como criados etc. 
Relação de coabitação indica que autor e vítima moram sob o mesmo teto, com 
ânimo definitivo, enquanto relação de hospitalidade ocorre quando a vítima recebe 
alguém em sua casa para visita ou para permanência por certo período. 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério 
ou profissão. 
Nas primeiras hipóteses, o crime deve ter sido praticado por funcionário que exerce 
cargo ou ofício público e que, ao cometer o delito, desrespeitou os deveres inerentes às 
suas funções (não se aplica quando ocorrer crime de abuso de autoridade - Lei nº 
4.898/65). 
Ministério se refere a atividades religiosas. 
A palavra profissão, por sua vez, abrange qualquer atividade exercida por alguém 
como meio de vida. 
h) contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida: Essas pessoas são mais 
vulneráveis, por possuírem maior dificuldade de defesa em razão de suas condições 
físicas. 
Criança - menos de 12 anos (Lei n. 8.069/90). 
Velho - mais de 60 anos ou que, em razão de sua condição específica, esteja com 
sua situação física prejudicada. 
Enferma é a pessoa que, em razão de doença, tem reduzida a sua capacidade de 
defesa. 
➢ Observação: A agravante genérica referente ao estado de gravidez não se 
aplica ao crime de aborto por constituir fato elementar. 
i) Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade: O aumento 
é devido ao desrespeito para com a autoridade a quem estavaconfiada a vítima e a maior 
audácia do agente. Ex.: crime praticado contra preso, estudante que é atropelada quando 
atravessa a rua após interrompido o tráfego por guarda justamente com essa finalidade. 
j) Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade 
pública ou de desgraça particular do ofendido: Necessidade de aumento da pena do 
agente insensível, que se aproveita de um momento de desgraça coletiva ou particular 
para cometer o delito. 
l) Em estado de embriaguez preordenada: O agente se embriaga justamente para 
afastar seus freios naturais e, assim, conseguir praticar o ilícito penal. 
 
18 
 
3.2. Agravantes no caso de concurso de pessoas 
O art. 62 do CP traz um rol de agravantes aplicáveis apenas às hipóteses de 
concurso de agentes. Assim, será agravada a pena de quem: 
inciso I) Promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos 
demais agentes. Nesse dispositivo a lei pune o indivíduo que promove a união dos agentes 
ou que atua como líder do grupo. Incide também sobre o mentor intelectual do crime. 
inciso II) Coage ou induz outrem à execução material do crime. O agente emprega 
violência ou grave ameaça, ou, ainda, seu poder de insinuação, para levar alguém à prática 
direta do crime. Incidirá apenas para o partícipe (pessoa que coagiu ou induziu), que, 
assim, terá pena mais elevada que a do autor direto do crime. No caso de coação, o agente 
responderá pelo crime praticado pelo executor direto (com a pena agravada) e pelo crime 
de tortura do art. 1º, I, b, da Lei n. 9.455/97. 
inciso III) Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade 
ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal. Para que se aplique a 
agravante é necessário que a conduta recaia sobre pessoa que está sob a autoridade de 
quem instiga ou determina, ou sobre pessoa não-punível em razão de condição ou 
qualidade pessoal (menoridade, doença mental, acobertado por escusa absolutória, nestes 
casos, é o autor mediato). 
inciso IV) Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa. A paga é prévia em relação à execução do crime. A recompensa é para 
entrega posterior, mas a agravante pode ser aplicada ainda que o autor daquela não a tenha 
efetivado após a prática do crime. 
 
 
3.3. Circunstâncias atenuantes 
 
As atenuantes genéricas estão previstas nos arts. 65 e 66, do CP. Embora de 
aplicação obrigatória, não incidem quando já presentes como causa de aumento ou 
diminuição da pena (ex.: art. 121, § 1º, do CP). 
O reconhecimento da atenuante obriga à redução da pena, mas não pode fazer com 
que esta fique abaixo do mínimo legal. Assim, é comum que o juiz, na lª fase, fixe a pena-
base no mínimo, hipótese em que o reconhecimento de uma atenuante em nada modificará 
a pena, que se encontra no menor patamar possível. 
No art. 65 existe um rol de atenuantes em espécie. Já o art. 66 descreve uma 
atenuante inominada (ex.: moléstia grave na família, desemprego...), permitindo ao juiz 
reduzir a pena sempre que entender existir circunstância relevante, anterior ou posterior 
ao crime, não elencada no rol do art. 65. 
O mencionado art. 65 descreve as seguintes atenuantes genéricas: 
inciso I) Ser o agente menor de 21 anos, na data do fato, ou maior de 70 anos, na 
data da sentença. Refere-se à sentença de 1º grau. Em ambos os casos o prazo 
prescricional cai pela metade. 
inciso II) O desconhecimento da lei. Nos termos do art. 21, o desconhecimento da 
lei não isenta de pena, mas, conforme se percebe, serve para reduzi-la, em função do vasto 
número de diplomas legais existentes. 
inciso III) Ter o agente: 
a) Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral. Valor moral 
diz respeito aos sentimentos relevantes do próprio agente (ex.: homicídio eutanásico – 
demonstra compaixão ante o sofrimento da vítima). Valor social é o que interessa ao 
19 
 
grupo social, à coletividade. Reduz a pena em virtude da menor reprovabilidade pessoal. 
➢ Observação: O relevante valor social ou moral, se for reconhecido como 
privilégio do homicídio (art. 121, § 1º) ou das lesões corporais (art. 129, § 4º), 
não pode ser aplicado como atenuante genérica. 
b) Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, 
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter antes do julgamento, reparado o 
dano. É o arrependimento, que não se confunde com o arrependimento eficaz, que 
somente ocorre quando o agente consegue evitar a consumação e, por isso, afasta o crime, 
nem com o arrependimento posterior, que ocorre antes do recebimento da denúncia ou 
queixa. Na atenuante genérica, o agente, após a consumação, consegue evitar ou minorar 
suas conseqüências. 
Na 2ª parte, o dispositivo permite a redução da pena quando o agente repara o dano 
antes da sentença de primeira instância. 
c) Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de 
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada 
por ato injusto da vítima. A coação moral deve ter sido resistível, hipótese em que o 
agente responde pelo crime, mas a pena é reduzida. Havendo coação moral irresistível, 
ficará afastada a culpabilidade (art. 22 do Código Penal). Da mesma forma, a obediência 
a ordem superior manifestamente ilegal. 
O fato de ter sido o delito cometido por quem se encontra sob a influência de 
violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima, também gera a atenuação da pena. 
Havendo, entretanto, injusta agressão por parte da vítima, não existirá crime em face da 
legítima defesa. 
O crime de homicídio doloso, por sua vez, possui uma hipótese de privilégio que 
também se caracteriza pela violenta emoção. O privilégio, entretanto, diferencia-se da 
atenuante genérica porque exige que o agente esteja sob o domínio (e não sob a mera 
influência) de violenta emoção e porque a morte deve ter sido praticada logo após a injusta 
provocação (requisito dispensável na atenuante). 
d) Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime. É 
a confissão espontânea. Essa atenuante não se aplica quando o agente confessa o crime 
perante a autoridade policial (delegado de polícia) e, em juízo, se retrata, negando a 
prática do delito diante do juiz. 
e) Cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não a 
provocou. E o que ocorre, por exemplo, em brigas envolvendo grande número de pessoas 
etc. 
 
4. Aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena (3ª fase) 
As causas de aumento e de diminuição da pena podem estar previstas na Parte Geral 
ou na Parte Especial do CP e devem ser aplicadas pelo juiz na terceira e última fase da 
fixação da pena. 
As causas de aumento ou diminuição da pena podem ser genéricas ou específicas. 
As causas situadas na Parte Geral do CP são chamadas de aumento e diminuição 
genéricas. Tais circunstâncias estão fixadas em fração. 
Ex.: aumento – concurso formal (art. 70), crime continuado (art. 71); diminuição – 
tentativa (art. 14, parágrafo único), arrependimento posterior (art. 16). 
Tais causas podem elevar, na terceira fase, a pena além do máximo ou diminuí-la 
aquém do mínimo. Ressalte-se que somente nesta última fase as penas podem ir além ou 
aquém dos limites estipulados no tipo. 
As causas de aumento ou diminuição específicas estão situadas na Parte Especial 
do CP. Vale o mesmo comentário feito para as causas genéricas: estão fixadas em fração 
20 
 
(só que na parte especial) e podem elevar ou diminuir a pena além ou aquém dos limites. 
Exs.: aumento - no homicídio doloso a pena é aumentada de 1/3, se a vítima é 
menor de 14 anos (art. 121, § 4º); no aborto a pena é aplicada em dobro, se a manobra 
abortiva causa a morte da gestante (art. 127). 
➢ Observação 1: Com o reconhecimento de causa de aumento ou de diminuição 
de pena, o juiz pode aplicar pena superior à máxima ou inferior à mínima 
previstasem abstrato. 
 
5. Qualificadoras 
São circunstâncias previstas na Parte Especial cuja função é elevar os limites 
mínimo e/ou máximo da pena. Não se confundem com as causas de aumento, que são 
da 3ª fase. São aplicadas antes das três fases de dosagem da pena. Assim, o juiz, antes 
de iniciar a primeira fase, que é a fixação da pena-base, deve observar se o crime é simples 
ou qualificado para saber dentro de quais limites irá fixar a pena. 
Ex.: Num crime de furto. Antes de fixar a pena-base através da análise das 
circunstâncias judiciais do art. 59, do CP (1ª fase), deve o juiz verificar se se trata de um 
furto simples (1 a 4 anos) ou de qualificado (2 a 8 anos). Verificado se o crime é 
qualificado ou simples, o juiz passará a fixar a pena-base dentro dos limites. 
 
6. Conflito e concurso entre as circunstâncias 
Pode ocorrer que em cada uma das fases de fixação da pena, ocorra conflito ou 
concurso entre algumas circunstâncias. Nestes casos, o juiz deve proceder da seguinte 
forma: 
 
6.1. Conflito entre circunstâncias agravantes e atenuantes 
Nos termos do art. 67 do CP, no conflito de circunstâncias agravantes e atenuantes, 
o juiz, ao reconhecer uma agravante e uma atenuante genérica, não deve simplesmente 
compensar uma pela outra. O magistrado deve, em verdade, dar maior valor às chamadas 
circunstâncias preponderantes (quer seja a agravante, quer seja a atenuante). Essa análise 
deve ser feita caso a caso, mas o legislador esclareceu no dispositivo que as circunstâncias 
preponderantes são as de caráter subjetivo (motivos do crime, personalidade do agente e 
reincidência). 
➢ Observação: A jurisprudência tem entendido que, apesar de não existir menção 
no art. 67, o fato de o agente ser menor de 21 anos na data do fato deve 
preponderar sobre todas as demais circunstâncias. 
 
6.2. Conflito entre circunstâncias judiciais 
Procede-se da mesma forma que o conflito de agravantes e atenuantes: se houver 
circunstâncias judiciais favoráveis em conflito com as desfavoráveis, prevalecerão 
aquelas que digam respeito à personalidade do agente, motivos do crime e aos 
antecedentes. Em seguida, as demais circunstâncias subjetivas (grau de culpabilidade e 
conduta social). Por último, as conseqüências do crime e o comportamento da vítima. 
 
6.3. Conflito entre circunstâncias judiciais e agravantes e atenuantes 
Não existe tal conflito, uma vez que as circunstâncias judiciais se encontram na 
primeira fase a as atenuantes e agravantes, na segunda. 
Se as judiciais forem desfavoráveis, o juiz aumenta a pena na primeira fase, se 
existirem atenuantes, o juiz diminui a pena na segunda fase. 
 
6.4. Concurso entre agravante genérica e qualificadora 
Pode ocorrer. Ex.: homicídio doloso qualificado por motivo torpe, emprego de 
veneno e de recurso que impossibilite a defesa do ofendido. Neste caso existem três 
21 
 
qualificadoras (art. 121, § 2º, I, III e IV). 
Observe agora o art. 61, II “a”, “c” e “d”. O motivo torpe, o emprego de veneno e o 
recurso que impossibilitou a defesa do ofendido são também agravantes genéricas. 
A função da qualificadora é simplesmente alterar os limites máximo e mínimo da 
pena, que no caso concreto passa de 6 a 20 anos (homicídio simples) para 12 a 30 anos 
(homicídio qualificado). Basta a existência de uma qualificadora para aumentar os 
limites. 
➢ Observação: Se uma circunstância é ao mesmo tempo qualificadora e 
agravante, será aplicada como qualificadora. 
Ocorre que, como basta apenas uma qualificadora para aumentar os limites da pena, 
se houver mais de uma (como é o nosso exemplo), como proceder? 
Duas posições: 
a) As demais podem funcionar como agravantes, se previstas no art. 61, do CP, 
como tal - 2ª fase. Posição do Capez. 
b) As demais assumem a função de circunstâncias judiciais, influindo na 1ª fase. É 
que o caput do art. 61, do CP dispõe que as agravantes: “São circunstâncias que 
sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime”. Assim, 
como são qualificadoras, não podem funcionar como agravantes. 
 
6.5. Concurso entre causas de aumento de pena da Parte Geral e da Parte 
Especial 
O juiz deve proceder a ambos os aumentos. Primeiro incide o aumento da Parte 
Especial, depois o da Parte Geral, devendo este segundo incidir sobre a pena resultante 
da primeira operação, e não da pena base. 
Ex.: roubo praticado com emprego de arma e em concurso formal. O juiz fixa a 
pena-base, por exemplo, em 4 anos e a aumenta em 1/3 em face do emprego da arma 
(Parte Especial), atingindo 5 anos e 4 meses. Na seqüência aplicará, sobre esse montante, 
um aumento de 1/6 em razão do concurso formal (Parte Geral), atingindo a pena de 6 
anos, 2 meses e 20 dias. 
 
6.6. Concurso entre causas de diminuição da Parte Geral e da Parte Especial 
Incide as duas diminuições. Ex.: homicídio privilegiado tentado. Pena-base: 6 anos. 
Reduz primeiro pelo privilégio (p. ex. 6 anos menos 1/3), ficando 4 anos. Depois reduz 
pela tentativa (p. ex. 4 anos menos 2/3 da pena já com a primeira diminuição), ficando 1 
ano e 4 meses. 
➢ Observação: O cálculo da fração da segunda diminuição deve ser feito sobre a 
pena já reduzida, e não sobre a pena base, sob o risco de se chegar a pena-zero. 
 
6.7. Concurso entre causas de aumento ou diminuição situadas na Parte 
Especial 
O art. 68, parágrafo único, do CP diz que, no concurso de causas de aumento ou de 
diminuição de pena previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento 
ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 
 
7. Outras providências na fixação da pena 
Fixado o quantum da pena, após passar pelas três fases mencionadas no art. 68, 
caput, do CP, deverá o juiz fixar o regime inicial do cumprimento da pena, de acordo com 
as regras estudadas no art. 33. Na seqüência, deverá o magistrado aferir a possibilidade 
de concessão do sursis ou da substituição da pena privativa de liberdade por pena 
restritiva de direitos ou multa, de acordo com os requisitos legais. 
 
ART. 62: 
22 
 
 
I- quem desempenha papel de liderança é punido com maior rigor. 
 
II- induzir: suscitar uma idéia, fazer surgir. 
 Coagir: Irresistível- exclui a punibilidade do coagido 
 Resistível- atenuante 
 
III- Instigar: estimular, reforçar idéia já existente. 
 - Autoridade: louco, menor, docente, profissional. 
 
IV- crime mercenário, promessa não precisa ser cumprida para incidir a agravante, 
qualquer vantagem. 
 
Art. 63 e 64- REINCIDÊNCIA- entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a 
prática de infração posterior tiver ocorrido tempo superior a 5 anos. 
 
 
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
 
Condenação é o ato exclusivo do Poder Judiciário que, representado por um de seus 
membros e depois de obedecido o devido processo legal, aplica em sentença ou acórdão 
uma pena ao agente culpável reconhecido como responsável por um fato típico e ilícito. 
 
Efeitos da condenação são todas as consequências que, direta ou indiretamente, atingem 
a pessoa do condenado por sentença penal transitada em julgado. 
 
Esses efeitos não se limitam ao campo penal, incidindo também nas áreas cível, 
administrativa, trabalhista e político-eleitoral, entre outras. 
 
Texto de Jéssica Ramos Farineli 
 
Após a sentença penal condenatória, surgem alguns efeitos, ora de natureza penal, ora 
de natureza civil ou administrativa. 
 
Pode-se dizer que a condenação, seja ela a imposição de pena privativa de liberdade, 
restritiva de direitos, de multa ou medida de segurança, é o efeito principal da sentença 
criminal condenatória. Existem também outros efeitos, ainda no âmbito penal, 
denominados secundários, como a reincidência, a impossibilidade e revogação da 
Suspensão condicional da pena, a revogação do livramento condicional, entre outros. 
Existem, porém efeitos que se apresentam fora da esfera penal, estes são chamados de 
efeitos Extra- penais. 
 
Os EfeitosExtra- penais, por sua vez, podem ser genéricos ou específicos. Os efeitos 
genéricos são automáticos, ou seja, não precisam ser abordados pelo juiz na sentença. 
Estes são aplicáveis a qualquer crime e estão listados no artigo 91 do Código Penal 
Brasileiro. 
 
No inciso primeiro do referido artigo, o legislador estabeleceu a obrigação do agente de 
reparar o dano causado pelo crime, sendo desnecessária a prova do dano na área cível, 
pois este já foi provado durante o processo criminal. 
 
No seu segundo inciso, o artigo 91 determina a perda em favor da União dos instrumentos 
http://www.infoescola.com/autor/jessica-ramos-farineli/181/
23 
 
e dos produtos do crime, cuja detenção seja ilícita, salvo direito de terceiro de boa- fé. 
 
Além das sanções impostas pelo Código Penal, a Constituição Federal, em seu artigo 15, 
inciso III, determina como efeito genérico da condenação, a suspensão dos direitos 
políticos enquanto durar o cumprimento da pena. 
 
Quanto aos efeitos específicos, estes não são automáticos, só se aplicam a determinados 
crimes e em situações específicas. Incumbe ao juiz mencioná-los expressamente na 
sentença, sob pena de perda de sua eficácia (efeitos). 
 
O artigo 92 do Código Penal estabelece, em seu primeiro inciso, a perda do cargo, função 
pública ou mandato eletivo, no caso de o agente praticar o crime contra a Administração 
Pública, no exercício de sua função como servidor público nas referidas hipóteses. O juiz 
poderá decretar a perda do cargo na prática de crimes funcionais com pena privativa de 
liberdade maior ou igual à um ano, ou na prática de crimes comuns com pena também 
privativa de liberdade superior a quatro anos. 
 
O inciso segundo, decreta a incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou 
curatela, no caso de crime doloso e com pena de reclusão, contra filhos, tutelados e 
curatelados. Neste caso, deve-se ressaltar que o agente só perde o exercício do poder 
familiar, tutela ou curatela em relação ao filho, tutelado ou curatela contra o qual se 
cometeu o crime. A perda em relação aos demais deve ser discutida em ação cível de 
destituição de poder familiar. 
 
No inciso terceiro, o legislador estabelece a inabilitação para dirigir veículos, se estes 
forem utilizados como meio para a prática de crime doloso. 
 
Nos incisos I e II do artigo 92, não há a possibilidade de recuperar as perdas decretadas 
pelo juiz. Todavia, no caso do inciso III, a inabilitação poderá ser recuperada mediante 
ação de reabilitação, de acordo com os artigos 93 a 95 do Código Penal. 
Bibliografia: 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. V.1. PARTE GERAL. Impetus.São 
Paulo.2009 
 
 
Texto de Uélton Santos 
 
Efeitos Genéricos 
Art.91, CP - São efeitos da condenação: 
I- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
II- a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, 
porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo 
agente com a prática do fato criminoso. 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Ao condenar alguém pela prática de um delito, o Estado-Juiz impõe-lhe a sanção penal 
que a lei prevê. Todavia essa sanção, que pode ser pena de reclusão, restritiva de direitos, 
detenção e ou multa, não é a única conseqüência da condenação penal. A condenação 
penal tem outros efeitos, tanto de natureza penal (efeitos secundários) como de natureza 
extrapenal (efeitos civis, administrativos, etc). 
http://www.infoescola.com/direito/servidor-publico/
24 
 
 
Neste breve estudo abordarei, especificamente, os efeitos elencados no art. 91, incisos I e 
II do CPB quanto aos seus reflexos na esfera civil. São os chamados efeitos extrapenais 
genéricos da condenação. As conseqüências extrapenais genéricas da condenação com 
sentença passada em julgado são automáticas, dispensando sua expressa declaração na 
sentença condenatória. Dentre os efeitos, o que tem maior importância para a vítima, diz 
respeito ao inciso I do referido artigo, que torna certa a obrigação de indenizar o dano 
pelo agente causador do crime. Portanto, a condenação penal, a partir do momento em 
que se torna irrecorrível, faz coisa julgada no cível, para fins de reparação do dano. Tem 
natureza de título executório, permitindo ao ofendido reclamar em juízo a indenização 
civil sem que o condenado pelo delito possa discutir a existência do crime ou a sua 
responsabilidade por ele. 
 
 
PRIMEIRA PARTE 
 
O crime ofende um bem-interesse, acarretando uma lesão real ou potencial à vítima. Nos 
termos do código Civil, fica obrigado a reparar o dano aquele que, por ação ou omissão 
voluntária (dolo) ou negligência ou imprudência (culpa), violar direito ou causar prejuízo 
a outrem. Conforme acentua o professor Damásio E. de Jesus, a sentença condenatória 
funciona como sentença meramente declaratória no tocante a indenização civil, pois nela 
não há mandamento expresso de o réu reparar o dano resultante do crime. Contudo, é 
muito comum o ofendido, por desconhecimento dos seus direitos, não acionar a justiça 
para obter a reparação devida. Porém, quando isto ocorre, o interessado não será obrigado, 
no juízo cível, comprovar a materialidade, a autoria e a ilicitude do fato, já assentes na 
esfera penal, para obter a reparação do dano. Discutir-se-á apenas o montante da 
indenização pleiteada pela vítima do crime em questão. Para efeito de ilustração, cabe 
ressaltar aqui que o STF já se pronunciou a respeito da sentença em que se concede o 
perdão judicial como sentença condenatória, valendo, portanto, como título executivo . 
 
Por outro lado, a sentença que julga o agente inimputável, aplicando-lhe medida de 
segurança, embora considerada na doutrina como condenatória imprópria, é, em termos 
legais, absolutória, não propiciando assim a sua execução na esfera civil, como observa 
o nobre doutrinador e professor Julio Fabbrini Mirabete em seu Manual de Direito Penal. 
Também não é sentença condenatória a decisão que reconhece a prescrição da pretensão 
punitiva e as sentenças de homologação da composição e da transação penal previstas na 
Lei 9.099/95. 
 
Transitada em julgado a sentença condenatória e morrendo o condenado, a execução civil 
será promovida contra seus herdeiros, nas forças da herança, conforme o princípio da 
responsabilidade civil do nosso Código Civil . No mesmo sentido, a extinção da 
punibilidade por qualquer causa, após o transito em julgado da sentença condenatória, 
não exclui seus efeitos secundários de obrigar o sujeito à reparação do dano (vide art. 67, 
Inciso II do CPP). 
 
Quando absolvido o condenado em revisão criminal, perde a sentença seu caráter de título 
executório ainda que já instaurada a execução civil pelo ofendido. Na hipótese de 
ocorrerem paralelamente as ações penal e civil, o juiz poderá suspender o curso desta, até 
o julgamento definitivo, daquela, visando evitar, o quanto possível, decisões 
contraditórias. Sendo pobre na forma da lei o titular à reparação do dano, a execução 
poderá ser promovida pelo Ministério Público, a seu requerimento (vide art. 68 do CPP). 
O interessado também poderá recorrer a Defensoria Pública da Comarca. 
25 
 
 
No caso de homicídio, por exemplo, a reparação do dano consiste no pagamento de todas 
as despesas decorrentes do fato criminoso e na prestação de alimentos às pessoas a quem 
o defunto os devia. Cabe assinalar que o dano moral, na questão em comento, também é 
devido, especialmente nos crimes contra a honra e contra os costumes. As indenizações 
(dano material e ou moral) de que trata o presente estudo estão regulamentadas no Código 
Civil. 
 
Por fim, encerrando a primeira parte do breve estudo, embora a responsabilidade civil 
seja independente da criminal, faz coisa julgadano cível a sentença penal que reconhece 
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito 
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito, quando o ofendido não 
deu causa. Cabendo nestes casos, para aquele a quem recai a obrigação de reparar o dano, 
a ação regressiva contra o agente causador ou beneficiário. 
 
SEGUNDA PARTE 
 
Quanto ao inciso II do mesmo artigo em comento, diz respeito aos interesses do Estado. 
 
Constitui uma espécie de confisco com a perda de instrumento e do produto do crime para 
a União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiros de boa-fé. É importante observar 
que a lei não prevê a perda para o Estado quando da prática de contravenção, embora haja 
divergência doutrinária a respeito. A perda em relação ao produto ou proveito auferido 
pelo crime alcança as coisas obtidas diretamente ou mesmo indiretamente com a prática 
do crime. Inclusive, há jurisprudência quanto a inadmissibilidade na devolução, ainda que 
sobrevenha a prescrição da pretensão executória. 
 
O confisco, como efeito da condenação, é o meio através do qual o Estado visa impedir 
que instrumentos idôneos para delinqüir caiam nas mãos de certas pessoas, ou que o 
produto do crime enriqueça o patrimônio do delinqüente. Quanto aos instrumentos do 
crime, somente podem ser confiscados os que consistirem em objetos cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua ato ilícito. Não são confiscados, embora 
possam ser apreendidos, os instrumentos que eventualmente foram utilizados para a 
prática do crime. Os instrumentos e o produto do crime passam a integrar o patrimônio 
da União, procedendo-se, conforme a hipótese, a leilão público ou destruição, conforme 
a lei determinar. 
 
Pode-se também efetuar o “seqüestro” dos bens imóveis adquiridos pelo indiciado com 
os proventos do crime, ainda que já tenha sido transferido a terceiro (vide art. 125 ss do 
CPP). 
 
Na legislação especial que regulamenta o art. 243 da CF, a Lei 8257/92, dispõe sobre a 
expropriação das glebas em que se localizarem culturas ilegais. Este confisco, porém, 
independe de ação penal, mas sim de ação civil apropriada. No mesmo sentido temos a 
perda de bens e valores no caso de enriquecimento ilícito de agentes públicos ( Lei 
8429/92). 
 
Ademais, regra geral, o confisco só ocorre com o transito em julgado da sentença 
condenatória, sendo inadmissível durante o andamento do processo. Cabe ressaltar que o 
confisco não se confunde com a apreensão. Pois, a apreensão dos instrumentos e objetos 
relacionados com o crime deve ser determinada pela autoridade policial, e não podem ser 
restituídos antes de transitar em julgado a sentença final, salvo quando os objetos 
26 
 
apreendidos não mais interessar ao processo e não restar dúvida quando ao direito do 
reclamante. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial 
ou juiz, mediante termos nos autos. Quando houver dúvida quanto ao legítimo 
proprietário, o juiz remeterá as partes para o juízo cível. 
 
Por fim, regra geral, o produto do crime deverá sempre ser restituído ao lesado ou ao 
terceiro de boa-fé. Assim, só se efetivará o confisco em favor do Estado na hipótese de 
permanecer ignorado o dono ou, não reclamados os bens ou valores por quem de direito. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Conforme discorre o Dr. Vladimir Brega Filho em seu interessante artigo intitulado: A 
reparação do dano no direito penal brasileiro – perspectivas, ao analisarmos o Código 
Penal Brasileiro, percebemos que a referência à reparação do dano é mínima e o que 
ocorreu durante muito tempo foi o esquecimento da vítima pela política criminal do país, 
preocupada exclusivamente com a imposição da pena. Sobre isso, ele cita Edgar de Moura 
Bittencourt, que escreveu: “A pessoa e o infortúnio da vítima estão na lembrança do povo 
enquanto dura a sensação do processo. Há por vezes, dirigida em prol do ofendido uma 
onda de caridade, que se mescla com a revolta contra o criminoso. O processo passa, a 
condenação subsiste por vários anos. O criminoso é quase sempre lembrado. A vítima cai 
no esquecimento; quando muito, um ou outro, ilustrado na literatura policial de jornais, 
guardar-lhe-á o nome”. 
 
Esse “esquecimento” da vítima perdurou por muito tempo no direito brasileiro, e somente 
em data recente a situação vem se revertendo. Algumas leis editadas nos últimos dez anos 
procuraram introduzir instrumentos e penas para garantir a reparação do dano. 
 
Mesmo diante dos últimos avanços no campo da reparação do dano, segundo o nobre 
articulista, muito ainda precisa ser feito. Embora Leis recentes como a 9.099/95 tenha 
trazido importantes instrumentos para a busca da reparação, no Brasil pobre em que 
vivemos, onde a situação dos réus reflete a situação do país, não há dúvida de que a 
maioria deles são pessoas pobres e incapazes de reparar o dano. Diante disso, todo e 
qualquer avanço no campo da reparação do dano esbarra na impossibilidade material dos 
réus. Já em 1973, Edgar de Moura Bittencourt escreveu o seguinte: “Quando o infrator 
tem recursos, é simples a restauração do equilíbrio econômico, com a correlata ação de 
indenização, que a lei civil outorga ao ofendido contra seu ofensor. Mas quando este não 
tem com que indenizar ou pelo menos com o que indenizar cabalmente (talvez esta seja a 
maioria dos casos), restará a injustiça social, pelo desequilíbrio econômico”. Solução 
interessante poderia ser a instituição de um fundo de reparação de danos às vítimas, 
constituído das receitas obtidas com as multas e com verbas estatais. 
 
O Estado, em última instância, tem por obrigação garantir os bens jurídicos e, em caso de 
lesão, deve promover a sua indenização. A responsabilidade do Estado será sempre 
objetiva, qualquer que seja a natureza da conduta (comissiva ou omissiva), de seus 
agentes, no sentido amplo do termo, bastando ao particular somente fazer a prova do 
dano, da conduta danosa e do nexo de causalidade para se ver ressarcido dos prejuízos 
suportados. O Estado, para elidir tal responsabilidade, deverá fazer prova de que o dano 
foi ocasionado por força maior, caso fortuito, estado de necessidade ou culpa exclusiva 
da vítima ou de terceiro, segundo a melhor doutrina. 
 
Finalmente, sabemos que a responsabilidade civil engloba as perdas e danos materiais e 
mailto:vladimir@argon.com.br
27 
 
morais. Não obstante a estas penalidades a quem comete ato ilícito, há que se falar 
também na responsabilidade penal de quem é obrigado a pagar multa (uma forma de 
indenizar o Estado ou a vítima). Contudo, a pena pecuniária restritiva de Direito chamada 
multa, não guarda relação com a responsabilidade civil, ou seja, mesmo sendo condenado 
a uma pena restritiva de direito de caráter de multa o agente ainda assim terá a 
responsabilidade de indenizar a vítima do seu ato criminoso. 
 
 
Referência bibliográfica 
- BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de direito penal, Parte geral. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1999. 
- CAPEZ, Fernando – Curso de Direito Penal – Parte Geral, 1ª edição, Editora Saraiva, 
2000. 
- DAMÁSIO, Jesus Evangelhista – Direito Penal, Parte Geral, São Paulo: Saraiva, 1999. 
- DELMANTO, Celso – Código Penal Comentado, 3ª edição, Editora Renovar – 1997. 
- E. MAGALHÃES NORONHA – Direito Penal – 35ª edição, Editora Saraiva – 2000. 
- FRAGOSO, Fernando. A vitimização pelo sistema penal e pelas instituições 
penitenciárias. Rio de Janeiro: Revista Forense, v. 305, p. 41/43, jan/mar., 1989. 
- GARCIA, Carlos Roberto Marcos. Aspectos relevantes da vitimologia. In: RT/Fasc., v. 
769, p. 437/455, nov., 1999. 
- MIRABETE, Júlio Fabbrini – Código Penal Interpretado, 1ª edição, Editora Atlas – 
1999. 
 
Legislação específica: 
- Constituição Federal / 1988 
- Código Penal Brasileiro 
- Código Civil Brasileiro 
- Código De Processo Penal 
- Lei Dos Juizados Especiais – 9099/95

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