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Disciplina: Fenômenos de Transporte (FT) Aula Extra: Fluidos não-Newtonianos Curso: Engenharia/Básico prof. Gilberto F. de Lima Fluidos Newtonianos e não-Newtonianos Os fluidos que seguem esse comportamento são chamados de fluidos NEWTONIANOS. Exemplos: água, gasolina, álcool, óleo, mercúrio, glicerina, entre outros. A viscosidade nestes fluidos é influenciada apenas por variações da temperatura. A viscosidade neste caso é apenas uma função da temperatura (T ): 𝜇 = 𝜇(𝑇) Todos os fluidos com os quais lidamos até agora tinham viscosidade (μ ) constante. Contudo, há fluidos que não seguem esse padrão. Sua viscosidade não é fixa. Estes são os chamados fluidos NÃO-NEWTONIANOS. São fluidos cuja viscosidade altera-se com: – a intensidade da tensão, de pressão ( p) ou de cisalhamento (τ), a que estiverem submetidos; – eventualmente também com a duração (∆t ) da aplicação dessas tensões; – e ainda com a temperatura (T ). Quando o coeficiente de viscosidade não é constante costuma-se indicá-lo pela letra η (‘eta’), denominado coeficiente de VISCOSIDADE APARENTE. Para considerar tais fluidos, a lei da viscosidade de Newton é então generalizada da seguinte forma: 𝜏 = 𝜂 ∙ 𝑑v 𝑑𝑦 𝜂 = 𝜂(𝑝, 𝜏, 𝑡, 𝑇) Seu valor dependerá dos fatores já listados: tensão, temperatura e, talvez, do tempo também; portanto, η é uma função: A relação exata entre esses parâmetros tem que ser determinada para cada fluido. Suspensões consistem de partículas sólidas imersas em um meio líquido. O comportamento reológico de suspensões fica a meio caminho entre o de um sólido e o de um líquido. Terra encharcada é uma suspensão com características de um fluido não-newtoniano. Fluidos que apresentam esse tipo de comportamento são principalmente as suspensões. Exemplo: areia em água; maisena em água; etc. Solventes: têm viscosidade desprezível. Resinas: têm viscosidade elevada. Solventes e resinas, são compostos orgânicos, mas que têm comportamentos reológicos totalmente distintos. Outras substâncias que podem apresentar um comportamento não-newtoniano são as resinas. Fluidos – Comportamento reológico Newtoniano não-Newtoniano Dependentes do tempo Independentes do tempo Viscoelásticos Reopéticos Tixotrópicos Sem tensão mínima Com tensão mínima Dilatantes Pseudoplásticos Plásticos de Bingham Plásticos de Bulkley-Herschel e de Casson Independentes do Tempo a) Pseudoplásticos: sua viscosidade reduz-se com a aplicação de uma tensão. Exemplos: polpa de papel em água, tinta de impressora, soluções de polímeros de alto peso molecular, areia movediça, massas de cerâmica e de cimento, etc. b) Dilatante: sua viscosidade aumenta com a aplicação de uma tensão. 1) Sem tensão mínima. Não requerem uma tensão de corte (tensão crítica, gatilho) para começarem a escoar. Exemplos: suspensões de amido, suspensões de areia, suspensões de açúcar. A viscosidade se altera com a aplicação de uma tensão, mas volta ao estado inicial quando a tensão deixa de ser aplicada. Fluidos não-Newtonianos Fluido não newtoniano pseudoplástico https://www.youtube.com/watch?v=5yMYxwtvIQE e https://www.youtube.com/watch?v=ipqtojwQxjo (08/08/2015) Quanto menor a pressão, menor a redução da viscosidade. Fluido não newtoniano pseudoplástico Fluido não-newtoniano dilatante https://www.youtube.com/watch?v=yFbmf_57nXI (08/08/2015) https://www.youtube.com/watch?v=RIUEZ3AhrVE (08/08/2015) Fluido não-newtoniano dilatante https://www.youtube.com/watch?v=w4xkvCcAers (10/08/2015) Fluido não-newtoniano dilatante (câmera lenta) https://www.youtube.com/watch?v=bLiNHqwgWaQ (08/08/2015) Fluido não-newtoniano dilatante https://www.youtube.com/watch?v=DKOiUOBK2ag (em setembro/2015) Pesquisadores criam líquido à prova de bala Fluido não-newtoniano dilatante a) Plásticos de Bingham: a partir da tensão mínima comportam-se como um fluido newtoniano (viscosidade constante). Exemplos: pasta de dentes, suspensões de argila, tintas a óleo, lama de esgotos, produtos alimentícios com alto teor de gordura (chocolate, manteiga, margarina). b) Fluidos Herschel-Bulkley e Casson: a partir da tensão mínima apresentam comportamento pseudoplástico (redução da viscosidade com o incremento da tensão). 2) Com tensão mínima Requerem uma tensão de corte para começarem a escoar. Comportam-se como sólidos enquanto não se atinge tal tensão. Exemplos: iogurte, sangue, lodo, lama de perfuração. Independentes do Tempo Fluidos não-Newtonianos V is co si d ad e A p ar e n te ( η ) Tensão (τ ou 𝜎 ) pseudoplástico newtoniano dilatante Bingham Bulkley-Herschel e Casson τo ou 𝝈o tensão mínima Fluido Ideal: μ = 0 Fluidos não-newtonianos independentes do tempo Diagramas reológicos pseudoplástico newtoniano dilatante Te n sã o d e C is al h am e n to ( τ ) Taxa de Deformação 𝒅v 𝒅𝒚 Bingham Fluidos não-newtonianos independentes do tempo Diagramas reológicos τo Bulkley-Herschel e Casson Eugene Cook Bingham químico (estadunidense, 1878-1945) a) Tixotrópicos (afinantes): a viscosidade reduz-se irreversivelmente com a aplicação de uma tensão. b) Reopéticos (espessantes): a viscosidade aumenta irreversivelmente com a aplicação de uma tensão. Exemplos: clara de ovos (batendo vira clara em neve), maionese (é preciso bater a mistura para atingir a consistência familiar), gesso em pasta. Sua viscosidade se altera com a aplicação da tensão, e não volta mais ao estado anterior quando a tensão é relaxada (irreversível). Dependentes do Tempo Fluidos não-Newtonianos Exemplos: ketchup, creme de barbear, alguns tipos de tintas, margarina. V is co si d ad e A p ar e n te ( η ) Tempo (t) Tixotrópicos Reopéticos Newtonianos Dependentes do Tempo Fluidos não-Newtonianos Viscoelástico Fluido cuja viscosidade se altera com a tensão aplicada mas retorna PARCIALMENTE ao estado original após a tensão ser relaxada. Exemplos: leite condensado, gelatina em água, alguns xampus, piche, massas de farinha de trigo (bolo, pão, biscoito), etc. Estes fluidos mostram um comportamento imprevisível entre o de um sólido (elasticidade) e o de um líquido (plasticidade). A caracterização do fluido como viscoelástico exige equipamentos caros que se usam nos laboratórios de desenvolvimento de produtos. Fluidos não-Newtonianos – Efeito Barus: inchamento espontâneo do fluido. Um grande problema em extrusoras e em enchedeiras. – Escoamento de Weissemberg: ocorre na agitação de fluidos altamente viscoelásticos como as massas de pão e biscoito. Em altas taxas de deformação, as tensões normais superam as tangenciais, desviando ou invertendo o fluxo. – Efeito Kaye: o fluido despejado endurece repentinamente e rebate o fluxo posterior produzindo esguichos do material. Comportamentos exclusivos dos fluidos viscoelásticos: Fluido não-newtoniano viscoelástico https://www.youtube.com/watch?v=h6JA_MCtSiA (em setembro/2015) Como já visto, a viscosidade de um fluido, seja newtoniano ou não, depende também da temperatura. Quanto maior a temperatura, maior é a agitação térmica das moléculas do fluido, e isto impacta na intensidade das forças intermoleculares.Para um líquido, o aumento da temperatura implica em redução de sua viscosidade pois a agitação afasta as moléculas e reduz a intensidade das interações entre elas. Já para os gases a elevação da temperatura eleva o número de colisões entre as moléculas, portanto elas se aproximam mais e a viscosidade aumenta. Viscosidade e Temperatura Exemplos de variações definitivas de viscosidade com a temperatura: – pudim: a mistura líquida precisa ser cozida para ganhar a consistência característica; – gelatina: a mistura precisa ser resfriada para adquirir a consistência típica.
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