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Professor: Glediston Nepomuceno Costa Júnior Introdução Agregado é um material granular sem forma ou volume definido, de atividade química geralmente inerte. Constituído de dimensão e propriedade adequada para a produção de argamassa e concreto. O custo do agregado é relativamente baixo e ocupa pelo menos ¾ do volume total do concreto, portanto, sua qualidade é de grande importância. Introdução A maioria dos agregados encontra-se disponível na natureza, como é o caso das areias, seixos e pedras britadas. Alguns passam por processos de beneficiamento como é o caso das britas, cuja rocha é extraída de uma jazida e precisa passar por diversos processos de beneficiamento para chegar aos tamanhos adequados aos diversos usos. Classificação Quanto ao tamanho Quanto às massas unitárias Quanto à origem ou obtenção Classificação Quanto ao tamanho: Agregado Miúdo: Materiais que cujos grãos, em sua maioria passem pela peneira ABNT 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT 0,075 μm. As areias são os principais exemplos de agregado miúdo. Agregado Graúdo: Materiais cujos grãos passam pela peneira de malha quadrada com abertura nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT 4,8 mm. Cascalho e britas são exemplos de agregados graúdos. Classificação Quanto às massas unitárias: Leves: ρ < 2000 kg/m³ Normais: 2000 < ρ < 3000 kg/m³ Pesadas: ρ > 3000 kg/m³ Classificação Quanto à origem ou obtenção: Naturais: já são encontrados na natureza sob a forma definitiva de utilização (areia de rios, seixos rolados, cascalhos, pedregulhos,...) Artificiais: são os agregados que sofreram algum processo de beneficiamento por processos industriais, como por exemplo, britagem (pedrisco, pedra britada,...) Britas Provêm da desagregação das rochas em britadores e que após passar em peneiras selecionadoras são classificadas de acordo com sua dimensão média, variável de 4,8 a 76 mm. São normalmente utilizadas para a confecção de concretos, podendo ser obtidas de pedras graníticas e ou calcárias. Britas calcárias apresentam menor dureza e normalmente menor preço. Britas Para concreto armado a escolha da granulometria baseia-se no fato de que o tamanho da brita não deve exceder 1/3 da menor dimensão da peça a concretar. As mais utilizadas são as britas número 1 e 2. As britas podem ser utilizadas também soltas sobre pátios de estacionamento e também como isolante térmico em pequenos terraços. Britas As britas são comercializadas de acordo com seu diâmetro máximo, sendo classificadas na prática como: Britas Qualidades exigidas das britas: Limpeza: ausência de matéria orgânica, argila, sais, etc. Resistência: no mínimo possuírem a mesma resistência à compressão requerida do concreto Durabilidade: resistir às intempéries e às condições adversas Serem angulosas ou pontiagudas: para melhor aderência Areia A areia é um agregado miúdo que pode ser originário de fontes naturais como leitos de rios ou de processos artificiais como a britagem. Quando proveniente de fontes naturais, a extração do material, na maioria dos casos, é feita por meio de dragas e processos de escavação e bombeamento. Independente da forma de extração, o material passa por processos de lavagem e classificação antes de ser comercializado. Areia Deve ser sempre isenta de sais, óleos, graxas, materiais orgânicos, barro, detritos e outros. Não devem ser usadas a areia de praia (por conter sal) e a areia com matéria orgânica, que provocam trincas nas argamassas e prejudicam a ação química do cimento. Areia Quanto ao tamanho de seus grãos, a areia é classificada em faixas granulométricas. A classificação da NBR 7225 é apresentada a seguir: Areia Fina: de 0,075 a 0,42 mm Areia Média: de 0,42 a 1,2 mm Areia Grossa: de 1,2 a 2,4 mm Areia Areias para concreto: Utiliza-se nesse caso a areia retirada de rio (lavada) com as seguintes características: Grãos grandes e angulosos (areia grossa); Limpa: quando esfregada na mão deve ser sonora e não fazer poeira e nem sujar a mão. Observar também: umidade, pois quanto maior a umidade destas, menor será o seu peso específico. Areia Areia para alvenaria: Na primeira camada do revestimento de paredes (emboço) usa-se a areia média. Para o revestimento final chamado reboco ou massa fina, areia fina. Para acentamento de alvenaria deve-se utiliza areia média ou grossa. Areia É difícil encontrar uniformidade nas dimensões de grãos de areia de mesma categoria. Essa desigualdade é conveniente, pois contribui para obtenção de melhores resultados em seu emprego, já que diminui a existência de vazios na massa e para a diminuição do volume dos aglomerantes, cimento e cal, na mistura, que são materiais de maior custo. Areia Requisitos da Areia Não conter terra, o que se conhece por não crepitar ou ranger quando apertada na mão, e não turvar a água em que for lançada. Possuir grãos de dimensões variadas, e angulosos. Seixos Rolados Encontrado em leitos de rios deve ser lavado para serem utilizados em concretos. O concreto feito com esse material apresenta boa resistência, inferior, porém, ao feito com brita. Seixos Rolados Classificação: Cascalho É o agregado com grãos de maiores dimensões sendo retidos na peneira 76 mm (pode chegar até a 250 mm). Utilizados normalmente em calçamentos. Propriedades Físicas e Ensaios com Agregados Miúdos Propriedades Físicas e Ensaios com Agregados Miúdos Conhecer as propriedades e características de um agregado é de grande importância para definir os usos mais adequados que se pode fazer dele. Grande parte das características de um agregado é determinada por meio de análises, ensaios e experimentos descritos em normas técnicas. No Brasil, a entidade normatizadora de grande parte desses ensaios é a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Granulometria A granulometria é uma propriedade que reflete a distribuição dos tamanhos dos grãos de um agregado, ou seja, determinam-se as porcentagens de uma amostra que pertence a uma determinada faixa granulométrica, de acordo com o tamanho dos grãos. A distribuição granulométrica é determinada por meio de um ensaio descrito na NBR 7217, que consiste no peneiramento de uma amostra de material cuja massa mínima é em função da dimensão máxima do agregado a ser peneirado. Granulometria A massa mínima por amostra de ensaio é indicada na Tabela. Granulometria O peneiramento da amostra é realizado com o uso de peneiras padronizadas pela ABNT, sendo que o conjunto de peneiras é composto por duas séries: a série normal e a série intermediária. Granulometria As aberturas das peneiras de cada série são apresentadas na tabela a seguir: Granulometria Em resumo, o ensaio de peneiramento para determinação da composição granulométrica consiste nos seguintes procedimentos: Secar duas amostras do agregado a ser analisado em estufa (105 – 110)ºC, esfriar à temperatura ambiente e determinar suas massas (M1 e M2). Tomar a amostra (M1) e reservar a outra (M2). Colocar a amostra (M1) ou porções dela sobre a peneira superior do conjunto Promover a agitação mecânica do conjunto por um tempo razoável, para permitir a separação e classificação prévia dos diferentes tamanhos de grão da amostra. Remover o material retido em cada peneira para bandejas identificadas. Escovar a tela em ambos os lados para limpar a peneira. Granulometria Determinar a massa total de material retido em cada uma das peneiras e no fundo do conjunto. O somatóriode todas as massas não deve diferir mais de 0,3 % da massa seca da amostra, inicialmente introduzida no conjunto de peneiras. Proceder ao peneiramento da amostra (M2), seguindo o mesmo procedimento. Para cada uma das amostras de ensaio, calcular a porcentagem retida, em massa, em cada peneira, com aproximação de 0,1 %. Calcular as porcentagens médias retidas e acumuladas, em cada peneira, com aproximação de 1%. Granulometria Os cálculos realizados na análise granulométrica também servem de subsídio para determinar duas outras propriedades dos agregados: Dimensão máxima do agregado Módulo de finura Dimensão Máxima Característica Grandeza associada à distribuição granulométrica do agregado, correspondente à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa. Módulo de Finura Está relacionado com a área superficial do agregado e consequentemente altera a água de molhagem para um certa consistência. Quanto menor o diâmetro das partículas, maior a área específica e maior a quantidade de água para um certa consistência. Módulo de Finura É calculado pela soma das porcentagens retidas acumuladas em massa, nas peneiras da série normal, dividida por 100. O valor do módulo de finura decresce à medida que o agregado vai se tornando mais fino. O módulo de finura também serve para comparação entre dois ou mais agregados. Aquele que possuir menor módulo de finura é o material mais fino. Exemplo Massa Unitária ou Massa Específica Aparente (γ) É a relação entre a massa total de um certo volume de agregados e esse volume, considerando-se os vazios existentes entre os grãos do agregado. É por meio da massa unitária que são feitas as transformações dos traços em massa para volume e vice-versa. Massa Unitária ou Massa Específica Aparente (γ) É determinada preenchendo-se com o agregado, até as bordas, um recipiente de dimensões bem conhecidas, deixando-o cair de altura de não mais de 10cm. Determinam-se por pesagem as massas do recipiente vazio e cheio de agregado. O valor da diferença de massas (Kg), dividido pelo volume do recipiente (m3), é a massa específica aparente do agregado. Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) É a massa da unidade de volume excluindo-se os vazios entre grãos e os permeáveis, ou seja, a massa de uma unidade de volume dos grãos do agregado. Determinação da massa específica do agregado miúdo é feita por meio do frasco Chapman. Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) Procedimento para determinação da massa específica: Secar a amostra de agregado miúdo (areia) em estufa a 110 ºC, até constância de peso e resfriá-la até temperatura ambiente; Pesar 500 g de agregado miúdo; Colocar água no frasco Chapman (Figura 1), até a marca de 200 cm3; Introduzir cuidadosamente os 500 g de agregado no frasco, com auxílio de um funil; Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) Agitar o frasco, cuidadosamente, com movimentos circulares, para a eliminação das bolhas de ar (as paredes do frasco não devem ter grãos aderidos); Fazer a leitura final do nível da água, que representa o volume de água deslocado pelo agregado (L); Repetir o procedimento pelo menos mais uma vez, para outra amostra de 500 g. Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) A massa específica do agregado miúdo é calculada através da expressão: δ = massa específica do agregado miúdo, expressa em g/cm3 ou kg/dm3. L = leitura final do frasco (volume ocupado pela água + agregado miúdo) Massa Específica A importância fundamental da determinação da massa específica dos agregados é que esses valores serão utilizados nos cálculos de consumo de materiais que entrarão na composição de concreto e argamassa, como veremos no item sobre traços. Coeficiente de Vazios É a relação entre o volume total de vazios e o volume total de agregados. Quanto maior o coeficiente de vazios maior o consumo de pasta para ligar os agregados. Depende da massa específica e da massa unitária do material e é determinado pela seguinte relação: 𝐶𝑉 = 𝛿 𝛾 − 1 Teor de Umidade É a relação da massa de água absorvida pelo agregado que preenche total ou parcialmente os vazios, e a massa desse agregado quando seco. Importante para a dosagem de concretos, pois existe uma proporção adequada entre a quantidade de água e cimento adicionada ao concreto. Se a areia estiver úmida e não se determinar essa umidade, a água incorporada à areia vai alterar a proporção entre água e cimento do concreto, o que causa danos à resistência do mesmo. Se a umidade for conhecida, pode-se corrigir a quantidade de água a ser adicionada ao concreto, pois já se terá conhecimento a respeito da quantidade de água que está incorporada à areia. Existe mais de um método para determinação da umidade. Teor de Umidade O mais utilizado é a secagem em estufa, cuja amostra é pesada antes de ser colocada na estufa entre 100°C e 105°C. Este peso corresponde ao peso úmido (Ph). Após permanecer no mínimo 24 horas na estufa, a amostra é pesada novamente e tem-se o peso seco (Ps). De posse dessas duas informações pode-se calcular o teor de umidade pela seguinte relação: Teor de Umidade A secagem do material também pode ser realizada na presença de fogo (Método da frigideira). Pesando o material antes e depois da secagem se tem o peso úmido e seco respectivamente. Esta prática é menos precisa que a secagem em estufa e é utilizada principalmente em obras, em virtude da ausência de estufas e pela possibilidade de avaliar umidade em um intervalo de tempo menor. Teor de Umidade Além disso, existem aparelhos especiais para a medição da umidade, sendo o Speedy Test um dos mais conhecidos e utilizados. Ao se misturar o agregado miúdo úmido com um reagente, o aparelho mede a pressão gerada e com base em tabelas de calibração fornece a umidade do agregado. Inchamento É o aumento de volume de uma determinada massa de agregados , causado pela absorção de água. Esse aumento de volume ocorre até determinado teor de umidade acima do qual o inchamento permanece praticamente constante. Esse teor de umidade é chamado Umidade Crítica. Inchamento O ensaio de inchamento é descrito pela NBR 6467 Consiste basicamente em se determinar a massa unitária do agregado seco (γs) e a massa unitária do agregado úmido (γh) para amostras do material com diferentes teores de umidade (h). Para cada amostra se calcula o coeficiente de inchamento com base na umidade e nas massas unitárias de cada amostra. Esse coeficiente serve para medir o inchamento sofrido por uma massa de agregados. Inchamento Inchamento É de fundamental importância na dosagem dos materiais em volume, pois dependendo da umidade obtêm-se diferentes massas de agregados para um mesmo volume de dosagem, sendo necessário a correção de traço. O inchamento máximo normalmente ocorre para a umidade de 4% a 6%, diminuindo em seguida para anular-se na areia saturada. Propriedades Físicas e Ensaios com Agregados Graúdos Propriedades Físicas e Ensaios com Agregados Graúdos Assim como foi comentado no estudo dos agregados miúdos, conhecer as propriedades e características dos agregados graúdos é de grande importância para definir os usos mais adequados que se podem fazer deles. A seguir serão apresentadas as principais propriedades físicas e os índices de qualidade dos agregados graúdos, dos quaisgrande parte também é avaliada por meio de ensaios previstos em normas técnicas. Granulometria O procedimento para determinação da granulometria de agregados graúdos é semelhante ao processo dos agregados miúdos. As principais diferenças são as aberturas das peneiras utilizadas e o tamanho da amostra peneirada. Granulometria A massa mínima por amostra de ensaio é indicada na Tabela. Dimensão Máxima Característica Da mesma forma que no agregado miúdo, a dimensão máxima característica do agregado correspondente à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa. Módulo de Finura O módulo de finura de um agregado é calculado pela soma das porcentagens retidas acumuladas em massa, nas peneiras da série NORMAL, dividida por 100. O valor do módulo de finura decresce à medida que o agregado vai se tornando mais fino. Quanto menor o módulo de finura mais água será necessária e, portanto, mais cimento para manter o fator água/cimento preestabelecido. Massa Unitária ou Massa Específica Aparente (γ) É determinada da mesma forma e utilizada para as mesmas finalidades que a massa unitária do agregado miúdo, sendo a relação entre a massa e o volume aparente do agregado (volume aparente = volume dos grãos + volume dos vazios). Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) Representa a relação entre a massa e o volume real do agregado, ou seja, a soma dos volumes de todos os grãos. Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) No agregado graúdo, a massa específica real é determinada pelo método descrito na NBR NM 53:2009. Essa determinação é feita por meio da pesagem hidrostática de um cesto com agregado. É feita uma pesagem da amostra de agregado fora da água e submerso na água. Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) Dentro da água, o peso da amostra é menor em função da força de empuxo, que é igual ao peso do volume de água deslocado. O volume de água deslocado é o volume das pedras submersas. Dessa forma, determinamos o volume real do agregado. Massa Específica ou Massa Específica Real (δ) A massa específica do agregado graúdo é calculada através da expressão: δ = massa específica do agregado graúdo, expressa em g/cm3 ou kg/dm3. m = massa seca. ms = massa saturada (superfície seca). ma = massa saturada e mergulhada na água. 𝛿 = 𝑚 𝑚𝑠 −𝑚𝑎 Coeficiente de Vazios Semelhantemente aos agregados miúdos, o coeficiente de vazios é o número que, multiplicado pelo volume total do agregado dá o volume de vazios nesse agregado. Quanto maior o coeficiente de vazios, maior o consumo de pasta para ligar os agregados. Resistência à Abrasão A resistência à abrasão é a resistência ao desgaste superficial sofrido pelo agregado e é determinada pelo método descrito na NM 51:2001. Esse ensaio também é chamado de abrasão “Los Angeles”, pois esse é o nome dado ao aparelho onde se realiza o ensaio. Resistência à Abrasão A amostra é colocada num cilindro oco, juntamente com bolas de ferro fundido. O cilindro é girado por um tempo determinado, provocando o choque das esferas com o agregado e entre agregados. Após a amostra, é peneirada na peneira 1,7mm e a porcentagem do material passante em relação à massa da amostra original é o resultado do ensaio. Para aplicação em concretos e em pavimentos rodoviários, essa porcentagem não deve ultrapassar 50% e, para lastros de ferrovias, a porcentagem máxima é de 40%. Resistência ao Esmagamento É determinada pelo ensaio descrito na NBR 9938:2013, que consiste em submeter o agregado a um determinado esforço de compressão, capaz de causar fraturamento dos grãos. A amostra submetida ao ensaio é peneirada na peneira 2,4 mm e o peso retido, expresso em porcentagem da amostra inicial constitui o resultado do ensaio. Agregados que serão utilizados na confecção de pavimentos rodoviários devem ter uma boa resistência ao esmagamento, pois são constantemente submetidos a esforços de compressão de diferentes magnitudes.
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