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teoria geral dos direitos da personalidade

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Direito Civil I
Teoria Geral dos Direitos da personalidade 
Afirmação – Uma vez que há o reconhecimento como pessoa natural no momento do nascimento o indivíduo passa a ser portador de direitos da personalidade. Esses direitos são recentes, a partir do sec. XIX quando surgem e se fortalecem no século XX. O código brasileiro de 1916 não trazia artigos específicos para o Direito da personalidade. A partir dos anos 1970, esses direitos são mais desenvolvidos, o Direito Civil formula dispositivos para garantir direitos à pessoa de caráter extrapatrimonial. O código de 2002 tem capítulo específico para tratar esses direitos, com a ressalva de que foi um avanço muito tímido. Os direitos da personalidade caracterizam-se como bens intrínsecos à pessoa humana. No direito brasileiro o inciso III do artigo1º representa a dignidade humana como o objetivo do Estado e , portanto, cláusula geral de tutela de todos os direitos que da personalidade irradiam.
Características dos direitos da personalidade a partir do artigo 11 do código civil:
Generalidade – Momento e forma de atribuição dos direitos da personalidade que é o nascimento. Generalidade significa que todos têm esse direito.
Extra patrimonialidade – Característica fundamental e significa dizer que os Direitos da personalidade não podem ser objeto de apreciação mensurável pecuniária, ou seja, não se pode fixar um preço.
Indisponibilidade – Os Direitos da personalidade não podem ser objeto de alienação, na prática significa que os direitos à privacidade, imagem entre outros não podem ser transferidos completamente a outrem. Mas podem ser objetos de contratação como no reality show. Não podemos alienar e nem dar como garantia em dívidas.
Caráter absoluto – Significa que esse direito é erga omines, ou seja, impõe-se a todos os terceiros a respeitar esse direito.
Imprescritibilidade? – O direito subjetivo refere-se à pretensão do titular de tutelar o seu direito. A prescrição refere-se ao poder de exigir o comportamento do outro. A dívida não acaba, o que acaba é a pretensão de exigir o direito. Não parece adequado ao conceito de segurança jurídica, em jurisprudência aplica-se o prazo estabelecido no artigo 206 do CC. (Há controvérsias)
Intransmissibilidade – Não são transmitidos a outrem e é preciso equalizar com o direito que herdeiros possuem em relação a direitos do de cujus. Compatibilizar o 12 e o 20 que preveem herdeiros diversos.
Classificação dos direitos da personalidade
Direitos ao aspecto físico (ao corpo)
ao corpo, voz - artigo 13
 à vida
 ao cadáver 
Direitos ao aspecto moral – 
 nome 
honra
imagem 
privacidade
direito moral do autor – direito autoral- No Direito brasileiro, não é necessário registrar, há proteção jurídica no momento da criação da obra. A melhor forma é registras, mas qualquer prova admitida em direito: testemunhal, registro do correio, blog. A proteção jurídica abrange os direitos materiais (exploração comercial) e morais. O direito moral do autor é a vinculação entre autor e obra, o direito de atribuição, o direito de autoria, que é um direito da personalidade. Uma vez que um autor criou uma obra, a obra é uma extensão, uma manifestação da personalidade do autor. Um dos direitos do autor é retirar sua obra de circulação. Direito autoral está previsto na Lei 9.610/98.
Fontes do Direito da personalidade- 
O debate de onde vêm os direitos da personalidade. A maioria dos autores brasileiros acredita que os direitos da personalidade são anteriores à positivação. Essa é uma afirmação jusnaturalista. Os direitos vêm da lei? de Deus? da natureza?
Jusnaturalismo – Os Direitos da personalidade preexistem ao ordenamento jurídico, que apenas o reconhecem. Isso porque você é pessoa humana e por isso é portador de direitos da personalidade. Abre espaço para a insegurança jurídica, porque não é possível caracterizar quais são esses direitos, quantos são etc.
Positivismo – Os Direitos da personalidade derivam da lei que os positivam. É o posicionamento de Gustavo Tepedino.
Teorias monistas e pluralistas
Qual a melhor metodologia para proteger os direitos da personalidade? O mais adequado é ter uma clausula geral? 
Monista - É melhor ter um artigo único e abrangente?
Pluralista - Ter uma análise exemplificativa e detalhada para cada direitos em espécie? nome, privacidade, honra
Crítica
O código civil de 2002 adotou a teoria pluralista com artigos específicos para cada direito específico da personalidade, mas os autores civis constitucionalistas alegam que a constituição tem no seu artigo 1ª, III fala da dignidade da pessoa humana, e proteção em espécie no Código civil dos artigos 11 ao 21.
Qual a diferença entre direitos da personalidade e direitos fundamentais e direitos humanos? Os direitos da personalidade integram um conjunto de direitos à proteção da vida, da imagem e da identidade do homem, tais direitos estão previstos no código civil e na constituição, bem como integram os direitos internacionais. As previsões de direitos fundamentais do indivíduo presente em diferentes códigos e leis formam o Estatuto jurídico que visa proteger à pessoa. 
Código Civil apresenta os Direitos da personalidade expressos nos artigos 11 até o 21.
A Constituição apresenta os Direitos Fundamentais
O Direito Internacional apresenta os Direitos Humanos.
Pessoa jurídica
Principais direitos da personalidade da PJ. A jurisprudência consagra os direitos da personalidade reconhecido pelos tribunais: 
Direito à honra objetiva que é o conceito que terceiros têm dela, mas não tem honra subjetiva (conceito sobre si próprio).
Direito à imagem
No Brasil, aplicam-se os direitos da personalidade à pessoa jurídica no que couber (artigo 52, cc) e esses direitos não estão traçados no artigo, eles são reconhecidos pela jurisprudência. Nem todos os direitos da personalidade se adequam à natureza da pessoa jurídica, os dois principais são o direito à honra e à imagem. 
Tutela ou proteção dos Direitos
artigo 12- Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
O artigo 461 do CPC se conecta ao artigo 12 com a Tutela específica que obriga alguém a fazer algo. 
As herdeiras do Garrincha ingressaram com ação em nome próprio e que o livro atingia a honra e a imagem do pai e em dano reflexo atingiam a imagem que elas tinham do pai.
O artigo nomeia o cônjuge, parentes em linha reta ou colateral até o quarto grau para requerer a tutela dos direitos da personalidade.
O artigo garante duas tutelas:
Inibitória – fazer cessar a ameaça e impedir que o dano ocorra ou que cesse o dano. 
Indenizatória – Compensar pecuniariamente o dano, reconhecendo que o dano ocorreu e a pessoa precisa ser recompensada.
2) Direitos da personalidade em espécie
Integridade física – artigo 13,15,422
Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Para dispor do corpo, é necessário que isso não acarrete diminuição da capacidade física, salvo se essa diminuição for uma exigência médica, por exemplo, amputação ou uma doação de um órgão (rim). Lei 9434/97 dos transplantes. Consentimento informado, isso quer dizer que, em que medida, o paciente foi devidamente informado sobre os procedimentos e seus efeitos. O paciente se surpreende com os efeitos colaterais, com a duração do tratamento.
A boa fé objetiva é um princípio das relações jurídicas entre as partes contratantes e aparecem no código civil nos artigos: 113,187,422.
113 – a interpretação da boa fé
187- restrições do abuso do direito
422 – obrigação de guardar a boa fé 
O artigo 15 proíbe a pessoa a ser constrangida a se submeter a tratamento médico que ofereça risco de vida, a pessoa não pode ser forçada a se submeter a tratamento médico. É o caso da transfusão de sangue recusada por motivos religiosos, o médico não pode impor a transfusão.
Erromédico?
Nome – artigos 16, 17, 18, 19
O direito ao nome é um direito da personalidade e um dever da família e do Estado. O conceito de imutabilidade do nome vem sendo revisto em casos que afetam à dignidade da pessoa humana, expressa no artigo I, III da Constituição como, por exemplo, nas intervenções em pessoas portadoras de transtorno transexual cuja intervenção cirúrgica apara mudança de sexo, tem como consequência jurídica a mudança do prenome para se adequar a sua nova condição. Os artigos que tratam do nome são 16, 17, 18, 19. No Brasil, a escolha do nome é livre, o que não ocorre em outros países. E pessoa pode solicitar a troca de seu nome se esse lhe expuser ao ridículo.
No caso do divórcio, no qual a mulher adota o nome do cônjuge ao se divorciar a jurisprudência entende que a mulher deve optar pela retirada ou não do patronímico do marido e avaliar se esta decisão causa grave dano à prole ou a sua própria identidade com a qual já é conhecida.
Privacidade artigos 43 cdc, 21, 5º da CRFB
É um direito que doutrinariamente tem sua origem em 1890 num artigo que define privacidade, the right to privacy em Harvard. A primeira concepção de privacidade é o direito ao isolamento, ou seja, se destacar do corpo social e viver experiência solitária.
E gradativamente vai se transformando em tutela dos dados pessoais, surge o direito de gerir seus dados pessoais com os quais o sujeito se identifica na sociedade como nome, digitais, cpf, telefone etc. Esses dados identificam o sujeito e qual é o tratamento desses dados? Quando o indivíduo não é informado sobre a coleta e a distribuição desses dados muitas vezes pode caracterizar a violação do artigo 187( boa fé entre partes). 
O artigo 21 não avança muito nessa discussão que poderia prever, por exemplo:
	
quanto tempo seus dados pessoais podem ser acessados?
Se esses dados forem ‘vazados’ e usados indevidamente qual a responsabilidade do provedor?
E se num banco de dados houver um perfil com o qual eu não concordo, possa pedir que ele seja apagado?
Qual o grau de segurança da base de dados?
A pessoa deve ser comunicada se alguém acessa seus dados numa base?
Essa discussão não é o direito ao isolamento, mas uma discussão de utilidade coletiva. Numa sociedade que uma determinada religião possa sofrer discriminação, proteger um dado pessoal é garantir um direito à privacidade e à dignidade da pessoa e proteger o grupo da qual ela participa. Portanto, a tutela não é só individual, mas coletiva.
Existe desde 1970 a constitucionalização do direito à privacidade expressa nos artigos 5º, X, XI, XII e LXXII muito abrangente. Atualmente o Brasil está atrasado em relação a outros países que protegem à privacidade.
A lei não prevê que o indivíduo precise ser avisado que está sendo filmado, isso é a derivação de uma ausência da descrição na lei, porém avisar que o empregado está sendo monitorado é um dever lateral da boa fé objetiva.
 Expectativa de privacidade, salvo se quebro sua expectativa de privacidade. (direito americano). 
O Habeas data é o mandado de segurança por meio do qual o indivíduo pode ter acesso aos seus dados pessoais.
CDC artigo 43 que fala sobre base de dados em relações de consumo, mas só se aplica ao consumidor. Falta o Brasil ter uma lei geral de proteção aso dados pessoais que possa prever as 3 fases importantes para o análise de dados:
Como serão coletados?
Como serão armazenados?
Como serão utilizados e tratados?
Princípio na finalidade e coleta de dados pessoais
O fornecedor pode vender seus dados comerciais? Que uso pode ser feito desses dados?
Quais são os limites da privacidade no ambiente de trabalho? A privacidade não se aplica à PJ. O artigo 21 do CC se refere à pessoa natural. É uma discussão conceitual, porque a PJ tem sigilo bancário.
Imagem artigo 20, 927( responsabilidade civil), 186( dever de reparar)
A constituição no artigo 5º, X protege o direito à imagem, pode ser explorado comercialmente por terceiro. A imagem seria uma especialização da honra, utilizar à imagem sem ferir a honra não se reconhecia dano à n honra. No entanto, em algumas decisões recentes do STJ, esse conceito ainda pode ser encontrado. Historicamente são construídos em conjunto e hoje são direitos diferenciados. Porém, o código civil no artigo 21 não separa esses direitos. 
A voz se insere nos direitos à imagem e todas as criações intelectuais da pessoa são protegidas pelos direitos à personalidade.
Estão associados a violação à privacidade e utilização de imagem sem autorização.
O artigo 20 fala da possibilidade de proibir a utilização da imagem por terceiros sem autorização, salvo se necessário para administração da justiça e manter a ordem pública.
A responsabilização civil do uso ilícito da imagem deve ser reparada se o seu uso:
Atingir a honra
A boa fama ou a respeitabilidade
Para fins comerciais
Caso o artigo 20 fosse interpretado ipsis literis, por magistrados extremamente legalistas, a sociedade midiática estaria condenada à falência, por isso, a jurisprudência trabalha com critérios para dirimir conflitos advindos do uso da imagem, a saber:
A pessoa está num local público?
A pessoa é elemento principal da foto?
 Interesse jornalístico/interesse público
Notoriedade da pessoa
Contexto
Sátiras/ caricaturas/ paródias/ humor
Honra artigos do código penal 138( calúnia) , 139(difamação), 140(injúria) ; código civil artigos 20, 953
O direito à honra se conecta com o direito à imagem no campo do Direito civil e se conecta a área penal nos crimes de calúnia, difamação e injúria. A violação à honra caracteriza-se, por exemplo, com ‘boatos’ que ferem a honra de uma pessoa essa se sentindo prejudicada deve ingressar com ação civil para reparo ao dano ou seguir o caminho da área civil com pedido de indenização como forma de compensação o dano causado. O direito de resposta também é utilizado como forma de tentar reparar e combater o que foi dito, por exemplo, no direito de resposta de Leonel Brizola no ano de 1994 quando era governador do Estado do RJ que moveu contra a Rede Globo. O direito de resposta tinha sua estrutura jurídica na lei de imprensa que foi revogada pelo Supremo, mas pode ser solicitado e apreciado pelo juiz.
O caso mais conhecido de crime à honra foi o caso do assassinato de Ângela Diniz e Doca Street, o marido matou a esposa em defesa da honra pela infidelidade conjugal da mulher. Da lesão à honra nasce a hipótese de ter dano moral. No código civil, o direito à honra aparece no artigo 20 vinculado ao direito à imagem; o artigo 953 os crimes de injúria, difamação e calúnia podem ocasionar em dano moral e a vítima deve provar o dano material para fixar indenização, caso não seja possível o juiz fixa valor. O direito à honra tem duas concepções:
Honra subjetiva é aquela que está ligada à reputação e decoro que o indivíduo atribui a si.
Honra objetiva é aquela que decorre da atribuição da sociedade para com o indivíduo.
A ideia de noção de honra subjetiva e objetiva nasce no direito penal e é retomada no direito civil. O crime de injúria se liga à esfera da honra subjetiva e se pretende proteger o bem jurídico do conceito que ela tem dela própria. A calúnia e difamação se associam à esfera objetiva da honra. A exceção da verdade é admitida em calúnia e difamação. Na injúria não é admitida exceção da verdade.
Na jurisprudência, a pessoa jurídica tem honra objetiva como direito de personalidade e pode sofrer dano moral decorrente da violação à sua honra, mas não comunicado ao corpo de seus funcionários/societários. A pessoa física não sofre dano reflexo advindo do dano sofrido pela PJ. 
Pessoa jurídica artigos 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 50, 52 e cdc 43 e 28
Havia um shopping em Osasco que explodiu em razão do encanamento de gás que foi mal vedado. As pessoas sofreram danos físicos e alguns morreram. Os familiares ingressam com ação contra o shopping center pelos danos. 
Caso a pessoa jurídica não possa suportar financeiramente as indenizações, e a PJabrir falência, ou por alguma razão obstaculizar ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores, o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica e responsabilizar civilmente os sócios.
A pessoa jurídica tem autonomia processual, patrimonial.
Teoria do CC é maior artigo 50
Teoria menor é a CDC 28

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