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Direito Constitucional - Constitucionalismo

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1. Constitucionalismo
	A origem formal do constitucionalismo está ligada às Constituições Escritas e rígidas dos EUA, em 1787, após a independência das 13 colônias, e da França, em 1791, a partir da revolução Francesa, apresentando dois traços marcantes: organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais. [1: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, 2006, p. 1.]
	Direito constitucional é ramo do direito público, imprescindível à organização e funcionamento do Estado, estabelecendo a estrutura política. Busca a constituição política do Estado a fim de estabelecer a organização das instituições do Estado, órgãos, aquisição e limitação do poder, prevendo diversos direitos e garantias fundamentais.
	A parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado, enquanto comunidade e enquanto poder. É o conjunto de normas (disposições e princípios) que recordam o contexto jurídico correspondente à comunidade política como um todo e aí situam os indivíduos e os grupos uns em face dos outros e frente ao Estado-poder e que, ao mesmo tempo, definem a titularidade do poder, os modos de formação e manifestação da vontade política, os órgãos de que esta carece e os atos em que se concretiza.[2: MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, 1990. Apud MORAES, 2006, p. 1]
	Como produto legislativo máximo do Direito Constitucional, encontramos a própria Constituição, elaborada para exercer dupla função: garantia do existente e programa ou linha de direção para o futuro.[3: CANOTILHO, J. J.Gomes. Constitução Dirigente e vinculação do legislador, 1994. Apud MORAES, 2006, p. 2.]
	
2. Conceito de Constituição
	Pelo viés jurídico, Constituição constitui-se na lei fundamental e suprema de um Estado, apresentando normas referentes à estruturação do Estado, formação dos Poderes, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
Melhor se definirá a Constituição como o estatuto jurídico fundamental da comunidade, isto é, abrangendo, mas não se restringindo estritamente ao político e porque suposto este, não obstante a sua hoje reconhecida aptidão potencial para uma tendencial totalização, como tendo, apesar de tudo, uma especificidade e conteúdo material próprios, o que não autoriza a que por ele (ou exclusivamente por ele) se defina toda a vida de relação e todas as áreas de convivência humana em sociedade e levará a autonomização do normativo-jurídico específico (neste sentido, total – e não apenas tendencialmente – é o direito), bem como à distinção, no seio da própria Constituição, entre a sua intenção ideológica-política e a intenção jurídica stricto sensu. Com este sentido também poderemos, então, definir a Constituição como a lei fundamental da sociedade.[4: MIRANDA CARVALHO, Virgílio de Jesus Miranda, 1982. Apud MORAES, p. 2.]
	O conceito ideal de Constituição para Canotilho identifica-se com os postulados políticos-liberais, considerando-os como elementos materiais caracterizadores e distintivos os seguintes: a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos atos do poder legislativo através do parlamento); b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os abusos dos poderes estatais; c) a constituição deve ser escrita.[5: CANOTILHO, J. J. Gomes. Apud MORAES, p. 3.]
	Portanto, uma Constituição, antes de ser um código de leis obrigatório, que medeia as relações administrativa, civilizadamente, os dissensos em uma realidade social e cultural dada, é uma filosofia de vida aplicada e jurisdicizada. Pode-se dizer que o Direito constitucional vai-se ocupar da Constituição, dos mandamentos superiores que modela todo o sistema jurídico de um Estado, visto sob o ângulo jurídico (conjunto de normas sociais dotadas de cogência incontornável), das relações econômicas de produção (sistema econômico de mercadoou centralizado), do regime político (democrático, totalitário ou autoritário), da organização política do Estado e do Governo (Estado Unitário, descentralizado; Governo monárquico ou republicano) e, ainda, da técnica de governação (Presidencialismo, Paramentarismo ou Diretorial ou ainda um sistema misto).[6: SERPA, José Hermílio Ribeiro Serpa. Direito Constitucional Interdisciplinar, 2006, p. 23.]
3. Classificação das constituições:
I) quanto ao conteúdo:
a) materiais
	Conjunto de regras materialmente constitucionais, codificadas ou não em um único documento. 
b) formais
	Escrita em um documento estabelecido pelo poder constituinte originário.
II) quanto à forma:
a) escritas
	Conjunto de regras codificadas e sistematizadas em um único documento, para fixar-se a organização fundamental. É o mais alto estatuto jurídico de determinada comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade. É o ápice da pirâmide normativa dotada de coercibilidade.[7: HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição, 1981. Apud MORAES, p. 4.]
	Cantilho ensina que a garantia da força normativa da constituição não é tarefa fácil, mas se o direito constitucional é direito positivo, se a constituição vale como lei, então as regras e princípios constitucionais devem obter normatividade regulando jurídica e efetivamente as relações de vida, dirigindo as condutas e dando segurança a expectativas de comportamento.[8: 1993, p. 183. Apud MORAES, p. 4.]
b) não escritas
	Conjunto de regras não aglutinado em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções, como a Inglesa, já que parte das regras sobre a organização dos poder político é consuetudinária e a unidade fundamental da Constituição não repousa em nenhum texto ou documento, mas em princípios não escritos assentes na organização social e política dos Britânicos.[9: MIRANDA, p. 126. Apud MORAES, p. 4.]
III) quanto ao modo de elaboração
a) dogmática
	Escrita e sistematizada por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante.
b) históricas
	A constituição histórica é fruto de lenta e contínua síntese da história e tradições de um determinado povo, como a Inglesa.
IV) quanto à origem
a) promulgadas
	Democráticas ou populares, derivam do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração, como a brasileira.
b) outorgadas
	Elaboradas e estabelecidas sem a participação popular, através de imposição do poder da época, como as brasileiras de 1824, 1937 e 1967.
	São impostas ao povo pela vontade de um grupo ou de um líder dotado de poderes excepcionais, que em determinado momento de crise política nacional, empolgou o poder e outorgou uma Carta Política, que se impôs ao momento do país.[10: SERPA, José Hermílio Ribeiro, 2006, p. 32.]
V) quanto à estabilidade
a) imutáveis
	São vedadas quaisquer alterações, são reconhecidas como relíquias históricas. A imutabilidade pode ser relativa, quando se preveem as chamadas limitações temporais, ou seja, um prazo em que não se admitirá a atuação do legislador constituinte reformador. Foi o caso da constituição brasileira de 1824 que previa no artigo 174 que “passados quatro anos, se algum dos seus artigos merecer reforma, se fará proposição por escrito, com origem na Câmara dos Deputados”.
b) rígidas
	Constituições escritas que poderão ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais espécies normativas como a constituição brasileira, artigo 60.
c) flexíveis
	Em regra, não escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário.
d) semi-rígidas
	Algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por um processo legislativoespecial e mais dificultoso.
	A constituição brasileira pode ser considerada como super rígida, uma vez que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável, como o artigo 60, parágrafo 4, as cláusulas pétreas.[11: MORAES, Alexandre, p. 5.]
VI) quanto à extensão e finalidade
a) analíticas
	Examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado, como a brasileira de 1988.
	São as constituições abrangentes, pois abordam todos os aspectos da vida social minudentemente, ao ponto de se confundirem com as normas de direito ordinário. São extensas constituições, como a portuguesa de 1976 e a brasileira de 1988.[12: SERPA, José Hermílio Ribeiro, 2006, p. 33.]
b) sintéticas
	Preveem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentas, como a Norte Americana.
	Se limitam aos preceitos gerais em matérias não de Estado, deixando o detalhamento ao Direito Infraconstitucionall. Podendo-se citar a Americana de 1787.[13: Ibidem, p. 33.]
	Silva aponta que o legislador brasileiro rejeitou a constituição sintética, que é constituição negativa, porque construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade impedimento, oposta à autoridade, modelo de constituição que, as vezes, se chama de constituição garantia. Assumiu o novo texto a característica de constituição-dirigente, enquanto define fins e programa de ação futura, menos no sentimento socialista do que o de uma orientação social-democrática imperfeita.[14: 1992, p. 8. Apud MORAES, p. 6.]
	Canotilho aponta a dificuldade em se definirem os limites de uma constituição dirigente, sendo núcleo principal de estudo “o que deve (e pode) uma constituição ordenar aos órgãos legiferantes e o que deve (como e quando deve) fazer o legislador para cumprir, de forma regular, adequada e oportuna, as imposições constitucionais”, implantando os planos traçados pelo legislador constituinte originário, em interrelação com a realidade social.[15: CANOTILHO, J. J. Gomes. P. 257. Apud MORAES, p. 6.]
4. Constituição Federal de 1988
	É formal, escrita, legal, dogmática, promulgada, rígida e analítica.
5. Aplicabilidade das normas constitucionais
5.1 Normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada
a) Normas constitucionais de eficácia plena
	São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular, como os remédios constitucionais.[16: SILVA, José Afoonso. Aplicabilidade das Normas Constitucionais, 1982, p. 89-91. Apud MORAES, p. 7.]
b) Normas constitucionais de eficácia contida
	São as que o legislador regulou suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência, discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nela enunciados, como no art. 5, XIII “e livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.[17: MORAES, Alexandre, p. 7.]
c) Normas constitucionais de eficácia limitada
	Apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes devolva aplicabilidade, como o artigo 37, VII, CF, “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. Essa previsão condiciona o exercício do direito de greve, no serviço público, à regulamentação legal. Também, o art. 7, XI, CF, prevendo a participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa, conforme definido em lei.
5.2 Normas programáticas
	São de aplicação diferida, e não de aplicação ou execução imediata; mais do que comandos-regras, explicitam comandos-valores; conferem elasticidade ao ordenamento constitucional; têm como destinatário primacial – embora não único o legislador, a cuja opção fica a ponderação do tempo e dos meios em que vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as invoquem já (ou imediatamente após a entrada em vigor da Constituição), pedindo aos tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver quem afirme que os direitos que delas constam, máxime os direitos sociais, têm mais natureza de expectativas que de verdadeiros direitos subjetivos; aparecem, muitas vezes, acompanhadas de conceitos indeterminados ou parcialmente determinados.[18: MIRANDA, Jorge, p. 218. Apud MORAES, p. 9.]
	Portanto, o juízo de oportunidade e a avaliação da extensão do programa incumbe ao legislativo, no exercício de sua função legiferante e, como salientado por Tercio Sampaio Ferraz Jr., “a eficácia técnica, neste caso, é limitada. E a eficácia social depende da própria evolução das situações de fato. Daí resulta uma aplicabilidade dependente.[19: FERRAZ, Jr. Tércio Sampaio, p. 19. Apud MORAES, p. 9.]
	Maria Helena Diniz cita os artigos 21, IX e 170, dentre outros, da CF como normas programáticas, por não regulamentarem interesses ou direitos nelas consagrados, mas limitarem-se a traçar alguns preceitos a serem cumpridos pelo Poder Público, como “programas das respectivas atividades, pretendendo unicamente a consecução dos fins sociais pelo Estado.[20: DINIZ, Maria Helea, p. 104. Apud MORAES, p. 9.]
6. Preâmbulo
	Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
	O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como documento de intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado. É a tradição em nosso Direito Constitucional e nele deve constar os antecedentes e enquadramento histórico da Constituição, bem como suas justificativas e seus grandes objetivos e finalidades.[21: MORAES, Alexandre, p. 15.]
	Jorge Miranda aponta existência de preâmbulos em alguns dos mais importantes textos constitucionais estrangeiros: Estados Unidos, (1787), Suíça (1874), Alemanha de Weimar (1919), Espanha (1978), etc.[22: MIRANDA, Jorge, p. 297. Apud MORAES, p. 15.]
	O preâmbulo, mesmo não se constituindo em norma constitucional, não apresentando, portanto, valor jurídico autônomo, não é irrelevante sob o ponto de vista jurídico, já que é considerado como elemento de interpretação. Deve sintetizar as grandes finalidades da Constituição, a fim de ser fonte de interpretação e apontar rumos para a atividade política de governo.
	Por não ser lei constitucional, não poderá prevalecer sobre lei expressa constitucional, nem ser considerado para fins de declaração de inconstitucionalidade, mas, ao traçar diretrizes políticas e ideológicas da Constituição, será uma de suas linhas mestras interpretativas.

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