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A TEORIA FUNCIONALISTA NA ABORDAGEM COMUNICATIVA DO ENSINO DE LÍNGUAS

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A TEORIA FUNCIONALISTA NA ABORDAGEM COMUNICATIVA DO ENSINO DE LÍNGUAS
Centro Universitário UniSEB Interativo
Pós-graduação em Linguística e Ensino de Línguas
Ícaro Luís Fracarolli Vila
Polo de Ribeirão Preto, SP.
Orientador: Prof. Ms. Érika Michela Carlos
RESUMO
Teoria funcionalista e abordagem comunicativa: duas teorias, um só objeto – a língua em uso. Por tal motivo, a teoria funcionalista uma forte influência na abordagem comunicativa, sendo muito claro quando analisamos os princípios didático-metodológicos. E neste artigo é discutido o que há de funcional na abordagem. Ainda, ambos têm a concepção de língua como fato social com função social definida, ou seja, ser ferramenta necessária do ato de comunicação. E é a língua usada que deve ser estudada e ensinada.
Palavras-chave: abordagem comunicativa; ensino de línguas estrangeiras; gramática funcionalista.
INTRODUÇÃO
A todo o momento, o ser humano está falando, gesticulando ou escrevendo. E para qual objetivo os fazemos? A resposta para essa pergunta é bem simples: para nos comunicarmos. A capacidade de comunicação é nata ao ser humano. Mas o que a difere dos animais? Nós utilizamos a língua para comunicar, ao passo que os animais possuem uma linguagem que lhes é própria.
A língua é, para SAUSSURE (1971: 15), “é um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias nos indivíduos”. Ainda, segundo o autor, ela é um “sistema de signos”, ou seja, conjunto de unidades que se inter-relacionam com certa organização, dentro de um todo. 
Para os professores de línguas, a língua é o seu objetivo de ensino. E para ensinar, técnicas e métodos são muito necessários. Eles acompanham, sobretudo, o seu tempo e espaço. 
A partir de 1945, a sociedade sofreu profundas modificações. A Segunda Grande Guerra termina e começa uma hegemonia que permanece até os nossos dias atuais. Os Estados Unidos da América passam a ser o país controlador dos demais, devido a sua potência econômica e influência política. Por conseguinte, sua cultura e seu modo de vida também são difundidos. Quando a cultura de um país se espalha, a sua língua acompanha. Toda cultura tem como elemento constituinte a língua pátria. Assim, a língua inglesa passou a ser mais usada, devido à nova situação norte-americana no contexto mundial. 
	Por tal motivo, há um interesse maior nas práticas pedagógicas, bem como nos métodos de ensino de línguas estrangeiras sofreu profunda mudança. Os linguistas buscaram novas formas mais eficazes de se consolidar o ensino e aprendizagem delas. Passamos por vários métodos, como o gramática-tradução, direto, ensino situacional e o método audiolingual, todos considerados tradicionais. No final da década de 1960, o método situacional era o mais utilizado. 
Todavia, linguistas britânicos e grande parte do Conselho Europeu para as Línguas (Council of Europe) não mediram esforços em busca de método mais moderno e funcional. O resultado foi tão bom que chegaram a uma abordagem, denominada abordagem comunicativa (RICHARD & RODGERS, 1999: 153).
	A abordagem, como nos afirma Almeida Filho (1998: 16), é mais ampla que o método, por ser um conjunto de pressupostos explicitados, níveis estabilizados ou mesmo crenças intuitivas quanto à natureza da linguagem humana (...), ao passo que o método é uma série de procedimentos, não tão global quanto a abordagem.
	A abordagem comunicativa tem a intenção de capacitar o aluno a se comunicar por meio de atividades reais de comunicação, envolvendo-o em atividades com a utilização da língua em uso, levando em consideração os objetivos do aprendiz. Nela, se trabalham as quatro habilidades (leitura, escrita, audição e fala) e a face léxico-gramatical da língua. Utilizam-se materiais autênticos, com um único objetivo: tornar o aluno apto a se comunicar na língua aprendida. 
Além disso, tal abordagem considera a funções semântica e social da língua em situações reais de interação e desenvolve um melhor capacidade de criação de novos enunciados, se compararmos aos outros métodos sucessores. O aprendiz deve, ainda, saber adequar o seu discurso ao contexto de comunicação para tingir seus objetivos.
	A comunicação em língua estrangeira é atingida somente com a cristalização da competência comunicativa. Sabemos que a comunicação é a capacidade do falante em produzir enunciados significativos e que cumpra um papel social, que é de interagir com outro falante. É uma forma de interação social, imprevisível em alto grau e ocorre em um contexto. Um falante tem de ser competente. 
Brown (2001: 243) define competência comunicativa como sendo “o aspecto da nossa competência que nos capacita a exprimir e interpretar mensagens e negociar sentidos interpessoalmente dentro de contextos específicos.”
	A competência comunicativa envolve outras quatro subcompetências, a definir: 
Competência gramatical: conhecimento das regras gramaticais necessárias para a produção de enunciados;
Competência sociolinguística: compreensão da diferença de significado literal de uma elocução e a intenção do falante;
Competência discursiva: capacidade de organizar a fala em discurso;
Competência estratégica: capacidade de usar estratégias linguísticas e extra-linguísticas para compensar falhas de comunicação.citar fonte.
(BROWN, 2001: 244)
A competência comunicativa engloba tantos conhecimentos formais, quanto de uso. O uso é mais enfatizado, uma vez que se procura expor o aluno em situações reais de comunicação e uso da língua, sendo assim, uma ferramenta para auxiliar o desempenho dele.
	Paralelamente, os estudos linguísticos também se desenvolveram. Com a Escola Linguística de Praga na década de 1930, uma nova vertente foi iniciada – o Funcionalismo – por linguistas como Roman Jakobson. Essa vertente busca pesquisar a língua em contextos reais de comunicação, reconhecendo-a como instrumento de interação verbal. O seu estudo necessita do apoio de outras três áreas, a Sintaxe (estudo dos sintagmas), a Semântica (estudo dos sentidos) e a Pragmática (estudo da relação língua e usuário). (VILA, 2009: 25)
	Os estudos funcionalistas tomam fôlego com Halliday, responsável por novas funções da linguagem – instrumental, reguladora, interpessoal, heurística, imaginativa e representativa –, e com Simon Dik, responsável pelas quatro camadas da língua. Ambos estudam a língua em seu contexto de realização, em uso, tal qual acontece. 
	Assim, uma pesquisa em ensino e aprendizagem de línguas com bases funcionalistas será necessária para ser um suporte para os professores que utilizam essa abordagem terem mais conhecimento teórico sobre ela, melhorando e diversificando sua prática de ensino de línguas estrangeiras.
Em virtude do que foi exposto anteriormente, nota-se uma semelhança entre abordagem comunicativa e funcionalismo linguístico. Mas, quais são os pontos realmente semelhantes? Há discrepâncias também? Será que se pode afirmar que a abordagem comunicativa foi construída com base no funcionalismo?
Pela pré-pesquisa realizada em 2010 em um instituto de línguas estrangeiras e pelo que se vê em sala de aula, a abordagem comunicativa contém elementos puramente funcionalistas. Tal fato seria uma possível comprovação do uso da teoria linguística para a elaboração dos pressupostos teóricos da abordagem em questão.
Para obtenção dos resultados, foi realizada uma vasta pesquisa bibliográfica do objeto de estudo – abordagem comunicativa e funcionalismo – para então realizar uma triangulação dos dados e obter os resultados, divulgados por meio deste artigo científico.
1. A ABORDAGEM COMUNICATIVA NO ENSINO DE LÍNGUAS
Agora, iremos apresentar ao leitor um breve panorama geral das duas teorias discutidas aqui, a Abordagem Comunicativa e a Teoria Funcionalista. Começaremos por conceitos introdutórios, passando pela visão de língua, abordagem, papel do professor e do aluno, curso e atividades. Após isso, apresentaremos os panoramas gerais do Funcionalismo.
 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
Como havíamos dito anteriormente, a línguaé o objeto de ensino do professor. Mas qual seria o motivo para ensiná-la? A resposta é bem simples: para se comunicar. A espécie humana a utiliza como meio possibilitar de contato comunicativo. Daí questiona-se: o que seria a comunicação?
Para o Dicionário Longman Contemporary English (2007), é “o processo pelo qual as pessoas trocam informações ou expressam seus sentimentos ou pensamentos”. Já o Houaiss de língua portuguesa, nos apresenta “ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como resposta”. Este considera os dois lados – emissor e receptor.[2: Tradução livre do autor.]
O linguista Roman Jakobson (1964) definiu seis fatores necessários para a concretização do processo de comunicação, as chamadas funções da linguagem. São elas: emotiva (centrada do remetente), conativa (destinatário), referencial (contexto), poética (mensagem), fática (canal) e metalinguística (código). A mensagem é produzida por um remetente, que a transmite através de um canal, para um destinatário/ receptor, sobre um determinado contexto utilizando determinado código (a língua).
Com a crescente preocupação com os estudos da comunicação na Linguística, a aprendizagem de línguas estrangeiras também sofreu transformações e acompanhou a sua mestra. Com um contexto social em profunda transformação, afinal vivemos a terceira revolução industrial, a qual se denomina por revolução tecnológica, o ensino de L2 também se modificou.
Na década de 1960, percebeu-se na Europa uma ampla transformação no mundo dos negócios e, por conseguinte, no mercado de estudos. A comunicação rápida passou a ser um objetivo, visto a velocidade de tais mudanças. Assim, surgiu a necessidade de uma nova forma de ensinar, cujo enfoque fosse os objetivos do aluno e que fosse hábil para acompanhar o novo cenário que então se desenhava. Isso foi impulsionado não só os estudos pedagógicos, visando uma educação mais humana, mas também os psicológicos. Em meio a esse contexto, eis que surge a abordagem comunicativa.
ALMEIDA FILHO (1998: 13) define abordagem como sendo “uma filosofia de trabalho, um conjunto de pressupostos explicitados, níveis estabilizados ou mesmo crenças intuitivas quanto à natureza da linguagem humana, de uma língua estrangeira (...)”. 
Temos a possibilidade de um ensino mais global, com mais possibilidades quanto às atividades, fazendo com o que o ensino seja mais significativo para o aluno. O enfoque é a língua, o seu uso em contexto para fins de expressão. 
WILKINS apud RICHARD & RODGERS, 1999, p. 154, foi líder de um movimento em 1971 que planejou um curso de línguas com unidades inter-relacionadas e temáticas. Tinha-se aí uma visão funcional do ensino e serviu como base para outros cursos posteriores. Segundo o autor, há duas categorias de aprendizagem: (1) nocionais – tempo, espaço, frequência – e (2) função comunicativa – tais como recusar, pedir, oferecer e apresentar-se.
Segundo VILA (2009: 57), tais definições foram de grande valia para se trilhar novos caminhos no ensino de línguas, levando o Council of Europe a incorporar a semântica e pragmática ao ensino, ao passo que o método anterior (o audiolingual) focava apenas o ensino de caráter morfossintático. Isso fez com que pouco tempo a abordagem comunicativa fosse para a sala de aula, permanecendo até os dias atuais como a principal maneira de se ensinar.
A sua grande importância está ao considerar dois aspectos da linguagem, (1) O caráter funcional, ou seja, para que eu utilizo determinada estrutura, ou ainda, qual a finalidade de um ato de comunicação. (2) O caráter estrutural, o que significa considerar a estrutura correta, a colocação dos elementos na frase, a questão morfossintática dos elementos constituintes. É com base nesses aspectos que a abordagem se firmou como sendo aquela maneira mais eficaz de se ensinar língua estrangeira. Citar fonte
1.2 AS FASES DA ABORDAGEM COMUNICATIVA
	Acreditamos ser importante pontuar ao leitor as fases da abordagem comunicativa, tal qual a concebeu Richards em artigo de 2009.
	Para ele, a primeira etapa datada da década de 1970 é denominada como sendo a tradicional. Ainda bastante ligada aos métodos audiolingual, tradicional e direto. O professor ainda adotava uma prática bastante controladora, utilizando técnicas de memorização, práticas intensas de perguntas e respostas, drills e gramática ensinada de maneira dedutiva. Utilizava-se o PPP – Presentation, practice e production (apresentação, prática e produção) como sequência didática.
	No seu segundo momento, a clássica abordagem comunicativa trouxe algumas melhorias, como a busca pela produção de um bom texto e uma nova abordagem À gramática. Todavia, ainda pontos importantes como produção oral e compreensão oral não eram totalmente enfatizados.
	Com os estudos de Chomsky, a abordagem comunicativa conseguiu na década 1980 o que lhe faltava: inserir a competência comunicativa. Apesar de ele ter estudado apenas o conceito de competência, a abordagem assimila o conceito de competência comunicativa, como vimos anteriormente. O ensino passou a ser significativo. O lema era ensinar de acordo com as reais necessidades dele. Ressaltavam-se os seguintes pontos na confecção de matérias: objetivos dos alunos, contexto, atividades de interação, a língua em uso, elementos nocionais, habilidades retóricas e discursivas, a variação linguística, o conteúdo gramatical e lexical. Também se deu importância ao currículo, até então não muito elaborado.
	Na atualidade, utilizamos a sequência ESA (engage, study and activate), que segundo HARMER (1999: 57) é a mais utilizada. Para o autor, os alunos “aprendem melhor quando engajados” e assim produzirão e assimilarão mais. Há uma busca da formação de um aluno auto-suficiente, capaz de se reciclar e buscar novos conhecimentos. O mestre é apenas um facilitador, como veremos adiante.
1.3 ABORDAGEM E FORMA
Fazer texto introdutório ao próximo item
1.3.1 Teoria de Linguagem
A abordagem comunicativa tem como preceito ensinar língua estrangeira para a comunicação. É promover no aluno a sua competência comunicativa, a partir da concepção de Chomsky, que futuramente iria se desdobrar na competência comunicativa. (HYMES apud RICHARD & RODGERS, 1999:160).
 Noam Chomsky, linguista norte-americano, foi o criador da teoria Gerativa, além de definir competência e desempenho linguístico. A primeira é o “conjunto de regras que o falante construiu em sua mente pela aplicação de sua capacidade inata para a aquisição de linguagem aos dados linguísticos que ouviu durante a infância” (FIORIN, 2006: 15). Já desempenho está relacionado aos elementos extra-linguísticos, tais como atitudes, convenções sociais e fatores emocionais. Para um bom desempenho, é necessário ser competente. Além disso, ele ainda atribuiu três características à competência comunicativa: capacidade de entendimento, de compreensão e de parafrasear enunciados (FIORIN, 2006: 16). Assim, um sujeito só se torna competente em determinada língua quando consegue realizar esses três atos.
É importante ressaltarmos o que Savignon (1982) apud Richards and Rodgers (1999) definiu como sete funções básicas para a aquisição de língua materna. Essas funções são utilizadas com o mesmo valor para o ensino de língua estrangeira. São elas: 
(1) A função instrumental: usar a língua para conseguir coisas;
(2) A função reguladora: usar a língua para controlar o comportamento dos outros;
(3) A função interacional: usar a linguagem para interagir com os outros;
(4) A função interpessoal: usar a língua para expressar sentimentos pessoais;
(5) A função heurística: usar a língua para descobrir e aprender;
(6) A função imaginativa: usar a língua para criar um mundo de imaginação e
(7) A função representacional: usar a língua para a informação.
Canale & Swain (1980: 28) também deram a sua contribuição para a formação e consolidação da abordagem comunicativa. Eles defiram as quatro dimensões da competência comunicativa. Essas dimensões se integram, formando uma AbordagemIntegradora, utilizando elementos corriqueiros da língua. Para os autores, a primeira dimensão é a Competência Gramatical, definida por Chomsky como competência comunicativa. Essa diz a respeito sobre a capacidade de reconhecimento de regras gramáticas internalizadas ou não, necessárias para o criar linguístico. 
A segunda é Sociodiscursiva, que diz a respeito do reconhecimento do contexto social, adequando-se à situação de comunicação, incluindo o relacionamento interpessoal. Em terceiro lugar, se tem a Competência Discursiva, capacidade do falante de interpretar as informações recebidas e formular novos discursos. E por fim, a Competência Estratégica, estratégias de comunicação utilizadas para produção discursiva. 
Por fim, Richard & Rodgers (1999: 160) sintetizam a base teórica da abordagem comunicativa:
(1) Língua é um sistema para expressão de significados;
(2) A função primária da linguagem é interação e comunicação;
(3) A estrutura da língua é o reflexo do seu uso e 
(4) As unidades primárias da língua não são meros tópicos gramaticais, mas categorias funcionais e significância dentro do discurso.
1.3.2 Teoria de aprendizagem
	Apesar de muito se escrever e pesquisar sobre a Abordagem Comunicativa, pouco se tem feito no que tange à teoria de aprendizagem. Segundo Brumfit apud Richards & Rodgers (1999: 161), isso se deve à maneira natural, próxima à realidade do aluno de se ensinar. A aula em abordagem comunicativa é uma extensão da realidade à sala de aula. “ Língua que seja significativa para o aluno já é o bastante para suportar o processo de aprendizagem” (op. Cit., p. 161). Ainda complementam, “as atividades são selecionadas de acordo como são utilizadas no mundo real, aproximando-se dele o máximo possível”. 
1.3.3. Objetivos gerais da abordagem comunicativa
	Segundo Piepho apud Richards & Rodgers (1999, p.162), a abordagem comunicativa tem como objetivos principais:
(1) Usar a língua como forma de expressão;
(2) Enxergar a língua como forma de sistema semiótico;
(3) Língua como significado de valores e julgamentos sobre o próprio sujeito e sobre os outros;
(4) A língua como forma de suprir as necessidades do aluno;
(5) A língua além da escola, no contexto social. 
(Op. Cit.: 162)
Pode-se aplicá-los em qualquer situação de aprendizagem. Todavia, por se tratar de uma abordagem, é possibilitado ao professor pode utilizá-los para definir outros mais particulares para cursos específicos, tais como cursos para negócios e medicina.
1.3.4 O plano de curso
	O planejamento é uma ação que nos acompanha por toda a vida. A todo o momento estamos planejando o que fazer no dia seguinte, as férias tão esperadas ou as festas de final de ano. Na educação, ele acontece em três níveis, segundo Luckesi (1997: 35-37), teórico da aprendizagem brasileiro:
	- plano educacional: também chamado de projeto político pedagógico, é aquele global, feito pela escola, a fim de estabelecer metas e alvos para transformar o contexto escolar.
	- plano de curso: também conhecido como plano de trabalho, ele apresenta a ação docente, planejada de acordo com as necessidades dos alunos. Ainda, traz a os conteúdos a serem estudados no semestre ou no ano. Realizado uma vez por ano.
	- plano de aula: é aquele preparado pelo professor para ser utilizado, discriminando as ações para uma aula. Deve ser feito aula a aula.
	Retomando o nosso tema central, os métodos anteriores, como o audiolingual, tinham seus planos curriculares voltados para aspectos gramaticais e funções trabalhadas isoladamente. 
Como ressalva Richards & Rodgers (1999: 165), a introdução do Marco Comum Europeu levou a um novo currículo, voltado para funções comunicativas. Assim, os currículos passaram a ser organizados objetivamente de acordo com assuntos (trabalho, alimento, mídia, por exemplo) e funções a eles relacionados (perguntas de uma entrevista de trabalho, recusar, aceitar, perguntar sobre favoritos). 
	Novos modelos têm sido discutidos. Repensar o local da estrutura linguística [necessária para a competência comunicativa] e novas atividades mais produtivas e objetivos [a nosso ver conseguidas a partir da continuidade da pesquisa em sala de aula]. Há uma corrente mais radical que defende o fim do plano, afirmando que o professor deve fazê-lo de acordo com os objetivos específicos do aluno.[3: O tema da personalização nos parece bastante controverso. Caso tenhamos uma sala com um aluno, aí a personalização é totalmente viável. Todavia, como fazê-la quando há 10 ou 15 alunos? Ou então em escolas públicas, em que o número salta para 40 ou 50? Realmente, merece uma atenção maior dos estudiosos de linguística aplicada, bem como os professores.]
1.3.5 Tipos de atividades
	Como definir atividades de ensino em uma abordagem? Como vimos, ela se caracteriza pela sua globalidade de competências e isso a faz permitir um número ilimitado de atividades de ensino. Cabe ao professor adaptá-las ao método didático e ao contexto da cada turma.
	Para Richards & Rodgers (1999: 165), tais exercícios devem levar ao cumprimento dos objetivos traçados no plano de curso, além de requisitar interação entre os alunos, requisitando o uso das estruturas comunicativas ensinadas na lição. “As atividades em sala são frequentemente planejadas para focar em tarefas completas que são mediadas pela língua ou envolvem negociação de informação ou ainda divisão de informação.” (p. 165) (tradução nossa).
Littlewood apud Richards & Rodgers (1999: 166) distingue dois tipos de atividades. Em primeiro lugar, estão as atividades funcionais, que são aquelas em que alunos compram figuras, descobrem o que está faltando em um mapa, ou ainda trabalham com figuras para formar uma narração. Por outro lado, as atividades de interação social são aquelas em que se incluem exercícios de conversação, teatros, simulação, improvisação e debato, assimilando-se mais à realidade.
1.3.6 Os papeis do professor e do aluno
Tradicionalmente, conhecemos o papel clássico de cada um desses atores escolares. Paulo Freire (1982: 28) definiu-os dentro do conceito de Educação Bancária. O que mais tem acontecido é o tipo clássico de professor que deposita seus conhecimentos nas suas contas, representadas pelos seus alunos. E estes recebem pacificamente, sem questionar apenas cumprindo ordens.
De fato, em uma aula de línguas estrangeiras cuja abordagem seja a comunicativa, esse quadro não é nada visível. A aula assume uma dimensão bem superior àquela clássica, conhecida por todos nós. O professor busca atividades bem dinâmicas e para isso ele também deve possuir essa característica. Segundo Breen & Candlin apud Richard & Rodgers (1999: 167), o professor possui duas características principais: (1) facilitar a processo de comunicação entre todos os participantes da aula, entre esses participantes e entre eles e os textos e atividades e (2) agir de uma maneira independente do grupo, como alguém que não faz parte dele. Em suma, ele é um facilitador do processo de ensino e aprendizagem.
Além disso, outras posturas são assumidas pelos professores. Durante a aula, há momento que ele deve ser uma analista das necessidades de seus alunos, um modelo de eficiência do método e também um modelo de falante da língua estrangeira e também gerenciador do grupo. É ele quem dita as normas, quem divide os pares e quem continua as atividades. 
Brown (2001: 53 ) ressalta ainda o papel do aluno. Na abordagem comunicativa, ele não é passivo, mero recebedor de conhecimento, no âmbito da educação bancária. Ele é um sujeito ativo, que tem interesses que estuda a língua por um motivo e que está em busca de um aprimoramento constante. Willing apud Harmer (2007: 57) realizou uma pesquisa na Austrália, seu país de origem, e definiu alguns tipos de alunos, os quais trazemos a seguir. 
Segundo a autora, o aluno independente é aquele que é muito analítico, solitário e não gosta muito de atividades em grupos. Já os conformistas preferem os professores bem organizados e são ótimos alunos de estrutura,ótimos para decorar conteúdos. O apego pela prática e o desejo de comunicar-se são as características dos alunos chamados concretistas, que receberam essa denominação justamente pelo fato de gostarem de praticar e de aprender a língua em uso, necessitando de atividades lúdicas para aprender. E por fim, aqueles que se interessam pela interação social como outros falantes são denominados comunicativos, são mais suscetíveis à abstração e aprendem com bastante facilidade. Estes são considerados o modelo de aluno que mais se insere no contexto da abordagem comunicativa, no entanto, enquadram-se na categoria de aprendiz “ideal” e, portanto, não podem ser tidos como padrão. 
Em linhas gerais, podemos dizer que tanto aluno quanto professor estão bastante engajados no ensino e aprendizagem da língua estrangeira e que não são seres passivos, mas sim sujeitos que buscam aprimoramento constante e construtores do seu conhecimento.
1.3.7 Métodos e técnicas
Como temos percebido, a abordagem comunicativa é bastante dinâmica. Diante do exposto, os primeiros materiais foram agrupados em unidades temáticas, como uma estratégia para a contextualização. Ela é de grande importância, pois trás o aluno da realidade para a sala de aula e o auxilia a aplicar o aprendido a sua vida.
Várias técnicas são usadas, com jogos, role plays, simulações, task-based activites, cartões de interação em grupo ou em duplas, entre outros. O cotidiano é levado para a sala de aula. Assim, o uso de materiais autênticos, como uma maneira de praticar. [4: Entende-se por materiais autênticos aqueles que não são produzidos para fins de ensino. São eles: o jornal, a revista, propagandas, panfletos, o site do jornal, vídeos do You Tube, microtextos do Twitter ou até um programa de televisão. Eles possuem uma função social bem definida, mas são utilizados para também ensinar línguas estrangeiras. ]
Segundo Richards & Rodgers (1999: 168), uma aula típica consiste por um tema geral, um objetivo comunicativo (como comprar comida, solicitando informações) e atividades que levam ao cumprimento do objetivo. É bastante utilizada a sequência de ESA, vista anteriormente. É também frequente o uso de role-plays, que são mini-teatros que possibilitam os alunos a passarem por situações similares ao cotidiano, tal como simular a compra de comida em um fast-food, por exemplo. Brown (2001: 143) considera role-play uma atividade linguística que inclui atribuir um papel a um ou mais membros de um pequeno grupo (de 2 a 4) e dar um objetivo ou propósito a ser atingido. Citar as fontes corretamente
Por fim, Littlewood apud Richards & Rodgers (1999: 169) propõe um modelo global de ensino, possível de ser aplicado em qualquer nível. Segundo ele, há duas etapas na aula. A primeira é mais estrutural e objetiva inserir pontos gramaticais sem a árdua explicação dos métodos tradicionais. Na segunda, os focos são as dimensões funcional e sociointeracional, encorajando o aluno por meio de atividades dinâmicas a praticar o que foi estudado na primeira parte.
Vimos até aqui os princípios básicos da abordagem comunicativa, o seu histórico, funcionamento e teorias. Podemos concluir que esse modo de ensinar é aquele mais humanístico, ou seja, que mais se preocupa com o aluno, com seus objetivos. É por isso, que é a abordagem mais utilizada na atualidade.
Apesar do grande espaço conquistado, ainda são necessárias novas pesquisas em torno dela, a fim de que se possa, cada vez mais, tornar o ensino mais eficiente para o professor e mais benéfico para o aluno.
2 FUNDAMENTOS DA GRAMÁTICA FUNCIONALISTA
Primeiramente, gostaríamos de clarificar ao leitor que nesta seção de nosso trabalho, procuramos apresentar de uma maneira simplificada os conceitos da gramática funcionalista que mais são concomitantes com a ideia central, para depois apresentar a relação desta teoria com a abordagem comunicativa do ensino de línguas.
2.1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
Para melhor entendermos o conceito de funcionalismo ou gramática, retomaremos o pai da ciência da língua, Ferninand de Saussure, que fez parte da primeira corrente linguística, a Estruturalista. No momento da concepção da ciência, ele definiu como objetivo de estudo a língua ou langue, ou seja, a forma. Na verdade, ele definiu a langue e a parole, mas optou pelo estudo da langue, rever a obra e refazer comentário. Ela era vista de uma maneira sintática e tinha a função de expressar sentimentos. Afirma SAUSSURE (1971: 7) que a “a língua (...) é um todo por si e um princípio de classificação, (...) é algo adquirido e convencional”. O conceito de língua ainda é abstrato, homogêneo, previsível e social. Estava aí delimitada o objeto de estudo a ciência linguística. 
Todavia, outras correntes foram surgindo e dando novas formas e conceitos para a Linguística. Em Praga, linguistas se reuniram e formaram o Circulo Linguístico de Praga. Teóricos como Roman Jakobson, Nikolaj Trubetzkoy fizeram parte. Para tal grupo, a definição saussuriana para o objeto da Linguística não era o bastante. Não concordavam com a ênfase na forma e na estrutura sintática. Para eles, a língua era mais que simples expressão do pensamento. 
Perceberam, como afirma NEVES (2003, p.6 ), que ela tinha uma função social. Elegeram assim a parole ou a fala como objeto de estudo. Passou-se a se preocupar como a língua é utilizada para cumprir o seu papel social, da comunicação, seja na modalidade oral, seja na escrita. O foco então passa a ser o real, o concreto.
Nessa concepção, a língua se justifica como objeto de comunicação, processo que acontece num determinado contexto, ou referente, nos moldes de Jakobson de entender o processo. Elege-se aí a palavra chave da corrente funcionalista: uso. Só é suscetível de investigação a língua em uso, independente do tipo de contexto que ela ocorre (NEVES, 2003; PEZATTI, 2004).
Dik apud NEVES (2003: 76) afirma que 
[...] quando alguém adota um ponto de vista funcionalista no estudo de uma língua natural, a principal questão de interesse é a seguinte ‘Como os falantes e os destinatários são bem sucedidos comunicando-se uns com os outros por meio de expressões linguísticas’.
NEVES (2003: 17) afirma que é distinguido níveis sintáticos de organização da frase, “abrigando-se nesses níveis a semântica – uma gramática de casos – e a pragmática – uma gramática de comunicação, definida pela imagem do interlocutor”. 
É importante destacarmos que o cerne do Funcionalismo está na dupla articulação da linguagem, designadas por Martinet. Para ele, a primeira articulação em fonemas é interventora no plano da expressão e no plano do conteúdo, possibilitando um infinito número de enunciados. Em segundo lugar, a respeito do plano de expressão, a substituição de um segmento acarreta uma variação de sentido. De tal forma, dezenas de fonemas originam milhares de significantes diferentes. (GAMEIRO, 2010: 48).
Mas, o que é língua? Dik apud Neves (2003: 79) afirma que ela é um elemento de interação social entre seres humanos, com a finalidade de estabelecer relações de comunicação entre usuários e que acontece num contexto. A língua é adaptada ao contexto. Por exemplo, um presidente da república em um pronunciamento oficial não vai usar gírias ou cometer lapsos gramaticais ao falar para o seu povo. Mas, se estiver em família, por exemplo, outro nível de linguagem será usado, mais próximo do informal. A língua é como roupa: temos que adaptá-la para cada situação. As peças são as palavras, ou vocábulos para Matoso Câmara Jr, que combinamos para cada contexto. 
Segundo Halliday apud Neves (2003: 58), um dos pais do Funcionalismo, a teoria funcionalista se preocupa como a língua é utilizada no exato momento do ato de comunicação. Tudo dito ou escrito acontece em um contexto de uso. E é o uso o responsável por orientar o sistema linguístico. Assim podemos dizer que fugimos aí das gramáticas tradicionais. O que vai fazer a língua mudar é o seu uso e por isso o mais ideal seria uma gramática de usos da língua, analisando-a em todos os seusâmbitos.
Falando em âmbitos, entendemo-nos como sendo sintático, semântico e pragmático. Esses domínios são independentes no âmbito funcionalista. A partir disso, procura-se explicar as regularidades observadas pelo uso da língua. 
Por fim, temos que apresentar mais dois conceitos fundamentais, tema e rema. Ambos têm a ver com a situação de comunicação e estão no âmbito no funcionalismo de Halliday. Entende-se por tema como sendo o ponto de partido para a comunicação, pois aparece em primeiro lugar na oração. É a informação nova. Já o rema é a informação dada, ou seja, o restante da oração. É onde o tema é desenvolvido. 
Outro processo de suma importância para a gramática funcionalista é o processo de gramaticalização. Termo proposto por Meillet, quem o definiu. Isso ocorre quando uma palavra passa a ter caráter gramatical, sem antes tê-la sido. Exemplificando, temos o verbo ir. Antigamente, se dizia “irei às compras hoje à tarde”, por exemplo. Todavia, na contemporaneidade, se diz “vou às compras hoje à tarde”. Temos o verbo ir gramaticalizado, ou seja, ela mudou a sua função lexical e passou a ser usado como um indicativo de futuro, mais próximo e certeiro. (NEVES, 2003: 113-115).
O mesmo ocorre em outras línguas. Tomando a mesma frase como exemplo, em língua inglesa, teríamos “I’m going to go shopping this afternoon”, em lingual francesa “Je vais à faire des courses aujourd’hui après-midi”e em língua espanhola “Yo voy a hacer compras hoy por la tarde”. Analisando as quatro línguas, temos a mesma estrutura: verbo ir conjugado no presente do indicativo mais um verbo no infinitivo. Tal processo tem crescido e dado novos ares às línguas naturais.
Em Linguística, tudo é dicotomia. Acredito que não só nessa ciência, mas em todas. Assim, enquanto o pradigma formal vê a língua como um conjunto de sentenças, o funcional a vê como um instrumento de interação social cujo objetivo é a comunicação. O estudo lingüístico deve ser feito no interior do sistema de usos lingüísticos. A competência comunicativa é a habilidade crucial, ao passo que no formalismo apenas ser competente para produzir e julgar sentenças já é o bastante. GAMEIRO (2010: 51).
No paradigma formal, a língua é inata, ou seja, temos uma estrutura internalizada com pouco estímulo. Já no formalista, a criança vai descobrindo a cada input que recebe de maneira natural. GAMEIRO (2010: 51) ainda afirma sobre o funcionalismo, que a “Pragmática é a moldura dentro da qual a Semântica e a Sintaxe devem se estudadas. A Semântica é dependente da Pragmática, e as prioridades vão da Pragmática para a Sintaxe via Semântica”.
A seguir, apresentaremos agora as contribuições de Halliday e Dik para funcionalismo.
2.2 MODELO DE HALLIDAY
Halliday apud NEVES (2003: 62) nos diz que a língua é organizada com base em dois princípios. O primeiro deles seria o ideacional, ou reflexivo, ao passo que o segundo seria o interpessoal, ou ativo. Esses formam as metafunções de Halliday, que “são manifestações, no sistema linguístico, dos dois propósitos mais gerais que fundamentam todos os usos da linguagem: entender o ambiente e influir sobre os outros” 
O autor ainda afirma que uma gramática funcional é essencialmente natural, ao passo tudo nela pode ser explicado como referência a língua em uso. Ainda, constrói todas as unidades da língua – orações e expressões. (NEVES, 2003: 59)
Ele ainda nos fala da função ideacional, em que diferentes esferas nas quais atuam (i) participantes (nomes e pronomes pessoais), (ii) processos e relações (verbos e certas palavras gramaticais) e (iii) circunstantes (conjunções e advérbios). Citar fonte corretamente
Dessa forma, as redes sistêmicas produzem diversos significados, originando novas funções da linguagem, diferentes àquelas que já conhecemos. Elas não se excluem, mas se inter-relacionam. São três no modelo de Halliday:
(1) Função ideacional: é aquela que transitivamente exprime as experiências do mundo exterior e interior, dando ênfase ao que vai ser contado.
(2) Função interpessoal: é aquela que estabelece relações de modo entre membros da sociedade, nela o que importa é o modo que se fala, como se fala, determinando, por exemplo, através da entonação, se uma frase é interrogativa, declarativa, exclamativa e etc.
(3) Função textual: é aquela que organiza a situação dentro de um discurso; relação dentro e entre enunciados que codifica uma informação a ser transmitida 
(REIS, 2008: 12 )
Diante disso, Halliday concebe a língua sob dois propósitos: compreender o ambiente (função ideacional) e influir sobre os outros (função interpessoal), que através da função textual (tema e rema), conferem relevância a informação, como já havíamos explicitado.
A partir do contexto situacional, o falante seleciona o registro a ser utilizado em sua atuação linguística. Suas escolhas no ato comunicacional estão ligadas ao papel que assume na interação verbal. A escolha depende, portanto, da intenção do falante, da forma que ele considera adequada para emitir sua informação pragmática e de como ele deseja que o destinatário a receba e retorne a ele. (MODESTO, 2006, p.5)
	Como vemos, as escolhas do ato comunicacional estão intrinsecamente ligadas aos objetivos do falante. Caberá a ele adaptar tal ao contexto em que a conversação está inserida.
2.3 MODELO DE SIMON DIK
Já Simon Dik nos apresenta uma gama de conceitos. Inicialmente, o usuário é para ele um utilizador da língua em um nível muito mais elevado do que a simples função linguística, ou seja, ele é conhecedor nato das estruturas profundas da língua. A respeito disso, ele vai nos falar sobre a predicação, definidora de um estado de coisas. Segundo ele, cada nível de unidade linguística corresponde a diferente tipo de unidade, como no quadro a seguir:
	UNIDADE ESTRUTURAL
	TIPO DE ENTIDADE
	ORDEM
	VARIÁVEL
	CLÁUSULA
	Ato de fala
	4
	Ei, Ex, ...
	PROPOSIÇÃO
	Fato possível
	3
	Xi, Xx, ...
	PREDICAÇÃO
	Estado-de-coisas
	2
	ei, ex, ...
	TERMO
	Entidade
	1
	xi, xx, ...
	PREDICADO
	Propriedade/ relação
	
	fi, fx, ...
(in: NEVES, 2003, p.88)
Dik apud NEVES, 2003: 77) afirma que possuímos informação pragmática e que ela se divide em três: 
Geral: refere-se ao mundo, aos traços culturais e naturais.
Situacional: derivada da percepção e da experiência dos participantes da interação
Contextual: derivada das expressões linguísticas ocorrentes em qualquer ponto anterior ou posterior da interação verbal. 
Ainda há os elementos extrafrasais, que são componentes que não presentes materialmente nos textos, mas subjacem os enunciados. (NEVES, 2003, p.78)
O autor ainda nos propõe uma gramática funcional que dê conta da natureza da linguagem e que apresente adequação tipológica, pragmática e psicológica. Uma teoria adequada do ponto de vista tipológico fornece um sistema de regras suscetível de ser aplicado no estudo de quaisquer línguas naturais, dando conta também das características iguais ou contrárias das línguas. Assim que integrada, a gramática numa teoria pragmática da interação verbal, que é, por definição, global, pode-se dizer que essa gramática apresenta adequação pragmática. Nesse tocante, a gramática funcional apresenta as características que são mais pertinentes no uso de determinada língua (NEVES, 2003: 44).
Dik ainda propõe um modelo de interação verbal. Tal modelo explica de maneira bastante clara o papel da expressão linguística no modelo de interação verbal do falante. Temos uma construção em torno da expressão linguística, que serve como mediadora entre os falantes. VILA (2009: 106) afirma que há a intenção de um falante que deseja obter uma modificação na informação pragmática do outro, enquanto que o outro antecipa e reconstrói essa informação, reativando todo o modelo. 
Finalizando, podemos dizer que a teoria de Dik está concentrada com a concepção adequada da organização das línguas naturais, tendo como principal meta explicar a utilização da língua pelos falantes.
3. O FUNCIONALISMO NA ABORDAGEM COMUNICATIVAQuando buscamos relacionar as duas teorias, muitas possibilidades e ideias nos vêm à mente. O que tentaremos agora é fazer isso, de forma com que se consiga estabelecer a relação entre as teorias.
Primeiramente, temos que frisar o a medula espinhal de ambas as teorias, que se resume na palavra uso. A abordagem comunicativa tem seus princípios didático-metodológicos focados na língua em uso, como ela é falada e não como é escrita nas gramáticas. Já a gramática funcionalista busca investigar a língua na situação de comunicação, no contexto em que ocorre. 
Na concepção do Funcionalismo, a parole havia sido definida como objetivo de estudo. Na abordagem, acontece o mesmo. Prefere-se ensinar as habilidades orais e auditivas primeiramente, para então partir para o escrito. Tal resultado foi possível após a análise de vários métodos de nível básico, como CNA New Overture (Ana Maria Cristina Cudder, editora CNA), Four Corner (Jack Richards, editora Cambridge), Total English Elementary (Mark Foley, editora Pearson Education/ Longman).
De acordo com Neves (2003: 24-25), podemos dizer que uma abordagem funcionalista só tem sentindo de ser quando se elege a língua em seu contexto de uso como objeto de estudo. A abordagem segue esse preceito, ao ensinar ao aluno a língua no seu contexto e por meio de funções comunicativas. Não é ensinado o verbo to be, por exemplo, na sua pura vertente gramatical. A sua aprendizagem é natural, inconscientemente. Não está no cerne da abordagem explicar tradicionalmente o verbo, como o vemos em métodos de cunho tradicional. [5: Essa concepção foi utilizada do Natural Method, um método de ensino baseado nas teorias de Krashen para o estudo de línguas estrangeiras, que dizia que ao momento que é inserido um input linguístico no aluno, ele é capaz de absorvê-lo, sem precisar de explicações gramaticais. A abordagem, como dissemos, é ampla, abrangendo várias teorias. E assim, ela incorporou um pouco do Natural Approach. Citar fonte]
Daí, destacamos o papel importante do professor como instigador da aprendizagem. Ele é quem apresenta ao aluno o tópico novo a ser ensinada em aula sem se atrelar a explicações de cunho gramatical, apenas apoiando-se cunho funcional. Assim, um professor de inglês ensinará “Where are you from?” não objetivando “essa frase é composta de um pronome interrogativo, um verbo, um pronome e uma preposição”, mas sim, “vocês utilizam esta pergunta para questionar a procedência de uma pessoa desconhecida”. A língua é ensinada pela língua, quase não tendo uso da língua materna. Não acontece a sua proibição como em outros métodos, mas esta só é realmente utilizada quando muito necessário.
Para ambas as teorias, a língua é vista como um sistema com uma função social, que é a de ser uma ferramenta de expressão para os falantes de determinada língua. Aliás, a função primária desta é a comunicação e possibilita a interação social, denominada por Halliday de função interpessoal da linguagem.
Aliás, retomando o teórico, temos três funções atuantes no contexto de comunicação: a função ideacional, informações de mundo dos falantes; função interpessoal, abrangente não só da relação entre falantes, mas também dos fatores extra-linguísticos; função textual organização em discurso. Ou ainda, retomando Richards & Rodgers (1999: 153), “a função primária da linguagem é interação e comunicação”.
Podemos afirmar ainda que os trabalhos de Littlewood, importante nome à abordagem comunicativa, baseou seus trabalhos nos de Dik, principalmente quando falamos do seguinte esquema, apresentado por Neves (2003: 19) exemplifica bem o modelo de Dik: 
Figura 1 Modelo de comunicação na perspectiva funcionalista de Simon Dik
Podemos notar a semelhança por Litllewood apud Ricards & Rodgers (1999: 160) afirma que todo falante tem uma informação que lhe é subjacente e engloba seu conhecimento de mundo [informação pragmática]. Além disso, afirma que toda fala é intencional, ou seja, acontece para cumprir algum papel social e ocorre por meio da expressão linguística [língua]. E cabe ao falante interpretar a informação recebida e construir uma nova sob a recebida e assim consequentemente. 
Vemos ainda, mais uma semelhança entre as duas teorias quando refletimos sobre a teoria de linguagem e de aquisição. Para ambas, a linguagem é adquirida por meio de um sistema que subjaz à língua e é ajudado pelos inputs recebidos em contextos reais de comunicação. Assim, um professor procura inserir o aluno num contexto, trazendo a realidade para a aula, aproximando mais ainda do mundo do aluno. Além disso, é uma forma de personalizar o ensino, adaptando a teoria do livro didático para o cotidiano. Por exemplo, ao trabalhar o assunto frutas e verduras, o professor pode procurar trazer aquelas que são relevantes para a região em que está inserido, fazendo da aprendizagem mais significativa e aumentando a possibilidade de alcançar sucesso.
Por fim, ambas elegem a competência comunicativa como característica necessária para haver interação social. O domínio da língua e de suas quatro competências (linguística, sociolinguística, sociocultural e discursiva) são fatores cruciais para a determinação do grau de conhecimento. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo que expusemos neste trabalho, várias foram as vertentes da teoria funcionalista para a abordagem comunicativa, justificando a forte influência da teoria para a abordagem. Vimos que a principal semelhança está no vocábulo uso. A abordagem visa ensinar a língua em uso, que é objeto de pesquisa do funcionalismo.
Além disso, ambos vêm a língua como um fato social, com uma função social explícita de servir de ferramenta para a comunicação. Também tem a mesma visão quanto à aquisição de linguagem, a qual é por meio de inputs que tem categorias funcionais bem definidas. 
Assim, temos um professor que é um norteador para o seu aluno, o qual deve ser ativo no processo de ensino e aprendizagem. O aluno precisa ter um domínio global da língua, sendo competente comunicativamente e apto a desenvolver as quatro habilidades de maneira integrada.
Certamente, uma pesquisa deste âmbito e finalidade pode ser usada por docentes para que melhor utilizem a abordagem comunicativa e ampliem seu conhecimento da teoria que contribuiu para a abordagem. Com professores bem formados, conseguiremos ter um ensino mais eficaz e mais voltado para as reais necessidades do aluno, avançando ainda na concepção da abordagem com novas técnicas e estratégias de ensino. E claro, com os avanços também da linguística, o ensino de língua, por conseguinte, também terá progresso. 
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