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ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA UM ESTUDO SOBRE A JURUBEBA: Solanum paniculatum ACADÊMICOS: LETÍCIA NASCIMENTO DA ROSA; LUANA LOPES DORNELLES; REVIANN ROSA CRISTINO PROFESSORA: ADRIANA MARIA ZAGO Santa Maria – RS 2016 2 LETÍCIA NASCIMENTO DA ROSA; LUANA LOPES DORNELLES; REVIANN ROSA CRISTINO UM ESTUDO SOBRE A JURUBEBA: Solanum paniculatum Trabalho de pesquisa apresentado à disciplina de Farmacognosia, do curso de Farmácia, do Centro Universitário Franciscano como requisito parcial para aprovação. Professora: Adriana Maria Zago, Mestre em Ciência e Tecnologia Farmacêutica. Santa Maria – RS 2016 3 Sumário 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 5 1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................................. 6 1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 6 1.1.2 Objetivos específicos......................................................................................................... 6 2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 6 2.1 PROCESSOS EXTRATIVOS .................................................................................................10 2.1.2 Extrações ...........................................................................................................................10 3 METODOLOGIA .........................................................................................................................11 3.1 COLETA DO MATERIAL ........................................................................................................11 3.2 PROCESSO EXTRATIVO DE SÓLIDO-LÍQUIDO ...............................................................11 3.2.1 Etapas do processo extrativo de sólido-líquido..............................................................11 3.3 PESQUISA DE HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS ........................................................11 3.3.1 Extração .............................................................................................................................11 3.3.2 Reações de identificação .................................................................................................11 3.3.2.1 Núcleo esteroidal ...........................................................................................................11 3.3.2.2 Reação de Liebermann-Buchard: ................................................................................12 3.3.2.3 Reação de Baljet ...........................................................................................................12 3.4 PESQUISA DE SAPONINAS .................................................................................................12 3.4.1 Extração .............................................................................................................................12 3.4.2 Determinação do índice de espuma ...............................................................................12 3.5 HETEROSÍDEOS FLAVONOÍDICOS ....................................................................................13 3.5.1 Extração .............................................................................................................................13 3.5.2 Reação com hidróxidos alcalinos ....................................................................................13 3.6 TANINOS ..................................................................................................................................13 3.6.1 Extração .............................................................................................................................13 3.6.2 Reação com sais de ferro ................................................................................................13 3.6.3 Reação com acetato de chumbo .....................................................................................13 3.6.4 Reação com gelatina ........................................................................................................14 3.7 ALCALÓIDES ...........................................................................................................................14 3.7.1 Extração .............................................................................................................................14 3.7.2 Ensaio preliminar ..................................................................................................................14 3.7.2.1 Reativo de Dragendorff .................................................................................................14 3.7.2.2 Reativo de Meyer...........................................................................................................14 4 3.7.2.3 Reativo de Bertrand.......................................................................................................14 3.7.2.4 Reativo de Bourchardart ...............................................................................................14 3.7.3 Cromatografia em camada delgada ....................................................................................14 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................15 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................16 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................18 5 1 INTRODUÇÃO Sabe-se da intensa utilização popular de plantas, desde os primórdios até a atualidade, como uma alternativa no tratamento de diversas enfermidades. O uso de plantas medicinais requer atenção e cuidado, pois, geralmente as pessoas conhecem e coletam as espécies levando em consideração o seu nome comum ou popular, sendo assim é necessária a identificação botânica correta para evitar um possível equívoco. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que aproximadamente 80 por cento da população mundial já fez o uso de erva para sintomas desagradáveis, e que apenas 30 por cento desse valor tenha vindo de alguma indicação medica além de 25 por cento dos medicamentos prescritos mundialmente serem de origem vegetal. Identificar botanicamente uma espécie significa definir seu nome científico, o qual é único e universal. Escrito em latim ou em palavras latinizadas, o nome científico é sempre um binômio: a primeira palavra refere-se ao nome genérico e a segunda, ao nome específico ou epíteto específico. Já o nome popular das plantas varia entre regiões e diferentes culturas. Algumas plantas medicinais (diferentes espécies) possuem o mesmo nome popular, enquanto, às vezes, uma única espécie possui vários nomes populares. Assim, antes de utilizar uma planta medicinal é importante ter a certeza da espécie correta e informações relacionadas, como, indicação de uso, contraindicações, riscos, etc. No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas com pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas, propagadas por usuários ou comerciantes. Muitas vezes essas plantas são, inclusive, empregadas para fins medicinais diferentes daquelesutilizados pelos silvícolas (VEIGA JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). As pesquisas realizadas para avaliação do uso seguro de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda são incipientes, assim como o controle da comercialização pelos órgãos oficiais em feiras livres, mercados públicos ou lojas de produtos naturais (VEIGA JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). A avaliação do potencial terapêutico de plantas medicinais e de alguns dos constituintes, tais como, flavonóides, alcaloides, triterpenos, sesquiterpenos, taninos e lignanas, tem sido objeto de incessantes estudos (HAVSTEEN, 1983). A identificação botânica de uma espécie requer o conhecimento de características 6 morfológicas externas e internas das espécies constituindo-se em um trabalho minucioso. Em estudos realizados pela Agra et al. (2008) foi demonstrado que o uso da medicina tradicional em todas as partes do mundo tem crescente importância econômica, principalmente através da utilização de plantas medicinais que tem uma posição respeitável atualmente e especialmente nos países em desenvolvimento onde o serviço de saúde moderno é limitado e apresenta a única forma de tratamento acessível para uma boa parcela da população. No presente trabalho, será realizado a análise fitoquímica de uma planta medicinal da família Solanaceae não muito famosa, mas que possui imprescindíveis propriedades farmacológicas, a Solanum paniculatum (Jurubeba). 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Conhecer sobre as propriedades terapêuticas e as classes químicas da Solanum paniculatum. 1.1.2 Objetivos específicos Identificar as classes químicas existentes na Solanum paniculatum; Verificar através da revisão bibliográfica, atividades terapêuticas já comprovadas. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Vários são os motivos para poder explicar o sucesso de produtos naturais na descoberta de drogas: alta diversidade química, criação de moléculas biologicamente ativas através da evolução e a semelhança estrutural com alvos proteicos em muitas espécies (HENKEL et al., 1999; FEHER; SCHMIDT, 2003). Os componentes químicos secundários permitem que as plantas produzam e estoquem composto de natureza química. Estas substâncias derivadas do metabolismo secundário das plantas constituem os chamados metabólitos secundários, os quais apresentam funções biológicas, e muitos desempenham um papel ecológico, que se caracterizam por seus diversos usos e aplicações, tais como, medicamentos (GARCÍA, 2009). 7 A família Solanaceae possui uma grande importância econômica, agrícola e farmacêutica. Compreende aproximadamente 93 gêneros e 2300 espécies (HUNZIKER, 2001). No Brasil, abrange cerca de 32 gêneros e 350 espécies (LORENZI H.; MATOS F.J.A., 2002). O gênero Solanum considerado um dos maiores dentro do taxón das angiospermas (D’ARCY, 1972), produz uma grande variedade de saponinas esteroidais e glicoalcaloides de importância na resistência natural dessas plantas contra muitas pestes (WILLIS, 1973). De acordo com Agra: Os componentes ativos de S. paniculatum foram documentados na década de 60 quando pesquisadores alemães descobriram novos esteroides, saponinas, glicosídeos e alcaloides nas raízes, caule e folhas. Os alcaloides foram encontrados em maior abundância nas raízes, enquanto que nas folhas encontram-se as maiores concentrações de glicosídeos; esses compostos também têm algum efeito tóxico, de modo que não se recomenda a ingestão frequente de preparações de Jurubeba (1996). A espécie Solanum paniculatum L. foi caracterizada em 1753 por Carolus Linnaeus. Este gênero, um dos maiores dentro do táxon, ou seja, a classificação das Angiospermas, é considerado o mais complexo pertencente a essa família e compreende 7 subgêneros e cerca de 60 a 70 seções ou também denominada nomenclatura botânica (D’ARCY, 1972). O gênero Solanum possui aproximadamente 1500 espécies descritas e distribuídas pelas regiões subtropicais e tropicais, habitando principalmente a América do Sul, continente no qual a maioria das espécies foram originadas. Atualmente, há centros de endemismo de espécies deste gênero nas Américas do Norte e Central, assim como no Brasil, nas Índias Ocidentais, África, Madagascar e Austrália (HUNZIKER, 2001). Jurubeba como é conhecida popularmente, apesar de possuir outros nomes comuns como jupeba, juribeba, jurupeba, gerobeba e joá-manso, apresenta seu nome 8 científico como Solanum paniculatum L., pertencente à família Solanaceae (VIEIRA, P.M.; SANTOS, S.C.; CHEN-CHEN, L., 2010). No Brasil, é utilizada na culinária e na medicina popular com o intuito de tratar distúrbios gástricos e hepáticos, além de ressacas (MESIA-VELA et al., 2002). Na Argentina, foi citada pela primeira vez na flora por Schinini e López (2000). É também considerada útil contra, anemias, febres intermitentes, hidropisia, e tumores uterinos (COIMBRA, 1994). Esta espécie apresenta plantas perenes reproduzidas por sementes, com arbustos de até 2,5 metros de altura (ramificado), conforme figura 1. Caracterizam-se morfologicamente por possuírem folhas solitárias, apresentarem tricomas estrelados, sésseis nos ramos apicais, pela presença de acúleos engrossados e alargados na base, pela inflorescência cimosa com muitas flores e pelo fruto glabro, globoso, de coloração amarela. Além disso, esta espécie apresenta longos rizomas subterrâneos, dos quais emergem caules adventícios, formando clones que podem ser bem amplos. Portanto, as plantas que ocorrem em um determinado local tendem a ser semelhantes, apesar do grande polimorfismo que existe nesta espécie (MENTZ E OLIVEIRA, 2004). Figura 1: Solanum paniculatum. Fonte: http://www2.uefs.br:8081/msdesenho/xiseminarioppgdci2015/artigos/SD046_tecnicas_de.pdf 9 É uma planta resistente a intempéries bióticas e abióticas, vive em solos arenosos e ocupa áreas colhidas, pomares e ao longo de estradas e rodovias (LORENZI; MATOS, 2002). Segundo a Farmacopeia popular, na jurubeba são utilizadas as partes como folhas, frutos e raízes, no preparo de infusões. Do ponto de vista farmacológico, o gênero Solanum se destaca por suas propriedades medicinais. As espécies deste gênero são frequentemente utilizadas para o tratamento de febres, dores e inflamações, bem como auxiliam no tratamento de doenças do fígado (como a cirrose), do trato gastrointestinal (úlceras, diarreias) e cardiovasculares. Na literatura, já existem descrições, para o gênero, de suas propriedades diurética, hipotensiva, espasmolítica, gastroprotetora, entre outras (VISIOLI et al., 2000; ANTONIO et al., 2004; SHAHILADEVI et al., 2006). Existem relatos de estudos que determinaram o potencial farmacêutico de S. paniculatum, tais como: atividade anti-helmíntica; potencial citotóxico e genotóxico; inibição da secreção gástrica da raiz desta espécie (VILELA et al., 2009). Estudos científicos realizados com espécies de Solanum relacionam seus efeitos farmacológicos às classes de compostos químicos presentes no gênero. A maioria das pesquisas apontam os compostos fenólicos, principalmente alcaloides, flavonoides e saponinas, como a principal classe química envolvida nos efeitos terapêuticos, especialmente devido à abundância desta classe no gênero (TURKMEN et al., 2006). Poucos estudos apontam a presença de taninos na S. paniculatum, mas sabe-se da potente ação contra alguns microorganismos como Streptococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa (LÔBO et al., 2010). As espécies de Solanum que possuem compostos fenólicos em sua composição fitoquímica são utilizadas no tratamento de doenças, pois estes compostospossuem efetiva ação antioxidante e combate ao estresse oxidativo produzido por diversas doenças. O estresse oxidativo estão diretamente associada à mais de 100 doenças, incluindo aquelas as quais ainda não possuem tratamentos eficazes e seguro, como as doenças cardiovasculares e neurodegenerativas aterosclerose, diabetes e câncer (GHASANFARI et al., 2006). Os estudos fitoquímicos de S. paniculatum, puderam demonstrar que esta espécie possui alto teor de alcaloides nas raízes e caule, mas tem quantidade 10 reduzida nas folhas, sendo isolados alguns como jurubebina, jubebina, solanina, jupebina e jupebenina. Detectou-se também frutose, glicose e galactose nos frutos (SIQUEIRA- JACCOUND et al., 1982; COSTA, 1940) e solanina foi isolada das raízes e caules (SIQUEIRA e MACAN, 1976). Adicionalmente, glicoalcaloides, esteroides, saponinas (paniculonina A, paniculonina B, jurubina, isojuripidina, isojurubidina, isopaniculidina e jurubidina) e flavonoides também são citados como grupos químicos presentes na planta (COSTA, 1940). 2.1 PROCESSOS EXTRATIVOS Extração: Retirar de forma mais seletiva e completa possível, as substâncias ou fração ativa contida na droga vegetal, utilizando para isso, um líquido ou mistura de líquidos tecnologicamente apropriado e toxicologicamente seguros. 2.1.2 Extrações Para realizar a extração inicial da Solanum paniculatum é utilizado o aparelho de Soxhlet, conforme figura 2, com o intuito de extrair sólidos com solventes voláteis. Em cada etapa do processo, o material vegetal entra em contato com o solvente renovado, assim, o processamento possibilita uma extração altamente eficiente, empregando uma quantidade reduzida de solvente, em comparação com as quantidades necessárias nos outros processos extrativos, para se obter os mesmos resultados qualitativos e quantitativos. Figura 2: Aparelho de Soxhlet Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe2OIAG/extracao-solventes 11 3 METODOLOGIA 3.1 COLETA DO MATERIAL A espécie vegetal de S. paniculatum (Jurubeba), foi adquirida no comércio de Santa Maria, Rio Grande do Sul. 3.2 PROCESSO EXTRATIVO DE SÓLIDO-LÍQUIDO O material utilizado para o processo extrativo foi o etanol 95, a planta moída e seca e o do aparelho de Soxhlet. Utilizamos o papel filtro e barbante para fazer o cartucho onde a planta ficou armazenada para realizar a extração, e por fim, a manta de aquecimento com termostato para dar suporte ao balão e mantê-lo quente. 3.2.1 Etapas do processo extrativo de sólido-líquido Primeiramente identificou-se a droga a partir da folha seca de Jurubeba triturada, logo em seguida houve a confecção do cartucho e pesagem do mesmo vazio. Foi colocada uma quantidade suficiente de Solanum paniculatum seca e moída em um cartucho após a pesagem, de modo que passasse duas vezes seu conteúdo para o balão do aparelho por sifonagens; o cartucho foi transportado para o aparelho em uso. Para dar início ao processo extrativo, foi ligada a entrada de água no aparelho de Soxhlet e a manda de aquecimento em nível 7. Esperou-se o solvente entrar em ebulição e o aparelho ficou em funcionamento por cerca de 48 horas para que ocorresse a extração. Após esse período, desligou-se o aparelho e transferiu-se o extrato bruto etanólico para um erlenmeyer devidamente identificado. Foi tampada a vidraria com o auxílio de um papel alumínio e guardada sob proteção da luz direta. 3.3 PESQUISA DE HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS 3.3.1 Extração Pesou-se 3g da droga e adicionou-se 100ml de clorofórmio sob aquecimento por 15 minutos. 3.3.2 Reações de identificação 3.3.2.1 Núcleo esteroidal Estes anéis são comuns aos compostos cardenolídeos e bufadienolídeos. 12 3.3.2.2 Reação de Liebermann-Buchard: O reagente promove a desidratação e desidrogenação do núcleo fundamental resultando derivados com duplas conjugação (corados). Técnica: em uma cápsula de porcelana evaporar a secura +/- 3 ml de extrato clorofórmico, juntar 0,5 ml de anidrido acético. Técnica: Em uma cápsula de porcelana foi evaporado até secura +/- 3 ml de extrato clorofórmico juntamente com 0,5 ml de anidrido acético. Esse evaporado foi transferido cuidadosamente pelas paredes para um tubo de ensaio contendo aproximadamente 1 ml de ácido sulfúrico concentrado. Aguarda-se observar a coloração castanho–avermelhada, violácea, esverdeada na zona de contato dos dois líquidos que indica positividade. 3.3.2.3 Reação de Baljet Ocorre a formação de produtos entre um ânion que resulta da dissociação do anel lactônico insaturado, catalisada pelo álcali e o reagente nitratado (ácido pícrico). Técnica: Em uma cápsula de porcelana evaporou-se a secura 3 ml de extrato clorofórmico, juntou-se ao resíduo 4 a 5 gotas de solução aquosa a 0,5% de ácido pícrico (2,4,6-dinitrofenol) e 2 gotas solução de hidróxido de potássio 1N. Para resultado positivo, ocorre o surgimento de coloração alaranjada intensa. 3.4 PESQUISA DE SAPONINAS 3.4.1 Extração Foi pesado 0,5 g da Solanum paniculatum moída, adicionado 20 ml de água destilada e levado à fervura por 2 minutos. Esse extrato aquoso foi decantado e filtrado para copo de béquer, deixando o pó da droga no recipiente inicial. A partir desse procedimento, foram realizadas novas extrações com porções de 10 ml de água destilada, filtrando os extratos aquosos para o béquer até obtermos volume suficiente. 3.4.2 Determinação do índice de espuma Foram numerados 10 tubos de ensaio e colocados 5 ml de água destilada neles, exceto no primeiro. Após, foi adicionado 5 ml do extrato saponínico no primeiro e segundo tubo e homogeneizado o conteúdo. 13 Transfere-se 5 ml do segundo tubo para o terceiro, misturando bem. Dá-se continuidade a esse processo até o décimo tubo. No tubo 10, se despreza 5 ml da solução. Os tubos são agitados vigorosamente por 15 segundos e em seguida, deixados em repouso por 15 minutos. Após esse período, observa-se qual dos tubos apresenta uma camada de espuma de 1 cm de espessura. A sua diluição indica o índice de espuma da planta testada. 3.5 HETEROSÍDEOS FLAVONOÍDICOS 3.5.1 Extração Em um béquer foi colocado 1,0 a 2,0 g da Solanum paniculatum moída, mais 15 ml de etanol 70% e essa mistura foi levada à chapa de aquecimento e deixada lá durante 2 minutos depois de apresentar fervura. Filtra-se o extrato através de papel filtro. 3.5.2 Reação com hidróxidos alcalinos A alguns mililitros do extrato foi acrescentado 0,5 ml de solução de hidróxido de sódio 1 N. Na presença de compostos flavonoídicos a solução básica adquire coloração amarelada. 3.6 TANINOS 3.6.1 Extração Ferve-se durante 5 minutos 1 g da S. paniculatum com 50 ml de água. Após esfriar, essa solução foi filtrada e verificada sua adstringência. 3.6.2 Reação com sais de ferro A 0,5 ml do extrato aquoso adicionou-se 5 ml de água e algumas gotas da solução de cloreto férrico a 2% ou solução de alúmen de ferro a 1% em água. A coloração obtida na solução e eventual formação de precipitado indicam positividade para taninos. 3.6.3 Reação com acetato de chumbo A 3 ml do extrato são colocadas algumas gotas de solução aquosa a 1% de acetato de chumbo. Observa-se a formação ou ausência de precipitado. 14 3.6.4 Reação com gelatina Acrescenta-se a um tubo de ensaio contendo o extrato tânico (+/- 5 ml) 1 a 2 gotas de solução de ácido clorídrico a 10% e em seguida, a solução aquosa de gelatina a 2,5% gota a gota, para evitar a redissolução de precipitado formado. 3.7 ALCALÓIDES 3.7.1 Extração Foi colocado em um béquer 2 g da planta moída e agita-se com 40 ml de soluçãoaquosa de ácido clorídrico a 2%, aquecendo a mistura por alguns minutos. Essa solução resfria e é filtrada para outro béquer. 3.7.2 Ensaio preliminar Quatro lâminas foram separadas e em cada uma delas foi colocada uma gota solução acima e uma gota dos reativos de precipitação. 3.7.2.1 Reativo de Dragendorff Iodo bismutato de potássio. Em caso positivo, a reação apresenta precipitado vermelho tijolo. 3.7.2.2 Reativo de Meyer Iodo mercurato de potássio. Em caso positivo, desenvolve-se um precipitado branco. 3.7.2.3 Reativo de Bertrand Ácido silicotungstico 1%. Um precipitado branco se desenvolve na reação se ela for positiva. 3.7.2.4 Reativo de Bourchardart Iodo de potássio iodato. Se a reação for positiva para alcaloides, ocorre precipitação vermelha. 3.7.3 Cromatografia em camada delgada Parte do extrato com ácido clorídrico foi alcalinizada com hidróxido de amônio a 10% até pH 8. Após ser alcalinizada, a solução foi transferida para um funil de 15 separação, adicionou-se 20 ml de clorofórmio e após extração, foi separada a fase clorofómica. Amostra: extrato clorofórmico, extrato com ácido clorídrico Padrão: morfina Fase estacionária: clorofórmio:metanol (8:2) Revelação em UV e reativo químico de Dragendorff. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação aos testes de reconhecimento de classes químicas nos diferentes extratos de S. paniculatum, verificou-se que os resultados foram positivos para heterosídeos cardiotônicos, saponinas, heterosídeos flavonoídicos, taninos e alcaloides. As plantas do gênero Solanum são conhecidas por possuírem em sua composição química principalmente alcaloides esterodais, além de uma grande variedade de saponinas, sapogeninas, flavonoides, taninos e glicoalcaloides (VAZ, 2010) e esses metabólitos secundários são descritos na literatura por possuírem potencial biológico contra microrganismos. Um importante fator a ser considerado quando se realiza qualquer pesquisa envolvendo plantas medicinais é quanto a fatores ambientais envolvidos no momento da coleta da planta, como sazonalidade, clima, tipo de solo e temperatura do ar. De acordo com Freitas et al. (2004), a produção de metabólitos secundários pela planta ocorre em função da interação planta versus ambiente em resposta a fatores químicos e biológicos. Este fato pode explicar resultados divergentes de extratos da mesma espécie, mas coletado em locais e períodos diferentes, assim como sua forma de comercialização. A análise de heterosídeos cardiotônicos para núcleo esteroidal que correspondem a anéis comuns nos compostos cardenolídeos e bufadienolídeos apresentou resultado positivo. Segundo Botion et al. (2005), estudos constataram atividade cardiotônica e a diminuição da pressão arterial em testes com gatos. Quanto as saponinas, de acordo com a análise realizada a Jurubeba apresenta essa classe química. Sabe-se que as saponinas esteroidais estão presentes no gênero Solanum e são de grande interesse farmacológico, especialmente como agente anticarcinogênico (Hernandez et al., 2004; Jin et al., 2004). Já foram realizados testes in vitro com saponinas quanto à ação mutagênica e antimutagênica. Estas não 16 induziram a formação de micronúcleos em linfócitos humanos e inibiram a ação citotóxica e genotóxica induzidas por mitomicina C (MMC), bleomicina (BLM) (Scarpato et al., 1998a) e outros compostos químicos (Elias et al., 1990; Amara- Mokrane et al., 1996). Os flavonóides existem naturalmente numa grande variedade de alimentos de origem vegetal como frutas, sementes, flores e folhas. Suas atividades biológicas estão relacionadas à capacidade de atuar como antiinflamatórios, imunomoduladores, antivirais, bactericidas, hepatoprotetores, antiparasitários e antioxidantes (CORRÊA et al. 2008). Na análise de heterosídeos flavonoídicos realizada em aula, obtivemos o resultado positivo que indica realmente a presença desses compostos na Solanum paniculatum. Outra classe encontrada na literatura para S. paniculatum, e que foi testada e dada como positiva nas reações, são os taninos. Os taninos são compostos fenólicos solúveis em água, esses compostos “ajudam no processo de cura de feridas, queimaduras e inflamações, através da formação de uma camada protetora sobre a pele ou mucosa danificada” (SIMÕES et al. 2001). Por fim, constatamos na S. paniculatum a presença de alcaloides, que apresenta inúmeras atividades biológicas como, ação antiinflamatória, antioxidante, analgésica, antiviral, antibacteriana. Além desses benefícios, são substâncias muito importantes principalmente, para o nosso organismo como a vitamina B3 que é um alcaloide (OLIVEIRA et al., 2009). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir que S. paniculatum é de grande importância na medicina, apresentando vários metabólitos secundários que tem efetividade contra afecções e indicações terapêuticas a serem utilizadas. Através de testes realizados, podemos observar e comprovar a existência de classes químicas na Solanum paniculatum e descritas na literatura. Sabemos da essencial necessidade de estar sempre se atualizando e descobrindo inovações no mundo das plantas, pois são amplamente utilizadas como uma medicina alternativa. Com as propriedades já existentes na planta estudada, é possível perceber o quão rica e vital esta planta é para o nosso organismo, sendo de fundamental utilidade. 17 Portanto, o que foi pesquisado, encontrado e também testado a partir de inúmeras reações é muito relevante, tanto para o nosso conhecimento quanto para a ciência, porém acreditamos que novos métodos e concentrações precisam ser testados pela busca de inovações sobre a S. paniculatum (jurubeba). 18 REFERÊNCIAS AGRA, M.F. Plantas da medicina popular dos Cariris Velhos, Paraíba-Brasil: Espécies mais comuns. João Pessoa: Ed. União, 1996. AKANITAPICHAT, P.; PHRAIBUNG, K.; NUCHKLANG, K.; et al. Antioxidant and hepatoprotective activities of five eggplant varieties. Food Chem Toxicol, 2010. AMARA-MOKRANE, Y.; LEHUCHER-MICHELl, M.P.; BALANSARD, G.; DUME’NIL, G.; BOTTA, A. 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