Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplina: História da Psicologia Docente: Prof. Renato Ferreira de Souza Data: 28/03/2017 APS 1 O Destronamento do homem para o surgimento da Psicologia1 Gabriel Martins Marques2 A criação, filme do diretor Jon Amiel, trata sobre a vida e obra de Charles Darwin, cientista e naturalista britânico que desenvolveu a teoria evolucionista. Darwin se destaca na história da humanidade, como também das pesquisas científicas por ter concebido como também provado a evolução das espécies, seja por características de habitat, de reprodução, ou adequação ao meio, ou seja, o que ele chama de “seleção natural”. Tal marco histórico é continua hodiernamente a ser estudado e abordado por cientistas. Vivendo em um contexto histórico bastante conturbado e controlado, onde os efeitos da Revolução Industrial do século XVIII com o capitalismo; o caráter dogmático da religião e o sistema feudal, formavam a opinião e conduziam toda uma sociedade para o conhecimento baseado no teológico em todos os aspectos, dos mais básicos como nossas relações, ética, como também de caráter filosófico e cosmológico: “De onde viemos?” “Para onde vamos? ”. A teria de Darwin ocasionou um destronamento do homem. Toda a concepção existente de sua divindade, sua alma, sua história e predestinação, eram então colocados em xeque. O homem não mais precisava de um criador, que o colocasse em um patamar elevado ao dos animais, ele era agora, parte deles: estrutura e fisiologia, resquício de um passado não racional. Já não eram, então, apenas os nossos corpos que estavam sob o risco da dessacralização. A própria alma humana se via em sério perigo de perder sua substância singular e divina para as garras de um aviltante passado animal, sob os argumentos e evidências perniciosos de uma teoria científica que ganhava cada vez mais terreno e adeptos. (CARVALHO, 2008, p. 77) 1 Comentário referente ao filme “A criação”, com a exposição de alguns filósofos e cientistas que ocasionaram um destronamento do papel do homem e como tal destronamento contribuiu para o surgimento da Psicologia. 2 Bacharelando em Psicologia pela Universidade Federal de Lavras – 1º Período. Karl Marx (1818), foi também um dos homens que ocasionaram na sociedade um destronamento do homem. Sendo um crítico apurado, principalmente do sistema político existente. Para o revolucionário socialista, a religião exerce um processo de alienação. É um grito de um povo oprimido, que cria o seu próprio Deus para superar permeio da metafísica a injustiça existente na Terra. Assim, expõe um homem alienado, não só teologicamente, mas socialmente e politicamente, trabalha não para realizar seus projetos e sim para a subsistência. Surge então o que Marx chama de materialismo histórico e dialético, onde o homem e a superestrutura ideológica, serão sempre determinados pela estrutura econômica vigente. Assim, o homem que pensava estar progredindo, descobre que é controlado por leis que desconhece, por sistemas que não criou; não é mais senhor de si. Para corroborar com a ideia de destronamento, Sigmund Freud (1856) ao elaborar sua teoria Psicanalítica, mostra ao mundo, ao homem, o seu lado escondido, seu inconsciente. Incapaz de ser controlado, este, vigente dentro de nossa subjetividade, e expressando-se de diversas maneiras como atos falhos e sonhos, revela mundo interno que não somos capazes de controlar. Novamente o homem não é senhor de si; é destronado. Por último, mas não menos importante, a história da humanidade se depara com um sujeito que até hoje desperta amores e ódios: Friedrich Nietzsche. Sendo um ateísta radical, atribui ao homem a meta de apoderamento de sua essência e questionador sobre a missão que quer assumir: o domínio da terra. O Filósofo ao tentar descontruir toda uma tradição filosófica desde os gregos, e mostrar ao homem que nossas crenças e valores estão comprometidos explica que tudo o que foi criado, tem uma finalidade, para a época em que foi elaborado. Não é necessário mais um ser Imutável, perfeito, para comandar o mundo, mas o homem também não é capaz de controlá-lo. O mundo agora, não tem unidade, sem centralidade, o impulso do universo está na Vontade, como pulsão humana. Nietzsche então propõe o Além-homem (super-homem), como figura última do homem, uma meta a ser alcançada, uma superação, onde o homem se torna capaz de encontrar sua verdadeira essência, o seu poder, e não mais permanecer no protótipo de animal. “O que é o macaco para o homem? Uma zombaria e uma dolorosa vergonha. E justamente isso é o que o homem deve ser para o além-do-homem: uma zombaria e uma dolorosa vergonha” (JÚNIOR, 2000, p. 54) A desconstrução ocasionada, não somente por linhas de pensamento, argumentos, como dos grandes homens citados, mas também do contexto histórico-político, mostravam ao homem sua pequenez, sua singela singularidade na pluralidade. Tal choque epistemológico, metafísico e até mesmo físico, o fez se perguntar sobre sua subjetividade. O homem agora se vê obrigado a recorrer ao seu fôro íntimo. A Psicologia surge grande nesse sentido, pois vem como meio de resposta à estas angústias, vem trazer ao homem conhecer sua individualidade, suas diferenças e principalmente sobre o seu papel no campo pessoal e social. A psicologia, é requerida pelo homem, pela sociedade, pelas ciências, ela nasce com credibilidade. Referências: CARVALHO, Andre Luiz de Lima. O cão aos olhos (da mente) de Darwin: a mente animal na Inglaterra vitoriana e no discurso darwiniano. Revista Brasileira de História da Ciência. Rio de Janeiro : [s.n.], Jan - Jun de 2008, Vol. 1. pp. 36-56. N.º 1. Acesso em 27 de Março de 2017, disponível em <http://www.sbhc.org.br/arquivo/download?ID_ARQUIVO=64> JÚNIOR, Osvaldo Giacoia. Nietzsche. PUBLIFOLHA . Ed. Nestrovski Arthur. São Paulo : Eletronica Picture, 2000, pp. 1-90.
Compartilhar