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10 22 (Filosofia - Caderno 5) [TARDE e NOITE]-impressao

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Rebeca Balos

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Questões resolvidas

Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
02) O uso da razão instrumental é, para Jürgen Habermas, válido, quando se trata de agir sobre objetos ou sobre natureza, a fim de suprir as necessidades do homem.
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar vinculada a um modelo de racionalidade de cunho instrumental.
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores entendem que a superação do modelo de racionalidade inerente aos conflitos do século XX depende do justo equilíbrio entre uso público e uso privado da razão.
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência e da técnica, foi atingido.
c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes da primeira metade do século XX um novo entendimento da noção de progresso tendo como referência o conceito de racionalidade comunicativa.
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao longo da modernidade foi rompido com as guerras do século XX.
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar vinculada a um modelo de racionalidade de cunho instrumental.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer e sobre o pensamento de Jürgen Habermas, é correto afirmar que a racionalidade Instrumental constitui

I. um conhecimento que se processa a partir das condições específicas da objetividade empírica do fato em si.
II. o processo de entendimento entre os sujeitos acerca do uso racional dos instrumentos técnicos para o controle da natureza.
III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o homem livre para compreender a si mesmo a partir do domínio do conhecimento científico.
IV. um saber orientado para a dominação e o controle técnico sobre a natureza e sobre o próprio ser humano.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:

a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores.
b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas.
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção da arte.
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores.
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores.

As ideias presentes no livro O segundo sexo, publicado por Simone de Beauvoir em 1949, influenciam a segunda onda do Feminismo na Europa, que tinha objetivos políticos e ganhou força no mundo ao longo dos anos de 1960.

5. (ENEM 2015) Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. Simone de Beauvoir. O segundo sexo. Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos púbicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em

a) declínio cultural.
b) segregação racial.
c) redução da hierarquia.
d) totalitarismo dos governos.
e) modelagem dos indivíduos.

Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir

a) o ideal de igualdade entre os homens.
b) o total direito político de acordo com as etnias.
c) as normas estabelecidas pela disciplina social.
d) a repressão exercida pelos menos instruídos.
e) o ideal de liberdade individual.

Herbert Marcuse: necessidade x possibilidade

Com base no texto e no conceito de esclarecimento de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo matemático, a base do conhecimento técnico-científico que sustenta o modo de produção capitalista na viabilização da emancipação social.
b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial da razão sobre a natureza interna e externa e a realização da emancipação social levada adiante pelo capitalismo.
c) O esclarecimento compreende a realização romântica da racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação harmônica entre homem e natureza.
d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar o ser humano mais feliz, quando da realização de práticas rituais e religiosas.
e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos pressupostos metafísicos e a operacionalização do conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, redundando num modelo próprio de razão instrumental.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento do capitalismo e a indústria cultural, considere as afirmativas.
I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização um fenômeno que intensificou a padronização e a homogeneização como formas de reprodução técnica criadas a partir da revolução industrial.
II. A abertura comercial dos portos das colônias americanas resultou no cercamento dos campos, facilitando o comércio pelo acúmulo de capitais e, em consequência, a revolução industrial.
III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural constata que o predomínio da racionalidade técnica permitiu o resgate do potencial emancipatório da razão sonhado pelo projeto iluminista.
IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica penetra todos os aspectos da vida cotidiana, subjugando o homem a um processo de instrumentalização cultural e homogenização de comportamentos.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

O que Benjamin identifica como tendência histórica de mudança nas formas de percepção na modernidade?

A vivência de choque nas grandes cidades.
A intensificação dos movimentos de massa.
O declínio da aura das obras de arte.

Material
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Questões resolvidas

Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
02) O uso da razão instrumental é, para Jürgen Habermas, válido, quando se trata de agir sobre objetos ou sobre natureza, a fim de suprir as necessidades do homem.
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar vinculada a um modelo de racionalidade de cunho instrumental.
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores entendem que a superação do modelo de racionalidade inerente aos conflitos do século XX depende do justo equilíbrio entre uso público e uso privado da razão.
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência e da técnica, foi atingido.
c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes da primeira metade do século XX um novo entendimento da noção de progresso tendo como referência o conceito de racionalidade comunicativa.
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao longo da modernidade foi rompido com as guerras do século XX.
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar vinculada a um modelo de racionalidade de cunho instrumental.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer e sobre o pensamento de Jürgen Habermas, é correto afirmar que a racionalidade Instrumental constitui

I. um conhecimento que se processa a partir das condições específicas da objetividade empírica do fato em si.
II. o processo de entendimento entre os sujeitos acerca do uso racional dos instrumentos técnicos para o controle da natureza.
III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o homem livre para compreender a si mesmo a partir do domínio do conhecimento científico.
IV. um saber orientado para a dominação e o controle técnico sobre a natureza e sobre o próprio ser humano.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:

a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores.
b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas.
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção da arte.
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores.
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores.

As ideias presentes no livro O segundo sexo, publicado por Simone de Beauvoir em 1949, influenciam a segunda onda do Feminismo na Europa, que tinha objetivos políticos e ganhou força no mundo ao longo dos anos de 1960.

5. (ENEM 2015) Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. Simone de Beauvoir. O segundo sexo. Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos púbicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em

a) declínio cultural.
b) segregação racial.
c) redução da hierarquia.
d) totalitarismo dos governos.
e) modelagem dos indivíduos.

Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir

a) o ideal de igualdade entre os homens.
b) o total direito político de acordo com as etnias.
c) as normas estabelecidas pela disciplina social.
d) a repressão exercida pelos menos instruídos.
e) o ideal de liberdade individual.

Herbert Marcuse: necessidade x possibilidade

Com base no texto e no conceito de esclarecimento de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo matemático, a base do conhecimento técnico-científico que sustenta o modo de produção capitalista na viabilização da emancipação social.
b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial da razão sobre a natureza interna e externa e a realização da emancipação social levada adiante pelo capitalismo.
c) O esclarecimento compreende a realização romântica da racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação harmônica entre homem e natureza.
d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar o ser humano mais feliz, quando da realização de práticas rituais e religiosas.
e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos pressupostos metafísicos e a operacionalização do conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, redundando num modelo próprio de razão instrumental.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento do capitalismo e a indústria cultural, considere as afirmativas.
I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização um fenômeno que intensificou a padronização e a homogeneização como formas de reprodução técnica criadas a partir da revolução industrial.
II. A abertura comercial dos portos das colônias americanas resultou no cercamento dos campos, facilitando o comércio pelo acúmulo de capitais e, em consequência, a revolução industrial.
III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural constata que o predomínio da racionalidade técnica permitiu o resgate do potencial emancipatório da razão sonhado pelo projeto iluminista.
IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica penetra todos os aspectos da vida cotidiana, subjugando o homem a um processo de instrumentalização cultural e homogenização de comportamentos.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

O que Benjamin identifica como tendência histórica de mudança nas formas de percepção na modernidade?

A vivência de choque nas grandes cidades.
A intensificação dos movimentos de massa.
O declínio da aura das obras de arte.

Prévia do material em texto

Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
Página 1 de 20 
Filosofia – Caderno 5 
 
SEMANA 1: Teoria Crítica – pensadores da Escola de 
Frankfurt 
 
Escola de Frankfurt 
Instituto de Pesquisa Social, fundado em Frankfurt no 
ano de 1923. Tinha como principal intuito estudar a obra do 
Marx em uma perspectiva interdisciplinar, agregada às 
contribuições da sociologia weberiana e da psicanálise de 
Freud, e relacionada aos problemas da sociedade vigente. Em 
1933, Horkheimer, então reitor da instituição, é exonerado e as 
instalações são depredadas pelo Nazismo. Em 1939, muitos 
pensadores frankfurteanos emigram para os Estados Unidos, 
onde é fundada uma nova sede na Universidade de Columbia, 
em Nova York. A revista “Estudos de Filosofia e Ciência Social” 
volta a ser publicada nos EUA. Em 1950, a Escola é 
reinaugurada em Frankfurt. 
No pós-guerra, os pensadores passam a discutir as 
causas e efeitos do nazismo, assim como os problemas do 
capitalismo e a formação do bloco soviético. Também 
dedicam-se ao estudo das novas formas de produção cultural 
vinculadas ao capitalismo industrial. 
A produção teórica vinculada à Escola de Frankfurt é 
conhecida como teoria crítica: um corpo de estudos voltado 
para a produção de um diagnóstico sobre o tempo presente e 
um prognóstico sobre o rumo do desenvolvimento histórico. 
Volta-se para a prática transformadora das relações sociais 
vigentes. 
 
Principais pensadores: 
Max Horkheimer (1895 – 1973); 
Theodor Adorno (1903 – 1969); 
Walter Benjamin (1892 – 1940); 
Herbert Marcuse (1898 – 1978); 
Jürgen Habermas (1929 - ); 
 
Questão central que perpassa a obra dos pensadores 
frankfurteanos: 
 
Por que as revoluções sociais propostas pelo Iluminismo 
e posteriormente pelo marxismo não haviam se 
consolidado? Por que, ao invés de melhorarmos como 
civilização, estamos entrando em uma nova barbárie? 
Por meio de tais questionamentos, a discussão apresentada 
pelos pensadores vinculados à Escola de Frankfurt relaciona-
se à possibilidade de compreendermos a barbárie (guerras 
mundiais, Holocausto, alienação das massas) no âmago da 
própria civilização. Barbárie e civilização sempre foram 
consideradas forças opostas, mas ao longo do século XX 
encontram-se profundamente conectadas. Como entender 
esse fenômeno e superá-lo? 
 
Adorno e Horkheimer: Dialética do Esclarecimento 
Considerada uma das obras basilares do pensamento da 
Escola de Frankfurt, a Dialética do Esclarecimento foi 
publicada no ano de 1944 com o objetivo de analisar um 
mundo dominado pelo capital e caracterizado pela alienação. 
Adorno e Horkheimer partem da tese de que a razão, outrora 
entendida, nos moldes iluministas, como autonomia e 
esclarecimento, estaria agora asfixiada pelo desenvolvimento 
do capitalismo. 
Os movimentos científicos do século XIX, tais como as teorias 
sobre eugenia e darwinismo social, colocam a ciência a serviço 
dos interesses soberanos das potências. A razão científica 
perde seu conteúdo questionador e torna-se a “verdade” que 
justifica conquistas, guerras e atrocidades. Uma racionalidade 
fria, justificada pelo cientificismo do século XIX, emerge e 
transforma as relações sociais. Seus desdobramentos seriam 
desde o nazifascismo à alienação consumista. 
 
CRÍTICA À RAZÃO INSTRUMENTAL 
 
O projeto de progresso e desenvolvimento social 
evocado pelos iluministas não se concretizou. A razão que 
seria emancipatória torna-se totalitária, pois tem como base o 
controle da natureza comprometido com uma noção de 
progresso material. Utilidade e lucro tornam-se critérios, 
assumidos como racionais, que justificam medidas 
desumanas. Com isso, a razão vai se tornando operacional e 
utilitária, engendrando amplos processos de alienação 
pragmática. Nas mãos da classe dominante, um discurso 
racional tecnicista passa a ser instrumento de controle do ser 
humano. Com isso, Adorno e Horkheirmer apontam que a 
razão instrumental legitima a autoridade do mundo burguês, 
tendo como respaldo o discurso cientificista. 
 
Há uma percepção de que a ciência se encontra 
desprovida de ética, uma vez que as invenções e descobertas 
são legitimadas pelos critérios de utilidade, ou seja, pelo seu 
caráter técnico. O discurso racional científico permite a criação 
da bomba atômica e fornece respaldo ao nazifascismo. 
Acompanhando esse processo, Adorno e Horkheimer 
constatam que há um agravamento dos níveis de alienação 
das massas e uma total ausência de consciência 
revolucionária do proletariado, que se submete à ideologia 
dominante e que se massifica nas relações de consumo. 
 
CRÍTICA À INDÚSTRIA CULTURAL 
 
“Hoje, a obra de arte não transcende o mundo dado, é arte 
sem sonho, e por isso é o mesmo que sono, pois 
adormece a criatividade, a consciência, a sensibilidade, a 
imaginação, o pensamento.” 
 
O Renascimento marca o início de um processo de 
autonomização da esfera artística que gradativamente liberta 
a arte de sua função religiosa e sagrada, atrelada à tradição. 
Ser artista aos poucos torna-se uma profissão. Com o advento 
do mundo burguês, o artista passa a produzir para o mercado. 
No século XV, o surgimento da imprensa marca o início de um 
processo de disseminação do conhecimento e replicação do 
produto cultural. Com a urbanização e os novos meios de 
comunicação de massa, há uma ampliação significativa desse 
processo. 
 
Refletindo esse amplo processo histórico de 
transformações, no século XX desenvolve-se um ramo da 
indústria voltado ao entretenimento, informação e propagação 
das artes e da cultura. 
Indústria Cultural: tal expressão, presente na Dialética do 
Esclarecimento, designa a apropriação das manifestações 
artísticas e culturais pelo mercado. Adorno e Horkheimer 
afirmavam que a máquina capitalista de reprodução e 
distribuição da cultura estaria apagando, aos poucos, a 
autonomia das artes erudita e popular. Isso aconteceria porque 
o valor crítico dessas formas artísticas seria neutralizado no 
momento em que elas se vinculam estritamente ao mercado e 
 
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Filosofia & Sociologia 
 
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já não possibilitam a participação intelectual dos seus 
espectadores na criação e no fruir consciente das obras. 
 
A indústria cultural seria responsável, assim, por um amplo 
processo de massificação das experiências culturais e pelo 
agravamento dos níveis de alienação. Comprometida com o 
consumo rápido e com o entretenimento fácil, abre caminho ao 
surgimento de novos produtos culturais voltados muito mais 
para a distração do que para o fazer consciente. Por isso, 
Adorno e Horkheimer identificam que as artes se encontram 
submetidas às regras do mercado capitalista e à lógica dessa 
indústria cultural, que alimenta uma prática de consumo de 
ideias e produtos fabricados em série. As obras de arte 
convertem-se em mercadorias, pois deixam de ser 
instigadoras de conhecimento para reduzirem-se à divulgação 
rápida e simples de ideias cuja complexidade e importância 
ficaram perdidas. 
 
Segundo os pensadores frankefurteanos, há uma série de 
problemas relacionados ao surgimento da indústria cultural: 
- ela faz e desfaz “modas” para alimentar a expectativa do 
mercado; 
- ela padroniza os gostos e comportamentos; 
- ela reduz o poder contestador das artes, ao converter a 
produção cultural em entretenimento; 
- ela cria a ilusão de que temos acesso aos bens culturais e de 
que a escolha é livre, mas na verdade somos induzidos a um 
consumo constante que favorece a alienação das 
consciências; 
- ela trabalha, na forma de uma mídia jornalística, com 
informações fragmentadas, muitas vezes sem embasamento, 
conteúdo ou história; 
- a TV muda a capacidade de concentração humana; 
- a publicidade gera uma INFANTILIZAÇÃO: o intervalo de 
tempo entre o desejo e a satisfação é intolerável; 
 
Massa: aglomerado sem forma, sem identidade e sem pleno 
direito à cultura. 
Cultura de massa: cultura padronizada para consumo rápido 
no mercado da moda e nos meios de comunicação, tornando-
se entretenimento.Walter Benjamin: a obra de arte na era de sua 
reprodutibilidade técnica 
 
Modernidade 
 
A modernidade percebida por Benjamin é o tempo 
marcado pelo desenvolvimento do capitalismo, pelo progresso 
da técnica, pela industrialização e pela vida nas grandes 
cidades, em que o transitar em meio à multidão e o ritmo 
acelerado da vida tornam-se marcos de uma nova forma de 
percepção que se desenvolve no indivíduo moderno por meio 
do choque com um número cada vez maior de estímulos 
sensórios. O incessantemente novo é alegoria dessa 
modernidade descrita por Benjamin: o novo se cria, mas no 
instante seguinte já se torna obsoleto. Nada, portanto, pode ser 
fixado, não há tempo para experiências efetivas, somente 
vivências fluidas no ritmo alucinante da novidade. Através da 
observação do pensamento de Benjamin, percebemos que o 
autor constrói um posicionamento crítico diante da 
modernidade ao mesmo tempo em que busca alternativas, no 
âmbito da própria modernidade, para novas formas de embate 
com o presente, de modo que os indivíduos possam construir 
experiências mais efetivas e orientarem-se na luta contra a 
opressão política. 
 
Metamorfose da percepção 
 
O desenvolvimento da técnica impõe ao sistema 
sensorial humano um treinamento complexo. Um treinamento 
para que ele possa se adaptar às percepções oriundas do 
choque, que se fazem cada vez mais constantes na grande 
cidade moderna, através das experiências táteis do confronto 
na multidão, do mover-se no tráfego. Benjamin identifica uma 
tendência histórica de mudança nas formas de percepção: “no 
interior de grandes períodos históricos, a forma de percepção 
das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo 
que seu modo de existência. O modo pelo qual se organiza a 
percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas 
condicionado naturalmente mas historicamente”. Na 
modernidade, segundo Benjamin, há um desses processos de 
metamorfose da percepção, que ele associa historicamente 
aos progressos da técnica e do capitalismo. As formas 
contemporâneas de arte correspondem a essas profundas 
mudanças no aparelho perceptivo. 
As mudanças perceptivas que ocorrem na 
modernidade estão relacionadas à vivência de choque, que se 
torna norma nas grandes cidades, dado o ritmo vertiginoso do 
tempo do progresso. Esse tema, que o preocupa desde seus 
primeiros escritos, torna-se, no decorrer dos anos 30, uma 
parte inerente de sua reflexão sobre as transformações 
estéticas que chegam à maturação no início do século XX e 
subvertem a produção cultural, artística e política. 
 
Declínio da aura 
 
Na modernidade, as obras de arte tornam-se por 
essência reprodutíveis. Com a reprodução, a obra se priva de 
sua existência única, de sua autenticidade, algo que a mantém 
vinculada à tradição. O que se atrofia na era da 
reprodutibilidade técnica da obra de arte é, portanto, a sua 
aura; pois ela destaca a obra do domínio da tradição em que 
ela é produzida, privando-a de sua essência. Segundo 
Benjamin, na modernidade se configura um declínio da aura, o 
que ele associa à crescente intensidade dos movimentos de 
massa. As massas querem possuir os objetos, querem tê-los 
mesmo que sejam cópias, reproduções; querem poder, através 
da imagem dos objetos, fixar sua própria imagem. Essa 
tendência das massas de retirar o objeto de seu invólucro 
acaba por destituir-lhes da aura. Eis uma tendência que se 
propaga no universo cultural do capitalismo, através dos 
movimentos de massificação, através do fetiche que se cria em 
torno da mercadoria. 
Com a reprodução, ao mesmo tempo, a obra de arte 
se emancipa. Ela cada vez mais é criada para ser reproduzida, 
desvinculando-se, assim, da tradição e de seu valor de culto. 
Assim é o caso da fotografia, ou o do cinema, em que a 
reprodução é um processo inerente à própria produção da 
obra. Na medida em que é irrecuperável, tal como a narrativa, 
a discussão sobre autenticidade perde um pouco do sentido. 
Resta saber quais funções podem se criar para essas novas 
linguagens artísticas. 
No cinema, onde a difusão em massa da obra 
reproduzida é obrigatória, Benjamin enxerga grandes 
possibilidades. Diz ele: “O filme serve para exercitar o homem 
nas novas percepções e reações exigidas por um aparelho 
técnico cujo papel cresce cada vez mais em sua vida cotidiana. 
Fazer do gigantesco aparelho técnico do nosso tempo o objeto 
 
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das inervações humanas - é essa a tarefa histórica cuja 
realização dá ao cinema o seu verdadeiro sentido”. Esta 
afirmação vincula o cinema à possibilidade da ação política. A 
montagem, procedimento de construção da realidade fílmica, 
que caracteriza o cinema em sua essência, faz do cinema um 
instrumento importante para o posicionamento revolucionário 
do proletariado no combate à ordem social vigente capitalista; 
e para a luta contra o fascismo. Pois a montagem permite a 
construção e porque o cinema fala necessariamente às 
massas. Para a utilização política do cinema, contudo, é 
preciso que ele se liberte da exploração pelo capitalismo, que 
o faz instrumento de culto ao estrelato, de culto à mercadoria, 
“que estimula a consciência corrupta das massa que o 
fascismo tenta pôr no lugar de sua consciência de classe”.1 
Os procedimentos técnicos de filmagem permitem ao 
cinema penetrar no âmago da realidade (os grandes planos, a 
ênfase nos pormenores ocultos dos objetos, a investigação 
minuciosa dos ambientes, o universo que se cria nos décimos 
de segundo; a possibilidade de ampliar o espaço perceptível, 
de tornar o tempo mais vagaroso com a câmera lenta). “É 
evidente, pois, que a natureza que se dirige à câmera não é a 
mesma que se dirige ao olhar. A diferença está principalmente 
no fato de que o espaço que o homem age conscientemente é 
substituído por outro em que sua ação é inconsciente. (...) O 
gesto de pegar um isqueiro ou uma colher nos é 
aproximadamente familiar, mas nada sabemos sobre o que se 
passa verdadeiramente entre a mão e o metal (...) Aqui 
intervém a câmera com seus inúmeros recursos auxiliares, sua 
imersões e emersões, sua interrupções e isolamentos, sua 
extensões e suas acelerações, suas ampliações e suas 
miniaturizações. Ela nos abre, pela primeira vez, a experiência 
do inconsciente ótico”. Benjamin, através dessa afirmação, 
atribui ao cinema uma característica construtiva fundamental. 
Através de seus procedimentos técnicos, que penetram no 
âmago da realidade, a realização de uma experiência faz-se 
possível. Uma experiência adequada às profundas 
modificações da estrutura perceptiva do homem 
contemporâneo, pois as imagens cinematográficas são 
percebidas através de choques, tal como se dá a vivência na 
modernidade. 
A experiência que o cinema é capaz de fixar deve 
orientar-se para um despertar histórico: é preciso utilizar o 
cinema, enquanto linguagem artística relacionada a um tipo de 
percepção que se desenvolve na modernidade, como veículo 
de luta contra o fascismo. Assim, na visão de Benjamin, 
experiência do cinema requer um posicionamento 
revolucionário orientado pela necessidade de transformação 
da ordem social vigente. 
 
Herbert Marcuse: necessidade x possibilidade 
 
Sua obra é marcada significativamente pelas teorias de Marx 
e Freud. 
 
Na obra “Eros e Civilização”, Marcuse afirma que há 
uma necessidade de repressão de instintos para que se 
configure a vida civilizada. Inspirado por Freud, destaca que a 
história do ser humano é a história de sua repressão, do 
combate ao livre prazer em prol do trabalho, do adiamento do 
princípio do prazer para atender o princípio da realidade. Para 
Marcuse, contudo, essa repressão é parte da constituição da 
vida social, não sendo característica de um momento histórico 
específico, mas ela se potencializa com a racionalidade 
 
 
moderna, uma vez que no capitalismo há uma falsa sensação 
de liberdade vinculada ao prazer proporcionado pelas relações 
de consumo. Essa sensação é ilusória,pois trocamos nosso 
tempo de vida, mediante relações alienadas de trabalho, para 
atender tais demandas de consumo. O consumismo, assim, se 
alimenta de nossos instintos e desejos mais primitivos ao 
mesmo tempo em que nos prende numa espécie de ciclo 
vicioso. A alienação e a massificação têm como consequência 
a formação de um “homem unidimensional”, incapaz de criticar 
a opressão e construir alternativas futuras. Preso ao eterno 
ciclo consumo-trabalho, o homem unidimensional tem a 
impressão de desfrutar de algum grau de liberdade, mas reduz 
sua existência às instâncias materiais, tornando-se mais e 
mais alienado e infantilizado. 
O problema da sociedade moderna seria, então, a 
invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora a todos 
os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa 
economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo 
aos processos de alienação do homem. As necessidades são 
forjadas e não há possibilidade para que o sujeito as alcance, 
dado o ritmo acelerado das transformações tecnológicas, 
vinculadas a novos produtos que são oferecidos ao consumo. 
Cada produto vincula-se a uma nova necessidade, que se 
torna mobilizadora de outros desejos e frustrações. A ausência 
de dinheiro é um inibidor das possibilidades, mas o dinheiro 
não deixa de ser parte de todo um jogo fictício. O que separa, 
de fato, o indivíduo daquilo que deseja? Do que realmente ele 
necessita? Na modernidade capitalista, o próprio indivíduo 
desconhece de fato quais são suas necessidades e reais 
possibilidades, porém vende sua força de trabalho e tempo de 
vida para obter dinheiro e consumir mais e mais. 
A construção de uma sociedade menos repressiva 
estaria vinculada ao aumento do tempo livre, capaz de 
potencializar outras esferas da vida além do trabalho e 
consumo imediato. Marcuse entende que o tempo livre seria 
consequência do próprio desenvolvimento tecnológico (uma 
vez que com a informatização seriam necessárias menos 
horas de trabalho) e que poderia levar o indivíduo a uma 
condição de emancipação, quando superadas as amarras do 
trabalho alienado e da reificação. No entanto, para isso 
acontecer o indivíduo precisaria desfrutar de suas experiências 
sociais e culturais de modo mais autônomo e crítico, tornando-
se apto a fazer um uso criativo e, portanto, mais significativo 
de seu tempo. 
 
Habermas: teoria da ação comunicativa 
 
Jurgen Habermas é um dos principais expoentes da 
segunda geração da Escola de Frankfurt. Ele dá continuidade 
às discussões sobre a racionalidade instrumental, agora 
inserida no contexto da segunda metade do século XX, 
caracterizada (após queda do Muro de Berlim) pela hegemonia 
do capitalismo tardio, pelo desenvolvimento tecnológico 
avançado e pela formação das democracias contemporâneas. 
Para Habermas, a linguagem funciona como 
interpretação e significação do mundo. Numa sociedade 
emancipatória, predominam as ações comunicativas, nas 
quais os grupos sociais adquirem autonomia e passam a 
intervir nos rumos políticos e sociais, tendo como base as 
discussões racionais em espaços que antes eram dominados 
pelo agir instrumental. O filósofo valoriza as ações dos 
movimentos sociais que fortalecem os grupos minoritários e 
 
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ampliam o debate político, favorecendo a consolidação dos 
governos democráticos. 
Sua preocupação não é romper a lógica instrumental 
do capitalismo, que considera eficiente em termos produtivos, 
mas fortalecer a ação comunicativa e o debate democrático de 
grupos que possam impedir que a razão instrumental tome 
conta da política, da educação, da cultura e de esferas da vida 
que, em uma sociedade livre, deveriam ser moldadas por uma 
racionalidade mais comunicativa, ética e humanitária. 
Dessa forma, Habermas defende medidas que 
incrementem a interação social e o debate racional em um 
mundo tomado pela racionalidade instrumental. Tais medidas, 
em sua ideia, poderiam fortalecer as democracias 
contemporâneas. 
 
Texto complementar: 
 
Kant, Descartes e Locke (como Francis Bacon, antes 
deles) foram todos movidos pelo sonho de uma humanidade 
magistral (quer dizer, coletivamente livre de restrições) – única 
condição na qual, acreditavam, a dignidade humana pode ser 
respeitada e preservada. A soberania da pessoa humana era 
a preocupação declarada e subjetivamente autêntica desses 
filósofos; foi em nome dessa soberania que eles quiseram 
elevar a razão ao cargo de suprema legisladora. E, no entanto, 
havia certa afinidade eletiva entre a estratégia da razão 
legisladora e a prática do poder estatal empenhado em impor 
a ordem desejada sobre a realidade rebelde. Independe dos 
propósitos conscientes dos pensadores, a razão legislativa da 
filosofia moderna e da moderna mentalidade científica em 
geral repercutia as tarefas práticas postuladas pelo Estado 
moderno. (...) 
Muitos cientistas (de meados século XIX ao princípio 
do século XX) eram guiados unicamente por uma 
compreensão adequada e incontestada do papel e da missão 
da ciência – e por um sentimento de dever face à visão da boa 
sociedade, uma sociedade sadia, ordeira. Em especial, eram 
guiados pela convicção nada idiossincrática e tipicamente 
moderna de que o caminho para essa sociedade passa pela 
domesticação final das forças naturais inerentemente caóticas 
e pela execução sistemática, se necessário impiedosa, de um 
plano racional cientificamente concebido. (...) Seguiam as 
regras imparciais da descoberta científica dos fatos e dos 
meios mais racionais para atingir determinados fins (e a 
racionalidade instrumental é, como todos cremos, política e 
moralmente neutra); eles com efeito trabalharam para 
melhorar a condição da raça humana, não inteiramente segura 
quando entregue à espontaneidade da natureza; eles com 
efeito queriam construir um mundo melhor, mais limpo e 
ordenado, mais apropriado ao que quer que se considere vida 
humana adequada. 
Os casos mais extremos e bem documentados de 
“engenharia social” foram produto legítimo do espírito 
moderno, daquela ânsia de auxiliar e expressar o progresso da 
humanidade rumo à perfeição que foi por toda parte a mais 
eminente marca da era moderna – daquela “visão otimista de 
que o progresso científico e industrial removia em princípio 
todas as restrições sobre a passível aplicação do 
planejamento, da educação e da reforma social na vida 
cotidiana”. (...) 
Uma vez assentadas as questões de que a ordem era 
desejável e de que era dever dos governantes administrar sua 
instauração, o resto era questão de frio cálculo de custos e 
efeitos – arte em que o espírito moderno também se 
destacava. Os nazistas não podem reivindicar nenhum crédito 
pela invenção e codificação dessa arte. Se existiu uma 
organização que realmente expressava o temperamento 
moderno, foi a Liga Monista Alemã, de Häckel, com seu 
espírito e programa radicalmente científicos e positivistas. 
Coube ao próprio Häckel enunciar as conclusões lógicas: “pela 
destruição indiscriminada de todos os criminosos incorrigíveis, 
não apenas se tornaria mais fácil a luta pela vida entre as 
melhores parcelas da humanidade, como também um 
vantajoso processo artificial de seleção seria colocado em 
prática, uma vez que a possibilidade de transmitir as qualidade 
prejudiciais seria subtraída àqueles párias”. À medida que a 
cadeia de “genes ruins” diminui raças à combinação de 
“medidas científicas” de destruição física e manipulação 
reprodutiva, a nação conta os benefícios – “redução de custos 
judiciais e de prisão, de gastos e despesas, em favor dos 
pobres”. 
A ciência moderna nasceu dessa esmagadora 
ambição de conquistar a Natureza e subordiná-la às 
necessidades humanas. A insensibilidade da natureza e a 
loquacidade da ciência são atadas num laço de legitimação 
recíproca que não pode se desfazer. Como outro do humano, 
o natural é o oposto do sujeito dotado de vontade e capacidade 
moral. É a poderosa vontade da humanidade como“maestra 
do universo”. Os objetos podem ser rios correndo sem sentido 
na direção errada, “onde não são necessários”. Ou plantas que 
nascem em lugares “onde comprometem a harmonia”. Ou 
animais que não põem o número de ovos ou não desenvolvem 
úberes grandes o bastante para “torná-los úteis”. Ou 
criminosos e bêbados ou débeis mentais que não funcionam 
para nenhuma utilidade significativa e são portanto 
“renaturalizados” em degenerados “ex-humanos”. Ou criaturas 
com cor de pele, forma corporal ou comportamento 
“estranhos”, envolvidas em atividades “sem sentido”, cuja 
presença “não pode servir a nenhum propósito útil”. Qualquer 
coisa que compromete a ordem, a harmonia, o plano, 
rejeitando assim um propósito e um significado, é Natureza. E, 
sendo Natureza, deve ser tratado como tal. 
 
Zygmunt Bauman. Modernidade e Ambivalência. Rio de 
Janeiro: Zahar, 1999. Pp. 34 – 52. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (UEM 2012) “Jürgen Habermas (1929) é um dos principais 
representantes da chamada segunda geração da Escola de 
Frankfurt”. Este filósofo elaborou “uma teoria social baseada 
no conceito de racionalidade comunicativa, que se contrapõe 
à razão instrumental” 
 
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena 
Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São 
Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.200). 
 
Segundo o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que 
for correto. 
 
01) Jürgen Habermas critica a filosofia de René Descartes, por 
considerá-la uma filosofia metafísica fundada em uma 
reflexão solitária, centrada no sujeito. 
02) O positivismo é, para Jürgen Habermas, a teoria e o 
método mais seguro para alcançar um conhecimento 
preciso da realidade social. 
04) O uso da razão instrumental é, para Jürgen Habermas, 
válido, quando se trata de agir sobre objetos ou sobre 
natureza, a fim de suprir as necessidades do homem. 
 
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08) A razão discursiva, que fundamenta a teoria da ação 
comunicativa de Jürgen Habermas, tem como princípio 
que a verdade só pode ser alcançada na relação 
intersubjetiva entre indivíduos que se dispõem a chegar a 
um consenso. 
16) Para Jürgen Habermas, o princípio da situação ideal de 
fala, mesmo sendo contrafactual, é necessário para evitar 
que relações de poder possam desviar a linguagem de seu 
objetivo, isto é, alcançar o entendimento. 
 
2. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. 
 
Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está 
ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, 
no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e 
somente nela, que se desdobra a história da obra. Essa 
história compreende não apenas as transformações que ela 
sofreu, com a passagem do tempo, em sua estrutura física, 
como as relações de propriedade em que ela ingressou. Os 
vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises 
químicas ou físicas, irrealizáveis na reprodução; os vestígios 
das segundas são o objeto de uma tradição, cuja 
reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o 
original. 
 
(BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua 
reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas, Vol. 1: magia 
e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da 
cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 
1994. p.167.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos acerca de Walter 
Benjamin, explique por que as técnicas de reprodução 
provocam a destruição das condições de autenticidade da obra 
de arte. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 
 
3. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. 
 
Os homens sempre tiveram de escolher entre submeter-se à 
natureza ou submeter a natureza ao eu. 
 
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do 
Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio 
de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. p.43.) 
 
Com base no texto, é correto afirmar que a análise de Adorno 
e Horkheimer estabeleceu a ideia de que o homem 
 
I. interage com a natureza de maneira pacífica, assimilando a 
de forma idílica. 
II. age com astúcia diante dos fenômenos naturais, ao forjar 
uma relação de instrumentalidade com a natureza. 
III. esclarecido e com pleno domínio da natureza promove a 
sua autoconsciência. 
IV. apreende a natureza visando controlá-la, o que resulta na 
submissão dela. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 
 
4. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. 
 
O ser humano, no decorrer da sua existência na face da terra 
e graças à sua capacidade racional, tem desenvolvido formas 
de explicação do que há no intuito de estabelecer um nexo de 
sentido entre os fenômenos e as experiências por ele 
vivenciados. Essas vivências, à medida que são passíveis de 
expressão através das construções simbólicas contidas na 
linguagem, apresentam um caráter eminentemente social. 
 
(HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. Londrina: 
Edições Cefil, 1999. p.13.) 
 
Com base na obra Molhe Espiral, no texto e nos 
conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) A linguagem, em razão de sua dimensão material, inviabiliza 
a (re)produção simbólica da sociedade. 
b) As construções simbólicas se valem do apreço instrumental 
e do valor mercantil. 
c) A importância do simbólico na sociedade decorre de sua 
adequação aos parâmetros funcionais e técnicos. 
d) A dimensão simbólica da sociedade é inerente à forma como 
o homem assegura sentido à realidade. 
e) A forma de expressão dos elementos simbólicos na arena 
social deve atender a uma utilidade prática. 
 
5. (UFPA 2011) “Adorno e Horkheimer (os primeiros, na 
década de 1940, a utilizar a expressão “indústria cultural” tal 
como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria 
desempenha as mesmas funções de um estado fascista (...) 
na medida em que o individuo é levado a não meditar sobre si 
mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, 
transformando-se em mero joguete e em simples produto 
alimentador do sistema que o envolve.” 
 
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(COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, 
Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado) 
 
Adorno e Horkeimer consideram que a indústria cultural e o 
Estado fascista têm funções similares, pois em ambos ocorre 
 
a) um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao 
alcance das massas o que possibilita sua conscientização. 
b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar o valor 
das obras artísticas e bens culturais, assim como de 
conviver em harmonia com seus semelhantes. 
c) o aprimoramento do gosto estético por meio da indústria do 
entretenimento, em detrimento da capacidade de reflexão. 
d) um processo de alienação do homem, que leva o indivíduo 
a perder ou a não formar uma imagem de si e da sociedade 
em que vive. 
e) o aprimoramento da formação cultural do individuo e a 
melhoria do seu convívio social pela inculcação de valores, 
de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na 
medida em que este produz divergências no âmbito da 
sociedade. 
 
6. (UNESP 2011) “Em troca dos artigos que enriquecem sua 
vida, os indivíduos vendem não só seu trabalho, mas também 
seu tempo livre. As pessoas residem em concentrações 
habitacionais e possuem automóveis particulares com os quais 
já não podem escapar para um mundo diferente. Têm 
gigantescas geladeiras repletas de alimentos congelados. Têm 
dúzias de jornais e revistas que esposam os mesmos ideais. 
Dispõem de inúmeras opções e inúmeros inventos que são 
todos da mesma espécie, que as mantêm ocupadas e distraem 
sua atenção do verdadeiroproblema, que é a consciência de 
que poderiam trabalhar menos e determinar suas próprias 
necessidades e satisfações”. 
 
(Herbert Marcuse, filósofo alemão, 1955.) 
 
Caracterize a noção de liberdade presente no texto de 
Marcuse, considerando a relação estabelecida pelo autor entre 
liberdade, progresso técnico e sociedade de consumo. 
 
7. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
 
 Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas 
apresenta uma reformulação do conceito weberiano de 
racionalização pela qual lança as bases conceptuais de sua 
teoria da sociedade. Neste sentido, postula a distinção 
irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou 
agir comunicativo, bem como a pertinência da conexão 
dialética entre essas categorias, das quais deriva a 
diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade e 
os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo 
Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte 
da Ideologia Alemã revela que “Marx não explicita 
efetivamente a conexão entre interação e trabalho, mas sob o 
título nada específico da práxis social reduz um ao outro, a 
saber, a ação comunicativa à instrumental”. 
 
(Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como 
“ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento 
de Habermas, é correto afirmar: 
 
a) O crescimento das forças produtivas e a eficiência 
administrativa conduzem à organização das relações 
sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer formas 
de dominação. 
b) A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento 
da técnica e da ciência depende da prevenção das 
disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução 
material da vida e suas respectivas formas interativas. 
c) O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças 
produtivas, permite estabelecer uma nova forma de 
legitimação que, por sua vez, nega as estruturas da ação 
instrumental, assimilando-as à ação comunicativa. 
d) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a 
luta pela emancipação diz respeito tanto ao agir 
comunicativo, contra as restrições impostas pela 
dominação, quanto ao agir instrumental, contra as restrições 
materiais pela escassez econômica. 
e) A racionalização na dimensão da interação social submetida 
à racionalização na dimensão do trabalho na práxis social 
determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das 
forças produtivas e do bem-estar da vida humana. 
 
8. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
 
 Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina 
uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia 
ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do 
conhecimento científico, o qual permitiria uma crescente 
dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na 
obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer 
defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi 
convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em 
numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico 
consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da 
racionalidade instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas 
que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos 
de concentração nazistas. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 
desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar: 
 
a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade 
instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, 
apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir novamente ao 
mito. 
b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso 
científico não consegue superar o mito, mas se torna um tipo 
de concepção mítica incapaz de discriminar o que é certo 
do que é errado moralmente. 
c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço 
da racionalidade instrumental consistia num incremento da 
capacidade humana de avaliar moralmente. 
d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio 
do homem sobre a natureza conduziria os seres humanos a 
uma forma de dogmatismo. 
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso 
técnico e científico como a solução para os sofrimentos 
humanos e para as incertezas morais humanas. 
 
9. (UEL 2010) Leia o texto a seguir: 
 
 “A ideia de progresso manifesta-se inicialmente, à 
época do Renascimento, como consciência de ruptura. [...] No 
século XVIII tal ideia associa-se à consciência do caráter 
progressivo da civilização, e é assim que a encontramos em 
 
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Voltaire. Tal como para Bacon, no início do século XVII, o 
progresso também é uma espécie de objeto de fé para os 
iluministas. [...] A certeza do progresso permite encarar o futuro 
com otimismo”. 
 
(Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São 
Paulo: Ática, 1989, p. 61-62.) 
 
Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso 
também se transformou em objeto de análise do grupo de 
pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social vinculado à 
Universidade de Frankfurt. 
 
Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é 
correto afirmar: 
 
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores 
entendem que a superação do modelo de racionalidade 
inerente aos conflitos do século XX depende do justo 
equilíbrio entre uso público e uso privado da razão. 
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo 
de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-
los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência 
e da técnica, foi atingido. 
c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes da 
primeira metade do século XX um novo entendimento da 
noção de progresso tendo como referência o conceito de 
racionalidade comunicativa. 
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O 
autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao 
longo da modernidade foi rompido com as guerras do século 
XX. 
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores 
questionam a compreensão da noção de progresso 
consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar 
vinculada a um modelo de racionalidade de cunho 
instrumental. 
 
10. (UEL 2010) Leia o seguinte texto de Adorno e Horkheimer: 
 
O esclarecimento, porém, reconheceu as antigas 
potências no legado platônico e aristotélico da metafísica e 
instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos 
universais, acusando-a de superstição. Na autoridade dos 
conceitos universais ele crê enxergar ainda o medo pelos 
demônios, cujas imagens eram o meio, de que se serviam os 
homens, no ritual mágico, para tentar influenciar a natureza. 
Doravante, a matéria deve ser dominada sem o recurso ilusório 
a forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de qualidades 
ocultas. O que não se submete ao critério da calculabilidade e 
da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento. 
 
(ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do 
Esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Tradução de Guido 
Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 
21.) 
 
Com base no texto e no conceito de esclarecimento de Adorno 
e Horkheimer, é correto afirmar: 
 
a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo 
matemático, a base do conhecimento técnico-científico que 
sustenta o modo de produção capitalista na viabilização da 
emancipação social. 
b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial da razão 
sobre a natureza interna e externa e a realização da 
emancipação social levada adiante pelo capitalismo. 
c) O esclarecimento compreende a realização romântica da 
racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação 
harmônica entre homem e natureza. 
d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas 
formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar 
o ser humano mais feliz, quando da realização de práticas 
rituais e religiosas. 
e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos 
pressupostos metafísicose a operacionalização do 
conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, 
redundando num modelo próprio de razão instrumental. 
 
11. (UEM 2010) “Etimologicamente a palavra alienação vem 
do latim alienare, alienus, ‘que pertence a um outro’. Alius é o 
outro. Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar 
alheio, transferir para outrem o que é seu”. 
 
(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 
45). 
 
Em relação à citação, assinale o que for correto. 
01) Karl Marx considera que a alienação acontece numa forma 
de divisão social do trabalho em que o produto do trabalho 
deixa de pertencer a quem o produziu. 
02) Para Ludwig Feuerbach, o homem aliena-se na religião, 
pois o homem religioso confere ao ente sobrenatural sua 
própria essência e qualidades, como se fossem atributos 
do ser sobrenatural. 
04) Autores expoentes da teoria crítica, tais como Theodor W. 
Adorno e Herbert Marcuse, afirmam que, na sociedade 
capitalista, as necessidades são artificialmente 
estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de 
massa, os quais levam os indivíduos a consumirem de 
maneira alienada. 
08) A arte abstrata é alienada, pois perpetua os paradigmas da 
concepção estética clássica, fundamentada nos princípios 
aristotélicos da mímesis. 
16) O taylorismo e o fordismo são formas de organizar o 
processo de trabalho que permitem acabar com a 
alienação do trabalhador. 
 
12. (UEL 2009) Texto 
 
“Se você é o que você come, e consome comida 
industrializada, você é milho”, escreveu Michael Pollan no livro 
O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima 
que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho 
de alguma forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até 
as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso 
se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase 
exclusivamente com o grão. 
O milho foi escolhido como bola da vez ao seu baixo preço no 
mercado e também porque os EUA produzem mais da metade 
do milho distribuído no mundo. 
 
(Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida 
agora vira combustível. 
Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p.33.) 
 
 
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Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 
desenvolvimento do capitalismo e a indústria cultural, 
considere as afirmativas. 
 
I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização um 
fenômeno que intensificou a padronização e a 
homogeneização como formas de reprodução técnica 
criadas a partir da revolução industrial. 
II. A abertura comercial dos portos das colônias americanas 
resultou no cercamento dos campos, facilitando o comércio 
pelo acúmulo de capitais e, em consequência, a revolução 
industrial. 
III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural constata que 
o predomínio da racionalidade técnica permitiu o resgate do 
potencial emancipatório da razão sonhado pelo projeto 
iluminista. 
IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica penetra 
todos os aspectos da vida cotidiana, subjugando o homem 
a um processo de instrumentalização cultural e 
homogenização de comportamentos. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
13. (UEL 2009) O debate nascido nos anos 80 sobre a crise da 
modernidade tem como pano de fundo a consciência do 
esgotamento da razão, no que se refere a sua incapacidade de 
encontrar perspectivas para o prometido progresso humano. O 
pensamento de Habermas situa-se no contexto dessa crítica. 
A racionalidade ocidental, desde Descartes, pretendeu a 
autonomia da razão, baseada no sujeito que solitariamente 
representa o mundo. [...] A racionalidade prevalente na 
modernidade é a instrumental[...]. 
 
(HERMANN, N. O pensamento de Habermas. In: Filosofia. 
Sociedade e Educação. Ano I, n.I. Marília: UNESP, 1997. p. 
122-1 23.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria Crítica 
de Adorno e Horkheimer e sobre o pensamento de Jürgen 
Habermas, é correto afirmar que a racionalidade Instrumental 
constitui 
 
I. um conhecimento que se processa a partir das condições 
especificas da objetividade empírica do fato em si. 
II. o processo de entendimento entre os sujeitos acerca do uso 
racional dos instrumentos técnicos para o controle da 
natureza. 
III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o homem livre 
para compreender a si mesmo a partir do domínio do 
conhecimento científico. 
IV. um saber orientado para a dominação e o controle técnico 
sobre a natureza e sobre o próprio ser humano. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
14. (UEL 2009) Com base no pensamento estético de Adorno 
e Benjamin, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. Apesar de terem o mesmo ponto de partida, a saber, a 
análise crítica das técnicas de reprodução, Adorno e 
Benjamin chegam a conclusões distintas. Adorno entende 
que a reprodutibilidade das obras de arte é algo negativo, 
pois transforma esta última em mercadoria; para Benjamin, 
apesar de a reprodutibilidade ter aspectos negativos, uma 
forma de arte como o cinema pode ser usada potencialmente 
em favor da classe operária. 
II. Para Adorno, o discurso revolucionário na arte torna esta 
forma de expressão humana instrumentalista, e isto significa 
abolir a própria arte. Por seu turno, Benjamin considerava 
que os novos meios de comunicação não deveriam ser 
substituídos, mas sim transformados ou subvertidos 
segundo os interesses da comunicação burguesa. 
III. Para Adorno, a noção de aura na obra de arte preservava 
a consciência de que a realidade poderia ser melhor, mas 
o processo de massificação da arte dissolveu tal noção e, 
com ela, a dimensão critica da arte. Para Benjamin, a perda 
da aura destruiu a unicidade e a singularidade da obra de 
arte, que perde o seu valor de culto e se torna acessível. 
IV. Adorno vê positivamente a reprodutibilidade da arte, já que 
a obra de arte se transforma em mercadoria padronizada 
que possibilita a todos o acesso e o desenvolvimento do 
gosto estético autônomo; para Benjamin, a reprodução tem 
como dimensão negativa essencial o fato de impossibilitar 
às massas o acesso às obras. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e III são corretas. 
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
15. (UEL 2009) Sobre a crítica frankfurtiana à concepção 
positivista de ciência e técnica, é correto afirmar que a 
racionalidade técnica 
 
I. dissocia meios e fins e redunda na adoração fetichista de 
seus próprios meios. 
II. constitui um saber instrumental cujo critério de verdade é o 
seu valor operativo na dominação do homem e da natureza. 
III. aprimora a ação do ser humano sobre a natureza e resgata 
o sentido da destinação humana. 
IV. incorpora a reflexão sobre o significado e sobre os fins da 
ciência no contexto social. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
16. (UEL 2008) Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e 
Horkheimer, é corretoafirmar: 
 
a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus 
consumidores. 
 
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b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das 
massas. 
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção 
da arte. 
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus 
consumidores. 
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus 
consumidores. 
 
17. (UEM 2008) A expressão indústria cultural foi empregada 
pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento, escrito 
por Horkheimer e Adorno, filósofos de tendência marxista 
pertencentes à Escola de Frankfurt. Designa-se com essa 
expressão uma cultura produzida em série, para o mercado de 
consumo em massa, na qual a realização cultural deixa de ser 
um instrumento de crítica do conhecimento para transformar-
se em uma mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo, 
monetário. Assinale o que for correto. 
 
01) A origem da indústria cultural pode ser encontrada na 
prática dos mecenas, particularmente italianos, que 
financiavam, durante o Renascimento, a produção das 
grandes obras de arte. 
02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei, como ela 
gostaria de o fazer crer, o consumidor não é o sujeito da 
produção cultural, mas seu objeto. 
04) A indústria cultural eleva o nível cultural da maioria da 
população e aprimora a apreciação da qualidade estética 
do universo das artes. 
08) A indústria cultural é expressão da ideologia capitalista; 
sob seu poderio, as obras de arte foram esvaziadas de seu 
caráter criador e crítico, alienaram-se para tornarem-se 
puro entretenimento, isto é, objetos de consumo para um 
espectador cuja ausência de reflexão o torna passivo. 
16) A partir da segunda revolução industrial no século XIX, as 
artes usufruem uma fase de produção autônoma; com o 
advento da indústria cultural, tornam-se dependentes das 
necessidades mercadológicas do capital. 
 
18. (UEL 2007) “Em suma, o que é a aura? É uma figura 
singular, composta de elementos espaciais e temporais: a 
aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela 
esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma 
cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta 
sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas 
montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil 
identificar os fatores sociais específicos que condicionam o 
declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias, 
estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos 
movimentos de massas. Fazer as coisas ‘ficarem mais 
próximas’ é uma preocupação tão apaixonada das massas 
modernas como sua tendência a superar o caráter único de 
todos os fatos através da sua reprodutibilidade”. 
 
Fonte: BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua 
reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e Política. 
Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São 
Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, 
assinale a alternativa correta: 
 
a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte 
perdeu sua aura. 
b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua 
qualidade aurática. 
c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância 
e a transcendência dos objetos artísticos. 
d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a 
reprodutibilidade técnica. 
e) O declínio da aura não tem relação com as transformações 
contemporâneas. 
 
19. (UEL 2005) Analise a figura a seguir. 
 
 
 
“Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o 
horizonte da atividade e do pensamento humanos, a 
autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade 
de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação 
das massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo 
independente sofreram aparentemente uma redução. O 
avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de 
um processo de desumanização. Assim, o progresso ameaça 
anular o que se supõe ser o seu próprio objetivo: a ideia de 
homem”. 
 
(HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Trad. de Sebastião 
Uchôa Leite. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976. 
p. 6.) 
 
Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos sobre 
racionalidade instrumental, é correto afirmar: 
 
a) A imagem de Chaplin está de acordo com a crítica de 
Horkheimer: ao invés de o progresso e da técnica servirem 
ao homem, este se torna cada vez mais escravo dos 
mecanismos criados para tornar a sua vida melhor e mais 
livre. 
b) A imagem e o texto remetem à ideia de que o 
desenvolvimento tecnológico e o extraordinário progresso 
permitiram ao homem atingir a autonomia plena. 
c) Imagem e texto apresentam o conceito de racionalidade que 
está na estrutura da sociedade industrial como viabilizador 
da emancipação do homem em relação a todas as formas 
de opressão. 
d) Enquanto a imagem de Chaplin apresenta a autonomia dos 
trabalhadores nas sociedades contemporâneas, o texto de 
Horkheimer mostra que, quanto maior o desenvolvimento 
tecnológico, maior o grau de humanização. 
e) Tanto a imagem quanto o texto enaltecem a inevitável 
instrumentalização das relações humanas nas sociedades 
contemporâneas. 
 
GABARITO: 
 
1. 29 3. [B] 4. [D] 5. [D] 6. [D] 
7. [B] 8. [E] 9. [E] 10. 07 11. [B] 
12. [B] 13. [B] 14. [A] 15. [D] 16. 26 
17. [C] 18. [A] 
 
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SEMANA 2: Schopenhauer e Nietzsche 
 
1. Schopenhauer (1788 – 1860) 
 
Arthur Schopenhauer descende de uma família rica e 
cosmopolita em Danzing (atualmente Polônia), que 
posteriormente transfere-se para Hamburgo. Esperava-se que 
Arthur se tornasse um notório comerciante, como seu pai. 
Após o falecimento de seu pai, possivelmente em decorrência 
de um suicídio, Schopenhauer resolve abandonar o comércio 
e inicia seus estudos de Filosofia. Mantém uma relação 
problemática com a mãe ao longo de toda a vida, 
frequentemente culpando-a pela morte do pai. Torna-se 
professor na Universidade de Berlim e vive seus últimos anos 
em isolamento, apenas com a companhia de seus cachorros, 
na cidade de Frankfurt. 
Schopenhauer foi influenciado pelas ideias de Kant, 
particularmente em relação à sua concepção fenomenológica. 
Isso significa que, para ele, o mundo não passa de uma 
REPRESENTAÇÃO, em que temos de um lado o objeto 
definido pelo tempo e espaço e de outro a consciência 
subjetiva, essencial para que o mundo exista. O que 
percebemos do mundo não transcende os limites do próprio 
campo de visão subjetivo. Nossa subjetividade é muito mais 
ampla e contundente do que nossa racionalidade, uma vez que 
somos movidos por uma força maior, que rege toda a natureza, 
a qual o filósofo chama de VONTADE. 
 
A vontade – querer irracional e inconsciente – é a força que 
movimenta as ações humanas. O homem, egoísta, vive a 
ilusão de que é o centro de tudo. A vontade manifesta-se na 
forma de nossos desejos mais básicos, induzindo-nos a viver 
em constante desapontamento e frustação na tentativa de 
aliviar tais anseios. O indivíduo busca sua própria conservação 
e satisfação das necessidades físicas e psicológicas e 
concebe o mundo sempre a partir de si mesmo. Alteram-se 
momentos de dor e frustação a momentos de tédio, numa 
dinâmica que tem como substrato maior a insatisfação e o 
sofrimento. 
O ser é o próprio desejo. Por isso, o sofrimento é o 
substrato de toda a vida. Desejo é sofrimento, pois nasce de 
uma falta. O prazer é apenas uma supressão momentânea da 
dor. O “pessimismo” de Schopenhauer nasce dessa visão do 
sofrimento como parte da natureza humana. 
 
Crítica a Hegel: não há um princípio de racionalidade 
organizando, regendo o mundo físico. A realidade não é um 
plano racional dotado de sentido, mas fruto de uma Vontade 
irracional e sem propósito. As coisas apenas buscam se 
preservar e, por isso, muitas vezes se põem em conflito. 
A moral da sociedadeé apenas uma repressão do 
desejo e, diferente de Kant, não resulta de uma concepção 
racional acerca do bem. Somente por meio da experiência de 
compaixão o indivíduo pode superar o seu egocentrismo, uma 
vez que passaria a reconhecer o outro como alguém igual a si. 
A consciência ética resultaria, portanto, de uma negação da 
vontade (influência do Budismo). 
 
A contemplação estética – especialmente da música – e a 
expressão artística (que leva o sujeito ao autoconhecimento) 
também podem levar ao alívio dessa condição miserável em 
que se encontra. 
“A partir dessa impossibilidade de satisfação, dessa 
perpétua condenação ao desejo, Schopenhauer estabelece a 
célebre fórmula: 'A vida oscila, portanto, como um pêndulo, da 
direita para a esquerda, da dor ao tédio. O movimento da vida 
está submetido ao movimento do desejo, e o desejo tem por 
princípio uma necessidade, uma falta, logo uma dor'. A alegria 
do homem é apenas uma felicidade negativa, a alegria de se 
recusar à vontade e, assim, evitar os aborrecimentos. 
Enquanto dominado pela vontade, ele conhece apenas a 
oscilação entre tédio e dor. Portanto, para Schopenhauer, o 
sofrimento é o substrato de toda a vida. (…) 
Da experiência de compaixão – reconhecimento de 
que todos os seres são, na verdade, um mesmo ser – surgem 
na consciência moral os valores de justiça e da caridade e, 
portanto, a superação do egoísmo. Por estar baseada num 
sentimento, a moral não recebe uma forma imperativa: 
Schopenhauer condena toda a moral prescritiva, que se 
baseia numa noção de dever”. 
(Flamarion Caldeira Ramos. Schopenhauer: uma visão 
desencantada da existência. IN: Revista Mente, Cérebro e 
Filosofia, volume 4: O Outro Lado da Racionalidade, 2005) 
2. Nietzsche (1844 – 1900) 
 
Friedrich Nietzsche nasceu na Prússia, numa família 
luterana. Desde cedo pensou em seguir a carreira de pastor, 
entretanto, rejeitou a crença religiosa durante sua 
adolescência e o seu contato com a filosofia afastou-o da 
carreira teológica. Iniciou seus estudos em filologia clássica e 
teologia evangélica na Universidade de Bonn. Aos 24 anos 
tornou-se professor na Universidade de Basel, onde conheceu 
Richard Wagner, que o influenciou fortemente – até o 
antissemitismo do músico levar Nietzsche a romper a amizade. 
Sofreu muitos problemas de saúde ao longo da vida e, por 
conta disso, foi forçado a deixar o cargo de professor em 1879. 
Após muitas viagens pela Europa, sofreu uma espécie de 
colapso mental em 1889, do qual nunca se recuperou. Passou 
seus últimos anos sob os cuidados de sua mãe e de sua irmã 
mais nova. 
A obra filosófica de Nietzsche, sempre muito enigmática e 
complexa, centra-se em torno de uma contundente crítica aos 
parâmetros morais (religiosos) e de racionalidade que 
fundamentam a cultura ocidental. Tais parâmetros teriam 
aniquilado qualquer possibilidade de afirmação da vida, 
tornando-se sua própria negação. O filósofo atrela tais 
parâmetros ao que chama de “espírito apolíneo”, que 
compreende a postura filosófico-científica. Essa postura nos 
afasta da natureza e das forças vitais, sendo antagônica ao 
que chama de “espírito dionisíaco”, que simboliza o aspecto 
não racional da vida humana. 
O Cristianismo surge nesse contexto apolíneo como uma 
espécie de popularização de ideais já presentes na filosofia de 
Sócrates e de Platão: negar tudo o que se relaciona ao corpo 
em prol de uma racionalidade maior capaz de conduzir o 
homem ao Bem, à verdade. A moral do cristianismo seria a 
própria negação da vida, uma vez que submete tudo o que 
corpóreo à noção de pecado e orienta o sujeito a uma salvação 
após a morte. Seria, portanto, uma moral de rebanho, centrada 
em valores como resignação, autopiedade, controle dos 
instintos e submissão. 
Nietzsche opõe essa “moralidade dos fracos” a uma moral 
de senhor. Resgata a noção de vontade schopenhauriana, 
mas não a valora negativamente. Acredita que o sujeito deva 
derrubar os parâmetros morais que o aprisionam e realizar sua 
vontade de potência. Assim, afirmar a vida, para Nietzsche, 
significa superar a moral vigente. Por isso, deve-se “matar 
Deus”: superar a fase de reverência a um ser superior (criação 
discursiva do próprio homem) e passar a cultuar a vida, por 
meio de uma nova ética – equilíbrio entre a razão e os desejos. 
 
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“Dado que se tenha compreendido o caráter hediondo 
dessa revolta contra a vida, que se tornou quase sacrossanta 
na moral cristã, compreendeu-se também, felizmente, uma 
outra coisa: uma condenação da vida por parte do vivente é 
apenas um sintoma de uma determinada espécie de vida. 
Disto se segue que também que essa antinatureza de moral, 
que concebe deus como antítese e condenação da vida, é 
apenas um juízo de valor da vida - de qual vida? de qual 
espécie de vida? - Já dei a resposta: da vida declinante, 
enfraquecida, cansada, condenada. A moral – tal como até 
hoje foi entendida – tal como formulada também por 
Schopenhauer enfim, como “negação da vontade de vida” - é 
o instinto mesmo de decadência que se converte em 
imperativo: ela diz “pereça” - ela é o juízo dos condenados... 
(Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos ou como se 
filosofa com o martelo. São Paulo: Cia das Letras, 2006; pp. 
33-38) 
 
O homem é uma corda estendida entre o animal e o além 
homem: uma corda sobre um abismo. Esta afirmação marca 
um de seus mais famosos livros, chamado Assim Falou 
Zaratustra, em que Nietzsche debate a condição humana e 
afirma a necessidade da superação de uma fase de reverência 
a um ser superior. Para o filósofo, não há verdades em nossas 
crenças, em nossas filosofias, tampouco em nossos 
parâmetros morais. Tudo o que usamos para nos embasar são 
unidades discursivas que carregam ideias, mas não verdades. 
Assim, não podemos reverenciar nossa vida em muletas 
metafísicas, noções parcas que usamos para atribuir algum 
sentido ao caos, se essas próprias muletas nos impedem de 
viver. Nietzsche evoca, assim, o além homem, capaz de 
superar tal fase de reverência a deus (matar deus) e afirmar a 
vida, mesmo que não consiga atribuir um sentido metafísico a 
suas experiências. 
“Nietzsche acreditava que certos conceitos tornam-se 
indissociavelmente emaranhados: humanidade, moralidade, 
Deus. Quando seus personagem Zaratustra diz que Deus está 
morto, não apenas lançou um ataque contra a religião, mas fez 
algo muito mais audacioso. Deus, aqui, não significa aqui o 
deus sobre o qual os filósofos falam ou para o qual os 
religiosos rezam: ele significa a soma total dos valores mais 
elevados que podemos ter. A morte de Deus não é apenas a 
morte de uma deidade. É também a morte detodos os valores 
ditos elevados que herdamos. 
Um dos objetivos centrais da filosofia de Nietzsche é o que ele 
chamou de revaloração de todos os valores, uma tentativa 
de questionar todas as maneiras habituais de pensar sobre 
ética e sobre os sentidos e objetivos da vida. Nietzsche insistiu 
que, ao fazer isso, estava inaugurando uma filosofia da alegria 
– que, embora subverta tudo o que imaginamos até agora 
sobre bem e mal, procura afirmar a vida.” 
(O Livro da Filosofia – Ed. Globo, 2011) 
 
“Pensamento 283 – Principal defeito dos homens de ação 
Aos homens de ação falta geralmente a atividade 
superior: refiro-me à individual. 
Eles agem como funcionários, comerciantes, eruditos, 
dito de outro modo, como representantes de uma espécie, mas 
não como homens determinados, individualizados e únicos; 
nesse aspecto, são preguiçosos. 
A infelicidade dos homens de ação é que sua atividade 
é quase sempre um pouco irracional. Não se pode, por 
exemplo, perguntar ao banqueiro que acumula dinheiro qual o 
objetivo de sua incansável atividade: ela é irracional. Os 
homens de ação rolam como rola a pedra, seguindo a lei bruta 
da mecânica. 
Todos os homens se dividem, como em todos os 
tempos até nossos dias, em escravos e livres; pois quem não 
tiver para si dois terçosdo seu dia é um escravo, seja ele, de 
resto, o que quiser: político, comerciante, funcionário, erudito.” 
(Friederich Nietzsche, Humano, demasiado humano - 1878) 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (UEG 2011) No século XIX, o filósofo alemão Friedrich 
Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem” em reação 
ao que para ele era a crise cultural da época. Na década de 
1930, foi criado nos Estados Unidos o Super-Homem, um dos 
mais conhecidos personagens das histórias em quadrinhos. A 
diferença entre os dois “super-homens” está no fato de 
Nietzsche defender que o super-homem 
 
a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, 
repudiando o uso da força física e da violência na consecução 
de seus objetivos. 
b) expressaria os princípios morais do protestantismo, em 
contraposição ao materialismo presente no herói dos 
quadrinhos. 
c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, desprezando as 
noções de “bem”, “mal”, “certo” e “errado”, típicas do 
cristianismo. 
d) representaria os valores políticos e morais alemães, e não 
o individualismo pequeno burguês norte-americano. 
 
2. (UEM 2010) A Filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) 
é marcada por uma nova relação entre o racional e o irracional, 
na medida em que o irracional adquire validade por 
corresponder à necessidade de um movimento de afirmação 
da vida. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto. 
01) Para Nietzsche, o Iluminismo não libertou os homens de 
seus prejuízos, mas reforçou ainda mais seus mitos, como a 
crença na razão e no conhecimento científico. 
02) O recurso metodológico proposto por Nietzsche é a 
genealogia, isto é, movimento teórico que recorre à gênese de 
um discurso, conceito ou prática, apontando suas 
arbitrariedades e interesses. 
04) Para Nietzsche, o conhecimento é fruto de um lento 
processo de acumulação e comprovação empírica, cuja 
finalidade é salvar os fenômenos. 
08) Contra a moral dos aristocratas e nobres, Nietzsche 
defende os fracos, isto é, a moral dos escravos. 
16) A “vontade de potência” é a afirmação do 
nacionalsocialismo alemão, expresso na doutrina do super-
homem e no antissemitismo nietzscheano. 
 
3. (UNICENTRO 2010) O fragmento de texto, logo abaixo, é de 
Friedrich Nietzsche (1844-1900). Analise-o, tendo como 
referência seus conhecimentos sobre o tema, e julgue as 
assertivas que o seguem, apontando a(s) correta(s). 
 
“Todo filosofar moderno está política e policialmente limitado à 
aparência erudita, por governos, igrejas, academias, 
costumes, modas, covardias dos homens: ele permanece no 
suspiro: ‘mas se...’ ou no reconhecimento: ‘era uma vez...’ A 
filosofia não tem direitos; por isso, o homem moderno, se pelo 
menos fosse corajoso e consciencioso, teria de repudiá-la e 
bani-la. Mas a ela poderia restar uma réplica e dizer: ‘Povo 
miserável! É culpa minha se em vosso meio vagueio como uma 
 
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cigana pelos campos e tenho de me esconder e disfarçar, 
como se eu fosse a pecadora e vós, meus juízes? Vede minha 
irmã, a arte! Ela está como eu: caímos entre bárbaros e não 
sabemos mais nos salvar.” 
 
(NIETZSCHE, F. A Filosofia na época trágica dos gregos. – 
aforismo 3. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 32 (Col. Os 
Pensadores). 
 
I. Nietzsche critica a filosofia de sua época, afirmando que ela 
afastou-se da vida, refugiando-se num universo de abstração 
e deduções lógicas, criando falsos dualismos, como o de corpo 
e alma, mundo e Deus, mundo aparente e mundo verdadeiro. 
II. Em Sócrates, Nietzsche encontra o ideal de humanismo que 
irá definir sua filosofia como “estética de si”. O par conceitual, 
dionisíaco (Dionísio é o Deus da embriaguez da música e do 
caos) e apolíneo (Apolo é o Deus da luz, da forma, da harmonia 
e da ordem), mostra a herança socrática. Da luta e do equilíbrio 
final desses dois elementos opostos, surge o pensamente 
nietzschiano como saber da vida e da morte, como expressão 
do enigma da existência. 
III. Kant e sua moral são alvos do “filosofar com o martelo” 
nietzschiano: o “imperativo categórico”, isto é, a lei universal 
que deve guiar as ações humanas, é para Nietzsche uma 
ficção que provém do domínio da razão sobre os instintos 
humanos, sendo a lei de um homem descarnado e 
cristianizado. 
IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra de 
Nietzsche. Indica-nos as relações de força que se desenrolam 
em todo acontecer, assinalando seu método histórico. Assim, 
Nietzsche pensa o tempo de acordo com uma concepção 
própria, um tempo não linear, que se desenvolve em ciclos que 
se repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro 
conceito-chave de sua obra. 
 
a) Apenas IV. 
b) Apenas II e III. 
c) Apenas II, III e IV. 
d) Apenas I, II e IV. 
e) Apenas I, III e IV. 
 
4. (UFU 2010) Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) opõe à moral 
tradicional, herdeira do pensamento socrático-platônico e da 
religião judaica-cristã, a transvaloração de todos os valores. 
Conforme Aranha e Arruda (2000): “Ao fazer a crítica da moral 
tradicional, Nietzsche preconiza a ‘transvaloração de todos os 
valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decadente’, ‘de rebanho’, ‘de 
escravos’, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a 
piedade e o amor ao próximo”. Desta forma, opõe a moral do 
escravo à moral do senhor, a nova moral. 
 
(ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: 
introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 286.) 
 
Assinale a alternativa que contenha a descrição da “moral do 
senhor” para Nietzsche. 
 
a) É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da alegria. 
b) É negativa, baseada na negação dos instintos vitais. 
c) É transcendental; seus valores estão no além-mundo. 
d) É positiva, baseada no sim à vida. 
 
5. (UENP 2010) Nietzsche foi um dos mais importantes críticos 
da modernidade. Na obra A vontade de poder, o filósofo afirma 
textualmente que: “Não é verdade que o homem procure o 
prazer e fuja da dor. São de tomar em conta os preconceitos 
contra os quais invisto. O prazer e a dor são consequências, 
fenômenos concomitantes. O que o homem quer, o que a 
menor partícula de um organismo vivo quer, é o aumento de 
poder: é em consequência do esforço em consegui-lo que o 
prazer e a dor se efetivam; é por causa dessa mesma vontade 
que a resistência a ela é procurada, o que indica a busca de 
alguma coisa que manifeste oposição. A dor, sendo entrave à 
vontade de poder do homem, é, portanto, um acontecimento 
normal - a componente normal de qualquer fenômeno 
orgânico. E o homem não procura evitá-la, pois tem 
necessidade dela, já que qualquer vitória implica uma 
resistência vencida.” 
 
Sobre o pensamento do autor julgue as assertivas abaixo: 
 
I. A tragédia grega, diz Nietzsche, depois de ter atingido sua 
perfeição pela reconciliação da “embriaguez e da forma”, de 
Dionísio e Apolo, começou a declinar quando, aos poucos, foi 
invadida pelo racionalismo, sob a influência “decadente” de 
Sócrates. Assim, Nietzsche estabeleceu uma distinção entre o 
apolíneo e o dionisíaco: Apolo é o deus da clareza, da 
harmonia e da ordem; Dionísio, o deus da exuberância, da 
desordem e da música. Segundo Nietzsche, o apolíneo e o 
dionisíaco, complementares entre si, foram separados pela 
civilização. 
II. Nietzsche enriqueceu a filosofia moderna com meios de 
expressão: o aforismo e o poema. Isso trouxe como 
consequência uma nova concepção da filosofia e do filósofo: 
não se trata mais de procurar o ideal de um conhecimento 
verdadeiro, mas sim de interpretar e avaliar. 
III. Segundo Nietzsche, o cristianismo concebe o mundo 
terrestre como um vale de lágrimas, em oposição ao mundo da 
felicidade eterna do além. Essa concepção constitui uma 
metafísica que, a luz das ideias do outro mundo, autêntico e 
verdadeiro, entende o terrestre, o sensível, o corpo, como o 
provisório, o inautêntico e o aparente. Trata-se, portanto, diz 
Nietzsche, de “um platonismo para o povo”, de uma 
vulgarizaçãoda metafísica, que é preciso desmistificar. 
 
Assinale a alternativa correta: 
 
a) são verdadeiras as afirmações I e II. 
b) apenas a afirmação III é verdadeira. 
c) todas as afirmações são falsas. 
d) apenas a afirmação I é falsa. 
e) todas as afirmações são verdadeiras. 
 
6. (UEM 2009) Friedrich Nietzsche critica o pensamento 
socrático-platônico e a tradição da religião judaico-cristã por 
terem desenvolvido uma razão e uma moral que subjugaram 
as forças instintivas e vitais do ser humano, a ponto de 
domesticar a vontade de potência do homem e de transformá-
lo em um ser fraco e doentio. Assinale o que for correto. 
 
01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, considerada 
hipócrita e decadente, Nietzsche propõe uma moral não-
repressiva, que permite o livre curso dos instintos, de modo 
que o homem forte possa, ao mesmo tempo, acompanhar e 
superar o movimento contraditório e antagônico da vida. 
02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de 
criar uma raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por 
isso, necessário aniquilar os mais fracos. 
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma 
que a história da humanidade é a história das lutas de classes, 
 
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e considera que o socialismo é a única forma de organização 
social aceitável. 
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a 
moral aristocrática de senhores e a moral plebeia de escravos. 
A moral de escravos é caracterizada pelo ressentimento, pela 
inveja e pelo sentimento de vingança; é uma moral que nega 
os valores vitais e nutre a impotência. 
16) Os valores que constituem a moral aristocrática de 
senhores são, para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem 
orientar a humanidade com uma força dogmática, de modo que 
o homem não se perca. 
 
7. (ENEM 2016) Sentimos que toda satisfação de nossos 
desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que 
mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua 
fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna 
herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as 
preocupações. 
 
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. 
São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
 
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição 
filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra 
indissociavelmente ligada à 
 
a) consagração de relacionamentos afetivos. 
b) administração da independência interior. 
c) fugacidade do conhecimento empírico. 
d) liberdade de expressão religiosa. 
e) busca de prazeres efêmeros. 
 
8. (ENEM 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande 
tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. 
Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: 
Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi 
inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado 
amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, 
e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam 
em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes 
secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se 
querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar! 
 
NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra, Rio de Janeiro. 
Ediouro, 1977. 
 
O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um 
entendimento da doutrina niilista, uma vez que 
 
a) reforça a liberdade do cidadão. 
b) desvela os valores do cotidiano. 
c) exorta as relações de produção. 
d) destaca a decadência da cultura. 
e) amplifica o sentimento de ansiedade 
 
 
GABARITO: 
 
1: [C] 2: 03 3: [E] 4: [D] 
5: [E] 6: 09 7: [B] 8: [D] 
 
 
SEMANA 3: Filosofia no século XX: Existencialismo e Michel 
Foucault 
 
Existencialismo 
 
O filósofo Sartre é certamente o mais famoso 
expoente de uma corrente filosófica que ganhou o mundo na 
segunda metade do século XX, e que ficou conhecida como 
Existencialismo. Seus antecedentes filosóficos encontram-se 
nos pensamentos de Kant, Kierkegaard e Husserl. Os 
principais expoentes do Existencialismo, por usa vez, são: 
Heidegger, Sartre, Simone de Beuavoir e Albert Camus. 
Como vemos no trecho seguir, o Existencialismo não 
fica restrito ao círculo intelectual, mas adentra a sociedade civil 
e incorpora-se aos movimentos de contracultura de seu tempo, 
tornando-se uma vertente de pensamento bastante peculiar. 
“Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, 
numa Europa mergulhada nas seqüelas do conflito, sufocada 
numa crise geral (política,social, econômica, moral, financeira, 
etc.), irradia-se do continente europeu, espraiando-se por todo 
o mundo, o movimento filosófico existencialista. A experiência 
traumática da guerra gerou um ambiente de desânimo e 
desespero, sentimentos que atingiram particularmente a 
juventude, descrente dos valores burgueses tradicionais e da 
capacidade do homem solucionar racionalmente as 
contradições da sociedade. O existencialismo surge e se 
desenvolve justamente em meio a essa crise, repercutindo à 
medida que suas teses correspondiam e esclareciam o 
momento histórico sobrevindo à guerra. Daí, certamente, o 
motivo por que o existencialismo se propagou tão rapidamente. 
Sua repercussão não se limitou às discussões acadêmicas 
nem aos debates nas páginas das publicações especializadas. 
Tanto quanto uma doutrina filosófica, o existencialismo passou 
também a ser identificado como um estilo de vida, uma forma 
de comportamento, a designar toda a atitude excêntrica, que 
os meios de comunicação divulgavam com estardalhaço, 
criando uma autêntica mitologia em torno do movimento e seus 
adeptos.” (João da Penha – O que é o existencialismo, Ed 
Brasiliense) 
 
Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) 
 
 
 
Nascido em Paris, criado pela mãe e pelo avô, devido à morte 
do pai, graduou-se e Filosofia na École Normale Supérieure, 
onde também conheceu sua companheira Simone de 
Beauvoir. Tornou-se professor universitário e ao longo de sua 
vida destacou-se também por uma importante produção 
literária. Após 1945, sua obra assumiu uma vertente bastante 
politizada. A experiência filosófica de Sartre nunca se restringiu 
ao ambiente exclusivamente acadêmico, tendo sido uns 
intelectuais mais ativos em causas sociais e também um dos 
mais conhecidos de sua geração. Ganhou o Prêmio Nobel de 
Literatura em 1964, o qual acabou recusando. Publicou 
importantes obras como A Náusea (1938); O Ser e o Nada 
(1943); O Existencialismo é um Humanismo (1945) e Crítica da 
Razão Dialética (1960). 
 
 
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“(...) não encontramos, já prontos, valores ou ordens que 
possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem 
atrás de nós, nem na nossa frente, no reino luminoso dos 
valores, nenhuma justificativa e nenhuma desculpa. Estamos 
sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o 
homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se 
criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi 
lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz”. 
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9.) 
 
Existencialismo: 
“a existência precede a essência”, o que significa que a 
consciência não possui nenhuma essência em si; é sempre a 
consciência de algo (para si). 
 
Ou seja, antes de existir, o ser humano é nada. Tudo o que ele 
virá a ser depende de como viverá a sua existência. 
 
O atributo fundamental do indivíduo é a liberdade. É por meio 
de suas ações que ele se constrói como sujeito. “O ser humano 
está condenado a ser livre”. A consciência da liberdade, por 
sua vez, gera angústia, já que leva o sujeito a perceber que 
está abandonado a si mesmo (não há Deus, nem destino e a 
moralidade é uma convenção humana). 
 
As situações (natureza, condições físicas e sociais) limitam a 
liberdade, mas, mesmo em situações restritas, há sempre 
escolhas que podem ser feitas. Ou seja, não podemos 
escolher o mundo em que vivemos, mas podemos escolher o 
modo como vivemos, em meioàs condições impostas. 
 
Relação da liberdade com responsabilidade (ética da 
responsabilidade) 
“Não importa o que fizeram conosco. Importa o que fazemos 
com o que fizeram conosco” 
Escolher, mesmo que passivamente, já é uma ação. Ao 
nascermos, nos tornamos parte do mundo e, de certa maneira, 
responsáveis por ele. O que faremos com nossa liberdade? 
 
 
Texto complementar: 
O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO 
 
Eu gostaria aqui de defender o existencialismo de um certo 
número de objeções que lhe foram dirigidas. De início, 
reprovaram-no por convidar as pessoas a permanecer em um 
quietismo do desespero, uma vez que, se todas as soluções 
estão fechadas, seria preciso considerar que a ação nesse 
mundo é totalmente impossível, e chegar assim a uma filosofia 
contemplativa, o que aliás nos reconduz a uma filosofia 
burguesa, pois a contemplação é um luxo. Essas são 
sobretudo as objeções dos comunistas. 
 
De outro lado, reprovaram-nos por sublinhar a ignomínia 
humana, por mostrar em toda parte o sórdido, o suspeito, o 
viscoso, por negligenciar um certo número de belezas 
cintilantes, o lado luminoso da natureza humana; por exemplo, 
de acordo com a senhorita Mercier, crítica católica, por ter 
esquecido o sorriso da criança. Uns e outros nos reprovam por 
ter negligenciado a natureza humana, por considerar que o 
homem está isolado, em grande parte, aliás, porque nós 
partimos, dizem os comunistas, da pura subjetividade, ou seja, 
do eu penso cartesiano, ou ainda, do momento em que o 
homem alcança a si mesmo em sua solidão, o que nos tornaria 
incapazes, consequentemente, de voltar à solidariedade com 
os homens que estão fora de mim e que eu não posso alcançar 
no cogito. 
 
E, do lado cristão, reprovam-nos por negar a realidade e a 
seriedade dos empreendimentos humanos, pois, se nós 
suprimirmos os mandamentos de Deus e os valores inscritos 
na eternidade, resta apenas a estrita gratuidade, cada um 
podendo fazer o que quiser, e sendo incapaz, de seu ponto de 
vista, de condenar os pontos de vista e os atos dos outros. 
Procuro responder hoje a essas diferentes objeções; eis 
porque intitulei essa pequena conferência: O existencialismo é 
um humanismo. Muitos poderão se espantar de que falemos 
aqui em humanismo. Tentaremos mostrar em que sentido 
entendemos assim. Em todo caso, o que nós podemos dizer 
desde o início é que entendemos por existencialismo uma 
doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro 
lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio 
e uma subjetividade humana. Sabemos que a objeção 
essencial que nos fazem é por colocar a ênfase no lado mau 
da vida humana. Falaram-me recentemente de uma senhora 
que, num momento de nervosismo, deixou escapar uma 
palavra vulgar, e declarou, desculpando-se: “Creio que estou 
me tornando existencialista”. Consequentemente, assimilam 
feiúra ao existencialismo; eis porque declaram que somos 
naturalistas; e se somos naturalistas, espanta que assustemos 
e escandalizemos muito mais do que o naturalismo 
propriamente dito assusta ou escandaliza hoje em dia. Fulano 
que compra perfeitamente um romance de Zola, como A terra, 
fica enojado quando lê um romance existencialista; Cicrano, 
que se serve da sabedoria dos povos – o que é muito triste – 
nos acha mais tristes ainda. Entretanto, que pode haver de 
mais lamentável que dizer “a caridade bem organizada começa 
por si mesmo” ou ainda “agrade teu serviçal, ele te apunhala, 
castigue teu serviçal, ele te ama”. Conhecemos os lugares 
comuns que podemos utilizar a esse respeito e que mostram 
sempre a mesma coisa: não se deve lutar contra os poderes 
estabelecidos, não se deve lutar contra a força, não se deve 
dar um passo maior que a perna, toda ação que não se insere 
em uma tradição é um romantismo, toda tentativa que não se 
apóia em uma experiência já feita é condenada ao fracasso; e 
a experiência mostra que os homens sempre decaem, que é 
preciso firmeza para detê-los, senão é a anarquia. Todavia, 
são as mesmas pessoas que repetem esses tristes provérbios 
que dizem: “como é humano”, cada vez que se mostra a elas 
um ato mais ou menos repugnante, são elas que se deleitam 
com canções realistas, são essas pessoas que acusam o 
existencialismo de ser muito sombrio, a tal ponto que me 
pergunto se elas não o censuram não por seu pessimismo, 
mas, muito ao contrário, pelo seu otimismo. No fundo, o que 
assusta, na doutrina que vou lhes expor, não seria o fato de 
que ela deixa para o homem uma possibilidade de escolha? 
Para sabê-lo, é preciso colocar novamente a questão em um 
plano estritamente filosófico. Que é que denominam 
existencialismo? 
A maioria das pessoas que utiliza essa palavra ficaria bem 
embaraçada em justificá-la, pois se declara facilmente, hoje 
que ela se tornou uma moda, que um músico ou um pintor é 
existencialista. Um cronista de Clartés assina O existencialista; 
no fundo, a palavra tomou hoje uma tal amplitude e uma tal 
extensão que ela não significa mais nada. Parece que, na falta 
de uma doutrina de vanguarda análoga ao surrealismo, as 
pessoas ávidas por escândalo e agitação se voltam para esta 
filosofia, que, aliás, nisso em nada pode ajudá-las; na 
realidade, é a doutrina menos escandalosa, mais austera; ela 
 
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é estritamente destinada aos especialistas e aos filósofos. 
Entretanto, ela pode ser facilmente definida. O que torna as 
coisas complicadas é que há dois tipos de existencialistas: os 
primeiros são cristãos, e entre eles eu colocaria Jaspers e 
Gabriel Marcel, de confissão católica; e, de outro lado, os 
existencialistas ateus, entre os quais é preciso colocar 
Heidegger e também os existencialistas franceses, e eu 
próprio. O que eles têm em comum é simplesmente o fato de 
que consideram que a existência precede a essência, ou, se 
se quiser, que é preciso partir da subjetividade. Que se deve 
entender por isso? Consideremos um objeto fabricado, como, 
por exemplo, um livro ou um corta-papel. Esse objeto foi 
fabricado por um artesão, que se inspirou em um conceito; ele 
se referiu ao conceito de corta-papel, e igualmente a uma 
técnica prévia de produção, que faz parte do conceito, e que é 
no fundo uma receita. Assim, o corta-papel é ao mesmo tempo 
um objeto que se produz de uma certa maneira e que, de outro 
lado, tem uma utilidade definida, e não se pode supor um 
homem que produzisse um corta-papel sem saber para que tal 
objeto serviria. Diremos, portanto, que, no caso do corta-papel, 
a essência – isto é, o conjunto das receitas e das qualidades 
que permitem produzi-lo e defini-lo – precede a existência. 
Assim, a presença diante de mim de tal corta-papel ou de tal 
livro é determinada. Temos aqui uma visão técnica do mundo, 
na qual se pode dizer que a produção precede a existência. 
 
Ao concebermos um Deus criador, esse Deus é identificado, 
na maioria das vezes, a um artesão superior; e qualquer que 
seja a doutrina que consideremos, quer se trate de uma 
doutrina como a de Descartes, quer se trate de uma doutrina 
como a de Leibniz, nós admitimos sempre que a vontade 
segue mais ou menos o entendimento ou, pelo menos, o 
acompanha, e que Deus, quando cria, sabe precisamente o 
que cria. Assim, o conceito de homem, no espírito de Deus, é 
assimilável ao conceito de corta-papel, no espírito do artesão; 
e Deus produz o homem segundo técnicas e uma concepção, 
exatamente como o artesão fabrica um corta-papel segundo 
uma definição e uma técnica. Assim, o homem individual 
realiza um certo conceito que está no entendimento divino. No 
século XVIII, o ateísmo dos filósofos suprime a noção de Deus; 
no entanto, não suprime a ideia de que a essência preceda a 
existência. Nós encontramos essa ideia um pouco em toda 
parte: nós a encontramos em Diderot, em Voltaire, e mesmo 
em Kant. O homem possui uma natureza humana; essa 
natureza humana, que é o conceito humano, é encontrada em 
todos os homens, o que significa dizer que cadahomem é um 
exemplo particular de um conceito universal, o homem. Em 
Kant, resulta dessa universalidade que o homem das florestas, 
o homem da natureza, tal como os burgueses, estão limitados 
à mesma definição e possuem as mesmas qualidades de base. 
Assim, mesmo aí, a essência do homem precede essa 
existência histórica que reencontramos na natureza. 
O existencialismo ateu que eu represento é mais coerente. Ele 
declara que, se Deus não existe, há pelo menos um ser em 
quem a existência precede a essência, um ser que existe antes 
de poder ser definido por algum conceito, e que este ser é o 
homem, ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que 
significa dizer que a existência precede a essência? Significa 
que o homem primeiro existe, se encontra, surge no mundo, e 
que se define depois. O homem, tal como o existencialista o 
concebe, se não é definível, é porque de início ele não é nada. 
Ele só será em seguida, e será como se tiver feito. Assim, não 
há natureza humana, pois não há Deus para concebê-la. O 
homem é não apenas tal como ele se concebe, mas como ele 
se quer, e como ele se concebe depois da existência, como ele 
se quer depois desse impulso para a existência, o homem 
nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o 
primeiro princípio do existencialismo. É também o que se 
chama a subjetividade, e que nos reprovam sob esse mesmo 
nome. Mas, que queremos dizer com isso, senão que o homem 
tem mais dignidade que a pedra ou que a mesa? Pois nós 
queremos dizer que o homem primeiro existe, isto é, que ele é 
de início aquele que se lança para um porvir, e que é 
consciente de se lançar no porvir. O homem é de início um 
projeto que se vive subjetivamente, ao invés de ser um musgo, 
uma podridão, um couve-flor; nada existe antes desse projeto; 
nada está no céu inteligível, e o homem será aquilo que ele 
tiver projetado ser. Não o que ele quiser ser. Pois o que 
entendemos vulgarmente por querer é uma decisão consciente 
e que é para a maior parte de nós posterior àquilo que fizemos 
de nós mesmos. Posso querer aderir a um partido, escrever 
um livro, casar-me, tudo isso é uma manifestação de uma 
escolha mais original, mais espontânea do que aquilo que 
chamamos vontade. Mas se verdadeiramente a existência 
precede a essência, o homem é responsável por aquilo que ele 
é. Assim, o primeiro passo do existencialismo é colocar todo 
homem de posse daquilo que ele é e fazer cair sobre ele a 
responsabilidade total por sua existência. E, quando nós 
dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não 
queremos dizer que o homem é responsável por sua estrita 
individualidade, mas que ele é responsável por todos os 
homens. Há dois sentidos para a palavra subjetivismo e 
nossos adversários jogam com esses dois sentidos. 
Subjetivismo quer dizer, por um lado, escolha do sujeito 
individual por si mesmo, e, por outro, impossibilidade para o 
homem de ultrapassar a subjetividade humana. É esse 
segundo o sentido profundo do existencialismo. Quando 
afirmamos que o homem se escolhe a si mesmo, entendemos 
que cada um de nós se escolhe, mas queremos dizer também 
que, escolhendo-se, ele escolhe todos os homens. De fato, 
não há um só de nossos atos que, criando o homem que 
queremos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do 
homem tal como estimamos que ele deva ser. Escolher ser isto 
ou 621 621 aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor daquilo 
que nós escolhemos, pois não podemos nunca escolher o mal; 
aquilo que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom 
para nós sem sê-lo para todos. Se, por outro lado, a existência 
precede a essência e se nós queremos existir, ao mesmo 
tempo que moldamos nossa imagem, essa imagem é válida 
para todos e para toda nossa época. Assim, nossa 
responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, pois 
ela engaja a humanidade inteira. Se eu sou um operário e se 
escolho aderir a um sindicato cristão ao invés de ser 
comunista, se, por esta adesão, eu quero indicar que a 
resignação é no fundo a solução que convém ao homem, que 
o reino do homem não é sobre a terra, eu não estou engajando 
apenas a mim mesmo: eu quero ser resignado por todos, por 
consequência minha decisão engaja toda a humanidade. E se 
eu quiser, fato mais individual ainda, casar-me, ter filhos, ainda 
que esse casamento dependa unicamente de minha situação, 
ou de minha paixão, ou de meu desejo, com ele eu engajo não 
apenas a mim mesmo, mas toda a humanidade no caminho da 
monogamia. Assim, eu sou responsável por mim mesmo e por 
todos, e eu crio uma certa imagem do homem que eu escolhi; 
escolhendo-me, eu escolho o homem. 
 
Isto nos permite compreender o que recobrem palavras um 
pouco grandiloquentes como angústia, desamparo, 
desespero. Como vocês poderão ver, é extremamente 
simples. De início, que se entende por angústia? O 
 
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existencialista declara frequentemente que o homem é 
angústia. Isto significa o seguinte: o homem que se engaja e 
que se dá conta de que ele é não apenas aquele que ele 
escolheu ser, mas ainda um legislador que escolhe, ao mesmo 
tempo que ele mesmo, toda a humanidade, não poderia 
escapar ao sentimento de sua total e profunda 
responsabilidade. Evidentemente, muitas pessoas não são 
ansiosas; mas nós acreditamos que elas mascaram sua 
angústia, que elas fogem dela; certamente, muitas pessoas 
creem que, agindo, engajam apenas a si mesmas, e quando 
perguntamos a elas: “Mas, e se todos fizessem da mesma 
maneira?”, elas dão de ombros e respondem: “Nem todos 
fazem o mesmo”. No entanto, na verdade, devemos sempre 
nos perguntar: o que aconteceria se todos fizessem do mesmo 
modo? Não escapamos a esse pensamento inquietante a não 
ser por uma espécie de má-fé. Aquele que mente e se 
desculpa, declarando: “todo mundo faz assim”, é alguém que 
não está em paz com sua consciência, pois o fato de mentir 
implica um valor universal atribuído à mentira. 
 
Trechos iniciais da obra O Existencialismo é um Humanismo, 
de Jean Paul Sartre. Disponíveis em: 
https://projetoaletheia.files.wordpress.com/2014/08/existencial
ismo-c3a9-humanismo-sartre.pdf 
 
Simone de Beauvoir - o que é ser mulher? 
 
Simone Lucie-Ernestine-Marie 
Bertrand de Beauvoir, mais 
conhecida como Simone de Beauvoir 
(Paris, 9 de janeiro de 1908 — Paris, 
14 de abril de 1986), foi uma escritora, 
intelectual, filósofa existencialista, 
ativista política, feminista e teórica 
social francesa. Embora não se 
considerasse uma filósofa, De 
Beauvoir teve uma influência 
significativa tanto no existencialismo 
feminista quanto na teoria feminista.[1] 
Nascida em Paris, era a primogênita de duas irmãs, 
filha de um casal descendente de famílias tradicionais, porém 
decadente. Seu pai era o advogado Georges Bertrand de 
Beauvoir, ex-membro da aristocracia francesa, enquanto a 
mãe era Françoise Brasseur, membro da alta burguesia 
francesa. Ela estudou em uma escola católica privada até os 
17 anos. Depois de passar no vestibular de matemática e 
filosofia, acabou por estudar matemática no Instituto Católico 
de Paris e literatura e línguas no colégio Sainte-Marie de 
Neuilly, e em seguida, filosofia na Universidade de Paris 
(Sorbonne), onde conheceu outros jovens intelectuais, como 
Maurice Merleau-Ponty, René Maheu e Jean-Paul Sartre, com 
quem manteve um relacionamento aberto por toda a vida. 
De Beauvoir escreveu romances, ensaios, biografias, 
autobiografia e monografias sobre filosofia, política e questões 
sociais. Ela é conhecida por seu tratado O Segundo Sexo, de 
1949, uma análise detalhada da opressão das mulheres e um 
tratado fundamental do feminismo contemporâneo, além de 
seus romances A Convidada e Os Mandarins. Ela lecionou em 
várias instituições escolares no período entre 1931 a 1943. 
Nos anos 1940 ela integrava um círculo de filósofos literatos 
que conferiam ao existencialismo um aspecto literário, sendo 
que seus livros enfocavam os elementos mais importantes da 
filosofia existencialista.A autora revela certa inquietação diante do 
envelhecimento e da morte em livros como Uma Morte suave 
(título no Brasil) ou Uma morte serena (título em Portugal), de 1964. Em A 
Cerimônia do Adeus, de 1981, ela narra o fim da existência de 
seu companheiro Sartre, que havia morrido em 15 de abril do 
ano anterior. Ela faleceu em 14 de abril de 1986, aos 78 anos 
de idade, por conta do agravamento de uma pneumonia. Seu 
corpo foi enterrado no Cemitério de Montparnasse, no mesmo 
túmulo de Sartre. 
(Fonte da biografia: Wikipédia, em Setembro de 2016) 
“Numa sociedade, nada é natural, e a mulher, como 
várias outras coisas, é um produto elaborado pela 
civilização” – Simone de Beauvoir 
 
As ideias presentes no livro O segundo sexo, 
publicado por Simone de Beauvoir em 1949, influenciam a 
segunda onda do Feminismo na Europa, que tinha objetivos 
políticos e ganhou força no mundo ao longo dos anos de 1960. 
Beauvoir, por sua vez, não se considerava uma escritora 
feminista ao publicar tal obra, uma vez que se nutria de uma 
base filosófica existencialista para refletir sobre o papel da 
mulher na sociedade e uma possível construção de sentido 
além das opressões cotidianas e marcantes. Ou seja, não 
havia se engajado diretamente na luta política. No entanto, ela 
chegou a ser unir à segunda onda do feminismo e permaneceu 
ativa na defesa de seus argumentos nos anos de 1970, 
examinando a ampla condição das mulheres na sociedade 
numa série de romances. 
Para Beauvoir, era importante que fossem 
estabelecidas as contundentes diferenças entre ser fêmea e 
ser mulher. Ela rejeitou a teoria do “eterno feminino”, que 
poderia ser usada para justificar a desigualdade, Em O 
segundo sexo, ela apontou para a importância de se perguntar: 
o que é uma mulher? E foi uma das primeiras escritoras a 
definir o conceito de sexismo na sociedade: os preconceitos e 
pressuposições formuladas a respeito das mulheres. Também 
se questionou se as mulheres nasciam ou eram criadas pelos 
preconceitos da sociedade, incluindo expectativas 
educacionais, religiosas e familiares. 
A abordagem existencialista a impelia a considerar 
que o “eu” se descobre por meio do exercício da liberdade, por 
isso Beauvoir afirmava-se que era preciso tornar-se mulher. 
Contudo, a liberdade das mulheres nesse sentido era 
particularmente restrita, por conta dos papéis sociais femininos 
pré-construídos que se impunham sobre a vida das mulheres 
sem que houvesse qualquer estrutura que permitisse seu 
questionamento. 
 
 
“A posição de Beauvoir também foi moldada por suas 
convicções de esquerda; Ela descreveu a luta das mulheres 
como parte da luta de classes e reconheceu que sua própria 
origem burguesa justificava que havia tido oportunidades que 
não estavam disponíveis para as mulheres das classes mais 
baixas. Por fim, ela queria liberdade de oportunidades para 
todas as mulheres, independente de sua classe. Traçou 
paralelos entre o confinamento físico – numa cozinha ou na 
 
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alcova – e os limites intelectuais impostos a elas. Sugeriu que 
essas limitações levavam as mulheres a aceitar a 
mediocridade e as desencorajavam em buscar algo mais. 
Beauvoir chamou esse estado de imanência. Com isso, ela 
quis dizer que as mulheres estavam limitas por e à sua 
experiência direta no mundo. Ela contrastou essa posição à 
transcendência dos homens, a qual lhes permitia ter acesso a 
qualquer posição na vida que quisessem. Dessa forma, os 
homens seriam os SUJEITOS que se definem, enquanto as 
mulheres seriam os OUTOROS definidos pelos homens. 
Beauvoir perguntou porque as mulheres geralmente aceitavam 
essa posição de outro, buscando prestar contas de sua 
submissão às pressuposições masculinas. Ela claramente 
disse que a imanência não era uma falha moral por parte das 
mulheres. Ela também reconheceu o que via como a 
contradição inerente enfrentada pelas mulheres: a 
impossibilidade de escolher a si mesma – como uma mulher – 
fundamentalmente diferente de um homem e a si mesma como 
um membro igual da espécie humana.” 
 
(O que é uma mulher? – Simone de Beauvoir, em O Livro da 
Política). 
 
Para Simone de Beauvoir, “se a mulher se enxerga como 
inessencial e nunca retorna ao essencial é porque não opera, 
ela própria, esse retorno”. Ou seja, a mulher não pode ser 
liberta pelo homem, há que assumir a responsabilidade sobre 
suas mais difíceis escolhas. Mas a luta deve ter aspectos 
colaborativos, o que implica na participação, mesmo que 
indireta, dos homens. 
 
Sobre tornar-se mulher: 
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum 
destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a 
fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da 
civilização que elabora esse produto intermediário entre o 
macho e o castrado que qualificam de feminino. Somente a 
mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um 
Outro. Enquanto existe para si, a criança não pode apreender-
se como sexualmente diferenciada. Entre meninas e meninos, 
o corpo é, primeiramente, a irradiação de uma subjetividade, o 
instrumento que efetua a compreensão do mundo: é através 
dos olhos, das mãos e não das partes sexuais que apreendem 
o universo. O drama do nascimento, o da desmama 
desenvolvem-se da mesma maneira para as crianças dos dois 
sexos; têm elas os mesmos interesses, os mesmos prazeres; 
a sucção é, inicialmente, a fonte de suas sensações mais 
agradáveis; passam depois por uma fase anal em que tiram, 
das funções excretórias que lhe são comuns, as maiores 
satisfações; seu desenvolvimento genital é análogo; exploram 
o corpo com a mesma curiosidade e a mesma indiferença; do 
clitóris e do pênis tiram o mesmo prazer incerto; na medida em 
que já se objetiva sua sensibilidade, voltam–se para a mãe: é 
a carne feminina, suave, lisa, elástica que suscita desejos 
sexuais e esses desejos são preensivos; é de uma maneira 
agressiva que a menina, como o menino, beija a mãe, acaricia-
a, apalpa-a; têm o mesmo ciúme se nasce outra criança; 
manifestam-no da mesma maneira: cólera, emburramento, 
distúrbios urinários; recorrem aos mesmos ardis para captar o 
amor dos adultos. 
Até os doze anos a menina é tão robusta quanto os 
irmãos e manifesta as mesmas capacidades intelectuais; não 
há terreno em que lhe seja proibido rivalizar com eles. Se, bem 
antes da puberdade e, às vezes, mesmo desde a primeira 
infância, ela já se apresenta como sexualmente especificada, 
não é porque misteriosos instintos a destinem imediatamente 
à passividade, ao coquetismo, à maternidade: é porque a 
intervenção de outrem na vida da criança é quase original e 
desde seus primeiros anos sua vocação lhe é imperiosamente 
insuflada;” 
 
O Segundo Sexo, volume 2. São Paulo: Difusão Europeia do 
Livro, 1967, 2ª edição, pp. 9-10. 
 
Sobre as críticas que a obra O segundo sexo recebera: 
 
Sei que lendo esta biografia certos críticos vão triunfar: 
dirão que desmente brutalmente O Segundo Sexo, já o 
disseram a propósito de minhas memórias. É que não 
compreenderam meu velho ensaio e talvez mesmo dele falem 
sem o ter lido. Escrevi porventura algum dia que as mulheres 
eram homens? Pretendi não ser uma mulher? Meu esforço foi, 
ao contrário, o de definir em sua particularidade a condição 
feminina que é minha. Recebi uma educação de moça; 
terminados meus estudos, minha condição continuou a ser a 
de uma mulher no seio de uma sociedade em que os sexos 
constituem duas castas nitidamente separadas. Em 
numerosas circunstâncias, reagi como a mulher que era. 
Por razões que expus precisamente em O Segundo 
Sexo, as mulheres, mais do que os homens, experimentam a 
necessidade de um céu por cima da cabeça; não lhes deram 
essa têmpera que faz os aventureiros, no sentido que Freud 
dá à palavra; elas hesitam em discutir a fundo o mundo, como 
hesitam também em aceitá-lo. (…) Viu-se entretanto que eu 
atribuía pouca importância às condições reais de minha vida: 
nada travava a minha vontade, pensava.Não negava a minha 
feminilidade; não a assumia tampouco. Não pensava nela. 
Tinha as mesmas liberdades e as mesmas responsabilidades 
que os homens. A maldição que pesa sobre a maior parte das 
mulheres – a dependência – foi-me poupada. Ganhar a vida 
não é em si um fim, mas somente assim se alcança uma sólida 
autonomia interior. (…) 
Sei hoje que, para me descrever, devo dizer 
primeiramente: “Sou uma mulher”; mas minha feminilidade não 
constituiu para mim nem um incômodo nem um álibi. 
 
Simone de Beauvoir em A Força da Idade, páginas 363-364. 
Nova Fronteira, 2010. 
 
Michel Foucault (1926 – 1984) 
 
"Meu papel é o de mostrar às 
pessoas que elas são muito mais livres do 
que pensam ser; que elas têm por 
verdadeiros, por evidentes, alguns temas 
que foram fabricados num momento 
particular da história, e que essa suposta 
evidência pode ser criticada e destruída." 
Foucault desenvolve uma 
percepção da realidade compatível à pós-
modernidade, aceitando como paradigmas a fragmentação 
dos discursos e a descontinuidade da história. Possui uma 
visão de conhecimento avessa à organização positivista, pois 
acredita que as áreas acadêmicas possuem trocas contínuas. 
Por isso, é um intelectual atuante em diversas áreas: Filosofia, 
História, Antropologia e Psicologia. 
Propõe-se a desenvolver uma arqueologia do saber: 
análise dos discursos de saber construídos ao longo da história 
(loucura, sexualidade, educação, crime) e de como estes vão 
se convertendo em norma (genealogia do poder). 
 
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Descontinuidade da história: os sistemas de poder 
simplesmente alternam-se (afirmam-se e entram em declínio). 
Ou seja, não caminhamos para a transcendência (Hegel) nem 
para o progresso (Comte). 
 
Normatização: “nós nos convertemos em uma sociedade 
essencialmente articulada sobre a norma. O que implica em 
outro sistema de vigilância, de controle. Uma visibilidade 
incessante, uma classificação permanente dos indivíduos, 
uma hierarquização, uma qualificação, o estabelecimento de 
limites, uma exigência de diagnóstico. A norma converte-se no 
critério de divisão dos indivíduos. Desde o momento em que é 
uma sociedade de norma que está se construindo, a medicina, 
posto que ela é a ciência por excelência do normal e do 
patológico, será a ciência régia”. 
Para Foucault, o poder se manifesta como NORMA e 
é assimilado pelos indivíduos por meio dos processos de 
sujeição. As instituições são responsáveis por adequar os 
indivíduos às normas sociais e ajustar o comando das 
populações. Por isso, Foucault entende o poder como algo que 
molda o indivíduo a partir do próprio corpo, que por meio das 
estratégias de disciplina é docilizado e passa a servir ao 
sistema. 
 
O momento histórico das disciplinas é o momento em que 
nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o 
aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua 
sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo 
mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e 
inversamente. Forma-se então uma política das coerções que 
são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de 
seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O 
corpo humano entra numa maquinaria de poder que o 
esquadrinha, o desarticula e o recompõe. (...) A disciplina 
fabrica assim corpos submisso, dóceis. A disciplina aumenta a 
força produtiva do corpo ao mesmo tempo em que diminui essa 
mesma força em termos políticos. (...) Se a exploração 
econômica separa a força e o produto do trabalho, digamos 
que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo entre uma 
aptidão aumentada e uma dominação acentuada. 
Michel Foucault – Vigiar e Punir 
 
EXERCÍCIOS: 
 
1. (UFU) O nada, impensado para Parmênides, encontrou em 
Sartre valor ontológico, pois o nada é o ponto de partida da 
existência humana, uma vez que não há nenhuma 
anterioridade à existência, nem mesmo uma essência. Esta 
tese apareceu no livro O Ser e o Nada. Tal afirmação encontra-
se também em outro livro, O existencialismo é um humanismo, 
no qual está escrito: 
 
“Porém, se realmente a existência precede a essência, o 
homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro 
passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do 
que ele é, de submetê-lo à responsabilidade total de sua 
existência.” 
 
SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo. Trad. de 
Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. 
Coleção “Os Pensadores”. 
 
A responsabilidade para Sartre diz respeito 
 
a) ao indivíduo para consigo mesmo, já que o existencialismo 
é dominado pelo conceito de subjetividade que restringe o 
sujeito da ação à sua esfera interior, circunscrita pelas suas 
representações arbitrárias, que exclui o outro; toda escolha 
humana é a escolha por si próprio. 
b) ao vínculo entre o indivíduo e a humanidade, já que para o 
existencialista, cada um é responsável por todos os 
homens, pois, criando o homem que cada um quer ser, 
estaremos sempre escolhendo o bem e nada pode ser bom 
para um, que não possa ser para todos. 
c) à imagem de homem que pré-existe e é anterior ao sujeito 
da ação. É uma imagem tal qual se julga que todos devam 
ser, de modo que o existencialismo, em virtude da sua 
origem protestante com Kierkegaard, renova a moral asceta 
do cristianismo, que exige a anulação do eu. 
d) ao partido político que tem a primazia na condução do 
processo de edificação da nova imagem de homem 
comprometido com a revolução e que faz de cada um 
aquilo que deverá ser, tal como ficou célebre no mote 
existencialista: o que importa é o resultado daquilo que nos 
fizeram. 
 
 
 
 
2. (UFU) Considere o texto a seguir. 
 
Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria 
permitido”. Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, 
tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o 
homem está desamparado porque não encontra nele próprio 
nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não 
encontra desculpas. 
 
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. 
Trad. De Rita Correia Guedes. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 9. 
 
Tomando o texto acima como referência, marque a alternativa 
correta. 
 
a) Nesse texto, Sartre quer mostrar que sua teoria da liberdade 
pressupõe que o homem é sempre responsável pelas 
escolhas que faz e que nenhuma desculpa deve ser usada 
para justificar qualquer ato. 
b) O existencialismo é uma doutrina que propõe a adoção de 
certos valores como liberdade e angústia. Para o 
existencialismo, a liberdade significa a total recusa da 
responsabilidade. 
c) Defender que “tudo é permitido” significa que o homem não 
deve assumir o que faz, pois todos os homens são 
essencialmente determinados por forças sociais. 
d) Para Sartre, a expressão “tudo é permitido” significa que o 
homem livre nunca deve considerar os outros e pode fazer 
tudo o que quiser, sem assumir qualquer responsabilidade. 
 
 
 
3. (UFU) Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980), seria 
assim definida: 
 
a) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade 
consigo mesmo, instaurando leis e normas necessárias para 
os indivíduos. 
b) circunstâncias que nos determinam e nos impedem de fazer 
escolhas de outro modo. 
 
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c) conformação às situações que encontramos no mundo e 
que nos determinam. 
d) escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e 
de seu mundo. Estamos condenados à liberdade, segundo o 
autor. 
 
4. (UFU) Segundo Jean Paul Sartre, filósofo existencialista 
contemporâneo, liberdade é 
 
I- escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e 
de seu mundo. 
II- aceitar o que a existência determina como caminho para a 
vida do homem. 
III- sempre uma decisão livre, por mais que se julgue estar sob 
o poder de forças externas. 
IV- estarmos condenados a ela, pois é a liberdade que define 
a humanidade dos humanos. 
 
Assinalea) se apenas I e IV estiverem corretas. 
b) se apenas II e III estiverem corretas. 
c) se apenas I, II e IV estiverem corretas. 
d) se apenas III e IV estiverem corretas. 
e) se apenas I, III e IV estiverem corretas. 
 
5. (ENEM 2015) Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. 
Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma 
que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o 
conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário 
entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. 
Simone de Beauvoir. O segundo sexo. 
 
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir 
contribuiu para estruturar um movimento social que teve como 
marca 
 
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência 
sexual. 
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada 
de trabalho. 
c) organização de protestos púbicos para garantir a igualdade 
de gênero. 
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos 
homoafetivos. 
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover 
ações afirmativas. 
 
6. (ENEM 2017) O momento histórico das disciplinas é o 
momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa 
não unicamente o aumento das suas habilidades, nem 
tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma 
relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais 
obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então 
uma política das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, 
uma manipulação calculada de seus elementos, de seus 
gestos, de seus comportamentos. 
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas 
prisões. Petrópolis: Vozes, 1987. 
Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado 
resulta em 
 
a) declínio cultural. 
b) segregação racial. 
c) redução da hierarquia. 
d) totalitarismo dos governos. 
e) modelagem dos indivíduos. 
 
7. (UEMA 2015) Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da 
pós-modernidade, comenta as ideias de Michel Foucault, nas 
quais “[...] as sociedades modernas apresentam uma nova 
organização do poder que se desenvolveu a partir do século 
XVIII. Nessa nova organização, o poder não se concentra 
apenas no setor político e nas suas formas de repressão, pois 
está disseminado pelos vários âmbitos da vida social [...] [e] o 
poder fragmentou-se em micropoderes e tornou-se muito mais 
eficaz. Assim, em vez de se deter apenas no macropoder 
concentrado no Estado, [os] micropoderes se espalham pelas 
mais diversas instituições da vida social. Isto é, os poderes 
exercidos por uma rede imensa de pessoas, por exemplo: os 
pais, os porteiros, os enfermeiros, os professores, as 
secretarias, os guardas, os fiscais etc.” 
 
Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história 
e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado) 
 
Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, 
a principal função dos micropoderes no corpo social é 
interiorizar e fazer cumprir 
 
a) o ideal de igualdade entre os homens. 
b) o total direito político de acordo com as etnias. 
c) as normas estabelecidas pela disciplina social. 
d) a repressão exercida pelos menos instruídos. 
e) o ideal de liberdade individual. 
 
8. (UNESP 2014) Governos que se metem na vida dos outros 
são governos autoritários. Na história temos dois grandes 
exemplos: o fascismo e o comunismo. Em nossa época existe 
uma outra tentação totalitária, aparentemente mais invisível e, 
por isso mesmo, talvez, mais perigosa: o "totalitarismo do 
bem". A saúde sempre foi um dos substantivos preferidos das 
almas e dos governos autoritários. Quem estudar os governos 
autoritários verá que a "vida cientificamente saudável" sempre 
foi uma das suas maiores paixões. E, aqui, o advérbio 
"cientificamente é quase vago porque o que vem primeiro é 
mesmo o desejo de higienização de toda forma de vício, 
sujeira, enfim, de humanidade não correta. Nosso maior 
pecado contemporâneo é não reconhecer que a humanidade 
do humano está além do modo "correto" de viver. E vamos 
pagar caro por isso porque um mundo só de gente "saudável" 
é um mundo sem Eros. 
 
(Luiz Felipe Pondé. “Gosto que cada um sente na boca não é 
da conta do governo”. Folha de S.Paulo, 14.03.2012. 
Adaptado.) 
 
 
 
 
Na concepção do autor, o totalitarismo 
 
a) é um sistema político exclusivamente relacionado com o 
fascismo e o comunismo. 
b) inexiste sob a égide de regimes políticos institucionalmente 
democráticos e liberais. 
c) depende necessariamente de controles de natureza policial 
e repressiva dos comportamentos. 
d) mobiliza a ciência para estabelecer critérios de natureza 
biopolítica sobre a vida. 
 
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e) estabelece regras de comportamento subordinadas à 
autonomia dos indivíduos. 
 
9. (UEM 2012) “O pensamento de Foucault gira em torno dos 
temas do sujeito, verdade, saber e poder. É um pensamento 
que leva à crítica de nossa sociedade, à reflexão sobre a 
condição humana. [...] Não há verdades evidentes, todo saber 
foi produzido em algum lugar, com algum propósito. Por isso 
mesmo pode ser criticado, transformado, e, até mesmo 
destruído. Foucault considera que a filosofia pode mudar 
alguma coisa no espírito das pessoas. [...] Seu pensamento 
vem sempre engajado em uma tarefa política ao evidenciar 
novos objetos de análise, com os quais os filósofos nunca 
haviam se preocupado. Entre eles se destacam: o nascimento 
do hospital; as mudanças no espaço arquitetural que servem 
para punir, vigiar, separar; o uso da estatística para que 
governos controlem a população; a constituição de uma nova 
subjetividade pela psicologia e pela psicanálise; como e por 
que a sexualidade passa a ser alvo de preocupação médica e 
sanitária; como governar significa gerenciar a vida (biopoder) 
desde o nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos 
mais produtivos, sadios, governáveis.” 
 
(ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para 
a nossa época. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: 
SEED-PR, 2009. p. 225.) 
 
Segundo o texto, é correto afirmar: 
 
01) A renovação filosófica ocorre no contexto de afirmação 
positivista das ciências e fundação da subjetividade a partir 
da fenomenologia. 
02) A relação entre saber e poder diz respeito a uma prática 
política, não só epistemológica. 
04) A sexualidade aparece como tema de análise filosófica em 
razão da repressão dos desejos individuais e coletivos. 
08) A expressão “biopoder” significa a associação entre as 
potencialidades humanas e o divino. 
16) O papel da filosofia é revelar verdades metafísicas, 
independentemente de serem contestadas ao longo da 
História. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1. [B] 2. [A] 3. [D] 4. [E] 5. [C] 
6. [E] 7. [C] 8. [D] 9. 6

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